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1. O Estado, segundo o direito positivo, é civilmente responsável pelos danos que seus 
agentes causarem a terceiros. Incumbe-lhe reparar os prejuízos causados, ficando obrigado a pa-
gar as respectivas indenizações.Tendo ocorrido o fato ensejador da responsabilidade civil e perpe-
trado o dano ao lesado, tem este, contra o responsável, direito à reparação dos prejuízos ou, em 
outras palavras, faz jus à devida indenização; 
2. Previsão legal: 
a. O Código Civil em vigor dispôs no art. 43: ':As pessoas jurídicas de direito pú-
blico interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade 
causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se 
houver, por parte destes, culpa ou dolo. " 
b. A vigente Constituição regula a matéria no art. 37, § 6º, que tem o seguinte 
teor: ':4s pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços1 
públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a tercei-
ros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.2, 3 " 
c. Ainda a Constituição prevê que é competência da União explorar os serviços 
e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a pesquisa, 
a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios 
nucleares e seus derivados, atendida condição da responsabilidade civil por danos nuclea-
res independe da existência de culpa (art. 21, XXIII). 
d. Responsabilidade civil perante terceiros, na hipótese de danos a bens e pes-
soas provocados por atentados terroristas, atos de guerra ou eventos assemelhados, ocorri-
dos no país ou no estrangeiro, contra aeronaves de matrícula brasileira operadas por em-
presas brasileiras de transporte aéreo público. É o objeto da Lei nº 1 0 . 744, de 9 . 1 0.2003, 
caracterizando-se, na espécie, responsabilidade civil do governo federal por atos de tercei-
ros, mais abrangente, portanto, que o citado preceito constitucional 
3. Evolução: 
a. Irresponsabilidade do Estado ("the king can do no wrong" e "le roi ne peut mal 
faire"): Na metade do século XIX, a ideia que prevaleceu no mundo ocidental era a de que 
o Estado não tinha qualquer responsabilidade pelos atos praticados por seus agentes. 
b. Teoria da Responsabilidade com Culpa: Se o Estado produzisse um ato de 
gestão, poderia ser civilmente responsabilizado, mas se fosse a hipótese de ato de império 
 
1 Assunto cobrado em 2015 – CESPE – TRF – JUIZ. O Cespe exclui a responsabilidade objetiva em caso 
de pessoas jurídicas de direito privado não prestadoras de serviço público. 
2 Assunto cobrado em 2014 – ACAFE – PC-SC – DELEGADO. 
3 Assunto cobrado em 2013 – UEG – PC-GO – DELEGADO 
 
 
 
 
 
não haveria responsabilização, pois que o fato seria regido pelas normas tradicionais de di-
reito público, sempre protetivas da figura estatal. 
c. Teoria d a Culpa Administrativa: o lesado não precisaria identificar o agente 
estatal causador do dano. Bastava-lhe comprovar o mau funcionamento do serviço público, 
mesmo que fosse impossível apontar o agente que o provocou. A doutrina, então, cogno-
minou o fato como culpa anônima ou falta do serviço (inexistência do serviço,o mau funci-
onamento do serviço ou o retardamento do serviço). 
d. Teoria da Responsabilidade Objetiva: dispensa a verificação do fator culpa 
em relação ao fato danoso. Por isso, ela incide em decorrência de fatos lícitos ou ilícitos, 
bastando que o interessado comprove a relação causal entre o fato e o dano. 
 
4. Risco integral e Risco Administrativo: a teoria da responsabilidade objetiva se divide 
em risco integral4, na qual não há exceção à responsabilidade do Estado; e em risco administrati-
vo, que admite exceções à responsabilidade do Estado (ex.: culpa exclusiva da vítima, caso fortui-
to ou força maior). 
5. Em tempos atuais, tem-se desenvolvido a teoria do risco social, segundo a qual o fo-
co da responsabilidade civil é a vítima, e não o autor do dano, de modo que a reparação estaria a 
cargo de toda a coletividade, dando ensejo ao que se denomina de socialização dos riscos - 
sempre com o intuito de que o lesado não deixe de merecer a justa reparação pelo dano sofrido. 
6. A responsabilidade objetiva prevista no art. 37, § 6º, da CF, tem carga de incidência 
idêntica para o Estado e para as pessoas privadas prestadoras de serviços públicos: aplica-se a 
todos, usuários e terceiros. O STF adotou de início posição restritiva, mas, acertadamente, alterou-a 
expressamente para ampliar o manto da responsabilidade e suprimir a equivocada distinção (“In-
formativo n” 557/2009)5. 
7. Conduta omissiva do Estado: não basta o dano, é preciso demonstrar culpa (respon-
sabilidade subjetiva). No caso de ação, responsabilidade objetiva; no caso de omissão, responsa-
bilidade subjetiva do Estado (em regra)6. Adota-se a Teoria da Culpa do Serviço ou Culpa da Ad-
ministração.7 
8. Segundo Carvalho Filho, as pessoas de cooperação governamental (ou serviços so-
ciais autônomos, como o SESC) estão sujeitas à responsabilidade objetiva atribuída ao Estado. 
9. Organizações sociais e às organizações da sociedade civil de interesse público, 
qualificação jurídica atribuída a entidades de direito privado que se associam ao Poder Público em 
regime de parceria, não estão sujeitas à responsabilidade objetiva (JSCF). 
 
4 Conceito cobrado em 2015 – CESPE – CGE-PI – AUDITOR. 
5 Posição adotada em 2015 – CESPE – TRF – JUIZ. 
6 Neste ponto, o autor faz uma confusa diferenciação entre responsabilidade com culpa e responsabilidade subjetiva. 
Entretanto, estou considerando que as provas não fazem essa diferença. 
7 Posição da FUNIVERSA – PC-DF –DELEGADO – 2015. 
 
 
 
 
 
10. Só pode o Estado ser responsabilizado se o agente estatal estiver no exercício de su-
as funções ou, ao menos, se esteja conduzindo a pretexto de exercê-la. Desse modo, se causar 
dano a terceiro no correr de sua vida privada, sua responsabilidade é pessoal e regida pelo Direito 
Civil. 
11. Já se atribuiu responsabilidade ao Estado em razão de danos causados por policial 
militar, que, a despeito de estar sem farda, se utilizou da arma pertencente à corporação. No caso, 
não exercia sua função, mas, ao usar a arma, conduziu-se a pretexto de exercê-la (Informativo STF 
370, nov. 2004). 
12. O que significa o termo “agente”, do art. 37, § 6º, CF? São agentes do Estado os 
membros dos Poderes da República, os servidores administrativos, os agentes sem vínculo típico de 
trabalho, os agentes colaboradores sem remuneração, enfim todos aqueles que, de alguma forma, 
estejam juridicamente vinculados ao Estado. Se, em sua atuação, causam danos a terceiros, pro-
vocam a responsabilidade civil do Estado8. 
13. Responsabilidade de Tabeliães: quanto a danos causados por notários (tabeliães) e 
oficiais de registro, suscitam-se entendimentos divergentes: 
a. Precedente do STF aponta pela responsabilidade objetiva do Estado (STF nos RREE n1 
75.739-SP, Rei. Min. MARCO AURÉLIO, Dj 3.3. 1 999, e 1 8 7.753,Rei. Min. ILMAR GALVÃO, em 26.3 . 1 
999) 
b. Precedente do STJ é em sentido contrário: STJ, REsp n2 1 .087.862-AM, Rei. Min. HER-
MAN BENJAMIN, em 2.2.20 10 
Atualização: O Supremo Tribunal, por unanimidade, reconheceu a existência de repercus-
são geral da questão constitucional suscitada (RE 842846 RG, Relator(a): Min. LUIZ FUX,julgado em 
06/11/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-225 DIVULG 14-11-2014 PUBLIC 17-11-2014 ). 
14. Pressupostos para a responsabilidade objetiva do Estado: FATO ADMINISTRATIVO (as-
sim considerado como qualquer forma de conduta, comissiva ou omissiva, legítima ou ilegítima, 
singular ou coletiva, atribuída ao Poder Público) + DANO (patrimonial ou moral) + nexo causal (ou 
relação de causalidade) entre o fato administrativo e o dano9. 
15. Participação do lesado: se a culpa é exclusiva dele, não há responsabilidade do Es-
tado; se houve responsabilidade partilhada, o Poder Judiciário deve considerar proporcionalmente 
no montante da indenização. Exemplo interessante foi o de acidente de trânsito em que dois veícu-
los colidiram em cruzamento por força de defeito no semáforo: provado que ambos trafegavam 
com excesso de velocidade, contribuindo para o resultado danoso, foi-lhes assegurada indeniza-
ção do Poder Público apenas pela metade dos danos. 
 
8 Assunto cobrado em 2014 – AROEIRA – PC-TO – DELEGADO. 
9 Assunto cobrado pela ACAFE – PC-SC – DELEGADO – 2014. 
 
 
 
 
 
16. Assaltos em via pública ou em coletivos: Em regra, não gera responsabilidade. Deve-
se provar que a omissão do Estado contribuiu para o fato. Vide STJ, REsp 435.865-R], 2• Seção, Rei. 
Min. BARROS MONTEIRO, julg. em 9 . 1 0.2002 (Informativo jurisprudência ST] n• 1 50, out. 2002). Tam-
bém: REsp 200. 1 1 0-RJ, D] de 1 0.4.2000; REsp 331 .801 -RJ, Rei. Min. FERNANDO GONÇALVES (Infor-
mativo ST] 224, out. 2004) (roubo em ônibus); REsp 402.708-SP, 
Rei. Min. ELIANA CALMON (Informativo ST] 2 1 9, ago. 2004) (roubo em metrô); RESp 589.629-
RJ, Rei. Min. FERNANDO GONÇALVES, em 2 . 1 0.2008 (tiro oriundo de outro veículo) . Veja-se ainda 
STF: RE 88.408-RJ, D] de 1 2 . 7. 1 980; RE 1 1 3 . 1 94-Rj, D] de 7.8.1987. 
17. Atos de multidão (ex.: protestos): A regra, aceita no direito moderno, é a de que os 
danos causados ao indivíduo em decorrência exclusivamente de tais atos não acarreta a respon-
sabilidade civil do Estado, salvo se ficar evidenciada a omissão das autoridades (ex.: manifestação 
previamente agendada pelas redes sociais, de conhecimento do poder público). 
18. Responsabilidade por dano decorrente de obra pública: 
a. Só o fato da obra: responsabilidade objetiva do Estado; 
b. Dano praticado por empreiteiro contratado por sua exclusiva culpa: responsabilida-
de subjetiva deste e responsabilidade subsidiária do Estado. 
19. Omissão do Estado e nexo causal: omissões genéricas, sem nexo causal direto com 
fatos danosos, não geram responsabilidade do Estado (ex.: falta de fomento à educação, que le-
varam o jovem a delinquir etc.). 
20. Atos legislativos: em geral, não causa responsabilidade do Estado, por se tratar de 
atividade abstrativa e impessoal. Como exceção, há o dano lícito indenizável, sujeito, no entanto, 
a que seja (a) economicamente mensurável, (b) especial e (c) anormal. Isso ocorre particularmen-
te quando a lei atinge direitos de determinado grupo de indivíduos (p. ex.: o de propriedade) , à 
custa de algum outro benefício conferido a um universo maior de destinatários. 
21. Leis inconstitucionais: geram responsabilidade do Estado, desde que causem dano 
ao administrado. 
22. O autor aponta que tanto a inconstitucionalidade material ou formal, decidida de 
forma incidental ou concentrada, possui o mesmo efeito. 
23. Leis de efeitos concretos: se uma lei de efeitos concretos provoca danos ao indiví-
duo, fica configurada a responsabilidade civil da pessoa jurídica federativa de onde emanou a lei, 
assegurando-se ao lesado o direito à reparação dos prejuízos. 
24. O Estado tem responsabilidade civil em virtude de sua omissão no dever de legislar? 
Se o texto constitucional fixa determinado prazo para o ato legislativo, não cumprida a obrigação 
no prazo constitucional, e decretando o Poder Judiciário a mora do legislador, sem a fixação de 
prazo para o cumprimento, a diligência do Executivo ou do Legislativo, perpetrada em prazo situa-
do dentro de padrões de razoabilidade, não acarreta a responsabilidade civil do Estado, não ha-
 
 
 
 
 
vendo, portanto, dever indenizatório. Fora de tais padrões, há de considerar-se inarredável a culpa 
omissiva do legislador e, por tal motivo, eventuais prejudicados têm direito à reparação de seus 
danos por parte da unidade federativa omissa. 
25. Atos jurisdicionais: são atos dos magistrados na função fim do Poder Judiciário. Em 
regra, são exercícios de soberania Estatal, sem dever de indenizar, salvo ser for erro de natureza 
penal, em respeito ao art. 5º, LXXV, da CF, segundo o qual "o Estado indenizará o condenado por 
erro judiciário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado na sentença"10. 
26. Há responsabilidade civil do Estado pela violação do princípio da duração razoável 
do processo, previsto no art. 5º, LXXVIII, da CF e introduzido pela EC nº 45/2004 (Reforma do Judiciá-
rio)? JSCF entende que não. Entretanto, apresenta a posição contrária de ANDRÉ LUIZ NICOLIT. 
27. Qual o prazo de prescrição das ações de reparação de danos contra a Fazenda Pú-
blica? A prescrição da citada pretensão de terceiros contra as pessoas públicas e as de direito 
privado prestadoras e serviços públicos é de três anos (CC, Art. 206, § 32, V). 
28. Observe que há posição divergente dentro do STJ 
É quinquenal o prazo prescricional para a propositura de ação indenizatória 
ajuizada por vítima de acidente de trânsito contra concessionária de serviço 
público de transporte coletivo. De fato, o STJ tem sustentado o entendimento de 
que é trienal (art. 206, § 3º, V, do CC) - e não quinquenal - o prazo prescricional para 
a propositura desse tipo de ação (AgRg nos EDcl no Ag 1.386.124-SP, Terceira Turma, 
DJe 29/6/2011; e AgRg no Ag 1.195.710-RS, Quarta Turma, DJe 1º/8/2012). Todavia, 
esse posicionamento merece ser revisado, uma vez que o art. 1º-C da Lei 9.494/1997, 
que se encontra em vigor e que é norma especial em relação ao Código Civil, determina 
que "Prescreverá em cinco anos o direito de obter indenização dos danos causados por 
agentes de pessoas jurídicas de direito público e de pessoas jurídicas de direito privado 
prestadoras de serviços públicos". Ademais, frise-se que não se trata de aplicar à con-
cessionária de serviço público o disposto no Decreto 20.910/1932, que dispõe sobre 
a prescrição contra a Fazenda Pública, mas sim de utilizar a regra voltada especifi-
camente para as hipóteses de danos causados por agentes da administração direta e 
indireta. REsp 1.277.724-PR, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 
26/5/2015, DJe 10/6/2015. 
29. É viável ajuizar a ação diretamente contra o agente estatal causador do dano, sem 
a presença da pessoa jurídica? Duas posições: Não (Hely Lopes); Sim (José dos Santos). Posição 
antiga do STF entendeu pela impossibilidade (vide Informativo STF nº 263, abr. 2002), mas recente 
precedente do STJ entendeu como possível. 
30. A pessoa jurídica responsável, ré no processo, deve ou pode denunciar à lide o ser-
vidor que provocou o dano? Deve (Diógenes Gasparini). Um pouco diverso, entretanto, é o enten-
 
10 Posição adotada pela Funiversa – PCDF –Delegado – 2015. 
 
 
 
 
 
dimento de que, na hipótese, o litisconsórcio seria facultativo, e não obrigatório (Essa posição já foi 
adotadapelo STF (cf. RT] 100/1352, Rel. Min. DÉCIO MIRANDA). A doutrina majoritária, no entanto, 
entende que não pode haver denunciação da lide (obrigatório nem facultativa). Se foi ele dispen-
sado de provar a culpa do agente, não teria cabimento que, no mesmo processo, fosse obrigado a 
aguardar o conflito entre o Estado e seu agente, fundado exatamente na culpa. 1 16 Essa, a nosso 
ver, é a melhor doutrina a respeito do assunto. 
31. É possível o ressarcimento do agente em relação ao Estado por via administrativa? 
Na via administrativa, o pagamento da indenização pelo agente será sempre resultado de acordo 
entre as partes, nunca por imposição unilateral do Estado. 
32. Qual o prazo prescricional para o Estado entrar com a ação de regresso? não há pe-
ríodo máximo (vale dizer: prazo prescricional) para que o Poder Público possa propor a ação de 
indenização em face de seu agente, com o fito de garantir o ressarcimento pelos prejuízos que o 
mesmo lhe causou. 
Houve alteração do posicionamento em virtude do recente julgado (STF. Plenário. RE 
669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/02/2016), em que o STF firmou enten-
dimento pela prescritibilidade da ação de reparação de danos à Fazenda Pública, decor-
rente de ilícito civil. 
É prescritível a ação de reparação de danos à Fazenda Pública decorrente de ilíci-
to civil. 
Dito de outro modo, se o Poder Público sofreu um dano ao erário decorrente de um 
ilícito civil e deseja ser ressarcido ele deverá ajuizar a ação no prazo prescricional 
previsto em lei. 
STF. Plenário. RE 669069/MG, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 03/02/2016 (reper-
cussão geral). 
 
 
 
INFORMATIVOS DE JURISPRUDÊNCIA 
DIREITO ADMINISTRATIVO 
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO 
INFORMATIVOS 2014/2015 
 
 
 
 
 
 
SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
1. Se a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) não comprovar a efetiva en-
trega de carta registrada postada por consumidor nem demonstrar causa excludente de respon-
sabilidade, há de se reconhecer o direito a reparação por danos morais in re ipsa, desde que o 
consumidor comprove minimamente a celebração do contrato de entrega da carta registrada. 
(STJ, EREsp 1.097.266-PB, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 10/12/2014, DJe 24/2/2015 
(Informativo 556). 
2. O consumidor faz jus a reparação por danos morais caso comprovada a existência 
de cadáver em avançado estágio de decomposição no reservatório do qual a concessionária de 
serviço público extrai a água fornecida à população (STJ, AgRg no REsp 1.354.077- SP, Terceira Tur-
ma, DJe 22/9/2014 e AgRg no AREsp 163.472-RJ, Segunda Turma, DJe 2/8/2012). REsp 1.492.710-MG, 
Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 16/12/2014, DJe 19/12/2014 (Informativo 553). 
3. A União - e não só Estados, Distrito Federal e Municípios - tem legitimidade passiva 
em ação de indenização por erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante atendi-
mento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A saúde pública não só é um direito funda-
mental do homem como também é um dever do Poder Público, expressão que abarca, em con-
junto, a União, os Estados-membros, o Distrito Federal e os Municípios, nos termos dos arts. 2º e 4º da 
Lei 8.080/1990, que trata do SUS. O funcionamento do SUS é de responsabilidade solidária de todos 
os referidos entes, cabendo a qualquer um deles a legitimidade ad causam para figurar no polo 
passivo de demandas que objetivem garantir acesso à medicação ou tratamento médico ade-
quado a pessoas desprovidas de recursos financeiros, consoante se extrai de farta jurisprudência 
do STJ. Assim, a União, bem como os demais entes federativos, possuem legitimidade para figurar 
no polo passivo de quaisquer demandas que envolvam o SUS, inclusive as relacionadas a indeniza-
tória por erro médico ocorrido em hospitais privados conveniados. STJ, REsp 1.388.822-RN, Rel. Min. 
Benedito Gonçalves, julgado em 16/6/2014). 
Posição divergente: A União não tem legitimidade passiva em ação de indenização por 
danos decorrentes de erro médico ocorrido em hospital da rede privada durante aten-
dimento custeado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) (STJ, EREsp 1.388.822-RN, Rel. 
Min. Og Fernandes, julgado em 13/5/2015, DJe 3/6/2015. 
Obs.: prefira esta segunda posição, pois é referente à decisão da 1ª Seção do STJ. 
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
1. O Plenário pontuou que não se poderia deixar de reconhecer, em abstrato, a possi-
bilidade de que determinadas condutas praticadas pelo Estado na aplicação de concursos públi-
cos pudessem vir a ocasionar danos materiais passíveis de indenização. Isso se daria notadamente 
 
 
 
 
 
nos casos em que eventual preterição decorresse de inequívoca e manifesta ilegitimidade do 
comportamento da Administração, suscetível de identificação sem maiores digressões jurídicas. 
Dessa feita, o dever de reparação eventualmente surgido na condução de concursos públicos 
não poderia alcançar todas as hipóteses possíveis de judicialização. Fosse isso verdadeiro, a res-
ponsabilidade estatal assumiria elastério desproporcional, a tornar os procedimentos seletivos prati-
camente inadministráveis, já que a impugnação de qualquer aspecto poderia provocar, em tese, 
o adiamento do desfecho do certame e, consequentemente, das nomeações. Admitir essa pre-
missa resultaria em considerar possível o nascimento do dever de reparação civil em decorrência 
de atrasos causados, por exemplo, pela impugnação de cláusulas editalícias de alcance genérico, 
bem como pelo questionamento de etapas intermediárias da avaliação, como a correção do 
gabarito de determinada questão de prova objetiva. A rigor, porém, nenhuma dessas situações 
deveria gerar dever estatal de reparação. Isso porque, embora algumas delas pudessem constituir 
demora qualificável na nomeação no cargo, em nenhuma delas estaria consolidada a situação 
de aprovação do candidato, pressuposto indispensável para a configuração da posição jurídica 
tida como prioritária pelo art. 37, IV, da CF. Não seria, portanto, a anulação judicial de qualquer 
ato administrativo praticado em concurso público que atrairia a incidência pura e simples do art. 
37, § 6º, da CF. No caso, os recorridos não ostentariam condição jurídica e fática de postular o pro-
vimento das nomeações, porque, quando da impetração de mandados de segurança no juízo “a 
quo”, ainda não estariam definitivamente aprovados no concurso em questão, composto por duas 
etapas, ambas de caráter eliminatório. Desse modo, se a controvérsia judicial então instaurada 
apresentara por objeto situação jurídica primitiva à nomeação, ou seja, se ao tempo da propositu-
ra das ações os recorridos tinham mera expectativa de investidura em cargo público, o art. 37, § 6º, 
da CF, não constituiria base normativa suficiente para adjudicar, em favor deles, reparação similar 
ao que seria pago pelo exercício do cargo. Assim, ainda que se pudesse conjecturar, em tese, so-
bre um direito secundário de reparação, derivado do descumprimento da positividade irredutível 
do art. 37, IV, da CF — o que, de resto, não poderia ser tido como manifesto e fora de qualquer 
dúvida jurídica —, não haveria fundamento concreto, no caso, para afirmar esse direito, porque os 
postulantes ainda não teriam sido efetivamente aprovados no concurso de que participavam. Por 
fim, o pagamento de remuneração a servidor público e o reconhecimento de efeitos funcionais 
pressuporia efetivo exercício do cargo, o que não ocorrera, sob pena de enriquecimento sem cau-sa. Vencidos os Ministros Marco Aurélio (relator) e Luiz Fux, que desproviam o recurso por considera-
rem devida a indenização, em face da responsabilidade civil objetiva do Estado pelo ato ilegal de 
seus agentes (CF, art. 37, § 6º), além do que, não se trataria, no caso, de pretensão de receber 
vencimentos ou subsídios, e sim pagamento de quantia certa, em dinheiro, a título de indenização 
por danos materiais, a caracterizar típica obrigação do civilmente responsável. RE 724347/DF, rel. 
orig. Min. Marco Aurélio, red. p/ o acórdão Min. Roberto Barroso, 26.2.2015. (RE-724347) (Informativo 
775, Plenário, Repercussão Geral). 
 
 
 
 
 
 
2. Responsabilidade civil do Estado por ato lícito: intervenção econômica e contrato - 
A União, na qualidade de contratante, possui responsabilidade civil por prejuízos suportados por 
companhia aérea em decorrência de planos econômicos existentes no período objeto da ação. 
Essa a conclusão do Plenário ao finalizar o julgamento de três recursos extraordinários nos quais se 
discutia 39 eventual direito a indenização de companhia aérea em virtude da suposta diminuição 
do seu patrimônio decorrente da política de congelamento tarifário vigente, no País, de outubro 
de 1985 a janeiro de 1992. A empresa, ora recorrida, requerera também o restabelecimento do 
equilíbrio econômico-financeiro do contrato de serviço de transporte aéreo, com o ressarcimento 
dos prejuízos suportados, acrescidos de danos emergentes, lucros cessantes, correção monetária e 
juros, em face de cláusula contratual — v. Informativo 705. O Tribunal, por maioria, negou provimen-
to aos recursos extraordinários do Ministério Público Federal, na parte em que conhecido, e da Uni-
ão. Não conheceu, ainda, do outro recurso extraordinário da União, referente à participação do 
parquet desde o início da demanda. RE 571969/DF, rel. Min. Cármen Lúcia, 12.3.2014. (RE-571969). 
 
3. A União, na qualidade de contratante, possui responsabilidade civil por prejuízos su-
portados por companhia aérea em decorrência de planos econômicos existentes no período obje-
to da ação (STF. Informativo 738 de 2014).

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