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Políticas Públicas Prisinais Volume 1

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Prévia do material em texto

POLÍTICAS PÚBLICAS NO 
SISTEMA PRISIONAL
VOLUME 1
CLÁUDIO DO PRADO AMARAL
CAED - UFMG
Belo Horizonte, MG
2014
POLÍTICAS PUBLICAS 
NO SISTEMA PRISIONAL
VOLUME 1
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
Presidenta da República Federativa do Brasil
Dilma Vana Rousseff
MINISTÉRIO DA JUSTIÇA
Ministro de Estado da Justiça
José Eduardo Cardozo
DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO NACIONAL
Diretor-Geral do Departamento Penitenciário Nacional
Augusto Eduardo de Souza Rossini
DIRETORIA DE POLÍTICAS PENITENCIÁRIAS
Diretor de Políticas Penitenciárias
Luiz Fabrício Vieira Neto
ESCOLA NACIONAL DE SERVIÇOS PENAIS
Diretora da Escola Nacional de Serviços Penais
Mara Fregapani Barreto
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
Reitor 
Prof. Jaime Arturo Ramirez
Vice-Reitoria 
Profª. Sandra Regina Goulart Almeida
Pró Reitor de Graduação
Prof. Ricardo Hiroshi Caldeira Takahashi
Pró Reitor Adjunto de Graduação
Prof. Walmir Matos Caminhas 
Pró-Reitora de Extensão
Profª. Benigna Maria de Oliveira
Pró-Reitora Adjunta de Extensão
Profª. Cláudia Andrea Mayorga Borges
EQUIPE CASSP / UFMG
Coordenação geral
Prof. Fernando Selmar Rocha Fidalgo
Coordenação pedagógica
Prof. Eucidio Pimenta Arruda
Coordenação tecnológica
Prof. Wagner José Corradi Barbosa
Coordenação de produção audiovisual
Prof. Evandro José Lemos da Cunha
Coordenação administrativa
Thatiana Marques dos Santos
CENTRO DE APOIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Diretor de Educação a Distância
Prof. Wagner José Corradi Barbosa 
Coordenador da Univesidade Aberta do Brasil - UAB/UFMG
Prof. Eucídio Pimenta Arruda
EDITORA CAED-UFMG
Editor
Prof. Fernando Selmar Rocha Fidalgo 
Produção Editorial
Marcos Vinícius Tarquinio
Autoria
Cláudio do Prado Amaral
Colaboração
Eucídio Arruda
Gisela Colaço Geraldi
Patrícia Sommer
Sara Coutinho
Design Educacional
Durcelina Ereni Pimenta Arruda
Revisão de Texto
Jussara Frizzera
Projeto Gráfico
Departamento de Design/Caed
Formatação
Pedro Peixoto
CONSELHO EDITORIAL 
Prof. André Márcio Picanço Favacho 
Profª Ângela Imaculada Loureiro de Freitas Dalben 
Prof. Dan Avritzer 
Profª Eliane Novato Silva 
Prof. Eucídio Pimenta Arruda
Prof. Hormindo Pereira de Souza
Profª Paulina Maria Maia Barbosa
Profª Simone de Fátima Barbosa Tófani 
Profª Vilma Lúcia Macagnan Carvalho
Prof. Vito Modesto de Bellis 
Prof. Wagner José Corradi Barbosa
NOTA DO EDITOR
A Universidade Federal de Minas Gerais atua em diversos projetos de Educação a Distância que 
incluem atividades de ensino, pesquisa e extensão. Dentre elas, destacam-se as ações vincula-
das ao Centro de Apoio à Educação a Distância – CAED –, que iniciou suas atividades em 2003, 
credenciando a UFMG junto ao Ministério da Educação para a oferta de cursos a distância.
O CAED-UFMG, Unidade Administrativa da Pró-Reitoria de Graduação, tem por objetivo admi-
nistrar, coordenar e assessorar o desenvolvimento de cursos de graduação, de pós-graduação 
e de extensão na modalidade a distância, desenvolver estudos e pesquisas sobre educação a 
distância, promover a articulação da UFMG com os polos de apoio presencial, como também 
produzir e editar livros acadêmicos e/ou didáticos, impressos e digitais, bem como a produção 
de outros materiais pedagógicos sobre Educação a Distância - EAD.
A Editora CAED-UFMG tem a honra de publicar esta obra que foi demandada pela Escola de 
Serviços Penais do DEPEN-MJ que será utilizada para a Capacitação de Servidores do Sistema 
Prisional. Esperamos que todos possam aproveitar bastante o que, neste momento, tornamos 
disponível para sua leitura, comentários e sugestões.
Fernando Selmar Rocha Fidalgo
Editor
SOBRE OS AUTORES
CLÁUDIO DO PRADO AMARAL
 
Professor associado da Faculdade de Direito de Ribeirão 
Preto-USP. Coordenador do Grupo de Estudos Carcerários 
Aplicados da USP. Pesquisador e membro da equipe ins-
titucional do Observatório Nacional do Sistema Prisional 
- Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da 
Justiça/UFMG. Graduado em direito pela USP, especialista 
em direito penal pela USP, mestre em direito penal pela 
USP, doutor em direito penal pela USP e Livre Docente 
em direito processual penal pela USP. Juiz de direito desde 
janeiro de 1991. Juiz corregedor da policia judiciária e Juiz 
corregedor dos Presídios de Piracicaba-SP de março/1995 
a novembro/2003. Juiz corregedor dos Presídios de São 
Paulo-SP e dos Presídios de Segurança Máxima do Estado 
de São Paulo de abril/2007 a março/2009. Juiz da 2ª Câmara 
Criminal Extraordinária – “D”, do Tribunal de Justiça de São 
Paulo de fevereiro de 2008 a agosto de 2009.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas 
ACUDA – Associação Cultural de Desenvolvimento do Apenado e Egresso 
ADPF – Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental
CAHMP – Centro de Atendimento Hospitalar à Mulher Presa 
CF – Constituição Federal 
CIMI – Conselho Indigenista Missionário 
CNCD/LGBT – Conselho Nacional de Combate à Discriminação
CNJ – Conselho Nacional de Justiça 
CNPCP – Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
CREAS – Centros de Referência Especializados de Assistência Social 
DEPEN – Departamento Penitenciário Nacional
DST – Doenças Sexualmente Transmitidas
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
HIV/AIDS – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística 
InfoPen – Sistema de Informações Penitenciárias
LEP – Lei de Execução Penal
LGBT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgêneros
LGBTTT – Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transexuais, Travestis e Transgêneros 
NBR – Normas Brasileiras de Normatização
OEA – Organização dos Estados Americanos 
OIT – Organização Internacional do Trabalho
OMS – Organização Mundial de Saúde
ONU – Organização das Nações Unidas 
PNAISP – Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Pessoa Privada de Liberdade 
no Sistema Prisional 
PNAMPE – Política Nacional de Atenção às Mulheres em Situação de Privação de Liberdade 
e Egressas do Sistema Prisional 
PNGATI – Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas 
RAPS – Rede de Atenção Psicossocial 
SIC – Serviço de Informação ao Cidadão 
SPI – Serviço de Proteção aos Índios
SUS – Sistema Único de Saúde 
USP – Universidade de São Paulo
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO 10
UNIDADE 1 – POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL 13
1. Política: fins e sistema 16
2. Política criminal e política penitenciária 16
3. Sujeitos da política penitenciária 18
4. Finalidades do sistema e finalidades da pena privativa de liberdade 19
5. Práticas de alternativas penais 22
6. Arquitetura prisional – a evolução da arquitetura prisional 30
7. Modernização do sistema prisional 37
UNIDADE 2 – ASSISTÊNCIA E GÊNERO NO SISTEMA PRISIONAL 41
1. O gênero no sistema prisional 42
2. O gênero feminino 43
3. O gênero conforme a opção afetiva 44
4. Separação etária 45
5. Separação conforme a situação jurídica 46
6. Separação conforme a natureza do crime 46
UNIDADE 3 – A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL 49
1. Educação e qualificação profissional de pessoas presas 50
2. Formação e qualificação profissional de servidores do sistema prisional 59
UNIDADE 4 – SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA 67
1. Saúde no contexto carcerário 68
2. Qualidade de vida do servidor penitenciário 72
REFERÊNCIAS 81
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 210
APRESENTAÇÃO
Olá, seja bem-vindo ao curso Políticas Públicas no Sistema Prisional! 
Saiba que políticas públicas são conjuntos de ações e programas realizados, desenvolvidos e 
mantidos direta ou indiretamente pelo Estado, com a participação de entes públicos ou pri-
vados; é assegurar um ou alguns direitos de cidadania, de forma ampla ou especificamente 
direcionada, para determinadoseguimento social, cultural, étnico ou econômico.
Nesse sentido, a realização deste curso tem o intuito de apresentar e provocar uma ampla 
discussão a respeito das políticas públicas no sistema prisional. 
OBJETIVOS
Ao final deste curso, espera-se que você seja capaz de:
• Reconhecer a organização das políticas públicas no sistema prisional.
• Identificar os sujeitos da política penitenciária. 
• Compreender as finalidades do sistema e finalidades da pena privativa de liberdade.
• Compreender a organização do sistema prisional.
• Identificar a questão do gênero no sistema prisional. 
• Considerar a educação e qualificação profissional de pessoas presas. 
• Recomendar a formação e qualificação profissional de servidores do sistema prisional.
• Analisar a saúde no contexto carcerário.
• Discutir a situação da saúde dos envolvidos no sistema prisional.
O material didático do curso Políticas Públicas no Sistema Prisional está estruturado em 
cinco Unidades, de modo a possibilitar a você oportunidade de debater e construir embasa-
mento teórico e prático a respeito das políticas públicas no sistema prisional.
Unidade 1 – A Política Pública no Sistema Prisional – consiste em apresentar o conceito de 
política, seus fins e sistema; a política criminal e a política penitenciária; os sujeitos da polí-
tica penitenciária e as finalidades do sistema e da pena privativa de liberdade; A evolução da 
arquitetura prisional desde o início até os dias de hoje, bem como a unidade prisional como 
estrutura complexa; e a Resolução nº 09/2011 do Conselho Nacional de Política Criminal 
e Penitenciária – CNPCP – que regulamenta como devem ser erguidas as novas unidades 
prisionais. 
Unidade 2 – A Questão do Gênero no Sistema Prisional – é apresentada nesta unidade 
o Artigo 5º da Constituição Federal, o qual versa sobre as garantias em favor da presa de 
maneira mais digna: “A pena será cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com 
a natureza do delito, a idade e o sexo da pessoa presa”. O tratamento penal que é dado a 
UNIDADE 1 11
uma pessoa do sexo feminino não pode ser igual a uma pessoa do sexo masculino. Em todos 
os aspectos deve ser adequado ao gênero feminino. Também será debatido o aumento da 
prisionalização de mulheres, hoje desproporcionalmente maior em relação o dos homens. 
Unidade 3 – A Educação no Sistema Prisional – assim como em qualquer outro ambiente, 
surge com o objetivo de ofertar os processos educativos promotores da vida humana, que 
são elementares para o desenvolvimento político e econômico e para o alcance da demo-
cracia e da igualdade social. Constitui-se ainda em importante recurso para a ressocialização 
de pessoas em privação de liberdade, da mesma forma que o trabalho. O exercício de qual-
quer profissão requer, ao menos, o aprendizado fundamental e o aprendizado profissionali-
zante. Essa exigência pode aumentar conforme o grau de especialização da profissão, isto é, 
conforme suas particularidades. Por isso, em muitos casos, exige-se a educação formal em 
nível médio, em outros tantos o ensino técnico e, afinal, para muitas profissões exige-se o 
ensino superior.
Unidade 4 – Saúde e Qualidade de Vida no Sistema Prisional – quatro fatores se asso-
ciam e afetam a saúde do servidor: precárias condições de trabalho; insuficiência do qua-
dro funcional; turno de 24 horas de trabalho por 72 de descanso; e baixo reconhecimento 
social do valor do trabalho do servidor. Com isso, o prazer de trabalhar diminui e a tensão 
laboral aumenta. A sensação de bem-estar no trabalho é baixa e não raro a sensação é 
de sofrimento. Em razão disso, as enfermidades psicológicas afetam expressiva porção dos 
servidores do sistema. Por vezes, o grau de infelicidade é tão grande que leva ao suicídio. 
Concentramos, portanto, nossas observações nesse tema: a questão da saúde psicológica 
do servidor. Os quatro elementos acima contribuem para a depressão, a angústia ou a ansie-
dade do preso. 
Por fim, ao longo de todas as Unidades, você será solicitado a desenvolver atividades no 
Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA. O desenvolvimento destas atividades é impor-
tante, porque permite a você refletir a respeito dos temas tratados. Além disso, elas são 
avaliativas: fique atento para não perder os prazos de realização de cada atividade no AVA.
TEMPO DE DEDICAÇÃO AO CURSO
O curso Políticas Públicas no Sistema Prisional, com carga horária prevista de 60 (sessenta) 
horas, exige de você 01 (uma) hora por dia de dedicação durante 08 (oito) semanas.
AVALIAÇÃO E APROVAÇÃO
As atividades avaliativas serão realizadas ao longo de todo o curso. Elas serão divididas 
em questões abertas, fechadas e de interação, totalizando 100 (cem) pontos. A pontuação 
mínima para aprovação é de 60 (sessenta) pontos.
Bom estudo!
 
O autor
UNIDADE1POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL
UNIDADE 1 13
UNIDADE 1 – POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA 
PRISIONAL 
As políticas públicas correspondem a um direito que está positivado e assegurado na 
Constituição Federal. O conteúdo da nossa Constituição Federal (CF/1988), assim como em 
inúmeros outros países, é o produto de conquistas históricas do homem. São conquistas 
que asseguram ao ser humano ou a um grupo de pessoas contra a ingerência do Estado.
A origem remota dessas conquistas está na primeira democracia de que se tem notícia: 
a democracia ateniense, que é a matriz da democracia moderna. Muitos saberes da 
Antiguidade também serviram de matriz ou protótipo daquilo que viriam a ser direitos 
fundamentais. 
Um expressivo marco dos direitos fundamentais é o princípio da legalidade, cuja origem 
é apontada com a promulgação da Magna Carta, de João Sem Terra, no ano de 1215, na 
Inglaterra. Pela primeira vez firmou-se um documento em que o Estado era obrigado a 
reconhecer direitos em favor de seus governados.
FIQUE ATENTO
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Na tentativa de organizar a discussão, esta Unidade está dividida em cinco itens:
1. Política: fins e sistema
2. Política criminal e política penitenciária
3. Sujeitos da política penitenciária
4. Finalidades do sistema e finalidades da pena privativa de liberdade
5. Práticas de alternativas penais
6. Arquitetura prisional – a evolução da arquitetura prisional
7. Modernização do sistema prisional
OBJETIVOS 
Esperamos que você, ao final do estudo desta Unidade, seja capaz de:
• Reconhecer a organização das políticas públicas no sistema prisional.
• Identificar os sujeitos da política penitenciária. 
• Compreender as finalidades do sistema e finalidades da pena privativa de 
liberdade.
• Compreender a organização do sistema prisional.
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 214
São exemplos de políticas públicas a educação, a saúde e a habitação, todos reconhecidos 
na Constituição Federal. Existem, hoje, muitos direitos novos inseridos nas constituições 
das nações ao redor do mundo. Os juristas costumam classificar estes novos direitos 
conforme seu surgimento em gerações. Estamos na quarta geração de direitos 
fundamentais e é aqui que encontramos uma série de novas garantias de todo e cada 
cidadão contra o Estado, as quais devem ser efetivadas através das políticas públicas. 
Não estamos nos referindo à política no sentido de “politicagem”, que é uma prática 
antiética e desviada do bem público, pouco preocupada com o bem-estar da sociedade. 
Tratamos, aqui, da política no seu sentido original, que deriva da antiga polis grega, onde 
o trato da coisa pública era uma atividade muito ética e respeitosa. 
Para o desenvolvimento deste curso faremos uso do Ambiente Virtual de Aprendizagem 
Moodle – AVA – e suas ferramentasde interação, as quais nos permitem momentos de 
interação síncrono e assíncrono. Por meio do AVA, compartilharemos nossas dúvidas, 
saberes, expectativas referentes à questão dos direitos humanos e da diversidade social. 
Além disso, estarão disponibilizados no AVA outros referenciais teóricos que abordam 
esta temática. Por fim, ao final da Unidade será solicitado a você que realize atividades 
avaliativas neste ambiente.
UNIDADE 1 15
AGENDA
A agenda é um instrumento importante para você planejar melhor sua participação em 
nosso curso, pois apresenta a sequência de atividades previstas para a Unidade. Marque 
com um “X” as datas em que pretende realizar as atividades descritas, bem como as 
atividades já concluídas.
Período Atividade Seg Ter Qua Qui Sex
Co
nc
lu
íd
a
Semana 
De ___/___
a ___/___
1 Leitura da Unidade 1 do Guia de Estudos.
2 Visualização da Videoaula “Aspectos gerais do sistema prisional”
3 Visualização da videoaula “Modernização do Sistema Prisional”
4 Leitura do texto 01 disponível no AVA 
5
Visualização de Vídeo “Arquitetura dos 
limites – APAC Contagem”. Disponível 
em: https://www.youtube.com/
watch?v=9VM9Vy7OsGk
6 Visualização do Vídeo “Ótima aula de 
políticas públicas”
Leitura do Texto Complementar 1: 
“Resolução nº 09/2011, que trata das novas 
diretrizes para a arquitetura prisional. 
Disponivel em: http://www.criminal.mppr.
mp.br/arquivos/File/ExecucaoPenal/
CNPCP/2011Diretrizes_ArquiteturaPenal_
resolucao_09_11_CNPCP.pdf
8 Atividade de Reflexão no Guia
9 Atividade Avaliativa no AVA
Procure se organizar para concluir estas atividades em duas semanas, conforme 
cronograma de atividade. Sugerimos uma dedicação diária de 45 (quarenta e cinco) 
minutos durante os dias úteis.
ATIVIDADE DE FIXAÇÃO
Procure fazer uma busca na Internet ou em outras fontes de consulta e depois 
nos fale se você acha possível o tratamento ético da coisa pública no Brasil. Temos 
exemplos positivos? Se os temos, então é possível a prática das melhores políticas 
no Brasil? Como? 
Pense e espresse suas análises e expectativas a respeito do assunto no fórum no 
AVA.
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 216
1. POLÍTICA: FINS E SISTEMA
Em sua dinâmica, a política é um processo de diálogo. Por meio de sucessivos tratos éticos 
em busca do bem comum, escolhem-se quais são as ações e processos que melhorarão a 
vida em sociedade, garantindo um direito constitucionalmente reconhecido.
A finalidade da política pública é melhorar a vida da sociedade como um todo. Uma 
política pública não deve ser contraproducente, isto é, não pode ter mais resultados 
negativos que positivos, sendo que estes devem superar em larga margem a quantidade 
de resultados negativos.
Nesse sentido, a finalidade das políticas públicas de educação consiste em melhorar a 
qualidade e a quantidade de aquisição de conhecimentos das pessoas para a vida em 
comum através da educação formal, informal e profissionalizante. Se isso não ocorrer, 
isto é, se o sistema de educação forma pessoas sem os conhecimentos suficientes e 
adequados será contraproducente.
Já a finalidade das políticas públicas de saúde tem como objetivo melhorar as condições 
de vida das pessoas por meio da prevenção de enfermidades, bem como curar os cidadãos 
que vierem a ser acometidos por doenças.
ATIVIDADE DE FIXAÇÃO
Você já pensou qual é a finalidade das políticas aplicadas ao sistema prisional? 
Voltaremos a isso adiante. Por enquanto, dê uma pausa, pense a respeito e escreva 
um texto de cinco a dez linhas no fórum da unidade no AVA sobre o que concluiu 
para que possa comparar com o que será exposto mais adiante. Para refletir sobre 
o assunto, tenha em mente que toda política pública deve melhorar a vida em 
sociedade.
2. POLÍTICA CRIMINAL E POLÍTICA PENITENCIÁRIA
A segurança é um dos direitos que o Estado assegura a todos nós, cidadãos brasileiros. 
Esta garantia está inscrita numa posição tópica de nossa Constituição Federal de 1988, 
no Art. 5º, caput. Isso significa que ocupa uma posição muito importante dentre tantos 
direitos que constam na nossa Carta Maior. Veja o que ela diz: “Todos são iguais perante 
a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e 
à propriedade, nos termos seguintes: (...)”.
O significado da expressão segurança é muito amplo; é interpretado com maior ou menor 
amplitude, mas sempre de modo amplo. Todavia, existe um significado que está fora de 
dúvidas: o direito à segurança se expressa no direito que todos têm de viver em sociedade 
sem perturbações severas ou violentas em sociedade. Claro que conviver em sociedade é 
sempre complicado e exige concessões de todos para que haja paz. Referimo-nos, aqui, 
àquelas perturbações graves da vida em comunidade, como insurreições, violência e crime.
UNIDADE 1 17
A nós nos interessa, precisamente, o direito à segurança como expressão de combate à 
criminalidade. Todos nós temos o direito de exigir do Estado ações voltadas ao combate 
contra a criminalidade. As estratégias e ações que o Estado usa para afrontar a criminalidade 
são chamadas de políticas criminais e estas se desenvolvem nos mais diversos âmbitos e 
graus de atuação. 
Podemos, por exemplo, falar em políticas criminais que são aplicadas já no âmbito da escola 
e da assistência social – sempre as mais eficientes de todas. Ou ainda, podemos ter políticas 
criminais realizadas através da promulgação de leis, das decisões do poder judiciário 
interpretando a lei penal, de ações administrativas dos Estados etc.
VOCÊ SABIA?
O combate contra o crime ocorre de duas formas: por meio de ações preventivas ou 
por meio de ações repressivas. 
As ações preventivas tentam evitar que um crime venha a ser praticado e estas 
devem ser sempre prioritárias. Portanto, em termo de política criminal, o ideal é que 
os crimes não sejam cometidos. Se houve crime, isso significa que o Estado falhou na 
etapa mais importante da política criminal, que é a preventiva.
As segundas, isto é, as políticas criminais repressivas, atuam depois que o crime é 
praticado e têm por finalidade: 
• Identificar o autor do delito; 
• Encontrar o corpo do delito, isto é, os vestígios materiais que um crime pode 
deixar; 
• Obter uma condenação criminal; e
• Executar esta condenação, ou seja, dar cumprimento à sentença penal 
condenatória.
Na ponta final dessa política criminal, portanto, existe uma condenação que se 
deseja ser alcançada e executada. Para que isso seja possível, é preciso que a polí-
cia que investiga o crime seja eficiente, bem como que o Ministério Público esteja 
munido de provas incontestáveis.
Na condenação criminal, através da aplicação de uma pena privativa de liberdade, surge 
um desmembramento da política criminal, que tem praticamente um significado próprio. 
Trata-se da política penitenciária, que são as ações e os processos realizados para que o 
encarceramento seja realizado de acordo com os fins socialmente úteis perseguidos pela 
CF/1988.
Note-se que a política penitenciária também pode ser necessária antes da sentença 
penal condenatória. Isso ocorre, com frequência, nas chamadas prisões provisórias ou 
cautelares. 
Vejamos: A regra é que alguém somente seja preso criminalmente após ser considerado 
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 218
culpado por um crime, através de uma sentença penal condenatória com trânsito em 
julgado. Mas muitos presos não possuem condenação. Eles estão aguardando o seu 
julgamento, ou seja, são inocentes, pois não foram condenados e estão à espera de sua 
sentença, que pode ser, inclusive, de absolvição. 
Esse tipo de prisão é denominada provisória, cautelar, processual, não-penal, ou ainda, 
não-defintiva.A respectiva população carcerária corresponde aproximadamente 40% dos 
presos no Brasil e também está sujeita às políticas penitenciárias.
Assim, as políticas penitenciárias aplicam-se tanto aos presos que já possuem condenação 
definitiva e contra a qual não cabe mais recurso, como também aos presos provisórios.
PARA REFLETIR
Você acha fácil ver numa pessoa presa provisoriamente um inocente, isto é, alguém 
que não foi condenado e pode ser que não o seja? O que pode ser feito em relação 
a esta situação paradoxal? 
E o que pensar sobre aquele indivíduo que está cumprindo pena em meio aberto, por 
exemplo, em livramento condicional, mas vem a cometer um fato criminoso novo e 
aguarda preso provisoriamente o seu julgamento por este novo fato? Veja que ele 
também está condenado definitivamente pelo fato anterior, em razão do qual estava 
em livramento condicional. Pense nisso!
3. SUJEITOS DA POLÍTICA PENITENCIÁRIA
Devido à insuficiente profissionalização e produção de conhecimento sobre as questões 
criminais no Brasil, existe tendência a acreditar que a política penitenciária é voltada 
apenas aos presos, definitivos ou cautelares.
Não o é. Aplica-se igualmente aos trabalhadores de todo o sistema: agentes penitenciários, 
agentes administrativos, assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, médicos, cirurgiões-
dentistas, nutricionistas, dentre muitos.
Assim, por exemplo, quando a administração penitenciária adquire materiais ou 
equipamentos para que os funcionários do sistema trabalhem em melhores condições, 
isso também é uma política pública.
Mas não podemos esquecer que toda política pública tem por meta melhorar a vida 
em sociedade. Por isso, embora a política penitenciária seja aplicada sobre a população 
prisional e os trabalhadores do sistema, todos nós somos diretamente afetados por tais 
políticas. Sendo assim, toda a sociedade é afetada pelas políticas penitenciárias, todos 
nós sentimos os bons e os maus resultados do que é feito na condução das questões 
carcerárias.
UNIDADE 1 19
PARA REFLETIR
Como você acha que a sociedade brasileira é afetada pela política penitenciária? 
Como você vê a sociedade brasileira sendo afetada pela política penitenciária? Em 
que extensão isso ocorre? De que modo isso ocorre? Como tem se comportado a 
mídia em relação ao tipo e extensão dessa afetação social? 
Pense sobre este assunto, pois ele será importante para o desenvolvimento deste 
curso.
4. FINALIDADES DO SISTEMA E FINALIDADES DA PENA PRIVATIVA DE 
LIBERDADE
Para que você possa entender melhor o que se passa em termos de política penitenciária 
no Brasil, é preciso que nós façamos um breve excurso sobre as finalidades da pena, isto 
é, precisamos nos perguntar: Para que serve a pena? Porque se pune alguém? 
Dizer que se pune para fazer justiça é uma resposta muito simplista e não permite 
compreender a dignidade do problema prisional. Então vejamos a seguir.
4.1. A pena como castigo
Desde a Revolução Francesa o sistema penal 
passou a ser amplamente criticado, pois até 
então o sistema era cruel, arbitrário e pouco 
racional. Após a Revolução, estabeleceram-se 
as bases que permitiram evoluir em direção 
a um sistema mais coerente e humano.
“A Liberdade Guiando o Povo”, de Eugène Delacroix
Até meados do século XIX, defendia-se que a pena não tinha finalidade alguma. Era um 
castigo, uma retribuição, uma expiação. A pena significava um mal, que era aplicado ao 
delinquente como retribuição a outro mal, que era o crime praticado por este infrator. 
Usava-se a expressão “pagar um mal (o crime) com outro mal (a pena)”. Nós chamamos 
estas teorias de absolutas ou retributivas.
Esse pensamento está superado há muito tempo e esta superação ocorreu por uma 
razão simples: a pena criminal representa o uso legítimo da violência. Ademais, a pena é 
monopólio do Estado, isto é, uma pessoa em particular não pode aplicar uma pena à outra 
pessoa. Isso seria vingança privada e não pena. Algo tão importante como a pena criminal 
não poderia ser destituído de finalidades práticas. 
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 220
4.2. A pena como prevenção geral
A natural reação foi o surgimento de correntes de pensamento que vislumbraram na pena 
criminal algo que deveria ter uma finalidade útil. Esta finalidade nada mais é que prevenir 
crimes futuros. Surgem então as teorias relativas da pena. Desde então, estabeleceu-se que 
a missão da pena é evitar a prática de crimes futuros.
No entanto, isso pode ser feito de diversas maneiras. A primeira delas seria através da 
intimidação. Ou seja, a pena existe porque os cidadãos, sabendo de sua existência, iriam se 
sentir intimidados e deixariam de praticar delitos. A isso chamamos de “coação psicológica” 
do potencial delinquente. Todavia, este pensamento durou muito pouco. Ninguém é tão 
calculista a ponto de, no momento em que decide praticar um crime, pensar na pena que 
está prevista em um código ou uma lei penal a qual poderia lhe ser aplicada. 
A segunda forma de prevenir o crime através da pena seria por meio da sua aplicação, isto 
é, por sua inflição pelo juiz, no momento da sentença penal condenatória, reforçando em 
todos os demais cidadãos o sentimento de confiança no ordenamento jurídico que fora 
violado pelo infrator com sua conduta. A pena serviria para prevenir delitos futuros através 
da mensagem que passa para toda a sociedade, dizendo-lhe que a norma que foi violada 
pelo criminoso, naquele caso concreto, é válida e deve ser respeitada por todos.
Essa é uma teoria muito aceita, mas serve muito mais para o momento da aplicação da pena 
que para o de sua execução.
4.3. A pena como prevenção especial
Algumas teorias afirmaram que a pena é dirigida ao infrator 
que cometeu o delito no sentido de impedi-lo de voltar 
a delinquir, isto é, evitar a reincidência. Aqui, a pena não 
seria mais atuante sobre a sociedade como um todo, mas 
restringe-se a atuar sobre o autor do crime. 
O precedente deste pensamento está em Franz Von Liszt e 
seu famoso Programa de Marburgo (1883). Todavia, somente 
retomou vigor após a Segunda Guerra Mundial, quando então 
nasce o ideal de ressocialização através da execução da pena.
Franz Von Liszt - Fonte: wikipedia
A ressocialização poderia ser feita de duas formas. Uma, obrigando o condenado ao 
tratamento penitenciário, dispensando-se, portanto, o seu consentimento para ser 
tratado. Medidas extremas, inclusive, defendiam a ideia de intervenções cirúrgicas no 
delinquente, a fim de extirpar as tendências criminosas, como lobotomia, castração de 
criminosos sexuais etc. Já promover a ressocialização através da pena é o modo atualmente 
mais aceito. Isso ocorre por meio de um processo dialógico com o condenado, dirigido a 
convencê-lo a agir conforme o direito, isto é, estimulando no condenado as condições 
para que ele entenda, por suas próprias conclusões, que existem mais vantagens em 
retornar à sociedade e conviver sem cometer delitos que voltar a praticá-los.
UNIDADE 1 21
4.4. A ressocialização como política penitenciária de sobreposição
Essa é a finalidade da execução da pena: a ressocialização do condenado, alcançada de 
modo não impositivo. Todo o sistema e todas as políticas penitenciárias devem estar 
voltados a esse fim: ressocializar o condenado para que retorne à sociedade em condições 
de conviver sem praticar novos delitos. Por isso a ressocialização é política penitenciária 
que orienta todas as demais em tema carcerário.
Vamos entender bem isso: não será obrigatoriamente a privação de liberdade que irá 
convencer o delinquente de que não deve cometer crimes novamente. Pode até ser 
que isso seja alcançado através da privação de liberdade. Mas o que de fato convence 
o condenado a agir conforme o direito são os estímulos e proposições que o incitam a 
refletir sobre sua conduta passada e seus prognósticosfuturos de comportamento.
O mais importante é que o tempo de privação de liberdade seja utilizado para que se 
estabeleça um diálogo funcional com o preso, seja ele condenado ou provisório. No caso 
do primeiro, essa funcionalidade está nas tentativas de convencê-lo a não agir contra 
o direito e a ordem. Sendo preso provisório, esse diálogo deverá estimulá-lo a não se 
deixar contaminar pelo ambiente de privação de liberdade, dando continuidade a todas 
as atividades que não foram objetivamente limitadas pela decisão judicial que reduziu sua 
liberdade.
O processo de convencimento não é necessariamente realizado verbalmente. Isto é, não 
se trata apenas de uma conversa entre um psicólogo ou pedagogo e o preso, na qual os 
primeiros tentam convencer o segundo. Esta é uma visão apequenada da ressocialização.
A dialética de ressocialização de convencimento é realizada por meio das mais variadas 
formas; por exemplo, de assistências sociais e à saúde, por meio do lazer, dos contatos 
com a família, da realização de projetos sociais, do trabalho edificante, da educação 
profissionalizante etc. 
Todos esses recursos acabam por “dialogar” com o preso e são sempre capazes de 
demonstrar a ele o quão saudável é a sociabilidade e como ela pode ser bem realizada. 
PARA REFLETIR
Você já pensou na seguinte situação: Um conhecido seu lhe diz que “o preso que 
cometeu tráfico tem mais é que ficar 50 anos na cadeia!”. Como ele está pensado em 
relação ao tema prisional? Você lhe diria algo nesse momento? O quê? 
Temos outra situação: Alguém faz algo contra a sua vontade por muito tempo se não 
estiver bem convencido de que o melhor a ser feito é agir deste modo? Como isso se 
aplica a ressocialização prisional?
Algumas teorias dizem que a pena é castigo e também prevenção. São chamadas 
teorias ecléticas ou mistas da pena. A crítica que tais teorias sofrem é que algo não 
poderia, ao mesmo tempo, não ter uma finalidade útil (retribuição do mal com um 
mal) e ter uma finalidade útil (prevenção). Esta, aliás, é a teoria que o código penal 
brasileiro adotou. O que você acha?
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 222
5. PRÁTICAS DE ALTERNATIVAS PENAIS
Quando falamos em práticas de alternativas penais, trazemos para o nosso curso uma 
questão mais ampla, pois não se resume à utilização de penas restritivas de direitos em 
substituição às penas privativas de liberdade. 
O que precisamos ter em conta nessa parte do nosso curso – e isso é da maior relevância 
– é o fato de que existem diversas práticas, chamadas alternativas penais, que podem ser 
tanto quanto ou mais eficientes e úteis que as penas restritivas de direitos. 
Portanto, o correto é dizer que as penas restritivas de direitos são penas alternativas, mas 
as penas alternativas não são todas as práticas alternativas de que se dispõe. 
Veremos adiante as práticas penais alternativas de que o mundo já dispõe, as quais podem 
ser aplicadas a todos os momentos do sistema de justiça (pré-processual, processual e 
executiva), começando pela pena restritiva de direito.
5.1. As penas restritivas de direitos
Está absolutamente fora de dúvida que a utilização de penas não privativas de liberdade é 
um recurso fundamental para a melhoria do sistema de justiça penal e, consequentemente, 
para a vida em sociedade. Tratados internacionais, diversas leis, obras jurídicas, 
orientações jurisprudenciais já afirmaram por diversas vezes a utilidade e os benefícios 
da utilização das penas restritivas de direitos ou como costumam ser também chamadas 
penas alternativas.
A utilidade de sua aplicação é resultado da comprovação científica de que toda forma de 
encarceramento dessocializa o indivíduo em algum grau. Por isso, especialmente para 
criminosos primários autores de delitos praticados sem violência ou grave ameaça, a 
medida correta a ser tomada é a aplicação de penas alternativas.
São diversas as suas vantagens: 
• Tal pena reveste-se de seriedade, pois sendo pena, o descumprimento levará à sua 
conversão em pena privativa de liberdade.
• Em algum grau colabora para minimizar o problema da superlotação nas unidades 
prisionais.
• Também evita o contato de delinquentes primários com a nocividade do ambiente 
carcerário.
• O custo financeiro da execução das penas alternativas é bem menor que o da pena 
privativa de liberdade.
• O processo de ressocialização é mais fácil.
O que se exige hoje do legislador brasileiro é o aumento das hipóteses de aplicação das 
penas restritivas de direitos, alargando o espectro de situações em que seja permitida a 
substituição da pena privativa de liberdade por pena restritiva de direitos, ou aumentando 
o grau de discricionariedade judicial na aplicação da pena. Veja, por exemplo: foi graças 
ao engessamento da legislação que o Supremo Tribunal Federal afirmou a possibilidade 
UNIDADE 1 23
de aplicação de penas restritivas de direitos para alguns casos de tráfico de drogas (para 
pequenos traficantes, em casos de tráfico eventual e não habitual).
As penas restritivas de direitos não se resumem a prestação de serviços à comunidade. 
Podem ser diversas outras e até mesmo a multa (com a particularidade de que esta não 
se converte em pena privativa de liberdade se for descumprida).
As penas restritivas de direitos podem ser de prestação pecuniária à vítima ou entidade 
pública ou particular de fins sociais, perda de bens e valores, prestação de serviços à 
comunidade ou às entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de 
fim de semana.
A interdição temporária de direitos consiste na proibição do exercício de cargo, função 
ou atividade pública, bem como de mandato eletivo, proibição do exercício de profissão, 
atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do 
poder público, suspensão de autorização ou de habilitação para dirigir veículo e proibição 
de frequentar determinados lugares.
E a limitação de fim de semana consiste na obrigação de permanecer, aos sábados e 
domingos, por 05 (cinco) horas diárias, em casa de albergado ou outro estabelecimento 
adequado. Aqui, embora tecnicamente seja um modo de privação de liberdade, não tem 
o mesmo grau impactante das penas de reclusão ou detenção.
5.2. As práticas de justiça restaurativa
Já está cientificamente comprovado que existem outras formas de pacificação social, sem 
que seja necessário recorrer à pena clássica ou ao processo penal clássico. São práticas 
muito pouco utilizadas no Brasil, ou melhor, quase nada usadas.
A escassa utilização de meios alternativos ocorre, principalmente, devido à cultura jurídica 
nacional. Toda vez que ocorre um delito, a sociedade se vê abalada em algum grau. A 
cultura jurídica nacional dominante não arreda pé da posição de que a paz social abalada 
pela prática do delito somente pode ser alcançada através do processo penal clássico e da 
pena executada em sua inteireza. Contudo, essa é uma visão míope. 
A justiça restaurativa – que também teve sua utilidade cientificamente comprovada – 
colabora para: 
• Redução do número de sentenças e custos nos tribunais;
• Facilitação do acesso à justiça; 
• Aumento da qualidade da justiça; e
• Pacificação social.
Os procedimentos da restorative justice partem do pressuposto conceitual de que o delito 
é uma ofensa não somente contra o Estado, mas também contra a vítima individual, 
concretamente prejudicada pelo ato criminoso. A satisfação em sentido amplo da vítima 
ajudará a alcançar a paz jurídica afetada pela prática do delito. Não basta a reparação 
do dano para o restabelecimento da paz jurídica. É preciso também que autor e vítima 
neutralizem suas animosidades.
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 224
As situações em que as vítimas de crimes – principalmente de crimes patrimoniais e 
crimes de menor gravidade – desejam encontrar-se com seusofensores em presença de 
um mediador treinado têm aumentado sensivelmente nos Estados Unidos desde 1970, 
quando foram criados os primeiros programas de mediação vítima-delinquente. Hoje, 
milhares de vítimas em quase 300 comunidades espalhadas por todos os Estados Unidos 
utilizam-se dos referidos programas.
Em tais encontros não somente se tem conseguido com algum sucesso que os ofensores 
saibam de que forma o crime afetou as vítimas e respondam a algumas questões formuladas 
pelas vítimas, mas também se tem conseguido desenvolver um plano de restituição, onde 
o autor do fato assume responsabilidade na reparação dos danos causados à vítima. No 
caso do autor do fato não cumprir o acordo de restituição, sofrerá consequências mais 
gravosas no âmbito penal e processual penal. 
Sendo um programa de diversion, se é obtido um acordo satisfatório não se inicia 
o processo, ou este é encerrado caso já tenha sido iniciado. Se o autor do fato vier a 
descumprir o acordo, o processo judicial retomará o seu curso normal. 
Tudo impulsiona o autor do fato a assumir a responsabilidade pelo fato praticado, com 
benefícios diversos à vítima, sem que recorra ao caro e moroso processo criminal. A 
mediação vítima-delinquente é uma das expressões mais claras da restorative justice. 
Para o sucesso de tais programas exige-se, contudo, que haja: 
• Voluntariedade de participação no procedimento conciliatório; 
• Garantia de sigilo sobre as negociações; 
• Intermediação feita por um terceiro imparcial; 
• Seleção dos casos passíveis de serem submetidos ao programa; e
• Obrigatoriedade de cumprimento do acordo que vier a ser homologado.
Normalmente, o objeto do acordo obtido nos programas é uma soma em dinheiro. 
Mas pode ser também uma prestação à vítima de caráter diverso ou uma prestação de 
serviços à comunidade. Permite-se, até mesmo, que o acordo consista no mero pedido 
de desculpas.
Pode ocorrer que a vítima não seja um sujeito individual, uma pessoa física determinada. 
Assim, por exemplo, nos casos de tráfico de drogas não existe um indivíduo 
especificamente afetado pelo crime, mas, sim, toda a comunidade. Mas, mesmo nesses 
casos, a justiça restaurativa se aplica. O procedimento consiste no confronto do infrator 
com as consequências de seu fato, seguindo-se a prestação de serviços à comunidade por 
parte do traficante.
Veja-se, por exemplo, o caso de um indivíduo detido por tráfico de drogas, sendo 
classificado como pequeno traficante e que realizou o tráfico de modo não habitual e 
eventual. Em procedimento de justiça restaurativa, ele frequentará continuamente 
instituições para tratamento e recuperação de adictos, verá as consequências da venda 
e uso de drogas, seguindo-se da prestação de serviços à comunidade, preferencialmente 
em tais instituições ou congêneres.
UNIDADE 1 25
Alguém duvidaria que em tais casos o recurso ao sistema de justiça formal seria 
desnecessário? Que a aplicação de uma pena privativa de liberdade seria desnecessária 
e contraproducente? A literatura registra casos de pessoas nessas condições que se 
tornaram dirigentes de missões religiosas ou instituições dedicadas ao tratamento e 
recuperação de drogados.
5.3. A reparação do dano antes do oferecimento da denúncia
O Código Penal brasileiro, em seu Artigo 16, dispõe que “nos crimes cometidos sem violência 
ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da 
denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois 
terços”.
Ou seja, mesmo reparando o dano, o agente é processado e condenado. Apenas se reduz 
sua pena. Todavia, a sociedade já está madura o suficiente para reconhecer que em tais 
casos é possível a extinção da punibilidade do infrator, impedindo-se o início do processo 
penal. Isto é, o agente sequer é processado. 
Não custa lembrar que, em crimes tributários, o pagamento do tributo pelo infrator, 
mesmo já iniciado o processo (logo, durante o processo) ou ainda que este processo 
esteja em grau de recurso (já havendo condenação em primeiro grau, portanto), extingue 
a punibilidade do agente. Basta pagar o tributo, que o processo criminal se encerra.
Essa mesma lógica (qual seja, a reparação do dano em casos de delitos não violentos e 
de modo voluntário, não necessariamente espontâneo) deve ser levada em conta pelo 
legislador como prática alternativa ao processo penal e à pena clássica.
5.4. Os mecanismos de suspensão condicional do processo penal
Outra prática penal alternativa que é eficiente consiste em suspender o andamento do 
processo penal já iniciado, por determinado período de tempo, durante o qual o réu fica 
sujeito a determinadas condições. O período é chamado de período de prova. Caso as 
condições sejam cumpridas até o final do período de prova, extingue-se a punibilidade do 
acusado e, consequentemente, extingue-se também o processo. A suspensão condicional 
do processo é também chamada de sursis processual.
As condições a serem estabelecidas durante o período de prova devem ser as mais aptas 
possíveis para restabelecimento da paz social e, ao mesmo tempo, verificar a seriedade 
do acusado em manter-se dentro da ordem jurídica.
No Brasil essa possibilidade existe. Todavia, da mesma forma que na pena restritiva de 
direito, as hipóteses de suspensão condicional do processo já poderiam ser ampliadas.
Atualmente, o sursis processual está regrado pelo Artigo 89 da Lei nº 9.099/95. Lá está 
disposto que nos crimes cuja pena mínima prevista for igual ou inferior a um ano, o 
promotor de justiça poderá propor a suspensão do processo, pelo período de dois a quatro 
anos, desde que o acusado não esteja sendo processado por outro delito ou não tenha 
sido condenado por outro crime. Ademais, devem estar presentes os demais requisitos 
que autorizariam a suspensão condicional da pena (sursis).
É preciso que a proposta seja aceita pelo acusado e seu defensor na presença do juiz. E este, 
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 226
ao receber a denúncia, suspende o andamento do processo pelo período estabelecido.
Durante este período, o acusado ficará submetido às seguintes condições, sob pena de 
revogação do sursis processual e retomada do curso do processo: 
• Reparação do dano, salvo impossibilidade de fazê-lo;
• Proibição de frequentar determinados lugares;
• Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz; e 
• Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e 
justificar suas atividades.
O juiz também poderá determinar outras condições desde que sejam adequadas ao fato 
e à situação pessoal do acusado. Ao final do período de prova, sem revogação, o juiz 
declarará extinta a punibilidade do acusado.
5.5. O abreviamento do tempo de pena privativa de liberdade
A lei penal prevê diversas hipóteses em que há o abreviamento do tempo de prisão 
durante o cumprimento de pena. Assim, a pena pode ser reduzida através da remissão 
pelo trabalho, pelo estudo, através do livramento condicional etc.
Contudo, as medidas de abreviação do tempo de pena privativa de liberdade não deve 
ser monopólio da lei. Para isso existe um juiz presidindo o processo de execução penal. 
Ele está presente na execução justamente para evitar as disfunções de ressocialização. 
Faria sentido que o juiz da execução tivesse sua função limitada a ser mero repetidor das 
disposições legais da execução? Não. As inusitadas e corriqueiras situações da execução 
da pena de prisão exigem da criatividade humana do juiz que sejam encontradas soluções 
que atendam ao ideal de ressocialização, sem denegrir a confiança na integridade do 
sistema de justiça penal.
São inúmeras e imponderáveis as situações não previstas em lei que poderão exigir uma 
decisão judicial de encurtamento da pena privativa de liberdade, abreviamento do tempo 
de encarceramento,sua suspensão ou até mesmo sua extinção. 
Assim, seria desarrazoado declarar extinta a pena privativa de liberdade de uma presa 
condenada que sofreu aborto porque, durante a gestação, houve falta de exames pré-
natais de responsabilidade da administração penitenciária? Não teria ela sofrido uma pena 
muitíssimo mais grave que aquela traçada no título penal condenatório? Certamente.
E quanto à suspensão da pena privativa de liberdade por motivo de hiperlotação do 
estabelecimento penal? O correto não seria suspendê-la até que a administração 
penitenciária ofertasse condições de cumprimento de pena em conformidade com a lei? 
No direito italiano, por exemplo, existem dois tipos de suspensão da pena: obrigatório e 
facultativo. Em ambos os casos, dentre as excepcionais razões que autorizam tal medida, 
estão as questões graves de saúde do condenado. As hipóteses de suspensão obrigatória 
são divididas em dois grupos: questões de maternidade e graves condições de saúde. As 
situações que autorizam a suspensão obrigatória são três: pendência de pedido de graça; 
UNIDADE 1 27
grave enfermidade física; e mãe com filhos de idade inferior a três anos. 
Essas soluções não devem causar espanto. Está na consciência da sociedade que a prisão 
a ninguém ressocializa, e que o sistema de justiça penal tem sua confiabilidade mais 
comprometida com a ultradesconformidade da execução da pena de prisão que com sua 
suspensão por motivos de iniquidade ou intensa disfunção da pena.
Nos casos em que o cumprimento da pena desde logo se apresente intoleravelmente 
contraproducente ou desumano, deverá ser feita a substituição por formas não reclusivas 
de seu cumprimento. Caberá ao julgador a espinhosa missão de encontrar uma forma 
para que o condenado cumpra a pena em meio aberto, sem que a sociedade perca a 
confiança na capacidade do sistema de justiça penal.
5.6. As medidas cautelares penais de natureza pessoal
Como já dissemos, a prisão de alguém pode ocorrer no curso do processo, ou mesmo 
antes dele. São os casos de prisão preventiva e temporária. Vamos nos deter na prisão 
preventiva, cuja duração é muitíssimo superior a da temporária. Enquanto a temporária 
dura em regra de cinco a dez dias (em casos excepcionalíssimos, 60 dias), a preventiva 
pode durar mais de um ano. E se já houver sentença condenatória pode chegar a dois 
anos ou mais. 
As prisões preventivas são decretadas sempre que necessárias para o resguardo da 
ordem pública, da ordem econômica, da instrução criminal e da aplicação da lei penal. 
São motivos cautelares, portanto.
Entretanto, a prisão preventiva não pode ser o único remédio para as situações que 
exigem da justiça a aplicação de uma cautela sobre o indiciado ou réu. Tampouco deve 
ser o principal. Antes, deve ser o último recurso de que o magistrado lança mão para 
assegurar a instrução criminal. É o que determina expressamente o Artigo 282, Parágrafo 
6º, do Código de Processo Penal.
Justamente por isso, o CPP prevê diversas alternativas à prisão preventiva, às quais o juiz 
deve recorrer, somente aplicando a prisão preventiva caso nenhuma das alternativas seja 
adequada e suficiente.
Essas alternativas são: 
• Comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, 
para informar e justificar atividades. 
• Proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses 
locais para evitar o risco de novas infrações.
• Proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias 
relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante.
• Proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou 
necessária para a investigação ou instrução.
• Recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o 
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 228
investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos.
• Suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou 
financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações 
penais.
• Internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência 
ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável 
(Art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração.
• Fiança nas infrações que a admitem para assegurar o comparecimento a atos 
do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou, em caso de resistência 
injustificada, a ordem judicial.
• Obrigação de comparecimento a todos os atos do processo.
• Proibição de mudar de endereço.
A todas essas alternativas à prisão preventiva pode ser combinada monitoração eletrônica 
como mecanismo de controle. Note-se, portanto, que a monitoração eletrônica em si 
considerada não é uma alternativa penal, mas, sim, um mecanismo de controle destas 
alternativas.
5.7. A transação penal
No ano de 1995 foi promulgada a Lei nº 9.099/95, que deu disciplina àquilo que a 
Constituição Federal chamou de delitos de menor potencial ofensivo. Tais delitos possuem 
menor lesividade social, menor impacto sobre a sociedade. Por isso, podem ser objeto de 
transação. Trata-se de um acordo penal e por isso é chamada de transação penal. 
Atualmente, estão definidos como delitos de menor potencial ofensivo os crimes cuja 
pena máxima prevista é de dois anos de pena privativa de liberdade (cumulada ou não 
com multa) e todas as contravenções, independentemente da pena máxima prevista.
Nesses casos, o promotor de justiça propõe a aplicação de uma pena não privativa de 
liberdade ao autor do fato, que poderá aceitá-la ou não. A vantagem é que, caso seja 
aceita, o processo penal não poderá iniciar-se.
Ademais, é uma pena especial, pois não induz em reincidência, não implica no 
reconhecimento do fato pelo suposto autor, não constará nos bancos de dados da polícia 
para fins de antecedentes e, em caso de descumprimento, não poderá ser convertida em 
pena privativa de liberdade, tendo como consequência a retomada do curso do processo.
O representante do Ministério Público não poderá oferecer proposta de transação penal 
caso o autor da infração houver sido condenado, pela prática de crime, à pena privativa 
de liberdade por sentença definitiva; tenha sido beneficiado nos cinco anos antecedentes, 
pela transação penal. Também deverá ser indicado os antecedentes, a conduta social 
e a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias necessárias e 
suficientes para a adoção da medida.
A crítica que se faz é que já poderiam ter sido ampliadas, e muito, as hipóteses de transação 
penal, alcançando crimes não violentos, cuja pena máxima prevista é maior que dois anos; 
por exemplo, o furto. 
UNIDADE 1 29
5.8. A suspensão condicional da pena
Afinal, vejamos a mais clássica forma de alternativa penal, que é a suspensão condicional 
da pena, conhecida como sursis. 
No sursis, o juiz aplica uma pena privativa de liberdade, através de sentença penal 
condenatória. Todavia, a execução desta pena fica suspensa por um determinado período 
chamado de período de prova. Ao final deste período, caso o condenado tenha cumprido 
determinadas condições, a pena será considerada extinta, sem que o condenado fosse 
recolhido à prisão.
No direito brasileiro a execução da pena privativa de liberdade, pode ser suspensa quando 
não for superior a dois anos. O período de prova é de dois a quatro anos. São requisitos 
para a concessão do sursis: 
• O condenado não ser reincidente em crime doloso.
• A culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do agente, 
bem como os motivos e as circunstâncias autorizem a concessão do benefício.
• Não seja indicada ou cabível a substituição da pena privativa de liberdade por penas 
restritivas de direitos, conformeprevista no Artigo 44 do Código Penal. 
A condenação anterior à pena de multa não impede a concessão do benefício.
Há também a previsão no direito brasileiro do sursis etário. Nessa hipótese, desde 
que o condenado seja maior de setenta anos de idade ou razões de saúde justifiquem, 
permite-se a suspensão da execução da pena privativa de liberdade de até quatro anos, a 
qual poderá ser suspensa por quatro a seis anos.
No período de prova o condenado ficará sujeito às condições estabelecidas pelo Juiz. No 
primeiro ano do prazo, deverá o condenado prestar serviços à comunidade ou submeter-se 
à limitação de fim de semana.
Se o condenado houver reparado o dano, salvo impossibilidade de fazê-lo, e se as 
circunstâncias do crime lhe forem inteiramente favoráveis, o juiz poderá substituir a 
exigência acima pelas seguintes condições, aplicadas cumulativamente: 
• Proibição de frequentar determinados lugares.
• Proibição de ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do juiz.
• Comparecimento pessoal e obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e 
justificar suas atividades. 
O juiz poderá especificar outras condições, desde que adequadas ao fato e à situação 
pessoal do condenado. O sursis não se aplica às penas restritivas de direitos nem às multas. 
Há revogação obrigatória do sursis caso o condenado, no período de prova: 
• Seja condenado, em sentença irrecorrível, por crime doloso.
• Frustre, embora solvente, a execução de pena de multa ou não efetue, sem motivo 
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 230
justificado, a reparação do dano.
• Descumpre a condição de prestação de serviços à comunidade ou de limitação de 
fim se semana.
Ocorre revogação facultativa, isto é, a critério do juiz, se o condenado descumpre 
qualquer outra condição imposta ou é irrecorrivelmente condenado por crime culposo ou 
por contravenção, a pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos. 
Ao fim do período de prova, sem que tenha havido revogação, considera-se extinta a pena 
privativa de liberdade. 
ATIVIDADE DE FIXAÇÃO
1) Como você pode ver, não faltam práticas alternativas penais. São várias. Apesar 
disso, as unidades prisionais continuam superlotadas e a ressocialização é precária. 
Fale-nos por quais razões isso ocorre.
2) A Sra. “X” é esposa do preso “Y”, condenado a 10 anos de reclusão. Certa oca-
sião, “X” foi surpreendida tentando entrar numa unidade prisional, em dia de visita, 
carregando drogas. Se vier a ser condenada por tráfico, o que geralmente ocorre, 
sua pena provavelmente será de cinco anos de reclusão, em regime fechado. Seria 
suficiente, como prática penal alternativa à prisão de “X” que o seu direito de visita, 
bem como o de “Y” fossem suspensos durante dois ou três anos? Por quê?
Vá ao fórum da unidade e apresente suas reflexões.
6. ARQUITETURA PRISIONAL – A EVOLUÇÃO DA ARQUITETURA PRISIONAL
Na Antiguidade, a prisão servia para aguardar o julgamento. Não existia, propriamente, a 
noção de prisão como pena privativa de liberdade, salvo raras exceções. As penas eram, em 
geral, cruéis ou de morte. Logo, a ideia de ressocialização não existia. Assim, os espaços 
destinados ao aprisionamento não necessitavam de uma estrutura maior ou melhor que 
uma cela, com pequena abertura para o lado externo, a qual permitisse a passagem de ar 
e um pouco de luz.
A primeira arquitetura prisional pensada com cientificidade somente ocorreu no século 
XVIII. Isso se deveu à importante figura de Jeremias Bentham (1748-1832), filósofo e 
jurisconsulto inglês, que criou o utilitarismo. Bentham afirmava que o objetivo existencial 
era alcançar “a maior felicidade possível para o maior número de pessoas”. Logo, este 
era também o objetivo de toda legislação. A transposição dessa lição para a área penal 
assumiu relevante aspecto, qual seja, o de que os presos deveriam cumprir a pena em 
condições dignas e favoráveis à sua recuperação, o que também traria diversos benefícios 
à sociedade. 
Bentham preocupou-se com a arquitetura penitenciária. Afirmava que eram necessários 
dois fatores para uma boa arquitetura prisional: a estrutura e o governo interior, isto é, 
o regime. Estas duas ideias conjugadas produziram o modelo panóptico de prisão (1789), 
UNIDADE 1 31
cujo projeto permite que um só vigilante possa observar todos os detentos sem que estes 
saibam. Tratava-se de um modelo mais econômico que o das prisões da época, uma vez 
que demandava menos empregados. O modelo panóptico também se aplica a outros 
locais de detenção, como manicômios e locais de estudo ou trabalho com rigidez de 
regras comportamentais; por exemplo, escolas, hospitais e fábricas. 
Uma importante característica desse modelo é a existência de uma torre de observação 
localizada no pátio central, capaz de permitir a observação de tudo. Os ambientes sujeitos 
à vigilância situam-se em um edifício anelar, ao redor do posto de observação. Os locais 
vigiados deste entorno são divididos em celas, cujo tamanho permita duas janelas, sendo 
uma para a entrada de luz externa e outra voltada para a torre de vigilância, permitindo a 
visualização do que se passa no seu interior. Bentham também previa o isolamento celular 
dos presos.
A planta abaixo corresponde ao modelo panóptico clássico:
Fonte: FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir. Petrópolis: Vozes, 1996. P. 32
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 232
A imagem a seguir apresenta um presídio modelo:
Fonte: Wikipedia: panopticon
Nessa mesma época ingressam na ciência penal os fins preventivos da pena. Desde então, 
aqueles que pensaram seriamente sobre arquitetura prisional, não puderam ignorar o fim 
útil da pena, o que deveria se refletir na arquitetura.
No decorrer dos anos, as técnicas de arquitetura prisional evoluíram significativamente. 
Diversos modelos foram aplicados ao redor do mundo, cada qual atendendo às 
peculiaridades do cumprimento de pena e da geografia. Até hoje, muitos aspectos do 
modelo panóptico são utilizados.
6.1. A unidade prisional como estrutura complexa
Uma constante se faz presente em toda a arquitetura prisional desde mais de um século: 
o estabelecimento penal é uma unidade estrutural complexa. Isso significa que um prédio 
destinado a ser estabelecimento penal não é usado apenas para o encarceramento. 
Ele serve também aos funcionários que lá trabalham, pois é o próprio ambiente de 
trabalho destes profissionais. A mesma estrutura que serve para o cumprimento de pena 
de detenção para uns, é o ambiente de trabalho para outros. Isso, por si só, já é uma 
complexidade. O mesmo conceito se aplica a hospitais e manicômios, por exemplo. 
A ambiência profissional exige instalações próprias para os profissionais, as quais 
assegurem o exercício pleno da profissão. São necessários todos os espaços específicos 
e indispensáveis para tal atividade, como banheiros (com chuveiros), vestiário, refeitório 
etc. Também são necessários ambientes para as atividades administrativas, guarda de 
materiais de escritório, armazenamento de materiais de limpeza, de armamentos etc. 
Ainda, é preciso que existam espaços específicos para a prestação das assistências 
UNIDADE 1 33
asseguradas pela LEP. Assim, exige-se que o estabelecimento penal esteja provido de 
ambientes para serviços de assistência social, psicológica, jurídica, médica etc.
Mas a complexidade da estrutura prisional não se limita a dualidade detento-profissional. 
Além dela, a unidade prisional deve estar aparelhada para receber os visitantes dos 
presos. Isso implica na existência de sala de espera, local adequado para anotações e 
controle típicos de portaria, ambiente para revistas pessoais etc. São espaços destinados 
à instrumentalização dos contatos externos que a sociedade, familiares e amigos 
estabelecem com a população prisional.
Desse modo, podemos resumir que existem três dimensõesfuncionais dentro de um 
prédio destinado ao encarceramento de pessoas, ou dito de outro modo: a estrutura de um 
estabelecimento penal deve possuir ao menos três subsistemas internos. Um destinado 
ao cumprimento de pena privativa de liberdade em condições de ressocialização. 
Outro, que objetiva o adequado desempenho das profissões e respectivas funções que 
atuam na unidade prisional. E um terceiro, relativo à viabilização dos fatores externos 
de ressocialização (sejam estes fatores pessoas ou objetos) que devem penetrar no 
estabelecimento penal.
Essa perspectiva da unidade prisional é, portanto, de ordem funcional. E conforme exposto, 
é tridimensional. Certamente, existem outros aspectos que devem estar presentes numa 
unidade prisional, mas que, bem observados, irão necessariamente se encaixar em um 
dos três subsistemas funcionais acima referidos. Assim, por exemplo, se afirmarmos que 
todo estabelecimento penal deve ter uma copa, este ambiente será respectivo à segunda 
funcionalidade do prédio, isto é, o exercício adequado das atividades profissionais.
Alguns ambientes podem ser elegíveis ou não obrigatórios, dependendo da política 
penitenciária adotada pela unidade prisional. É o caso, por exemplo, da cozinha para 
preparo das refeições dos presos. A existência desta instalação dependerá da opção de 
assistência material de alimentação dada ao preso, isto é, se haverá manuseio e preparo 
de toda a alimentação na própria unidade, ou se ocorrerá fornecimento terceirizado de 
alimentos. 
A questão da segurança da unidade prisional é inerente à sua arquitetura. Não deve 
permitir fugas. As soluções encontradas são as mais diversas, cada uma com as suas 
vantagens e desvantagens. 
O que um profissional do sistema precisa ter sempre em mente é que não existe arquitetura 
prisional a prova de fugas e/ou resgates. Existe, isso sim, estruturas que dificultam muito 
estas ações. Todavia, não há unidade prisional 100% segura. Isso deve servir, também, 
para que o profissional esteja sempre atento aos procedimentos de segurança, que devem 
ser respeitados de modo inexorável.
Você consegue perceber, agora, porque a melhor denominação para uma unidade prisional 
é a de que se trata de uma estrutura complexa? Veja a quantidade de funcionalidades, 
atividades e contatos que uma mesma unidade deve ter em funcionamento. São diversas 
e nenhuma delas pode ser considerada simples.
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 234
6.2. A Resolução nº 09/2011 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária 
– CNPCP
Atualmente, no Brasil, existe normativa que regula de modo bastante detalhado como 
devem ser erguidas as novas unidades prisionais. Trata-se de Resolução nº 09/2011 do 
Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária – CNPCP.
A referida norma dispõe sobre orientações gerais para a construção, ampliação e 
reforma de estabelecimentos penais em parceria com o governo federal, normas para 
a apresentação de projetos de construção, ampliação e reforma de estabelecimentos 
penais e para a celebração de convênios com a União, conceituação e classificação de 
estabelecimentos penais, elaboração de projetos arquitetônicos e projetos específicos, 
tipologia arquitetônica, programas para estabelecimentos penais, critérios gerais de 
medição para a elaboração do orçamento, e conceituação dos projetos de arquitetura e 
engenharia para estabelecimentos penais.
A atual normativa agregou novos e importantes elementos às normas arquitetônicas 
anteriores (Resoluções de 1994 e 2005) e aperfeiçoou a forma de dimensionamento 
usando o critério de proporcionalidade do uso. Além disso, inseriu novos conceitos como 
acessibilidade, permeabilidade do solo, conforto bioclimático e impacto ambiental. 
Também considerou recomendações de outros órgãos governamentais e ministérios, em 
especial da saúde e da educação, bem como da sociedade que se manifestou por meio de 
uma consulta pública.
A Resolução nº 09/2011 do CNPCP prevê as lotações máximas para as unidades prisionais, 
isto é, o máximo de vagas que uma unidade prisional deve ter para que seja mantida sua 
funcionalidade. Ficou assim estabelecido o número máximo de pessoas presas conforme 
a unidade: penitenciária de segurança máxima – 300; penitenciária de segurança média 
– 800; colônia agrícola, industrial ou similar – 1.000; casa do albergado ou similar – 120; 
centro de observação criminológica – 300; cadeia pública – 800.
Ademais, ficou estabelecido que “em nenhuma hipótese um módulo de celas poderá 
ultrapassar a capacidade de 200 pessoas presas”. Isso significa que aquilo que se 
convencionou chamar de raio, pavilhão ou ala de celas não pode ter capacidade superior 
a 200 pessoas presas.
Também estão previstas situações especiais. Consta na norma que “em todas as 
penitenciárias e cadeias públicas que possuam celas coletivas, deverá ser previsto um 
mínimo de celas individuais (2% da capacidade total), para o caso de necessidade de 
separação da pessoa presa que apresente problemas de convívio com os demais por 
período determinado (Portaria Ministério da Justiça/DEPEN nº 01, de 27.01.2004) e pelo 
menos uma cela com instalação sanitária, por módulo, obedecendo aos parâmetros de 
acessibilidade (NBR 9050/2004)”. 
No tocante à localização, uma unidade prisional deve estar situada em local que 
não restrinja a visitação. Isso ocorre porque a pessoa presa deve ser estimulada os 
contatos não apenas com a família e amigos, mas também com a própria sociedade. Os 
estabelecimentos penais também devem estar situados em locais funcionais, isto é, não 
alijados do cotidiano, de maneira que estejam “asseguradas a presteza das comunicações 
UNIDADE 1 35
e a conveniência socioeconômica”, isto é, que possam ser aproveitados os serviços 
básicos e de comunicação existentes (meios de transportes, rede de distribuição de água, 
de energia e serviço de esgoto etc.), bem como possam ser aproveitadas as reservas 
disponíveis (hídricas, vegetais, minerais etc.) e as peculiaridades do entorno. 
De maneira geral, os complexos ou estabelecimentos penais não devem situar-se em 
zona central da cidade ou em bairro predominantemente residencial. Ao mesmo tempo, 
os estabelecimentos penais “deverão estar localizados de modo a facilitar o acesso e a 
apresentação das pessoas presas e processadas em juízo”.
A normativa em referência se preocupa com a disposição das muralhas e respectivos 
recuos, vagas de estacionamento para servidores e autoridades, segurança contra 
incêndios, conforto ambiental projetado conforme a zona bioclimática brasileira, 
iluminação artificial, instalações sanitárias e elétricas, material para o revestimento de 
paredes e pisos etc.
Ressalvadas as características e fins de cada estabelecimento penal, atualmente 
está, portanto, estabelecido de modo detalhado como devem ser projetadas as 
estruturas funcionais inerentes à nova arquitetura prisional, no tocante às instalações 
administrativas, de almoxarifado, de atuação de estagiários, de serviços (alimentação, 
lavanderia, manutenção – observando-se que podem ser terceirizados), de convivência, 
de solário, de refeição, de visitas às pessoas, de visita íntima, de atendimento médico, 
de atendimento odontológico, de atendimento psicológico, de atendimento do serviço 
social, de atendimento jurídico, de comunicação reservada entre a pessoa presa e seu 
advogado, de enfermaria, de alojamento para agentes ou monitores, de alojamento 
para guarda externa, de berçário e/ou creche, além de instalações religiosas, educativas, 
laborais e esportivas e de lazer.
São consideradas parte das instalações da administração, ainda que não localizados 
no módulo específico, o alojamento e as demais dependências para profissionais que 
pernoitam no estabelecimento. O alojamento dos agentes penitenciários situa-se junto à 
entrada do estabelecimento ou doedifício. O alojamento dos vigilantes externos deverá 
“estar situado de modo a impedir trânsito de seus componentes dentro do recinto do 
estabelecimento, ou seu contato com as pessoas presas”. 
A LEP não traz metragem mínima para celas coletivas. O Artigo 88 da referida lei limita-se 
a dizer qual é a metragem mínima para celas individuais (6,00 m2). A explicação provável 
para isso é o fato de que comissão que a redigiu, em 1984, era composta exclusivamente 
por juristas. Havia um só membro não jurista, um religioso. A comissão de 1984 acabou 
trabalhando apenas sobre uma planta baixa para celas. 
A Resolução nº 09/2011, por sua vez, dispõe metragens mínimas para as celas coletivas:
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 236
Capacidade Tipo de cela Área mínima (m2) Cubagem mínima (m3)
01 celas individuais 6,00 15,00
02
celas coletivas
7,00 15,00
03 7,70 19,25
04 8,40 21,00
05 12,75 31,88
06 13,85 34,60
07 13,85 34,60
08 13,85 34,60
Quanto ao local destinado ao banho de sol, deve ser um pátio com diâmetro mínimo de 
10,00m e com área de 6,00m2, acrescidos de 1,50m2 por pessoa presa. O pátio de sol 
poderá ser utilizado em forma de rodízio pelas diversas pessoas presas dos módulos. 
Veja alguns dos espaços que está normatizado e previsto na Resolução nº 09/2011 do CNPCP: 
comando de guarda; guarita com instalação sanitária; sala de armas; copa; dormitório da 
guarda (masculino e feminino); acesso único para a passarela localizado nos muros de 
segurança de guaritas de proteção; dormitórios dos agentes penitenciários; vestiários; sala 
de espera da portaria (externa e com bancos); sala de administração e controle; sanitários 
para visitantes (masculino e feminino); sala de pertences; depósito de materiais de limpeza; 
portaria de acesso e recepção; vestiário para presos com armários (no caso de presos que 
realizam trabalho externo); salas de atendimento familiar; central de monitoramento e 
apoio administrativo; sala para o diretor; sala de reuniões; instalação sanitária do diretor; 
sala do secretário ou da recepção; sala para o vice-diretor; sala para o prontuário; sala 
para apoio administrativo; sala administrativa da equipe técnica; almoxarifado central; 
oficina de reparos e manutenção; eclusa para desembarque de veículos; sala da chefia dos 
agentes; sala de identificação e biometria; sala de pertences pessoais das pessoas presas; 
sala de recepção e espera; sala de acolhimento multiprofissional; sala de atendimento 
clínico multiprofissional; consultório de atendimento ginecológico com sanitário; estoque; 
dispensação de medicamentos e estoque; cela enfermaria; sanitário para pacientes; 
solário para pacientes; consultório de atendimento odontológico; sala multiuso; sala de 
procedimentos; laboratório de diagnóstico; sala de coleta de material para laboratório; 
sala de raio x; cela de espera; consultório médico; sala de curativos, suturas e posto de 
enfermagem; cela de observação; central de material esterilizado/expurgo; rouparia; 
depósito de material de limpeza; sanitários para equipe de saúde; etc.
UNIDADE 1 37
ATIVIDADE DE FIXAÇÃO
Assista ao Vídeo “Arquitetura dos limites: APAC Contagem” e veja um modelo de 
presídio que atende a alguns aspectos da Resolução nº 09/2011.
Leia a Resolução nº 09/2011 do CNPCP, responda o que você acha que poderia ser 
melhorado. De que modo?
7. MODERNIZAÇÃO DO SISTEMA PRISIONAL
Após o advento da Revolução Industrial, a humanidade ingressou numa via de 
desenvolvimento vertiginosa. Muitos estudiosos dizem que não estamos mais na era 
moderna, mas, sim, na pós-modernidade ou na modernidade madura.
De todo modo, o que importa frisar é que na atualidade – e já faz algum tempo – a 
sociedade é altamente heterogênea, os valores são constante e velozmente relativizados, 
a contracultura é inexorável, o desenvolvimento e o conhecimento tecnológico são 
objetivos eminentes e perenes, as fronteiras geográficas romperam-se, a lei de mercado 
se sobrepõe às regras jurídicas, o clássico eixo tempo-espaço rompeu-se etc.
Nessa surpreendente sociedade pós-moderna, o dinheiro não é mais sinônimo de riqueza, 
tampouco a posse de bens imóveis, carros luxuosos etc. Informação é riqueza. Mas não 
um tipo qualquer de informação: a informação capaz de ser rapidamente transferida e 
informação de boa qualidade, isto é, que encontra lastro na realidade.
Portanto, qualquer sistema que se pretenda moderno deve obedecer a essa lógica. O 
sistema prisional não foge à regra.
A modernização do sistema prisional passa, necessariamente, pelo uso maciço da 
Tecnologia da Informação e Comunicação – TIC. Isso implica na informatização de todo o 
sistema prisional e das instituições com as quais ele se relaciona. Isto é, é preciso também 
a informatização dos demais sistemas relacionados ao prisional, como o de justiça penal, 
segurança pública, Ministério Público, OAB, Secretarias de Estado etc. 
A implementação das medidas necessárias para a completa informatização do sistema 
prisional exige conhecimentos, procedimentos e tecnologia que não representam 
novidade, tampouco são especiais obstáculos.
Isso não significa que não existiriam dificuldades. Estas existiriam, certamente. Por 
exemplo, a migração de dados de outros sistemas eventualmente já existentes. Mas 
mesmo isso não poderia ser seriamente considerado como óbice intransponível.
Não há desafio excessivamente desconhecido ou de difícil superação, pois a efetivação da 
aplicação de TIC ao sistema prisional brasileiro demandará tarefas comuns à implementação 
de qualquer novo sistema de grande porte. Ou seja, um projeto trabalhoso, mas nada 
difícil.
Os necessários contatos e trocas de informações entre os agentes e instituições que 
participam da questão prisional exigem, obviamente, adequadas interfaces entre as 
POLÍTICAS PÚBLICAS NO SISTEMA PRISIONAL – VOLUME 238
instituições e órgãos que interagem entre si (varas de execuções penais, Secretarias de 
Estado afins ao tema, todas as unidades prisionais, Ministério Público, Defensoria Pública, 
cartórios criminais etc.).
Embora volumosos, os tipos de informações a serem trocados entre essas instituições 
têm formato simples. Os agentes que atuam nos sistemas devem, basicamente, trocar 
documentos, a fim de que o sistema seja alimentado com as manifestações pertinentes; 
por exemplo: pedidos de benefícios, incidentes processuais, remoções, andamento 
de processos criminais, inquéritos policiais, comportamento carcerário do detento, 
informações sobre a conclusão de sindicâncias que apuram faltas de presos, exame 
criminológico (quando exigido) etc.
Impressiona que o Brasil ainda não tenha um cadastro único de pessoas presas, com 
seus respectivos históricos criminais e prisionais. A remoção de presos entre unidades 
prisionais e o acesso ao histórico poderia ser feito por simples leitura biométrica. Bastaria 
que o preso colocasse seu dedo no leitor para que se tenha acesso a uma enormidade de 
funcionalidades aplicáveis ao seu encarceramento.
Note-se que até não muito tempo atrás não havia controle informatizado do número de 
presos no Brasil, conforme sexo e situação processual. 
SAIBA MAIS
O Infopen ainda é uma ferramenta relativamente recente. Nele você encontrará 
dados ainda parciais, mas vale a pena conhecer. Visite a página http://www.infopen.
gov.br/ e faça pesquisas e conheça a ferramenta de informações!
Seria o adeus a morosidade que a troca de papéis e documentos provoca. Como 
consequência da aplicação de TIC, o próprio processo de execução de penas seria todo 
informatizado. Os benefícios para o sistema seriam expressivos, a começar pela redução 
do número de rebeliões. 
Como sabemos, com a forma física de tramitação de autos de execução penal, tudo 
conspira para que, na data do vencimento do benefício do sentenciado, inicie-se demorado 
processamento

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