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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – DEDC VIII ROBERTO BORGES EVANGELISTA RESENHA DO ARTIGO: O PROCEDIMENTO DE FORMAÇÃO DA VONTADE SOBERANA EM HABERMAS- A DEMOCRACIA DELIBERATIVA: DISTINÇÕES ANTE OUTROS MODELOS DE DEMOCRACIA PAULO AFONSO / BA (2017) ROBERTO BORGES EVANGELISTA RESENHA: O PROCEDIMENTO DE FORMAÇÃO DA VONTADE SOBERANA EM HABERMAS- A DEMOCRACIA DELIBERATIVA: DISTINÇÕES ANTE OUTROS MODELOS DE DEMOCRACIA Resenha apresentada à disciplina Seminário do Estudo do Direito Avançado, do curso de Bacharelado em Direito da Universidade do Estado da Bahia – UNEB, como requisito de avaliação parcial teórica e obtenção de nota, sob a orientação do Profº. Dr. Marcelo Politano de Freitas. PAULO AFONSO / BA (2017) Fonte: FREITAS, Marcelo Politano. O procedimento da formação da vontade soberana em Habermas - a democracia deliberativa: distinções ante outros modelos de democracia. __________In: Diálogos Jurídicos I: Interfaces e controvérsias do Direito na contemporaneidade / Ana Paula Lima Leal e Pedro Camilo de Figueirêdo Neto (Coordenadores) Questionar os princípios da “vontade soberana”, àqueles estabelecidos no espírito democrático, sobejo à História, ao longo do tempo, do qual procedimento instituir-se-ia também, a sociedade democrática? Bem assim poder-se-ia intuir a presente análise do trabalho – O PROCEDIMENTO DE FORMAÇÃO DA VONTADE SOBERANA EM HABERMAS- A DEMOCRACIA DELIBERATIVA: DISTINÇÕES ANTE OUTROS MODELOS DE DEMOCRACIA – em Marcelo Politano de Freitas. O autor hipotetisa sobre o modelo de democracia deliberativa impulsionado em sociedades seculares lastreadas no Estado de direito. Constituídas em multiplicidade de ideias ou interesses, que, "nas tomadas de decisão" mantenha- se além do respectivo âmbito e limite de poder unificadas convergentes e, sem dissoluções. Fundamentando-se em Habermas, sua busca d'essa perspectiva' do entendimento presume dessa concepção procedimentalista, uma política de cidadania deliberativa. Marcelo Freitas aduz quanto ao enunciado da democracia posto em Habermas pressupõe uma elaboração interna de justificações racionais, "enquanto princípio moral". Enfatizando que "o princípio da democracia cuida da constituição externa da institucionalização traçando como a formação discursiva da opinião e da vontade, em participação simétrica pode institucionalizar a normatização jurídica". Entretanto, ele rememora mesmo à confirmação da hipotética prefacial daquela citada obra de Habermas, quando a democracia se perfaz secularizada, "não há Estado de direito sem democracia radical". Contextualiza, todavia, o seu interesse também, na existência de múltiplas matrizes das práxis democráticas, em diversificados modelos, do Estado de direito. A priori vislumbramos no trabalho de Politano de Freitas, sob àqueles vieses – republicano ou liberal – que, a teoria do discurso da democracia deliberativa compõe em seu conceito procedimental, os fenômenos das duas vertentes, "nas tomadas de decisão" ou deliberação. Seja o projeto modelar liberal ou republicano a projetar tal percepção dessa sociedade centralizada no Estado. Arcabouço teórico primacial e inconteste da fertilidade investigativa também partilhado nessa análise, da proposta docente sobre a obra do pesquisador alemão, da Escola de Frankfurt. Bem assim, de sua contextualização histórica, a considerar os constructos das democracias modernas. Adensa o autor, à luz do empirismo dialético, uma contraposição da experiência histórica da democracia, ao sopesar o trânsito do pensamento entre Marx e Habermas. Tal provocativa conduz estimulante mister ao exercício primordial da retórica. Arcabouço primacial da fertilidade investigativa do pesquisador. Disso é o inserto em PLEKHANOV: "Compreendo que esta linguagem, por demais clara e precisa que seja pode parecer bastante obscura. Por isso apresso-me a comentar o pensamento fundamental da concepção materialista da História. A ideia fundamental de Marx se reduz ao seguinte: As relações de produção determinam tôdas as outras relações que existem entre os homens na sua vida social. As relações de produção são determinadas, por sua vez, pelo estado das forças produtivas. Mas que são forças produtivas? Como todos os animais, o homem é obrigado a lutar por sua existência. Toda luta supõe um certo desgaste de forças. O estado de forças determina o resultado da luta" (1987, p. 33) Todavia reconhece sua reserva ao que define como "historicismo de bases marxista" validando, outrossim, a teoria do materialismo-histórico na evolução da sociedade. Fixa também uma preferência objetivamente eletiva ao destacar: "[...] o modelo procedimentalista de democracia, por sua vez valendo-se da racionalidade discursiva, característica da teoria da ação comunicativa pretende solucionar o impasse estabelecido entre o modelo republicano e o modelo liberal, pelo qual o primeiro tende aaaaa privilegiar a autonomia pública e o segundo cede a uma suposta preeminência da autonomia privada denunciando Habermas (2002) que qualquer das duas preferências importa em ofensa à coesão interna existente entre as duas dimensões da autonomia, em qualquer que seja o modelo factível de democracia" (p. 183). Neste diapasão podemos verificar que Norberto Bobbio destaca "a força da tradição" na História, "base das teorias tradicionalistas do poder", como referência a instituir tal princípio de legitimação. "Também o poder de comandar pode ser adquirido, à base de um princípio geral de direito, à força do uso prolongado no tempo, tal como se adquire a propriedade ou qualquer outro direito" (1988, p. 90). Freitas faz a necessária analogia da "burocracia do Estado moderno" da latente contradição de relatividade; da "autodeterminação pública a condicionamentos estranhos à essência democrática"; de submissão "[...] a vincular o governo ao processo de formação da vontade"; face à questão da soberania, ou do paradoxo entre "reduzir a pluralidade de valores à unidade"; isso, impossível, na visão de Vitale e Melo (2009)". Tudo do que se ocupa "o modelo do elitismo democrático". Em contraponto, Marcelo Freitas reverbera os "princípios normativos", àqueles descritos por Habermas. Dos quais, também o articulista os justifica e concita "o estudo dos modelos teóricos de democracia, que, para além de ocupar-se da experiência democrática testemunha pelos fatos da história (...)". Ora, esse viés da democracia suscita infindas possibilidades de inclusões ao conceito de sociedade democrática. Sem dúvida são aspectos preponderantes incitantes à nossa moderação analítica, dedutiva, porém, bastante sintética face a magnitude dessa presente abrangência temática. Especialmente, na inserta teórica de Braudel (1987) A dinâmica do capitalismo, em "vincular o capitalismo, sua evolução e seus meios, a uma história geral do mundo". Fernand Braudel contemporiza esse caráter histórico do capitalismo "uma sucessão cronológica de formas, de experiências - O conjunto de mundo, isto é, entre os séculos XV e XVIII, essa unidade que se desenha e faz sentir progressivamente o seu peso sobre a vida inteira dos homens, sobre todas as sociedades e civilizações do mundo". Nesse sentido, ele articula argumentação conclusiva, inconteste: "É claro, de Jacques Coeur a Jean Bodin, Adam Smith e Keynes, os países prósperos e os paíse pobres nãopermaneceram imutavelmente os mesmos; a roda girou. Mas, em sua lei, o mundo praticamente não mudou: continua no plano estrutural repartido entre privilegiados e não-privilegiados. Existe uma espécie de sociedade mundial, tão hierarquizada quanto uma sociedade ordinária e que é como a sua imagem ampliada, mas reconhecível. Microcosmo e macrocosmo têm, em última análise, a mesma textura" (BRAUDEL, 1987, p. 67) Realmente impende do liberalismo ou capitalismo, o procedimento da democracia moderna seja da economia-mundo, o termo em Braudel, ou mais ainda, a globalização, o termo em voga nas mídias de comunicação de massa. Nisso, o Estado liberal patrocina a sociedade de mercado, onde o procedimento da democracia se manifesta nas obrigações entre as instâncias que concorrem entre si, cuja equidade da relação é amparada pelo sufrágio igualitário de voto seja para compor a representatividade da função legiferante ou, ainda, daquelas normas decisórias institucionalizadas, então, direitos fundamentais liberais. De outra forma, o modelo republicano institui o procedimento de formação da vontade democrática assentada numa base ético-política consensual e cultural, cuja deliberação é partilhada dentre uma coletividade cidadã. Por certo revolveremos à profundidade reflexiva necessária imbuída nessa abordagem de Politano de Freitas. Face ainda, a situações comparativas (apud FREY, 1990), ao denotar aspectos da estrutura cultural de exercício democrático ou da participação proativa e construtiva da legislação de iniciativa popular. Aprioristicamente faz "sublinhar, aqui, a força da representação social (JODELET, 2001)". Delimitando, inclusive, o alcance conceitual dentre esses, com o modelo do "realismo democrático"; o qual reduz a democracia a "um procedimento minimalista para a obtenção de decisões políticas". Marcelo Politano de Freitas, a nosso sentir refuta categoricamente a "concepção de democracia pautada em um suposto realismo apegado a constatações pretensamente objetivas da suposta incapacidade das massas de participar de uma formação racional de deliberações (...)". Exaspera a crítica ao "modelo agregativo" constitucional, segundo ele disseminado na contemporaneidade, inclusive, no Brasil, de cuja 'representatividade' textual positivada reflete efêmera participação popular ou eleitoral dada a sistemática escrutinadora. Induzida ou 'reforçada' pelos instrumentos de mídia seja dramaturgia ou noticiário. Aclarando o argumento. "Nesse modelo de democracia, a participação política do povo esgota-se no instante do voto para eleição de representantes". REFERÊNCIAS BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade: por uma teoria geral da política. Tradução Marco Aurélio Nogueira. 2 ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. BRAUDEL, Fernand. A dinâmica do capitalismo. Tradução Álvaro Cabral – Rio de Janeiro: Rocco 1987. FIGUEIRÊDO NETO, Pedro Camilo de. Diálogos Jurídicos I: Interfaces e controvérsias do Direito na contemporaneidade / Coordenação Pedro Camilo de Figueirêdo Neto e Ana Paula Lima Leal. 1 ed. Salvador: Editora Mente Aberta, 2017. PLEKHANOV, Guiorgui. A Concepção Materialista da História. 7. ed. Rio de Janeiro: Editora Paz e Terra. 1987.
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