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INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS Profa. Dra. Fátima C. L. Goularte Farhat Curso de Farmácia - Unimep 1 Fases da Intoxicação Exposição •Via de introdução •Frequência •Duração •Propriedades FQ •Dose/conc. •Suscetilidade individual Toxicocinética • Absorção • Distribuição • Armazenamento • Biotransformação • Excreção Toxicodinâmica • Interação toxicante-sítios de ação Fase Clínica • Evidência de sinais e sintomas • Alterações patológicas detectáveis mediante provas diagnósticas 2 Centros de Informações e Assistência Toxicológica (CIATs) • Número de intoxicações anuais por medicamentos referidas é > envenenamentos por animais peçonhentos e intoxicações por domissanitários, agrotóxicos, raticidas, produtos químicos industriais e outros. • A notificação aos CIATs não é obrigatória e ocorre atraso significativo no envio dos dados ao Sistema Nacional de Informações Tóxico- Farmacológicas - SINITOX (www.fiocruz.br/sinitox) . • A incidência de intoxicação pelos diferentes fatores de risco se repete todos os anos. 3 http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/ files//Tabela4_2013.pdf 4 http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/ files//Tabela6_2013.pdf 5 http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/ files//Tabela7_2013.pdf 6 http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/ files//Tabela8_2013.pdf 7 http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/ files//Tabela9_2013.pdf 8 Elementos básicos para o atendimento em casos de intoxicação A literatura revela que 50% das histórias colhidas inicialmente não correspondem à realidade. Os erros mais comuns são a quantidade de medicamentos que existia na embalagem, o nome do produto e a dosagem do produto. Intoxicação caracteriza-se como um atendimento clínico de emergência A história clínica dos casos (anamnese) constitui um passo importante para o tratamento do paciente. 9 ELEMENTOS BÁSICOS EM RELAÇÃO AO PACIENTE: Idade? • Extremos da vida são mais sensíveis às intoxicações por medicamentos. • Necessidade de cálculo diferenciado na avaliação da dose de medicamento absorvido, devido às diferenças do metabolismo do produto (imaturidade ou desgaste). Peso? • Pacientes com pouco peso → menor Vd → ↑ possibilidade de quadros clínicos graves • Pacientes obesos → maior Vd → ↓ intoxicação grave. Doenças de base? • Algumas doenças podem criar uma maior sensibilidade aos medicamentos. • hepatopatias crônicas → alterações na biotransformação • nefrofatias → reduzem a excreção urinária. Local onde o paciente foi encontrado ? •Relação entre o local e a disponibilidade de algum medicamento • neurolépticos (antipsicóticos) em quartos; • produtos consumidos durante as refeições e a cozinha, etc. 10 ELEMENTOS BÁSICOS EM RELAÇÃO AO PACIENTE: Tempo decorrido entre a ingestão e o atendimento? • Conduta terapêutica de urgência? Uso de carvão ativado ou a lavagem gástrica? →Se o tempo úRl da realização desses procedimentos for ultrapassado, o tratamento, a evolução e o prognóstico serão modificados. Uso concomitante de medicamentos? • Interação medicamentosa? Efeito das interações diminuir ou aumentar, complicando a evolução do paciente? Tentativas anteriores de suicídio? • O paciente pode ter antecedentes de tentativas de suicídio com o mesmo medicamento? Será que usou um outro produto com o intuito de conseguir seu objetivo? Via de contato? • Os produtos têm vias de absorção mais eficazes que outras → evitar procedimentos desnecessários e diminuir o tempo de internação. 11 ELEMENTOS BÁSICOS EM RELAÇÃO AO PRODUTO: Quais os produtos que estavam à disposição? • Quais produtos são consumidos pelos diferentes moradores de uma casa ou dos lugares freqüentados pelo intoxicado? Sobretudo se o paciente está inconsciente ou desorientado. Quanto ingeriu? • Vai determinar a gravidade da intoxicação → Avaliação do risco toxicológico!!! É possível ter acesso à embalagem? • Permite melhor identificação do produto em causa. Quanto medicamento existia na embalagem antes da ingestão? • Vai determinar a gravidade da intoxicação! 12 Psicofármacos estão envolvidos > 80% dos casos de intoxicações! 13 Benzodiazepínicos • Muitas indicações terapêuticas: – sedativos, hipnóticos, anticonvulsivantes, relaxantes muscular, coadjuvantes anestésicos e ansiolíticos. – via de administração: VO, IM, EV, VR grande incidência de intoxicações por esses fármacos 14 Benzodiazepínicos - Toxicocinética • Absorção: – Bem absorvidos no TGI – Pmáx plasmática em 30 min - 2 h (em crianças, o pico plasmático é mais rápido). • Distribuição: – Alta taxa de ligação a PP (diazepam 98-99%) – Atravessam a BHE e acumulam-se na gordura corporal. – Vd ~ 1,5 L/kg. 15 16 Biotransformação - Oxidação hepática pelos sistemas enzimáticos microssomais (citocromo P 450) - extensa lista de interações medicamentosas. - subprodutos ativos e (com efeitos sobre o SNC) inativos (conjugados ao ác. glicurônico) Curta/ Média Longa Longa T1/2 60h FÍGADO URINA Curta Excreção: principalmente renal, como conjugados inativos ou subprodutos livres (~ 2% eliminado sob a forma inalterada). ▀ ▀ Benzodiazepínicos - Toxicodinâmica • Sítio de Ação: – SNC • Mecanismo de ação: – potencialização do efeito inibitório mediado pelo GABA, aumentando a frequência de abertura dos canais de cloro relacionados a este receptor. • Uso continuado: – tolerância e dependência física após uso prolongado ou utilização de doses muito elevadas. – sintomas de abstinência mais graves quando há interrupção abrupta do uso dos benzodiazepínicos do que quando a interrupção é gradual. 18 Benzodiazepínicos – Toxicidade Aguda • Relativa segurança • IT elevado VO→ jusRfica a sua larga uRlização • Crianças e idosos são mais sensíveis → potencialmente perigoso • Óbitos raros → geralmente associados com outros medicamentos depressores do SNC • Interações Medicamentosas: – Depressores do SNC: álcool, barbitúricos, opióides, antidepressivos, fenotiazinas, anestésicos etc → ↑ risco de depressão respiratória e hipotensão. – Inibidores enzimáticos (P450): cimetidina, eritromicina, bloqueadores de canais de cálcio, contraceptivos orais, dissulfiram, ciprofloxacino → ↓ reduzem a eliminação dos BZD. – Indutores enzimáticos (P450): álcool, fenobarbital, carbamazepina, fenitoína→ ↑ eliminação dos BZD. 19 Benzodiazepínicos – Toxicidade Aguda • Efeitos Clínicos: – depressão do SNC: sonolência, letargia, sedação, ataxia, confusão mental, dificuldade de fala, hipotonia, hiporreflexia e amnésia. – raramente a depressão do SNC é intensa a ponto de evoluir para coma profundo e depressão grave de funções vitais: hipotensão, hipotermia e depressão respiratória. – alterações pupilares: diâmetro e reflexo pupilar permanecem normais na ausência de hipóxia → midríase, nistagmo e diplopia. – Reações paradoxais em alguns pacientes: excitabilidade, com presença de euforia, insônia, ansiedade, nervosismo, irritabilidade, hostilidade e agressão. 20 Benzodiazepínicos Tratamento da Toxicidade Aguda • Assistência respiratória e manutenção dos sinais vitais • Descontaminação em casos de ingestão: – não induzir vômitos (depressão do SNC inicia em 30 minutos); – paciente consciente (baixo risco) → carvão aRvado e catárRcos; – paciente inconsciente (alto risco) → lavagem gástrica com prévia intubação nasotraqueal. • Tratamento de suporte: – hipotensão: medidas posturais e, se necessário, fluidos endovenosos e DVA; –manter equilíbrio hidroeletrolítico; – hiperexcitabilidade paradoxal: não usar barbitúricos – exacerba o quadro ou prolonga e intensifica a depressão respiratória; – abstinência: doses decrescentes de diazepínico de curta duração. • Antídoto: FLUMAZENIL - reverte sedação dos benzodiazepínicos com melhora dos efeitos respiratórios. NÃO substitui a assistência respiratória. 21 Benzodiazepínicos Tratamento da Toxicidade Aguda • Flumazenil (Lanexat®, Flumazen®, Flumazil® - sol. Inj., 0,1mg/mL, ampola 5 mL) – Mecanismo de Ação: antagonista específico, por inibição competitiva – Efeito: • reverte a sedação, com melhora do efeito respiratório → não subsRtui a assistência respiratória. • não altera a farmacocinética dos BZD, nem antagoniza os efeitos de outros fármacos depressores, tais como barbitúricos, opiáceos, etanol, etc. – Indicações: • intoxicações graves onde não se conhece o agente causador (teste terapêutico), exceto em suspeita de ADTricíclicos (↑ possibilidade de arritmias cardíacas) • intoxicações graves por BZD, incluindo crianças, idosos e debilitados. • intoxicações por BZD associadas à outros agentes depressores do SNC 22 Psicofármacos estão envolvidos > 80% dos casos de intoxicações! 24 Barbitúricos • Três barbitúricos são comercializados no Brasil: – Fenobarbital (ação longa - T1/2 80 a 120 h) • é o barbitúrico mais conhecido e amplamente uRlizado como anRconvulsivante (↑ limiar de aparição da crise convulsiva). – Pentobarbital (ação curta) e tiopental (ação ultra- curta) • injetáveis utilizados em ambiente hospitalar (CC, UTI). • Baixo IT em relação aos BZD, grande número de interações medicamentosas, falta de especificidade de efeitos no SNC→ ↓ ↓ ↓ seu uso como sedativo-hipnótico • Propriedades anticonvulsivantes e sedativo- hipnóticas importantes. 25 Barbitúricos - Toxicocinética • Absorção – VO é completa, porém lenta ao nível intestinal. • Distribuição – Grande afinidade por tecidos com alto teor lipídico – ligação com PP muito variável 5 a 88% (PhB ~ 40%) – Níveis na circulação fetal ~ plasma materno; PhB passa para o leite. • Biotransformação: – Oxidação hepática, através do sistema enzimático microssomal - metabólitos inativos – PhB 25% permanece inalterado • Excreção: – renal, e 25% do fenobarbital é eliminado de forma inalterada medidas para intensificar a excreção renal em casos de intoxicações??? 26 Barbitúricos - Toxicodinâmica • Sítio de Ação: SNC e todos os tecidos excitáveis • Mecanismo de Ação: – SNC: em doses terapêuticas – ↑ efeito inibitório mediado pelo GABA. Doses mais altas - GABA- miméticos – SNP: diminuição da excitação nicotínica (gânglios SNA, JNM). • No sistema respiratório → depressão, com manutenção dos reflexos protetores (respiração de Cheyne- Stokes) • No sistema cardiovascular → hipotensão (deprimem a musculatura lisa dos vasos) e bradicardia (↓ contraRlidade). • TGI → ↓ tônus da musculatura de todo o TGI → retarda o tempo de esvaziamento gástrico e a velocidade do transito intestinal. 27 Barbitúricos – Fenobarbital • O fenobarbital (PhB) foi o primeiro anticonvulsivante orgânico eficaz, com toxicidade relativamente pequena e baixo custo. Doses hipnóticas Doses tóxicas (SNC e AR) Dose letal (estimada) Adultos 100 a 200 mg, podendo chegar a 600mg 18 a 36mg /kg (70Kg: 1260 a 2500mg) 5 a 10 g, se a ingestão for isolada PhB DL50Lo 1,5g – 16g (tolerância) (70Kg: 71 a 143mg /Kg) Pode ser menor em associação com outros depressores do SNC (álcool). Crianças 5 a 8 mg /kg 10 mg /kg. 28 Barbitúricos – Toxicidade Aguda (análise quantitativa: de 10 a 20 µg/mL – nível terapêutico como anticonvulsivante) • Intoxicação leve (> 30 µg/mL) : aparecimento de depressão do nível de consciência – sonolência e confusão mental, alterações na marcha, aparecimento de ataxia e de alterações do equilíbrio; – linguagem pode ser incompreensível e alterações visuais subjetivas podem aparecer. – o paciente reage quando solicitado, mas de maneira pouco intensa. – os reflexos podem estar diminuídos e observam-se alterações pupilares ou respiratórias. • Intoxicação moderada (60 a 80 µg/mL) : maior depressão do nível de consciência – sono profundo ou torpor, pouca resposta aos estímulos dolorosos, sem resposta aos comandos verbais, reflexos diminuídos e distúrbios respiratórios leves. • Intoxicação grave (> 80µg/mL) : – coma geralmente profundo, podendo ocorrer alterações pupilares de tipo midríase ou miose, ou alternância desses estados, pupilas fixas ou fotorreagentes. – o paciente não reage à dor, seus reflexos tendinosos diminuem, não há deglutição e graus variados de depressão respiratória podem ser encontrados. – pode evoluir para uma midríase bilateral sem reação à luz, parada respiratória, respiração de Cheyne-Stokes, secreção brônquica excessiva evoluindo com broncopneumonia, hipóxia e hipercapnia, hipotensão e choque e óbito. 29 Barbitúricos – Tratamento Geral: tratamento sintomático e medidas de suporte para manter as funções vitais • Aspiração das secreções das vias aéreas • Intubação e ventilação mecânica, se necessário. • Correção dos desequilíbrios hidro- eletrolíticos. • fluidos endovenosos ou aminas vasoativas para correção da hipotensão e o choque. • Medidas físicas no caso de hipertermia. • Identificação de infecções secundárias, principalmente do aparelho respiratório. Específicos: Variam em função das indicações e contra-indicações. • Lavagem gástrica mesmo após as primeiras 2h, ou mesmo além das primeiras 24h após a ingestão de grandes quantidades de comprimidos • Carvão ativado : doses múltiplas (ciclo entero- hepático.) → 10:1 de 4/4h, por 2 dias. + catárticos salinos (terapia sequencial): citrato ou sulfato de sódio (CI hipervolemia) ou magnésio (CI em IR). • Aumento da diurese com alcalinização da urina (bicarbonato de sódio 8,4% EV + diuréticos osmóticos ou de alça) • KCl, na solução de glicose a 5% e bicarbonato, durante o procedimento de alcalinização (manRdo ↑4.0mEq/L, pois a alcalinização não é efetiva na hipocalemia) • Métodos dialíticos podem ser utilizados em pacientes com IR ou com intoxicação grave e risco de vida (PhB taxa de lig PP ~ 40%) 31 • O pKa do fenobarbital é de 7,3, o que é considerado baixo. • O aumento do pH urinário aumenta a eliminação do fenobarbital em 5 a 10 vezes do normal. • Bicarbonato deSódio 8,4% (1mEq = 1mL de solução): – doses iniciais de 1 a 2 mEq /kg de peso, EV, no período de 2 h ou até o pH sanguíneo alcançar 7,45 na gasometria arterial. – dose de manutenção de 1 a 1,5 mEq/kg, diluído em 1 litro de SG 5%, que pode ser infundida na velocidade de 2 a 3 mL/kg/hora. Deve-se controlar o gotejamento dessa solução para manter débito urinário superior a 2 mL/kg/hora e, também, manter o pH urinário entre 7,5 e 8,0 (medir com fita a cada 2 h). • Aumento da diurese com diuréticos de alça deve ser utilizado com a alcalinização para evitar complicações, principalmente nos pacientes que têm as funções renais e cardiovasculares preservadas. • durante o procedimento de alcalinização o K deve ser manRdo ↑4.0mEq/L, pois a alcalinização não é efeRva na hipocalemia (acréscimo de KCl no soro de manutenção). 32 Psicofármacos estão envolvidos > 80% dos casos de intoxicações! 33 Antidepressivos Tricíclicos 34 Antidepressivos Tricíclicos • tratamento da depressão, coadjuvantes do tratamento de dor crônica, na profilaxia da enxaqueca, na abstinência à cocaína e nos casos de enurese noturna em crianças. • Prescritos por neurologistas → custo mais alto dos antidepressivos inibidores da recaptação da serotonina; clínicos e ginecologistas → ↑dos casos de intoxicação. • IT baixo • Os principais antidepressivos tricíclicos são os de primeira geração: a imipramina e a amitriptilina. 35 Antidepressivos Tricíclicos - Toxicocinética • Absorção – lenta e irregular por via oral quando em altas doses, devido a seus efeitos anticolinérgicos que retardam a atividade gastrointestinal e o tempo de esvaziamento gástrico. – pico de concentração plasmática em 2 a 8 horas, porém podem ser retardadas e atingir o pico em 12 horas. • Distribuição – rápida com ligação a PP ~ 75%. • Biotransformação – hepáRco, pelas enzimas microssômicas → metabólitos inaRvos – recirculação enterohepática de pouca importância toxicológica. – T1/2 ~18 horas • Excreção – renal, com aparecimento de 2 a 3 % da droga inalterada na urina. 36 Antidepressivos Tricíclicos - Toxicodinâmica • SNC e periférico – SNC: • inibição da recaptura de norepinefrina e serotonina; • bloqueio dos receptores de dopamina (sintomas extrapiramidais) – antagonismo competitivo dos receptores muscarínicos, alfa- adrenérgicos, serotoninérgicos e histamínicos. – interfere também na condução nervosa pelo bloqueio dos canais de sódio quando em altas concentrações. A causa mais freqüente de óbitos por esses medicamentos é sua - toxicidade cardíaca (diminuição da condução elétrica cardíaca) + cardiotoxicidade induzida pela acidose metabólica concomitante - bloqueio dos receptores muscarínicos, bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos (vasodilatação, hipotensão). 37 Antidepressivos Tricíclicos – Toxicidade Aguda • Dependem da dose ingerida, e tem início em 30 a 40 min após a ingestão. • 1ª FASE - primeiro dia e é caracterizada por manifestações anticolinérgicas – mucosas secas, hipertermia, hiperemia, visão turva, taquicardia, excitação, delírios, excitações, mioclonias. • 2ª FASE - > 1º dia e pode durar até o 3º dia – quadro de depressão dos estímulos neuroquímicos, diminuição do nível de consciência até coma, grau variável de depressão respiratória com consequente hipóxia, hiporreflexia, hipotensão e hipotermia. • 3ª FASE - > 72h – retorno do quadro de agitação e delírios. 38 Antidepressivos Tricíclicos – Toxicidade Aguda • Manifestações cardíacas mais importantes ocorrem nas fases subsequentes, em geral nos casos mais graves e incluem: – arritmias como taquicardia sinusal, taquicardia ou fibrilação ventricular. – bradiarritmias, condução anormal com prolongamento do PR,QRS e QT, bloqueio atrio-ventricular de graus variados. – hipotensão é inicialmente por vasodilatação, mas pode evoluir por depressão miocárdica direta com posterior choque cardiogênico, edema agudo do pulmão e óbito. – Alguns exames complementares podem ser úteis no acompanhamento do caso de intoxicação • hemograma, glicemia e eletrólitos, • uréia e creatinina para avaliação da função renal, • CPK, CK-MB e DHL para avaliar lesão miocárdica, • provas de função hepática, • gasometria arterial, ECG ou, de preferência, monitorização cardíaca em casos graves, e radiografia de tórax. 39 Antidepressivos Tricíclicos – Tratamento • Sintomático e de manutenção – Descontaminação gastrointestinal com lavagem gástrica (até 24h após a ingestão). – O uso do carvão ativado normalmente em dose única (doses repetidas não tem eficácia comprovada). – BZD como o diazepam para controle das alterações como agitação, delírio e alucinações, decorrentes do efeito anticolinérgico, assim como as convulsões • não são tratadas com anticolinesterásicos como a fisostigmina, e também se deve evitar o uso de neurolépticos, pois há risco de agravar os efeitos anticolinérgicos – Hipertermia - medidas físicas – Coma - medidas habituais de suporte ~ intoxicação por barbitúricos. – Alterações cardiovasculares • ECG de entrada para eventual comparação posterior. • Bicarbonato com a alcalinização geralmente normaliza o paciente, mas, às vezes, há necessidade do uso de beta-bloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio • lidocaína nos casos de arritmias ventriculares refratários ao bicarbonato • cristalóide e aminas vasoativas podem ser necessárias para a hipotensão – O suporte respiratório. 40 Antidepressivos ISRS • Elevado IT, menos efeitos colaterais e/ou tóxicos → uRlização mais segura que o tricíclicos. • As referências de doses tóxicas e letais mostram que estas são bastante altas, justificando o alto índice terapêutico. Os produtos de utilização mais comuns são: dose tóxica dose letal Fluoxetina (Prozac®) maior que 600 mg maior que 2 g Paroxetina (Aropax®) dose tóxica > 850 mg sem descrição de óbitos Sertralina (Zoloft®) dose tóxica > 1g casos graves > 2g sem descrição de óbitos Citalopram (Cipramil®) dose tóxica e dose letal não estabelecidas, porém a dose letal podendo ser de mais de 2 g Fluvoxamina (Luvox®) dose tóxica > 1g sem descrição de óbitos Venlafaxina (Efexor®) dose tóxica > 1g sem descrição de óbitos 41 Antidepressivos ISRS – Toxicidade e Tratamento • Os sintomas mais comuns: – sinais anticolinérgicos, com sonolência, náuseas e vômitos, taquicardia, hipertensão, tremores, depressão do nível de consciência, convulsões, hipertermia, mucosas secas, retenção urinária e midríase; – alterações de eletrocardiograma ~ antidepressivos tricíclicos • Síndrome serotoninérgica – resultado mais frequente de uma interação de drogas que aumentam a neurotransmissão serotoninérgica por diferentes mecanismos (combinação, ou em overdose). – estimulação excessiva dos receptores centrais e periféricos – diagnóstico é dificultado pela falta de especificidade dos sinais clínicos. • Leve: manifestações de tremores, confusão mental, incoordenação, movimentos coréicos e midríase; • Moderada: inquietude, agitação psicomotora, hiperreflexia, ataxia, rubor e diaforese; • Grave: delírio, trismo, rigidez muscular, hipertermia, mioclonia e diarréia. • Do ponto de vista clínico, algumas manifestações podem representar maior gravidade – o coma, as crises epiléticas e a hipertermia • Tratamento ~ intoxicação por Antidepressivos Tricíclicos – aspiração de vias aéreas e oxigenação; – descontaminação gastrintestinal com lavagem gástrica e uso do carvão ativado; – suporte das funções vitais; – controle da hipertermia com medidas físicas; – controle de agitação e convulsões com benzodiazepínicos; – tratamento da rigidez muscular: também com diazepam. 42 Psicofármacos estão envolvidos > 80% dos casos de intoxicações! 43 Fenotiazínicos (neurolépticos/antipsicóticos) Fenotiazina composto orgânico que ocorre em várias drogas antipsicóticas e anti-histamínicas. Tem a fórmula S(C6H4)2NH. Agentes inibidores das funções psicomotoras, as quais podem encontrar-se aumentadas em estados de excitação e de agitação; eles também reduzem os distúrbios neuro- psíquicos chamados de psicóticos (delírios e alucinações). 44 Antipsicóticos Fenotiazínicos - Toxicocinética • Absorção – Biodisponibilidade variável, para uma posologia idênRca → concentração plasmática varia de um paciente para o outro (a diferença pode chegar de 1 a 20) e para uma mesma concentração plasmática, os efeitos terapêuticos variam de pessoa para pessoa • Distribuição – Rápida, se acumulam facilmente no SNC • Biotransformação – hepáRco, pelas enzimas microssômicas → alguns metabólitos clinicamente ativos – T1/2 longa (dose 1x/dia), com acúmulo em doses sucessivas • Excreção – os efeitos diminuem progressivamente em alguns dias ou semanas após a cessação do tratamento 45 Antipsicóticos Fenotiazínicos • Toxicodinâmica - SNC e periférico: – Antagonismo competitivo e reversível dos receptores dopaminérgicos pós-sinápticos do tipo D2 – Antagonizam também receptores colinérgicos periféricos e centrais e alfa-adrenérgico. • Toxicidade: – efeitos anticolinérgicos: taquicardia, mucosas secas, midríase, rubor etc. – bloqueio alfa-adrenérgico: hipotensão e miose; – bloqueio dos receptores dopaminérgicos: reações extrapiramidais. 46 Antipsicóticos Fenotiazínicos Toxicidade Síndrome Extrapiramidal • desequilíbrio entre as atividades dopaminérgicas e colinérgicas na via nigro-estriatal→ sintomas de Parkinsonismo – rigidez muscular (sinal da roda dentada), – bradicinesia e – instabilidade postural • Intoxicações leves – Distonias + sedação, acatisia (compulsão em manter o corpo em movimento, principalmente as pernas), miose, hipotensão ortostática, taquicardia, pele e boca secas e retenção urinária. • Intoxicações graves – convulsões, coma profundo, depressão respiratória, distúrbios da termorregulação e alterações no ECG. Síndrome neuroléptica maligna • quadro extremamente grave, que também pode ocorrer com doses terapêuticas pelo fato de não ser dose dependente. – alteração da consciência, rigidez, hipertermia, rabdomiólise e acidose lática, além de taquicardia e hipertensão. – Mortalidade alta (20- 30% dos casos). 47 Antipsicóticos Fenotiazínicos – Tratamento • Sintomático e de manutenção dos sinais vitais – assistência respiratória – lavagem gástrica até 6 horas após a ingestão, devido ao retardo do esvaziamento gástrico. – carvão ativado em dose única ou múltipla e catárticos salinos no caso de aplicação de doses seriadas de carvão. – A diurese forçada tem pouco valor e a diálise não é indicada. • Distonia aguda – difenidramina (Difenidrin®) IM ou EV, 1- 2mg/kg de peso, até o máximo de 50 mg por dose. – na falta da difenidramina injetável: diazepam VO, IM, EV nas doses usuais de 10 mg; biperideno (Akineton®) IM ou EV, em 3 - 5 mg/dose em adultos, ou 0,04 mg/kg/dose em crianças. Não devem ser ultrapassadas 4 doses em 24 horas. • Síndrome neuroléptica maligna – medidas sintomáticas e de suporte, – alcalinização para prevenção da insuficiência renal aguda gerada pela rabdomiólise, – diminuição da temperatura por medidas físicas (atipiréticos não são muito efetivos). – Outros medicamentos • dantrolene sódico (diminuição da concentração de cálcio intracelular livre), na dose de 2 a 3 mg/ kg/dia, em 4 doses, podendo chegar até 10 mg/kg/dia, e com uma dose de manutenção oral de pelo menos 1 mg/kg de 4 em 4 horas durante 48 horas. • bromocriptina (agonista dopaminérgico) é usada em doses de 2,5 a 10 mg por via oral, aumentada para 20 mg/dia se não houver melhora em 24 horas. 48 Psicofármacos estão envolvidos > 80% dos casos de intoxicações! 49 Carbamazepina • antiepilético de uso VO com estrutura química semelhante aos antidepressivos tricíclicos. • também pode ser utilizado no tratamento de – neuralgia do trigêmeo – desordens bipolares afetivas. • amplamente distribuído, e de forma gratuita, em postos de saúde e hospitais públicos → frequentemente envolvido em tentativas de suicídio • Intoxicações geralmente leves a moderadas → óbitos são comuns com medicamentos depressores do SNC ou álcool. 50 Carbamazepina Toxicidade • Sintomas ~ intoxicação por antidepressivos tricíclicos, mas com predomínio das manifestações neurológicas (sonolência, confusão mental, ataxia, movimentos coreiformes, nistagmo e convulsões) • Em casos graves podem evoluir com mioclonias, convulsões, coma e parada respiratória. • Os sinais anticolinérgicos cardíacos (~tricíclicos) aparecem com freqüência: – taquicardia, prolongamento do intervalo QT, retardo na condução e até bloqueio átrio-ventricular. Tratamento • Sintomático e manutenção dos sinais vitais • esvaziamento gástrico - mesmo após muitas horas. • carvão ativado a cada 4 horas. • Diurese forçada, diálise peritoneal e hemodiálise não são eficazes • Convulsões: diazepam • Manutenção das vias aéreas, ventilação assistida e tratar arritmias. • Se hipotensão arterial → DVA . • Pacientes assintomáticos: observados por no mínimo 6 horas • Pacientes graves: observados em UTI até 24h após terem se mantido estáveis. 51 Psicofármacos estão envolvidos > 80% dos casos de intoxicações! 52
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