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Intoxicação por Medicamentos

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INTOXICAÇÃO POR MEDICAMENTOS
Profa. Dra. Fátima C. L. Goularte Farhat
Curso de Farmácia - Unimep
1
Fases da Intoxicação
Exposição
•Via de introdução
•Frequência
•Duração
•Propriedades FQ
•Dose/conc.
•Suscetilidade individual
Toxicocinética
• Absorção
• Distribuição
• Armazenamento
• Biotransformação
• Excreção
Toxicodinâmica
• Interação toxicante-sítios 
de ação
Fase Clínica
• Evidência de sinais e 
sintomas
• Alterações patológicas 
detectáveis mediante 
provas diagnósticas
2
Centros de Informações e Assistência 
Toxicológica (CIATs)
• Número de intoxicações anuais por medicamentos referidas é > 
envenenamentos por animais peçonhentos e intoxicações por 
domissanitários, agrotóxicos, raticidas, produtos químicos industriais e 
outros.
• A notificação aos CIATs não é obrigatória e ocorre atraso significativo no 
envio dos dados ao Sistema Nacional de Informações Tóxico-
Farmacológicas - SINITOX (www.fiocruz.br/sinitox) .
• A incidência de intoxicação pelos diferentes fatores de risco se repete 
todos os anos.
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http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/
files//Tabela4_2013.pdf
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http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/
files//Tabela6_2013.pdf
5
http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/
files//Tabela7_2013.pdf
6
http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/
files//Tabela8_2013.pdf
7
http://sinitox.icict.fiocruz.br/sites/sinitox.icict.fiocruz.br/
files//Tabela9_2013.pdf
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Elementos básicos para o atendimento em casos de intoxicação
A literatura revela que 50% das histórias colhidas inicialmente não correspondem à
realidade. Os erros mais comuns são a quantidade de medicamentos que existia na
embalagem, o nome do produto e a dosagem do produto.
Intoxicação caracteriza-se como um atendimento 
clínico de emergência 
A história clínica dos casos (anamnese) constitui um passo 
importante para o tratamento do paciente. 
9
ELEMENTOS BÁSICOS EM RELAÇÃO AO PACIENTE:
Idade?
• Extremos da vida são mais sensíveis às intoxicações por medicamentos. 
• Necessidade de cálculo diferenciado na avaliação da dose de medicamento absorvido, 
devido às diferenças do metabolismo do produto (imaturidade ou desgaste).
Peso?
• Pacientes com pouco peso → menor Vd → ↑ possibilidade de quadros clínicos graves
• Pacientes obesos → maior Vd → ↓ intoxicação grave.
Doenças de base?
• Algumas doenças podem criar uma maior sensibilidade aos medicamentos. 
• hepatopatias crônicas → alterações na biotransformação
• nefrofatias → reduzem a excreção urinária.
Local onde o paciente foi encontrado ?
•Relação entre o local e a disponibilidade de algum medicamento
• neurolépticos (antipsicóticos) em quartos;
• produtos consumidos durante as refeições e a cozinha, etc. 10
ELEMENTOS BÁSICOS EM RELAÇÃO AO PACIENTE:
Tempo decorrido entre a ingestão e o atendimento?
• Conduta terapêutica de urgência? Uso de carvão ativado ou a lavagem 
gástrica? →Se o tempo úRl da realização desses procedimentos for 
ultrapassado, o tratamento, a evolução e o prognóstico serão modificados.
Uso concomitante de medicamentos?
• Interação medicamentosa? Efeito das interações diminuir ou aumentar, 
complicando a evolução do paciente?
Tentativas anteriores de suicídio?
• O paciente pode ter antecedentes de tentativas de suicídio com o mesmo 
medicamento? Será que usou um outro produto com o intuito de conseguir 
seu objetivo?
Via de contato?
• Os produtos têm vias de absorção mais eficazes que outras → evitar 
procedimentos desnecessários e diminuir o tempo de internação. 11
ELEMENTOS BÁSICOS EM RELAÇÃO AO PRODUTO:
Quais os produtos que estavam à disposição?
• Quais produtos são consumidos pelos diferentes moradores de uma casa ou 
dos lugares freqüentados pelo intoxicado? Sobretudo se o paciente está 
inconsciente ou desorientado.
Quanto ingeriu?
• Vai determinar a gravidade da intoxicação → Avaliação do risco toxicológico!!! 
É possível ter acesso à embalagem?
• Permite melhor identificação do produto em causa.
Quanto medicamento existia na embalagem antes da ingestão?
• Vai determinar a gravidade da intoxicação!
12
Psicofármacos
estão envolvidos 
> 80% dos casos 
de intoxicações!
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Benzodiazepínicos
• Muitas indicações terapêuticas:
– sedativos, hipnóticos, 
anticonvulsivantes, relaxantes 
muscular, coadjuvantes anestésicos 
e ansiolíticos. 
– via de administração: VO, IM, EV, VR
grande incidência de 
intoxicações por esses fármacos 14
Benzodiazepínicos - Toxicocinética
• Absorção: 
– Bem absorvidos no TGI
– Pmáx plasmática em 30 min - 2 h (em crianças, o pico plasmático é mais rápido). 
• Distribuição:
– Alta taxa de ligação a PP (diazepam 98-99%) 
– Atravessam a BHE e acumulam-se na gordura corporal.
– Vd ~ 1,5 L/kg.
15
16
Biotransformação
- Oxidação hepática pelos sistemas enzimáticos microssomais (citocromo P 450) 
- extensa lista de interações medicamentosas. 
- subprodutos ativos e (com efeitos sobre o SNC) inativos (conjugados ao ác. glicurônico)
Curta/
Média
Longa
Longa
T1/2 60h
FÍGADO
URINA
Curta
Excreção: 
principalmente renal, como conjugados 
inativos ou subprodutos livres (~ 2% 
eliminado sob a forma inalterada). 
▀
▀
Benzodiazepínicos - Toxicodinâmica
• Sítio de Ação: 
– SNC
• Mecanismo de ação: 
– potencialização do efeito inibitório mediado pelo GABA, aumentando 
a frequência de abertura dos canais de cloro relacionados a este 
receptor. 
• Uso continuado: 
– tolerância e dependência física após uso prolongado ou utilização de 
doses muito elevadas. 
– sintomas de abstinência mais graves quando há interrupção abrupta 
do uso dos benzodiazepínicos do que quando a interrupção é gradual.
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Benzodiazepínicos – Toxicidade Aguda
• Relativa segurança 
• IT elevado VO→ jusRfica a sua larga uRlização
• Crianças e idosos são mais sensíveis → potencialmente perigoso
• Óbitos raros → geralmente associados com outros medicamentos 
depressores do SNC
• Interações Medicamentosas:
– Depressores do SNC: álcool, barbitúricos, opióides, antidepressivos, 
fenotiazinas, anestésicos etc → ↑ risco de depressão respiratória e 
hipotensão. 
– Inibidores enzimáticos (P450): cimetidina, eritromicina, bloqueadores de 
canais de cálcio, contraceptivos orais, dissulfiram, ciprofloxacino → ↓ 
reduzem a eliminação dos BZD. 
– Indutores enzimáticos (P450): álcool, fenobarbital, carbamazepina, 
fenitoína→ ↑ eliminação dos BZD. 
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Benzodiazepínicos – Toxicidade Aguda
• Efeitos Clínicos: 
– depressão do SNC: sonolência, letargia, sedação, ataxia, confusão 
mental, dificuldade de fala, hipotonia, hiporreflexia e amnésia.
– raramente a depressão do SNC é intensa a ponto de evoluir para coma 
profundo e depressão grave de funções vitais: hipotensão, hipotermia 
e depressão respiratória.
– alterações pupilares: diâmetro e reflexo pupilar permanecem normais 
na ausência de hipóxia → midríase, nistagmo e diplopia.
– Reações paradoxais em alguns pacientes: excitabilidade, com 
presença de euforia, insônia, ansiedade, nervosismo, irritabilidade, 
hostilidade e agressão.
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Benzodiazepínicos 
Tratamento da Toxicidade Aguda
• Assistência respiratória e manutenção dos sinais vitais
• Descontaminação em casos de ingestão:
– não induzir vômitos (depressão do SNC inicia em 30 minutos);
– paciente consciente (baixo risco) → carvão aRvado e catárRcos;
– paciente inconsciente (alto risco) → lavagem gástrica com prévia 
intubação nasotraqueal.
• Tratamento de suporte:
– hipotensão: medidas posturais e, se necessário, fluidos endovenosos e 
DVA;
–manter equilíbrio hidroeletrolítico;
– hiperexcitabilidade paradoxal: não usar barbitúricos – exacerba o 
quadro ou prolonga e intensifica a depressão respiratória;
– abstinência: doses decrescentes de diazepínico de curta duração.
• Antídoto: FLUMAZENIL - reverte sedação dos benzodiazepínicos com 
melhora dos efeitos respiratórios. NÃO substitui a assistência respiratória.
21
Benzodiazepínicos 
Tratamento da Toxicidade Aguda
• Flumazenil (Lanexat®, Flumazen®, Flumazil® - sol. Inj., 0,1mg/mL, ampola 5 mL)
– Mecanismo de Ação: antagonista específico, por inibição competitiva 
– Efeito: 
• reverte a sedação, com melhora do efeito respiratório → não subsRtui a 
assistência respiratória.
• não altera a farmacocinética dos BZD, nem antagoniza os efeitos de 
outros fármacos depressores, tais como barbitúricos, opiáceos, etanol, 
etc.
– Indicações:
• intoxicações graves onde não se conhece o agente causador (teste 
terapêutico), exceto em suspeita de ADTricíclicos (↑ possibilidade de arritmias cardíacas)
• intoxicações graves por BZD, incluindo crianças, idosos e debilitados.
• intoxicações por BZD associadas à outros agentes depressores do SNC
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Psicofármacos
estão envolvidos 
> 80% dos casos 
de intoxicações!
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Barbitúricos
• Três barbitúricos são comercializados no Brasil:
– Fenobarbital (ação longa - T1/2 80 a 120 h)
• é o barbitúrico mais conhecido e amplamente 
uRlizado como anRconvulsivante (↑ limiar de 
aparição da crise convulsiva). 
– Pentobarbital (ação curta) e tiopental (ação ultra-
curta)
• injetáveis utilizados em ambiente hospitalar 
(CC, UTI). 
• Baixo IT em relação aos BZD, 
grande número de interações 
medicamentosas, falta de 
especificidade de efeitos no 
SNC→ ↓ ↓ ↓ seu uso como 
sedativo-hipnótico 
• Propriedades 
anticonvulsivantes e sedativo-
hipnóticas importantes.
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Barbitúricos - Toxicocinética
• Absorção
– VO é completa, porém lenta ao 
nível intestinal. 
• Distribuição
– Grande afinidade por tecidos com 
alto teor lipídico
– ligação com PP muito variável 5 a 
88% (PhB ~ 40%)
– Níveis na circulação fetal ~ plasma 
materno; PhB passa para o leite.
• Biotransformação:
– Oxidação hepática, através do 
sistema enzimático microssomal -
metabólitos inativos 
– PhB 25% permanece inalterado
• Excreção:
– renal, e 25% do fenobarbital é 
eliminado de forma inalterada 
medidas para intensificar a 
excreção renal em casos de 
intoxicações??? 
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Barbitúricos - Toxicodinâmica
• Sítio de Ação: SNC e todos os 
tecidos excitáveis
• Mecanismo de Ação:
– SNC: em doses terapêuticas –
↑ efeito inibitório mediado pelo 
GABA. Doses mais altas - GABA-
miméticos
– SNP: diminuição da excitação 
nicotínica (gânglios SNA, JNM).
• No sistema respiratório → 
depressão, com manutenção dos 
reflexos protetores (respiração de Cheyne-
Stokes)
• No sistema cardiovascular → 
hipotensão (deprimem a musculatura lisa 
dos vasos) e bradicardia (↓ contraRlidade).
• TGI → ↓ tônus da musculatura 
de todo o TGI → retarda o tempo 
de esvaziamento gástrico e a 
velocidade do transito intestinal.
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Barbitúricos – Fenobarbital
• O fenobarbital (PhB) foi o primeiro anticonvulsivante orgânico 
eficaz, com toxicidade relativamente pequena e baixo custo. 
Doses hipnóticas Doses tóxicas
(SNC e AR)
Dose letal (estimada)
Adultos 100 a 200 mg, 
podendo chegar 
a 600mg
18 a 36mg /kg
(70Kg: 1260 a 2500mg)
5 a 10 g, se a ingestão for isolada
PhB DL50Lo 1,5g – 16g (tolerância)
(70Kg: 71 a 143mg /Kg)
Pode ser menor em associação com 
outros depressores do SNC (álcool).
Crianças 5 a 8 mg /kg 10 mg /kg. 
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Barbitúricos – Toxicidade Aguda
(análise quantitativa: de 10 a 20 µg/mL – nível terapêutico como anticonvulsivante)
• Intoxicação leve (> 30 µg/mL) : aparecimento de depressão do nível de 
consciência
– sonolência e confusão mental, alterações na marcha, aparecimento de ataxia e de alterações 
do equilíbrio; 
– linguagem pode ser incompreensível e alterações visuais subjetivas podem aparecer. 
– o paciente reage quando solicitado, mas de maneira pouco intensa. 
– os reflexos podem estar diminuídos e observam-se alterações pupilares ou respiratórias.
• Intoxicação moderada (60 a 80 µg/mL) : maior depressão do nível de 
consciência
– sono profundo ou torpor, pouca resposta aos estímulos dolorosos, sem resposta aos 
comandos verbais, reflexos diminuídos e distúrbios respiratórios leves.
• Intoxicação grave (> 80µg/mL) : 
– coma geralmente profundo, podendo ocorrer alterações pupilares de tipo midríase ou 
miose, ou alternância desses estados, pupilas fixas ou fotorreagentes. 
– o paciente não reage à dor, seus reflexos tendinosos diminuem, não há deglutição e graus 
variados de depressão respiratória podem ser encontrados. 
– pode evoluir para uma midríase bilateral sem reação à luz, parada respiratória, respiração de 
Cheyne-Stokes, secreção brônquica excessiva evoluindo com broncopneumonia, hipóxia e 
hipercapnia, hipotensão e choque e óbito. 29
Barbitúricos – Tratamento
Geral: tratamento sintomático e medidas 
de suporte para manter as funções vitais
• Aspiração das secreções das vias aéreas 
• Intubação e ventilação mecânica, se 
necessário. 
• Correção dos desequilíbrios hidro-
eletrolíticos.
• fluidos endovenosos ou aminas 
vasoativas para correção da hipotensão 
e o choque.
• Medidas físicas no caso de 
hipertermia.
• Identificação de infecções secundárias, 
principalmente do aparelho 
respiratório.
Específicos: Variam em função das 
indicações e contra-indicações.
• Lavagem gástrica mesmo após as primeiras 2h, 
ou mesmo além das primeiras 24h após a 
ingestão de grandes quantidades de 
comprimidos
• Carvão ativado : doses múltiplas (ciclo entero-
hepático.) → 10:1 de 4/4h, por 2 dias. + 
catárticos salinos (terapia sequencial): citrato ou 
sulfato de sódio (CI hipervolemia) ou magnésio 
(CI em IR). 
• Aumento da diurese com alcalinização da urina 
(bicarbonato de sódio 8,4% EV + diuréticos 
osmóticos ou de alça)
• KCl, na solução de glicose a 5% e bicarbonato, 
durante o procedimento de alcalinização 
(manRdo ↑4.0mEq/L, pois a alcalinização não é 
efetiva na hipocalemia)
• Métodos dialíticos podem ser utilizados em 
pacientes com IR ou com intoxicação grave e 
risco de vida (PhB taxa de lig PP ~ 40%)
31
• O pKa do fenobarbital é de 7,3, o que é considerado baixo.
• O aumento do pH urinário aumenta a eliminação do 
fenobarbital em 5 a 10 vezes do normal. 
• Bicarbonato deSódio 8,4% (1mEq = 1mL de solução): 
– doses iniciais de 1 a 2 mEq /kg de peso, EV, no período de 
2 h ou até o pH sanguíneo alcançar 7,45 na gasometria 
arterial. 
– dose de manutenção de 1 a 1,5 mEq/kg, diluído em 1 litro 
de SG 5%, que pode ser infundida na velocidade de 2 a 3 
mL/kg/hora. Deve-se controlar o gotejamento dessa 
solução para manter débito urinário superior a 2 
mL/kg/hora e, também, manter o pH urinário entre 7,5 e 
8,0 (medir com fita a cada 2 h). 
• Aumento da diurese com diuréticos de alça deve ser 
utilizado com a alcalinização para evitar complicações, 
principalmente nos pacientes que têm as funções renais e 
cardiovasculares preservadas. 
• durante o procedimento de alcalinização o K deve ser 
manRdo ↑4.0mEq/L, pois a alcalinização não é efeRva na 
hipocalemia (acréscimo de KCl no soro de manutenção).
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Psicofármacos
estão envolvidos 
> 80% dos casos 
de intoxicações!
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Antidepressivos Tricíclicos
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Antidepressivos Tricíclicos
• tratamento da depressão, coadjuvantes do tratamento de dor 
crônica, na profilaxia da enxaqueca, na abstinência à cocaína e 
nos casos de enurese noturna em crianças. 
• Prescritos por neurologistas → custo mais alto dos 
antidepressivos
inibidores da recaptação da serotonina; 
clínicos e ginecologistas → ↑dos casos de intoxicação.
• IT baixo
• Os principais antidepressivos tricíclicos são os de primeira 
geração: a imipramina e a amitriptilina.
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Antidepressivos Tricíclicos - Toxicocinética
• Absorção
– lenta e irregular por via oral quando em altas doses, devido a seus efeitos 
anticolinérgicos que retardam a atividade gastrointestinal e o tempo de 
esvaziamento gástrico. 
– pico de concentração plasmática em 2 a 8 horas, porém podem ser retardadas 
e atingir o pico em 12 horas.
• Distribuição
– rápida com ligação a PP ~ 75%.
• Biotransformação
– hepáRco, pelas enzimas microssômicas → metabólitos inaRvos
– recirculação enterohepática de pouca importância toxicológica.
– T1/2 ~18 horas
• Excreção
– renal, com aparecimento de 2 a 3 % da droga inalterada na urina.
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Antidepressivos Tricíclicos - Toxicodinâmica
• SNC e periférico
– SNC: 
• inibição da recaptura de 
norepinefrina e serotonina; 
• bloqueio dos receptores de 
dopamina (sintomas extrapiramidais)
– antagonismo competitivo dos 
receptores muscarínicos, alfa-
adrenérgicos, serotoninérgicos e 
histamínicos. 
– interfere também na condução 
nervosa pelo bloqueio dos canais de 
sódio quando em altas concentrações.
A causa mais freqüente de óbitos por esses 
medicamentos é sua 
- toxicidade cardíaca (diminuição da 
condução elétrica cardíaca) + cardiotoxicidade
induzida pela acidose metabólica 
concomitante
- bloqueio dos receptores muscarínicos, 
bloqueio dos receptores alfa-adrenérgicos 
(vasodilatação, hipotensão).
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Antidepressivos Tricíclicos – Toxicidade Aguda
• Dependem da dose ingerida, e tem início em 30 a 40 min após a 
ingestão. 
• 1ª FASE - primeiro dia e é caracterizada por manifestações 
anticolinérgicas
– mucosas secas, hipertermia, hiperemia, visão turva, taquicardia, 
excitação, delírios, excitações, mioclonias. 
• 2ª FASE - > 1º dia e pode durar até o 3º dia
– quadro de depressão dos estímulos neuroquímicos, diminuição do 
nível de consciência até coma, grau variável de depressão respiratória 
com consequente hipóxia, hiporreflexia, hipotensão e hipotermia. 
• 3ª FASE - > 72h
– retorno do quadro de agitação e delírios. 
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Antidepressivos Tricíclicos – Toxicidade Aguda
• Manifestações cardíacas mais importantes 
ocorrem nas fases subsequentes, em geral 
nos casos mais graves e incluem:
– arritmias como taquicardia sinusal, taquicardia 
ou fibrilação ventricular.
– bradiarritmias, condução anormal com 
prolongamento do PR,QRS e QT, bloqueio 
atrio-ventricular de graus variados. 
– hipotensão é inicialmente por vasodilatação, 
mas pode evoluir por depressão miocárdica 
direta com posterior choque cardiogênico, 
edema agudo do pulmão e óbito.
– Alguns exames complementares podem ser 
úteis no acompanhamento do caso de 
intoxicação
• hemograma, glicemia e eletrólitos, 
• uréia e creatinina para avaliação da função 
renal,
• CPK, CK-MB e DHL para avaliar lesão 
miocárdica, 
• provas de função hepática, 
• gasometria arterial, ECG ou, de preferência, 
monitorização cardíaca em casos graves, e 
radiografia de tórax.
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Antidepressivos Tricíclicos – Tratamento
• Sintomático e de manutenção
– Descontaminação gastrointestinal com lavagem gástrica (até 24h após a ingestão). 
– O uso do carvão ativado normalmente em dose única (doses repetidas não tem eficácia comprovada). 
– BZD como o diazepam para controle das alterações como agitação, delírio e 
alucinações, decorrentes do efeito anticolinérgico, assim como as convulsões
• não são tratadas com anticolinesterásicos como a fisostigmina, e também se deve evitar 
o uso de neurolépticos, pois há risco de agravar os efeitos anticolinérgicos
– Hipertermia - medidas físicas
– Coma - medidas habituais de suporte ~ intoxicação por barbitúricos.
– Alterações cardiovasculares
• ECG de entrada para eventual comparação posterior. 
• Bicarbonato com a alcalinização geralmente normaliza o paciente, mas, às vezes, há 
necessidade do uso de beta-bloqueadores ou bloqueadores do canal de cálcio
• lidocaína nos casos de arritmias ventriculares refratários ao bicarbonato 
• cristalóide e aminas vasoativas podem ser necessárias para a hipotensão 
– O suporte respiratório. 
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Antidepressivos ISRS
• Elevado IT, menos efeitos colaterais e/ou tóxicos → uRlização mais segura 
que o tricíclicos. 
• As referências de doses tóxicas e letais mostram que estas são bastante 
altas, justificando o alto índice terapêutico. Os produtos de utilização mais 
comuns são:
dose tóxica dose letal 
Fluoxetina (Prozac®) maior que 600 mg maior que 2 g
Paroxetina (Aropax®) dose tóxica > 850 mg sem descrição de óbitos
Sertralina (Zoloft®) dose tóxica > 1g casos 
graves > 2g
sem descrição de óbitos
Citalopram (Cipramil®) dose tóxica e dose letal não estabelecidas, porém a 
dose letal podendo ser de mais de 2 g
Fluvoxamina (Luvox®) dose tóxica > 1g sem descrição de óbitos
Venlafaxina (Efexor®) dose tóxica > 1g sem descrição de óbitos
41
Antidepressivos ISRS – Toxicidade e Tratamento
• Os sintomas mais comuns:
– sinais anticolinérgicos, com sonolência, náuseas e vômitos, 
taquicardia, hipertensão, tremores, depressão do nível de 
consciência, convulsões, hipertermia, mucosas secas, retenção 
urinária e midríase;
– alterações de eletrocardiograma ~ antidepressivos tricíclicos
• Síndrome serotoninérgica 
– resultado mais frequente de uma interação de drogas que 
aumentam a neurotransmissão serotoninérgica por diferentes 
mecanismos (combinação, ou em overdose). 
– estimulação excessiva dos receptores centrais e periféricos
– diagnóstico é dificultado pela falta de especificidade dos sinais 
clínicos. 
• Leve: manifestações de tremores, confusão mental, incoordenação, 
movimentos coréicos e midríase;
• Moderada: inquietude, agitação psicomotora, hiperreflexia, ataxia, rubor 
e diaforese; 
• Grave: delírio, trismo, rigidez muscular, hipertermia, mioclonia e diarréia.
• Do ponto de vista clínico, algumas manifestações podem 
representar maior gravidade – o coma, as crises epiléticas e a 
hipertermia
• Tratamento ~ intoxicação por 
Antidepressivos Tricíclicos 
– aspiração de vias aéreas e 
oxigenação; 
– descontaminação gastrintestinal 
com lavagem gástrica e uso do 
carvão ativado; 
– suporte das funções vitais; 
– controle da hipertermia com 
medidas físicas; 
– controle de agitação e convulsões 
com benzodiazepínicos; 
– tratamento da rigidez muscular: 
também com diazepam.
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Psicofármacos
estão envolvidos 
> 80% dos casos 
de intoxicações!
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Fenotiazínicos
(neurolépticos/antipsicóticos)
Fenotiazina
composto orgânico 
que ocorre em 
várias drogas 
antipsicóticas e 
anti-histamínicas. 
Tem a fórmula 
S(C6H4)2NH. 
Agentes inibidores 
das funções 
psicomotoras, as 
quais podem 
encontrar-se 
aumentadas em 
estados de excitação 
e de agitação; eles 
também reduzem os 
distúrbios neuro-
psíquicos chamados 
de psicóticos (delírios 
e alucinações).
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Antipsicóticos Fenotiazínicos - Toxicocinética
• Absorção
– Biodisponibilidade variável, para uma posologia idênRca → concentração 
plasmática varia de um paciente para o outro (a diferença pode chegar de 1 a 20) 
e para uma mesma concentração plasmática, os efeitos terapêuticos variam 
de pessoa para pessoa
• Distribuição
– Rápida, se acumulam facilmente no SNC
• Biotransformação
– hepáRco, pelas enzimas microssômicas → alguns metabólitos clinicamente 
ativos
– T1/2 longa (dose 1x/dia), com acúmulo em doses sucessivas
• Excreção
– os efeitos diminuem progressivamente em alguns dias ou semanas 
após a
cessação do tratamento
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Antipsicóticos Fenotiazínicos
• Toxicodinâmica - SNC e periférico:
– Antagonismo competitivo e reversível dos receptores 
dopaminérgicos pós-sinápticos do tipo D2
– Antagonizam também receptores colinérgicos 
periféricos e centrais e alfa-adrenérgico.
• Toxicidade:
– efeitos anticolinérgicos: taquicardia, mucosas secas, midríase, rubor etc.
– bloqueio alfa-adrenérgico: hipotensão e miose;
– bloqueio dos receptores dopaminérgicos: reações extrapiramidais.
46
Antipsicóticos Fenotiazínicos
Toxicidade
Síndrome Extrapiramidal
• desequilíbrio entre as atividades dopaminérgicas 
e colinérgicas na via nigro-estriatal→ sintomas de 
Parkinsonismo
– rigidez muscular (sinal da roda dentada),
– bradicinesia e 
– instabilidade postural
• Intoxicações leves
– Distonias + sedação, acatisia (compulsão em 
manter o corpo em movimento, principalmente as 
pernas), miose, hipotensão ortostática, 
taquicardia, pele e boca secas e retenção 
urinária. 
• Intoxicações graves
– convulsões, coma profundo, depressão 
respiratória, distúrbios da termorregulação e 
alterações no ECG. 
Síndrome neuroléptica maligna 
• quadro extremamente grave, 
que também pode ocorrer com 
doses terapêuticas pelo fato de 
não ser dose dependente. 
– alteração da 
consciência, rigidez, 
hipertermia, 
rabdomiólise e acidose 
lática, além de 
taquicardia e 
hipertensão. 
– Mortalidade alta (20-
30% dos casos).
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Antipsicóticos Fenotiazínicos – Tratamento
• Sintomático e de manutenção dos sinais vitais
– assistência respiratória
– lavagem gástrica até 6 horas após a ingestão, devido ao retardo do esvaziamento gástrico. 
– carvão ativado em dose única ou múltipla e catárticos salinos no caso de aplicação de doses 
seriadas de carvão. 
– A diurese forçada tem pouco valor e a diálise não é indicada.
• Distonia aguda
– difenidramina (Difenidrin®) IM ou EV, 1- 2mg/kg de peso, até o máximo de 50 mg por dose. 
– na falta da difenidramina injetável: diazepam VO, IM, EV nas doses usuais de 10 mg; 
biperideno (Akineton®) IM ou EV, em 3 - 5 mg/dose em adultos, ou 0,04 mg/kg/dose em 
crianças. Não devem ser ultrapassadas 4 doses em 24 horas.
• Síndrome neuroléptica maligna 
– medidas sintomáticas e de suporte, 
– alcalinização para prevenção da insuficiência renal aguda gerada pela rabdomiólise,
– diminuição da temperatura por medidas físicas (atipiréticos não são muito efetivos). 
– Outros medicamentos
• dantrolene sódico (diminuição da concentração de cálcio intracelular livre), na dose de 2 a 3 mg/ 
kg/dia, em 4 doses, podendo chegar até 10 mg/kg/dia, e com uma dose de manutenção oral de pelo 
menos 1 mg/kg de 4 em 4 horas durante 48 horas.
• bromocriptina (agonista dopaminérgico) é usada em doses de 2,5 a 10 mg por via oral, aumentada 
para 20 mg/dia se não houver melhora em 24 horas.
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Psicofármacos
estão envolvidos 
> 80% dos casos 
de intoxicações!
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Carbamazepina
• antiepilético de uso VO com estrutura química semelhante 
aos antidepressivos tricíclicos. 
• também pode ser utilizado no tratamento de
– neuralgia do trigêmeo
– desordens bipolares afetivas. 
• amplamente distribuído, e de forma gratuita, em postos de 
saúde e hospitais públicos → frequentemente envolvido em 
tentativas de suicídio
• Intoxicações geralmente leves a moderadas → óbitos são 
comuns com medicamentos depressores do SNC ou álcool.
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Carbamazepina
Toxicidade
• Sintomas ~ intoxicação por 
antidepressivos tricíclicos, mas com 
predomínio das manifestações 
neurológicas (sonolência, confusão 
mental, ataxia, movimentos coreiformes, 
nistagmo e convulsões)
• Em casos graves podem evoluir com 
mioclonias, convulsões, coma e 
parada respiratória.
• Os sinais anticolinérgicos cardíacos
(~tricíclicos) aparecem com 
freqüência:
– taquicardia, prolongamento do 
intervalo QT, retardo na condução e 
até bloqueio átrio-ventricular.
Tratamento
• Sintomático e manutenção dos sinais 
vitais
• esvaziamento gástrico - mesmo após 
muitas horas.
• carvão ativado a cada 4 horas. 
• Diurese forçada, diálise peritoneal e 
hemodiálise não são eficazes
• Convulsões: diazepam
• Manutenção das vias aéreas, ventilação 
assistida e tratar arritmias.
• Se hipotensão arterial → DVA . 
• Pacientes assintomáticos: observados por 
no mínimo 6 horas
• Pacientes graves: observados em UTI até 
24h após terem se mantido estáveis.
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Psicofármacos
estão envolvidos 
> 80% dos casos 
de intoxicações!
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