Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Método Teacch Viviane Costa de Leon A divisão TEACCH tem como base: qualquer intervenção deve ser centrada na pessoa; A divisão TEACCH é responsável pela criação de mais de 300 salas de aulas para pessoas com TEA e a utilização dessa metodologia se estende para todos os continentes do mundo Pode-se dizer que a tradição behaviorista é o berço do TEACCH, pois fazia-se muito presente na década de 1960 nos EUA; Entretanto, as bases teóricas se apóiam ainda, na psicolingüística. As bases epistemológicas do TEACCH são o comportamentalismo e a psicolinguística.; Ambas tendem para um mesmo ponto: A funcionalidade se expressa na visão da conduta e a pragmática na visão psicolingüística. A prática dessa metodologia abrange as áreas de construção de instrumentos de avaliação diagnóstica e psicoeducacional, capacitação de profissionais, orientação aos pais, criação de locais de atendimento em escolas para crianças e adolescentes, residências e locais de trabalho para adultos com TEA. As estratégias do TEACCH foram desenvolvidas a partir de pesquisas a respeito do funcionamento característico da desordem, principalmente nas áreas da linguagem, da cognição e do comportamento social; Instrumentos: CARS e PEP-R ; Sua importância se da na elaboração da intervenção terapêutica nas crianças com TEA até os 12 anos de idade, faixa na qual ocorre o diagnóstico e os primeiros passos terapêuticos; O PEP-R tem um material padronizado, mas que pode ser construído artesanalmente; Composto por 171 itens; Sua aplicação e seus materiais foram concebidos especialmente para esse tipo de população; Geralmente é bem aceito pelas crianças; Serve para identificar padrões de aprendizagem irregulares e idiossincráticos. As áreas avaliadas são: coordenação motora ampla, coordenação motora fina, coordenação viso-motora, percepção, imitação, performance cognitiva e cognição verbal, áreas de relacionamento e afeto, brincar e interesse por materiais, respostas sensoriais e linguagem. Para cada área foi desenvolvida uma escala específica com tarefas a serem realizadas ou com comportamentos a serem observados. Gesell postula: primeiro que cada indivíduo se desenvolve de acordo com um padrão único de desenvolvimento e, segundo, que esse padrão é uma variação de um plano básico que é mais ou menos característico da espécie humana. Para ele, experiência, individualidade e crescimento são interdependentes. Experiência é relacionada com o meio, mas também depende de fatores inatos. Individualidade ocorre a partir de um interjogo entre os potenciais inatos e as oportunidades do meio. E o crescimento é a força que impulsiona essas duas últimas. Portanto, os estudos de Gesell 18 convergem para a noção de que traços do comportamento constituem a chave para a avaliação do nível de maturidade. O PEP-R compreende que crianças com desenvolvimento típico ou não, crescem e mudam suas habilidades com a idade. Nesse contexto, os parâmetros são identificados a partir de observações comportamentais, procurando-se, então, identificar o aumento das capacidades do organismo através do conceito de maturação. As características do modelo TEACCH, isto é, a estrutura física, a programação da rotina, os sistemas de trabalho, o apoio visual e os tipos de atividades psicopedagógicas, serão apresentadas em seguida: Estrutura Física Sujeitos com TEA apresentam dificuldades para estabelecer relações entre pessoas e seus papéis e entre objetos e sua função de modo dinâmico e compreensivo. Sugere-se que o espaço de atendimento tenha um arranjo que favoreça ao sujeito compreender o que é esperado que ele ali desenvolva: por exemplo, sente e escute uma estória ou fique em pé e dance. No primeiro caso, uma cadeira diante de um livro sobre uma mesa pode ser um bom indicador, um tapete na frente de um aparelho de som pode ser para o segundo. Como o espaço físico fundamental no modelo TEACCH é uma sala de aula, sugere-se a criação de um espaço para atividades dirigidas e outro para atividades livres. Dentre as atividades dirigidas, recomenda-se o trabalho individual (local para a aprendizagem de atividades novas), e trabalho independente (para tarefas já conhecidas a serem feitas com autonomia). Para as atividades livres sugere-se, por exemplo, espaço para manuseio de brinquedos, mesa de jogos ou computador. O essencial é a diferenciação entre as diversas áreas. Isto porque os comportamentos e as regras envolvidos em ambas as situações são diferentes, o que exige um espaço diferenciado visualmente que possa servir como uma pista. Por exemplo, a área livre pode ser organizada sobre um tapete colorido ou entre biombos. Além disso, é necessário se planejar o espaço de circulação entre as diferentes áreas propostas na sala de aula de modo a favorecer a autonomia dos sujeitos e o desenvolvimento de toda uma gama de comportamentos sociais. Programação da Rotina A programação da rotina é desenvolvida de acordo com a idade de desenvolvimento e cronológica do sujeito. Para uma criança pequena o período de atenção é mais curto e a necessidade de movimento é maior, já para uma criança na idade escolar conseguir ficar atenta em atividades por períodos de uma hora pode ser um objetivo facilmente alcançado. De um modo em geral, pode-se dizer que as sessões de trabalho individual e independente devem ter a duração aproximada de 20 minutos até a idade de desenvolvimento de 30 meses, passando para 30 minutos até os 48 meses e para 45 minutos após essa faixa de idade. As atividades deverão ser as mais variadas possíveis quanto maior for a capacidade do sujeito se adaptar e se integrar. Recomenda-se que programação da rotina seja apresentada seguindo a ordem de cima para baixo ou da esquerda para a direita, tais como, convencionalmente seguimos. Diferentes modos de apresentação da rotina: 1.Seqüência de objetos concretos (por exemplo: brinquedo para indicar canto livre, caneca para o lanche e violão para musicoterapia). 2.Cartões com fotos ou desenhos das atividades por períodos (indica a rotina parcialmente, por exemplo, das 08h00min às 10h00min). 3. Cartões com fotos ou símbolos de toda a rotina. 4.Indicação de toda a rotina por escrito (por exemplo: agenda) Sistemas de Trabalho Os sistemas de trabalho constituem uma estratégia importante para estimular o desenvolvimento na realização de tarefas, e na capacidade para realizar atividades com autonomia e com encadeamento nas etapas de inicio, meio e fim. Para Tomasello é quando um sujeito consegue separar os meios e o fim de uma ação que começa a se desenvolver a intencionalidade. Portanto, através dos sistemas de trabalho, objetiva-se estimular a realização de tarefas com entendimento e com intenção. Os sistemas de trabalho são individuais e podem ser propostos em um dos dois modos: 1.Esquerda/Direita com cesto do acabou. 2.Emparelhamento de cores/ símbolos/palavras. Apoio Visual Algumas vezes, a criança com TEA inicia a falar através de um vocabulário com pouca informação. A linguagem pode ser desenvolvida em vários níveis, desde uma notória pobreza de vocabulário, até um profundo conhecimento lexical sobre um tópico preciso . Em outras vezes, a solicitação de objetos ou de ações é feita pela condução da mão do adulto. Desse modo, a criança com TEA pode ser muito silenciosa e, ocasionalmente, produzir palavras e frases pobres no significado e na intenção de comunicar. A informação visual apresenta um papel essencial pela sua natureza perceptual e concreta. Os dados apresentados visualmente não requerem uma capacidade simbólica mais complexa. Através de objetos, inicialmente, e fotos ou imagens, subseqüentemente, podemos auxiliar na compreensão e na expressão de enunciados, de instruções e de solicitações do cotidiano. Por exemplo, podemos enfatizar os pontos importantes de uma tarefa (preparar um sanduíche) através de recipientes com os materiais ou com os rótulos dos produtos a serem utilizados. Tipos de Atividades As atividades devem ir se tornando cada vez mais complexas, na medida em que o sujeito cresce e se desenvolve. É necessário a organização dos materiais e das etapas envolvidas em cada tarefa de modo que elas façam sentido e auxiliem a compreensão do sujeito com TEA pois o entendimento de um todo com significado, processo cognitivo denominado teoria da coerência central, encontra-se acometido nos casos de TEA . Como decorrência desse comprometimento o sujeito com TEA pode ter uma percepção fragmentada. As atividades devem ser construídas de forma atrativa. A seguir imagens de como ir tornando as atividades gradativamente mais difíceis: 1.Atividade que requer uma única ação, ou seja, empurrar o objeto. 2.Atividade que exige duas ações motoras: pegar e colocar o objeto em um recipiente específico. 3.Atividade de triagem de duas cores. A intervenção terapêutica em TEA deve ser de natureza transdisciplinar. Não existe terapia solo na área do TEA. As várias disciplinas, como por exemplo, a neurologia, a pediatria, a terapia ocupacional, a fonoaudiologia, a psicopedagogia, a arteterapia, a musicoterapia e a psicologia, dentre outras, necessitam trabalhar de modo integrado. Tanto nas orientações aos pais quanto nas intervenções no sujeito com TEA. Dentre essas a arteterapia é uma disciplina bastante importante no trabalho realizado com TEA. A arteterapia aplicada em crianças com TEA iniciou em 1960 e designa a utilização de recursos artísticos em contextos terapêuticos visando ao desenvolvimento humano. No entanto, apesar de o termo “art referir-se de modo geral a diversas linguagens plásticas, a arteterapia ficou preponderantemente relacionada às artes plásticas ou visuais. Por fim, há que se ressaltar a importância de que se estabeleça uma relação de afeto como sujeito com TEA e com sua família. Nessa conjuntura de intervenção a participação dos pais é fundamental. Principalmente porque deles depende, em grande parte, a ponte, desejável que se estabeleça, entre os contextos da casa e da escola. É somente a partir de um olhar cuidadoso no sujeito com TEA e em sua família que pode se tornar possível a construção de laços afetivos fundamentais em qualquer processo de desenvolvimento humano.
Compartilhar