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HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL Parte I – Do Brasil Colônia às Diretas Já Profª Drª Daniella de Souza Barbosa FMN/2017.1 Título: A história da saúde pública no Brasil – 500 anos na busca de soluções Produção: Vibe Films Direção: Sylvia Jardim Distribuição: VideoSaúde Distribuidora da Fiocruz Ano da produção: 2015 Sinopse: Essa história começa com a chegada dos colonizadores portugueses, quando os problemas sanitários ficaram mais graves e começamos a busca de soluções para as questões de saúde dos brasileiros. Brasil Colônia, Brasil Império, Brasil República, um passeio pela história da saúde pública no país, sempre marcada pelas diferenças sociais e pela falta de prioridade nos investimentos do governo. Apesar dos muitos avanços e conquistas, continuamos na busca de soluções. O vídeo está disponível em DVD na Livraria Virtual da Editora Fiocruz: http://goo.gl/DowQic História da Saúde Pública no Brasil • Antes de 1500: Nativos do Brasil praticavam o Xamanismo: p.ext. conjunto de manifestações, ritos e práticas presentes em inúmeras sociedades humanas e centralizadas na figura do xamã, em seu papel de intermediação entre a realidade profana e a dimensão sobrenatural, em seus transes místicos e nos poderes mágicos e curativos que lhe são atribuídos. Medicina xamânica rivalizava com a dos católicos. A fabricação do Curare, óleo sobre tela, François Auguste Biard, sem datação, Museu do Novo Mundo, La Rochelle, França História da Saúde Pública no Brasil • Brasil Colônia (1500 a 1822) Padres, principalmente jesuítas, tentavam alterar práticas e costumes indígenas perante a doença e a cura, assim como se esforçavam para mantê-los à vista, bem longe das influências xamânicas. Ali uma “boa morte” cristã estava garantida, com sacramentos aplicados ao doente (confissão; eucaristia; unção dos enfermos) , assim como uma medicina mágica: ervas nativas (outrora xamânicas) junto com recursos católicos (imagens de santos, água-benta, óleos sagrados). Um altar portátil era erguido próximo ao leito do doente e, não raro, meninos do coral, devidamente instruídos, permaneciam ao lado dos enfermos para lhes dar consolo por meio de cantos e até mesmo da extrema-unção. Símbolo jesuíta Pe. Antônio Vieira (Gravura). História da Saúde Pública no Brasil • Brasil Colônia (1500 a 1822) Com a Chegada da Corte Portuguesa ao Brasil em 1808, houve a criação da Inspetoria Sanitária de Portos; da Botica Real Militar; e da Fundação das Academias Médico-Cirúrgicas do RJ e BA, que se mostraram pouco eficazes para o cuidado da saúde dos súditos da Coroa Portuguesa na Colônia Brasileira, função essa delegada, basicamente, aos boticários (farmacêuticos) que manipulavam fórmulas prescritas pelos poucos médicos da Colônia. Botica Real Militar que atendia aos exércitos da Coroa Botica. Pintura de Debret. História da Saúde Pública no Brasil • Brasil Império (1822 a 1889) O Grito do Ipiranga (1888) de Pedro Américo Em 1829, houve a criação da Junta de Higiene Pública. Porém, até 1850 as atividades de saúde pública estavam limitadas a delegação das atribuições sanitárias as juntas municipais e ao controle de navios e saúde dos portos. Verificava-se que o interesse primordial estava limitado ao estabelecimento de um controle sanitário mínimo da capital do império, tendência que se alongou por quase um século. As práticas médicas da época ficavam a cargo das Casas de Misericórdia, Hospitais Militares, dos físicos, cirurgiões-barbeiros, barbeiros sangradores, boticários, curandeiros e parteiras. Hospital Geral da Santa Casa de Misericórdia do RJ História da Saúde Pública no Brasil • Do Brasil Colônia ao Brasil Império Um país colonizado, basicamente por degredados e aventureiros desde o descobrimento até a instalação do império, não dispunha de nenhum modelo de atenção à saúde da população e nem mesmo o interesse, por parte do governo colonizador em criá-lo. Deste modo, a atenção à saúde limitava-se aos próprios recursos da terra (plantas, ervas) e àqueles que, por conhecimentos empíricos (curandeiros ou boticários), desenvolviam as suas habilidades na arte de curar. Embarque da Família Real Portuguesa (1808) por Nicolas Louis Albert Delerive. Saída da Corte Portuguesa do Brasil (1822). Autor desconhecido História da Saúde Pública no Brasil • Brasil República Velha (1889-1930) Enquanto a sociedade brasileira esteve dominada por uma economia agroexportadora, acentada na monocultura cafeeira, o que se exigia do sistema de saúde era, sobretudo, uma política de saneamento destinado aos espaços de circulação das mercadorias exportáveis e a erradicação ou controle das doenças que poderiam prejudicar a exportação como a febre amarela, a varíola e a malária. Por esta razão, desde o final do século passado até o início dos anos 1960, predominou o modelo do sanitarismo campanhista. Gradativamente, com o controle das epidemias nas grandes cidades brasileiras o modelo campanhista deslocou a sua ação para o campo e para o combate das denominadas endemias rurais, dado ser a agricultura a atividade hegemônica da economia da época. Este modelo de atuação foi amplamente utilizado pela Sucam (Superintendência de Campanhas de Saúde Pública) no combate a diversas endemias (Chagas, Esquistossomose, e outras) nos anos 1970, sendo esta posteriormente incorporada à FUNASA (Fundação Nacional de Saúde). História da Saúde Pública no Brasil • Brasil República Velha (1889-1930) 1904: instituída a Reforma Oswaldo Cruz, sendo este diretor do Departamento Federal de Saúde Pública, com a criação do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela; Inspetoria de Isolamento e Desinfecção; Revolta da Vacina e Polícia Sanitária. 1909: Carlos Chagas, sucessor de Oswaldo Cruz na direção do Departamento Nacional de Saúde Pública, descobre a Doença de Chagas e introduziu a propaganda e a educação sanitária na técnica rotineira de ação na luta contra a tuberculose, a lepra e as doenças venéreas, inovando o modelo campanhista de Oswaldo Cruz que era puramente fiscal e policial . Charges sobre as medidas de Oswaldo Cruz que resultaram na revolta da população carioca contra a vacinação anti-varíola em 1904. História da Saúde Pública no Brasil • Brasil República Velha (1889-1930) 24 de janeiro de 1923: foi aprovado pelo Congresso Nacional a Lei Eloy Chaves, marco inicial da previdência social no Brasil. Através desta lei foram instituídas as Caixas de Aposentadoria e Pensão (CAP’s) para a classe operária urbana, sendo organizada pelas empresas e que, além das aposentadorias e pensões, os fundos proviam os serviços funerários, médicos, conforme explicitado no artigo 9º da citada lei: 1º - socorros médicos em caso de doença em sua pessoa ou pessoa de sua família , que habite sob o mesmo teto e sob a mesma economia; 2º - medicamentos obtidos por preço especial determinado pelo Conselho de Administração; 3º - aposentadoria ; 4º – pensão para seus herdeiros em caso de morte. História da Saúde Pública no Brasil • Brasil República Velha (1889-1930) Revolução de 1930: Era Vargas; Expansão dos benefícios sociais aos trabalhadores urbanos; criação da CLT (1943); criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAP’s) no lugar das CAP’s. Nestes institutos os trabalhadores eram organizados por categoria profissional (marítimos, comerciários, bancários) e não por empresa. Em 1930, foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública, com desintegração das atividades do Departamento Nacional de Saúde Pública (vinculado ao Ministério da Justiça). Era Vargas: 1930-1945 Carteira de um bancário segurado pelo IAPB criada em 1934 • Brasil República (1940-1960) Aspecto positivo: criam-se ministérios que tinham como função básica manter a saúde do trabalhador– como o Ministério da Saúde, pela Lei nº 1.920 em 25/07/1953 – e espaços colegiados de gestão da Saúde Pública como a I Conferencia Nacional de Saúde (1941) e o primeiro Conselho de Saúde (1948). História da Saúde Pública no Brasil • Brasil República (1940-1960) Aspectos negativos: afastamento do modelo sanitarista campanhista e investimento na área de construção de hospitais da rede privada de saúde além da compra, pelo Estado, de serviços de saúde caros e ineficientes para a demanda “indigente” que ficava a margem da Saúde Pública brasileira, ou seja, daquelas pessoas que não tinham previdência social. Instala-se assim o modelo hospitalocêntrico de saúde e a crise fiscal da saúde. História da Saúde Pública no Brasil Berçário do Hospital Pompéia nos anos 1960 História da Saúde Pública no Brasil Regime Militar (1960-1980) • Golpe de 1964: Derrocada dos IAP’s pelos conselhos administrativos sendo substituídos pelas juntas interventoras nomeadas pelo governo militar. • 1970: criação da SUCAM, com a atribuição de executar as atividades de erradicação e controle de endemias • 1977: Lei nº 6.439 que concebe o Sistema Nacional de Previdência e Assistência Social (SINPAS) responsável pelo INPS (Instituto Nacional de Previdência Social), INAMPS (Instituto de Assistência Médica da Previdência Social) e IAPAS (Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência Social), extinta na década de 1990 e sendo substituído pelo INSS (Instituto Nacional de Seguridade Social). Agentes da SUCAM de Pernambuco Carteira de um beneficiário do INAMPS • Em 1974 o sistema previdenciário saiu da área do Ministério do Trabalho, para se consolidar como um ministério próprio, o Ministério da Previdência e Assistência Social. Juntamente com este Ministério foi criado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS). A criação deste fundo proporcionou a remodelação e ampliação dos hospitais da rede privada, através de empréstimos com juros subsidiados . • A existência de recursos para investimento e a criação de um mercado cativo de atenção médica para os prestadores privados levou a um crescimento próximo de 500% no número de leitos hospitalares privados no período 69/84, de tal forma que subiram de 74.543 em 1969 para 348.255 em 1984. História da Saúde Pública no Brasil Regime Militar (1960-1980) • 1978: Declaração de Alma-Ata sobre cuidados primários em saúde; • 1980: criação do PREV-SAÚDE (Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde) a fim de reorganizar o sistema de saúde brasileiro ao reforçar os cuidados primários em saúde • 1983: criação da AIS (Ações Integradas de Saúde), um projeto interministerial (Previdência-Saúde-Educação), visando um novo modelo assistencial que incorporava o setor público, procurando integrar ações curativas preventivas e educativas ao mesmo tempo. • 1984: criação do Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) História da Saúde Pública no Brasil • Diretas Já e o Fim do Regime Militar • 1986: a 8ª Conferência Nacional de Saúde tratava a saúde como direito de cidadania; reformulação do Sistema Nacional de Saúde; e definição do financiamento do setor saúde; • 1990: Regulamentação do SUS (Sistema Único de Saúde) através da Lei nº 8.080 de 19/09/1990; regulamentação da participação da comunidade na gestão SUS e as transferências intergovernamentais de recursos financeiros da área da saúde pela Lei nº 8.142 de 28/08/1990. A 8ª CNS foi o grande marco nas histórias das conferências de saúde no Brasil. Foi a primeira vez que a população participou das discussões da conferência. Suas propostas foram contempladas tanto no texto da Constituição Federal/1988 como nas leis orgânicas da saúde, nº. 8.080/90 e nº. 8.142/90. Participaram dessa conferência mais de 4.000 delegados, impulsionados pelo movimento da Reforma Sanitária, e propuseram a criação de uma ação institucional correspondente ao conceito ampliado de saúde, que envolvesse as ações de promoção, proteção e recuperação. Considerações Finais
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