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MECANISMOS DE INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS AULA 5 Prof. Alfredo Beckert Neto 2 CONVERSA INICIAL Olá! Seja bem-vindo à nossa quinta Rota de Aprendizagem. Na aula anterior, conhecemos mais sobre governança corporativa e a BM&FBovespa e seus segmentos. Nesta rota teremos vários assuntos que se relacionam com as rotas anteriores. Iniciaremos com os derivativos, para depois partir para o mercado de futuros e o mercado de opções. Por isso, depois de estudarmos esses mercados, analisaremos os produtos de renda fixa, e para finalizar, abordaremos os fundos de investimento e discutiremos sobre BDRs (Brazilian Depositary Receipts). Aproveite para parar e refletir durante os pontos que considerar interessantes nas aulas, pois assim é possível fazer associações e, consequentemente, gerar novas ideias. Bom estudo! CONTEXTUALIZANDO Em um cenário cada vez mais competitivo, conhecer o mercado de derivativos – que por sua vez faz parte do mercado de capitais – é essencial para o gestor financeiro. Diante disso, realizar a gestão adequada de um portfólio de investimentos que traga rentabilidade para uma empresa ou uma pessoa física é fundamental. E em que produtos e mercados deve-se investir? Ações, opções, fundos ou BDRs? Como realizar uma análise para verificar se vale mais a pena investir em um ou em outro? O que fazer quando a empresa precisa garantir o preço do câmbio para realizar uma operação futura, minimizando os riscos de flutuação cambial? Para responder a essas perguntas, precisaremos conhecer cada mercado e produto analisando como é seu funcionamento e sua possível rentabilidade e risco. Isso auxiliará na conquista dos objetivos pessoais ou empresariais, contribuindo com a perenidade e sustentabilidade das organizações. 3 Pesquise Não hesite em utilizar as mais diversas fontes de conhecimento e pesquisa – na internet as informações estão acessíveis em poucos cliques. Para decidir que produto do mercado de capitais atende melhor os seus objetivos, devemos entender os prós e contras de cada um, assim como suas condições de rentabilidade, prazos e liquidez. Atualmente existem muitos blogs e sites (recomendo a assinatura gratuita do newsletter daquele que mais lhe agrada) com informações de grande relevância para o conhecimento de produtos, inclusive para direcionar aqueles que mais fazem parte do perfil desejado. Mas lembre-se, quem poderá tomar as melhores decisões sobre como investir seu próprio capital ou captar recursos para seus próprios projetos é você mesmo. Por isso, você deve sempre buscar o conhecimento. Boa sorte! TEMA 1 – CONCEITO DE DERIVATIVOS Para iniciarmos nosso primeiro tema, conheceremos os derivativos financeiros. Conforme Kerr (2011), são “instrumentos financeiros derivados de outros, denominados ativos-objetos ou ativos subjacentes”. Segundo o autor, isso faz com que os preços dos derivativos dependam – ou derivem – de um ou mais ativos subjacentes. Podemos entender o derivativo como sendo um contrato entre partes, em que o valor é estabelecido por meio das variações do preço de uma variável (ativo-objeto). Essa variável, normalmente, pode ser a taxa de juros, índices de mercado, ações, commodities, câmbio, entre outros. Commodities é o termo em inglês para “mercadorias”. Entretanto, no mercado financeiro designa produtos de origem primária, que não apresentam características e qualidade diferentes entre os produtores ou sua origem. Por isso, normalmente seu preço é determinado pelo mercado: oferta e procura; possuem cotação e formas de negociação mundiais, por meio da bolsa de mercadorias. Podemos citar como exemplos de commodities a soja, o petróleo, o açúcar cristal e o boi gordo. Retornando aos derivativos, esse mercado permite que algumas estratégias de investimento com vistas a limitar prejuízos e fixar taxas possam ser implementadas. Conforme Pereira (2013), esse mercado permite a negociação a prazo de ativos que ainda não estão disponíveis fisicamente. 4 Dentro do mercado de derivativos temos o mercado a termo, mercado de futuros e o mercado de opções. Os mercados de futuros e opções serão tratados em nossos próximos tópicos. Por isso, definiremos agora o que é o mercado a termo, assim como o mercado a vista, que não faz negociação de derivativos, mas é importante entendermos. Mercado a vista De forma simples, o mercado a vista permite a negociação de compra e venda de ativos comercializados em bolsa, em que o prazo de liquidação física e financeira é estabelecido nos regulamentos e procedimentos da operação da Câmara de Liquidação. Por isso, neste mercado a operação é processada no segundo dia útil após a realização do pregão, e a liquidação financeira ocorre no terceiro. Por isso, podemos entender que é o mercado que possui imediata ou quase imediata liquidação, e os preços dos ativos são estabelecidos em pregão. Como exemplo, quando compramos ações por meio do home broker no pregão eletrônico, estamos acessando o mercado a vista. Mercado a termo É o mercado em que as operações possuem prazos, ou seja, de 30, 60 ou 90 dias, e assim por diante, para que ocorra a sua efetiva liquidação, gerando assim um contrato entre a partes compradora e a vendedora; é, portanto, o mercado em que as partes se comprometem com a compra e venda de quantidade e qualidade determinadas de um ativo. Por exemplo: a contratação de compra e venda de um lote padronizado de ouro para ser entregue em 30 dias; isso faz com que as partes do contrato fiquem vinculadas até a liquidação do contrato. A parte compradora do termo levará o contrato até o final do prazo contratado, e paga pelo ativo tratado no contrato e deseja recebê-lo. Já o vendedor deseja levar o contrato até o final e entregar o ativo objeto, assim como receber o pagamento. Comumente, o contrato a termo é caracterizado por ser bem detalhado e também por haver movimentação financeira apenas na liquidação. Contudo, podemos comentar sobre algumas desvantagens desse mercado, como o risco de crédito e a baixa liquidez. É interessante pensarmos em um exemplo simplificado para melhorar a compreensão: imagine um produtor de soja que colherá a safra daqui a alguns meses e tem medo de que, quando for vender seu produto, em cerca de 90 dias, 5 os preços estejam baixos. Com isso, para garantir um preço capaz de manter a margem de lucro desejada, ele busca um comprador que pense o contrário, que os preços subirão e que deseja garantir o preço da matéria-prima para seguir com seu orçamento. Sendo assim, ambos firmam um contrato que prevê o preço de 80 dólares a saca para uma quantidade de 10.000 sacas e data de liquidação em 90 dias. Caso a negociação seja realizada na Bolsa, deve seguir as normas desta. Passados 90 dias, no vencimento do contrato, a saca, à vista, está sendo comercializada por 70 dólares. Com isso, o produtor de soja entregará o café a 80 dólares por saca, conforme o contrato, resultando em um lucro de 10 dólares por saca em relação ao preço atual da saca de soja. Por outro lado, o comprador terá que pagar 80 dólares por saca, sendo que o valor de mercado é de 70 dólares, perdendo 10 dólares por saca. Independentemente do ganho ou perda, os dois conseguiram “travar” os valores das sacas para 90 dias. Apenas como informação, alguns autores consideram o mercado de derivativos um dos mercados integrantes do mercado financeiro, sendo ele separado do mercado de capitais. É importante perceber que o mercado a termo e de futuros possuem uma diferença. Conforme Kerr (2011), os contratosfuturos são padronizados, possibilitando a negociação dos contratos no mercado secundário. O autor ainda comenta que essa padronização dos contratos futuros dão a vantagem da negociação em bolsa, porém, a customização dos mercados a termo dispõe de maior flexibilidade nos contratos. Percebeu a importância que os derivativos possuem no mercado para as empresas? Note que com eles é possível que as organizações se protejam das flutuações cambiais ou das commodities. Caso as empresas não tivessem acesso aos derivativos, muitas poderiam quebrar ou entrar em situações complicadas pelo simples fato de ocorrer uma grande flutuação desfavorável nos valores cambiais ou da commodity negociada. Por isso, no próximo tópico, abordaremos sobre o mercado de futuros, que faz parte dos derivativos. Saiba mais • Para conhecer mais sobre commodities, sugerimos acessar <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/produtos/listados-a-vista-e- derivativos/commodities/>. 6 TEMA 2 – MERCADO DE FUTUROS São muitos os mercados e conceitos. Para iniciarmos os estudos sobre o mercado de futuros, lembre-se que ele é muito similar ao mercado a termo e é um dos mercados dos derivativos. O mercado de futuros é um dos principais mercados em operação com derivativos. É importante pensarmos que esse mercado visa principalmente a criar proteções para os produtores e organizações no que tange às variações dos preços de seus produtos e mesmo de seus investimentos. Esse mercado, portanto, comercializa contratos em que se determina a compra e venda de um ativo por um valor específico em uma data futura. O comprador ou vendedor se comprometerá a comprar ou vender determinada quantia de um ativo por um preço estabelecido em um dia futuro descrito no contrato. É importante salientar que os compromissos criados por meio dos contratos são ajustados a cada dia baseando-se no que o mercado espera do preço futuro daquele ativo. Com isso, se possui a referência para calcular as perdas e ganhos das operações. Pereira (2013, p. 110) menciona sobre algumas vantagens que o mercado de futuros pode oferecer: Alavancagem: o investidor pode assumir posições com um valor maior ao que tem depositado em sua conta na corretora. Operacionalização: existe uma forma simples para se ter acesso às negociações no mercado de futuros, pois por meio de uma corretora, os contratos poderão ser firmados associando ativos financeiros e commodities. Fundamentação da análise: visto que o principal fator de negociação são as commodities, a análise deve se basear nos preços, que estão relacionados à oferta e à demanda. Assim, temos que o contrato futuro é caracterizado por sua padronização elevada, sua alta liquidez, pela negociação transparente na bolsa por meio do pregão e pela possibilidade de encerrar posições com qualquer participante em qualquer tempo devido ao ajuste realizado diariamente nos valores dos contratos. 7 Além disso, podemos comentar sobre algumas desvantagens da operação do mercado futuro: Alta exigência de movimentação financeira, pois existem os ajustes diários; Custo elevado em comparação aos custos dos contratos a termo; Necessidade de depósito de garantias. Muitos perguntam a respeito de como se proteger das oscilações do dólar, de outras moedas e das commodities, principalmente pensando em realizar suas exportações sem se prejudicarem. A resposta é o contrato de hedge, que é um contrato futuro. Para exemplificarmos um contrato futuro e juntamente demonstrarmos essa proteção, vamos imaginar que uma empresa exportadora de etanol necessite suprir sua demanda e precise que seu fornecedor realize a produção do mês de dezembro de 20XX, que seria o equivalente a 100.000 galões para que consiga realizar seus compromissos de exportação. Pensando no dia 12/06/20XX, no mercado futuro, o preço do galão de etanol estava cotado a R$ 9,00 para dezembro de 20XX. Por isso, pensando em evitar o risco de uma elevação no preço do galão do etanol, percebendo que essa cotação possibilita um custo adequado com sua receita de exportação, a empresa adquire 300 contratos com vencimento em dezembro de 20XX, que equivalem a 30.000 litros e garantindo assim uma proteção de parte de sua compra futura. Então, a empresa fixou 30.000 litros a um preço de R$ 9,00 por litro, resultando em um valor de R$ 270.000,00. Esse tipo de negociação é chamado de hedge de compra. Quando o contrato vencer, em dezembro de 20XX, as posições serão finalizadas utilizando-se da média dos últimos cinco dias úteis do preço no mercado à vista. Verificaremos então a situação do valor do litro em dezembro, pois ele pode ser maior, menor ou igual aos R$ 9,00. Com isso, a empresa realiza a liquidação de sua posição em bolsa vendendo os contratos para comprar o etanol. Podemos verificar os cenários na tabela a seguir: 8 Preço em dezembro de 20XX Preço em 12/06/20XX Saldo a receber na bolsa Cenário A R$ 12,00 -R$ 9,00 R$ 3,00 Cenário B R$ 9,00 -R$ 9,00 R$ 0,00 Cenário C R$ 8,00 -R$ 9,00 -R$ 1,00 Com isso, podemos verificar que independentemente do preço de compra do litro do etanol em dezembro, o preço de compra para a empresa exportadora será de R$ 9,00. Apenas para demonstrar o cenário A da tabela anterior, a empresa receberá R$ 3,00 na Bolsa, pagando R$ 12,00 o litro no mercado disponível, resultando assim numa compra de R$ 9,00 por litro. No cenário 3, ela paga R$ 1,00 por litro na Bolsa, entretanto adquire no mercado disponível o litro por R$ 8,00, resultando em uma compra de R$ 9,00 por litro do etanol. Observe que se não houvesse o mercado de futuros, a companhia que obtivesse estoques de um ativo correria um grande risco com as alterações do preço desse ativo. Felizmente o mercado já possui um nível de maturidade elevado e por isso oferece diversos recursos para as companhias. Utilizar essas proteções disponibilizadas pelo mercado de futuros pode salvar uma organização, e você, como gestor financeiro, deve estar atento para diminuir o risco de suas operações. TEMA 3 – MERCADO DE OPÇÕES Muitas empresas e pessoas acreditam que se realizarem operações no mercado de opções, ganharão muito dinheiro. Em alguns casos, são influenciados pelo analista da corretora. Lembre-se: o analista da corretora e o gerente do banco são funcionários de outra empresa, e podem até ser considerados vendedores dessas empresas; por isso, suas recomendações normalmente são boas para as empresas em que trabalham e não para o cliente. Por isso, quanto mais conhecermos dos mercados, mais fácil será direcionar o que melhor atenderá às nossas necessidades pessoais ou da organização em que estamos. O mercado de opções é baseado em contratos que fornecem o direito de compra ou venda de um ativo mediante o pagamento de um prêmio, de forma 9 diferente dos termos e futuros em que se negociam os ativos. Por exemplo: o comprador adquire o direito (prêmio ou preço da opção) de comprar as ações de uma empresa por um preço definido no contrato (preço de exercício) em uma data futura. Quando essa data futura chegar, o comprador pode exercer o seu direito, comprando de fato as ações ou não. De forma simples, o mercado de opções permite a comercialização do direito de comprar ou de vender um ativo por um preço fixado em uma data futura. Para nos familiarizarmos com esse mercado, vamos conhecer alguns termos. O direito de comprar, ou seja, a opção de compra, é normalmente chamada pelo mercado de call. Por outro lado, o direito de vender, que é a opção de venda, é chamado de put. Usualmente, em umaopção temos o ativo-objeto, como ações da Petrobrás, o preço de exercício, uma data de vencimento da opção e o que se paga pela opção (direito), que é o prêmio. Cabe salientar que se negocia um direito e não uma obrigação, permitindo que esse direito seja exercido ou não. De acordo com Kerr (2011, p. 188), existem duas categorias de opções no que tange ao prazo de vencimento. O autor menciona sobre o tipo europeu que permite a realização do direito apenas na data de vencimento e o tipo americano, no qual o direito poderá ser exercido em qualquer momento entre a data de compra e a data de vencimento da opção. É também importante sabermos que o comprador de uma opção é chamado de titular, e o vendedor é denominado lançador. Este sim, possui a obrigação de comprar ou vender a ação quando o titular exercer seu direito. Ademais, vale ressaltar que no mercado de opções o comprador pode ter uma perda de no máximo o prêmio pago pela opção. Já o lançador da opção terá um alto risco, visto que a flutuação das ações é indeterminada. Kerr (2011, p. 188) menciona o seguinte acerca das opções de compra e venda: Opção de compra: gera ao titular o direito de comprar o ativo-objeto pelo preço de exercício, na data de vencimento, lembrando que isso não é uma obrigação. O comprador paga o prêmio ao lançador já na data de compra da opção. 10 Opção de venda: gera ao titular o direito de vender o ativo-objeto pelo preço de exercício, na data de vencimento. Similar às opções de compra, o titular paga um prêmio ao lançador já na data de compra da opção. #ficaadica Para visualizar as opções disponíveis, basta acessar e selecionar a empresa: <http://www.bmfbovespa.com.br/pt_br/servicos/market-data/consultas/mercado- a-vista/opcoes/>. Observe agora um exemplo de uma call: para a ações da Petrobrás, temos a opção de compra PETRB29 de ações ordinárias (ON) PETR3. Essas ações estão sendo comercializadas no mercado pelo valor R$ 16,35. O vencimento da opção ocorrerá no dia 20/02/20XX (tipo europeia). O preço de exercício é de R$ 18,00. Para obter essas opções, o titular pagou um prêmio de R$ 1,00 por ação, considerando que ele comprou uma opção para 1.000 ações, e que desembolsou no dia 17/01/20XX, R$ 1.000,00. Por isso, o titular terá o direito de comprar as ações da PETR3 por R$ 18,00 cada no dia 20/02/20XX. Caso no vencimento da opção o valor das ações estiver R$16,00 cada, não será vantajoso para o titular exercer seu direito de compra, pois ele pagaria R$ 18,00 por ação, sendo que pode comprar no mercado a vista por R$ 16,00. Nesse cenário, quem lucra é o lançador, pois ele recebeu o prêmio e continuou com suas ações. Contudo, se o valor da PETR3 no dia 20/02/20XX estiver em R$ 22,00, o titular exercerá seu direito e comprará as ações por R$ 18,00, obrigando o lançador a vender as ações. Nesse caso, o titular obterá um ganho, pois pagou de prêmio R$ 1,00 por ação, em que podemos considerar então que pagou R$ 19,00 por uma ação que vale R$ 22,00 no mercado a vista, obtendo um ganho de R$ 3,00 por ação. No caso de um put, a operação seria similar, entretanto seria exercido – ou não – o direito de venda de ações de uma empresa. Note que no investimento em opções é possível lucrar mesmo com a desvalorização dos preços das ações, dependendo da estratégia do investidor. 11 Para finalizarmos nosso tema, vamos conhecer, de forma resumida, o que é swap. O termo swap vem do inglês e significa “permuta”. No mercado de capitais, eles são contratos nos quais as partes firmam trocar fluxos de caixa futuros, considerando datas e regras predeterminadas. Existem, normalmente, duas categorias: swaps de moedas e swaps de taxa de juros. TEMA 4 – RENDA FIXA Agora que já vimos sobre a maioria dos derivativos, vamos analisar produtos de renda fixa muito acessados pelas organizações. Como o próprio nome se refere, renda fixa é associada a qualquer investimento que tem suas regras de remuneração definidas – como a forma de cálculo e pagamento da remuneração e os prazos. Vale ressaltar que a previsibilidade é a principal diferença entre investimentos de renda fixa e variável. Como o próprio nome se refere, a renda fixa é associada a qualquer investimento que tem suas regras de remuneração definidas, como a forma de cálculo e pagamento da remuneração, assim como os prazos. Esse tipo de investimento possui uma função importante na economia de um país, porque financia projetos na forma de um empréstimo. Nesse caso, o emitente do título capta recursos para financiar seus projetos e o adquirente dos títulos recebe uma remuneração estabelecida no início da aplicação. O mercado de renda fixa é baseado em títulos públicos e privados. Um exemplo de produto de renda fixa são as debêntures – as quais já estudamos anteriormente. Elas são títulos privados de renda fixa, pois estipulam a taxa de remuneração, o prazo e as formas de pagamento. Os bancos oferecem os mais variados produtos de renda fixa, tais como fundos e títulos privados. Entretanto aqui veremos os principais produtos listados na BM&FBovespa. 12 Títulos públicos federais São também chamados de Tesouro Direto; estes são títulos emitidos pelo governo federal com o intuito de captar recursos para financiar os projetos públicos do país. Além disso, esses títulos podem ser comercializados tanto no mercado primário, quando emitidos inicialmente, quanto no secundário. Muitas pessoas perguntam sobre o risco de calote do governo, entretanto, esse risco é muito baixo, pois se o governo não pagar seus credores terá dificuldades de acessar qualquer tipo de capital. O Tesouro Direto é uma parceria do Tesouro Nacional com a BM&FBovespa para a venda dos títulos públicos federais para pessoas físicas via internet. Atualmente, para se investir no Tesouro Direto é muito simples, bastando possuir uma corretora e realizar o cadastro no Tesouro, tudo on-line. Com no mínimo R$30,00 já é possível adquirir títulos públicos. Existem inúmeros tipos dos títulos do Tesouro, sendo os principais: IPCA+: é um título que remunera o investidor com o índice IPCA somado a uma taxa fixa de rendimento, que normalmente gira em torno de 5 a 7% ao ano. Tesouro Prefixado: remunera o investidor com uma taxa anual de juros prefixada, ou seja, já conhecida no momento da compra do título. Tesouro SELIC: remunera o investidor de acordo com a variação da taxa SELIC diária registrada entre a data de liquidação da compra e a data de vencimento do título. Saiba mais Acesse o site do Tesouro Nacional para conhecer melhor a respeito de títulos públicos (Tesouro Direto): <http://www.tesouro.gov.br/web/stn/tesouro- direto#menu>. Como títulos privados de renda fixa, a BM&FBovespa oferece os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRA), os Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI), as debêntures e as Letras Financeiras (LF). Com exceção das debêntures, pois já as estudamos, vamos conhecer cada um dos outros: CRA: são títulos lastreados em recebíveis advindos de negócios do mercado do agronegócio, que englobam produtores, cooperativas e 13 terceiros, que também se referem a financiamentos ou empréstimos associados à produção, comercialização, industrialização dos produtos, insumos agropecuários e outros. É interessante conhecer que nessas negociações as companhias fornecem seus recebíveis para uma securitizadora, responsável por emitir e disponibilizar os certificados para comercialização no mercado de capitais. Com isso, a companhia consegue antecipar o recebimento de seus recebíveis, descontando uma taxa deremuneração do capital. CRI: similar ao CRA, é um título lastreado em créditos imobiliários, como financiamentos residenciais e comerciais e contratos de aluguel de longo prazo. Possui o propósito de captar recursos destinados ao financiamento das transações do mercado imobiliário. Para o investidor, ele é gerador de um direito de crédito ao investidor. Ele possuirá o direito de receber uma remuneração, normalmente via juros, do emissor. Ao vencimento do título, o investidor receberá de volta o valor investido, o valor do principal. Letras financeiras: possuem o objetivo de captar recursos de longo prazo, sendo o seu vencimento superior a dois anos. São títulos emitidos por instituições financeiras. Para os investidores, essas letras disponibilizam melhor rentabilidade do que outras aplicações financeiras com liquidez diária ou com prazo inferior de vencimento. Além desses títulos, a BM&FBovespa disponibiliza fundos como investimento em renda fixa. Esses fundos são os FIDCs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios). Eles representam a junção de recursos, e ao menos 50% do seu patrimônio líquido é destinado para aplicações em direitos creditórios. Os FIDCs são considerados investimento em renda fixa. Ademais, os direitos creditórios são advindos dos créditos que uma companhia possui a receber, podendo ser em cheques, duplicatas e outros. Quando uma empresa realiza uma venda a prazo, via cartão de crédito, estes recebíveis podem ser vendidos para um FIDC na forma de direitos creditórios, fazendo com que a empresa antecipe o recebimento da venda, e em contrapartida cederá uma taxa de desconto para os investidores. Vale lembrar que é de responsabilidade do administrador (instituição financeira), criar o fundo e realizar o processo de captação de recursos por meio da venda de cotas. 14 Lembre-se de que qualquer ganho de capital realizados por meio de investimentos é tributado pela Receita Federal via Imposto de Renda (IR), entretanto alguns investimentos são isentos de IR, tais como a Poupança, LCI (Letras do Crédito Imobiliário) e LCA (Letras do Crédito do Agronegócio). Vale considerar esse aspecto quando realizar a análise de aplicações. TEMA 5 – FUNDOS E BDRS Neste tema, conversaremos a respeito dos outros fundos de investimento, assim como sobre BDRs. Da mesma forma que os bancos, a BM&FBovespa oferece uma listagem de fundos de investimento. Vale lembrar que um fundo de investimento é um condomínio que une recursos de um grupo de investidores (cotistas) e que possui como intuito obter ganhos financeiros por meio da aquisição de uma carteira estruturada por diversos ativos. Ademais, os gestores do fundo recebem uma taxa de administração como forma de remuneração. Os fundos são categorizados dependendo do tipo do ativo principal. Dentre os de renda variável, temos: Fundo de Investimento em Ações (FIA): são fundos que possuem uma carteira baseada em ações. O principal fator de risco para ele é a variação dos preços das ações. Sua renda é oriunda dos rendimentos distribuídos pelas companhias, tais como dividendos e juros sobre o capital próprio. Por exemplo, para alguém que não quer ficar gerindo uma carteira de ações, é possível terceirizar essa atividade fazendo parte de um fundo e pagando a taxa de administração. É importante ressaltar que a BM&FBovespa exige o cumprimento de diversas normas para listar tais fundos. Fundo de Investimento Imobiliário (FII): similar aos demais fundos, ele possui uma carteira que, em sua maioria, é baseada em ativos imobiliários – principalmente imóveis. Sua renda é constituída pelos aluguéis dos imóveis em carteira. É uma relevante opção para quem busca investir em imóveis. Imagine que você vá comprar um imóvel por acreditar que este gerará uma boa rentabilidade nos próximos anos. Entretanto, a primeira dificuldade é o valor do imóvel, que para uma pessoa comprar pode ser alto demais e inviabilizar o investimento. Além disso, se a receita for obtida via aluguel, existe todo o desgaste de procurar inquilino, da degradação 15 interna do imóvel, entre vários outros pontos. Por meio do fundo, você pode investir, por exemplo, apenas R$ 10.000,00 e virar cotista de vários imóveis, sem se preocupar com a operação. Cada fundo oferece um prospecto demonstrando seus imóveis e objetivos. Além disso, no caso dos FIIs, não existe a incidência de IR sobre a receita gerada com os aluguéis. Já caso o imóvel fosse alugado via pessoa física, o IR seria devido. Fundo de Investimento em Participações (FIP): é um fundo que destina seus recursos à aplicação em companhias abertas, fechadas e até mesmo em sociedades limitadas, em fase de desenvolvimento. Nesse caso, o fundo participará do processo decisório da organização investida. Exchange Traded Fund (ETF): é conhecido também como ETF de renda variável ou de ações; é um fundo em que sua aplicação é alocada em uma carteira de ações que visa a retornos correspondentes ao desempenho de um índice de referência da BM&FBovespa. É interessante ressaltar que a compra e venda desses fundos é muito simples devido à organização da BM&FBovespa, que permite a compra e venda dos fundos serem realizadas de forma similar à compra e venda de ações. Agora que conhecemos os fundos, vamos conhecer os BDRs ou certificado de depósito de valores mobiliários. Quem nunca pensou em ser acionista das empresas mais influentes do mundo, como Google, Apple e Facebook? A princípio, para isso, seria necessário abrir uma conta em uma corretora dos Estados Unidos, o que seria um grande desafio. Pensando nisso, a BM&FBovespa criou os BDRs Patrocinados (Brazilian Depositary Receipts). Eles são valores mobiliários emitidos no Brasil e que são lastreados por ativos, normalmente ações, emitidos no exterior. A companhia estrangeira deve contratar uma instituição depositária no Brasil para realizar a emissão das BDRs, sendo essa instituição responsável por emiti-los. Essa instituição possui como responsabilidade a garantia de que os BDRs Patrocinados emitidos de fato estejam lastreados nos valores mobiliários emitidos no exterior. Em resumo, quando alguém compra BDRs, significa que indiretamente essas pessoas possui ações de uma companhia com sede em outro país, sem 16 a necessidade de abrir conta em uma corretora estrangeira, e evitar a burocracia existente para realizar a compra de ações em outros países e bolsas. Apenas a título de conhecimento, saiba que há vários níveis de BDRs Patrocinados e de segmentos de listagem das ações. Vale mencionar também que existem ainda os BDRs Não Patrocinados Nível I (BDR NP). Eles também são valores mobiliários emitidos no Brasil por instituições depositárias e são lastreados com valores mobiliários emitidos no exterior (ações de empresas estrangeiras). A grande diferença de um BDR NP é que a instituição depositária emissora do certificado não possui um acordo com a companhia estrangeira emissora dos valores mobiliários objeto do certificado de depósito. Por isso, caso uma empresa brasileira demonstre interesse em adquirir ações de empresas estrangeiras, isso pode ser realizado indiretamente via BDR. Você, gestor financeiro, agora conhece todas essas possibilidades de realização de investimentos. TROCANDO IDEIAS A você, futuro gestor, recomendamos que sua inserção no mercado de capitais seja realizada de forma gradativa. Não busque de imediato a negociação no mercado de derivativos, como as opções. Inicie compreendendo sobre o mercado acionário e realizando operações aos poucos, para entender sua dinâmica.Ao longo do tempo, adquira mais conhecimento e passe a investir em outros produtos, inclusive fundos. Claro que você deve verificar qual é o seu objetivo com os investimentos e buscar aquele que mais atenda suas necessidades e expectativas. Muitas pessoas buscam o Tesouro Direto. Atualmente o acesso a todos eles é simplificado, e muitas vezes se dá por meio de sistemas na internet e por apps. Para se ter ideia, hoje existem apps como o Guia Bolso, que facilita muito a gestão financeira pessoal; há o app do Tesouro Direto, que permite comprar e vender títulos públicos; há ainda os apps das corretoras que possibilitam a compra e venda de ações, tudo de modo fácil e rápido por meio de um smartphone. É um mundo novo e devemos aproveitar a otimização que esses sistemas geram em nosso cotidiano. Vale lembrar também que nós, como profissionais, devemos embasar nossas decisões com informações; com elas, tudo fica mais fácil. 17 SÍNTESE Nesta rota, apresentamos mais mercados relevantes. Abordamos os derivativos, comentando sobre mercado a termo, mercado de futuros e o mercado de opções. Esse último comercializa o direito de compra ou venda de um ativo. Todos possuem particularidades e podem trazer benefícios para a organização. Em seguida, abordamos os produtos de renda fixa, conhecendo seus diversos títulos, e vimos que a previsibilidade é uma de suas vantagens. Além disso, soubemos que existem fundos específicos de investimentos que são comercializados pela BM&FBovespa, e que é possível investir em ações estrangeiras por meio dos BRDs Patrocinados e Não Patrocinados. REFERÊNCIAS BMFBOVESPA. Disponível em: <http://www.bmfbovespa.com.br>. Acesso em: 19 abr. 2017. KERR, R. B. Mercado financeiro e de capitais. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2011. PEREIRA, C. L. Mercado de capitais. Curitiba: InterSaberes, 2013. TESOURO DIRETO. Disponível em: <http://www.tesouro.gov.br/web/stn/ tesouro-direto#menu>. Acesso em: 27 abr. 2017.
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