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Tutelas Coletivas MP SP – 2017 – Em ação civil pública, proposta pelo Ministério Público, pode o Promotor de Justiça fazer negócio jurídico ou convenção processual? Justifique sua resposta. Banco de Questões Discursivas BQD MP SP – 2017 – Em ação civil pública, proposta pelo Ministério Público, pode o Promotor de Justiça fazer negócio jurídico ou convenção processual? Justifique sua resposta. Resposta: Tradicionalmente, como o processo era visto como um ramo do direito público e o negócio do direito privdo, a doutrina via óbice na fusão dos institutos. Posteriormente, nasceu crítica a essa acepção, visto que o processo não é imune a acordos e convenções e o contrato não é apenas uma figura do direito privado. Assim, a figura do contrato passou a integrar a realidade do direito público, bem como reconheceu-se certo grau de disponibilidade do interesse público, o que afetou o processo. Esse movimento de contratualização ou convencionalidade chegou até o processo penal, onde é mais evidente o interesse público. Diversos institutos negociais e cooperativos foram desenvolvidos como a colaboração premiada, a transação penal, suspensão condicional do processo, composição civis de danos etc. O mesmo ocorreu como “processo sancionador”, como no caso do compromisso de cessação e o acordo de leniência nas infrações à ordem econômica. Em matéria de improbidade administrativa, a despeito da proibição constante do §1º do art. 17 da lei 8429/92, com respaldo em determinado setor da doutrina, já se têm levantado vozes pela inadequação deste entendimento, fundamentando nessa guinada do ordenamento jurídico para a consensualidade e para a convencionalidade e, inclusive, pelo mesmo fato ensejador de responsabilidade penal, podendo nesta seara haver a transação e na esfera da improbidade não. E até pelo avanço legislativo trazido pela lei anticorrupção, possibilitando o acordo de leniência, denotou-se a clara opção do legislador por permitir acordos em matéria de improbidade. Nas ações coletivas a disposição sobre direitos coletivos existe, mas é restrita: o próprio direito coletivo não é de todo transacionável. No Termo de Ajustamento de Conduta – TAC o que se permite é a negociação do tempo e do modo de cumprimento das obrigações. Impactado por tal evolução, o NCPC reforçou os mecanismos de autocomposição e ampliou os negócios processuais típicos. Conforme o exposto, no que se refere ao direito material, ainda que haja restrições no que tange à disponibilidade, existe alguma margem para autocomposição. Assim, se a convencionalidade é reconhecida no processo penal e sancionador, no processo civil de interesse público e nos termos de ajustamento de conduta, em todos estes até mesmo para dispor de alguns interesses substanciais, não existe óbice para a negociação em matéria processual, pois não há disposição de direitos materiais da coletividade. Ou seja, a indisponibilidade do direito não impede a negociação sobre o processo e o procedimento. A disposição de direito processual não tem como reflexo necessário a mitigação do direito material cuja tutela é pretendida na relação jurídica processual. A convenção processual pode, sim, reforçar a proteção que o ordenamento atribui aos bens com algum grau de indisponibilidade. Exemplo: firmar convenção para fixar foro competente que seja mais eficiente para a colheita da prova ou que importe em maior proximidade geográfica com a comunidade lesada. Neste sentido o enunciado 135 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “A indisponibilidade do direito material não impede, por si só, a celebração de negócio jurídico processual”. Assim, tanto antes de iniciar uma ação civil pública, no bojo de um Compromisso de Ajustamento de Conduta, quanto após o seu ajuizamento, pode o Ministério Público realizar negócio jurídico processual. Não é outro o sentido do art. 16 da Resolução 118 do CNMP, de antes mesmo do NCPC, quando diz que “Segundo a lei processual, poderá o membro do Ministério Público, emqualquer fase da investigação ou durante o processo, celebrar acordos visando constituir, modificar ou extinguir situações jurídicas processuais. Observação: Bibliografia: Coleção Repercussões do Novo CPC. Coordenador Geral Fredie Didier Jr. V.6. Ministério Pùblico. Coordenadores: Robson Renault Godinho e Susana Henriques da Costa. Juspodivm. Textos do Livro: 1 – Capítulo 8 – As convenções processuais e o termo de ajustamento de conduta – Antônio do Passo Cabral. 2 – O Ministério Pùblico, o novo CPC e o negócio jurídico processual – Marcos Stefani.
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