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2 oficina Oficina Língua Portuguesa III - Parte I Autora Profª. Márcia Arouca 3 oficina Oficina de Língua Portuguesa III - resumo e resenha Sumário AULA 1: Resumo e resenha (2 horas/aula). AULA 2: Definição de resumo, condições de produção e exercícios (2 horas/aula). AULA 3 : Procedimentos de sumarização, apagamento e exercícios (2 horas/aula). AULA 4: Procedimentos de sumarização, generalização e exercícios (2 horas/aulas). AULA 5: Procedimentos de sumarização, referência ao autor do texto-fonte, contexto de produção e exercícios (2 horas/aula). AULA 6: Gêneros textuais: resumo e resenha (1 hora/aula). AULA 7: Características do gênero resenha (1 hora/aula). AULAS 8 e 9: Exercícios sobre características da resenha em texto já trabalhado e em texto novo (3 horas/aula). AULA 10: Presença da “voz” do resenhador e da “voz” do autor do texto (2 horas/aula). AULA 11: Exercícios de fixação: a) análise de resenhas: título, assunto, referência ao autor da obra resenhada e citações; b) análise de resenhas: seleção linguística de verbos e definição de objetivo da resenha (2 horas/aula). AULAS 12 e 13: Macroestrutura da resenha: introdução, desenvolvimento e conclusão (2 horas/ aula). AULAS 14 e 15: Macroestrutura da resenha – exercícios de resumo e resenha (3 horas/aula). AULAS 16 e 17: Recursos de organização textual de resenhas (3 horas/aula). AULA 18: Operações de referência ao autor do texto-fonte (estabelecimento da ponte entre a resenha e a obra resenhada) (1 hora/aula). AULA 19: Mecanismos de introdução de relações da obra resenhada com outras obras – citação de outros autores que corroborem com a avaliação do resenhista (1 hora/aula). AULA 20: Coesão e coerência – organizadores textuais (1 hora/aula). 4 oficina Introdução Caro(a) aluno(a), Você já cursou ou conhece as oficinas de Língua Portuguesa I e II? A oficina de Língua Portuguesa I traz uma revisão dos principais conteúdos de ortografia e gramática tratados no ensino médio. As oficinas de Língua Portuguesa II e esta têm como objetivo melhorar a sua competência de leitor de textos científicos e técnicos. Na oficina de LP II, você aprendeu a fazer anotações e fichamentos. Esta oficina – Língua Portuguesa III – dá continuidade a anterior e com ela você aprende a fazer resumos e resenhas. Claro que é melhor seguir a ordem proposta, mas as oficinas são independentes e poderão ser cursadas segundo o seu interesse. O importante é que você aprenda com elas e aperfeiçoe a sua condição de leitor. Aula I - Resumo e Resenha Objetivo: Apontar as condições para a produção de texto: quem (produtor do texto), para quem (leitor) e para quê (objetivo do texto). Ler um texto implica desvendar diversos aspectos que o compõem, de sua estrutura à organização da linguagem que o autor empregou. Há textos de diversos tipos: alguns contam histórias, defendem posicionamentos; outros explicam determinados fatos ou fenômenos, e outros, ainda, informam sobre outro texto. Você começará sua experiência com a leitura sistematizada de textos que informam o conteúdo de outro texto, chamado de texto-fonte. 5 oficina 1 Leia os textos Texto 1 Desenvolvimento sustentável Marina Ceccato Mendes O atual modelo de crescimento econômico gerou enormes desequilíbrios; se, por um lado, nunca houve tanta riqueza e fartura no mundo, por outro lado, a miséria, a degradação ambiental e a poluição aumentam dia a dia. Diante dessa constatação, surge a ideia de Desenvolvimento Sustentável (DS), buscando conciliar o desenvolvimento econômico com a preservação ambiental e, ainda, ao fim da pobreza no mundo. As pessoas que trabalham na Agenda 21 escreveram a seguinte frase: “A humanidade de hoje tem a habilidade de desenvolver-se de uma forma sustentável, entretanto é preciso garantir as necessidades do presente sem comprometer as habilidades das futuras gerações em encontrar suas próprias necessidades”. Essa frase toda pode ser resumida em poucas e simples palavras: desenvolver em harmonia com as limitações ecológicas do planeta, ou seja, sem destruir o ambiente, para que as gerações futuras tenham a chance de existir e viver bem, de acordo com as suas necessidades (melhoria da qualidade de vida e das condições de sobrevivência). Será que dá para fazer isso? Será que é possível conciliar tanto progresso e tecnologia com um ambiente saudável? Acredita-se que isso tudo seja possível, e é exatamente o que propõem os estudiosos em Desenvolvimento Sustentável (DS), o qual pode ser definido como: “equilíbrio entre tecnologia e ambiente, relevando-se os diversos grupos sociais de uma nação e também dos diferentes países na busca da equidade e justiça social”. Para alcançarmos o DS, a proteção do ambiente tem de ser entendida como parte integrante do processo de desenvolvimento e não pode ser considerada isoladamente; é aqui que entra uma questão sobre a qual talvez nunca se tenha pensado: qual é a diferença entre crescimento e desenvolvimento? A diferença é que o crescimento não conduz automaticamente à igualdade nem à justiça sociais, pois não leva em consideração nenhum outro aspecto da qualidade de vida a não ser o acúmulo de riquezas, que se faz nas mãos apenas de alguns indivíduos da população. O desenvolvimento, por sua vez, preocupa-se com a geração de riquezas sim, mas tem o objetivo de distribuí-las, de melhorar a qualidade de vida de toda a população, levando em consideração, portanto, a qualidade ambiental do planeta. O DS tem seis aspectos prioritários que devem ser entendidos como metas: (a) a satisfação das 6 oficina necessidades básicas da população (educação, alimentação, saúde, lazer etc.); (b) a solidariedade para com as gerações futuras (preservar o ambiente de modo que elas tenham chance de viver); (c) a participação da população envolvida (todos devem se conscientizar da necessidade de conservar o ambiente e fazer cada um a parte que lhe cabe para tal); (d) a preservação dos recursos naturais (água, oxigênio etc.); (e) a elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas (erradicação da miséria, do preconceito e do massacre de populações oprimidas, por exemplo, os índios); e (f) a efetivação dos programas educativos. Na tentativa de chegar ao DS, sabemos que a Educação Ambiental é parte vital e indispensável, pois é a maneira mais direta e funcional de se atingir pelo menos uma de suas metas: a participação da população. MENDES, Mariana Ceccato. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 1995. p. 429. Texto 2 MENDES, Mariana Ceccato. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 1995. 429 p. Mendes (1995) trata de fatos desencadeadores da ideia de desenvolvimento sustentável (DS), apresentando o modelo de crescimento econômico como um dos maiores geradores de desequilíbrios entre progresso, homem e natureza. Ela cita a definição de DS formulada pelas pessoas que se ocupam do tema e seus posicionamentos, para levantar questionamentos sobre a possibilidade de conciliação entre progresso e tecnologia com ambiente saudável. Para justificar seus questionamentos, a autora estabelece a diferença entre crescimento e desenvolvimento, afirmando que o primeiro não conduz à igualdade e à justiça sociais; e o segundo conduz à geração de riquezas, mas com a preocupação na melhoria de qualidade de vida e, portanto, na qualidade ambiental do planeta. Nesse sentido, Mendes argumenta que, embora tenha seis aspectos prioritários que devam ser entendidos como meta, o DS só será efetivo e, por nós, alcançado, se a proteção ao ambiente for considerada, por toda a população, como parte integrante do processo de desenvolvimento e não isoladadele. Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Proteção ao ambiente. Participação da população. Comparando os textos 1 e 2, podemos dizer que o tema é o mesmo: Desenvolvimento sustentável, porém se percebe algumas características que os diferenciam, tais como: 7 oficina a) A escolha, pelo autor, de um tema para discutir e de uma tese para defender. b) A escolha de palavras adequadas para expressar o seu posicionamento. c) A escolha de elementos que o estruturam (argumentos, questionamentos, exemplos etc.). d) A extensão do texto (tamanho). e) A forma como os autores dialogam com seus leitores etc. 2 Observe atentamente os textos 1 e 2 e responda ao que seguem. a) Sobre o texto 1 podemos afirmar que: ( ) é um artigo de opinião. ( ) é uma crônica. ( ) é uma notícia. ( ) é uma resenha. b) Que característica do texto induziu você a escolher tal alternativa? Explique. _________________________________________________________________ _________________________________________________________________ c) Sobre o texto 2, podemos afirmar que ( ) é um artigo de opinião. ( ) é uma crônica. ( ) é um resumo. ( ) é uma resenha. d) Que característica do texto induziu você escolher tal alternativa? Explique. ____________________________________________________________________ _______________________________________________________________ Muitas características estabelecem diferenças entre os textos produzidos, classificando-os de acordo com suas condições de produções (quem produz o que, para que e para quem o texto é produzido). Assim, pode-se afirmar que as características observadas no texto 2 configuram a produção de resumo. 8 oficina Aula 2 - Definição de resumo / condições de produção Objetivo: Definir o que é um resumo e apresentar as condições para a sua produção. Resumo é um texto informativo-referencial que compreende a apresentação dos pontos principais de um texto-fonte, de forma a dispensar a sua consulta (Cf. MACHADO, et al. 2004). Sua estrutura – forma composicional (BAKHTIN, 1979) – apresenta palavras-chave e contém apenas um parágrafo com, no máximo, 500 palavras (Cf. ABNT, NBR 6028:2003). Sabendo que as condições de produção determinam as informações que são selecionadas do texto-fonte para compor o resumo, leia os textos e responda às questões que lhes seguem: Texto 3 (Resumo 1) Tempos de Paz Com a direção de Daniel Filho, Tempos de Paz volta a 18 de abril de 1945. Durante anos, centenas de pessoas foram torturadas pelo regime de Getúlio Vargas, mas com a pressão externa decorrente do fim da 2ª Guerra Mundial, vários presos políticos ganharam a liberdade. Segismundo (Tony Ramos) é um ex-oficial da polícia política de Vargas que agora teme que suas vítimas resolvam se vingar. Ele trabalha como chefe da seção de imigração na Alfândega do Rio de Janeiro, tendo por função evitar a entrada de nazistas. Em uma averiguação habitual, ele interroga Clausewitz (Dan Stulbach), um ex-ator polonês que, por recitar Carlos Drummond de Andrade, lhe foi enviado por um subalterno. Para convencer que não é nazista, Clausewitz precisa usar todo o seu talento como ator. EPIPOCA. Disponível em: <http://epipoca.uol.com.br/filmes_detalhes.php?idf=21366>. Acesso em: 15 mai. 2009. Texto 4 (Resumo 2) Liderado por William Naraine, o Double You foi formado em 1991 e, apenas um ano depois, estourou com “Please Don’t Go”, música mais tocada em danceterias e rádios naquele ano. Completando dezesseis anos e mais de cinco milhões de discos vendidos, o grupo lança seu primeiro DVD, gravado na Limelight, famosa casa noturna paulistana. O repertório reúne os sucessos da banda, entre eles: “She’s Beautiful”, 9 oficina “Looking At My Girl”, “Run To Me”, “Who’s Fooling Who”, a música que fez o Double You estourar em todo o planeta e mais três inéditas. O DVD traz ainda regravações de U2 e Bryan Adams (“With or Without You” e “Everything I Do (I Do It For You)”, respectivamente), e álbum de fotos com os bastidores da apresentação. DVDs. Disponível em: <http://www.submarino.com.br/produto/6/21341905/double+you+live? menuId=206039>. Acesso em: 13 jun. 2009. Texto 5 (Resumo 3) RESUMO A argumentatividade é uma das principais características dos artigos de opinião. Por meio dela o falante/ escritor persuade, convence e direciona a interpretação do ouvinte/leitor uma determinada conclusão. Nesse âmbito, este trabalho de conclusão de curso tem como objetivo analisar a argumentação em artigos de opinião do jornalista Carlos Heitor Cony, publicados no jornal Folha de São Paulo, a fim de verificar como a argumentatividade se manifesta em tais textos. Para atingir esses objetivos apoiamos as análises em Koch (2002; 2004; 2006; 2007), em Ducrot (1980) e em Platão & Fiorin (1998). A pesquisa é caracterizada como um estudo documental, com abordagem qualitativa e uma análise interpretativista do fenômeno linguístico. As análises mostram que a argumentação se materializa nos textos de Cony por meio de tipos diferentes de argumentos, a saber: argumentos baseados em provas concretas, no consenso, na competência linguística, no raciocínio lógico e em autoridades de determinadas áreas de conhecimento. Palavras-chave: Argumentação. Artigos de opinião. VALENTIM, A. A argumentatividade em Cony. 42f. (Monografia). Curso de Letras. Faculdade Anchieta. São Bernardo do Campo, 2008. Texto 6 (Resumo 4) Crepúsculo Em Crepúsculo, o objeto da paixão da protagonista é um vampiro. Assim, soma-se à paixão um perigo sobrenatural temperado com muito suspense, e o resultado é um romance repleto das angústias e incertezas da juventude – o arrebatamento, a atração, a ansiedade que antecede cada palavra, cada gesto, e todos os medos. Isabella Swan chega à nublada e chuvosa cidadezinha de Forks – último lugar onde gostaria de viver. Tenta se 10 oficina adaptar à vida provinciana na qual aparentemente todos se conhecem, lidar com sua constrangedora falta de coordenação motora e se habituar a morar com um pai com quem nunca conviveu. Em seu destino, está Edward Cullen. Ele é lindo, perfeito, misterioso e, à primeira vista, hostil à presença de Bella o que provoca nela uma inquietação desconcertante. Ela se apaixona. Ele, no melhor estilo “amor proibido”, alerta: “Sou um risco para você”. Ela é uma garota incomum. Ele é um vampiro. Ela precisa aprender a controlar seu corpo quando ele a toca. Ele, a controlar sua sede pelo sangue dela. Em meio a descobertas e sobressaltos, Edward é, sim, perigoso: um perigo que qualquer mulher escolheria correr. Nesse universo fantasioso, os personagens construídos por Stephenie Meyer – humanos ou não – se mostram de tal forma familiares em seus dilemas e seu comportamento que o sobrenatural parece real. Meyer torna plausível a paixão de uma garota de 17 anos por um vampiro encantador. CREPÚSCULO. Disponível em: <www. submarino.com.br/produto/121335562/crepusculo>. Acesso em: 17 mai. 2009. Texto 7 (Resumo 5) A casa ecológica: uma proposta que reúne tecnologia, conforto e coerência com os princípios ambientais Cristina E. Alvarez – UFES RESUMO A “Casa Ecológica” foi idealizada objetivando demonstrar procedimentos adequados do ponto de vista ecológico na construção civil e abrigar atividades relacionadas à educação ambiental. Destaca-se que o conceito de “Casa Ecológica” passa, necessariamente, pela adoção de critérios coerentes com a política de gerenciamento ambiental, quer seja na escolha dos materiais construtivos, como nas técnicas de aproveitamento dos condicionantes naturais, no tratamento dos resíduos oriundos do uso e na busca de racionalização e eficiência energética. O sistema construtivo básico adotado denomina-se “viga-laje”, já testado anteriormentena Estação Científica do Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Tal técnica foi escolhida em função de o sistema possibilitar a união dos aspectos positivos da madeira com a resistência do aço proporcionando grande flexibilidade nas soluções arquitetônicas, com garantia de durabilidade e pouca manutenção. Além disso, o sistema permite o desmonte e remonte da edificação em outro local de condições semelhantes – condição desejável para a Casa –, rapidez de montagem, facilidade de manutenção e possibilidade de desenvolvimento de habitação de interesse social por ajuda mútua e/ou mutirão. Palavras-chave: “Casa ecológica”.Tecnologia. Gerenciamento ambiental. 11 oficina ALVAREZ, C. E. A casa ecológica: uma proposta que reúne tecnologia, conforto e coerência com os princípios ambientais. Disponível em: <http://www.planetaorganico.com.br/trabcasaeco.htm >. Acesso em: 11 mai. 2009. No quadro, você encontrará as condições de produção dos resumos lidos (1, 2, 3, 4 e 5). Faça a correspondência entre os resumos e as colunas, indicando: • O objetivo do resumo. • O perfil do destinatário potencial. • Os possíveis meios de veiculação. • Os possíveis autores. Resumo Objetivo Destinatário Meio de veiculação Autor Resumo 1 ( ) Dar informações e incitar o leitor a comprar/ler o livro ( ) gosta de filme ( ) internet ( ) loja ou sites de produtos à venda Resumo 2 ( ) Dar informações e incitar o leitor a comprar o DVD. ( ) gosta de rock ( ) jornal ( ) pesquisador Resumo 3 ( ) Dar informações centrais sobre um artigo científico ( ) pesquisador ou estudante da área ( ) revista ( ) estudante Resumo 4 ( ) Dar informações sobre um trabalho acadêmico ( ) gosta de ler romance ( ) revista científica Resumo 5 ( ) Dar informações e incitar o destinatário a assistir filmes ( ) professor ( ) biblioteca Analisando as condições de produção, observa-se que os objetivos de alguns resumos possuem características comuns entre si. Explicite-as. _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ Assim como alguns objetivos se assemelham, ao mesmo tempo, eles estabelecem diferenças em relação aos outros. Explicite a principal diferença entre os resumos. 12 oficina _____________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________ As informações que selecionamos para elaborar um resumo dependem das condições de produção, isto é, do autor, do destinatário e da finalidade para a qual o resumo é produzido. Considerando que você é um aluno de graduação e precisa fazer resumos, indique as condições que envolvem essa produção. Autor: _____________________________________________ Destinatário: _____________________________________________ Meio de veiculação: _____________________________________________ Objetivo do resumo: _____________________________________________ Indique o que você aprendeu até aqui, sobre a elaboração de resumos. Pesquise outros resumos em diferentes meios de comunicação. Observe que os resumos sempre tratam de outro texto (texto-fonte), remetem-se ao autor e contêm as ideias principais do texto original. 13 oficina Aula 3 - Procedimentos de sumarização - apagamento Objetivo: Entender os processos para a produção da sumarização de um texto. Sumarização Quando se lê ou se ouve um texto qualquer, depreendem-se suas informações principais. A depreensão não é um processo aleatório, mas gerado pela capacidade humana de ler/ouvir, interpretar e selecionar os fatos julgados importantes guardar. A seleção de informações é um dos processos que se utiliza na sumarização de um texto. A sumarização é essencial na produção de resumos, pois, por meio dela, exclui-se informações desnecessárias e reformula-se outras, para que o texto produzido seja coerente com o texto-fonte e fique compreensível. Veja a sumarização do texto que segue: O progresso, da forma como vem sendo feito, tem acabado com o ambiente ou, em outras palavras, destruído o planeta Terra e a Natureza maravilhosa que temos. Sumarização: O progresso tem destruído o planeta Terra. Informações excluídas: da forma como tem sido feito acabado com o ambiente em outras palavras natureza maravilhosa que temos Excluir informações é um procedimento que faz parte do processo de elaboração de resumos. A esse procedimento dá-se o nome de ‘apagamentos’, os quais são feitos durante a sumarização. Assim, os apagamentos realizados no texto se referem à: a) Circunstâncias que envolvem o fato (da forma como tem sido feito). b) Termos explicativos (em outras palavras). c) Repetição de termos sinônimos ou redundantes (ambiente, natureza, acabado). d) Expressões atitudinais – julgamento de valor (maravilhosa que temos). Agora é a sua vez. Sumarize os períodos que seguem e, à medida que for sumarizando, sublinhe no texto as informações excluídas, isto é, os apagamentos feitos por você. a) O homem precisa satisfazer suas diversas necessidades e, para isso, sempre recorre à Natureza, retirando dela tudo aquilo de que precisa: plantas, madeiras, animais e outros recursos. Chamamos esse ato de exploração. 14 oficina Assinale as alternativas que se referem às informações excluídas e descreva-as: ( ) qualificadores ou especificadores: diversas ( ) circunstâncias que envolvem o fato: ( ) termos sinônimos ou redundantes: ( ) processos: ( ) termos explicativos: ( ) justificativas: ( ) expressões atitudinais: ( ) exemplos: b) Aos poucos, a exploração descontrolada das florestas faz desaparecer animais, vegetais, água, fauna, flora e outros recursos que demoram ser renovados pela natureza. Sumarização: Assinale as alternativas que se referem às informações excluídas e descreva-as: ( ) qualificadores ou especificadores: ( ) circunstâncias que envolvem o fato: ( ) termos sinônimos ou redundantes: ( ) processos: ( ) termos explicativos: ( ) justificativas: ( ) expressões atitudinais: ( ) exemplos: 15 oficina c) Em se tratando de ambiente urbano, muitos são os aspectos que direta ou indiretamente, afetam a grande maioria dos habitantes: pobreza, criminalidade, poluição etc. Esses fatores são relacionados como fontes de insatisfação do homem com o meio urbano. Mesmo assim, as cidades continuam exercendo um forte poder de atração devido à sua heterogeneidade, movimentação e possibilidades de escolha. Sumarização: Pobreza, criminalidade, poluição etc. afetam os habitantes urbanos, embora as cidades exerçam atração sobre as pessoas pela heterogeneidade, movimentação e possibilidades de escolha. Assinale as alternativas que se referem às informações excluídas e descreva-as: ( ) qualificadores ou especificadores: ( x ) circunstâncias que envolvem o fato: direta ou indiretamente ( x ) termos sinônimos ou redundantes:ambiente urbano ( ) processos: ( ) termos explicativos: ( ) justificativas: ( ) expressões atitudinais: ( ) exemplos: d) O processo de seleção natural está aumentando cada vez mais, principalmente devido a fatores praticados pelo homem, como: desmatamento, urbanização e poluição na natureza. O ser humano é um dos elementos do ecossistema, portanto, ele está relacionado aos outros seres, inclusive em conexão com os fatores abióticos, como o clima. Caso comecem a desestruturá-lo, consequentemente estarão desenvolvendo graves problemas para si próprios também. O aquecimento global já está apresentando suas consequências. Um dos exemplos foio ciclone extratropical que abalou o Litoral Norte do RS e região metropolitana de Porto Alegre. PRESERVAR o meio ambiente é preservar a vida. Disponível em: < http://www.artigonal.com/meio- ambiente-artigos/preservar-o-meio-ambiente-e-preservar-a-vida-474038.html>. Acesso em: 2 jun. 2009. 16 oficina Sumarização: A seleção natural aumenta devido ao desmatamento, urbanização e poluição.O Homem pertence ao ecossistema, em conexão com os outros seres e fatores abióticos. Prejuízos aos ecossistemas são prejuízos para o homem. Assinale as alternativas que se referem às informações excluídas e descreva-as: ( ) qualificadores ou especificadores: ( ) circunstâncias que envolvem o fato: ( ) termos sinônimos ou redundantes: ( ) processos: ( ) termos explicativos: ( ) justificativas: ( ) expressões atitudinais: ( ) exemplos: 17 oficina Aula 4 - Procedimentos de sumarização / generalização Objetivo: Aprofundar os conhecimentos sobre procedimentos de sumarização Reformulação de informações Outro tipo de procedimento usado no resumo é a reformulação das informações, por meio do uso de termos genéricos. Veja a reformulação feita na sumarização do próximo texto: Texto 8 Piauí tem doze espécies de animais em extinção O Piauí tem doze espécies de animais em extinção. São a ararinha-azul, a arara-azul grande e a araponga do Nordeste; e o gato-do-mato-pequeno, o gato-maracajá, o gato-palheiro, a jaguatirica, a onça-pintada, o peixe-boi-marinho, o tamanduá-bandeira, o tatu-bola e o tatu-canastra. O veterinário do Ibama no Piauí, José Lacerda Luz explica que o motivo das aves sofrerem mais ataques que os outros animais é uma questão de costume. “No Piauí, não existe o hábito da caça e a alimentação de répteis como em outros Estados. Cerca de 97% dos animais apreendidos são aves e muitos destes animais também são mantidos em ambiente doméstico”. PIAUÍ tem doze espécies de animais em extinção. Disponível em: < http://www.natureba.com.br/natureza/animais- ameacados-de-extincao.htm >. Acesso em: 09 jun. 2009. Texto adaptado. Sumarização: O Piauí tem doze espécies de animais em extinção. São as aves e os mamíferos. O veterinário do Ibama explica que o motivo das aves sofrerem mais ataques que os outros animais é o fato de, no Piauí, não existir o hábito da caça e a alimentação de répteis, como em outros Estados. Reformulações: a) Ararinha-azul, arara-azul grande e araponga do Nordeste por aves. b) Gato-do-mato-pequeno, gato-maracujá, gato-palheiro, jaguatirica, onça-pintada, peixe-boi-marinho, tamanduá- bandeira, tatu-bola e tatu-canastra por mamíferos. c) Discurso direto por indireto: citação reformulada. 18 oficina Informações excluídas: a) A ararinha-azul, a arara-azul grande e a araponga do Nordeste; e o gato-do-mato-pequeno, o gato-maracajá, o gato-palheiro, a jaguatirica, a onça-pintada, o peixe- boi-marinho, o tamanduá-bandeira, o tatu-bola e o tatu- canastra; b) José Lacerda Luz. c) Uma questão de costume. “No Piauí, não existe o hábito da caça e a alimentação de répteis como em outros Estados. Cerca de 97% dos animais apreendidos são aves e muitos destes animais também são mantidos em ambiente doméstico”. Agora é a sua vez. Sumarize os trechos que seguem, fazendo as reformulações necessárias. Em seguida, sublinhe no texto as informações excluídas e descreva as reformulações feitas: a) O desmatamento e a consequente destruição dos habitats é a principal causa da ameaça de extinção para os animais, especialmente para os pássaros que têm uma estreita relação com a vegetação, como está ocorrendo com a gralha violeta, um dos mais belos pássaros do Paraná, da mesma família da gralha azul, ave símbolo do estado. Outro exemplo é o papagaio-da-cara-roxa, que vive exclusivamente nas florestas litorâneas do sul de São Paulo e Paraná. Os dados divulgados por órgãos ambientalistas indicam que hoje existem somente 4 mil indivíduos dessa espécie. Por ser restrita ao seu habitat, é uma ave vulnerável, pois qualquer alteração no ambiente pode ser muito arriscada para sua sobrevivência. Mas não é só um problema de desmatamento. Essa espécie está incluída na rota do tráfico de animais silvestres, graças ao péssimo hábito que muitas pessoas têm de criá-las em cativeiro. SZPILMAN, Marcelo. A fauna ameaçada de extinção. Disponível em: <http://www.Institutoaqualung.com.br/info_ fauna35.html>. Acesso em: 10 jun. 2009. Sumarização: Reformulações: 19 oficina Assinale as alternativas que se referem às informações excluídas e descreva-as: ( ) qualificadores ou especificadores: ( ) circunstâncias que envolvem o fato: ( ) termos sinônimos ou redundantes: ( ) processos: ( ) termos explicativos: ( ) justificativas: ( ) expressões atitudinais: ( ) exemplos: b) Abrigando em seu território 20% das espécies que compõem a fauna e a flora do planeta, o Brasil é considerado atualmente o país de maior diversidade biológica. No entanto, de acordo com o Ibama, estão hoje sob risco de desaparecimento no país , 109 aves, 67 mamíferos, 29 insetos, nove répteis, um anfíbio, um artrópode, um coral, um peixe e um crustáceo e 106 espécies vegetais. Algumas aves estão praticamente extintas, como a arara-azul-pequena e o tietê-de-coroa. Entre as espécies vegetais mais ameaçadas estão acapu, arnica, barbasco, bico-de-guará, bromélia, caapiá, figueira-da-terra, canelinha, castanheira, cerejeira, cipó-escada-de-macaco, cravina-do-campo, dracena-da-praia, gonçalo-alves, gueta imbuia, ingarana, jaborandi, jacarandá-da-bahia, jequitibá, lelia, marmelinho, milho-cozido, mogno, oitiboi, óleo-de-nhamuí, pau-amarelo, pau-brasil, pau-cravo, pau-rosa, pinheiro-do-paraná, quixabeira, rabo-de-galo, samambaiaçu- imperial, sangue-de-dragão, sucupira, ucuuba e violeta-da-montanha. EXTINÇÃO das espécies: floresta morta. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com. br/alfa/meio-ambiente-extincao-das-especies/extincao-das-especies-4.php>. Acesso em: 10 jun. 2009. Sumarização: Reformulações: Assinale as alternativas que se referem às informações excluídas e descreva-as: 20 oficina ( ) qualificadores ou especificadores: ( ) circunstâncias que envolvem o fato: ( ) termos sinônimos ou redundantes: ( ) processos: ( ) termos explicativos: ( ) justificativas: ( ) expressões atitudinais: ( ) exemplos: c) Ao derrubar as florestas, o homem remove sistemas biológicos complexos, multiestruturados, extremamente diversificados e estáveis. Ao instalar a agricultura convencional, altamente mecanizada e dependente do uso extensivo de fertilizantes artificiais, herbicidas e pesticidas, coloca em seu lugar sistemas simples e instáveis. Reduzindo a diversidade e recobrindo vastas áreas com monoculturas, surgem pulgões, cigarrinhas, lesmas, besouros, lagartas, percevejos, vespas, aranhas e outros insetos capazes de alterar todo o precário equilíbrio. EXTINÇÃO das espécies: floresta morta. Disponível em: <http://www.portalsaofrancisco.com. br/alfa/meio-ambiente-extincao-das-especies/extincao-das-especies-4.php>. Acesso em: 10 jun. 2009. Sumarização: Reformulações: Assinale as alternativas que se referem às informações excluídas e descreva-as: ( ) qualificadores ou especificadores: ( ) circunstâncias que envolvem o fato: ( ) termos sinônimos ou redundantes: ( ) processos: ( ) termos explicativos: ( ) justificativas: ( ) expressões atitudinais: ( ) exemplos: 21 oficina d) A vegetação é uma das características do meio mais importante para a manutenção dos animais. Intervenções na vegetação produzem efeitos diretos na fauna, pela redução, aumento, ou alteração de dois atributos chaves, que são o alimento e o abrigo.Desta forma, a composição da vida silvestre é alterada com as mudanças na vegetação. Várias espécies de animais atuam de forma crucial na manutenção e restauração dos ambientes naturais, principalmente nas florestas tropicais, onde cerca de 90% das espécies vegetais arbóreas são polinizadas e suas sementes dispersas por animais. Os principais polinizadores são as abelhas, vespas, mariposas, borboletas, besouros, morcegos e beija-flores, e na dispersão das sementes, pode-se citar o macaco-prego, mono-carvoeiro e a cutia. Essas espécies de animais e vegetais se encontram organizadas, em cadeias químicas alimentares, interagindo na polinização e dispersão. Portanto, uma floresta fragmentada e pobre em animais é uma floresta condenada à morte. VEGETAÇÃO no Brasil: fauna e flora brasileira. Disponível em: <www.brasilescola.com.br. brasil/vegetacao-brasil.htm>. Acesso em: 10 jun. 2009. Sumarização: Reformulações: Assinale as alternativas que se referem às informações excluídas e descreva-as: ( ) qualificadores ou especificadores: ( ) circunstâncias que envolvem o fato: ( ) termos sinônimos ou redundantes: ( ) processos: ( ) termos explicativos: ( ) justificativas: ( ) expressões atitudinais: ( ) exemplos: 22 oficina Aula 5 - Procedimentos de sumarização/referência ao autor do texto-fonte/ contexto de produção Objetivo: Aprofundar os conhecimentos sobre o tema de sumarização com foco na menção ao autor que produziu o texto. Formas de menção ao autor do texto fonte Outro procedimento do processo de sumarização é a menção ao autor e aos atos por ele realizados na produção do texto. As ações realizadas pelo autor dizem respeito ao posicionamento dele diante de um fato, à indicação do conteúdo do texto, à organização das ideias etc. Esses atos não estão explícitos no texto- fonte, mas são interpretados pelo produtor do resumo, que usa processos (verbos) adequados para se referir a tais ações. Releia o texto 2 e observe os atos atribuídos e as formas de mencionar o autor do texto-fonte, pelo produtor do resumo. Os atos estão em negrito; as formas de menção estão em itálico. MENDES, Mariana Ceccato. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade sustentável. São Paulo: Cortez, 1995. 429 p. Mendes (1995) trata de fatos desencadeadores da ideia de desenvolvimento sustentável (DS), apresentando o modelo de crescimento econômico como um dos maiores geradores de desequilíbrios entre progresso, homem e natureza. Ela cita a definição de DS formulada pelas pessoas que se ocupam do tema e seus posicionamentos, para levantar questionamentos sobre a possibilidade de conciliação entre progresso e tecnologia com ambiente saudável. Para justificar seus questionamentos, a autora estabelece a diferença entre crescimento e desenvolvimento, afirmando que o primeiro não conduz à igualdade e à justiça sociais; e o segundo conduz à geração de riquezas, mas com a preocupação na melhoria de qualidade de vida e, portanto, na qualidade ambiental do planeta. Nesse sentido, Mendes argumenta que, embora tenha seis aspectos prioritários que devam ser entendidos como meta, o DS só será efetivo, e por nós alcançado, se a proteção ao ambiente for considerada, por toda a população, como parte integrante do processo de desenvolvimento e não isolada dele. Palavras-chave: Desenvolvimento sustentável. Proteção ao ambiente. Participação da população. Veja, agora, a classificação dos recursos gramaticais das formas de menção, dos atos e o sentido produzido pelas ações atribuídas: 23 oficina Forma de menção e atos Classificação gramatical Sentido produzido Mendes nome substantivo proximidade com o autor trata processo no presente apresentação do conteúdo apresentando processo no gerúndio reforço à apresentação do conteúdo ela marca de pessoa referência ao autor cita processo no presente início da problematização levantar processo no infinitivo problematização do conteúdo justificar processo no infinitivo justificativa à problematização autora nome substantivo recategorização do autor estabelece processo no presente reforço à justificativa afirmando processo no gerúndio tomada de posição sobre o conteúdo argumenta processo no presente persuasão ao leitor O texto 9 é o resumo de um capítulo de livro que trata de questões relacionadas às porções de água doce existentes no Brasil. Leia-o, e tomando como exemplo o exercício anterior, complete o quadro que o segue: Texto 9 SALATI, E.; LEMOS, H. M.; SALATI, Eneida. Água e o Desenvolvimento Sustentável. In: REBOUÇAS, A. C.; BRAGA, B.; TUNDISI, J. G. (Org.). Águas doces no Brasil: capital ecológico, usos múltiplos, exploração racional e conservação. 3. ed. São Paulo: ABC - IEA/USP, 2006, p. 37-62. Salati et al. (2006) falam sobre a importância da água para o planeta e de seu uso consciente. Segundo os autores, a água é um dos recursos naturais mais importantes e sua utilização deve ser feita de maneira a não comprometer a disponibilidade para as gerações futuras. Eles afirmam que um dos maiores desafios atuais para o desenvolvimento sustentável é minimizar os efeitos da escassez permanente ou sazonal e da poluição da água. Para tal minimização, Salati et al. sugerem a gestão do suprimento e da demanda por meio da adoção de políticas e ações relativas à quantidade e qualidade da água, desde sua captação até o sistema de distribuição, e de técnicas racionais de uso para evitar o desperdício. Os autores ressaltam que os novos projetos para atender a demanda devem conceber uma perspectiva de sustentabilidade econômica, social e ambiental, exigindo tanto a exploração cuidadosa de novas fontes, quanto medidas para estimular o uso mais consciente da água. Palavras-chave: Água. Desenvolvimento sustentável. 24 oficina Formas de mencionar e atos atribuídos ao autor do texto- fonte Classe gramatical Sentido produzido Os exercícios feitos por você forneceram o “passo a passo” do processo de sumarização. Agora que você já o conhece, faça uma síntese, reunindo os procedimentos que o compõem. As atividades realizadas até aqui objetivaram apresentar o processo de sumarização. Começamos com pequenos trechos de textos, passamos por trechos mais longos e chegamos ao texto integral. Agora é a vez de você elaborar resumos de textos. Não se esqueça dos procedimentos aprendidos e da estrutura do resumo. Texto 10 Distribuição e preservação da água no planeta Terra A Terra bem que poderia ser chamada de Planeta Água ou de Planeta Azul, como a denominou o astronauta russo Gagarin, pois cerca de 2/3 (71%) de sua superfície é coberta por oceanos e mares. As terras emersas, que formam os continentes e ilhas, destacam-se apenas como manchas. As águas que ocorrem na natureza formam a hidrosfera, que tem um volume de 1,46 bilhões de quilômetros cúbicos. Essa elevada disponibilidade de água no globo estimulou uma política de desperdício dos recursos hídricos em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil, mas apenas 0,007% desse volume total está disponível para o consumo humano. Essas águas se distribuem em reservatórios aéreo, superficiais, isto é, na atmosfera, nos oceanos, mares, rios, lagos, lagoas, pântanos e depósitos artificiais e de subsuperfície (águas subterrâneas), e se integram em um circuito fechado, formando o Ciclo das Águas ou Ciclo Hidrológico. O volume de água que evapora dos oceanos é cerca de 47.000 km³/ano maior que o fluxo que nele precipita. Esse valor excedente indica o volume de água que é transferido dos oceanos para os 25 oficina continentes durante os processos de evaporação e precipitação. A água retorna aos oceanos pela precipitação direta e pelo escoamento dos rios e de fluxos subterrâneos. Assim, a quantidadetotal de água na Terra permanece constante. Apesar da afirmação imprecisa de leigos de que a água está “acabando”, a quantidade de água na Terra é praticamente invariável desde a sua origem, ocorrendo apenas o acréscimo de uma fração diminuta, denominada de água juvenil, que é expelida pelos vulcões. A água que hoje utilizamos é a mesma água que os dinossauros bebiam. O que tem sido alterado é o aumento da demanda, e da sua distribuição nos reservatórios naturais e artificiais e a perda de sua qualidade, o que eleva o seu custo e aumenta a exclusão social. Três principais problemas agravam o quadro de disponibilidade hídrica mundial: (i) a degradação dos mananciais; (ii) o aumento exponencial e desordenado da demanda; e (iii) o descompasso entre a distribuição das disponibilidades hídricas e a localização das demandas, pois as águas estão distribuídas de forma heterogênea, tanto no tempo como no espaço geográfico. Assim, a escassez hídrica tem gerado instabilidades e conflitos econômicos e socioambientais, os quais tendem a agravar-se com o tempo. Por isso, é imprescindível que a água seja tratada como um recurso estratégico, para que o seu uso sustentável seja lastreado no seu uso racional, no fortalecimento institucional, em marcos regulatórios, no planejamento e gestão integrada, na disponibilidade de recursos financeiros, e, principalmente, no respeito ao princípio de que todos têm direito à água de qualidade, um bem fundamental à vida. Atualmente, mais de 1 bilhão de pessoas no mundo não têm água suficiente para suprir as suas demandas domésticas, que segundo a Organização Mundial de Saúde – OMS é de 200 litros/dia. Estima-se que, em 30 anos, haverá 5,5 bilhões de pessoas vivendo em áreas com moderada ou elevada escassez de água. Alguns eventos agravam o cenário tanto da oferta como da demanda de água doce no mundo, tais como o crescimento demográfico associado a padrões de consumo não sustentáveis. Estima-se que o crescimento populacional aumentou três vezes no decorrer do século XX, passando de 2 para 6 bilhões de habitantes. Nesse mesmo período, a demanda de água aumentou sete vezes, isto é, passou de 580 km³/ano para aproximadamente 4 mil km³/ano. Esses dados tornam-se relevantes na medida em que é previsto que a população mundial estabilize-se, por volta do ano 2050, entre 10 e 12 bilhões de habitantes, o que representa cerca de 5 bilhões a mais que a população atual. Outro fator que agrava o cenário da utilização das águas no mundo é a gestão ineficiente dos recursos hídricos em basicamente todas as atividades antrópicas, como ocorre na agricultura, na indústria e nos sistemas de abastecimento público de países, onde o desperdício de água, como em algumas regiões brasileiras, é superior a 60%. Nesse quadro de indisponibilidade de água doce, constata-se que a escassez hídrica já está instalada na Arábia Saudita, Argélia, Barbados, Bélgica, Burundi, Cabo Verde, Cingapura, Egito, Kuwait, Líbia, Jordânia e Tailândia, e poderá ocorrer em médio prazo na China, Estados Unidos, Etiópia, Hungria, México, Síria e Turquia. No caso do Brasil, que dispõe de cerca de 12% de toda a água doce do planeta, cerca de 89% do volume total estão concentrados nas regiões Norte e Centro-Oeste, onde estão localizadas apenas 14,5% da população. Para as regiões Nordeste, Sudeste e Sul, onde estão 26 oficina distribuídos 85,5% da população, há disponível apenas 11% do potencial hídrico do país. Além da natural carência para o atendimento da demanda de abastecimento público e privado, essa heterogeneidade de distribuição das águas gera eventos críticos tais como cheias catastróficas e períodos cíclicos de secas. BARROS, Jorge G. do Cravo. Origem, distribuição e preservação da Água no Planeta Terra. Disponível em: <http://revistadasaguas.pgr.mpf.gov.br/edicoes-da-revista/edicao-atual/mate rias/origem-distribuicao-e-preservacao-da-agua-no-planeta-terra>. Acesso em: 11 jun. 2009. Jorge Gomes do Cravo Barros é assessor em Geologia da 4ª Câmara de Meio Ambiente e Patrimônio Cultural do MPF. Texto 11 Biodiversidade: a vida e seus semelhantes Carlos Vogt Como transformar conhecimento em valor econômico, parece ser o lema mais constante e a preocupação mais exasperante das sociedades contemporâneas espalhadas pelo mundo e empilhadas, em diferentes níveis, na pirâmide do desenvolvimento. O desafio dessa transformação motiva e acompanha os esforços de sociedades desenvolvidas e de sociedades emergentes, que lutam para se estabelecerem como parceiros nos cenários da competitividade internacional. E aí surge o primeiro paradoxo da retórica da globalização que, como tantos outros, procura, no discurso, harmonizar as contradições de que se faz, com ferocidade, às vezes, o doce engano de que com a competição dá-se também a ajuda mútua. À atuação crescente e à conscientização amadurecida dos formadores de opinião, dos tomadores de decisão, de parcelas importantes das populações organizadas em instituições cada vez mais atuantes na afirmação dos direitos e deveres de cidadania, foi-se formatando, a partir já dos anos 1960, a concepção, consolidada depois, em 1972, em Estocolmo e reafirmada em 1992, no Rio de Janeiro, de que a Terra é um sistema coeso e integrado no qual é possível ver, com clareza, a sistematicidade das relações entre as partes vivas do planeta – plantas, micro-organismos e animais – e as suas partes não vivas – rochas, oceanos, rios e atmosfera. Constituem-se, assim, os conceitos de ecossistema, de desenvolvimento sustentável e a compreensão 27 oficina moderna do termo biodiversidade, utilizado, então, como se pode ler na página do Programa Biota – Fapesp, “para definir a variabilidade de organismos vivos, flora, fauna, fungos macroscópicos e micro- organismos, abrangendo a diversidade de genes e de populações de uma espécie, a diversidade de espécies, a diversidade de interações entre espécies e a diversidade de ecossistemas”, conforme o artigo 7º da Convenção sobre a Diversidade Biológica, celebrada na Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Eco ou Rio-92. Em 1994, o Decreto Legislativo nº 2 aprovou, no Brasil, a Convenção, embora o tema já estivesse tratado na Constituição Federal de 1988, no seu artigo 225 que consagra o direito de todos os brasileiros ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, o que, em contrapartida nos obriga a todos ao compromisso de preservação de todas as espécies. Desse modo, veem-se, na Constituição, no parágrafo 4º desse artigo, garantidos em lei de preservação a Floresta Amazônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal e a Zona Costeira, todos considerados patrimônios nacionais. Outras leis e códigos tratam de outros temas relacionados ao equilíbrio ecológico, à preservação de sistemas complexos de vida, à biodiversidade, de maneira que, do ponto de vista legal, mesmo havendo necessidade de seu aprimoramento contínuo, o país está alinhado com as grandes preocupações e tendências internacionais relativas à questão. Ao lado do sistema legal cresceu e organizou-se todo um sistema institucional que, além dos atores tradicionais, como as universidades, os sindicatos, as associações de classe, passou a incluir um número muito grande de organizações não governamentais (ONGs) voltadas ao tema e que têm tido um papel definidor nas políticas de preservação ambiental e nas ações efetivas para sua operacionalidade, de modo que – não seria exagero dizer – meio ambiente e ecologia são hoje tópicos de excelência nos avanços de cidadania que a sociedade brasileira vem vivenciando e conquistando de alguns anos para cá. O tema da biodiversidade está, como dissemos, relacionado a essas questões, mas envolvetambém um aspecto econômico que lhe é intrinsecamente constitutivo e envolve ainda uma possibilidade real de sua transformação em riqueza, o que lhe é dado pela biotecnologia. De fato, a grande extensão territorial brasileira, a enorme variedade de espécies que a povoa, e o potencial tecnológico hoje disponível para sua transformação em valor econômico, uma vez feito o seu mapeamento e consolidado o seu conhecimento científico, tornam a biodiversidade do Brasil uma riqueza efetiva e um desafio permanente. A sua riqueza está estimada, pelo que se anuncia nos estudos do IPEA, em cerca de 4 trilhões de dólares; o desafio reside em não violentarmos o equilíbrio dessa vida diversa e múltipla e nem permitirmos que outros o façam, fazendo sua bioprospecção sem, contudo, agredir os seus sagrados direitos à existência, consagrados pela Constituição. Como se trata de um tesouro vivo, é preciso aprender a explorá-lo sem esgotar-lhe a vida que é, ela própria, a razão primeira e última de seu imenso valor econômico e social para a qualidade de vida do homem na Terra. Múltiplo e desigual, no espelho de seu ambiente, o homem aspira à unidade que hoje, mais do que nunca, 28 oficina ele aprendeu, não se sustenta, sequer como aspiração, fora do conhecimento e do reconhecimento de si no outro. Produzir riqueza, apropriando-se, pelo conhecimento e pela tecnologia, da natureza e da diversidade manifesta e recôndita das vidas que a habitam, requer o fino equilíbrio entre nosso legítimo desejo de bem-estar constante e a constância de nosso compromisso consciente com a preservação das condições dessa variedade de vidas. Único em suas características de pensamento e linguagem, o homem é também distinguido, não pelo fato de viver em sociedade, mas porque precisa construir a sociedade para viver. E nessa construção, que é cultural, política e econômica, o outro social só adquire densidade plena na imagem biodiversa da natureza e seus semelhantes. VOGT, Carlos. Biodiversidade: a vida e seus semelhantes. Disponível em: <http://www. comciencia.br/reportagens/biodiversidade/bio09.htm>. Acesso em: 12 jun. 2009. Para leitura Há variados instrumentos para a realização de trabalhos acadêmicos, que visam facilitar a aquisição de conhecimento e favorecer ao estudo. O Resumo é um desses instrumentos. Mas, o que é resumir? De forma bem direta pode-se afirmar que a apresentação seletiva e concisa de um conteúdo é um resumo, isto é, colocamos em poucas palavras as ideias, informações e conceitos que foram desenvolvidas pelo autor no decorrer do texto. O objetivo dessa técnica é conseguir distinguir e apreender o que realmente é essencial, o que é relevante. Resumir implica a identificação dos tópicos principais, do texto, ignorando comentários e julgamentos. Para Platão e Fiorin (1995), resumir um texto significa condensá-lo a sua estrutura essencial sem perder de vista três elementos: 1. As partes essenciais do texto. 2. A progressão em que elas aparecem no texto. 3. A correlação entre cada uma das partes. Caso o texto a ser resumido for narrativo, deve-se observar os elementos de causa e as sequências de tempo; se for descritivo, os aspectos visuais e espaciais; e, em caso de texto dissertativo, a organização e construção das ideias. Atenção: O resumo é desenvolvido com as próprias palavras de quem o produz, pois é o resultado da leitura de um texto, portanto é uma produção pessoal. Não é, em hipótese alguma, apenas um apanhado de frases soltas. Ele deve apresentar ideias centrais (o argumento) daquilo que está sendo resumido, as 29 oficina ideias apresentadas devem manter relações e o texto deve ser compreensível. Como desenvolver um resumo? Para se desenvolver um resumo e obter um bom resultado final, deve-se: 1. Ler atentamente o texto, com a finalidade de identificar o assunto em pauta. 2. Fazer outras leituras ou quantas forem necessárias para selecionar ideias principais e anotar as mais relevantes. 3. Identificar palavras-chave: elas são usadas para imprimir as ideias fundamentais e devem servir de ponto de partida para o resumo. 4. O ideal é resumir cada parágrafo e depois outro do próprio resumo, assim as ideias estarão bem sintetizadas. 5. Observar, todo o tempo, se o texto está ficando coerente e se a sequência, entre os parágrafos está lógica e fazer os ajustes necessários. 6. Ficar atento, pois o resumo não é um comentário crítico. Quem o escreve, deve-se ater às ideias do autor; não pode, em hipótese alguma, emitir sua opinião e, sim, ser fiel às ideias apresentadas no texto original. Referências Bibliográficas: Fiorin, José Luiz; Platão, Francisco. Para entender o texto: leitura e redação, 10. ed. São Paulo: Ática, 1995. B. RESENHA Objetivo: Aprender a elaborar e ler uma resenha A resenha é um texto que remete a outro texto (texto base/fonte ou obra resenhada); por isso mesmo é um metatexto, assim como o resumo. Como todo e qualquer gênero de texto, elaborar e/ ou ler uma resenha implica o uso de determinadas técnicas e estratégias de leitura e de redação. Como já vimos em aulas anteriores, fazemos resumos com diferentes objetivos. Um desses objetivos é fazer uma resenha. Resenha é um gênero muito encontrado em revistas (científicas ou não) e em jornais. Também é um texto muito requisitado na vida acadêmica de qualquer aluno. Pode-se dizer que a resenha é um texto que remete a outro texto, uma obra que pode ser: um livro, um capítulo de livro, um filme, uma peça de teatro, uma aula, entre outras coisas, ou seja, tudo pode Aula 6 - Gêneros textuais: resumo e resenha 30 oficina ser resenhado. E como fazer uma resenha? Fazer uma resenha é escrever um resumo da obra resenhada acompanhado de críticas a essa obra. Lembre-se de que toda Resenha contém um Resumo, embora cada um desses gêneros apresente também características próprias. Leia os quadros com atenção: Resumo e Resenha RESUMO De que se trata? Sumarização do conteúdo de uma obra. Como ler um texto para fazer um resumo? • Selecionar as informações relevantes (anote, sublinhe, marque as ideias principais da cada parágrafo do texto base/fonte). • Apagar as informações subsidiárias os indicadores de circunstâncias (advérbios) e de qualificação (adjetivos); os exemplos. • Utilizar os procedimentos de generalização e de substituição. • Reescrever (reconstruir o texto com informações sintéticas). Para que fazer um resumo? • Para estudar: selecionar informações economiza tempo, facilita a compreensão da obra e aperfeiçoa o hábito da leitura. • Para entender o pensamento do autor e expor a compreensão da obra pelo leitor. • Para escrever determinados gêneros textuais que exigem procedimentos de sumarização como a resenha, o artigo científico, parecer, projeto de pesquisa etc. Como caracterizar um resumo? • Por se referir a um texto base/fonte. • Pelo fato de manter apenas as ideias principais do texto base/fonte. • Ser breve e sintético. • Não ser opinativo, isto é, o autor do resumo seleciona as ideias do autor do texto fonte, mas não emite sua opinião, seu julgamento sobre o texto. 31 oficina RESENHA De que se trata? A resenha é uma produção completa: deve conter as informações mais importantes (de acordo com o ponto de vista do produtor da resenha) sobre o objeto (resumo) e argumentos que o avaliem, sendo, portanto, um trabalho que exige maturidade intelectual. Como ler um texto para fazer uma resenha? • Selecionar as informações relevantes (anote, sublinhe, marque as ideias principais da cada parágrafo do texto base/fonte) e elaborar um resumo. • Assumir e defender um determinado ponto de vista sobre a obra resenhada. • Reorganizaro texto (reconstruir o texto com informações sintéticas e deixar clara sua avaliação da obra resenhada). Para que fazer uma resenha? O objetivo da resenha é fazer uma análise crítica, dando informações sobre e avaliando o objeto resenhado, a fim de ajudar o leitor a tomar uma decisão; por essa razão é fundamental uma avaliação criteriosa por parte de quem elabora a resenha. . Como você deve ter observado, a resenha requer maturidade intelectual. Isso significa que, além de selecionar as informações principais do texto que você leu, é necessário estabelecer relações com outros textos, com outros dados de conhecimento, desenvolver a capacidade de sumarização, de interpretação e de crítica justificada. Com o resumo, você sumariza; com a resenha, você também avalia. Escrever e ler são experiências únicas. Cada autor traz suas vivências guardadas na memória, adquiridas nas leituras, nos diálogos com diferentes interlocutores, ou seja, a maneira como o indivíduo se expressa está atrelada à sua experiência e à sua leitura de mundo. Esse também é um dos requisitos para ler/construir uma resenha. Aula 7 - Características do gênero Resenha Objetivo: Conhecer os resumos e avaliações. Elaborar/ler uma resenha implica, como você já viu, conhecer resumos e avaliações. Exige conhecimento de mundo e de estratégias de linguagem. Vamos acompanhar você na leitura de uma resenha de um livro, com intervenções para que você vá se familiarizando com os traços pertinentes ao gênero. 32 oficina Só para lembrar: a resenha pode ser feita sobre um livro, um capítulo, um fato, um filme, uma aula, um álbum de música, uma notícia etc. Há uma ligação permanente entre a resenha de uma obra e a obra resenhada, isto é, desde o título da resenha que, normalmente nos remete à obra resenhada até a crítica mais ou menos contundente a essa obra resenhada. Quando se critica a obra (texto-base), pode-se fazer isso por meio de adjetivos, de citações do próprio autor da obra, de comparações com outras obras que tratem do mesmo tema etc., com o intuito de justificarmos nosso posicionamento. No exemplo a seguir, o título do livro (obra a ser resenhada) é Carandiru (antigo presídio, hoje demolido). O título da resenha é Parada no Inferno. O autor da resenha, Guilherme Werneck, provavelmente escolheu esse título porque Carandiru onde ficava o presídio também é uma parada do metrô de São Paulo; inferno, pois um presídio que reunia tantos e tão diversos criminosos assemelha-se, ao ver do resenhador, a um inferno mesmo. Quando se faz uma resenha, além de informar, ao leitor, o nome da obra resenhada e o autor da obra resenhada. Outras informações necessárias são em quantas partes ou capítulos o texto resenhado divide-se, ou quantas são as páginas que compõem a obra. Esse caminho facilita a leitura da resenha e dirige o leitor para esta ou aquela obra, de acordo com o que o leitor necessita para seu conhecimento ou para um trabalho acadêmico, por exemplo. O Prefácio, o índice, o título dos capítulos no texto-base podem facilitar o encontro dessas informações. É importante perceber que uma resenha apresenta certas marcas linguísticas bem próprias como: No primeiro capítulo..., De acordo com o autor..., Na segunda parte.... Isto é, todo o texto de uma resenha, a todo o momento, remete-nos à obra em questão (obra resenhada) e ao seu autor. As críticas do resenhador podem aparecer logo após o resumo da obra ou durante o resumo como no exemplo que você vai ler. O objetivo de uma resenha é, além de avaliar criticamente uma obra, indicar ao leitor se ele deve ou não ler aquela obra, se a obra é ou não útil para o que o leitor almeja. Ao ler uma resenha, o leitor fica sabendo se a obra é interessante ou não para ele, se deve ou não ler o livro ou que foi resenhado, assistir ao filme, comprar o álbum de música, o CD etc. Para isso, o resenhador deve deixar claro seu posicionamento a respeito da obra, argumentando cada ponto de vista, cada crítica feita. 33 oficina É muito comum, em resenhas, referências a outras obras que se assemelhem a que está sendo criticada, uma vez que o produtor da resenha deseja sempre justificar, ao leitor, a sua crítica. Daí a necessidade de conhecimento dessas outras obras ou até de aumento de conhecimento, pois podemos ler também algumas referências usadas pelo resenhador que tenham- nos instigado. Veja essa parte no exemplo: Uma parada no inferno Guilherme Wernek VARELLA, Drauzio. Estação Carandiru. São Paulo: Companhia das Letras, 2001. 297 páginas. Disponível em: <http:// ww w. l e i t u rac r i t i ca . com.b r / apo iop ro f / aprecia/002varela_carandiru.asp>. Como procurar a verdade em um ambiente onde o silêncio confunde-se com a arte de esconder o que se faz, fez e pensa? Estação Carandiru (Companhia das Letras, 297 p., R$26,00), de Drauzio Varella, oferece a resposta de forma inteligente e gradual, reservando ao leitor o ônus das conclusões. Um livro que permite conhecer, com olhar distante, mas envolvente, um dos aspectos mais sombrios da realidade do país. Observe que o autor da resenha já nos informa nesse primeiro parágrafo o autor da obra, a editora, o número de páginas e o nome do livro, ao mesmo tempo em que usa os adjetivos “inteligente e gradual”, “mais sombrios”, “distante” e “envolvente” . Médico reconhecido, sobretudo por sua luta conta a AIDS, Varella começou seu trabalho de 34 oficina prevenção na Casa de Detenção de São Paulo o Carandiru (INSERIR LINK PARA CARANDIRU) – em 1989. Ao clinicar na cadeia, seu universo de ação expandiu-se para além do tratamento de detentos infectados pelo HIV ou com tuberculose. Do contato com os presos e seus problemas, que muitas vezes ultrapassam os limites da medicina, é que nasce toda a riqueza da obra. (RIQUEZA DA OBRA) Reportagem de Drauzio Varella sobre a Casa de Detenção de São Paulo apresenta à sociedade um retrato objetivo do universo daqueles que vivem no maior presido do país. Para narrar sua experiência no maior presídio do país, Varella opta por sobrepor pequenas histórias, descrevendo os códigos que regem a vida de funcionários e detentos, encarcerados juntos em um “Barril de pólvora”. O resenhador expressa que o autor da obra “narra” uma experiência e coloca a expressão barril de pólvora entre aspas mostrando que esta foi cunhada pelo próprio autor. Do livro, ou seja, é uma citação direta. O livro é dividido em duas partes. Na primeira, praticamente uma introdução, há uma descrição detalhada do presídio – que abriga hoje mais de sete mil presos –, com suas instalações, divisões de pavilhões e dinâmica própria. Nas primeiras historias que compõem a segunda parte, o talento narrativo se impõe. Valendo-se da relação íntima que se estabelece entre médico e paciente, Varella consegue abrir brechas na lei do silêncio que impera nos presídios. Com isso, constrói uma visão abrangente e livre de preconceitos. O resenhador resume como o livro foi escrito: sua forma, suas partes, sem deixar de adjetivar: “descrição detalhada”; “visão abrangente e livre de preconceitos”, afirmações que ele justifica. 35 oficina Para se aproximar o máximo possível da realidade, o tratamento que Varella dispensa a linguagem. Impressiona sua capacidade de transcrever fielmente o modo de falar pelos pavilhões do Carandiru. As histórias ligam-se umas às outras num crescente que acompanha o próprio processo de adaptação do autor à instituição em que trabalha. Isso permite ao leitor acompanhar as dúvidas e perplexidades que surgem do convívio mais próximo com presos. Argumento de um dos porquês de se ler o livro: linguagem fiel às personagens; histórias que se entrelaçam [resumo] o autor da resenha elabora um jogo discursivo entre resumo e avaliação. Na introdução, o autor diz que não sepropõe a “denunciar um sistema penal antiquado, apontar soluções para a criminalidade brasileira ou defender direitos humanos de quem quer que seja”. De fato, Varella mostra que o encarceramento não leva à barbárie, mas sim ao desenvolvimento de regras bastante rígidas para preservar a integridade do grupo. Contudo, é impossível não tomar partido. As violações de direitos humanos e o descaso com que são tratados não só os detentos, mas também os funcionários do sistema carcerário, conduzem a um reflexão sobre a validade de presídios como esse, onde convivem reincidentes e presos que esperam julgamento, alcaguetes e pistoleiros, travestis e estupradores. Todos à mercê da superlotação, de instalações em estado de calamidade, de ratos, insetos e fungos que contribuem para o depauperamento físico e moral. Descrição detalhada com citações do próprio autor. Mais argumento para a leitura de um livro que retrata uma realidade hostil que provoca obrigatória reflexão do leitor. Embora o tema seja denso, Varella abre janelas para que o leitor respire, dosando humor, observação e crítica de forma eficaz. O resultado é um livro de cadência acelerada, que prende a atenção do começo ao fim. No entanto, mesmo valendo-se de uma forma que muitas vezes se aproxima da crônica, a ficção passa longe de Estação Carandiru. O livro é um exercício de objetividade e tem a precisão que provém de anos de observação. Se outro episódio ganhou dimensões maiores do que deveria, isso não importa, porque o livro revela-se uma grande reportagem, dessas que andam cada vez mais raras na imprensa. 36 oficina Educação 96, outubro, 1999. O autor da resenha continua avaliando a obra, utiliza, inclusive, uma crítica negativa, mas informa ao leitor da resenha que o livro “prende a atenção do começo ao fim”. Em outras palavras, é um texto a ser lido e sobre o qual se deve refletir, mesmo que atualmente o Carandiru, presídio tenha sido desarticulado, sabemos que há outros tantos pelo Brasil afora. Aulas 8 e 9 - Exercícios sobre características da resenha Objetivo: Exercitar as características da resenha a partir do texto trabalhado Você vai entrar em contato com a leitura de mais resenhas. Existem várias possibilidades para escrever uma resenha. Ela pode ser comercial (sobre um filme, um livro, um objeto de arte, um artigo de revista etc.) e pode ser acadêmica (sobre um artigo científico, sobre uma dissertação de mestrado, uma tese de doutorado, um livro de referência etc.). Há varias possibilidades também porque você pode fazer uma resenha para diversos interlocutores (consumidor, professor, avaliador, integrante de banca de análise de textos etc.) com diversos objetivos (fazer crítica positiva, fazer crítica negativa, despertar o interesse do leitor para ler/assistir a/comprar a obra resenhada/propiciar ao leitor uma visão geral das obras que estão circulando sobre um mesmo assunto etc. Você se lembra? Estão sempre presentes as condições de produção: para quem escrevo, sobre o quê, com que objetivo? Neste primeiro momento, serão trabalhadas algumas resenhas para você pode observar alguns movimentos de texto que acompanham a organização deste gênero. Resenha (Texto 1): http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/ult10037u352120.shtml Você já leu Parada no inferno, de Guilherme Werneck. Leia agora o texto Caos de São Paulo tem lógica, de Gilberto Dimenstein, e responda o que se pede no quadro que estará na sequência. 37 oficina Caos de São Paulo tem lógica GILBERTO DIMENSTEIN, do Conselho Editorial Quem vive em São Paulo – e não quer enlouquecer – vê-se forçado a resignar-se à imprevisibilidade do caos. Acabamos desenvolvendo uma relação de ódio e amor com a cidade: oferece os melhores empregos, as melhores exposições, as melhores chances de negócios, os melhores restaurantes e o maior aglomerado de pessoas interessantes. Viver aqui é sinônimo de possibilidade de progredir. Mas também é a cidade das impossibilidades. Sentimo-nos reféns: o pior trânsito, a pior poluição, a pior paisagem, as piores enchentes, a pior qualidade de vida entre as capitais. Juntamos a tal ponto esses extremos da impossibilidade e da possibilidade que, em alguns bairros, aprendemos antes a implantar malhas de fibra ótica, conectadas com o século XXI, do que eficientes sistemas de esgoto. O caos paulistano, porém, não é caótico. Tem uma lógica, uma explicação. No livro “São Paulo”, da coleção Folha Explica, a urbanista Raquel Rolnik conseguiu juntar os fragmentos históricos que explicam o caos, desde a fundação da cidade até nossos dias. A história de São Paulo é a história de uma comunidade partida, que gera, ao mesmo tempo, opulência e exclusão. Isso explica o trânsito infernal: já no começo do século, havia propostas de montar um sistema integrado de bonde, trem, metrô e ônibus, a exemplo de Nova York e Buenos Aires. A lógica excludente fez que São Paulo preferisse abrir espaço para veículos sobre pneus e ficássemos reféns dos congestionamentos, com poucas alternativas de transportes públicos. Num texto simples e saboroso, Raquel mostra, passo a passo, a construção da desordem de uma cidade, destruída por políticas urbanas erradas, dominação dos especuladores imobiliários, corrupção, migrações explosivas. Os pobres foram sendo expelidos para longe, os ricos entrincheiravam-se em bairros-jardins, num movimento que prosseguiu na periferia e nos enclaves como shopping centers e condomínios de luxo. São Paulo é reflexo de seus erros e do desastre social brasileiro, marcado pela má distribuição de renda. O caos está, agora, produzindo uma nova consciência urbana. Numa reação, comparável ao Livro explica a beleza e o caos da cidade e tenta entender o trânsito 38 oficina que ocorreu em Nova York, cada vez mais gente imagina que se sentir refém não é uma condição intrínseca do paulistano. “São Paulo”, de Raquel Rolnik, é o livro didático disponível para introduzir o leitor interessado no conhecimento das forças que movem e desenham o traçado urbano e social de uma cidade. “Folha Explica São Paulo” Autora: Raquel Rolnik Editora: Publifolha Páginas: 88 Quanto: R$ 17,90 Exercícios Exercício 1 Título da obra Título da resenha Autor da obra Autor da resenha Relação entre títulos de obra e de resenha Texto 1 Texto 2 39 oficina Exercício 2 Conteúdo temático da resenha Citações na Resenha Marcas textuais de resenha Texto 1 Parada no inferno Foco nas condições de vida no presídio “Barril de pólvora”. A “denunciar um sistema penal antiquado, apontar soluções para a criminalidade brasileira ou defender direitos humanos de quem quer que seja”. Referências ao autor da obra. Na introdução..; referência ao autor, sua profissão (médico), número de páginas, à linguagem utilizada; o livro é dividido em duas partes... Texto 2 O caos de São Paulo tem lógica Exercício 3 Resumo Avaliação Justificativa da avaliação Texto 1 Uma parada no inferno O livro descreve o presídio com suas instalações, divisões de pavilhões com dinâmica própria e conta as histórias dos detentos e dos funcionários do sistema carcerário O livro deve ser lido e prende a atenção do começo ao fim. Possui linguagem fiel ao modo falar do presidiário; entrelaçamento de histórias que permite ao leitor acompanhar as perplexidades que surgem do convívio com os presos; o livro é um exercício de objetividade, é preciso; tema denso, mas o autor dosa humor, observação e crítica. 40 oficina Texto 2 O caos de São Paulo tem lógica Do autor do texto-base 41 oficina Gabarito Aula 3 a) O homem explora a Natureza para satisfazer suas necessidades plantas, madeiras,animais e outros recursos Aula 4 Exercício 1 Título da obra Título da resenha Autor da obra Autor da resenha Relação entre títulos de obra e de resenha Texto 1 Carandiru Parada no inferno Drauzio Varella Guilherme Werneck Carandiru – presídio comparado à parada (metrô) no inferno Texto 2 São Paulo O caos de São Paulo tem lógica Raquel Rolnik Gilberto Dimenstein São Paulo hoje – cidade que tem uma explicação histórica, lógica para o seu caos. 42 oficina Exercício 2 Conteúdo temático da resenha Citações na Resenha Marcas textuais de resenha Texto 1 - Parada no inferno Foco nas condições de vida no presídio “Barril de pólvora”. A “denunciar um sistema penal antiquado, apontar soluções para a criminalidade brasileira ou defender direitos humanos de quem quer que seja”. Referências ao autor da obra. Na introdução..; referência ao autor, sua profissão (médico), número de páginas, à linguagem utilizada; o livro é dividido em duas partes... Texto 2 -O caos de São Paulo tem lógica Foco nas condições caóticas de vida na cidade de São Paulo Não há Referência ao livro, ao autor (urbanista) Raquel mostra... Exercício 3 Resumo Avaliação Justificativa da avaliação Texto 1- Uma parada no inferno O livro descreve o presídio com suas instalações, divisões de pavilhões com dinâmica própria e conta as histórias dos detentos e dos funcionários do sistema carcerário O livro deve ser lido e prende a atenção do começo ao fim. Possui linguagem fiel ao modo falar do presidiário; entrelaçamento de histórias que permite ao leitor acompanhar as perplexidades que surgem do convívio com os presos; o livro é um exercício de objetividade, é preciso; tema denso, mas o autor dosa humor, observação e crítica. 43 oficina Texto 2. O caos de São Paulo tem lógica São Paulo é uma cidade de grandes oportunidades, porém, caótica, em função de erros que são explicados historicamente por políticas urbanas inadequadas O livro é didático e saboroso e deve ser lido. Num texto simples e saboroso, Raquel mostra, passo a passo, a construção da... ...disponível para introduzir o leitor interessado no conhecimento das forças que movem e desenham o traçado urbano e social de uma cidade.
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