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( Psicologia) Kubler Ross Tanatologia

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TANATOLOGIA Página 1 de 17 
 
Unidade II - Tanatologia 
Nesta obra Kubler-Ross aborda como o ser humano reage à morte e ao morrer, o que tem sido 
matéria de vários concursos. 
 “Quando um paciente está gravemente enfermo, em geral é tratado como alguém sem direito a 
opinar. Quase sempre é outra pessoa quem decide sobre se, quando e onde um paciente deverá ser 
hospitalizado”. 
O doente também tem sentimentos, desejos, opiniões e, acima de tudo, o direito de ser 
ouvido... 
ATITUDES DIANTE DA MORTE E DO MORRER 
Com o avanço rápido da técnica e as novas conquistas científicas, os homens tornam-se capazes de 
desenvolver qualidades novas e novas armas de destruição de massa que aumentam o temor de 
uma morte violenta e catastrófica. 
Sob o ponto de vista psicológico, o homem tem que se defender de vários modos contra o medo 
crescente da morte e contra a crescente incapacidade de prevê-la e precaver-se contra ela. 
Psicologicamente, ele pode negar a realidade de sua morte por um certo tempo. 
Em nosso inconsciente, não podemos conceber nossa própria morte, mas acreditamos em 
nossa imortalidade. 
“Podemos aceitar a morte do próximo, e as noticias dos números dos que morrem nas guerras, nas 
batalhas e nas auto-estradas só confirmam a crença inconsciente em nossa imortalidade, fazendo 
que com que – no mais recôndito de nosso inconsciente – nos alegremos com um’ ainda bem que 
não fui eu’.” 
Diante da doença terminal o médico vive o dilema: Contar ou não contar o diagnóstico para o 
paciente 
“É sempre difícil encarar um paciente após o diagnóstico de um tumor maligno. Alguns médicos são 
favoráveis a que se diga aos parentes, mas escondem a realidade do paciente para evitar uma crise 
emocional. Outros são sensíveis às necessidades de seus pacientes e obtêm êxito ao cientificá-los 
da existência de uma moléstia séria, sem lhes tirar a esperança”. 
(...) A questão não deveria ser ‘devo contar?’ Mas ‘como vou dividir isso com meu paciente?’ (...) o 
homem não tende a encarar abertamente seu fim de vida na terra; só ocasionalmente e com certo 
temor é que lançará um olhar sobre a possibilidade de sua própria morte. Não resta dúvida de que 
uma dessas ocasiões é a consciência de que sua vida está ameaçada por uma doença. 
“O simples fato de um paciente ser informado de que tem câncer já o conscientiza de sua 
possível morte”. 
“O médico que puder falar sem rodeios com os pacientes sobre o diagnóstico de um tumor maligno, 
não o relacionando necessariamente à morte iminente, estará prestando um grande serviço. Ao 
mesmo tempo, deve deixar portas abertas à esperança, sobretudo quanto ao uso de novos 
medicamentos, novos tratamentos, novas técnicas de pesquisas. O importante é comunicar ao 
paciente que nem tudo está perdido; que não vai abandoná-lo por causa de um diagnóstico; que é 
uma batalha que tem de travas juntos – paciente, família e médico -, não importando o resultado final. 
Esse doente não temerá isolamento, abandono, rejeição, mas continuará confiante na honestidade de 
TANATOLOGIA Página 2 de 17 
 
seu médico, certo de que, se algo houver a ser feito, é juntos que o farão. Esta aproximação é 
reconfortante, inclusive para a família, que,não raro, se acha demasiado impotente diante de tais 
situações. Todos dependem muito do conforto, verbal ou não, do médico. Sentem-se encorajados ao 
saber que se fará todo o possível, senão para prolongar a vida, ao menos para aliviar o sofrimento”. 
“Se uma paciente aparece com um caroço na mama, um médico atencioso deve prepará-la para um 
eventual tumor maligno e dizer-lhe, por exemplo, que uma biópsia vai revelar a real natureza do 
tumor. Pode falar, com antecedência, da necessidade de uma cirurgia total, caso o tumor seja 
maligno. Esta paciente terá mais tempo de se preparar para a eventualidade de um câncer e, por 
conseguinte, para aceitar a cirurgia, se necessário”. 
“ (...) quanto tempo ainda tenho de vida, doutor? O médico pode, então explicar o quanto se tem 
conseguido nos últimos anos com relação ao prolongamento do curto período de vida desses 
pacientes e falar da possibilidade de uma cirurgia adicional que tem mostrado bons resultados. Pode 
também dizer francamente que ninguém sabe quanto tempo viverá. (...) especificar o número de 
meses ou anos de vida é a pior conduta com qualquer paciente, por mais forte que ele seja. (...) 
estas informações são inexatas e as exceções constituem a regra; portanto, não vejo razão alguma 
para levá-la em consideração. (...) o médico compreensivo e cauteloso pode comunicar a seu 
paciente que é melhor por em ordem suas coisas enquanto dispõe de tempo e força... É provável 
que este paciente capte a mensagem implícita enquanto for capaz de manter acesa a chama da 
esperança que todo e qualquer paciente deve manter, inclusive os que dizem que estão prontos para 
morrer. (...) todos os pacientes conservam uma porta aberta à possibilidade de continuarem vivendo e 
nenhum deles sustentou o tempo todo que não queria mais viver”. 
O mais importante é a atitude que assumimos e a capacidade de encarar a doença fatal e a 
morte. 
“Se isto constitui um grande problema em nossa vida particular, se a morte é encarada como um tabu 
horrendo, medonho, jamais chegaremos a afrontá-la com calma ao ajudar um paciente. (...) O tumor 
maligno está sempre associado à idéia de morte iminente, a uma natureza destrutiva de morte e 
detona sempre todas as emoções. Se não somos capazes de encarar a morte com serenidade, como 
podemos ajudar nossos pacientes? (...) Despistamos, falamos de banalidade(....) e, se o paciente for 
sensível, fará nosso jogo falando da primavera que virá, mesmo sabendo que para ele a primavera 
não vem. (...) Quando interpelados dirão que seus pacientes não querem saber a verdade... (...) 
sentem-se grandemente aliviados por não terem de enfrentar a verdade, desconhecendo totalmente 
(...) que foram eles que provocaram esta atitude em seus pacientes”. 
“(...) os médicos que tem necessidade de negá-la encontram a mesma negação em seus pacientes, 
enquanto aqueles que são capazes de falar sobre a doença terminal encontrarão seus pacientes 
mais aptos a reconhecê-la e enfrentá-la. 
A necessidade de negação é diretamente proporcional à necessidade de negação por parte do 
próprio médico”. 
“(...) diversos pacientes reagem diferentemente a tais notícias, dependendo de sua personalidade, do 
estilo e do modo de vida pregressos. As pessoas que (...) se servem da rejeição como principal 
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defesa tendem a valer-se dela mais do que outras. Pacientes que enfrentaram com mente aberta 
situações penosas no passado tendem a agir do mesmo modo na presente situação”. 
 “Resumindo, acho que a pergunta formulada não deveria ser ‘conto ao paciente?’, mas, sim, ‘Como 
partilhar o que sei com o paciente?’. 
O médico deveria antes examinar sua atitude pessoal frente à doença maligna e à morte, de 
modo a ser capaz de falar sobre assuntos tão graves sem excessiva ansiedade. Deveria 
prestar atenção nas ‘dicas’ que lhe dá o paciente, possibilitando extrair dele boa disposição 
para enfrentar a realidade. 
Quanto mais gente envolvida com o paciente souber do diagnóstico do tumor maligno, mais cedo ele 
perceberá o seu verdadeiro estado, pois são poucos os atores capazes de conservar no rosto por 
muito tempo uma máscara aceitável de animação.” 
“Saber compartilhar uma notícia dolorosa com um paciente é uma arte. Quanto mais simples o modo 
de dar a notícia, mais fácil é para o paciente ponderar depois, se não quiser ‘ouvi-la’ no momento”. 
A seguir iremos apresentar, de forma resumida os diferentes estágios, descritos por Elisabeth Kübler-
Ross, pelos quais as pessoas passamao se defrontarem com notícias trágicas: mecanismos de 
defesa, mecanismos de luta, para enfrentar situações extremamente difíceis. 
Tais estágios terão duração variável, um substituirá o outro ou se encontrarão, às vezes, lado 
a lado. 
PRIMEIRO ESTÁGIO: NEGAÇÃO E ISOLAMENTO 
SEGUNDO ESTÁGIO: A RAIVA 
TERCEIRO ESTÁGIO: BARGANHA 
QUARTO ESTÁGIO: DEPRESSÃO 
QUINTO ESTÁGIO: ACEITAÇÃO 
O PRIMEIRO ESTÁGIO: 
NEGAÇÃO E ISOLAMENTO ocorre após o paciente tomar conhecimento da fase terminal de 
sua doença. 
Trata-se de uma negação inicial, geralmente acompanhada da fala “não, eu não, não pode ser 
verdade” 
Kubler-Ross fala que esta negação inicial era palpável tanto nos pacientes que recebiam diretamente 
a notícia no começo de suas doenças quanto naqueles a quem não havia sido dita a verdade, e ainda 
naqueles que vinham a saber mais tarde por conta própria. 
Momento em que o paciente tenta, de todas as formas, mostrar ao médico que ele está 
enganado. 
Esta negação ansiosa proveniente da comunicação de um diagnóstico é muito comum em pacientes 
que são informados abrupta ou prematuramente por quem não os conhece bem ou por quem informa 
levianamente ‘ para acabar logo com isso’, sem levar em consideração o preparo do paciente. 
A negação, ou pelo menos a negação parcial, é usada por quase todos os pacientes, ou nos 
primeiros estágios da doença ou logo após a constatação, ou, às vezes, numa fase posterior. 
TANATOLOGIA Página 4 de 17 
 
Há quem diga: ‘Não podemos olhar para o sol o tempo todo, não podemos encarar a morte o tempo 
todo. ’Esses pacientes podem considerar a possibilidade da própria morte, durante um certo tempo, 
mas precisam deixar de lado tal pensamento para lutar pela vida.” 
A negação funciona como um pára-choque depois de notícias inesperadas e chocantes, 
deixando que o paciente se recupere com o tempo, mobilizando outras medidas menos 
radicais. 
Entretanto, isso não significa que o mesmo paciente não queira ou não se sinta feliz e aliviado em 
poder sentar-se mais tarde e conversar com alguém sobre sua morte próxima. 
Este diálogo deverá acontecer conforme a conveniência do paciente, quando ele (e não o 
interlocutor) estiver preparado para enfrentar, e deve terminar quando o paciente não puder mais 
encarar os fatos, voltando a assumir sua posição anterior de negação. 
A negação é uma defesa temporária, sendo logo substituída por uma aceitação parcial. 
A negação assumida nem sempre aumenta a tristeza. 
“A maioria dos pacientes não se serve da negação por muito tempo. Podem conversar rapidamente 
sobre a realidade de seu estado e, de repente demonstrar incapacidade de continuar encarando o 
fato realisticamente. Como sabemos então, quando um paciente não quer mais enfrentar a situação? 
Ele pode falar sobre assuntos importantes para sua vida, pode comunicar idéias fantásticas acerca da 
morte ou da vida depois da morte (uma negação em si), só para mudar de assunto mais tarde, quase 
contradizendo o que dissera antes.” 
“Ouvi-lo neste momento é comparável a ouvir um paciente que sofre de pequeno mal-estar, nada tão 
sério que ameace sua vida. Aí, tentamos entender as dicas e temos certeza de que este é o momento 
em que o paciente prefere voltar-se para coisas mais atraentes e alegres. Deixamos então que sonhe 
com coisas mais felizes, ainda que pouco prováveis...” 
 “(...) o ouvinte sensível, perspicaz, ao notar isso, deixa que o paciente faça uso de suas defesas sem 
se conscientizar de suas contradições. Em geral, só muito mais tarde é que o paciente lança mão 
mais do isolamento do que da negação. E quando fala de sua morte, de sua doença, de sua 
mortalidade e imortalidade, como se fossem irmãs gêmeas coexistindo lado a lado, encarando assim 
a morte, sem perder as esperanças.” 
 “A primeira reação do paciente pode ser um estado temporário de choque do qual se recupera 
gradualmente. Quando termina a sensação inicial de torpor e ele se recompõe, é comum no 
homem esta reação: “Não, não pode ser comigo”. Como somos todos imortais em nosso 
inconsciente, é quase inconcebível reconhecermos que também temos de enfrentar a morte. 
Dependendo de como se diz ao paciente, do tempo de que dispõe para se conscientizar 
gradualmente do inevitável desfecho e de como se preparou durante a vida para lutar em 
situações de sucesso, aos poucos ele se desprenderá de sua negação e se utilizará de 
mecanismos de defesa menos radicais”. 
SEGUNDO ESTÁGIO: 
A RAIVA “Quando não é mais possível manter firme o primeiro estágio de negação, ele é 
substituído por sentimento de raiva, de revolta, de inveja e de ressentimento. (...) “Por que 
eu?”. 
TANATOLOGIA Página 5 de 17 
 
“Não, não é verdade, isso não pode acontecer comigo!” Se for esta nossa primeira reação diante de 
uma notícia catastrófica, uma nova reação deve substituí-la quando finalmente formos atingidos: ‘Pois 
é, é comigo, não foi engano.’ 
“Contrastando com o estágio de negação é muito difícil, do ponto de vista da família e do pessoal 
hospitalar, lidar com o estágio da raiva. Deve-se isso ao fato de esta raiva se propagar em todas as 
direções e projetar-se no ambiente, muitas vezes sem razão plausível.” 
“(...) As visitas dos familiares são recebidas com pouco entusiasmo e sem expectativa, 
transformando-se em penoso encontro. A reação dos parentes é de choro e pesar, culpa ou 
humilhação: ou, então, evitam visitas futuras, aumentando no paciente mágoa e a raiva.” 
Como lidar com o doente neste estágio? 
Se colocar no lugar do doente é uma forma de compreender de onde vem a raiva. “Talvez ficássemos 
também com raiva se fossem interrompidas tão prematuramente as atividades de nossa vida. “ 
“Um paciente que é respeitado e compreendido, a quem são dispensados tempo e atenção, logo 
abaixará a voz e diminuirá suas exigências irascíveis. Saberá que é um ser humano de valor, que 
necessita de cuidados, que deixam atuar nos mais altos níveis possíveis naquilo que ele pode. Será 
ouvido sem necessidade de explosões temperamentais, será visitado sem precisar tocar a campainha 
com tanta insistência porque será um prazer visitá-lo e não uma obrigação necessária.” 
A equipe deve analisar o motivo da raiva do paciente e não assumi-la em termos pessoais 
quando, na sua origem, nada ou pouco tem a ver com as pessoas a quem é descarregada. 
“Reagindo pessoalmente a esta raiva, a família ou os enfermeiros, por sua vez, retribuem com uma 
raiva ainda maior, alimentando o comportamento hostil do paciente. Podem evitar contato com os 
pacientes, podem encurtar as visitas ou entrar em atritos desnecessários em defesa de sua 
posição...” 
É importante tolerarmos a raiva, racional ou não, do paciente. Isto só pode ser feito quando 
não se está tão temeroso. 
 “Temos de aprender a ouvir os nossos pacientes e até, às vezes, a suportar alguma raiva irracional, 
sabendo que o alívio proveniente do fato de tê-la externado contribuirá para melhor aceitar as horas 
finais. Só poderemos fazer isso quando tivermos enfrentado o medo da morte, os nossos desejos de 
destruição e nos tivermos compenetrado de nossas próprias defesas, que podem interferir nos 
cuidados com o paciente”. 
TERCEIRO ESTÁGIO: 
BARGANHA O estágio da barganha “é o menos conhecido, mas igualmente útil ao paciente, 
embora por um tempo muito curto.” 
“Se no primeiro estágio, não conseguimos enfrentar os tristes acontecimentos e nos revoltamos 
contra Deus e as pessoas, talvez possamos ser bem-sucedidos na segunda fase, entrando em algum 
tipo de acordo que adie o desfecho inevitável: ‘Se Deus decidiu levar-me deste mundo e não atendeu 
a meus apelos cheios de ira, talvez seja mais condescendente se eu apelar com calma’.” 
O paciente em fase terminalusa da barganha graças a experiências anteriores, de ser 
recompensando por um bom comportamento. 
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“Ele sabe que existe uma leve possibilidade de ser recompensado por um bom comportamento e 
receber um prêmio por serviços especiais. Quase sempre almeja um prolongamento da vida ou 
deseja alguns dias sem dor ou sem males físicos.” 
“A barganha é uma tentativa de adiamento; tem que incluir um prêmio oferecido ‘por bom 
comportamento’, estabelece também uma ‘meta’ auto-imposta e inclui uma promessa implícita 
de que o paciente não pedirá outro adiamento, caso o primeiro seja concedido” . 
Kubler-Ross exemplifica a meta auto-imposta como ir ao casamento de um filho... e faz uma 
observação “Nenhum de nossos pacientes ‘cumpriu as promessas’.” 
“A maioria das barganhas é feita com Deus, mantidas geralmente em segredo, ditas nas entrelinhas 
ou no confessionário do capelão.” 
O paciente promete “uma vida dedicada a Deus”, em troca de um pouco mais de tempo de vida. 
Promete doar parte de seu corpo à ciência caso os médicos usem seus conhecimentos científicos 
para prolongar-lhes a vida. 
“Psicologicamente, as promessas podem estar associadas a uma culpa recôndita”. 
Por isso é importante que as observações feitas por esses pacientes não sejam menosprezadas pela 
equipe hospitalar. “É por esse motivo que achamos de grande valia uma abordagem interdisciplinar 
no cuidado com nosso paciente “. 
Kubler-Ross afirma que eles continuavam o tratamento até que o paciente se sentisse aliviado de 
temores irracionais ou do desejo de punição causado por culpa excessiva, que as novas barganhas e 
as promessas não cumpridas haviam imposto, quando a ‘meta’ escolhida já fora superada. 
QUARTO ESTÁGIO: 
DEPRESSÃO - A depressão está associada a vários outros fatores, acarretados pela doença 
como encargos financeiros com o tratamento e hospitalização, perda de emprego, alteração na 
estrutura econômica da família... 
“Quando o paciente em fase terminal não pode mais negar a sua doença, quando é forçado a 
submeter-se a mais uma cirurgia ou hospitalização, quando começa a apresentar novos sintomas e 
torna-se mais debilitado e mais magro, não pode mais esconder a doença. Seu alheamento ou 
estoicismo, sua revolta e raiva cederão lugar a um sentimento de grande perda.” 
 “Todos estes fatores de depressão são bastante conhecidos de todos os que tratam dos pacientes. 
O que, no entanto, não esquecemos é a aflição inicial a que o paciente em fase terminal é obrigado a 
se submeter para se preparar para quando tiver que deixar este mundo. Se eu tentasse diferenciar 
estes dois tipos de depressões, classificaria a primeira como uma depressão reativa e a segunda 
como uma depressão preparatória. A primeira é de natureza diferente e deve ser tratada 
diversamente da segunda.” 
Depressão Reativa: 
a depressão reativa está ligada a perdas que o paciente sofre a partir da doença e a depressão 
preparatória está ligada as perdas iminentes. 
 “(...) Nossa primeira reação para com as pessoas que estão tristes é tentar anima-las, dizer que não 
encarem os fatos a ferro e a fogo. Procuramos encorajá-las a olhar o lado risonho da vida, as coisas 
positivas e coloridas que a circundam. Geralmente, isto é conseqüência de nossas próprias 
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necessidades, de nossa incapacidade de suportar por muito tempo uma fisionomia amuada. Esta 
forma de abordagem pode ser útil quando se trata do primeiro tipo de depressão em pacientes em 
fase terminal.” 
Depressão preparatória: ocorre diante da morte iminente. 
 “Quando a depressão é um instrumento na preparação da perda iminente de todos os objetos 
amados, para facilitar o estado de aceitação, o encorajamento e a confiança não tem razão de 
ser. 
O paciente não deveria ser encorajado a olhar o lado risonho das coisas, pois isto significaria que ele 
não deveria contemplar sua morte iminente. 
Dizer-lhe para não ficar triste seria contraproducente, pois todos nós ficamos tristes quando 
perdemos um ser amado. O paciente está prestes a perder tudo e todos o que mais ama. É preciso 
deixá-lo exteriorizar seu pesar, para que aceite mais facilmente a situação e ficará agradecido aos 
que puderem estar com ele neste estado de depressão sem repetir constantemente que não fique 
triste.” 
A depressão preparatória geralmente deixa o paciente silencioso “(...) em contraposição ao 
primeiro que requer muita conversa e até intervenções ativas por parte dos outros em muitos 
assuntos, e o paciente tem muito para comunicar.” 
“No pesar preparatório há pouca ou nenhuma necessidade de palavras. É mais um sentimento 
que se exprime mutuamente, traduzido, em geral, por um toque carinhoso de mão, um afago 
nos cabelos, ou apenas por um silencioso ‘sentar-se ao lado’. 
É esta a hora em que o paciente pode pedir para rezar, em que começa a se ocupar com coisas que 
estão à sua frente e não com as que ficaram para trás. É a hora em que a interferência excessiva de 
visitantes que tentam animá-lo retarda sua preparação emocional, em vez de incentivá-la.” 
A depressão preparatória é necessária e benéfica, se o paciente tiver de morrer num estágio de 
aceitação e paz. Só os que conseguiram superar suas angústias e ansiedades são capazes de 
alcançar este estágio. Se esta confiança pudesse ser dividida com seus familiares, seria evitada 
muita angústia. 
QUINTO ESTÁGIO: 
ACEITAÇÃO “Um paciente que tiver tido tempo necessário (Isto é, que não tiver tido uma 
morte súbita e inesperada) e tiver recebido alguma ajuda para superar tudo conforme 
descrevemos anteriormente atingirá um estágio em que não sentirá mais depressão nem raiva 
quanto ao seu ‘destino’. Terá podido externar seus sentimentos, sua inveja pelos vivos e 
sadios e sua raiva por aqueles que não são obrigados a enfrentar a morte tão cedo. Terá 
lamentado a perda iminente de pessoas e lugares queridos e contemplará seu fim próximo 
com um certo grau de tranqüila expectativa.” 
“Estará cansado e bastante fraco, na maioria dos casos. Sentirá também necessidade de cochilar, de 
dormir com freqüência e a intervalos curtos, diferente da necessidade de dormir durante a fase da 
depressão. Não é um sono de fuga, nem um instante de descanso para aliviar a dor, um incômodo ou 
um prurido. É uma necessidade gradual e crescente de aumentar as horas de sono, como um 
recém-nascido, mas em sentido inverso.” 
TANATOLOGIA Página 8 de 17 
 
Não é um desânimo resignado e sem esperança, um sendo de “o que adianta?” ou “não aguento 
mais lutar”, embora se ouçam também estas frases (indicam também o começo do fim da luta, mas 
estas últimas não significam aceitação.)” 
Não se confunda aceitação com um estágio de felicidade. É quase uma fuga de sentimentos. É como 
se a dor tivesse esvanecido, a luta tivesse cessado e fosse chegado o momento do ‘repouso 
derradeiro antes da longa viagem’ 
Diante da reação de aceitação do paciente é preciso ficar atento aos familiares. É também o 
período em que a família geralmente carece de ajuda, compreensão e apoio, mais do que o 
próprio paciente. 
O paciente às vésperas da morte, encontra uma certa paz e aceitação: seu círculo de interesse 
diminui. Deseja que o deixem só, ou, pelos menos, que não o perturbem com notícias e problemas 
do mundo exterior. Os visitantes são indesejados e o paciente já não sente mais vontade de 
conversar com eles. Geralmente pede que seja limitado o número de pessoas e prefere visitas curtas. 
“É o período em que se ‘desliga a televisão’; Nossas conversas, então, passam de verbais a não-
verbais. Paciente já indica com um gesto de mão que nos sentemos um pouco. É provável que só 
segure nossa mão num pedido velado de que fiquemosem silêncio.” 
“Para quem não se perturba diante de quem está prestes a morrer, estes momentos de silêncio 
podem encerrar as comunicações mais significativas. Nossa presença pode até ser uma garantia de 
que vamos ficar por perto até o fim. “ 
“Quando já estiverem sendo providenciadas as coisas mais importantes, podemos simplesmente 
deixar que saiba que tudo está bem sem precisa dizer alguma coisa. É só uma questão de tempo até 
fechar os olhos para sempre”. 
“Isto pode lhe dar certeza, quando não puder mais falar, de que não foi abandonado, e um leve 
aperto de mão, um olhar, um recostar no travesseiro podem dizer mais do que muitas outras palavras 
‘proferidas’.” 
“Há alguns pacientes que lutam até o fim, que se debatem e se agarram à esperança, tornado 
impossível atingir este estágio de aceitação. Chega o dia em que dizem: ‘Não posso resistir mais. 
Quando deixam de lutar, a luta acaba. (...) quanto mais de debatem para driblar a morte inevitável, 
quanto mais tentam negá-la, mais difícil será alcançar o estágio final de aceitação com paz e 
dignidade.” 
“A família e a equipe hospitalar podem achar que esses pacientes são resistentes e forte e encorajá-
los na luta pela vida até o fim, deixando transparecer que aceitar o próprio fim é uma entrega 
covarde, uma decepção ou, pior ainda, uma rejeição da família.” 
“Descobrimos que os pacientes que melhor reagem são aqueles que foram encorajados a extravasar 
suas raivas, a chorar durante o pesar preparatório, a comunicar seus temores e fantasias a quem 
puder sentar-se e ouvi-los em silêncio. Deveríamos tomar consciência do enorme trabalho em 
alcançar este estágio de aceitação, levando a uma separação gradativa (decatexia), onde não há 
mais diálogo.” 
ESPERANÇA - A única coisa que geralmente persiste, em todos estes estágios é a esperança.” 
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“O que os sustenta através dos dias, das semanas, ou dos meses de sofrimento é este fio de 
esperança. É a sensação de que tudo deve ter algum sentido, que pode compensar, caso 
suportem por mais algum tempo. 
É a esperança – que de vez em quando se insinua – de que tudo isto não passe de um pesadelo 
irreal, de que acorde uma manhã com a notícia de que os médicos estão prontos para tentar um novo 
medicamento que parece promissor e que vão testar nele. (...) Isto proporciona aos doentes em fase 
terminal um senso de missão especial, que os ajuda a erguer o ânimo e faz com que se submetam a 
exames e mais exames, quando tudo se torna penoso: de certo modo, para uns é uma racionalização 
de seus sofrimentos, para outros continua sendo uma forma de negação temporária, mas 
necessária.” 
“Não importa o nome que tenha: todos os pacientes conservam essa sensação que serviu de conforto 
em ocasiões especialmente difíceis. Demonstram a maior confiança nos médicos que vislumbravam 
esta esperança – real ou não - e apreciavam quando apresentavam uma esperança, apesar das más 
previsões. Quando um paciente não dá mais sinal de esperança, geralmente é prenúncio de morte 
iminente”. 
A FAMÍLIA DO PACIENTE - “Se não levarmos devidamente em conta a família do paciente em 
fase terminal, não poderemos ajudá-lo com eficácia. 
No período da doença, os familiares desempenham papel preponderante, e suas reações muito 
contribuem para a própria reação do paciente. 
“Creio que tanto para o paciente como para a família, faz mais sentido ver que a doença não 
desequilibrou totalmente o lar, nem privou os familiares de momentos de lazer; ao contrário, a doença 
pode permitir que o lar se adapte e se transforme gradativamente, preparando-se para quando o 
doente não mais estiver presente. Como o paciente em fase terminal não pode encarar a morte o 
tempo todo, o membro da família não pode, nem deve, excluir todas as outras interações para ficar 
exclusivamente ao lado do paciente. Ás vezes, ele também sente necessidade de rejeitar ou fugir às 
realidades tristes para encará-las melhor quando sua presença se fizer mais necessária.” 
“As necessidades da família variarão desde o princípio da doença, e continuarão de formas diversas 
até muito tempo depois da morte. É por isso que os membros da família devem dosar suas energias 
e não se esgotar a ponto de entrar em colapso quando forem mais necessários. Um amigo 
compreensivo pode contribuir muito para ajudá-los a manter o equilíbrio entre ser útil ao paciente e 
respeitar suas próprias necessidades.” 
“Em geral, quem recebe a notícia sobre a gravidade de uma doença é a esposa ou o marido. Cabe a 
eles a decisão de compartilhar a enfermidade com o doente, ou encontrar o momento para contar a 
ele e aos outros membros da família. Geralmente, cabe a eles também decidir como e quando 
informar aos filhos, tarefa sem dúvida mais árdua ainda, sobretudo em se tratando de crianças 
pequenas.” 
 “O moribundo também pode ajudar seus familiares, fazendo com que encarem sua morte. E pode 
ajudar de várias formas. Uma delas é participar naturalmente seus pensamentos e sentimentos aos 
membros da família, incentivando-os a proceder assim também”. 
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Se o paciente for capaz de enfrentar a dor e mostrar com seu próprio exemplo como é possível 
morrer tranquilamente, os familiares se lembrarão de sua força e suportarão com mais 
dignidade a própria tristeza. 
“Se os membros de uma família podem juntos compartilhar estas emoções, enfrentarão aos poucos a 
realidade da separação iminente e chegarão juntos a aceitá-la”. 
O período da fase final, quando o paciente se despede paulatinamente de seu mundo, inclusive da 
família, talvez seja o de desgosto mais profundo. Não compreendem que o moribundo, que encontrou 
paz e aceitação de sua morte, tem de se separar, passo a passo, de seu ambiente, inclusive das 
pessoas mais queridas. Como poderia estar preparado para morrer se continuasse mantendo 
relacionamento cheios de sentido e que são tantos na vida de um homem? 
Quando o paciente pede para ser visitado só por poucos amigos, depois só por seus filhos e, 
finalmente, só por sua esposa, deve-se entender que esta é a maneira de ele se desapegar 
gradualmente. Não raro, os parentes mais próximos interpretam mal este fato, como sendo rejeição e 
temos encontrado diversos maridos e esposas que reagiram dramaticamente a este desapego normal 
e salutar. 
Durante o estágio da aceitação, a família é que precisa de maior apoio, não tanto o paciente. 
Não quero concluir com isto que o paciente deva ser deixado só. Sempre chegou ao estágio de 
aceitação e decatexia pouco exigem em termos de relacionamento interpessoal. Se não for explicado 
à família o sentido deste desligamento, podem surgir problemas...” 
“Se aprendermos a tratar esses parentes com compaixão e compreensão em vez de críticas e 
reprovações, ajudaremos também o paciente a aceitar suas limitações mais fácil e 
condignamente.” 
“Nosso objetivo deve ser sempre ajudar o paciente e sua família a enfrentar juntos a crise, de 
modo que aceitem simultaneamente a realidade final.” 
 “(...) é difícil para os pacientes encarar a morte iminente e prematura quando a família não está 
preparada para deixá-los partir e, aberta ou veladamente, impede que se desatem os laços que os 
ligam à terra.” 
Um paciente tem o direito de morrer em paz e dignamente. Seus desejos e opiniões deveriam 
ser respeitados, eles mesmos deveriam ser ouvidos e consultados. 
Se seus anseios são contrários às nossas crenças e convicções no que tange a cirurgias futuras ou 
tratamentos, deveríamos falar abertamente deste conflito e deixar que o paciente tome a decisão.” 
A Família após a morte do paciente 
“Muitos parentes se preocupam com memórias e ficam ruminando fantasias, chegando, muitas vezes, 
afalar com o falecido como se este ainda estivesse vivo. Além de se isolar dos vivos, tornam mais 
difícil encarar a realidade da morte da pessoa. Enfrentamento para alguns, esta é a única forma de 
aceitar a perda, e seria cruel demais censurá-los ou colocá-los frente a frente todo dia com a 
inaceitável realidade. Seria mais válido compreender esta necessidade e ajudá-los a quebrar os 
grilhões, afastando-os aos poucos deste isolamento.” 
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As crianças são sempre as esquecidas. Poucas pessoas sentem à vontade para falar com uma 
criança sobre a morte. Até os três anos, uma criança só se preocupa com a separação, seguida mais 
tarde pelo temor da mutilação. É nesta idade que a criança começa a se movimentar, a fazer os 
primeiro contatos ‘com o mundo’ . Nesta atmosfera pode perder um bicho de estimação. “Mutilação 
significa isto para ela, pois está na idade em que se preocupa com a integridade de seu corpo e se 
sente ameaçada por qualquer coisa que possa destruí-lo. A morte não é um fato permanente para a 
criança de três a cinco anos. 
É tão temporária como enterrar o bulbo de uma flor no chão e aguardar que brote na primavera.”. 
“Depois dos cinco anos, a morte geralmente é vista como um homem, um esqueleto que vem buscar 
as pessoas. É atribuída ainda a uma intervenção externa.” 
“Por volta dos nove ou dez anos, começa a surgir a concepção realista, isto é, a morte como um 
processo biológico permanente.” 
“As crianças tem reações diferentes diante da morte de um dos pais, passando de um isolamento e 
de um afastamento silencioso a um pranto convulso que chama a atenção, substituindo um objeto 
necessitado e amado. Como as crianças não sabem ainda distinguir entre o desejo e a ação, podem 
sentir muito remorso e culpa. Podem sentir-se responsáveis por terem matado os pais, daí nascendo 
o temor de um castigo horrível como represália. Por outro lado, podem aceitar a separação com 
relativa calma...” com esperanças de que voltem. “Se os adultos, já perturbados durante este período, 
não compreenderem essas crianças e as repreenderem e corrigirem, elas podem reprimir no íntimo 
sua maneira de manifestar o pesar, o que pode, muitas vezes, ser fonte de distúrbios emocional 
futuros.” 
“Com o adolescente, as coisas não diferem muito do adulto. Naturalmente, a adolescência já é um 
período difícil em si mesmo. Se a ele se acrescenta a perda de um dos pais, torna-se muito para um 
jovem suportar. Devemos ouvi-los e deixar que exteriorizem seus sentimentos, não importa se de 
culpa, ira ou simples tristeza”. 
A ajuda mais significativa que podemos dar a qualquer parente, criança ou adulto, é partilhar 
seus sentimentos antes que a morte chegue, deixando que enfrente estes sentimentos, 
racionais ou não. 
Deixem o parente falar, chorar ou gritar, se necessário. Deixem que participe, converse, mas fiquem à 
disposição. É longo o período de luto que tem pela frente, quando tiverem sido resolvidos os 
problemas com o falecido. E necessita de ajuda e assistência desde a confirmação de um chamado 
‘mau diagnóstico’, até os meses posteriores à morte de um membro da família.” 
Se tolerarmos a raiva deles, quer seja dirigida a nós ou ao falecido, ou contra Deus, teremos ajudado 
a darem passos largos na aceitação sem culpa. 
Kubler-Ross sintetiza o que pôde observar do trabalho realizado com os pacientes nos seminários 
onde conversavam sobre a morte e o morrer e o que estes pacientes ensinaram: 
 Todos eles estão cientes da gravidade de seu estado, que tenham sido informados ou não. 
 Nem sempre dizem que sabem a seu médico ou a parente próximo – é doloroso falar desta 
realidade, sendo que o paciente capta e aceita com prazer, momento, qualquer mensagem, implícita 
ou explícita, para não se tocar no assunto. 
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 Chegou uma hora em que todos os pacientes sentiram necessidade de transmitir seus 
anseios, de tirar a máscara, de enfrentar a realidade, e de cuidar de assuntos vitais enquanto havia 
tempo. 
 Acataram nosso desejo de conversar com eles sobre sua morte próxima e suas obrigações 
pendentes. 
 Queriam dividir com uma pessoa compreensiva alguns de seus sentimentos: raiva, revolta, 
inveja, culpa e isolamento 
 Se serviam da negação quando o médico ou o membro da família esperavam negação, por 
dependerem deles e sentirem necessidade de manter um relacionamento. 
 Se ressentiam muito quando eram tratados como crianças. 
 Todos eles detectavam uma mudança de atitude e comportamento quando o resultado do 
diagnóstico era câncer, e se conscientizavam da gravidade de seu estado graças à mudança de 
comportamento daqueles que os circundavam. 
 Frequentemente reagem com uma admiração quase exagerada por quem cuida deles e lhes 
dedica um pouco de tempo. 
 Todos os pacientes reagiram quase do mesmo modo com relação às más notícias: com 
choque e descrença. 
 Muitos fizeram uso da negação, que podia durar de alguns segundos até muitos meses. Esta 
negação nunca é uma negação total. Depois dela, predominaram a raiva e a revolta, manifestadas 
dos modos mais diversos, como uma inveja dos que podiam viver e agir. 
 Esta raiva era parcialmente justificada e reforçada pelas reações da equipe e da família, raiva 
quase irracional muitas vezes, e por uma repetição de experiências pregressas. 
 Quando os circunstantes conseguiam suportar esta raiva sem assumi-la pessoalmente, 
ajudavam o paciente a alcançar o estágio temporário de barganha, seguido pela depressão, 
trampolim para a aceitação final. 
Um estágio não substitui o outro, mas podem coexistir lado a lado, às vezes até se justapondo. 
 Muitos pacientes atingiram a aceitação final sem nenhuma intervenção exterior; outros 
necessitaram de assistência para superar os diferentes estágios e morrer dignamente em paz. 
 Todos os pacientes mantiveram, até o último instante, alguma forma de esperança. 
 Aqueles que receberam o diagnóstico fatal sem perspectiva de saída, sem um vislumbre de 
esperança, reagiram da pior maneira possível e jamais se reconciliaram totalmente com a pessoa que 
lhes dera a notícia de modo tão cruel. 
 A esperança pode vir sob a forma de uma descoberta nova, um novo achado em pesquisa de 
laboratório, nova droga, milagre de Deus, ou pela constatação de que os exames eram de outro 
paciente. 
 Todos eles reconheciam que era bom falar de seus sentimentos, mas também sentiam 
necessidade de escolher o tempo e a duração. 
 Pessoas que passaram uma vida de privações, sofrimentos e trabalho árduo mostraram 
maior tranquilidade em aceitar a morte com paz e dignidade, quando comparadas com as que 
passaram a vida controlando ambiciosamente o mundo que as cercava, acumulando bens materiais e 
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um número enorme de relacionamentos sociais, mas poucos relacionamentos interpessoais 
significativos que lhes fossem úteis no fim da vida. 
 Os pacientes que tinham religião pareciam diferir pouco dos que não a tinham. Encontramos 
bem poucas pessoas realmente religiosas, possuidoras de fé profunda. A essas, a fé ajudou. 
 Quando os pacientes atingiam o estágio de aceitação e decatexia finais, a interferência 
exterior era vista como um grande distúrbio, e esta impediu que alguns paciente morressem em paz e 
dignamente. 
 Este estágio é sinal de morte próxima e nos possibilitou prevê-la em alguns pacientes em 
quem não havia sinal algum, ou só um breve aceno, sob o ponto de vista médico, de que a morte se 
aproximava. Deve-se ficar atento ao pedido do paciente para que fiquemos ao seu lado, já que se 
sabe que amanhã será tarde demais. 
 Temos de examinar detalhadamente nossa posição diante da morte e do morrer, antes denos sentarmos tranquilos e sem ansiedade ao lado de um paciente terminal. 
Estágio da Depressão no enfoque de outros autores: 
Depressão -Quando diagnosticamos que um paciente se encontra na posição depressão é 
preciso ir mais adiante e especificar o tipo, se depressão reacional (luto) ou depressão 
melancólica. Cada tipo exige uma conduta terapêutica diferente. 
Se for reacional, portanto uma depressão mais próxima do normal, podemos esperar uma 
evolução favorável. 
Se for do tipo melancólico, exige um atendimento mais freqüente,mais atenção a sinais de 
risco de suicídio, maior entrosamento com a equipe médica, e sugere uma evolução mais 
complicada, bem como implica uma investigação mais detalhada da história psiquiátrica do 
paciente em busca de episódios anteriores de transtorno depressivo maior. 
“Freud (1980, Volume XIV) distingue dois tipos principais de depressão: o luto e a melancolia, que 
são maneiras de lidar com a perda do objeto, objeto aqui tomado no sentido psicanalítico 
significando objeto da pulsão, objeto da libido, objeto de amor.” 
Freud em “Luto e Melancolia” conceitua luto: 
Luto: reação no campo da normalidade. 
Comporta um estado de alma doloroso, a perda de interesse pelo mundo exterior, a perda da 
capacidade de escolher um novo objeto de amor – o que equivaleria a substituir aquele por 
quem se está enlutado – e o abandono de qualquer atividade não relacionada à memória do 
falecido. 
“Concebemos facilmente que essa inibição e restrição do ego exprimem o fato de o indivíduo se 
entregar exclusivamente ao seu luto, de sorte que nele nada resta para outros projetos e outros 
interesses. ’ O luto, e, portanto a depressão,não é uma coisa meramente negativa, não se resume a 
um desinteresse pelo mundo e pela vida. Essa ‘coisa’ que o deprimido faz é um trabalho psíquico, 
uma elaboração da perda, a qual leva tempo e nela o psicólogo pode ajudar muito, mas não é o caso 
de apressá-la: o trabalho psíquico tem seu próprio ritmo.” 
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A melancolia para Freud, é um quadro com características psicóticas, e nisso ele concorda com a 
psiquiatria moderna, que usa o termo para designar casos graves de depressão,que incluem delírios 
e alucinações. 
Melancolia: já adentra o psicopatológico. 
Freud diz que na melancolia a pessoa pode saber quem perdeu,mas não sabe o que perdeu 
neste alguém. 
Clinicamente, a melancolia se manifesta como um luto acrescido de mais algumas coisas: 
Está presente na melancolia a culpa e auto-acusação, ausência de cuidados elementares, 
como alimentação e higiene, desânimo intenso, podendo chegar ao estupor, perda de 
interesse pelo mundo beirando o egocentrismo total (por isso a depressão é chamada neurose 
narcísica) e uma perda da capacidade de amar, sendo muito comum o próprio paciente se 
queixar de uma sensação de falta de afetividade. 
Nas palavras de Freud, ‘a pessoa se descreve como sem valor, incapaz do que quer que seja e 
moralmente condenável: recrimina-se, insulta-se, espera repulsa e punição e compadece-se de seus 
familiares por estarem ligados a uma pessoa tão indigna quanto ele, e – o que é notável – evidencia 
um fracasso da pulsão que obriga todo ser vivo a apegar-se à vida.’ O paciente na posição depressão 
tipo melancolia encontra-se em risco aumentado de suicídio.” 
“No adoecimento, a depressão, em seu sentido de luto e tristeza, é uma etapa necessária ao 
enfrentamento da doença e, se evitada, como no caso da negação ou da revolta, constitui-se em 
dificuldade,mas que, quando muito exagerada, como na melancolia, vai beirar o patológico. Se a 
depressão é necessária ao trabalho psíquico de enfrentamento, o psicólogo hospitalar deve estar 
preparado para aceitá-la no paciente, em vez de querer tirá-lo a qualquer custo dessa posição. É 
preciso aprender a suportar por algum tempo a tristeza e a angústia no outro.” 
Alguns “mal-entendidos referentes ao uso muito genérico da palavra ‘depressão’. A posição 
depressão na órbita reacional não é a mesma coisa que a doença denominada ‘depressão’. Naquela 
posição a pessoa apresenta uma série de sintomas que também estão presentes na doença 
depressão, mas, pelo seu caráter passageiro e reativo, não preenchem os critérios diagnósticos para 
a depressão propriamente dita. A primeira é uma reação com colorido depressivo e a segunda um 
transtorno mental bem especificado.” 
Tristeza X Depressão: “É certo que na doença mental depressão a tristeza é um elemento presente e 
fundamental, mas nem toda tristeza é uma doença. A tristeza é uma emoção humana bastante 
natural ante a situações de perda.” 
Na depressão as soluções tentadas pelo paciente “são do tipo narcísica”. Narcisismo significa o 
recolhimento da libido investida nos objetos para investimento no próprio ego. A doença provoca 
mesmo essa regressão,que é na verdade uma tentativa de cura, de reconstituição da própria forma 
do ego. Note-se como na depressão a palavra ‘eu’ é insistente: ‘eu não consigo’, ‘eu não tenho mais 
jeito’, ‘a vida continua igual, eu que não encontro mais prazer em nada’. Quando a pessoa puder, vai 
voltar sua atenção novamente para as coisas do mundo e da doença, aí estará se iniciando o 
processo de enfrentamento...” 
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“A tristeza é emoção emblemática da posição depressão. É natural sentir tristeza diante da doença, 
considerando-se que a tristeza é a emoção da perda e que a doença se faz acompanhar de muitas 
perdas, algumas concretas, outras imaginárias,mas sempre perdas de objetos pulsionais. Quando a 
tristeza se cristaliza, geralmente o problema é com a raiva. Pessoa cronicamente entristecida pode ter 
dificuldades em expressar sua hostilidade”. 
Posição Depressão 
Solução tentada Narcísica 
Emoção predominante Tristeza 
Emoção evitada Raiva 
Pensamento Impotência 
Comportamento Paralisia 
Estado de ânimo Sem graça, faz por fazer 
O sujeito Desiste 
Mecanismo Luto 
Forma de passividade Não há luta 
Esperança Minimizada 
Frases Não adianta. Pra que? 
Não vai dar certo 
Posição Enfrentamento 
“Quando o paciente alcança essa posição de enfrentamento ele já passou pelas outras posições, já 
deixou para trás suas fantasias de onipotência e impotência, e pode agora encarar sua doença de 
maneira mais realista. 
É um ‘adeus às ilusões’ que provoca no paciente uma mudança bastante evidente pelo 
posicionamento em relação a doença que agora passa a ser uma alternância, uma mistura entre a 
luta e o luto. Na depressão só havia luto, na revolta só luta, agora há uma alternância, um amálgama 
entre as duas forças.” 
 Luta: “é tudo o que uma pessoa faz diante de um limite tentando modificá-lo” 
 Luto: “é tudo aquilo que uma pessoa faz diante de uma perda objetal, tentando suportá-la” 
 Luta-luto: é uma estratégia humana para lidar com mudanças. 
Na posição enfrentamento, a pessoa, mesmo estando doente, é potente porque nada está sendo 
negado. 
O pensamento na posição enfrentamento se caracteriza pela sua amplitude, é bastante 
inclusivo e não nega aspectos positivos ou negativos da realidade e da doença. 
Tal aceitação da doença não é prematura nem passiva, e nisso se diferencia da aceitação existente 
na posição depressão.” 
“No enfrentamento a pessoa pára de perguntar (mas por que eu?), não porque já tenha encontrado a 
resposta, mas porque descobrir que não se trata de saber se a doença faz ou não faz sentido, e sim 
de saber o que fazer com a doença.” 
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O enfrentamento é um processo de fluidez emocional, contrastando com a estase da revolta 
(cristalização da raiva) e da estase da depressão (cristalização da tristeza), onde todas as emoções 
se fazem presentes.A pessoa sente tudo:medo, raiva, tristeza, alegria, carinho, desânimo, 
dependendo do momento. Mas tudo passa, dando lugar a outro estado afetivo. É uma posição 
bastante rica e complexa do ponto de vista emocional, aquilo que o paciente afirma hoje pode já não 
valer amanhã. Não é uma posição coerente, é uma posição verdadeira. É uma solução afetiva que o 
sujeito está tentando para o seu momento. (...) 
Como uma invenção individual. 
“O dia-a-dia de uma pessoa pode ser bastante influenciado pela posição que ela assume em relação 
a sua doença. Na negação ela se torna irritadiça e angustiada; na revolta fica estressada e solitária; 
na depressão não vê graça em nada e faz as coisas por fazer; já no enfrentamento; a pessoa 
aprende a desfrutar do prazer das pequenas coisas, e tudo o que faz parece carregado de muita 
intensidade, além do que ela vivencia certa serenidade, que à primeira vista pode ser paradoxal 
diante de sua condição de enferma. Quando uma pessoa se põe em contato com sua própria 
verdade, ela se torna forte e calma, pode haver tristeza, mas não há depressão, pode haver medo, 
mas sem ansiedade. É uma posição bastante rica do ponto de vista psicológico.” 
“Quanto ao aspecto comportamental : na negação a pessoa é uma procrastinadora, adia o que tem 
de ser feito; na revolta, ela faz muitas coisas, mas quase tudo é sem foco – uma agitação; na 
depressão nada faz, paralisa-se; já no enfrentamento a pessoa faz o que tem de fazer.” 
 “Quando um paciente passa pelo seu enfrentamento, a mudança não se dá apenas em sua maneira 
de lidar com a doença, mas também em seu âmago como pessoa.” 
O enfrentamento é luta & luto, com tudo o que isso implica, até mesmo um tanto de angústia, tristeza, 
medo, irritação. Inclui um pouco de tudo, mas na medida certa e de forma consciente.” 
O Luto e o processo de enlutamento na referência outros autores: 
O luto é um processo de elaboração e resolução de uma perda ou fantasiosa pelo qual todas 
as pessoas passam em vários momentos da vida, com maior ou menor sucesso. 
O êxito na elaboração do luto leva o indivíduo a encontrar novos significados para questões 
norteadoras importantes em sua vida, porém, seu fracasso pode significar complicações médica e/ou 
psicológica. 
Um ponto importante a considerar é que nas diferentes fases do ciclo vital, o impacto do luto se faz 
sentir diferentemente e isto se explica tanto no desenvolvimento do indivíduo, com suas transições 
necessárias, como na família, que também passa por constantes processos, nos quais as mudanças 
podem adquirir o caráter de uma perda. As experiências de morte e de perda são acontecimentos 
difíceis e muito estressantes para o ser humano. A vivência da perda é relacionada à importância do 
vínculo estabelecido com o objeto perdido, embora muitos outros fatores entrem em jogo. 
Luto pode ser definido como uma perda, por separação ou afastamento, que deixa alguém 
destituído de um objeto que lhe dá significado. 
(se referindo aqui à separação física do falecido ou da situação). 
 Luto é a dor emocional ou agonia que se sente com a perda de um ente querido. 
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O enlutamento é definido como o processo psicológico mobilizado com a perda de um objeto amado, 
que comumente leva à renúncia do objeto (BOLWBY, 1980). 
Outro ponto importante é a diferenciação que se faz entre luto normal e luto patológico. De acordo 
com a American Psychiatric Association (1994) o luto normal não é considerado doença mental. Em 
adultos, um quadro depressivo completo é freqüentemente uma reação normal à morte de um amigo 
próximo ou de um paciente. Os sintomas mais comuns são insônia, diminuição do apetite e perda de 
peso. 
Quando surge preocupação mórbida, acompanhada por inutilidade, comprometimento emocional 
prolongado e retardo psicomotor marcante já se configura uma situação com sintomas incomuns, que 
podem sugerir que o luto está complicado pelo desenvolvimento de uma depressão maior. A reação à 
perda ocorre de forma marcante nos primeiros seis meses do luto, embora a duração do luto normal 
varie entre diferentes culturas e sob impacto dos diversos fatores que a determinam. 
Para o profissional da saúde é fundamental saber diferenciar o luto normal do luto patológico. 
Segundo a American Psychiatric Association (1994) a presença de alguns sintomas que são caracte-
rísticas da reação de luto normal podem ser úteis na diferenciação entre o luto e um episódio de 
depressão maior. O diagnóstico diferencial indica qual a abordagem terapêutica que deve ser 
adotada no caso. No quadro depressivo observamos sintomas como: culpa por omissões ou ação 
praticadas pelo sobrevivente no momento da perda; pensamentos de que o sobrevivente teria que 
morrer junto ou no lugar do falecido; acentuado retardo psicomotor, sentimentos de ruína acompanha 
de idéias de suicídio, experiência alucinatória como ouvir a voz do falecido. 
Referências: 
SOBRE A MORTE E O MORRER. Kübler-Ross, Elisabeth. 8ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 
1998. 
Manual de Psicologia Hospitalar: o mapa da doença. Alfredo Simonetti. São Paulo: Casa do 
Psicólogo, 2004. 
Luto e Saúde. Schiliemann, A.L.; Nacif, G.; Oliveira, M.C.. In: Bromberg, Maria Helena PF. 
Estudos Avançados sobre o luto. São Paulo: Editorial Psy

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