Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 QUESTÕES COMENTADAS – IBFC TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE PERNAMBUCO LÍNGUA PORTUGUESA Prof. Iedo Ferraz FONOLOGIA E ACENTUAÇÃO Questão 01 Ano: 2016 Órgão: COMLURB Prova: Engenheiro de Segurança do Trabalho Com relação às novas regras de acentuação ortográfica, analise a afirmativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) ( ) a palavra “prevêntivas” passa a ter acento circunflexo ( ) a palavra “indesejável” mantém o acento agudo ( ) a palavra “caráter” mantém o acento agudo ( ) a palavra “negócios” perde o acento agudo a) F-V-V-F b) V-F-V-F c) F-F-F-V d) V-V-V-F Gabarito: A Comentários: 1. Para responder a essa questão, é necessário conhecermos a classificação das palavras quanto ao acento tônico e as regras de acentuação previstas no Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. 2. O acento tônico recai na sílaba de maior intensidade quando pronunciamos uma palavra. Isso, em regra, pode ocorrer nas três últimas sílabas: a. quando a última sílaba é a tônica, a palavra será oxítona; b. quando a penúltima sílaba é a tônica, a palavra será paroxítona; c. quando a antepenúltima sílaba é a tônica, a palavra será proparoxítona. 3. Tendo isso em vista, analisemos cada uma das afirmativas: a. ( ) a palavra “prevêntivas” passa a ter acento circunflexo i. Aqui, a palavra “preventivas” é apresentada como “prevêntivas”. Ocorre que esta última forma não existe em 2 nossa língua, pois o acento tônico da palavra recai sobre o ‘ti’ (preventivas), tratando-se de uma paroxítona. Esse exemplo permite-nos ver a importância da tonicidade da palavra como um elemento de sua própria identidade, uma vez que a alteração da sílaba tônica pode corromper completamente a unidade de sentido. ii. Contudo, é importante ressaltar que, caso “prevêntivas” existisse, ela seria obrigatoriamente acentuada por se tratar de uma palavra proparoxítona. Lembram-se da regra de que todas as proparoxítonas são acentuadas? Pois bem. iii. A primeira afirmativa, portanto, está falsa. b. ( ) a palavra “indesejável” mantém o acento agudo e ( ) a palavra “caráter” mantém o acento agudo i. As afirmativas acima apresentam as palavras “indesejável” e “caráter” devidamente grafadas com o acento agudo. De acordo com a Gramática, palavras paroxítonas terminadas em ‘l’ e em ‘r’ devem ser acentuadas. Essa regra não foi alterada pelo Novo Acordo Ortográfico, então continua válida. ii. Ambas as afirmativas, portanto, estão verdadeiras. c. ( ) a palavra “negócios” perde o acento agudo i. A palavra “negócios” é uma paroxítona terminada em ditongo oral. Essa é mais uma regra de acentuação das paroxítonas, razão por que “negócios” mantém o acento agudo. A afirmativa está falsa. 4. A título de revisão, o ditongo oral consiste no encontro de duas vogais orais em uma mesma sílaba. Para melhor compreendê-lo, lembre-se de que o ditongo (que, em si, é o encontro de duas vogais numa mesma sílaba) pode ser oral ou nasal – como em “sabão”. A oralidade se relaciona com o ar saindo apenas pela boca; a nasalidade, com o ar saindo pela boca e pelo nariz. Questão 02 Ano: 2013 Órgão: SEPLAG-MG Prova: Pedagogia Assinale abaixo a alternativa cujas palavras são acentuadas pela mesma regra de “abóbora”, “bobó” e “míssil”, respectivamente. a) música/cipó/terrível b) cérebro/mó/difícil. c) necrotério/ebó/pênsil. d) titânico/pó/fácil. Gabarito: A 3 Comentários: 1. A questão exige que se identifique, pela ordem, as palavras que se acentuam em decorrência da mesma regra. Identifiquemos, portanto, qual a regra de cada uma das palavras listadas no enunciado: a. “abóbora” é acentuada por ser proparoxítona, e, como já relembramos, todas as palavras proparoxítonas devem ser acentuadas em nossa língua; b. “bobó” é uma palavra oxítona terminada em ‘o’. Vamos lembrar que a regra diz que todas as palavras oxítonas terminadas em a(s), e(s), o(s) ou em(ens) devem ser acentuadas. c. Por último, a palavra “míssil” é acentuada por se tratar de uma paroxítona terminada em ‘l’, conforme regra exposta na questão anterior. 2. Analisando as alternativas em face de “abóbora”, é possível eliminar a letra ‘c’, uma vez que “necrotério” é palavra paroxítona. 3. Em face de “bobó”, é possível eliminar as alternativas ‘b’ e ‘d’, pois “mó” e “pó” não são palavras paroxítonas (que pressupõem a existência de mais uma sílaba), mas sim monossílabos tônicos. 4. Quanto a “míssil”, destaque-se que todas as alternativas apresentaram palavras que se acentuam pela mesma regra: “terrível”, “difícil”, “pênsil” e “fácil”. 5. A alternativa correta, então, é a letra ‘a’. Questão 03 Ano: 2013 Banca: IBFC Órgão: MPE-SP Prova: Analista de Promotoria I Assinale a alternativa em que a palavra deve ser, obrigatoriamente, acentuada.a) Pratica. b) Negocio. c) Traido. d) Critica. e) Capitulo. Gabarito: C Comentários: 1. Buscar a palavra que deve ser obrigatoriamente acentuada implica verificar sobre qual palavra não é possível recair o acento diferencial. Este existe para marcar a distinção entre palavras de mesma grafia (como veremos a seguir), ou mesmo para marcar, nos verbos, a diferença de 4 flexão – a exemplo de tem (3ª pessoa do singular do presente do indicativo) e têm (3ª pessoa do plural do presente do indicativo). 2. Das palavras apresentadas, “traido” é a única que precisa ser acentuada para existir. Da forma como está grafada, a palavra seria pronunciada com a tônica no ditongo: “trai-do” (palavra paroxítona de duas sílabas). A forma válida, porém, é “tra-í-do” (palavra de três sílaba com hiato), que consiste no particípio passado do verbo ‘trair’. 3. Quanto às demais alternativas, temos a possibilidade das duas formas cogitadas: a. “pratica” (verbo) e “prática” (substantivo); b. “negocio” (verbo) e “negócio” (substantivo); c. “critica” (verbo) e “crítica” (substantivo); e d. “capitulo” (1ª p. do pres. Do indicativo do verbo capitular) e “capítulo” (substantivo). Questão 04 Ano: 2016 Banca: IBFC Órgão: MGS Prova: Auxiliar de Cozinha A Angústia Quem não sabe como vencer o estado de angústia, dê uma olhada para o desespero alheio. Aos ouvidos das lebres chega, de repente, um violento estrépito1. Elas então pensam ter chegado a hora de pôr termo à vida porque não sabiam como livrar- se de tanto temor. Assim, (apavoradas), chegam à beira de uma lagoa com o intento de lançaram-se na água e afogarem-se. À chegada daquele batalhão de lebres, as rãs fogem aterrorizadas. Então uma das lebres fala: “Há gente com medo de nós. Vamos prosseguir vivendo como todos os outros fazem.” Refeitas do susto, as lebres retomaram a sua vida de rotina saltitante. 1 barulho (Fedro, Fábulas. São Paulo: Editora Escala, 2008 ) A palavra “angústia” (1°§) recebe acento agudo em função da seguinte regra de acentuação: a) paroxítona terminada em ditongo crescente b) acentuam-se todas as proparoxítonas c) paroxítona terminada em vogal d) oxítona termina em “ia” Gabarito: A 5 Comentários: 1. Mais uma vez, estamos diante de uma questão que cobra do candidato conhecimentos sobre as regras de acentuação na língua portuguesa. 2. As letras ‘c’ e ‘d’ enunciam regras que não existem e, portanto, devem ser descartadas de pronto. A ver. a. Quanto a “paroxítona terminada em vogal”, é importante destacar que nenhuma palavra é acentuada simplesmente porque termina em vogal, apesar de a terminação nas vogais a, e e o ser fundamento para a acentuação das palavras oxítonas e dos monossílabos tônicos. b. Quanto a “oxítona terminada em ‘ia’”, o examinador buscou induziro candidato ao erro quando trouxe um exemplo da regra das paroxítonas (acentuam-se as palavras terminadas em ditongo oral, a exemplo de pátria). Observemos, porém, que a palavra “angústia” nem mesmo oxítona é. 3. Na letra ‘b’, o examinador traz uma regra existente e válida – “acentuam- se todas as proparoxítonas” –, mas que não se aplica a “angústia”, uma vez que esta é uma palavra paroxítona. 4. A regra que justificativa a acentuação de “angústia” é a de que se acentuam as paroxítonas terminadas em ditongo oral. É importante ressaltar que aí estão abrangidos tanto os ditongos crescentes quanto os decrescentes, apesar de a banca ter optado por referir expressamente o caso específico de “angústia”. a. Para quem não lembra, ditongo crescente é aquele composto de uma semivogal seguida de uma vogal. Em nossa língua, de uma maneira geral, as vogais i e u desempenham o papel de semivogal, pois, quando em ditongo, têm uma articulação menos intensa do que a vogal que lhe acompanha – a, e ou o. b. A ideia de crescente, como a palavra estabelece, parte do menor para o maior, do menos para o mais. Quando o ditongo é crescente, portanto, partimos da semivogal para a vogal. O ditongo ia é crescente e, na palavra paroxítona angústia, implica o uso do acento gráfico sobre a sílaba tônica da palavra. Questão 05 Ano: 2016 Banca: IBFC Órgão: MGS Prova: Auxiliar de Cozinha Sobre a palavra destacada em “Aos ouvidos das lebres chega”, faz o seguinte comentário correto: a) possui três sílabas b) apresenta flexão de grau 6 c) notam-se dois encontros vocálicos d) ocorre um encontro consonantal Gabarito: D Comentários: 1. Questão simples, mas que pode facilmente cair na sua prova, pois o IBFC já cobrou esse mesmo formato em outras ocasiões. Logo, não deixemos de analisá-la. 2. A palavra lebres: a. É composta de duas sílabas (le-bres); b. Não apresenta flexão de grau. i. A título de revisão, os graus do substantivo são o AUMENTATIVO, em que sua significação é exagerada ou intensificada – no caso em análise, tal forma seria lebrão; e o DIMINUTIVO, em que sua significação é atenuada ou considerada afetivamente – o de lebre seria lebrezinha. c. Não apresenta dois encontros vocálicos, mas sim duas vogais “e” em sílabas diferentes; d. Nela, ocorre o encontro consonantal br na sílaba -bre. 3. Logo, a alternativa correta é a letra ‘d’. 7 ORTOGRAFIA Questão 01 Ano: 2016 Órgão: TCM-RJ Prova: Técnico de Controle Externo Analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) quanto ao emprego do acento circunflexo estabelecido pelo Novo Acordo Ortográfico. ( ) O acento permanece na grafia de 'pôde' (o verbo conjugado no passado) para diferenciá-la de 'pode' (o verbo conjugado no presente). ( ) O acento circunflexo de 'pôr' (verbo) cai e a palavra terá a mesma grafia de 'por' (preposição), diferenciando-se pelo contexto de uso. ( ) a queda do acento na conjugação da terceira pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos crer, dar, ler, ter, vir e seus derivados. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de cima para baixo. a) V F F b) F V F c) F F V d) F V V Gabarito: A Comentários: 1. A questão em comento aborda regras específicas sobre o acento circunflexo previstas no Novo Acordo Ortográfico. Caro aluno, não existe outra alternativa senão memorizar e, com o estudo, introjetar tais regras. Vamos à análise de cada uma das afirmativas. 2. A primeira delas enuncia que o acento circunflexo diferencial permanece para as formas verbais “pôde” e “pode”, o que é correto e torna a afirmativa verdadeira. 3. A permanência do acento diferencial também se estende às formas “pôr” (verbo) e “por” (preposição), o que torna a segunda afirmativa falsa. 4. Na terceira e última alternativa, a banca diz que não mais se usa o acento circunflexo na 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos 8 crer, dar, ler, ter e vir. A afirmativa está falsa, mas não quanto a todos os verbos listados. Vejamos: a. Quanto aos três primeiros, antes do Novo Acordo Ortográfico, tínhamos os seguintes pares: ele crê/eles crêem; que ele dê/que eles dêem; ele lê/eles lêem. Atualmente, com a queda do acento no plural, temos: creem, deem e leem. Gravem isso! b. Além disso, a afirmativa comete um deslize ao afirmar que a regra se refere à terceira pessoal do plural do presente do indicativo, uma vez que isso se aplica apenas aos verbos crer e ler. Quanto ao verbo dar, o par dê/deem está conjugado na terceira pessoa do plural do PRESENTE DO SUBJUNTIVO. c. Por fim, a queda do acento circunflexo para a 3ª pessoa do plural do presente do indicativo dos verbos ter e vir NÃO ocorreu. Sendo assim, é necessário marcar na escrita a diferença entre “ele tem” e “eles têm”, bem como entre “ele vem” e “eles vêm”. 5. A sequência correta é V, F e F. Questão 02 Ano: 2016 Órgão: TCM-RJ Prova: Técnico de Controle Externo Assinale a locução que não deve ser grafada com hífen de acordo com o Novo Acordo Ortográfico. a) cor-de-rosa b) pingue-pongue c) mato-grossense d) manda-chuva Gabarito: D Comentários: 1. Essa questão aborda o emprego do hífen nas palavras compostas, tópico de ortografia que merece bastante atenção do candidato, uma vez que convivem várias regras e exceções. Vamos recapitular algumas informações importantes sobre o hífen e, em seguida, analisar cada uma das alternativas. 2. Os gramáticos Celso Cunha e Lindley Cintra trazem, na página 80 da 5ª edição da Nova Gramática do Português Contemporâneo, o seguinte princípio: “O emprego do HÍFEN é uma convenção. Estabeleceu-se que ’só se ligam por HÍFEN os elementos das palavras compostas em que se mantém a noção da composição, isto é, os elementos das palavras compostas que guardam a sua independência fonética, conservando cada 9 um a sua própria acentuação, porém formando o conjunto perfeita unidade de sentido’.”. a. Por exemplo, a palavra arco-íris. Tanto a palavra “arco” quanto a palavra “íris” preservam sua unidade fonética quando estão juntas na palavra “arco-íris”, razão por que se utiliza o hífen na sua escrita. 3. Entendendo esse princípio pelo seu contrário, a grafia das palavras compostas em que se perdeu a noção de composição deve ser aglutinada, ou seja, sem o hífen. É exatamente essa regra que nos encaminhará para a resposta correta da questão: mandachuva. Esta palavra é composta pela forma verbal manda e pelo substantivo chuva. A composição (ou seja, a junção) de manda com chuva gerou uma terceira palavra, mandachuva, que consiste em uma nova unidade fonética em relação às palavras isoladamente consideradas. 4. Tendo em vista essa regra geral, analisemos as demais palavras apresentadas nas alternativas. a. Quanto à alternativa ‘a’, a regra é que NÃO se usa hífen em locuções de qualquer tipo. Por isso, escrevemos “fim de semana”, “cor de café”, “sala de jantar”. Ocorre que COR-DE-ROSA É UMA EXCEÇÃO a essa regra e deve, sim, ter o hífen empregado em sua grafia. Outras exceções à regra apresentada são: água-de-colônia, arco-da-velha, mais-que-perfeito, pé-de-meia, à queima-roupa. b. Na alternativa ‘b’, pingue-pongue, o hífen está corretamente utilizado, pois seu emprego é obrigatório em palavras compostas por elementos semelhantes ou idênticos. Outros exemplos que ilustram essa regra são: esconde-esconde, pega-pega, tic-tac, mata-mata etc. c. Em mato-grossense, na alternativa ‘c’, o emprego do hífen está correto. A regra em questão é a de que serão hifenizados os adjetivos gentílicos (no caso, mato-grossense) derivados de topônimos compostos (nocaso, Mato Grosso). Questão 03 Ano: 2012 Órgão: INEP Prova: Pesquisador-Tecnologista em Informações e Avaliações Educacionais Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas. É ___________ descobrir ______ houve a falha na produção. a) imprescindível – por que b) imprescindível - porque 10 c) imprecindível – porque d) imprecindível – por que e) imprescindível – por quê Gabarito: A Comentários: 1. A questão exige que o candidato conheça a grafia correta da palavra “imprescindível”, bem como o emprego dos porquês. 2. Quanto a imprescindível, assim como a uma série de outras palavras, não há forma de conhecer a resposta correta senão pelo contato prévio. Esse tipo de questão reforça a necessidade de o aluno ter o hábito da leitura, uma vez que por meio dela temos a oportunidade de visualizar e “fotografar” na memória a escrita correta das palavras. 3. Quanto aos diferentes usos do porquê (junto ou separado, com ou sem acento), façamos uma rápida revisão: POR QUE O “por que” tem dois usos: a. O primeiro ocorre em sentenças interrogativas, diretas ou indiretas. Ou seja, quando o utilizamos para fazer uma pergunta, tal como em “Por que esse concurso do TJPE está demorando tanto?” ou em “É preciso descobrir por que essa demora está ocorrendo”. Ele equivale a “por qual razão”, “por qual motivo”. b. A segunda forma de usá-lo acontece em sentenças declarativas, em que o por que equivale a pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais, como em “Caro aluno, esteja certo de que a agonia por que você está passando agora será recompensada”. PORQUE Trata-se de uma das conjunções explicativas possíveis, assim como pois, uma vez que, porquanto, entre outras. É utilizado nas respostas às perguntas feitas com o “Por que” estudado no tópico 1.1. Respondendo à pergunta sobre a demora do concurso, eu diria “Porque o Universo está providenciando mais tempo para você estudar, caro aluno!”. POR QUÊ A forma separada e com acento ocorre quando o “que” está diante de ponto final, interrogação, exclamação ou reticências. Por conta dessa posição no final da frase, o “que” passa a ser tônico e recebe o acento circunflexo: “Você não sabe por quê? Senta aí, que eu vou te contar.” PORQUÊ 11 Nesse último caso, trata-se de um substantivo. Quando está junto e com acento, ele designa um objeto abstrato que tem como sinônimo razão, causa. Vejamos em dois exemplos: “Eu quero entender o porquê dessa demora toda”; “Existem muitos porquês possíveis para a atitude dela”. Uma dica sempre válida para identificá-lo é verificar a possibilidade de ele ser antecedido por um artigo (determinante), uma vez que é um substantivo. 4. A frase do enunciado da questão se enquadra no tópico 1.1. Sendo assim, temos “É imprescindível descobrir por que houve a falha na produção”. Questão 04 Ano: 2013 Órgão: MPE-SP Prova: Analista de Promotoria II Leia abaixo o excerto de um conto do famoso escritor argentino Julio Cortázar. Continuidade dos parques Primeiro entrava a mulher, receosa; agora chegava o amante, a cara ferida pela chicotada de um galho. Admiravelmente ela estancava o sangue com seus beijos, mas ele recusava as carícias, não havia vindo para repetir as cerimônias de uma paixão secreta, protegida por um mundo de folhas secas e caminhos furtivos. O punhal ficava momo contra seu peito, e debaixo pulsava a liberdade escondida. Um diálogo ardente corria pelas páginas como um riacho de serpentes, e sentia- se que tudo estava decidido desde sempre. Até essas carícias que envolviam o corpo do amante, como querendo retê-lo e dissuadi-lo, desenhavam abominavelmente a figura de outro corpo que era necessário destruir. Nada havia sido esquecido: desculpas, azares, possíveis erros. A partir dessa hora cada instante tinha seu emprego minuciosamente atribuído. O impiedoso duplo reexame se interrompia apenas para que uma mão acariciasse uma face. Começava a anoitecer. Assinale a alternativa que completa, correta e respectivamente, as lacunas. I. O ___________ministro fez um belo discurso. 12 II. Durante a ______, os deputados entraram em discussão. III. O dono da loja foi acusado de ___________racial. a) iminente - seção - descriminação b) iminente - sessão - discriminação c) eminente - sessão - discriminação d) eminente - seção - discriminação e) eminente - sessão - descriminação Gabarito: C Comentários: 1. O objeto dessa questão é a paronímia. Palavras parônimas são aquelas que se parecem, são quase homônimas, mas que se distinguem discretamente na grafia e na pronúncia. 2. As alternativas acima listam três pares de palavras parônimas, e é preciso conhecê-las bem para não errar na hora da prova. Vejamos as diferenças de significado de cada um deles: a. Iminente é a qualidade daquilo que está a ponto de acontecer, que está prestes a se concretizar. Já eminente é um adjetivo que denota importância, excelência, altura, elevação. Fica claro, pelo contexto da frase I, que a lacuna deve ser preenchida com eminente. b. Seção é a porção retirada de um todo, um segmento, uma subdivisão. Sessão, por sua vez, consiste no intervalo de tempo no qual se sucede alguma atividade. Pelo contexto, a frase II deve ser completada com sessão. c. Descriminação é o ato de retirar o caráter criminoso de uma conduta – trata-se de um sinônimo de descriminalização. Já discriminação é o ato pelo qual se distingue algo ou se segrega alguém. Tendo em vista a frase 3, a lacuna deverá ser preenchida com discriminação. 3. Na ordem, temos: EMINENTE, SESSÃO e DISCRIMINAÇÃO. Questão 05 Ano: 2016 Órgão: COMLURB Prova: Técnico de Segurança do Trabalho O novo acordo ortográfico nos apresentou algumas alterações de acentuação de palavras em Língua Portuguesa. Leia as alternativas 13 abaixo e assinale a que apresenta somente palavras acentuadas corretamente. a) Seqüência, idéia, caráter, bóia, saúde. b) Sequência, idéia, carater, bóia, saúde c) Sequência, ideia, caráter, boia, saúde. d) Seqüência, ideia, caráter, bóia, saude. Gabarito: C Comentários: 1. A questão cobra que o aluno domine as regras estabelecidas pelo Novo Acordo Ortográfico quanto à acentuação e à grafia das palavras listadas nas alternativas. Vejamos uma por uma. 2. SEQUÊNCIA. O Acordo Ortográfico aboliu o trema (¨) de todas as palavras da língua portuguesa, restando apenas em nomes próprios estrangeiros e suas derivações. Por isso, não mais se considera correta a forma seqüência. Eliminamos, então, as letras ‘a’ e ‘d’. 3. IDEIA. As palavras paroxítonas cuja sílaba tônica recaia nos ditongos abertos EI e OI não são mais acentuadas. Sendo assim, idéia passou a ideia; heróico passou a heroico. Porém, atenção! As palavras oxítonas que têm os mesmos ditongos na sílaba tônica permanecem sendo acentuadas. Por exemplo, menestréis e caubói. a. Do visto, eliminamos também a letra ‘b’ e já encontramos a resposta. 4. CARÁTER. Aqui temos uma palavra paroxítona terminada em ‘r’, logo é obrigatório o uso do respectivo acento. 5. BOIA. Assim como em ideia, temos uma paroxítona em ditongo aberto – neste caso, ‘oi’ (boi-a). A reforma ortográfica aboliu o uso do acento agudo neste caso, como já vimos. 6. SAÚDE. Aqui o acento é obrigatório. Acentua-se o i e o u tônicos quando formarem um hiato, ou seja, quando estiverem isolados em uma sílaba, seguidos ou não s. 14 PONTUAÇÃO Questão 01 Ano: 2015 Órgão: MGS Prova: Pedagogo Bem-vindo. E parabéns. Estou encantado com seu sucesso. Chegar aqui nãofoi fácil, eu sei. Na verdade, suspeito que foi um pouco mais difícil do que você imagina. Para início de conversa, para você estar aqui agora, trilhões de átomos agitados tiveram de se reunir de uma maneira, intricada e intrigantemente providencial a fim de criá-lo. É uma organização tão especializada e particular que nunca antes foi tentada e só existirá desta vez. Nos próximos anos (esperamos), essas partículas minúsculas se dedicarão totalmente aos bilhões de esforços jeitosos e cooperativos necessários para mantê-lo intacto e deixá-lo experimentar o estado agradabilíssimo, mas ao qual não damos o devido valor, conhecido como existência. Por que os átomos se dão esse trabalho é um enigma. Ser você não é uma experiência gratificante no nível atômico. Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade nem ligam para você - eles nem sequer sabem que você existe. Não sabem nem que eles existem. São partículas insensíveis, afinal, e nem estão vivas. (A ideia de que se você se desintegrasse, arrancando com uma pinça um átomo de cada vez, produziria um montículo de poeira atômica fina, sem nenhum sinal de vida, mas que constituiria você, é meio sinistra.) No entanto, durante sua existência, eles responderão a um só impulso dominante: fazer com que você seja você. (BRYSON, Bill. Breve história de quase tudo. Trad. de Ivo Korytowski. São Paulo: Companhia das Letras, 2005. p. 11) No trecho “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade nem ligam para você" (3°§), a pontuação não está de acordo com o que prescreve a norma padrão da Língua. Nesse sentido, assinale a reescritura que corrija o problema de pontuação. a) “Apesar de toda a atenção dedicada seus átomos, na verdade, nem ligam para você". b) “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade nem ligam, para você". c) "Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade, nem ligam, para você". 15 d) “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos, na verdade, nem ligam para você". Gabarito: D Comentários: 1. A questão afirma que há um erro no trecho destacado e pede a versão corretamente pontuada. O candidato deve analisar a pontuação quanto ao emprego da vírgula. 2. Analisemos o período “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade nem ligam para você". a. O único sinal de pontuação presente na frase é a vírgula após “dedicada”, que marca corretamente a separação da oração subordinada adverbial concessiva “Apesar de toda a atenção dedicada, (...)” da oração principal “seus átomos (...) nem ligam para você”. b. O erro apontado, por consequência, está na ausência de alguma pontuação obrigatória. Estão ausentes as vírgulas necessárias para isolar a expressão de correção “na verdade”. c. Sendo assim, a frase corretamente pontuada seria “APESAR DE TODA A ATENÇÃO DEDICADA, SEUS ÁTOMOS, NA VERDADE, NEM LIGAM PARA VOCÊ". 3. Analisemos os erros das três primeiras alternativas. a. Letra ‘a’ – “Apesar de toda a atenção dedicada seus átomos, na verdade, nem ligam para você". As vírgulas para isolar “na verdade” foram corretamente inseridas, porém se retirou a vírgula necessária para isolar a oração subordinada adverbial “Apesar de toda a atenção dedicada, (...)”. b. Letra ‘b’ – “Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade nem ligam, para você". Manteve-se a primeira vírgula corretamente, contudo não se isolou a expressão corretiva “na verdade” e se separou, indevidamente, o verbo “ligam” de seu complemento “para você”. Lembre-se de que não se separa o verbo de seu complemento (seja ele objeto direto ou indireto). c. Letra ‘c’ – "Apesar de toda a atenção dedicada, seus átomos na verdade, nem ligam, para você". Manteve-se a primeira vírgula corretamente, porém se isolou por vírgulas o termo “nem ligam” em vez da expressão “na verdade”, separando-se indevidamente o verbo do seu objeto. 16 Questão 02 Ano: 2016 Órgão: TCM-RJ Prova: Técnico de Controle Externo Assinale a alternativa cuja frase está corretamente pontuada. a) O bolo que estava sobre a mesa, sumiu. b) Ele, apressadamente se retirou, quando ouviu um barulho estranho. c) Confessou-lhe tudo; ciúme, ódio, inveja. d) Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia. Gabarito: D Comentários: 1. Analisaremos, a seguir, a pontuação de cada umas das frases apresentadas nas alternativas. 2. Nas letras ‘a’ e ‘b’ devemos avaliar o uso da vírgula. a. Na frase “O bolo que estava sobre a mesa, sumiu”, verifica-se um erro básico e não incomum: separar o sujeito do seu verbo, no caso, o bolo de sumiu. A oração adjetiva intercalada entre estes dois termos, que estava sobre a mesa, permite vislumbrar duas hipóteses de pontuação correta para a sentença, a depender da intenção do emissor em considerá-la explicativa ou restritiva, respectivamente: i. “O bolo, que estava sobre a mesa, sumiu”; ou ii. “O bolo que estava sobre a mesa sumiu”. b. Já em “Ele, apressadamente se retirou, quando ouviu um barulho estranho”, as vírgulas de fato delimitam uma intercalação. Mas seu uso está incorreto, pois elas isolam apressadamente se retirou, quando poderiam destacar apenas o apressadamente. Este exerce a função de adjunto adverbial deslocado, por isso pode ser isolado sem problemas; já o “se retirou” consiste em parte do predicado da oração e não pode ser separado do sujeito “Ele”. c. As alternativas ‘a’ e ‘b’, portanto, estão incorretamente pontuadas. 3. Na letra ‘c’, “Confessou-lhe tudo; ciúme, ódio, inveja”, é necessário avaliar o uso das vírgulas e do ponto e vírgula. a. Quanto às vírgulas, não há erro a ser apontado, uma vez que elas separam termos que exercem a mesma função na frase – no caso, a de objeto direito. São as chamadas vírgulas enumerativas. b. Entretanto, o ponto e vírgula está empregado incorretamente no lugar dos dois-pontos, que é o sinal adequado para indicar a enumeração que ocorre na frase. Logo, a redação correta seria “Confessou-lhe tudo: ciúme, ódio, inveja”. 4. Já sabendo que a letra ‘d’ é a resposta, vejamos por quê. Em “Paulo pretende cursar Medicina; Márcia, Odontologia”, é preciso novamente analisar o uso da vírgula e do ponto e vírgula: 17 a. A vírgula empregada entre Márcia e Odontologia está correta e indica o zeugma da locução verbal expressa na oração anterior – “pretende cursar”. Ou seja, se a frase pretende dizer o que tanto Paulo quanto Márcia pretendem cursar, não é necessário repetir o verbo nas duas orações. Basta dar uma pequena pausa na segunda (leia o aluno a frase em voz alta), de modo a sinalizar que se está falando da mesma ação verbal. b. O ponto e vírgula pode ser utilizado para separar partes de um período, das quais uma pelo menos esteja subdividida por vírgula. É exatamente o caso em questão, pois a ocorrência do zeugma implica o uso da vírgula (ou seja, de uma pausa na segunda oração), o que impõe a necessidade de uma pausa ainda maior entre as duas orações do período. Em outras palavras, uma pequena pausa na subdivisão implica uma pausa maior na divisão. Questão 03 Ano: 2016 Órgão: COMLURB Prova: Engenheiro de segurança do trabalho Leia o Texto abaixo e responda à pergunta: Investir na Segurança: Despesa ou Receita Em se falando de Segurança no Trabalho, nos deparamos com a palavra ACIDENTE. Numa definição abrangente e genérica, podemos afirmar que ACIDENTE é um evento indesejável e inesperado que produz desconforto, ferimentos, danos, perdas humanas e ou materiais. Um acidente pode mudar totalmente a rotina e a vida de uma pessoa, modificar sua razão de viver ou colocar em risco seus negócios e propriedades. Ao contrário do que muitas pessoas imaginam,o acidente não é obra do acaso e nem da falta de sorte. Denomina-se SEGURANÇA, a disciplina que congrega estudos e pesquisas visando eliminar os fatores perigosos que conduzem ao acidente ou reduzir seus efeitos. Seu campo de atuação vai desde uma simples residência até complexos conglomerados industriais. Nos países desenvolvidos medidas preventivas e de Segurança de caráter individual ou coletivo, são aplicadas e praticadas pela maioria de seus cidadãos, ao passo que nos países em desenvolvimento ainda são largamente inexistentes ou ignoradas. Em alguns destes países a legislação apresenta certos absurdos como compensação monetária pela exposição ao risco (periculosidade, insalubridade), fazendo com que empregados e empregadores concentrem suas atenções no “custo” da exposição e não na eliminação da mesma. (...) http://www.segurancanotrabalho.eng.br/artigos/investir_seg.html - acesso em 25/04/2016 18 Leia a afirmativa abaixo, retirada do texto, e assinale a resposta correta: “Nos países desenvolvidos medidas preventivas e de Segurança de caráter individual ou coletivo, são aplicadas e praticadas pela maioria de seus cidadãos, ao passo que nos países em desenvolvimento ainda são largamente inexistentes ou ignoradas.” a) O trecho apresenta erro de colocação de plural em “cidadão”. b) O trecho apresenta erro de pontuação em “(...) cidadãos, ao passo (...)”. c) A palavra “países” não deve ser acentuada neste caso. d) O trecho apresenta erro de pontuação em “(...) individual ou coletivo, são aplicadas (...)”. Gabarito: D Comentários: 1. A letra ‘a’ está incorreta, uma vez que o plural de “cidadão” é “cidadãos”, conforme consta da afirmativa apresentada. 2. A letra ‘b’ acusa um erro de pontuação em “(...) cidadãos, ao passo (...)” que não existe de fato. A vírgula está adequadamente empregada para separar uma oração subordinada adverbial anteposta à oração principal. 3. A letra ‘c’ está incorreta ao afirmar que a palavra “países” não deve ser acentuada, porque temos um i tônico que forma um hiato com a vogal anterior. Uma vez que a palavra seja paroxítona, o acento em tal contexto apenas não aconteceria em dois casos: a. se a vogal do hiato estivesse diante do dígrafo nh, como em rainha; b. se diante da vogal em hiato houvesse um ditongo decrescente, como em feiura. i. Ressalte-se que a regra explicada na letra b é decorrente do Novo Acordo Ortográfico. 4. A letra ‘d’, gabarito da questão, acerta ao afirmar que o trecho apresenta erro de pontuação em “(...) individual ou coletivo, são aplicadas (...)”, pois a vírgula aí empregada fere a regra de não se poder separar o sujeito do seu verbo. Portanto, ela não deveria existir. 19 Questão 04 Ano: 2016 Órgão: COMLURB Prova: Engenheiro de segurança do trabalho Abaixo se apresenta um trecho da obra Ensaio sobre a cegueira, de José Saramago, com várias opções de pontuação. Assinale a alternativa em que todas as vírgulas estão colocadas corretamente. a) Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando, recuando, como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata. b) Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando recuando como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata. c) Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal, da embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando, recuando, como cavalos nervosos, que sentissem vir no ar a chibata. d) Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem mantinham em tensão, os carros avançando recuando, como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata. Gabarito: A Comentários: 1. Na questão acima, o enunciado solicita que o candidato avalie o emprego das vírgulas. Vamos partir da análise do texto corretamente pontuado para identificar os erros das demais alternativas. 2. A versão correta é: “Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando, recuando, como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata.”. a. A primeira e a segunda vírgulas isolam o termo “impacientes”, que exerce a função de aposto em relação ao sujeito “automobilistas”. b. A segunda e a terceira vírgulas isolam o termo “com o pé no pedal da embraiagem”, que exerce a função de adjunto adverbial deslocado para o meio da oração. c. As três últimas vírgulas isolam as orações subordinadas adverbiais reduzidas de gerúndio “avançando” e “recuando”. 3. Analisemos as demais alternativas: a. Letra ‘b’, “Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando recuando como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata.” i. Faltam as vírgulas após “avançando” e “recuando”, de modo a separar as orações reduzidas de gerúndio, que deve ser 20 separadas por constituírem uma enumeração de termos que exercem a mesma função sintática. b. Letra ‘c’, “Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal, da embraiagem, mantinham em tensão os carros, avançando, recuando, como cavalos nervosos, que sentissem vir no ar a chibata.” i. Está incorreta a vírgula que separa os termos “pedal” de “da embraiagem”. Este exerce a função de adjunto adnominal daquele, por isso não devem ser separados por vírgula. ii. Também está incorreta a vírgula que separa “como cavalos nervosos” de “que sentissem vir no ar a chibata”. Como este último trecho consiste numa oração adjetiva, a presença da vírgula indicaria se tratar de uma oração adjetiva EXPLICATIVA. No entanto, no contexto, só é possível que a oração referida seja do tipo RESTRITIVA. A comparação que o autor estabelece com os “cavalos nervosos” não pretende explicar o nervosismo dos cavalos, mas sim delimitar que a comparação se dá a cavalos nervosos por tal motivo. Ou seja, “que sentissem vir no ar a chibata” restringe o grupo de “cavalos nervosos” que é utilizado para fazer a comparação pretendida pelo autor. O uso da vírgula explicaria o nervosismo dos cavalos, quando a intenção é apenas de qualificar o nervosismo mencionado. c. Letra ‘d’, “Os automobilistas, impacientes, com o pé no pedal da embraiagem mantinham em tensão, os carros avançando recuando, como cavalos nervosos que sentissem vir no ar a chibata.”. i. Faltou a vírgula após “embraiagem”, para delimitar o fim do adjunto adverbial deslocado “com o pé no pedal da embraiagem”. ii. Não cabe a vírgula entre “tensão” e “os carros”. O trecho “mantinham em tensão os carros” poderia ser pontuado de duas formas: 1. “mantinham, em tensão, os carros”, isolando-se o adjunto adverbial “em tensão” e nunca separando o verbo do seu complemento. Porém, isso é desnecessário, por se tratar de um adjunto curto. 2. “mantinham em tensão os carros”, sem nenhuma vírgula, conforme Saramago escreveu. 3. Por fim, faltaram as vírgulas antes e depois de “avançando”, para isolar as orações reduzidas de gerúndio “avançando” e “recuando”. 4. A título de curiosidade, “embraiagem” é a variação, no português de Portugal, da nossa palavra “embreagem”. 21 Questão 05 Ano: 2016 Órgão: COMLURB Prova: Técnico de Segurança do Trabalho Que é Segurança do Trabalho? Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentes de trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos emMáquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos. O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Também os empregados da empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tomar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil. http://www.areasea.com/sea/ - acesso em 24/04/2016 Em textos em Língua Portuguesa sabe-se que a alteração de pontuação pode prejudicar a organização do texto e, muitas vezes, mudar o sentido da frase. Leia a sentença abaixo e indique a alternativa em que a alteração da pontuação mantém o texto correto: “O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho.” 22 a) O quadro de Segurança do Trabalho, de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. b) O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa, compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. c) O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por: Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. d) O quadro de, Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se, de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Gabarito: C Comentários: 1. Ocasionalmente o IBFC cobra questões pedindo a reescrita de um texto com a pontuação correta. Com questões desse perfil, no intuito de resolvê- las de forma mais prática, é importante se lançar sobre as pequenas divergências entre as alternativas, identificar as sugestões erradas e eliminar as alternativas que as contenham. 2. Analisando o trecho original, verificamos que, além do previsível ponto final, somente há vírgulas, utilizadas para enumerar os membros de uma equipe multidisciplinar de uma empresa de Segurança do Trabalho. 3. Analisando, por sua vez, as alternativas, todas apresentam vírgulas e apenas uma apresenta dois-pontos. a. Quanto aos dois-pontos, na letra ‘c’, a leitura do texto mostra que foram utilizados para introduzir a enumeração dos membros da equipe multidisciplinar referida no item 2. Logo, seu uso está correto e o gabarito da questão será descoberto somente por meio da análise das vírgulas. 4. Vamos analisar cada uma das alternativas: a. Letra ‘a’ – O quadro de Segurança do Trabalho, de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Tanto “Segurança do Trabalho” quanto “de uma empresa” são locuções adjetivas que servem para especificar o significado do substantivo “quadro”. Não cabe essa vírgula entre “O quadro de Segurança do Trabalho” e “de uma empresa”, por separar o nome do seu adjunto adnominal sem nenhum propósito de destaque ou intercalação. b. Letra ‘b’ – O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa, compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, 23 Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. A pontuação proposta também está equivocada, uma vez indevido o emprego da primeira vírgula – as demais estão corretas. Não se pode separar o sujeito de seu predicado. c. Letra ‘d’ – O quadro de, Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se, de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Também incorreta, a pontuação proposta separa a forma verbal “compõe-se” do seu complemento “de uma equipe multidisciplinar”. Isso, conforme já visto em outras questões, não é gramaticalmente aceito. d. Letra ‘c’ – O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por: Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Eis a alternativa correta. Questão 06 Ano: 2016 Órgão: Câmara Municipal de Araraquara - SP Prova: Assistente Leia a citação abaixo e assinale a alternativa em que a alteração de pontuação não deixa a frase incorreta. Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e consequentemente de mais difícil compreensão. a) Com as novas tecnologias a velocidade da informação e o processo comunicacional, tornam-se cada vez mais complexos e, consequentemente de mais difícil compreensão. b) Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e, consequentemente, de mais difícil compreensão. c) Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e, consequentemente de mais difícil compreensão. d) Com as novas tecnologias, a velocidade da informação, e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e consequentemente, de mais difícil compreensão. Gabarito: B Comentários: 24 1. Questão no mesmo formato da anterior. Ressalto que ela induz o candidato ao erro, pois o enunciado pede a pontuação que “não deixa a frase incorreta”. Ou seja, ele pede a alternativa cuja pontuação esteja CORRETA. 2. A versão original do texto destacado, “Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e consequentemente de mais difícil compreensão”, temos apenas a vírgula isolando o adjunto adverbial deslocado para o início da oração. 3. Vamos analisar a pontuação proposta em cada uma das alternativas: a. Letra ‘a’ – “Com as novas tecnologias a velocidade da informação e o processo comunicacional, tornam-se cada vez mais complexos e, consequentemente de mais difícil compreensão”. O primeiro erro a ser apontado é a ausência de vírgula para isolar o adjunto adverbial “Com as novas tecnologias, (...)” no começo da oração. Além disso, a primeira vírgula grafada em vermelho está incorreta, porque separa o sujeito do seu predicado. A segunda vírgula grafada em vermelho, por sua vez, somente se justificaria se houvesse outra após“consequentemente”, de modo a isolar este adjunto do restante da oração. b. Letra ‘c’ – “Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e, consequentemente de mais difícil compreensão”. A vírgula grafada em vermelho, assim como na letra ‘a’, somente se justificaria se houvesse outra após “consequentemente”, de modo a isolar este adjunto do restante da oração. c. Letra ‘d’ – “Com as novas tecnologias, a velocidade da informação, e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e consequentemente, de mais difícil compreensão”. A primeira vírgula grafada em vermelho está, equivocadamente, separando os dois núcleos do sujeito composto “a velocidade da informação e o processo comunicacional”. A segunda, por sua vez, somente se justificaria se houvesse outra antes de “consequentemente”, de modo a isolar este adjunto do restante da oração. d. Letra ‘b’ – ”Com as novas tecnologias, a velocidade da informação e o processo comunicacional tornam-se cada vez mais complexos e, consequentemente, de mais difícil compreensão”. Alternativa correta. 25 Questão 07 Ano: 2017 Órgão: EBSERH Prova: Assistente Administrativo Vivendo e... Eu sabia fazer pipa e hoje não sei mais. Duvido que se hoje pegasse uma bola de gude conseguisse equilibrá-la na dobra do dedo indicador sobre a unha do polegar, e quanto mais jogá-la com a precisão que eu tinha quando era garoto. Outra coisa: acabo de procurar no dicionário, pela primeira vez, o significado da palavra “gude”. Quando era garoto nunca pensei nisso, eu sabia o que era gude. Gude era gude. Juntando-se as duas mãos de um determinado jeito, com os polegares para dentro, e assoprando pelo buraquinho, tirava-se um silvo bonito que inclusive variava de tom conforme o posicionamento das mãos. Hoje não sei que jeito é esse. [...] (VERÍSSIMO, Luis Fernando. Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva. 2001) O emprego das reticências no título, sugere: a) a incapacidade do autor em completar a ideia. b) a caracterização de uma enumeração infinita. c) um convite para que o leitor reflita sobre o tema. d) a sinalização de um questionamento do leitor. e) a representação de uma ideia polêmica. Gabarito: C Comentários: 1. A questão exige do candidato conhecimento a respeito do emprego e da semântica das reticências. A questão envolve tanto interpretação de texto quanto pontuação. 2. O ponto de reticência (ou simplesmente reticências) é empregado para indicar a suspensão ou a supressão de um pensamento, seja pela hesitação em exprimi-lo, seja pela desnecessidade de sua expressão. 3. O título escolhido pelo autor, “Vivendo e...”, suprime do texto o seu complemento esperado: “... aprendendo”. Trata-se de um dito popular amplamente compartilhado pelos falantes da língua portuguesa. 4. Após a leitura do texto, em que o autor discorre sobre como desaprendeu a manusear uma bolinha de gude, bem como a emitir um silvo bonito posicionando as mãos e os polegares de uma determinada forma. 5. Sendo assim, é possível inferir que a intenção do autor, ao usar as reticências no título, é de convidar o leitor a refletir sobre o tema, a partir da contradição (desaprender) do sentido inicialmente esperado (aprender). 26 6. Ressalte-se que as reticências também podem caracterizar uma enumeração infinita (ou, para ser mais acertado, indeterminada), conforme consta da letra ‘c’, porém não é este o caso. Questão 08 Ano: 2016 Órgão: EBSERH Prova: Advogado Minhas maturidade Circunspecção, siso, prudência. (Mario Prata) É o que o homem pensa durante anos, enquanto envelhece. Já está perto dos 50 e a pergunta ainda martela. Um dia ele vai amadurecer Quando um homem descobre que não é necessário escovar os dentes com tanta rapidez, tenha certeza, ele virou um homem maduro. Só sendo mesmo muito imaturo para escovar os dentes com tanta pressa. E o amarrar do sapato pode ser mais tranquilo, arrumando-se uma posição menos incômoda, acertando as pontas. [...] Não sente culpa de nada. Mas, se sente, sofre como nunca. Mas já é capaz de assistir à sessão da tarde sem a culpa a lhe desviar a atenção. É um homem mais bonito, não resta a menor dúvida. Homem maduro não bebe, vai à praia. Não malha: a malhação denota toda a imaturidade de quem a faz. Curtir o corpo é ligeiramente imaturo. Nada como a maturidade para perceber que os intelectuais de esquerda estão, finalmente, acabando. Restam uns cinco. Sorri tranquilo quando pensa que a pressa é coisa daqueles imaturos. O homem maduro gosta de mulheres imaturas. Fazer o quê? Muda muito de opinião. Essa coisa de ter sempre a mesma opinião, ele já foi assim. [...] Se ninguém segurar, é capaz do homem maduro ficar com mania de apagar as luzes da casa. O homem maduro faz palavras cruzadas! Se você observar bem, ele começa a implicar com horários. A maturidade faz com que ele não possa mais fazer algumas coisas. Se pega pensando: sou um homem maduro. Um homem maduro não pode fazer isso. O homem maduro começa, pouco a pouco, a se irritar com as pessoas imaturas. Depois de um tempo, percebe que está começando é a sentir inveja dos imaturos. Será que os imaturos são mais felizes?, pensa, enquanto começa a escovar os dentes depressa, mais depressa, mais depressa ainda. 27 O homem maduro é de uma imaturidade a toda prova. Meu Deus, o que será de nós, os maduros? Considere o fragmento abaixo para responder à questão seguinte: “Depois de um tempo, percebe que está começando é a sentir inveja dos imaturos.” (17º§) O emprego da vírgula justifica-se por: a) isolar uma oração subordinada adverbial. b) marcar a presença de um aposto explicativo. c) separar orações coordenadas assindéticas. d) indicar a presença de um vocativo. e) acompanhar um termo deslocado da ordem direta. Gabarito: E Comentários: 1. O IBFC gosta bastante de explorar o emprego da vírgula, portanto é aconselhável reforçar a atenção sobre o assunto. 2. O termo isolado por vírgulas no fragmento apresentado é “Depois de um tempo, (...)”. Identificar a função que ele exerce é o primeiro passo para checar se ele se enquadra em alguma das regras gramaticais existentes. No caso, trata-se de um adjunto adverbial temporal deslocado para o início da oração. 3. No interior da oração, a vírgula é usada para separar alguns elementos que exercem funções sintáticas diferentes. O adjunto adverbial deslocado é uma das hipóteses de uso da vírgula, por isso o gabarito é letra ‘e’. 4. O deslocamento do adjunto adverbial nos remete à ideia da ordem direta da oração, que na língua portuguesa é: sujeito + verbo + complemento. Contudo, essa ordem pode ser alterada, desde que se marque na escrita a inversão realizada. É daí que surge a regra de demarcar com a vírgula o adjunto que vem para o início da frase. 5. Analisemos os erros das demais alternativas: a. A letra ‘a’ diz que “Depois de um tempo, (...)” é uma oração subordinada adverbial. Entretanto, para ser oração é necessária a presença de um verbo, o que não ocorre. Pela mesma razão, a letra ‘c’ também está incorreta. b. A letra ‘b’, por sua vez, diz que a vírgula é utilizada para marcar a presença de um aposto explicativo. A função do termo isolado pela vírgula é de contextualização temporal da ação do verbo, e não de explicação. c. A letra ‘d’ enuncia que a vírgula é utilizada para isolar um vocativo, que é o termo que indica apelo, chamamento. Como já vimos, não é o caso. 28 Questão 09 Ano: 2014 Órgão: PC-RJProva: Papiloscopista Policial Notícia de Jornal (Fernando Sabino) Leio no jornal a notícia de que um homem morreu de fome. Um homem de cor branca, 30 anos presumíveis, pobremente vestido, morreu de fome, sem socorros, em pleno centro da cidade, permanecendo deitado na calçada durante 72 horas, para finalmente morrer de fome. Morreu de fome. Depois de insistentes pedidos e comentários, uma ambulância do Pronto Socorro e uma radiopatrulha foram ao local, mas regressaram sem prestar auxílio ao homem, que acabou morrendo de fome. Um homem que morreu de fome. O comissário de plantão (um homem) afirmou que o caso (morrer de fome) era da alçada da Delegacia de Mendicância, especialista em homens que morrem de fome. E o homem morreu de fome. O corpo do homem que morreu de fome foi recolhido ao Instituto Anatômico sem ser identificado. Nada se sabe dele, senão que morreu de fome. Um homem morre de fome em plena rua, entre centenas de passantes. Um homem caído na rua. Um bêbado. Um vagabundo. Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa - não é um homem. E os outros homens cumprem seu destino de passantes, que é o de passar. Durante setenta e duas horas todos passam, ao lado do homem que morre de fome, com um olhar de nojo, desdém, inquietação e até mesmo piedade, ou sem olhar nenhum. Passam, e o homem continua morrendo de fome, sozinho, isolado, perdido entre os homens, sem socorro e sem perdão. Não é da alçada do comissário, nem do hospital, nem da radiopatrulha, por que haveria de ser da minha alçada? Que é que eu tenho com isso? Deixa o homem morrer de fome. E o homem morre de fome. De trinta anos presumíveis. Pobremente vestido. Morreu de fome, diz o jornal. Louve-se a insistência dos comerciantes, que jamais morrerão de fome, pedindo providências às autoridades. As autoridades nada mais puderam fazer senão remover o corpo do homem. Deviam deixar que apodrecesse, para escarmento dos outros homens. Nada mais puderam fazer senão esperar que morresse de fome. E ontem, depois de setenta e duas horas de inanição, tombado em plena rua, no centro mais movimentado da cidade do Rio de Janeiro, Estado da Guanabara, um homem morreu de fome. (Disponível em http://www.fotolog.com.br/spokesman_/70276847/: Acesso em 10/09/14) 29 Assinale a alternativa que melhor explica a função do travessão no fragmento transcrito a seguir: Um mendigo, um anormal, um tarado, um pária, um marginal, um proscrito, um bicho, uma coisa - não é um homem.” (5º §) a) Separar a opinião do jornal da opinião do narrador, contrastando-as; b) Destacar a opinião do jornal, confirmando o vínculo com as notícias; c) Evidenciar uma postura crítica dividindo-a em duas partes: as críticas feitas sobre o homem e a negação de sua humanidade em função delas. d) Mostrar a opinião do narrador, que se influenciou pelo julgamento desumano dos passantes. e) Ratificar a opinião pública, na qual se incluem sociedade e autoridades, e com a qual o autor comunga. Gabarito: C Comentários: 1. A questão em comento exige conhecimento sobre a pontuação por meio do travessão. 2. O travessão consiste em uma notação de pontuação distintiva empregada para: a. Indicar, nos diálogos, a mudança de interlocutor; b. Isolar, num contexto, frases ou palavras por meio do travessão duplo (assemelhando-se à função do parêntese); c. Destacar enfaticamente a parte final de um enunciado por meio do travessão único. 3. No texto, ocorre o uso descrito em 2c, uma vez que “não é um homem” se destaca de todo o enunciado anterior de críticas ao homem que veio a morrer de fome, ao mesmo tempo que com ele se relaciona. 4. Tendo em vista o contexto e a construção de sentido pretendida pelo autor, o destaque permitido pelo travessão a “não é um homem” evidencia a crítica expressa pelo autor em relação a todos os julgamentos que lhe afastaram da sua própria condição humana. 5. Por tudo isso, o gabarito é letra ‘c’. Questão 10 Ano: 2016 Órgão: EBSERH Prova: Técnico em Segurança do Trabalho Setenta anos, por que não? Acho essa coisa da idade fascinante: tem a ver com o modo como lidamos com a vida. Se a gente a considera uma ladeira que desce a partir da primeira ruga, ou do começo de barriguinha, então viver é de certa forma uma desgraceira 30 que acaba na morte. Desse ponto de vista, a vida passa a ser uma doença crônica de prognóstico sombrio. Nessa festa sem graça, quem fica animado? Quem não se amargura? [...] Pois se minhas avós eram damas idosas aos 50 anos, sempre de livro na mão lendo na poltrona junto à janela, com vestidos discretíssimos, pretos de florzinha branca (ou, em horas mais festivas, minúsculas flores ou bolinhas coloridas), hoje aos 70 estamos fazendo projetos, viajando (pode ser simplesmente à cidade vizinha para visitar uma amiga), indo ao teatro e ao cinema, indo a restaurante (pode ser o de quilo, ali na esquina), eventualmente namorando ou casando de novo. Ou dando risada à toa com os netos, e fazendo uma excursão com os filhos. Tudo isso sem esquecer a universidade, ou aprender a ler, ou visitar pela primeira vez uma galeria de arte, ou comer sorvete na calçada batendo papo com alguma nova amiga. [...] Não precisamos ser tão incrivelmente sérios, cobrar tanto de nós, dos outros e da vida, críticos o tempo todo, vendo só o lado mais feio do mundo. Das pessoas. Da própria família. Dos amigos. Se formos os eternos acusadores, acabaremos com um gosto amargo na boca: o amargor de nossas próprias palavras e sentimentos. Se não soubermos rir, se tivermos desaprendido como dar uma boa risada, ficaremos com a cara hirta das máscaras das cirurgias exageradas, dos remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza”. A alma tem suas dores, e para se curar necessita de projetos e afetos. Precisa acreditar em alguma coisa. (LUFT, Lya. In: http://veja.abril.com.br. Acesso em 18/09/16) As aspas empregadas em “dos remendos e intervenções para manter ou recuperar a “beleza” ” (3º§) permitem a leitura de uma crítica à ideia de que: a) cada idade tem sua beleza própria b) a beleza só está associada à juventude c) a beleza interior deve valer mais do que a exterior d) o conceito de beleza é subjetivo, bastante relativo e) trabalhando a mente, o corpo fica belo Gabarito: B Comentários: 1. A questão trata do emprego de aspas, mais uma notação de pontuação. 2. Conforme ensinam Celso Cunha e Lindley Cintra (páginas 676 e 677 da 5ª edição da Nova Gramática do Português Contemporâneo), as aspas podem ser utilizadas para: a. No início e no fim de uma citação para distingui-la do resto do contexto; 31 b. Para fazer sobressair termos ou expressões geralmente não peculiares à linguagem de quem fala; c. Para acentuar o valor significativo de uma palavra ou expressão; d. Para realçar ironicamente uma palavra ou expressão. 3. A autora utilizou as aspas sobre a palavra “beleza”, o que, dentro da construção do texto, evidencia o uso descrito em 2d. Lembremos que o realce irônico tem por função apontar o contrário do que diz. Sendo assim, todo o movimento de desconstrução da beleza atrelada à juventude que a autora perfaz em sua coluna ganha reforço gráfico com a referência à palavra beleza entre aspas. 32 CRASE Questão 01 Ano: 2017 Órgão: EBSERH Prova: Advogado Há algum tempo venho afinando certa mania. Nos começos chutava tudo o que achava. [...] Não sei quando começou em mim o gosto sutil. [...] Chutar tampinhas que encontrono caminho. É só ver a tampinha. Posso diferenciar ao longe que tampinha é aquela ou aquela outra. Qual a marca (se estiver de cortiça para baixo) e qual a força que devo empregar no chute. Dou uma gingada, e quase já controlei tudo. [...] Errei muitos, ainda erro. É plenamente aceitável a ideia de que para acertar, necessário pequenas erradas. Mas é muito desagradável, o entusiasmo desaparecer antes do chute. Sem graça. Meu irmão, tino sério, responsabilidades. Ele, a camisa; eu, o avesso. Meio burguês, metido a sensato. Noivo... - Você é um largado. Onde se viu essa, agora! [...] Cá no bairro minha fama andava péssima. Aluado, farrista, uma porção de coisas que sou e que não sou. Depois que arrumei ocupação à noite, há senhoras mães de família que já me cumprimentaram. Às vezes, aparecem nos rostos sorrisos de confiança. Acham, sem dúvida, que estou melhorando. - Bom rapaz. Bom rapaz. Como se isso estivesse me interessando... Faço serão, fico até tarde. Números, carimbos, coisas chatas. Dez, onze horas. De quando em vez levo cerveja preta e Huxley. (Li duas vezes o “Contraponto” e leio sempre). [...] Dia desses, no lotação. A tal estava a meu lado querendo prosa. [...] Um enorme anel de grau no dedo. Ostentação boba, é moça como qualquer outra. Igualzinho às outras, sem diferença. E eu me casar com um troço daquele? [...] Quase respondi... - Olhe: sou um cara que trabalha muito mal. Assobia sambas de Noel com alguma bossa. Agora, minha especialidade, meu gosto, meu jeito mesmo, é chutar tampinhas da rua. Não conheço chutador mais fino. (ANTONIO, João. Afinação da arte de chutar tampinhas. In: Patuleia: gentes de rua. São Paulo: Ática, 1996) Vocabulário: Huxley: Aldous Huxley, escritor britânico mais conhecido por seus livros de ficção científica. Contraponto: obra de ficção de Huxley que narra a destruição de valores do pós- guerra na Inglaterra, em que o trabalho e a ciência retiraram dos indivíduos qualquer sentimento e vontade de revolução. 33 O emprego do acento grave em “Às vezes, aparecem nos rostos sorrisos de confiança.“ (5º§) justifica-se pela mesma razão do que ocorre no seguinte exemplo: a) Entregou o documento às meninas. b) Manteve-se sempre fiel às suas convicções. c) Saiu, às pressas, mas não reclamou. d) Às experiências, dedicou sua vida. e) Deu um retorno às fãs. Gabarito: C Comentários: 1. O acento grave (`) é o sinal indicativo, na escrita, do fenômeno chamado CRASE. A crase é a contração da preposição a com o artigo definido feminino a ou com os pronomes demonstrativos aquele(s), aquela(s) e aquilo. 2. A questão traz a expressão “às vezes” e pede que o candidato assinale a ocorrência de crase que se justifique pela mesma razão. 3. Bom, a rigor, todas as ocorrências listadas se dão pelo mesmo motivo, que é a fusão da preposição a com o artigo a, conforme explicado. O candidato precisa, de fato, identificar a função do “às vezes” e buscar nas alternativas uma ocorrência de idêntico teor. 4. Nesse sentido, “às vezes” consiste em locução adverbial feminina (de tempo), que deve ser obrigatoriamente marcada pelo acento grave. Nas alternativas, a outra locução adverbial feminina presente é “às pressas” (de modo), por isso o gabarito é letra C. Questão 02 Ano: 2016 Órgão: Prefeitura de Jandira - SP Prova: Enfermeiro Encontro Com atenção não seria difícil descobrir pequenas mudanças: os cabelos mais claros, e entretanto com menos luz e vida; a boca pintada com um desenho diferente, e o batom mais escuro. Impossível negar uma tênue, fina ruga – quase estimável. Mas naquele instante, diante da amiga amada que não via há muito tempo, não eram essas pequenas coisas que intrigavam o seu olhar afetuoso e melancólico. Havia certa mudança imponderável, e difícil de localizar – a voz ou o jeito de falar, o tom ao mesmo tempo mais desembaraçado e mais sereno? E mesmo no talhe do corpo (o pequeno cinto vermelho era, pensou ele, uma inabilidade: aumentava-lhe a cintura), na relação entre o corpo e os membros, havia uma sutil mudança. 34 Sim, ela estava mais elegante, mais precisa em seu desenho, mas perdera alguma indizível graça elástica do tempo em que não precisava fazer regime para emagrecer e era menos consciente de seu próprio corpo, como que o abandonava com certa moleza, distraída das próprias linhas e dos gestos cuja beleza imprevista ele fora descobrindo devagar, com uma longa delícia. Por um instante, enquanto conversava com outras pessoas presentes assuntos sem importância, ele tentou imaginar que impressão teria agora se a visse pela primeira vez, se aquela imagem não estivesse, dentro de seus olhos e de sua alma, fundida a tantas outras imagens dela mesma perdidas no espaço e no tempo. Não tinha dúvida de que a acharia muito bonita, pois ela continuava bela, talvez mais bem vestida; não tinha dúvida mesmo de que, como da primeira vez que a vira, receberia sua beleza como um choque, uma bênção e um leve pânico, tanto a sua radiosa formosura dá uma vida e um sentido novo a qualquer ambiente, traz essa vibração especial que só certas mulheres realmente belas produzem. Mas de algum modo esse deslumbramento seria diferente do antigo – como se ela estivesse mais pessoa, com mais graça e finura de mulher, menos graça e abandono de animal jovem. O grupo moveu-se para tomar lugar em uma mesa no fundo do bar. Ele andou a seu lado um instante (como tinham andado lado a lado!), mas não quis sentar, recusou o convite gentil, sentia-se quase um estranho naquela roda. Despediu- se. E quando estendeu a mão àquela que tanto amara, e recebeu, como antigamente, seu olhar claro e amigo, quase carinhoso, sentiu uma coisa boa dentro de si, uma certeza de que nem tudo se perde na confusão da vida e que uma vaga mas imperecível ternura é o prêmio dos que muito souberam amar. (BRAGA, Rubem. O verão e as mulheres. Rio de Janeiro, ed. Record, 10ª ed., 2008) Em “E quando estendeu a mão àquela que tanto amara” (5º§), há uma ocorrência de crase sobre a qual faz-se o seguinte comentário corretamente: a) Trata-se de um caso facultativo em função do pronome demonstrativo. b) Não deveria ocorrer em função da falta da preposição “a” explícita. c) O acento grave deveria ser deslocado para o “a” que precede o termo “mão”. d) Ocorre devido à regência do verbo estender e sua relação com o termo regido. Gabarito: D Comentários: 1. A letra ‘a’ diz que a crase é facultativa diante do pronome demonstrativo aquela. Isso, porém, é falso, sendo facultativa a crase apenas diante dos pronomes demonstrativos esta e essa. A fusão da preposição a com a letra inicial a dos pronomes aquele, aquela e aquilo implica a obrigatoriedade do uso do acento grave. 2. A letra ‘b’ enuncia que a preposição a não está explícita, o que também não é correto. O verbo estender é transitivo direito e indireto, sendo o seu objeto indireto regido pela preposição a: estender algo A ALGUÉM – 35 “estendeu a mão ÀQUELA que tanto amara”. Desse modo, a crase ocorre normalmente. 3. A letra ‘c’ diz que o acento grave deveria ser deslocado para o a que antecede “mão”. Contudo, vimos no tópico anterior que a mão consiste no objeto direito da forma verbal “estendeu”, sendo este ‘a’ apenas um artigo. Se a crase é a fusão de dois elementos, um único elemento não pode justificar o fenômeno. A alternativa em comento também está errada. 4. A letra ‘d’ é a correta, conforme análise feita no tópico 2. Questão 03 Ano: 2016 Órgão: COMLURB Prova: Técnico de Segurança do Trabalho Que é Segurança do Trabalho? Segurança do trabalho pode ser entendida como os conjuntos de medidas que são adotadas visando minimizar os acidentesde trabalho, doenças ocupacionais, bem como proteger a integridade e a capacidade de trabalho do trabalhador. A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações, Psicologia na Engenharia de Segurança, Comunicação e Treinamento, Administração aplicada à Engenharia de Segurança, O Ambiente e as Doenças do Trabalho, Higiene do Trabalho, Metodologia de Pesquisa, Legislação, Normas Técnicas, Responsabilidade Civil e Criminal, Perícias, Proteção do Meio Ambiente, Ergonomia e Iluminação, Proteção contra Incêndios e Explosões e Gerência de Riscos. O quadro de Segurança do Trabalho de uma empresa compõe-se de uma equipe multidisciplinar composta por Técnico de Segurança do Trabalho, Engenheiro de Segurança do Trabalho, Médico do Trabalho e Enfermeiro do Trabalho. Estes profissionais formam o que chamamos de SESMT - Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho. Também os empregados da empresa constituem a CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes, que tem como objetivo a prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, de modo a tomar compatível permanentemente o trabalho com a preservação da vida e a promoção da saúde do trabalhador. A Segurança do Trabalho é definida por normas e leis. No Brasil, a Legislação de Segurança do Trabalho compõe-se de Normas Regulamentadoras, leis complementares, como portarias e decretos e também as convenções Internacionais da Organização Internacional do Trabalho, ratificadas pelo Brasil. http://www.areasea.com/sea/ - acesso em 24/04/2016 36 Leia o texto abaixo e identifique qual das alternativas apresenta correta aplicação de crase, seguindo a mesma lógica do texto. “A Segurança do Trabalho estuda diversas disciplinas como Introdução à Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho, Prevenção e Controle de Riscos em Máquinas, Equipamentos e Instalações...” a) O curso de português discute assuntos associados à gramática, à literatura e à produção de textos. b) O professor fez correções à respeito dos erros de ortografia presentes no texto. c) O referido texto apresenta informações de grande importância à alunos de Engenharia. d) A literatura sobre Segurança do Trabalho presente na faculdade apresenta informações importantes à seus alunos. Gabarito: A Comentários: 1. A correta aplicação da crase se dá na letra ‘a’, pois a forma nominal “associados” rege complementos introduzidos pela preposição a – associado A alguma coisa. Junto a isso, todos os complementos listados no texto são determinados pelo artigo feminino definido a – a gramática, a literatura e a produção de textos. Logo: a. ASSOCIADOS (A) + (A) GRAMÁTICA = ASSOCIADOS À GRAMÁTICA; b. ASSOCIADOS (A) + (A) LITERATURA = ASSOCIADOS À LITERATURA; c. ASSOCIADOS (A) + (A) PRODUÇÃO DE TEXTO = ASSOCIADOS À PRODUÇÃO DE TEXTO; 2. Vejamos os erros das demais alternativas: a. A letra ‘b’ traz a locução “à respeito dos”. Contudo, esse a não é craseado, pois não há a presença do artigo feminino a. Nem poderia, uma vez que o substantivo em questão, “respeito”, é masculino e não poderia ser determinado por um artigo feminino. b. Na letra ‘c’, o termo “à alunos de Engenharia” é objeto indireto do verbo “apresenta”. Logo, existe aí a preposição a. Porém, o complemento apresentado é o substantivo masculino “alunos”, que não permite a presença do artigo feminino e, consequentemente, inviabiliza a ocorrência da crase. c. A letra ‘d’ está errada pelo mesmo motivo da ‘c’. 37 Questão 04 Ano: 2016 Órgão: Câmara Municipal de Araraquara - SP Prova: Assistente Leia as opções abaixo e assinale a alternativa em que a crase está correta. a) Este ano os alunos vão à São Paulo para fazer pesquisas. b) O aluno da escola está encerrando o trabalho que será entregue à sua professora. c) Este ano os alunos vão à Bahia para fazer pesquisas. d) O aluno está se dedicando à pesquisar novos meios de comunicação. Gabarito: C Comentários: 1. A crase com o verbo “ir” demanda uma análise específica e um macete bastante conhecido para se averiguar sua existência. a. Em primeiro plano, o verbo “ir” rege um complemento com a preposição a, pois quem vai, vai a algum lugar. Não é mesmo? Ocorre que, para haver crase, é necessário que esse complemento seja determinado pelo artigo feminino a, o que nem sempre é identificável à primeira vista. b. Nas letras ‘a’ e ‘c’, respectivamente, temos “vão à São Paulo” e “vão à Bahia”. Como identificar se tais ocorrências são craseadas? O macete é simples: troque o verbo ir pelo verbo voltar e verifique em qual ocorrência o artigo aparece: i. Ir a São Paulo; voltar de São Paulo; ii. Ir à Bahia; voltar da (de + a) Bahia. c. Vimos acima que o artigo aparece apenas quando o complemento é Bahia. Portanto, a letra ‘a’ está errada e a letra ‘c’ está correta. 2. A letra ‘b’ traz um caso de crase facultativa, o que poderia anular a questão. No entanto, não foi esse o posicionamento da banca, que considerou como gabarito a alternativa “mais correta”. Analisemos: a. O trecho “entregue à sua professora” está correto, apenas não se trata de ocorrência obrigatória da crase. A facultatividade se explica por ser possível i. enxergar o determinante na desinência do pronome possessivo – “entregue a sua professora”; ii. assim como optar pelo registro do determinante de forma independente do pronome – “entregue à sua professora”. 3. Por último, a letra ‘d’ não está correta, pois não se admite a ocorrência da crase diante de verbos no infinitivo. O infinitivo é uma das formas nominais do verbo e não admite a determinação no feminino, razão por que a crase se torna impossível de acontecer. 38 Questão 05 Ano: 2016 Órgão: EBSERH Prova: Técnico de enfermagem Rito de Passagem Um dia seu filho se aproxima e diz, assim como quem não quer nada: “Pai, fiz a barba”. E, a menos que se trate de um pai desnaturado ou de um barbeiro cansado da profissão, a emoção do pai será inevitável. E será uma complexa emoção essa, um misto de assombro, de orgulho, mas também de melancolia. O seu filho, o filhinho que o pai carregou nos braços, é um homem. O tempo passou. Barba é importante. Sempre foi. Patriarca bíblico que se prezasse usava barba. Rei também. E um fio de barba, ou de bigode, tradicionalmente se constitui numa garantia de honra, talvez não aceita pelos cartórios, mas prezada como tal. Fazer a barba é um rito de passagem. Como rito de passagem, ele não dura muito. Fazer a barba. No início, é uma revelação; logo passa à condição de rotina, e às vezes de rotina aborrecida. Muitos, aliás, deixam crescer a barba por causa disto, para se ver livre do barbeador ou da lâmina de barbear. Mas, quando seu filho se olha no espelho, e constata que uns poucos e esparsos pelos exigem - ou permitem - o ato de barbear-se, ele seguramente vibra de satisfação. Nenhum de nós, ao fazer a barba pela primeira vez, pensa que a infância ficou pra trás. E, no entanto, é exatamente isto: o rosto que nos mira do espelho já não é mais o rosto da criança que fomos. É o rosto do adulto que seremos. E os pelos que a água carrega para o ralo da pia levam consigo sonhos e fantasias que não mais voltarão. É bom ter barba? Essa pergunta não tem resposta. Esta pergunta é como a própria barba: surge implacavelmente, cresce não importa o que façamos. Cresce mesmo depois que expiramos. E muitos de nós expiramos lembrando certamente o rosto da criança que, do fundo do espelho, nos olha sem entender. (SCLIAR, Moacyr et al. Histórias de grandeza e de miséria. Porto
Compartilhar