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23/11/2015 O progresso repensado Magazine Petrobras http://www.petrobras.com/pt/magazine/post/oprogressorepensado.htm 1/8 Você está no site Global Magazine mapa do site ouvidoria fale conosco Conteúdos Petrobras Magazine O progresso repensado O desenvolvimento tecnológico e industrial da humanidade trouxe consigo um acúmulo cada vez maior de resíduos. Empresas, governos e cidadãos hoje buscam modos de quebrar esse paradigma e de reaproveitar esses materiais, gerando riqueza de onde antes só se enxergava lixo. Existe um semnúmero de fatores pelos quais a humanidade pode avaliar seu desenvolvimento econômico e tecnológico ao longo dos últimos séculos. A Revolução Industrial, a evolução nos meios de transporte, o aumento da urbanização, o avanço das indústrias químicas e farmacêuticas, as usinas de geração de energia; tudo isso aumentou o bemestar das populações e nos ajuda a ter uma vida mais agradável e prolongada. A partir da crescente mecanização da atividade fabril, iniciada na segunda metade do século 18 (com a introdução da máquina a vapor e outras inovações), até os dias de hoje, a produção de riqueza no mundo multiplicouse mais de 10 vezes, de forma consistente, pela primeira vez na história da humanidade. Porém, tão indesejada quanto inevitável é a constatação de que todo esse progresso implica a produção e o acúmulo, cada vez maiores, de resíduos. Não há processo industrial que não deixe restos e sobras, contribuindo, mesmo que de forma indireta, com o aumento da poluição. E as pessoas produzem uma quantidade crescente de material descartado que, se tratado incorretamente, vai se transformar em 23/11/2015 O progresso repensado Magazine Petrobras http://www.petrobras.com/pt/magazine/post/oprogressorepensado.htm 2/8 lixo – e em desperdício, sujeira. Mas “resíduo” e “lixo” não são, necessariamente, sinônimos. Por trás da geração de todo o tipo de matéria indesejada, há uma outra indústria, feita de iniciativas, processos e pensamentos inovadores, que encara o desafio de lidar com os resíduos como uma fonte de oportunidades e de extração de riqueza. Nesse contexto, os chamados “3Rs” – reduzir, reutilizar e reciclar – além de outras formas de reaproveitamento, destacamse não apenas como maneiras de dar novas aplicações ao que sobra, mas também de poupar dinheiro e recursos naturais. “Vamos continuar a ver uma necessidade crescente de capturar fontes de resíduos e reutilizálas para ajudar a suprir a demanda mundial por materiais e para reduzir o impacto da obtenção desses materiais em estado bruto”, afirma Steve Eminton, jornalista inglês e editor do site LetsRecycle.com, referência na Europa em estudos sobre gerenciamento de resíduos e iniciativas ligadas aos 3Rs. Autor do livro Os Bilhões Jogados no Lixo, no qual debate a crescente produção de resíduos pela sociedade no Brasil e no mundo (e a riqueza desperdiçada no descarte incorreto dos mesmos), o economista brasileiro Sabetai Calderoni explica que “o que a sociedade enxerga como ‘lixo’ é, na verdade, produto de uma visão equivocada dos materiais” (leia entrevista). Em função disso, além de prevenir o acúmulo de resíduos, é preciso que empresas, governos e pessoas repensem a forma como encaram esses materiais e o tratamento que dão a eles, buscando preservar o meio ambiente e, além disso, obter o melhor aproveitamento desses importantes recursos. Lixo eletrônico A companhia coreana LG criou o programa ecoMobilization, por meio do qual promove a coleta de aparelhos eletrônicos usados (de qualquer marca), o que evita o aumento do chamado ewaste, que contém materiais tóxicos e metais pesados. A iniciativa inclui reutilizar os aparelhos antigos, reciclando plástico e usando metais como ouro e cobalto para outros fins. Água, o alvo principal do reúso Praticamente não existem atividades industriais que possam prescindir da água – e sua importância para a manutenção da vida na Terra dispensa comentários. Descartar as águas residuais (termo industrial para qualquer água cujas características naturais são alteradas após o consumo doméstico ou industrial) na natureza não representa apenas um risco ambiental, mas também a perda de uma matériaprima fundamental. Soluções inteligentes para minimizar o gasto de água e tornar seu tratamento (e consequente reúso) mais eficiente são prioridades em todo o mundo. Um exemplo de alta tecnologia aplicada ao reaproveitamento é o Sistema de Reabastecimento de Água Subterrânea (GWRS) desenvolvido pelas autoridades de Orange County, na Califórnia (EUA). Um processo de três etapas – microfiltragem, osmose reversa e aplicação de radiação ultravioleta e peróxido de hidrogênio – purifica águas residuais que seriam lançadas no Oceano Pacífico. O resultado é uma água cujas qualidade e pureza chegam a superar os padrões exigidos pelas leis estaduais e federais de água potável, e que pode atender às necessidades de cerca de 600 mil pessoas – o maior sistema de purificação de água para uso potável do mundo. O emprego racional da água e a economia desse valioso recurso são prioridades para a Petrobras. A Coordenação de Recursos Hídricos e Efluentes da área de Segurança, Meio Ambiente, Eficiência Energética e Saúde (SMES) é responsável por prover diretrizes e ferramentas 23/11/2015 O progresso repensado Magazine Petrobras http://www.petrobras.com/pt/magazine/post/oprogressorepensado.htm 3/8 que contribuam para o uso racional da água em todas as operações da Companhia. Projetos como o Guia para Avaliação de Disponibilidade Hídrica (que orienta as unidades operacionais na avaliação da disponibilidade de água para o desempenho de suas atividades nas bacias hidrográficas onde estão localizadas) e o Inventário de Recursos Hídricos e Efluentes (que consolida dados de volume e qualidade de água captada e de efluentes descartados pelas instalações), além do desenvolvimento, pelo Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), de tecnologias avançadas para tratamento e reúso de água, são algumas das iniciativas da empresa para a gestão eficiente do recurso. “Até 2015, vamos dobrar o volume de água reusada pela Companhia, que, em 2010, foi de 17 bilhões de litros. Além de reduzir a demanda por água nova para suas operações, a economia proveniente de ações de racionalização e reúso garantem à Petrobras uma segura fonte de abastecimento de água”, afirma Carlos Gonzalez, coordenador de Recursos Hídricos da empresa. Entre as unidades que possuem projetos de reúso em curso, Gonzales destaca o Cenpes e a Refinaria do Vale do Paraíba (Revap, no estado de São Paulo), onde as iniciativas permitirão o reaproveitamento de centenas de milhões de litros de água por ano. Comperj: um dos maiores projetos de reúso do mundo Um dos principais empreendimentos da história da Petrobras, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), previsto para entrar em operação em 2014, terá o maior projeto de reúso do Brasil e um dos maiores do mundo: toda a água utilizada nos processos industriais será suprida por meio do reúso. Águas residuais captadas e tratadas na cidade do Rio de Janeiro serão transportadas, através de 17 quilômetros de dutos submarinos, até uma estação de armazenamento no município de São Gonçalo; de lá, serão bombeadas até o Complexo, por mais 32 quilômetros. No Comperj, a água passará por novos tratamentos para então ser utilizada nos processos industriais. Depois, a maior parte retornará para tratamento e novo reúso. O restante será tratado e descartado de acordo com as normas ambientais. A vazão prevista para o empreendimento pode alcançar 1.500 litros por segundo, quantidade equivalente ao consumo de uma cidade de 750 mil habitantes.Do alumínio ao cascalho Palavra de ordem quando se fala em economia sustentável, a reciclagem hoje é uma indústria global que une iniciativas individuais, programas governamentais e investimentos de empresas privadas. Reaproveitar materiais e produtos descartados como matériasprimas que se transformarão em outros produtos é uma estratégia empresarial que gera economia, protege a natureza, poupa recursos naturais, diminui o gasto de energia e reduz a acumulação de resíduos. “A produção, o processamento e a disposição dos materiais na nossa moderna economia de descarte desperdiçam não apenas recursos, mas também energia”, sustenta o escritor Lester Brown, fundador do Earth Policy Institute e autor do livro Plano B 2.0: Resgatando um Planeta Sob Stress e uma Civilização em Apuros. As latas de alumínio, símbolo universal do potencial de reciclagem, são parte fundamental do negócio da CocaCola. Não por coincidência, a gigante do mercado de bebidas está na vanguarda do reaproveitamento de materiais em seus processos industriais. A filial britânica da empresa é exemplo mundial no tratamento de resíduos e na reciclagem de materiais. Em 2001, a CocaCola se comprometeu a reduzir a quantidade de resíduos em suas fábricas no Reino Unido. Ao investir na separação de resíduos, triagem e reciclagem de equipamentos, e mantendo o monitoramento contínuo de seu desempenho, a companhia chegou em 2010 à taxa de 99,5% de reciclagem de materiais. Quatro de suas seis fábricas já reduziram a zero o envio de resíduos a aterros sanitários. “Investir na preservação da natureza também gera economia”, confirma Lucia de Toledo Camara Neder, consultora de Meio Ambiente da área de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras. Entre os esforços que a Companhia realiza no âmbito do controle e da destinação dos resíduos está a cuidadosa separação de todos os materiais a serem descartados pelas unidades de produção. As plataformas em altomar, por exemplo, geram, entre outros resíduos, sucata metálica, restos de tinta, produtos químicos, borra oleosa (resultante do processo de separação do petróleo) e embalagens plásticas. O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos da área de E&P monitora e contabiliza as quantidades geradas em cada plataforma e determina o encaminhamento que esses resíduos terão. A borra produzida nas plataformas da Bacia de Campos, por exemplo, segue para as unidades de tratamento de resíduos oleosos e é utilizada em fornos de cimento. A sucata é leiloada e reutilizada pela indústria siderúrgica. “Estamos sempre investindo em pesquisas sobre alternativas de reciclagem para outros tipos de resíduo. Atualmente investimos em pesquisas para reaproveitamento do cascalho, que é um dos resíduos gerados na perfuração de poços, para que possa ser usado na indústria de pisos cerâmicos (tipo porcelanato), e em pesquisas para utilização de borras oleosas como 23/11/2015 O progresso repensado Magazine Petrobras http://www.petrobras.com/pt/magazine/post/oprogressorepensado.htm 4/8 componentes de asfalto. E quase 100% dos resíduos de óleo lubrificante usado são aproveitados novamente, ao serem rerefinados”, explica Lucia. Na Petrobras, a Coordenação de Resíduos e Áreas Impactadas da área de SMES, criada em 2001, estabelece diretrizes e orientações para aprimorar a gestão de resíduos na Petrobras, além de incentivar o uso de novas e mais limpas tecnologias de tratamento. Também reúne as iniciativas de monitoramento e reaproveitamento dos materiais que são descartados por toda a empresa. O Projeto de Minimização de Resíduos, iniciado em 2009, identifica as possibilidades de redução na fonte de geração, avalia ações de eficiência energética e ecoeficiência e testa novas tecnologias de recuperação e reúso. A metodologia é centrada primeiramente na identificação de medidas para evitar a geração, para só então atuar na redução, reutilização e reciclagem dos resíduos. “Visamos à minimização em si, olhando a geração dos resíduos, analisando seu potencial como matériaprima e avaliando quais são os melhores”, explica Cláudio Henrique Dias Guimarães, coordenador de Resíduos e Áreas Impactadas da Petrobras. “Além disso, nos preocupamos também com o material gerado a partir de produtos da empresa e com a gestão dos resíduos por parte de nossos parceiros e fornecedores.” Reinjeção de CO2 A busca por meios para gerir e reaproveitar os resíduos não se restringe aos materiais sólidos e líquidos. Com o compromisso assumido de não liberar para a atmosfera o dióxido de carbono produzido na exploração das reservas do présal, a Petrobras criou um programa para desenvolver e implementar tecnologias que viabilizem a captura, o transporte, o armazenamento e o aproveitamento do CO2. Uma solução que está sendo desenvolvida é a reinjeção de CO2 nos próprios poços de petróleo. No présal, os testes começaram a ser feitos em 2011, em um poçopiloto na área de Lula, na Bacia de Santos. Além de garantir que o CO2 produzido não seja ventilado para a atmosfera, a injeção do gás, de forma alternada com a água, poderá aumentar a pressão dentro do poço e a fluidez do petróleo e, consequentemente, o potencial de recuperação do óleo (ou seja, aumentar a quantidade de óleo que pode ser extraída do poço). O descartável que vira energia A transformação de resíduos em fontes de energia é vista como parte integral da política dos 3Rs em todo o mundo. Levantamento da Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA), agência que monitora os usos e o descarte de resíduos e dejetos de forma global, aponta que, apenas na Europa, cerca de 70 milhões de toneladas de lixo são utilizados anualmente na produção de energia, gerando eletricidade e aquecimento para 25 milhões de pessoas. “É um procedimento que previne a produção de gases que formam o efeito estufa, como o metano, e que emite menos dióxido de carbono do que o uso de combustíveis fósseis”, explica o analista grego Efstratios Kalogirou, pesquisador e membro da ISWA. “A transformação de resíduos em energia, em cooperação com a reciclagem, é o meio mais eficiente e integrado para resolver o problema do acúmulo de lixo nas grandes cidades”, sustenta. A Petrobras desenvolve diversas atividades de transformação de resíduos em novas fontes de energia. Os chamados óleos e gorduras residuais – especialmente o óleo de cozinha usado, que seria descartado – já são transformados, com sucesso, em matériaprima para o biodiesel produzido nas usinas da empresa, com projeto em andamento nos estados da Bahia e do Ceará. Cerca de 600 catadores filiados a cooperativas ou associações dessas regiões recolhem o óleo doado pela população das cidades no entorno das usinas e o vendem à Petrobras, o que também gera renda e postos de trabalho. Outro meio de extrair energia dos resíduos é o uso da casca da mamona (uma das oleaginosas da qual se produz o biodiesel) como combustível. “As empresas contratadas para descascar a mamona usam as cascas para abastecer as caldeiras das máquinas descascadoras, num ciclo virtuoso no qual o que seria resíduo vira fonte de energia”, explica Ricardo Prado Millen, coordenador de Desenvolvimento Agrícola da subsidiária Petrobras Biocombustível. Essa simbiose entre o agronegócio e a produção de energia, via reaproveitamento de resíduos, atinge um ponto culminante na cidade alemã de Könnern, onde funciona a segunda maior usina de biometano do mundo. A partir do que sobra da colheita de milho de 30 fazendas nos arredores da usina – cascas, palha e outros detritos –, oito tanques gigantes produzem, por meio de fermentação, 30 milhões de metros cúbicos de biogás, que rendem 15 milhões de metros cúbicos de biometano, que são injetadosdiretamente na rede de fornecimento doméstico no norte da Alemanha. Além de gerar energia, essa forma de reutilização de resíduos também produz, como no caso do 23/11/2015 O progresso repensado Magazine Petrobras http://www.petrobras.com/pt/magazine/post/oprogressorepensado.htm 5/8 biodiesel, fertilizantes como subproduto. Quando da inauguração da usina, em 2009, uma representante da Associação Alemã de Biogás, Andrea Horbelt, afirmou que, até 2020, um quinto da demanda alemã por gás natural poderá ser atendida por biogás produzido a partir de resíduos agrícolas. Sorvete energético A Unilever, maior fabricante de sorvetes do mundo, anunciou a construção de um biodigestor capaz de transformar restos da produção em energia. O aparato vai gerar biogás a partir de resíduos de leite, nata, proteínas, xaropes e pedaços de frutas e vai suprir 40% de toda a energia da fábrica onde estará instalado, nos Estados Unidos. Cidades, pessoas, governos O empenho das empresas para reduzir o acúmulo de resíduos e dar novos usos a materiais descartados, entretanto, é apenas uma parte do esforço. Os governos dos países e cidades e a sociedade civil também precisam se organizar e encontrar maneiras para colocar em prática os ideais dos 3Rs. “Não dá mais tempo de esperarmos por um grande projeto que revolucione São Paulo ou qualquer outra metrópole. Iniciativas locais e informais precisam ser fortalecidas para se tornarem modelos replicáveis em vários cantos. Esse é um caminho mais possível para resolver os complexos problemas dos centros urbanos”, afirma Natália Garcia, criadora do projeto Cidades para Pessoas, que pesquisa ideias de planejamento urbano que possam inspirar cidades brasileiras. Algumas “cidadespiloto” estão na frente do resto do mundo quando se trata de integrar a redução, a reciclagem e o reúso a seus projetos de urbanismo. São centros urbanos planejados com uma infraestrutura que minimiza o consumo energético e a interferência no ambiente em que estão inseridos. Um dos casos mais interessantes é o Distrito Empresarial Internacional (IBD) de Songdo, na Coreia do Sul, que estará completo em 2015. Songdo contará com postos de recarga para carros elétricos, edifícios que empregam uma grande porcentagem de material de construção reciclado e o uso de água do mar dessalinizada para irrigação. Também no Oriente, com um olhar voltado para o futuro do urbanismo, está a EcoCidade de Tianjin, projeto de colaboração entre a China e Cingapura para criar uma cidade que, em meados da década de 2020, abrigará 350 mil pessoas. A Eco Cidade deverá obter um mínimo de 50% da água para consumo por meio do reúso. Um sistema de gerenciamento de resíduos maximizará o potencial de reciclagem; além disso, 90% do trânsito na área urbana deverá se dar por meios “verdes” (transporte público, ciclismo, caminhadas), reduzindo a poluição e o consumo de combustível. Outras cidades, já habitadas, vencem cotidianamente os desafios relacionados aos resíduos. Calgary, no Canadá, foi considerada em 2010 a cidade mais “verde” do mundo, em pesquisa global conduzida pelo instituto inglês de pesquisas Mercer, destacandose por seus serviços de remoção de resíduos e tratamento de água. Já a cidade experimental de Arcosanti, nos Estados Unidos, apresenta a ideia da “arcologia” – mistura de arquitetura e ecologia. Os prédios são erguidos a partir dos materiais minerais encontrados na região, em integração com o panorama geológico. As construções são feitas para aproveitar ao máximo o sol como forma de iluminação; estufas onde são criadas plantas também são usadas para reter calor para aquecimento durante o inverno. Tudo para interferir o mínimo indispensável na paisagem natural. No Brasil, entre os exemplos de cidades mais sustentáveis nesses aspectos, destacamse Curitiba, no estado do Paraná (premiada em 2010 pelo Globe Award Sustainable City por sua preocupação com a educação ambiental) e Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul (que possui alta eficiência em coleta e reciclagem e no tratamento de água). Ainda há, contudo, muito a ser feito. Anualmente, o país produz 61 milhões de toneladas de lixo e, de acordo com recente pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública, apenas 1,4% desse total é encaminhado para reciclagem. A recente instituição da Política Nacional de Resíduos Sólidos, regulamentada em 2010 pela Lei 12.305, deve mudar esse panorama. A lei determina que o governo federal elaborará um Plano Nacional de Resíduos Sólidos e prevê a extinção, até 2014, de todos os “lixões” (substituídos por aterros sanitários controlados) e a separação obrigatória entre resíduos orgânicos (encaminhados para a compostagem) e material reciclável. Define ainda que a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos, desde sua produção na fábrica até o descarte pelo consumidor final, passa a ser compartilhada, abrangendo fabricantes, importadores, comerciantes, consumidores e os serviços públicos de limpeza urbana. “O Plano vai instituir o conceito da logística reversa, determinando que os fabricantes devem criar um sistema para reciclar as embalagens de seus produtos”, explica a socióloga Elisabeth Grinberg, coordenadoraexecutiva do Instituto Pólis, que participou das audiências que resultaram 23/11/2015 O progresso repensado Magazine Petrobras http://www.petrobras.com/pt/magazine/post/oprogressorepensado.htm 6/8 na redação final do documento. Dar novas destinações ao que é descartado, enxergando oportunidades de extrair valor desses materiais: eis o desafio. O trabalho conjunto entre empresas, governos e cidadãos e o aumento da conscientização a respeito da necessidade de uma gestão eficiente dos resíduos está criando um panorama no qual o progresso não será, necessariamente, sinônimo de mais lixo – e sim de um ciclo virtuoso de reaproveitamento de matériasprimas e geração de riqueza. 3Rs na floresta Na Base de Operações de Urucu, na Amazônia, a Petrobras mantém estrito controle da produção e do descarte de resíduos. Todo o lixo orgânico (2,5 toneladas diárias) passa pelo processo de compostagem e é usado como adubo para reflorestamento e jardinagem. Os materiais recicláveis (plástico, sucata, papel) passam por triagem e separação e são encaminhados para indústrias especializadas em reciclagem. Resíduos perigosos, como borra e óleo, são segregados dos demais materiais, enviados para Manaus, no estado do Amazonas, e utilizados em fornos de indústrias de cimento. Além do biodiesel Vendida inicialmente para pequenos clientes, como saboarias e fábricas de produtos de limpeza, a glicerina resultante da produção do biodiesel nas usinas da Petrobras agora é exportada principalmente para a China, onde é utilizada em cosméticos, tintas e vernizes. O produto é utilizado ainda de forma ecológica na indústria, como supressor de poeira, e está sendo estudado pela própria Petrobras para uso em atividades de exploração e produção de petróleo. “Hoje já existe um mercado grande para a glicerina e estudamos outras formas de utilização, como combustível e ração”, explica Aline Costa de Andrade, coordenadora de Qualidade de Produto da Petrobras Biocombustível. A borra e o ácido graxo, outros produtos da indústria do biodiesel, também são vendidos para saboarias. Já os resíduos do processamento da mamona (um farelo misturado a uma pequena quantidade de óleo, chamado de “torta”) viram fertilizantes. 23/11/2015 O progresso repensado Magazine Petrobras http://www.petrobras.com/pt/magazine/post/oprogressorepensado.htm 7/8 Por: Marco Antonio Barbosa Fotos: Edu Monteiro / Fotonauta 23/11/2015 O progresso repensado Magazine Petrobras http://www.petrobras.com/pt/magazine/post/oprogressorepensado.htm 8/8 8 Tweet Arquivo 41Curtir
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