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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Segurança no Trabalho e Ergonomia Aula 06 Professora: Silvana Stumm CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Olá, caro aluno! E chegamos na última aula da disciplina Segurança no Trabalho e Ergonomia! Hoje o nosso foco principal será a Antropometria e também os aspectos ergonômicos relacionado ao projeto de controles e dispositivos. Preparado? Então vamos começar... Agora é com a professora Silvana! Veja o que ela diz sobre a aula de hoje no vídeo do material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Introdução Não se pode falar em ergonomia sem entender o que é antropometria e discorrer sobre os ambientes de trabalho. Com certeza muitos de vocês sabem a definição e importância do estudo da antropometria. A definição Lopes Filho e Silva (2003), consideram a antropometria como uma técnica milenar de mensuração do corpo humano e de todas as suas partes. De acordo com o IBGE (2013), a antropometria estuda as medidas e proporções do corpo humano ou de suas várias partes. Antropometria masculina Antropometria feminina Fonte: http://antropometria.ibv.org/es/estudios-3d/adultos.html#resultados- hombres Fonte: http://antropometria.ibv.org/es/estudios-3d/adultos.html#resultados- mujeres CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Problematização A antropometria está diretamente ligada à ergonomia. Sem essa técnica, não é possível elaborarmos um projeto de posto de trabalho capaz de oferecer conforto ao empregado. Para tal, fazemos usos de tabelas e medidas conhecidas. Assinale, então, a alternativa correta no que se refere ao objeto da antropometria. a) A antropometria estuda todas as proporções das partes do corpo humano. b) A antropometria estuda as medidas do corpo humano e dos postos de trabalho. c) A antropometria estuda as medidas dos braços e das pernas e das proporções. d) A antropometria estuda as medidas e proporções do corpo humano ou de suas várias partes. e) A antropometria estuda o corpo humano e suas proporções em relação ao posto de trabalho. Feeedback Conforme afirma o IBGE (2013), a antropometria estuda as medidas e proporções do corpo humano ou de suas várias partes. Portanto a questão(d) está correta. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Tema 1: Antropometria Agora vamos agora analisar a importância da antropometria para a ergonomia. Lembra que falamos sobre Taylor e sobre as máquinas e equipamentos da época? O homem deveria adaptar-se à máquina e não o inverso, certo?! Agora volte à atualidade e reflita um pouco. O estudo da antropometria permitiu obter-se medidas mais seguras para se fabricar roupas, equipamentos, automóveis. Portanto, podemos dizer com segurança que são as máquinas e equipamentos que devem adaptar-se ao homem. Vamos ver o que a professora Silvana tem a dizer sobre Antropometria: Assista ao vídeo no material on-line! Medidas antropométricas Que medidas devem ser levadas em consideração? Bastam apenas as medidas ou é necessário preocupar-se com outras características? Certamente devemos pensar em outras questões igualmente importantes como sexo, variações intraindividuais, etnia, clima, variações extremas e variações seculares. https://ergos2012agr.wordpress.com/category/uncategorized/ CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 As medidas entre os sexos, ou seja, entre homens e mulheres variam da seguinte maneira: Os homens, em relação às mulheres têm ombros mais largos, o tórax é maior, a bacia é mais estreita, a cabeça é maior, os braços são mais longos e os pés e as mãos são maiores. As variações intraindividuais referem-se às contínuas mudanças físicas que ocorrem durante a vida, como o peso e a forma do corpo. As diferenças étnicas estão relacionadas às medidas antropométricas como a altura, por exemplo. Compare os japoneses com os italianos. Os italianos são mais altos. Quanto ao clima, os locais onde a temperatura é mais elevada os habitantes tem o corpo mais esguio se comparado com as regiões de climas mais frios. Em relação às variações extremas, dizemos de uma mesma população com diferença na estatura, na largura do abdômen, no comprimento dos braços. As seculares abrangem as mudanças a longo prazo, envolvendo diversas gerações. Com essas informações torna-se mais simples entender que hoje, equipamentos, máquinas e ferramentas são projetados de modo a proporcionar ao usuário. Para tanto, afirma Kruger (2007) os projetos, mesmo visando o uso coletivo, fundamentam-se na curva de Gauss. Isso garante atender 95% da população e para os 5% restantes elaborar-se-ão projetos específicos. Desconsiderando-se o indivíduo de porte médio a classificação do trabalhador resume-se em: jovens e idosos; homens e mulheres; altos e baixos; magros e gordos, íntegros e deficientes (KRUGER, 2007). Os postos de trabalho que falaremos mais adiante devem atender o todo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Mas, em alguns momentos será necessário adequar o trabalho para uma circunstância específica ocorrida durante determinada atividade. Quais características devem ser consideradas? Conforme Kruger (2007) as preocupações devem ser em relação: Às posições dos comandos em relação às zonas de alcance das mãos e dos pés; às posturas ou gestos suscetíveis de impedir a recepção de um sinal; aos membros envolvidos pelos diferentes comandos da máquina; às ações simultâneas das mãos, dos pés ou de ambos; ao grau de encadeamento de gestos sucessivos. Professora Silvana, pode no ajudar? Ela responde no vídeo do material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Tema 02: Dados antropométricos Para dimensionarmos um projeto, podemos adotar medidas tabeladas já existentes, tomando algumas precauções. Como a maior parte dessas medidas foram realizadas fora do Brasil, alguns fatores devem ser analisados: etnia, profissão, faixa etária, época e as condições especiais (IIDA, 2005). Vamos entender os cinco princípios, tendo Iida (2005) como fundamento, para usarmos os dados antropométricos com mais segurança. 1o Princípio: Os projetos são dimensionados para a média da população Esse princípio é próprio para produtos de uso coletivo, mas não significa que seja bom para todos. Assentos escolares, por exemplo. 2o Princípio: Os projetos são dimensionados para um dos extremos da população O segundo princípio determina o uso de um dos extremos da população, ou superior, que abrange 95%, ou inferior, que abrange apenas 5%. A maioria dos produtos já é dimensionada para atender 95% da população. 3o Princípio: Os projetos são dimensionados para faixas da população Um bom exemplo deste princípio são algumas roupas fabricadas nos tamanhos pequeno (P), médio (M) e grande (G). CCDD – Centro de Criaçãoe Desenvolvimento Dialógico 9 4o Princípio: Os projetos apresentam dimensões reguláveis Este princípio trata dos produtos com regulagens, sendo possível adaptá-los individualmente. A possibilidade em regular é somente para algumas peças de um mesmo produto. Uma cadeira de escritório, por exemplo, pode ter o encosto e a altura reguláveis. 5o Princípio: Os projetos são adaptados ao indivíduo O quinto princípio é aplicado em geral na fabricação de aparelhos ortopédicos, roupas e sempre que for necessário ter o produto em conformidade com o indivíduo. Certamente isso torna o produto mais caro. Analisando a aplicabilidade dos cinco princípios... Pelas características apresentadas em cada um dos cinco princípios, nota- se que o uso do primeiro e do segundo são, sem dúvida, os mais econômicos e viáveis. O terceiro e o quarto princípios apresentam um custo mais alto. Mas, entre todos, o quinto tem o valor mais alto, tornando- se inúmeras vezes inviável. Espaço de trabalho Faz parte também desta nossa conversa o espaço de trabalho, mas como entender o que é esse espaço? Qual sua área? Quanto ocupa? “Espaço de trabalho é um volume imaginário, necessário para o organismo realizar os movimentos requeridos durante o trabalho” (IIDA, 2005). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Entretanto inúmeras vezes identificamos trabalhadores realizando tarefas com postura inadequada. Com o passar do tempo surgem dores, fadiga muscular e em alguns casos distensões musculares. Infelizmente, não é com frequência que encontramos trabalhadores em posturas corretas e executando movimentos adequados. Os principais trabalhos com consequências prejudiciais à saúde de acordo com (IIDA, 2005) são os trabalhos estáticos – a mesma postura por tempo bastante longo; os trabalhos de força e os trabalhos em posturas indesejáveis – tronco inclinado e torcido. Os fatores considerados para ser possível dimensionar o espaço são postura, tipo de atividade manual, vestuário, cadeira de rodas e espaço pessoal. A postura deitada é a indicada para repouso e recuperação de fadiga. Alguns trabalhos como o de oficinas mecânicas, no reparo de veículos, exige o trabalho nessa posição, mas a cabeça fica sem apoio e provoca dores rapidamente. Na postura sentada a maior atividade muscular é do dorso e do ventre. Inclinar-se ligeiramente à frente deixa a posição mais confortável e natural, mas o assento deve possibilitar alternância de posições, evitando o aparecimento precoce da fadiga muscular. Finalmente, a postura de pé facilita o movimento do corpo como um todo, mas se a atividade não exige movimento torna-se bastante exaustiva (IIDA, 2005). O tipo de atividade manual também influencia o espaço de trabalho. Algumas atividades devem ser feitas por meio do agarramento com o centro das mãos. Esse é o caso das alavancas e registros e que devem ficar mais perto do trabalhador. Os botões, apertados apenas com as pontas dos dedos podem ficar mais distantes. Quanto ao vestuário, algumas roupas ou vestimentas podem aumentar o volume do trabalhador, limitar seus movimentos ou, ainda, exigir um outro dimensionamento. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 A largura de vãos de passagem, circulação e posto de trabalho deve ser apropriada para uma cadeira de rodas ser manobrada com segurança e conforto. A dimensão aproximada de uma cadeira de rodas é de 110 cm de comprimento, 65 cm de largura e o espaço de giro deve ter no mínimo 160 cm (IIDA, 2005). Pesquise a NBR 9050/2004, que é específica para acessibilidade e traz todas as medidas necessárias para isso. E, finalmente, o espaço pessoal. É importante haver esse tipo de espaço para a guarda de objetos pessoais ou para personalizar seu local de trabalho, trazendo mais conforto ao indivíduo. Espaço e posto de trabalho Fonte: http://www.reliza.com.br Vamos tirar as dúvidas com a professora Silvana! Confira no vídeo do material on-line. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Tema 03: Biomecânica e OWAS O que você entende por biomecânica? A biomecânica refere-se aos movimentos corporais e às forças, ambos relacionados ao trabalho, e aborda os princípios aplicados a ergonomia. Articulações, posturas e movimentos entre outros itens diversos serão tratados aqui e separados em tópicos e adaptados de Kruger, (2007). 1. Articulações em posição neutra Em posição neutra, os músculos e ligamentos são esticados o menos possível, sendo capazes de liberar a força máxima. São exemplos de más posturas, nas quais as articulações estão fora da posição neutra: braços erguidos, pernas levantadas, cabeça abaixada e tronco inclinado. 2. Pesos próximos ao corpo Quanto mais o peso estiver afastado do corpo, mais os braços estarão tensionados, devido à formação de um braço de alavanca. O corpo pende para frente, e deve ocorrer uma reação para trás, para a manutenção do equilíbrio, sendo então os músculos e as articulações mais exigidas. 3. Posturas e movimentos em alternância As posturas prolongadas e os movimentos repetitivos desgastam e levam à fadiga. Alternar posturas e movimentos proporciona a modificação das exigências sobre os grupos musculares e a possibilidade de repouso. 4. Restrição da duração do esforço muscular contínuo Quanto maior o esforço sobre um determinado músculo, menor é o tempo suportável. 5. Prevenção da exaustão muscular Em caso de ocorrência de exaustão o músculo necessita um tempo maior para que possa se recuperar. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 6. Pausas Pausas curtas e frequentes são melhores se compararmos com pausas longas ao fim da tarefa ou da jornada. 7. Evitar curvar-se para frente A parte superior do corpo de um adulto pesa cerca de 40 kg. A curvatura para frente ocasiona a formação de um braço de alavanca com essa intensidade de carga, originando uma sobrecarga da musculatura das costas. 8. Evitar inclinar a cabeça A cabeça de um adulto pesa de 4 a 5 kg. A inclinação da cabeça para frente ocasiona a formação de um braço de alavanca com essa intensidade de carga, originando uma sobrecarga da musculatura da nuca. 9. Evitar torções do tronco Torções do tronco causam tensões indesejáveis nas vértebras, causadas pelas cargas assimétricas agindo nos músculos ao lado da coluna vertebral. 10. Evitar movimentos bruscos e picos de tensão O mais recomendado é o levantamento gradual dos pesos. Da mesma forma que os atletas, também deve ser realizado um pré-aquecimento da musculatura com movimentos suaves e contínuos. Todas essas recomendações, se seguidas, podem evitar inúmeras ocorrências de acidentes, distensões musculares, tensões e estresse físico. Para realizar os movimentos necessários para execução de tarefas, manter a postura de forma correta é essencial para evitar dores e desconfortos. Nem sempre postos de trabalho permitem ao operador manter-se ereto e confortável. As informações a seguir estão fundamentadas no trabalho de Kruger (2007). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Mãos e braços O que determina o posicionamento dos controles e dos comandos de um maquinário é o espaço necessário para mãos e braços realizarem preensão e movimentos, e a altura de alcance. Isso influencia diretamente o arranjo físico do posto de trabalho.As ferramentas corretas para tarefas que as exigem devem permitir manter as articulações na posição neutra e o punho alinhado com o antebraço. Consultando Iida (2005), vemos que o desenho ideal para a pega de ferramentas é o de uma pega convexa, diâmetro de 10 cm e comprimento de 10 cm. Para otimizar o uso de ferramentas o ideal é aliviar seu peso com suporte em nível superior bem como sua manutenção periódica. Evitar tarefas acima do nível dos ombros e mão para trás. Posturas erradas provocam dores nos punhos, cotovelos e ombros agravando-se pelos esforços repetitivos. Cabeça e nuca O campo visual do trabalhador deve englobar todos os mostradores de instrumentos e facilitar a percepção de todo e qualquer sinal de trabalho. Sua linha de visão deve representar a ligação entre o olho e o objeto observado. Outro detalhe imprescindível é a postura. Cabeça e nuca não devem permanecer inclinados para a frente a mais de 15 graus durante longo período de tempo. Dessa forma o trabalhador consegue manter uma postura mais correta para executar as tarefas exigidas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Trabalho em pé Atividades com necessidade de serem executadas com mais exigência de força ou movimentos do corpo, são melhores realizadas em pé. Especialmente em tarefas com necessidade de deslocamentos constantes. Essa posição deve ser alternada com a posição sentada, podendo ser utilizada, inclusive uma cadeira mais alta com apoio para os pés, possibilitando ao trabalhador manter-se meio sentado, meio em pé. Trabalhos a serem exercidos em pé, carecem de espaço suficiente para as pernas e pés, de maneira tal que o indivíduo não se curve ao se aproximar do trabalho. Se houver necessidade de leitura pertinente durante as atividades, o correto é colocar uma superfície inclinada para aí manter o material a ser lido. Deve-se evitar alcances que demandem do trabalhador a inclinação do corpo ou o giro. As ferramentas a serem usadas e os controles devem permanecer próximos ao corpo, definida essa proximidade estendendo-se os braços abertos para os lados e encontrando-se em frente. Altura correta de trabalho Para determinar-se a altura ideal da plataforma de trabalho vai depender do tipo de tarefa, das dimensões do trabalhador e de sua preferência particular. Tal plataforma precisa ser regulável e ter faixas de ajustes para as diferenças pessoais. Quando a atividade é manual e em pé, recomendam-se alturas entre 5 e 10 cm abaixo da altura dos cotovelos. Se forem tarefas detalhadas, os cotovelos devem ser apoiados. No dimensionamento da altura, consideram-se as pessoas altas, pois as baixas podem utilizar um estrado para atingir a altura que o trabalho exige. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Trabalho sentado Tarefas nesta posição, proporcionam maior rendimento do trabalho bem como melhoram o bem-estar resultando em menor fadiga. Não há exigência das articulações dos pés, joelhos e quadris, diferentemente do que ocorre no trabalho em pé. O corpo permanece melhor apoiado no piso, o assento, no encosto e braços da cadeira e na mesa. A superfície de trabalho deve ser elevada possibilitando ao trabalhador visualizar bem os objetos, mas sem forçar em excesso a curvatura das costas e/ou nuca. As alturas mais baixas limitam-se pelo espaço livre necessário para as pernas sob a bancada. Considerações complementares devem ser feitas para as atividades executadas na posição sentada: alternar com a posição em pé e andando; altura do assento e encosto devem ser ajustáveis, mas em número limitado; tarefas minuciosas e específicas requerem cadeiras especiais; a altura da superfície de trabalho depende do tipo de atividade; as alturas da superfície e assento devem ser compatíveis; é necessário usar apoio para os pés; evitar manipulações fora de alcance; para leituras, a superfície de trabalho deve ser inclinada. Veja agora algumas vantagens e desvantagens do trabalho exercido na posição sentada: Vantagens: alívio das pernas, as posições do corpo não são forçadas e o consumo de energia é reduzido. Desvantagens: flacidez dos músculos da barriga, desenvolvimento de cifose; digestão e respiração prejudicadas; sobrecarga na coluna. Com o que foi visto e aprendido sobre as posições de trabalho, recomenda-se que as posturas sejam alternadas entre posição sentada e em pé. Importante tanto do ponto de vista ortopédico quanto fisiológico. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 O adequado é realizar trabalhos alternando as posturas, permitindo variações das tarefas. Pode-se usar cadeiras próprias para esses fins, como a cadeira Balans, contudo desde que se siga a alternância recomendada. Usá-la continuamente acarreta outros problemas. Outra possibilidade é usar um selim para apoio do corpo na posição em pé. Lembre-se que a postura natural relaxada do nosso corpo é sempre a melhor. Portanto, essa deve ser nossa prioridade. Os benefícios para o organismo serão indiscutivelmente maiores. Vamos abordar agora um tema que demanda bastante discussão: O ambiente de trabalho. Nada melhor que um ambiente acolhedor e confortável para exercemos nossas atividades laborais, certo? Mas, será que isso efetivamente ocorre? Primeiramente, quando pensamos em um ambiente confortável imediatamente imaginamos um local com temperatura agradável, sem muito barulho com pessoas simpáticas, onde tudo funciona organizadamente. Sobre temperaturas e ruídos falaremos mais adiante. O restante, falaremos agora! Somando tudo que dissemos, podemos resumir um bom ambiente de trabalho como um ambiente saudável, concorda? CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Sistema OWAS O nome OWAS significa Ovako Working Posture Analysing System. Foi criado na Finlândia por três pesquisadores, juntamente com o Instituto Finlandês de Saúde Ocupacional (Finnish Institute of Occupational Health – FIOH). O sistema tinha como objetivo analisar as posturas de trabalho na indústria siderúrgica (KARHU et al., 1977). Esse método identifica as posturas de trabalho mais comuns para o dorso – 4 posições, braços – 3 posições e pernas - 7 posições, considerando o peso da carga que está sendo carregada conforme o FIOH (2014). As tarefas foram analisadas e registradas, gerando 252 posições classificadas em 4 categorias a saber: Classe 1 – postura normal, sem necessidade de correção Classe 2 – postura pouco prejudicial, com necessidade de correções futuras Classe 3 – postura prejudicial, com necessidade de correção a curto prazo Classe 4 – postura muito prejudicial, com necessidade de correção imediata CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Sistema OWAS Fonte: IIDA, 2005 As classes dependem do período de duração das posturas ou da combinação das posturas dorso, braços, pernas e carga. Esse método é utilizado como ferramenta de planejamento, tanto para estudos ergonômicos quanto para estudos de saúde ocupacional. Só a professora Silvana pode nos ajudar! Ela está no vídeo do material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Tema 04: Levantamento de cargas A necessidade de exercer forçadurante a situação de trabalho leva ao aparecimento de tensões mecânicas localizadas. Essa exigência incrementada de energia conduz à sobrecarga nos músculos, no coração e nos pulmões. O tipo de carga manuseada também influencia a exigência: a sua forma, o seu peso, as pegas que apresenta. Uma elevada carga nas costas, agindo de forma contínua, não exige tanto dos músculos, mas leva ao desgaste dos discos intervertebrais. Para situações de levantamento de pesos algumas recomendações são importantes: Deve ser restringido o número de tarefas com necessidade de carga manual Devem ser criadas condições favoráveis Devem ser utilizadas as técnicas corretas O posto deve ser projetado adequadamente para trabalho pesado A carga deve ter a forma correta CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Agora você vai conhecer o Fábio, ele conhece bem - pois já sofreu um bocado - as condições favoráveis e técnicas corretas para levantamento de pesos. 1. Colocar-se em frente à carga 2. Manter a carga próxima do corpo 3. Manter os pés em posição estável 4. Manter a carga sobre bancada, na altura aproximada dos joelhos 5. Segurar a carga com as palmas das duas mãos 6. A carga deve preferencialmente ter alças ou furos laterais 7. É recomendável que a carga seja simétrica 8. Manter a coluna reta e dobrar os joelhos 9. Não inclinar ou torcer o tronco 10. Usar equipe para cargas pesadas 11. Sempre que possível, usar carrinhos, alavancas, roldanas 12. Se forem seguidas todas as condições, o peso máximo que o homem deve carregar é de 23 kg Puxar e empurrar cargas Sempre que for possível, deve ser limitado o uso da força humana. Devem ser utilizados carrinhos. Os carrinhos devem ter pegas em forma de barras e devem ter duas rodas giratórias. Sua altura máxima deve ser de 1,30 m. Deve ser sempre usado o peso do corpo a favor do movimento. O piso deve ser duro e nivelado. Sessenta por cento (60%) dos problemas musculares são decorrentes por levantamento de cargas e, vinte por cento (20%) puxando-as ou empurrando-as. A professora Silvana nos dá mais detalhes no vídeo do material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 Tema 05: Aspectos Ergonômicos relacionados ao Projeto de Controles e Dispositivos Ao elaborarmos um projeto, obrigatoriamente devemos pensar na ergonomia do produto a ser oferecido, levando em conta, especialmente a segurança e o conforto do operador. Para tanto é necessário atendermos a antropometria, como estamos aprendendo nesta aula, respeitando as exigências posturais, para que o esforço do trabalhador seja o mínimo possível. Uma lembrança importante! Nunca esqueça da NR 17!!!! Outro fator preponderante é a localização dos controles, sendo o correto associá-los aos mostradores da máquina. Tanto os comandos, quanto os indicadores devem mostrar a mesma direção, evitando atos falhos e acidentes de trabalho. Da mesma forma, o local de operação precisa de iluminação adequada, oferecendo igualmente, conforto e segurança ao operador. É essencial que todo e qualquer comando ofereça manejo e manobra seguros, com facilidade de movimento e de distinção fácil. Agora a professora Silvana vai nos ajudar a entender melhor! Acesse o vídeo no material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Tema 06: Postos de trabalho Configuração física do sistema homem-máquina-ambiente Se pegarmos a conceituação de Lida (2005), nosso grande aliado quando o assunto é ergonomia, posto de trabalho é a configuração física do sistema homem-máquina ambiente. Retornando um pouco no tempo, segundo Faria (1984), posto de trabalho é a unidade primária operativa correspondente a cada trabalhador e a sua respectiva tarefa. Considera-se essa unidade elementar. Tradicionalmente, segundo Kruger (2007), a preocupação do posto de trabalho está relacionada aos movimentos corporais necessários para a realização de determinada tarefa e o tempo gasto nesses movimentos. O estudo de tempos e movimentos fundamenta-se nos princípios de economia de movimentos, levando em conta o menor tempo gasto. O estudo do posto de trabalho, de acordo com Faria (1984) divide-se em duas situações: Análise da tarefa a ser executada para identificar e avaliar os aspectos psicofisiológico pertinentes à atividade Estudo da natureza e das condições referentes à atividade com a finalidade de melhor adaptar o trabalho à natureza do homem Sob o ponto de vista da ergonomia, conforme o autor, há outras preocupações e considerações além das citadas: redução das exigências biomecânicas; manutenção das posturas corretas; manutenção dos objetos ao alcance dos movimentos corporais; facilidade de percepção das informações. Homem e posto de trabalho devem estar extremamente integrados, permitindo ao trabalhador executar suas atividades com conforto, eficiência e segurança. Definição de posto de trabalho veremos a seguir! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Para avaliar se o posto de trabalho está adequado, os melhores critérios de verificação referem-se à postura e ao esforço exigido dos trabalhadores (IIDA, 2005). Dessa forma podemos definir quais são os pontos onde as tensões se concentram causando dores tanto musculares quanto nos tendões. Outra preocupação que devemos ter é com o arranjo físico. O projeto dos postos de trabalho está pronto e o próximo passo é elaborar o arranjo físico conhecido também como leiaute (do inglês layout). Para esclarecer vamos, inicialmente à definição. Segundo Iida (2005), arranjo físico é o estudo da distribuição espacial de todos os elementos que formam o posto de trabalho. Os critérios adotados para o posicionamento dos móveis, ferramentas, equipamentos e outros são os seguintes: 1. Importância: o componente mais importante deve permanecer em posição de destaque 2. Frequência de uso: componentes usados frequentemente devem ser de fácil alcance e manipulação 3. Agrupamento funcional: componentes com funções similares devem ficar agrupados 4. Sequência de uso: o primeiro componente a ser usado deve estar na primeira posição e assim sequencialmente 5. Intensidade de fluxo: componentes entre os quais há maior intensidade de fluxo devem ficar próximos entre si 6. Ligações preferenciais: entre aqueles componentes que acontecem ligações específicas deve haver proximidade CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 Para proteger o trabalhador devem ser levadas em conta algumas regras básicas, conforme afirma Kruger (2007): Evitar posturas curvadas Evitar imobilidade dos braços estendidos Procurar trabalhar sentado Movimentar os braços A maior força ou destreza são exercidas na distância de 25 a 30 cm entre o olho e a mão, com os cotovelos baixados e dobrados em ângulo reto Desde que se faça uso de apoio para as mãos, antebraço e cotovelos, o trabalho manual pode ser elevado Cadê a professora Silvana para nos ajudar? Está no vídeo do material on-line! Saiba Mais No material a seguir você encontrará dicas que lhe ajudarão a compreender melhor esse assunto que vimos nesse tema! Clique aqui: http://www.prpgf.ueg.br/sesmt/conteudo/2238_dicas_de_ergonomia_no_posto_ de_trabalho_ CCDD – Centro de Criação e DesenvolvimentoDialógico 26 Tema 07: Dispositivos de Informação Os dispositivos de informação, como o próprio nome já diz, fornecem informações ao trabalhador que está operando determinada máquina ou equipamento. Os menus visuais têm maior vantagem devido ao número de opções que contemplam, possuem visualização global e as informações não perecem. Para isso usam-se palavras, letras e/ou símbolos. Repare na sinalização da rota de fuga de sua empresa, em caso de incêndio. Os menus auditivos são os alarmes e outros avisos sonoros, são os sons escutados em mensagens gravadas. Por exemplo, quando você liga para uma agência bancária são diversas as possibilidades de opções feitas pelos números do teclado de seu telefone. E o dimensionamento... Quando vamos projetar um posto de trabalho e você, como futuro especialista em engenharia de produção, precisa saber, a grande preocupação inevitavelmente recai sobre a saúde e segurança do trabalhador. Sim, você está certo, já afirmamos isso diversas vezes, entretanto devemos ter isso em mente para cada projeto que elaborarmos ou acompanharmos. Para um projeto seguro determinadas medidas do corpo são mais importantes que outras. As mãos são responsáveis pelo acionamento e controle das máquinas, equipamentos, instrumentos e ferramentas diversas. A cabeça define a posição ideal para visualizar painéis formados por controles e mostradores. O alcance desses comandos são determinados pelos braços e as pernas, da mesma forma, estabelecem o alcance dos controles quando for necessário mais força, liberando as mãos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 Para o correto dimensionamento dos postos há normas nacionais e internacionais que auxiliam esse processo. Internacionalmente destacam- se as International Standardization Organization, conhecidas habitualmente como ISO: ISO 6385 – Ergonomics principles in the design of work systems; ISO 9241 – Ergonomic requirements for office work with visual display terminal; ISO 11064-1 – Ergonomic design of control room layout (IIDA, 2005). No Brasil temos a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que nos amparam. NBR 13962 para dimensionamento de cadeiras; NBR 13966 para mesas de escritório; NBR 13965 para mesas de informática e a NBR 13961 para armários. Você pode acessar o endereço da ABNT e conhecer um pouco mais sobre as normas existentes para qualquer tipo de projeto. Acesse o site da ABNT aqui: http://www.abnt.org Dimensionamento do posto de trabalho Fonte: http://dc401.4shared.com CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 28 As dimensões mais importantes para adaptar o posto de trabalho ao empregado referem-se à altura da bancada de serviço, aos alcances normais e máximos das mãos, aos espaços para acomodar as pernas e realizar movimentações laterais do corpo, o dimensionamento das folgas e a altura para a visão e ângulo visual. Agora vamos com a professora Silvana! Lá no vídeo do material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 29 Trocando Ideias Leia o artigo recomendado no botão a seguir, você vai ampliar sua visão sobre os assuntos que estudamos hoje! Acesse aqui: http://www.abergo.org.br/revista/index.php/ae/article/view/390/236 Depois da leitura, vá até o fórum do curso de converse com os seus colegas! Lá vocês podem trocar ideias sobre o texto do artigo! Na Prática Na empresa em que atua, você tem mostrado ao diretor bastante preocupação com o posto de trabalho de determinados empregados. Eles vêm apresentando dores nas costas, desconforto nas articulações e andam abatidos. Sua atividade é realizada na posição em pé. Que solução você pode oferecer? O posto de trabalho relaciona-se diretamente aos movimentos do corpo necessários para a realização de determinada tarefa e o tempo gasto nesses movimentos. A melhor situação é diminuir as exigências biomecânicas desse posto sob o ponto de vista ergonômico, a fim de permitir que a postura do trabalhador se mantenha ereta e lhe proporcione conforto. Outra possibilidade é analisar se a tarefa, com algumas adaptações, pode ser realizada em outra postura. Em primeiro lugar está a saúde e segurança do empregado. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 30 Síntese Falamos sobre a antropometria e sua ligação à ergonomia, discutimos os postos de trabalho, abordando a biomecânica e as posturas adequadas. Além disso, tratamos da relação homem, máquina, ambiente e abordamos arranjo físico e seus aspectos. E também temos as palavras finais da professora Silvana! Confira no vídeo do material on-line! Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA. ABERGO. Disponível em http://www.abergo.org.br. Acesso em 05 jun. 2014. BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. NR17 – Ergonomia. Disponível em: http://www.mtps.gov.br/seguranca-e-saude-no-trabalho/normatizacao/normas- regulamentadoras/norma-regulamentadora-n-17-ergonomia. Acesso em 22 fev. 2016. FARIA, Nivaldo Maranhão. Organização do trabalho. São Paulo: Ed Atlas, 1984. IIDA, I. Ergonomia. Projeto e produção. São Paulo: Edgard Blücher, 2005. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, IBGE. LABORATÓRIO DE AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE POPULAÇÕES. LANPOP. Pesquisa nacional de saúde. Manual de antropometria, Rio de Janeiro, 2013. KARHU, O.; KANSI, P.; KUORINKA,I. Correcting working postures in industry: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 31 a practical method for analysis. Applied Ergonomics, V.8, n.4, p. 199-201, 1977. KRUGER, José Adelino. Ergonomia e segurança do trabalho. Apostila para curso de pós-graduação em gestão da produção. Faculdade de Tecnologia Senai de desenvolvimento gerencial. FATESG. Goiania, 2007. LOPES FILHO, José Almeida e SILVA, Silvio Santos. Antropometria. Sobre o homem como parte integrante dos fatores ambientais. Sua funcionalidade, alcance e uso. Disponível em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/642. Acesso em 05 jun. 2014.
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