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Equilíbrio ácido-‐base e gasometria Profa. Rosângela Frade Depto. Bioquímica -‐ UFPE Equilíbrio ácido-‐base O fluxo de oxigênio, gás carbônico e hidrogênio no organismo é intenso No metabolismo, é gerado CO2 que se dissolve em H2O para formar ácido carbônico e este se dissocia formando bicarbonato e hidrogênio. Manutenção do pH sanguíneo • Apesar das grandes variações na produção de CO2, o pH sanguíneo se mantém constante devido a ação dos pulmões, rins e eritrócitos. H+ Pulmões Eritrócitos Rins CO2 H+ Hemoglobina + H+ Hemoglobina H+ HCO3-‐ H2CO3 CO2 + H2O Ar expirado HCO3-‐ Tecidos H+ Reabsorção Excreção urinária Alterações no equilíbrio ácido-‐base • Problemas com as trocas gasosas e com o equilíbrio ácido base levam a alterações: Na ionização das proteínas Cardiovasculares Respiratórias Renais Principais tampões no organismo Hemoglobina • Eritrócitos • HHb (ácida) • Hb-‐ (básica) Proteínas • Intracelular • Hprot (ácida) • Prot-‐ (básica) Tampão fosfato • Intracelular • H2PO4-‐ (ácido) • HPO42-‐ Bicarbonato • Extracelular • H2CO3 (ácido) • HCO3-‐ (Básico) • Tampão Bicarbonato H+ + HCO3-‐ H2CO3-‐ H2O + CO2 OH-‐ + H+ + HCO3-‐ H2O + HCO3-‐ Relação de Potássio e pH • Tampões intracelulares Alta concentração de H+ H+ Proteínas e Tampão fosfato K+ Baixa concentração de H+ K+ Proteínas e Tampão fosfato H+ PLASMA ERITRÓCITOS Papel dos pulmões Fornecimento de O2 para os tecidos e eliminação de CO2 para manutenção do pH. A eficiência das trocas gasosas depende da perfusão sanguínea e venHlação a nível de alvéolos. O O2 e CO2 afetam o controle respiratório e conseqüentemente a freqüência respiratória. A freqüência respiratória é influenciada pelo aumento do CO2 ou redução do pH. Controle das trocas gasosas CO2 O2 TECIDOS BARORRECEPTORES DO ARCO AÓRTICO CENTRO RESPIRATÓRIO BAIXO O2 ALTO CO2 Aumento da velocidade do fluxo sanguíneo Aumento da frequência respiratória Componentes metabólico e respiratório do sistema tampão bicarbonato Componente metabólico Bicarbonato Tampão primário dos ácidos não voláteis gerados pelo metabolismo Componente respiratório CO2 A freqüência de ven_lação determina a concentração de CO2 no sangue H+ + HCO3- H2CO3- CO2 + H2O Classificação primária dos distúrbios ácido-‐base • Retenção do CO2 no sangue por dificuldade de eliminação nos alvéolos pulmonares; • Aumento da produção de ácido lá_co • Incapacidade de eliminação de ácidos pelos rins (causas endógenas); • Ingestão acidental de grande quan_dade de ácidos, como o ácido ace_l-‐salicílico (aspirina). Acúmulo de ácidos no organismo • Eliminação excessiva do CO2; • Perda de ácidos; • Administração excessiva de bases, como o bicarbonato de sódio. Redução dos ácidos no organismo Classificação de acordo com os componentes respiratório e metabólico [HCO3-] [HCO3-] pCO2 pCO2 ACIDOSE ALCALOSE Determinação dos gases sanguíneos pCO2 pO2 pH Obs: o bicarbonato pode ser dosado ou calculado através da equação: pH = pK + log [HCO3-] 0,23[CO2] A gasimetria é solicitada quando há suspeita de insuficiência respiratória , qualquer outra condição associada a distúrbios no equilíbrio ácido-‐base (ex: cetoacidose diabé_ca), balanço hidro-‐eletrolí_co. Determinação dos gases sanguíneos A gasimetria deve ser realizada imediatamente após punção de artéria periférica com seringa contendo quan_dade adequada de an_-‐coagulante (heparina). Cuidados: evitar bolhas de ar, refrigerar a amostra a 4oC (até 30min) quando não for possível realizar a gasimetria imediatamente, informar temperatura do paciente ao equipamento, informar a FiO2 (fração inspirada de O2), mudanças na condição do paciente deve-‐se aguardar 30min para poder realizar a coleta, conferir se não há coágulos na amostra, evitar coleta por cateter, mistura de sangue venoso com arterial. Interpretação da gasimetria Causas clínicas dos distúrbios ácido-‐base Acidose metabólica Diabetes Melito Ácido lá_co Insuficiência Renal Diarréia grave (perda de bicarbonato) Drenagem cirúrgica do intes_no (perda de bicarbonato) Acidose respiratória Obstrução das vias aéreas Asma grave Insuficiência cardíaca Depressão do centro respiratório (ex: drogas) Fraqueza dos músculos respiratórios (ex: esclerose múl_pla) Deformidades toráxicas Alcalose metabólica Vômito (perda de H+) Sucção nasogástrica Hipocalemia Administração endovenosa de bicarbonato Alcalose respiratória Hiperven_lação Anemia Compensação dos distúrbios ácido-‐base Distúrbio Alteração primária Alteração compensatória Escala de tempo da alteração compensatória Acidose metabólica Reduçãoplasmá_ca do bicarbonato Redução da pCO2 (hiperven_lação) Minutos/horas Alcalose metabólica Aumento plasmá_co do bicarbonato Aumento da pCO2 (hipoven_lação) Minutos/horas Acidose respiratória Aumento da pCO2 Aumento da reabsorção renal do bicarbonato Dias Alcalose respiratória Redução da pCO2 Redução da reabsorção renal do bicarbonato Dias Interpretação da gasimetria • Dinâmica dos gases sanguíneos – Captação – Transporte Distribuição deO2 – Liberação da Hb A gasimetria ajuda a definir a origem do problema na diminuição da oxigenação dos tecidos Interpretação da gasimetria – Captação pO2 : 80 -‐ 100 mmHg pO2 : 60 -‐ 80 mmHg Hipoxemia Leve pO2 : 40 -‐ 60 mmHg Hipoxemia moderada pO2 : < 40 mmHg Hipoxemia grave Composição do ar: 21% de O2 FiO2 – Fração de O2 no ar inspirado: 21% (pacientes com uso de respirador este percentual será modificado). Interpretação da gasimetria – Transporte O2 : 97% transportado pela hemoglobina (oxiemoglobina) 3% dissolvido no plasma Hb: 13,5 – 17,5 g/dL (H) 12 – 16 g/dL (M) Disemoglobinas: hemoglobinas que não podem transportar oxigênio-‐ carboxiemoglobinas (CoHb), metaemoglobinas (MetHb) e sulfemoglobinas (SulfHb). Interpretação da gasimetria CoHb Hb exposta ao monócido de carbono CO: cigarro, incêndios, automóveis. SulfHb Exposição ao sulfeto de hidrogênio (H2S): gases, sulfonaminas. MetHb Sangue exposto a oxidantes que formam Fe3+: nitrobenzeno, nitrato, lidocaína. Interpretação da gasimetria • Saturação do oxigênio SO2 = cO2Hb x 100% (valor de ref. = 95-‐99%) cO2Hb + cHHb cO2Hb – Concentração de oxiemoglobina cHHb – Concentração da desoxiemogloina Interpretação da gasimetria Quando há disemoglobinas diminui a saturação de oxigênio SO2 = cO2Hb x 100% (valor de ref. = 95-‐99%) cO2Hb + cHHb + cMetHB + cCoHb + SulfHb cO2Hb – Concentração de oxiemoglobina cHHb – Concentração da desoxiemoglobina cMetHB -‐ Concentração da metemoglobina cCoHb -‐ Concentração da carboxemoglobina SulfHb -‐ Concentração da sulfemoglobina • Concentração total de oxigênio arterial: ctO2 ctO2 = cO2Hb + O2 dissolvido Val. Ref. H: 18 – 22 mL/dL M: 16 – 20mL/dL Interpretação da gasimetria Causas da diminuição do ctO2: -‐ diminuição da Hb total (anemia e hemodiluição) -‐ Diminuição de oxiemoglobinas (aumento das disemoglobinas) – A oxigenação tecidual dependente do transporte de O2 • A liberação do O2 da Hb também é muito importante p50: corresponde a pO2 quando a saturação de oxigênio corresponde a 50% Interpretação da gasimetria p50: Val. Ref. 20-‐28 mmHg, quando aumentada indica acidose (diminui a afinidade da Hb e o O2) e quando diminuída indica alcalose. CDO Interpretação da gasimetria Desvio para a direita na CDO (curva de dissociação do oxigênio): diminuição da afinidade entre Hb e O2. Causas: aumento de 2,3 difosfoglicerato, aumento da temperatura, aumento na pCo2, acidose, Hbs. Desvio para a esquerda na CDO: aumento da afinidade entre Hb e O2. Causas: diminuição da temperatura, diminuição na pCo2, alcalose, HbF. Interpretação da gasimetria Ânion GAP: Na+ -‐ (Cl-‐ + HCO-‐3) Valor de ref. 8-‐16mmol/L (não inclui albumina, sulfatos e fosfatos) Aumento indica acidose: diabetes,aumento do lactato, etc. Lactato: aumento indica baixa oxigenação (desvio do ciclo de Krebs). Interpretação da gasimetria Caso Clínico 1 Homem com histórico de vômito persistente por aproximadamente 30 dias, após realizada a gasimetria, apresentou pH sanguíneo de 7.55, pCO2 de 48mmHg e concentração de bicarbonato de 35mmol/L. O paciente apresenta de _po(s) de distúrbio ácido-‐base? Qual a causa deste(s) distúrbio(s)? Por que a pCO2 mostrou-‐se elevada? Valores de referência: pH (7.35-‐7.45), pCO2(35-‐45mmHg) e [bicarbonato] (22-‐28mmol/L) Caso Clínico 2 Paciente de 30 anos chega ao Setor de Emergência em estado de coma, apenas respondendo aos esjmulos dolorosos. Sua respiração é superficial e com frequência normal. Familiares encontraram próximo a ela diversas caixas de tranquilizantes vazias. Gasometria arterial: pH= 7,20; PaCO2= 80mmHg; BR= 23 mM/L. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-‐básico(s) apresentado(s), seu(s) mecanismo(s), causa mais provável? Valores de referência: pH (7.35-‐7.45), pCO2(35-‐45mmHg) e [bicarbonato] (22-‐28mmol/L) Caso Clínico 3 Paciente de 23 anos com quadro de choque séHco consequente a peritonite e insuficiênciarespiratória grave, Hpo síndrome de angúsHa respiratória aguda (SARA) em fase avançada. Suporte circulatório com aminas vasoaHvas, reposição de volume e suporte respiratório com venHlador mecânico estão sendo empregados. Gasometria arterial: pH= 7,21; PaCO2= 54 mmHg; BR= 19 mM/L. Qual(is) o(s) distúrbio(s) ácido-‐básico(s) apresentado(s)? Qual a causa deste(s) distúrbio(s)? Valores de referência: pH (7.35-‐7.45), pCO2(35-‐45mmHg) e [bicarbonato] (22-‐28mmol/L) “Porque Deus não nos deu o espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação”. 2 Timóteo 1:7
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