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Perguntas - Articulação 1 - 4º Período 1. Caracterize a dor do Sr. José de acordo com seu relato A dor apresentada pelo paciente é caracterizada como uma claudicação intermitente, uma vez que interfere na sua marcha, impedindo-o de continuar caminhando. Trata-se de uma dor diretamente relacionada com o exercício (1). A claudicação intermitente é uma dor que correlaciona-se comumente às doenças arteriais periféricas (2). Referências: 1) Porto; Bates; 2) OLIN, JEFFREY W.SEALOVE, BRETT A. Peripheral Artery Disease: Current Insight Into the Disease and Its Diagnosis and Management. M. Clinic Proceedings, v. 85, n. 7, p. 678-692, 2010. 2. Relacione o tabagismo com a aterosclerose O tabagismo é um achado clínico de grande importância no diagnóstico da aterosclerose, por relacionar-se diretamente com a doença, sendo considerado o mais importante fator de risco modificável único envolvido nessa patogênese, de acordo com dados clínicos e epidemiológicos (1). Apesar da complexidade da patogênese das doenças cardiovasculares, as alterações causadas pelo tabagismo correlacionam-se de maneira causal com a arteriosclerose. A nicotina, além de todos os componentes presentes no cigarro normal (e gerados durante o ato de queimar para fumar) induzem: 1) aumento de triglicérides totais e de LDL; 2) diminuição da capacidade de dilatação mediada por fluxo sanguíneo dos vasos; 3) danos ao endotélio; 4) alteração no padrão de resposta imune sistêmica devido a vários mecanismos (2 e 3). A diminuição da capacidade de adaptação do endotélio ao fluxo sanguíneo é um marcador inicial da deterioração da capacidade vascular e está relacionado a danos ao endotélio. Sabe-se que os danos ao endotélio e a presença de níveis aumentados da lipoproteína LDL estão relacionados com o acúmulo de lipoproteínas nas superfícies endoteliais, dando inicio a patologia da aterosclerose, que ocorre com a deposição subendodelial das lipoproteinas. A resposta imune local e sistêmica crônica é o que determina a ocorrência da patologia de fato, uma vez que é o que causa a formação da placa aterosclerótica com acúmulo de fagócitos e fibrose (2 e 3). A resposta imune que causa a formação da placa ocorre pela liberação de mediadores pró- inflamatórios e resposta contra auto-anticorpos presentees na apolipoproteina do LDL (2 e 3). Referências: 1) OLIN, JEFFREY W.SEALOVE, BRETT A. Peripheral Artery Disease: Current Insight Into the Disease and Its Diagnosis and Management. M. Clinic Proceedings, v. 85, n. 7, p. 678-692, 2010. 2) GISTERÅ, ANTONHANSSON, GÖRAN K. The immunology of atherosclerosis. Nature Reviews Nephrology, v. 13, n. 6, p. 368-380, 2017. 3) MESSNER, B.BERNHARD, D. Smoking and Cardiovascular Disease: Mechanisms of Endothelial Dysfunction and Early Atherogenesis. Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology, v. 34, n. 3, p. 509-515, 2014. 3. Explique os achados obtidos no exame físico de MMII do Sr. José A dor apresentada como queixa principal justifica-se, pois durante o esforço do exercício a musculatura exige maior irrigação arterial e retorno venoso. Desta forma, ocorre acúmulo de metabólitos que estimulam dor nas terminações nervosas que aumenta de maneira progressiva a medida que o paciente caminha. Com a progressão da insuficiência vascular periférica do paciente, a dor passa a aparecer com esforços mais curtos (1, 2). O resultado positivo para a manobra de hiperemia reativa, demonstrado pela prolongação do tempo necessário para que apareça a hiperemia após o início da manobra e pelo aparecimento de partes com coloração diferente (cianóticas ou avermelhadas), indica a insuficiência da irrigação arterial em partes do membro inferior do paciente (1, 2). O índice de pressão arterial tornozelo/braquial é também sugestivo da presença da insuficiência arterial no MI direito do paciente, uma vez que o índice é menor do que 1, o que representa que a pressão aferida no braço é maior do que no membro inferior. Normalmente a pressão medida no tornozelo seria maior do que a do braço, o resultado menor indica a deficiência na irrigação arterial (1, 2). Referências 1) OLIN, JEFFREY W.SEALOVE, BRETT A. Peripheral Artery Disease: Current Insight Into the Disease and Its Diagnosis and Management. M. Clinic Proceedings, v. 85, n. 7, p. 678-692, 2010. 2) Porto, Bates 4. Descreva as manobras de hiperemia reativa e índice tornozelo-braço A manobra de hiperemia reativa é realizada em 3 tempos: 1) observação da coloração dos membros do paciente deitado em decúbito dorsal; 2) elevar membros inferiores a cerca de 90º por 3 minutos, posicionar um manguito pneumático na raiz da coxa e insuflar até ultrapassar a prisão sistólica do paciente; 3) voltar os membros à posição horizontal, desinsuflar o manguito rapidamente após 3 minutos observar as alterações de coloração. Em paciente normal, os membros tornam-se progressivamente hiperêmicos de proximal para distal levando em tempo curto (até 15 segundos) e permanecendo por no máximo 2 minutos. Em caso de insuficiências na vasculatura periférica, a hiperemia toma mais tempo para tomar todo o membro e pode demorar até 30 minutos para retornar ao normal (Porto). O índice tornozelo/braquial é realizado com a aferição da pressão arterial supramaleolar e no braço. Em seguida, é feito o cálculo da razão pressão supramaleolar/pressão no braço. A razão normal será entre 0,97 e 1,2, enquanto índices abaixo de 0,97 vão indicar insuficiências arteriais ou estenose. O funcionamento do teste baseia-se informação de que, normalmente, a pressão na perna é maior que a do braço (Porto). 5. Diferencie aterosclerose e arteriosclerose O termo aterosclerose refere-se à patologia causada pela formação de placas ateromatosas no endotélio vascular. Nessa doença, LDL acumula-se na camada subendotelial elicitando uma resposta inflamatória, que se mantém crônica no local vindo acompanhada de pequenas lesões vasculares. Nessa resposta inflamatória, ocorre o reconhecimento das apolipoproteinas que do LDL pelo sistema imune e fagocitose por macrófagos, potencializando a resposta pro- inflamatória, que gera fibrose e acúmulo de outras células do sangue no local, formando, assim, a placa ateromatosa. Dependendo da extensão características da placa, pode ocorrer estenose da vasculatura. Ademais, com o passar do tempo, pode haver a ruptura da placa e liberação de um trombo (1). Já a arteriosclerose trata-se do espessamento e perda de elasticidade da vasculatura arterial, condição que pode contribuir para o aparecimento da aterosclerose (2). 1. GISTERÅ, ANTONHANSSON, GÖRAN K. The immunology of atherosclerosis. Nature Reviews Nephrology, v. 13, n. 6, p. 368-380, 2017. 2. MESSNER, B.BERNHARD, D. Smoking and Cardiovascular Disease: Mechanisms of Endothelial Dysfunction and Early Atherogenesis. Arteriosclerosis, Thrombosis, and Vascular Biology, v. 34, n. 3, p. 509-515, 2014.
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