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Universidade Federal de Sergipe Departamento de Química – DQI Química Orgânica - QUI 0072 Docente: Profª MSc. Tarciane Greyci Apostila III Teoria do Orbital Molecular (TOM) e Hibridização de Orbitais 1. Introdução Como os átomos formam ligações covalentes para formar moléculas? O modelo de Lewis que descreve como os átomos obtêm o octeto completo pelo compartilhamento de elétrons, nos diz apenas parte da história. Uma desvantagem do modelo é que ele considera os elétrons como partículas e não leva em conta suas propriedades de onda. A Teoria do Orbital Molecular (TOM) combina a tendência dos átomos em completar o octeto pelo compartilhamento de elétrons (modelo de Lewis) com suas propriedades de onda, designando completar os elétrons para um volume do espaço chamado orbital. De acordo com a TOM, ligações covalentes resultam da combinação de orbitais atômicos para formar orbitais moleculares – que pertencem a toda molécula em vez de a um simples átomo. Como um orbital atômico que descreve o volume no espaço em torno do núcleo de um átomo onde um elétron pode provavelmente ser encontrado, um orbital molecular descreve o volume no espaço em torno da molécula onde um elétron pode ser encontrado. Vejamos o exemplo da ligação na molécula de H2: Como o orbital atômico 1s de um átomo de hidrogênio aproxima-se do orbital atômico 1s do segundo átomo de hidrogênio, eles começam a se sobrepor. Uma vez que os orbitais atômicos se movem para ficar mais perto, a quantidade de sobreposição aumenta até que os orbitais se combinem para formar um orbital molecular (interação frontal, forte). A ligação covalente que é formada com a sobreposição de dois orbitais atômicos s é chamada ligação sigma σ. 2. Orbitais ligantes e antiligantes Interação entre orbitais s Orbitais atômicos podem combinar-se de duas maneiras diferentes: construtiva (como nos exemplos anteriores) e destrutivamente. Eles podem combinar construindo, de maneira aditiva, como duas ondas sonoras ou luminosas para reforçar uma a outra. Este é chamado orbital ligante sigma σ. Também podem se combinar de maneira destrutiva, cancelando um ao outro. O cancelamento é similar ao escuro causado quando duas ondas luminosas cancelam uma a outra ou ao silêncio que ocorre quando duas ondas sonoras cancelam uma à outra. Este tipo de interação destrutiva é chamada orbital molecular antiligante σ*. Ex: Funções de onda de dois átomos de hidrogênio interagindo de maneira cosntrutiva e destrutiva. Interação entre orbitais p Dois orbitais atômicos p podem sobrepor-se alinhados linearmente (alinhados ao eixo internuclear) ou lado a lado (perpendicularmente ao eixo internuclear). Vamos analisar a sobreposição alinhada. Sobreposição alinhada forma uma ligação sigma σ. Se os lobos em sobreposição do orbital p estão em fase, um orbital molecular ligante é formado. Esse orbital possui dois nodos - um plano nodal passando através de cada núcleo. Ex: Sobreposição alinhada de dois orbitais p formando uma orbital molecular σ ligante. Se os lobos em sobreposição do orbital p estão fora de fase, um orbital antiligante σ* é formado. Como seria? (Desenho no quadro) Diferentemente da ligação sigma σ formada como resultado da sobreposição alinhada, a sobreposição lado a lado de dois orbitais p forma uma ligação pi π (interação lateral, menor força de ligação). Se a interação entre os orbitais for em fase, é originado um orbital molecular pi π ligante. Se for fora de fase, é originado um orbital molecular pi π* antiligante. Esse orbital molecular π ligante possui um plano nodal que passa através de ambos os núcleos. O π* antiligante tem dois planos nodais. Ex: Sobreposição lado a lado de dois orbitais p originando um orbital molecular π ligante. Ex: Sobreposição lado a lado de dois orbitais p originando um orbital molecular π* antiligante. Como seria? (Desenho no quadro) A extensão da sobreposição é maior quando os orbitais p se sobrepõem linearmente do que quando se sobrepõem lado a lado. Isso significa que uma ligação σ, formada pela sobreposição de orbitais atômicos linearmente, é mais forte que uma ligação π , formada pela sobreposição lado a lado de orbitais atômicos p. Também significa que o orbital molecular σ é mais estável que um orbital molecular π, porque quanto mais forte a ligação, mais estável ela é. 3. Hibridização de Orbitais Hibridização ou Hibridação de orbitais é uma interpenetração (mistura) que dá origem a novos orbitais, (de maneira favorável à formação de uma geometria adequada para a ligação) em igual número, denominados orbitais híbridos. A hibridização é determinada pelo arranjo. Para começar a entender o conceito, começaremos com o caso do carbono. Sabe-se que a única forma do carbono efetuar suas 4 ligações é por meio de seus elétrons (desemparelhados) em seus orbitais atômicos. Como assim? Bom, observe abaixo a distribuição eletrônica do carbono e sua distribuição nos orbitais. É possível perceber que no orbital 2p, existem somente 2 elétrons desemparelhados (sozinhos) e um orbital totalmente vazio. Dessa forma, o carbono só poderia se ligar duas vezes. Mas não é isso que acontece. A explicação para sua tetravalência se dá pelo fato de o átomo de carbono ter, antes da reação, um dos elétrons 2s promovido ao subnível 2p. Agora sim! De acordo com a imagem acima agora temos 4 elétrons desemparelhados, devidamente aconchegados nos orbitais do carbono e esperando novos elétrons para efetuar as ligações. Para o caso da hibridização sp, temos a imagem abaixo: A molécula de BeF2 e a explicação do orbital híbrido sp Considere a molécula de BeF2 (sabe-se experimentalmente que ela existe). O Berílio possui uma distribuição eletrônica de 1s² 2s² e portanto não existem elétrons desemparelhados disponíveis para as ligações. E agora? Bom, sabemos que existem dois átomos ligados ao átomo central e não existem pares de elétrons não ligantes no mesmo. Portanto, temos uma geometria linear com ângulos de 180 graus. Sabemos também que um elétron de Be é compartilhado com cada um dos elétrons desemparelhados do F. 1s2 2s2 2p2 1s2 2s1 2p 3 Seguindo o exemplo do carbono, poderíamos promover um elétron do orbital 2s no Be para o orbital 2p para obtermos dois elétrons desemparelhados para a ligação. Mas a geometria ainda não estaria explicada. Contudo, podemos solucionar o problema admitindo que o orbital 2s e um orbital 2p no Be misturam-se ou formam um orbital híbrido. Esse orbital híbrido é chamado de sp. Observação: Já que somente um dos orbitais 2p do Be foi utilizado na hibridização, ainda existem dois orbitais p não-hibridizados no Be. Orbitais híbridos sp² Os orbitais híbridos sp² são formados com um orbital s e dois orbitais p (3 orbitais disponíveis para ligações sigma e 1 orbital disponível para ligação pi). Consequentemente, resta um orbital p não-hibridizado. Os grandes lóbulos dos híbridos sp² encontram-se em um plano trigonal, portanto, todas as moléculas com arranjos trigonais planos têm orbitais sp² no átomo central. Orbitais híbridos sp³ Os orbitais híbridos sp³ são formados a partir de um orbital s e três orbitais p (4 orbitais disponíveis para ligações sigma). Conseqüentemente, há quatro lóbulos grandes. Cada lóbulo aponta em direção ao vértice de um tetraedro e o ângulo entre eles é de 109,5 graus. Todas as moléculas com arranjos tetraédricos são hibridizadas sp³. Um exemplo de hibridização sp³ é a hibridização do oxigênio da molécula de água acima. Atividade (Quadro)Referências: 1 BRUICER, P. Y. Química Orgânica. 4ª Edição, vol. 1 e 2, Pearson/Prentice Hall, 2006.
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