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SALINIDADE A Evolução dos Oceanos: Um Oceano Doce Características do oceano primitivo: quente, ácido e pouco salgado. A salinidade inicial deste caldo proveio de gases libertados pela atividade vulcânica do jovem planeta. Posteriormente, a lixiviação das rochas pela chuva fez com que a salinidade aumentasse gradualmente, até atingir os valores atuais. Se todo o oceano se evaporasse, a quantidade de sal que ficaria no fundo dava para cobrir os continentes com uma camada de 153 m de espessura Salinidade (conceito original) – conteúdo de sais de um volume conhecido de água do mar. Lavoisier (final do séc. XVIII) – primeiras análises da água do mar por evaporação lenta e cristalização fracionada. Obteve pela ordem: CaCO3, CaSO4 . 2 H2O, NaCl, NaSO4 . 7H2O, Mg SO4 . 7H2O, CaCl2 e MgCl2. Dittmar (1884)- Lei de Dittmar: relação constante entre os constituintes maiores da água do mar Murray (1893)- determinação da salinidade a partir do conteúdo de Cl-. 1º definição de salinidade: (Knudsen et al., 1903) “Conteúdo de sais de 1Kg de água do mar, se todo o brometo e o iodeto fossem substituídos por uma quantidade equivalente de cloreto e todos os carbonatos substituídos por uma quantidade equivalente de óxidos”. A salinidade era determinada a partir da clorinidade. Com a utilização do método de Mohr-Knudsen, baseado na precipitação dos halogênios com AgNO3 e considerando que “clorinidade é o peso de cloro em 1 kg de água do mar, equivalente ao total dos halogênios” (Sorensen, 1902). 2º definição de salinidade: por Cl (Jacobsen e Knudsen, 1940) (Atomgrwitchsilber = Prata padrão de alta pureza) Kremling (1969, 1970) - 150 amostras do Mar Báltico Sabs (determinação individual do conteúdo salino) e S por Cl (Knudsen) Misturando 2 amostras, S= média pelo conteúdo salino Nova definição de salinidade: pela condutividade elétrica - escala prática de salinidade (UNESCO, 1981) Sabs: massa de material dissolvido/ massa da solução Sprat: Standard Seawater, K15 = 1,0000 T= 15ºC - P= 1 atm, em relação a uma solução KCl 32,4356g/ Kg onde K15= 1,0000 p/ S= 35,0000 X 10-3 Cl= 19,3740 X 10-3 Equação da salinidade (UNESCO, 1981) - para T diferente de 15ºC S( 103)= a0 + a1R1/2 + a2 R + a3R3/2 + a4R2 + a5R/2 + (T-15)/1 +A(T-15)[ b0 + b1R1/2 + b2R + b3R3/2 + b4R2 + b5R5/2] onde: A= 0,0162 a0= 0,008 b0= 0,0005 a1= - 0,1692 b1= - 0,0056 a2= 25,3851 b2= - 0,0066 a3= 14,0941 b3= - 0,0375 a4= - 7,0261 b4= 0,0636 a5= 2,7081 b5= - 0,0144 Σai= 35,0000 Σbi= 0,00000 Aplica-se: -2ºC ≤ Tº ≤ 35ºC, R= C(S *T*O)/C(35*T*O) Relação entre Sabs e Sprat → Sabs= a + bSprat para Sprat= 35,0000, a= 0 b= 1,0049 ±0,0003 (Grasshoff et al., 1983) R = razão da condutividade entre a amostra e a água do mar padrão a pressão atm, T = 15ºC e S=35 (2 < SPrat < 42, −2◦C< t < 35◦C) SR = salinidade referência SR/(g kg−1) = 35.16504 35 × SPrat Nova Salinidade – SALINIDADE ABSOLUTA – SA – g kg−1 SA = SR + δSA 0,02 g kg−1 para região oceânica 0,09 g kg−1 áreas costeiras Podemos exprimir e medir o conteúdo salino, mas ... De onde vem o sal? Por que existe a Lei de Dittman? O lendário “moinho de sal” e o ciclo das rochas na crosta da Terra - Willen Nieuwenkamp - teoria persedimentária → granito derivado de sedimentos granito ← sed. + Na+ oceano → perda de Na+ reciclagem do Na+ balanço de massa - Visão atual: ciclo oceânico ciclo continental Balanços de massas entre crosta e oceano: a) ciclo geoquímico da crosta: -intercâmbio de material em imensos períodos de tempo → 1 milhão de anos - reações lentas → raramente atingem o equilíbrio → dif. de tratamento b) modelo cíclico de troca de sais entre oceano e rios: Transporte de sais para a atmosfera → núcleos de condensação → precipitação → retorno ao oceano via rios → “sais cíclicos” nos balanços de massa (90% Cl-, 50% Na+ ciclados assim). c) regime permanente (steady state): Entrada fluvial aproximadamente igual a acumulação em sedimentos (Joly, 1899) → cálculo do tempo de residência dos elementos. d) modelo de equilíbrio: Tempo de residência maior que 1 milhão de anos Nesta escala pode-se falar em termos de equilíbrio: Sillen, 1961 (Garrels, Degens, etc) K (constante de proporção) = 1/ n anos [ ] = concentração do elemento i Figura 4.2: Modelo esquemático do ciclo geral geoquímico e suas interações com o oceano (Mc Intyre, 1970) a) Ciclo geoquímico da crosta b) Modelo cíclico de troca de sais entre oceano e rios c) Regime permanente d) Modelo de equilíbrio Figura 4.8 Concentrações dos elementos na água do mar e classificação (Mc Intyre, 1970) • Importância do estudo da salinidade Na área física: - classificação das massas d’água - estudos de processos de circulação e mistura parâmetro essencial → densidade Na área biológica: - parâmetro fundamental na distribuição das espécies - adaptações e ambientes de transição - movimentos do plâncton (densidade) Na área geológica: - estudos de transporte e deposição de sedimentos - alterações na composição dos sedimentos A salinidade é a característica mais particular da água do mar e influencia todos os aspectos da Oceanografia. Poucos trabalhos podem ser feitos no mar sem que se tenha ao menos uma idéia aproximada do valor deste parâmetro. A Composição da Água do Mar: Uma Visão Geral: Fase dissolvida + fase particulada A separação entre as frações dissolvida e particulada é definida operacionalmente por filtração a 0,45 micrômetros. fração dissolvida → gases, íons hidratados, compostos orgânicos e inorgânicos e colóides fração particulada → partículas inorgânicas e orgânicas e colóides Tabela 4.3- composição elementar da água do mar e tempos de residência (Horne, 1969) Em termos de proporções relativas: Dados de Libes, 1992 e Horne, 1968! (que ilustram bem o princípio de Marcet). Contudo, existem condições em que a regra das proporções constantes não se aplica, que serão vistas em seguida. Processos físicos que alteram a salinidade da água do mar: •Evaporação • Precipitação •Congelamento → Obs.1 • Degelo •Advecção de massas d’água •Mistura turbulenta de massas d’água, salinidades diferentes • Difusão molecular Rápido Lento Íons ficam retidos na estrutura Maior exclusão Água + salina Congelamento salinidade do gelo : 5,64 (-160 C) 10,16 (-400 C) Condições em que o princípio das proporções constantes é alterado: A) Maresmarginais e estuários: as concentrações de íons em águas fluviais são diferentes das da água do mar → em locais de: Circulação restrita → Troca lenta com o oceano Alto Run-Off terrestre → água de rio: [ ] < 200 mg/L água do mar: [ ] ≅ 35.000 mg/L Ocorre uma alteração local nas proporções. Ex.: Báltico Relações SO4/Cl, HCO3/Cl, K/Na, Mg/Na, Ca/Mg muito maiores que na água do mar. B) Bacias Anóxicas: Redução na razão SO4-2/íons Redução bacteriana SO4-2 a S-2 em ambientes anóxicos: - Áreas: Circulação restrita - Grande Input de matéria orgânica Ex: Mar Negro Fossa de Cariaco Fjords C) Formação de gelo no mar: Inclusão/exclusão seletiva de íons, função da velocidade do congelamento. (inclusão principalmente de SO4-2). D) Deposição de conchas calcáreas: alterações na relação Ca2+/íons → Formação de conchas de CaCO3 dos organismos. Dissolução Apesar da grande abundância de organismos, a alteração máxima é em torno de 1% nas razões. Mais rápida precipitação química/biológica em águas quentes. Ex: Bahamas, variação Ca/Cl ± 3%. E) Fontes hidrotermais: Áreas de vulcanismo submarino ativo Dorsais meso-oceânicas Fontes de Mg2+, SO4-2 e Cl- Ex: “salmouras geológicas” Mar vermelho, ± 200 m Águas quentes / salinas T 45 0C S 25,5 58 0C 32,6 F) Formação de evaporitos: Sais são removidos da água do mar quando a evaporação aumenta suas concentrações acima de suas respectivas solubilidades, e eles precipitam. Minerais como: NaCl (Halita) CaCO3 (Calcáreo) CaMg(CO3)2 (Dolomita) CaSO4.2H2O (Anhidrita) São depositados em seqüência, e assim os íons são removidos diferencialmente. Condições particulares são necessárias para este processo: -Alta evaporação - Circulação restrita •Encontrados geralmente em áreas costeiras bastante rasas. •A formação e dissolução de evaporitos exerce um papel importante nas concentrações dos íons maiores a longo prazo. G)Interface Ar-Mar: Transporte de íons para a atmosfera, via ejeção de gotas d’água causada pelo colapso de bolhas. Como a ejeção de sais é seletiva, o processo altera as razões iônicas. Os sais ejetados são chamados “sais cíclicos” e incluem Cl- e Na+ H) Águas intersticiais: Águas retidas nos espaços entre as partículas dos sedimentos (pore waters, interstitial water) - Advecção Movimento relativo das massas d’água - Mistura turbulenta - Difusão molecular Movimento dos íons na massa d’água Processos que envolvem movimento de massas d’água e íons: Latitudes Altas Latitudes Sub-Polares Resfriamento Resfriamento (menor) ⇓ ⇓ Horizonte de densidade (alta) Horizonte de densidade (menor) ⇓ ⇓ Águas de fundo Águas intermediárias • Advecção: • Correntes Geostróficas → Superfície Velocidade de 1 – 10 cm/s • Correntes Termohalinas : • Movimento Horizontal • Movimento Vertical Águas profundas, Velocidade de 0,1 – 0,01 cm/s •Mistura Turbulenta: •Horizontal •Vertical Estratificação na coluna d’água → Turbulência Horizontal Homogeneização das massas d’água → Características T S intermediárias. •Difusão Molecular Movimento de íons numa dada massa d’água. •Originada pela distribuição não-homogênea de solutos numa solução. •Processo espontâneo → difusão desde região de alta concentração até região de baixa concentração, que prossegue até a solução ficar homogênea. Soluto → Fluxo = - Dc d[c] = Dc calta - cbaixa ( c ) ( c ) dz ∆z onde: Dc = Coeficiente de difusividade molecular de c ∆z = distância Obs.: Para [ ] em g/cm3 Área em cm2, t em s e F(c) = g . cm-2 . s-1 Na água do mar, D varia entre 2x10-5 e 5x10-5 cm2/s = processo LENTO. Movimento das massas de água Ciclos biogeoquímicos dos elementos não-conservativos Salinidade como traçador conservativo: Terra absorção insolação reflexão reflexão absorção água → evaporação plantas → fotossíntese superfície do mar Radiação Balanço global de calor Sol ↓ fonte de energia térmica A insolação é variável: -Época do ano (inclinação do eixo da Terra) - Latitude - Latitude A maior insolação ocorre no Equador, porque: Raios solares concentrados em área menor; Atravessam uma camada menor da atmosfera → menor absorção; Reflexão é menor em grandes ângulos de incidência. Esta variação determina variações na temperatura à superfície dos oceanos: Temperatura Reguladas por: Profundidade Insolação local ∆Tº ± 5ºC Regime de ventos Prof. max. 300m Variações da temperatura com a profundidade: Perfil característico (baixas e médias latitudes): Superfície Camada de mistura – homogênea (mixed layer) Camada de transição de temperatura •termoclina - → barreira de densidade ∆Tº → 5º a 20ºC Prof. max. 1000m Camada de temperatura estável (baixa) águas profundas Tº média → 2º a 5ºC A diferença de temperatura entre a camada profunda e a zona de mistura diminui com o aumento da latitude → regiões polares → coluna quase isotérmica Perfis típicos de temperatura: Variação anual: Baixas latitudes ∆Tº (ar) ± 10ºC ∆Tº (água) < 3ºC Médias latitudes ∆Tº (ar) ± 30ºC ∆Tº (água) ≈ 6ºC Temp. média sup.: 17,5ºC Temp. média terrestre: 14,4ºC A termoclina, como é previsível, é mais acentuada nas baixas latitudes (perfil b, acima), devido à insolação maior. Nas latitudes médias (perfil a), a termoclina de verão é destruída pelos fortes ventos do inverno. Picnoclina → forte gradiente de densidade → inibe a circulação vertical Altas latitudes → ausência de picnoclina forte → ocorre circulação termohalina (ver perfil c ) Perfil de densidade: Inverso da temperatura A picnoclina é uma camada na coluna de água onde a densidade da água varia muito rapidamente em profundidade Variações espaciais e temporais da salinidade: A variação da salinidade está ligada à temperatura superficial, ou melhor, ao balanço de evaporação e precipitação: 1 e 2 - Atlântico e Pacífico ― médias latitudes, E > P - - altas latitudes, P > E 3 - Equador: intensa P local, pouca circulação vertical 1 2 3 As zonas de evaporação líquida correspondem às zonas de maior salinidade superficial (perfis 2 e 3 abaixo): Perfis típicos de salinidade: Tabela 4.8 Principais massas d’ água no oceano (Broecker & Peng, 1983) Identificação de massas d’água: diagrama T – S Slide Number 1 Slide Number 2 Slide Number 3 Slide Number 4 Slide Number 5 Slide Number 6 Slide Number 7 Slide Number 8 Slide Number 9 Slide Number 10 Slide Number 11 Slide Number 12 Slide Number 13 Slide Number 14 Slide Number 15 Slide Number 16 Slide Number 17 Slide Number 18 Slide Number 19 Slide Number 20 Slide Number 21 Slide Number 22 Slide Number 23 Slide Number 24 Slide Number 25 Slide Number 26 Slide Number 27 Slide Number 28 Slide Number 29 Slide Number 30 Slide Number 31 Slide Number 32 Slide Number 33 Slide Number 34 Slide Number 35 Slide Number 36 Slide Number 37 Slide Number 38 Slide Number 39 Slide Number 40 Slide Number 41 Slide Number 42 Slide Number 43Slide Number 44
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