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02 Instrumental Cirúrgico

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
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INSTRUMENTAL CIRÚRGICO 
 
 O termo cirurgia significa operação manual, pois deriva do grego cheir (mão) e ergon (trabalho). É evidente que 
um ato cirúrgico requer também instrumentos para aumentar a destreza do operador e possibilitar a realização de 
manobras impossíveis de serem executadas apenas com as mãos. 
Usamos o termo “instrumento” para denominar cada peça, em particular; e “instrumental” para o conjunto destas 
peças. 
Os instrumentos cirúrgicos mais antigos de que se tem conhecimento foram descobertos recentemente, em 
2001, em um deserto próximo ao Cairo. Foram fabricados em bronze e, dentre eles, havia bisturis e agulhas. Estavam 
em uma tumba que se acredita ter pertencido ao cirurgião faraônico Skar, que viveu há mais de 4000 anos, na 5ª 
dinastia egípcia. Nos papiros egípcios de Smith e Ebers (entre 1500 e 1600 a.C.), havia menções a inúmeros 
instrumentos cirúrgicos. Nos escombros de Nínive, a importante capital do império de Nabucodonosor (em torno de 500 
a 600 a.C.), foram encontrados instrumentos cirúrgicos de bronze bem definidos, como bisturis, serras e trépanos. No 
início do primeiro século da era Cristã, Celsus também descreveu diversos desses instrumentos e empregava termos 
scalpellum e scalprum para designar o que hoje conhecemos como bisturi. Inúmeros instrumentos cirúrgicos foram 
encontrados em um local chamado Casa do Cirurgião, em meio aos destroços de Pompeia, ocorrido no final desse 
mesmo século. 
Somente após a Guerra Civil Americana, a partir de metade do século XIX, período conhecido como a “era 
moderna da cirurgia”, inúmeros instrumentos especificamente cirúrgicos foram surgindo, facilitando, sobremaneira, os 
diversos procedimentos que já vinham sendo efetuados. Halsted, por exemplo, quando em visita à clínica vienense de 
Billroth, em 1877, fez anotações alusivas ao uso das pinças hemostáticas, que começavam a ser usadas rotineiramente. 
O número de instrumentos cirúrgicos é incontável; ao longo dos tempos os cirurgiões vêm criando e modificando 
novos elementos, que são incorporados aos já existentes. Quase sempre levam o nome de seus idealizadores, muitas 
vezes diferindo apenas em detalhes muito pequenos. 
É de fundamental importância para a boa prática cirúrgica o conhecimento da nomenclatura do instrumental 
cirúrgico tanto pelo cirurgião quanto pelo auxiliar. Além disso, a montagem da mesa cirúrgica, com a eventual 
organização das peças, é imprescindível. 
Portanto, nas próximas páginas, revisaremos os principais instrumentos utilizados na prática cirúrgica, fazendo 
alusão às suas respectivas funções no que diz respeito aos fundamentos de todos os atos operatórios, isto é, diérese, 
hemostasia e síntese. Esses princípios da Técnica Operatória englobam todos os procedimentos realizados desde a 
incisão cutânea e da parede, o ato operatório principal (a finalidade da operação), até o fechamento da parede. Em 
algumas situações em que a operação determina a extirpação de um órgão ou de um segmento tecidual, a esses 
fundamentos se acrescenta a exérese. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Arlindo Ugulino Netto. 
TÉCNICA OPERATÓRIA 2016 
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INSTRUMENTOS DE DIÉRESE 
 O termo diérese advém do latim diarese e do grego diairesis, ambos significando divisão, incisão, secção e 
separação, punção e divulsão. Significa, portanto, a divisão dos tecidos que possibilita o acesso à região a ser operada. 
 
CABOS E LÂMINAS DE BISTURI 
O bisturi clássico, denominado escalpelo (do latim, scalpellu) ou bisturi de lâmina fixa, é pouco usado nos dias 
de hoje; deu lugar aos cabos de bisturi que utilizam lâminas descartáveis. 
 
Cabos de bisturi (mais frequentemente utilizados): os de 
número 3, 4 e 7, existindo correspondentes mais longos (3L e 4L) 
e angulados (3LA). Aos cabos de números 3 e 7, acoplam-se 
lâminas de números 10 e 15, e ao cabo de número 4 se acoplam 
lâminas números 20 a 25. 
 
 
 
TESOURAS DE DISSECÇÃO GERAL 
As tesouras são instrumentos de diérese que separam os tecidos por esmagamento, pois os tecidos são 
esmagados entre as lâminas que as compõem. Isto significa que, quanto mais crítico for o contato entre as duas bordas, 
menor será o trauma, o que vale dizer que será mais afiada. 
 
 
Tesoura Metzenbaum: Podem ser retas (para cortar fios e 
suturas) ou curva (para cortar tecidos), neste caso, trata-se 
de tesoura curva. As pontas se apresentam arredondadas, 
com variações entre 14-26 cm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tesoura Mayo-Stille: Geralmente, apresentam pontas 
rombas. Podem ser retas ou curvas. 
 
 
 
 
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Tesoura Mayo-Harrington reta: são tesouras com pontas 
semi-agudas ou biseladas; também retas ou curvas, com 
comprimento de 14-22 cm. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tesoura formato padrão curva: apresentam lâminas de 
Duracorte®. Também se apresentam na forma reta ou curva. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tesoura Joseph curva: apresentam pontas agudas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tesoura Joseph reta: apresentam pontas agudas. 
 
 
 
 
 
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TESOURAS ESPECÍFICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tesoura Baliu: é utilizada em cirurgias ginecológicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tesoura Dietrich ou Potts-Dietrich: é utilizada em cirurgias 
vasculares e abdominais, principalmente, em coledocotomia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tesoura Metzenbaum curva com entrada para dispositivo 
monopolar para cauterização, podendo ser mono ou bipolar. 
 
 
 
TESOURAS FORTES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tesoura forte Lister: apresenta disposição angulada. 
 
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Tesoura para fios de aço 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tesoura reta de Spencer: É utilizada para retirada de fios 
cirúrgicos. 
 
 
 
PINÇAS ELÁSTICAS 
 As pinças elásticas são instrumentos que auxiliam na realização da diérese e, portanto, serão aqui descritas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça anatômica sem dente: estão disponíveis em diversos 
tamanhos (10 e 30cm), e servem para manipular tecidos 
delicados, vasos, nervos, paredes viscerais, etc. Seu uso não 
está indicado para a preensão da pele, na síntese cutânea, haja 
vista que, desprovidas de dentes, a força aplicada pode causar 
isquemia. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça anatômica com dente de rato: são utilizadas para 
manipular tecidos com maior resistência (aponeurose, pele). 
Não podem ser utilizadas para preensão direta de vísceras 
ocas e de vasos sanguíneos. Os pequenos dentes são menos 
traumáticos do que aquelas com dentes maiores. 
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Pinça de Adson: São pinças delicadas, com ou sem dentes 
em suas pontas – reta ou anguladas -, de grande utilização em 
operações estéticas e com 12 cm de comprimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça Adson-Brown: são retas ou com pontas anguladas e 
serrilhadas e com múltiplos microdentes, também com 12 cm. 
As ranhuras da pinça Adson-Brown, diferentemente da Adson, 
são apenas até a metade das garras. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de Cushing: São retas ou curvilíneas, com 17-20 cm e 
com ou sem dentes. São mais pontiagudas que as pinças de 
Potts-Smith. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de Bakey: retas ou curvas, com pontas delicadas e 
atraumáticas, variando entre 15 e 30 cm de comprimento; 
originalmente, foram concebidas para uso em Cirurgia 
Vascular, mas apresentam grande aplicação na preensão de 
tecidos delicados, como a mucosa intestinal, vias biliares etc. 
 
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www.medresumos.com.brPinça Lucae: tem hastes em baioneta e tamanho variando 
entre 14 e 18 cm; idealizadas para permitir maior visibilidade 
em campo operatório exíguo, como as pinças curvilíneas de 
Cushing. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça Mayo-Russa: retas, com serrilhado arredondado nas 
pontas, com 15 a 25cm; como apresentam maior número de 
dentes do que as pinças delicadas, são utilizadas nas 
situações em que há necessidade de se realizar apreensão 
tecidual da forma menos traumática possível, de uma forma 
mais eficaz do que com as pinças mais delicadas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça Nelson: retas, com serrilhado delicado nas pontas, 
com comprimento entre 15 e 23 cm; permitem fácil preensão 
tecidual, sem grande traumatismo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de Potts-Smith: É um tipo de pinça elástica com 
vídias (retas ou curvilíneas, com 17-20 cm; pode se 
apresentar com ou sem dentes). 
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Pinça de Perry: instrumento mais delicado, utilizado para preensão 
de estruturas minúsculas e sensíveis. 
 
 
AFASTADORES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastadores de Farabeuf: afastadores de mão mais 
utilizados, apresentando hastes de comprimento e largura 
variados (6 a 20 em e 6 a 20 mm, respectivamente), e 
duas extremidades com lâminas discretamente curvas. 
 
 
AFASTADORES ESPECIAIS 
 Devem ser colocados organizados em uma parte separada da mesa cirúrgica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastador de Gillies: afastadores delicados, com 
extremidade em gancho, muito utilizados em operações 
estéticas. 
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Afastador de Senn-Muller ou Senn-Taylor: com cabos de 14 
a 16 cm, uma extremidade com garra e outra com lâmina. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastador de Langenbeck: com cabos longos, variando entre 
20 e 24 cm, e com lâminas delicadas na ponta, com 10 a 16 
mm de largura e 3 a 5 cm de comprimento. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastador de Volkmann com garra única aguda: 
afastadores em forma de ancinho, com cabos de 11 a 16 cm e 
extremidade única em garra com um a quatro pequenos ramos 
(garras), rombos ou agudos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastador de Volkmann com 4 garras agudas 
 
 
 
 
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Afastador mecânico ou dinâmico para cavidade do 
tipo Deaver. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Válvula supra-púbica de Doyen: bastante utilizado para 
afastar e isolar o leito hepático durante a retirada da 
vesícula biliar. Pode constituir ainda parte do afastador 
auto-estático de Balfour. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lâminas flexíveis: são lâminas que podem ser moldadas 
a critério do cirurgião para servirem de afastadores 
dinâmicos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Lâminas maleáveis 
 
 
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Afastador auto-estático de superfície Gelpi: com 
extremidade aguda única de preensão. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastador auto-estático de superfície Mayo-Adams: 
extremidades rombas, em ancinho. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastador auto-estático de superfície Weitlaner com 
garras agudas: apresenta cabos articuláveis e não-
articuláveis, e três ou quatro ramos (ou garras) rombos 
ou agudos, em ancinho, em suas extremidades. 
 
 
 
 
 
 
 
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Afastador auto-estático de cavidade Balfour: utilizado em 
grande parte das operações abdominais; além de separar as 
paredes laterais, também afasta a extremidade superior ou 
inferior, pelo acoplamento de uma válvula suprapúbica de 
Doyen. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastador auto-estático de cavidade Gosset grande: 
afastamento das paredes laterais do abdome, com 
extremidades variáveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastador auto-estático de cavidade Gosset pequeno: 
afastamento das paredes laterais do abdome, com 
extremidades variáveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Afastador auto-estático de cavidade Finochietto: utilizado 
em cirurgias torácicas para afastamento das costelas e 
alargamento do espaço intercostal. 
 
 
 
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INSTRUMENTOS AUXILIARES DE DIÉRESE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça Pean: pode ser utilizada para o manuseio de gazes com a 
substância antisséptica a ser aplicada no campo de diérese 
(processo vulgarmente conhecido como “pintura do campo 
cirúrgico”). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça Cheron: também é utilizada para pintar o campo 
cirúrgico, assim como a pinça Pean. Também apresenta 
tipos descartáveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça Backhaus: bastante útil e utilizada para a fixação dos campos 
cirúrgicos. Como a montagem dos campos cirúrgicos precedem a 
própria diérese, este instrumento deve ser organizado junto aos 
instrumentos de diérese. 
 
 
 
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Tentacânula: apresenta duas faces, uma côncava e outra convexa. 
Trata-se de um instrumento com 15 em de comprimento, com múltiplas 
aplicações. Em uma das extremidades, apresenta uma fenestração que 
lhe permite ser de grande valia para a realização de liberação de "freios" 
de língua e de lábio - o "freio" é introduzido nessa fenestra, possibilitando 
sua secção ajustada. Na outra extremidade, mais longa, apresenta duas 
faces: uma côncava e outra convexa. Na face côncava, existe uma 
discreta calha ou canaleta que, ao ser introduzida, por exemplo, sob um 
plano tecidual, permite, com facilidade, a realização de incisões retilíneas. 
A face convexa, bem como a sua extremidade, é de grande utilidade nas 
operações de extração de unha. 
 
 
INSTRUMENTOS DE HEMOSTASIA 
A hemostasia temporária pode ser executada, no decorrer da cirurgia, com instrumentos preensores, dotados de 
travas, denominados pinças hemostáticas. Prendem a extremidade do vaso seccionado até que a hemostasia definitiva 
seja feita, geralmente por ligadura feita com fios. 
Na medida do possível, devem pinçar apenas o vaso, com um mínimo de tecido adjacente. Também levam os 
nomes dos seus criadores; sendo muito semelhantes entre si, diferindo em pequenos detalhes. São diferenciadas, quase 
sempre, pelo desenho e ranhuras da parte interna de seus ramos preensores. 
 
 
PINÇAS DE HEMOSTASIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça Kelly: apresenta tipos curvos ou retos, com 
serrilhado transversal (ranhuras) em 2/3 da garra, com 13 a 
15 em de comprimento. 
 
 
 
 
 
 
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Pinça Crile: similares às pinças de Kelly, contudo, 
apresentam serrilhado transversal ao longo de toda a sua 
garra, com 14 a 16 em de comprimento. Podem ser curvas 
ou retas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de Halsted (ou Mosquito): é uma pinça hemostática 
pequena, de ramos preensores delicados, prestam-se muito bem 
para pinçamento de vasos de menor calibre, pela sua precisão. 
Como a pinça de Crile, é totalmente ranhurada na parte preensora 
(contudo, seu tamanho é consideravelmente menor). Pode ser 
curva ou reta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de Rochester-Pean: curvas ou retas, robustas, 
com serrilhado transversal mais grosseiro em toda a 
garra, com 16 a 24 em de comprimento. 
 
 
 
 
 
 
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PINÇAS DE PREENSÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de preensão Collin: pontas com formato de coração (o que lhe 
rende o apelido de “pinça coração”), com 16 a 23 em de comprimento; 
utilizadas para pinçamento de vísceras ocas. Suas garras apresentam 
um formato mais arredondado do que as garras da pinça Foerster.Pinça de preensão Foerster: retas ou curvas, com 18 a 25 em de 
comprimento; para preensão de vísceras ocas; permitem que seus 
ramos permaneçam afastados, mesmo ao se encaixarem os 
primeiros dentes da cremalheira. Suas garras são mais elipsoides 
quando comparadas com as garras da pinça Collin. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de preensão Duval-Colin com vídia: formato triangular, 
com dentes ou serrilhados pequenos e delicados nas três faces 
do triângulo, com 18 a 25 cm de comprimento; também utilizadas 
para preensão de vísceras ocas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de preensão Allis: pinça com garras detalhadas em formato de 
mão que auxiliam no manuseio de vísceras ocas e tecidos rígidos. 
 
 
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PINÇAS ESPECIAIS E CLAMPS VASCULARES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça Mixter: bastante utilizada para auxiliar o processo de dissecção de 
pedículo biliar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de preensão Babcock. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Pinça de tração de Kocher: de forma semelhante às de 
Crile, as pinças de Kocher têm a face interna da sua parte 
preensora totalmente ranhuradas no sentido transversal. 
Diferem por possuírem "dente de rato" na sua 
extremidade, o que se por um lado aumenta muito a sua 
capacidade de prender-se aos tecidos, por outro a torna 
muito mais traumática. São apresentadas em tamanhos 
variados, retas ou curvas. Ela é considerada uma pinça de 
tração para manusear tecidos rígidos, como aponeurose. 
 
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Clampes vasculares atraumáticos curvos tipo bulldog: de Backey e Dietrich (respectivamente): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clampes vascular de Bakey: serrilhado composto por 
duas filas de pequenos dentes triangulares em um dos 
ramos e uma fila similar no ramo oposto, que se encaixa no 
centro das anteriores, fornecendo preensão firme e 
atraumática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clampes vascular de Bakey: encontram-se disponíveis em 
grande infinidade de formas (retos, curvos e angulados) e 
tamanhos, desde pequenos, com 8 a 10 em de 
comprimento, para manipulação de vasos muito pequenos 
(de até 2 mm de diâmetro), até clampes para aorta torácica, 
com cerca de 30 cm de comprimento. Constituem os 
clampes mais conhecidos e mais utilizados em Cirurgia 
Cardiovascular. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clampes vascular de Satinsky: são clampes longos, com 
20 a 27 cm de comprimento, desenhados primariamente 
para controlar o sangramento do apêndice auricular, para se 
obter acesso ao átrio, durante operações sobre o coração: 
Seu formato hexagonal angulado permite o clampeamento 
parcial dos vasos, sem interrupção total do fluxo sanguíneo. 
 
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Clampe gastrintestinal atraumático de Doyen. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Clampe gastrintestinal atraumático de Kocher: poder 
ser reto ou curvo. 
 
 
 
Pinça de Potts-Smith: retas, com ou sem dentes, pouco traumáticas, com guias entre seus ramos, apresentando 
comprimento variável entre 18 e 25 cm. Podem apresentar-se com dentes. São pinças diferenciadas pelo seu grande 
tamanho. Por vários autores, não é considerada uma pinça de dissecção comum e, por esta razão, deve ficar separada 
em local diferenciado durante a montagem da mesa cirúrgica. É utilizada para cirurgias vasculares. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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INSTRUMENTOS PARA SÍNTESE 
Estes instrumentos são os responsáveis pelas manobras de fechamento da ferida cirúrgica, através da aplicação 
de suturas. Para isto são utilizadas agulhas e pinças especiais para conduzi-las denominadas porta-agulhas. Embora 
haja porta-agulhas muito delicados para a preensão de agulhas pequenas, uma característica destes instrumentos é a 
robustez da sua parte preensora, bastante diferenciada das pinças hemostáticas por apresentarem um sulco ao longo de 
suas garras, que costumamos chamar de repouso (este detalha é importante para evitar a quebra da agulha). 
São fundamentais para a confecção das suturas, uma vez que a maioria das agulhas é curva e os espaços 
cirúrgicos são exíguos. Somente as agulhas retas e as de conformação em "S" dispensam o seu uso. Os porta-agulhas 
mais utilizados são os de Mayo-Hegar, de Backey e de Mathieu. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porta-agulhas de Mayo-Hegar: é semelhante às pinças 
hemostáticas clássicas, é preso aos dedos pelos aneis 
presentes em suas hastes e possui cremalheira para 
travamento, em pressão progressiva. Porém a sua parte 
preensora é mais curta, mais larga e na sua parte interna 
as ranhuras formam um reticulado com uma fenda central, 
no sentido longitudinal. São artifícios para aumentar a sua 
eficiência na imobilização da agulha durante a sutura, 
impedindo sua rotação quando a força é aplicada. 
 
 
 
 
 
Porta-agulhas de Mathieu: o porta-agulhas de Mathieu difere 
muito do anterior, na sua forma, por não possuir anéis nas 
hastes tem a abertura da parte preensora limitada, pois há 
uma mola em forma de lâmina unindo suas hastes, o que faz 
com que fiquem automaticamente abertos, quando não 
travados. São utilizados presos à palma da mão, o que os 
fazem abrir, se inadvertidamente for empregada força 
excessiva durante a sua manipulação. Sua melhor indicação 
seria para sutura de estruturas que oferecem pouca 
resistência à passagem da agulha. Um bom indício disso é 
que não possuem a fenda longitudinal que aumenta o apoio 
da agulha. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Porta-agulhas de Olsen-Hegar: tipo de porta-agulha que 
apresenta, acopladas às suas extremidades preensoras, margens 
cortantes que auxiliam no processo de corte do fio de sutura. 
 
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MONTAGEM DA MESA CIRÚRGICA 
 Os materiais que devem ser acondicionados na mesa cirúrgica, antecipadamente solicitados, separados e 
organizados pelo instrumentador, vão atender a todo o ato operatório e deverão estar organizados e dispostos de tal 
forma que atendam aos tempos cirúrgicos e possíveis intercorrências. 
 Tradicionalmente, a chamada Mesa de Mayo pode ser grosseiramente organizada de forma que os instrumentos 
cirúrgicos sejam divididos de acordo com os tempos cirúrgicos e agrupados da seguinte forma: 
(1) Instrumentos de diérese ou abertura: destinados à separação de tecidos ou planos para se atingirem os 
órgãos a serem manipulados. Neste grupo, encontram-se tesouras, bisturis, serras e trépanos, dentre 
outros. 
(2) Instrumentos de hemostasia: destinados à prevenção, detenção ou impedimento do sangramento. Este 
grupo é representado pelas pinças hemostáticas. 
(3) Instrumentos de síntese: destinados às suturas, junção e união de tecidos ou planos para o 
restabelecimento de sua continuidade, facilitando o processo de cicatrização. São representados por porta-
agulhas e agulhas. 
(4) Instrumentos de exérese: determinados pelo tipo de operação, sendo utilizados no ato cirúrgico 
propriamente dito. 
(5) Instrumentos auxiliares: destinados ao auxílio à dissecção 
tecidual. São exemplo as pinças elásticas anatômicas e “dente 
de rato”. 
(6) Afastadores: instrumentos de exposição que permitem a melhor 
visualização de estruturas superficiais e da cavidade. 
 
A organização da mesa pode seguir os quadrantes dispostos na 
figura ao lado. Contudo, vale salientar que não existe nenhum sistema rígido 
quanto à arrumação, devendo-se seguir as rotinas estabelecidas pela 
instituição, ou, simplesmente, ser o mais fácil e prático para a ação do 
instrumentador, desde que não interfira na dinâmica do ato. 
De fato, cada cirurgião tem a sua maneira preferida para a organização da mesa e, portanto, devemos entender 
que a arrumação da mesa cirúrgica deve ser dinâmica. Até porque o modelo sugerido logo acima não abrangetodos os 
instrumentos especiais ou instrumentos para a própria montagem do campo operatório. Sugere-se, com isso, que ela 
deve conter, em cada tempo operatório, os instrumentos apropriados à sequência a ser executada de acordo com cada 
procedimento, conferindo maior segurança ao seu manuseio. 
Uma forma mais completa e bastante eclética para a montagem da mesa, de forma mais didática para o 
estudante de medicina em treinamento cirúrgico, será apresentada logo a seguir. O padrão de organização da mesa que 
será apresentado atende à ordem cronológica de um ato operatório genérico e completo, isto é, incluindo desde a 
preparação e anti-sepsia do campo cirúrgico, passando pela diérese, apresentação, hemostasia, preensão, instrumentos 
especiais e síntese. A ordem de utilização dos instrumentos na mesa deve seguir o sentido horário. 
1. Preparo de campo operatório. Por serem utilizados antes mesmo da diérese, os instrumentos para 
montagem e pintura do campo operatório devem ser colocados em primeiro plano nesta organização. São 
eles: Pinça Backhaus (utilizada para fixar os panos do campo operatório); Pinça Pean (para pintar o campo); 
Pinça Cheron (para pintar o campo em ginecologia, principalmente); Cuba redonda (para estocar a solução 
anti-séptica utilizada na pintura do campo); Gazes. 
2. Diérese e Instrumentos de Exposição. Logo em seguida, na sequência do sentido horário, os instrumentos 
para cortar os tecidos devem ser posicionados. São eles: Cabos de bisturis montados com suas respectivas 
lâminas; Tesoura de Metzembaum Reta (para cortar fios de sutura) e Curva (para cortar estruturas 
orgânicas); Tesoura de Mayo Reta e Curva; Tentacânula (instrumento especial utilizado para extração 
ungueal, mas também auxilia na diérese). Materiais pequenos e de manuseio prático para exposição e 
acesso às estruturas por meio da ferida cirúrgica – como os Afastadores de Farabeuf – podem ser 
necessários próximos ao quadrante da diérese. Os Farabeuf sempre devem estar disponíveis em número 
par. 
3. Instrumentos de preensão. As pinças de preensão auxiliam na diérese por ajudar na manipulação das 
bordas da ferida e por serem capazes de promover divulsão. Por esta razão, devem ser colocadas próximas 
aos instrumentos de diérese. São eles: Pinças elásticas como a Pinça Anatômica (ou Pinça de Dissecção 
sem Dente); Pinça Dente-de-rato (ou Pinça de Dissecção com Dente); Pinça de Adson com dente e sem 
dente (Pinça de Relojoeiro); Pinça de Adson-Brown; Pinça de Cushing; Pinça de Bakey (pinça bem mais 
extensa que as demais e é bem menos traumática). A Pinça de Kocher é uma pinça de tração bastante 
utilizada para manipular e isolar aponeurose, auxiliando na síntese desta estrutura ao final do procedimento 
e, portanto, pode ser enquadrada como instrumento de preensão. Contudo, ainda pode ser colocada no 
quadrante dos instrumentos especiais ou mesmo no quadrante de síntese (alguns cirurgiões optam por 
colocar esta pinça em um espaço de transição entre estes dois quadrantes). 
4. Instrumentos de hemostasia. Em concomitância à diérese, é interessante prover uma adequada 
hemostasia e, por esta razão, os instrumentos para este fim devem estar próximos aos instrumentos 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● TÉCNICA OPERATÓRIA 
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previamente listados. É interessante organizar cada tipo de pinça em uma gaze e/ou compressas 
empilhadas. São instrumentos de hemostasia: Pinça de Halsted (ou Mosquito); Pinça de Kelly Reta e Curva 
(ranhuras no terço distal da pinça); Pinça de Crile Reta e Curva (ranhuras em toda a presa da pinça). A 
Pinça de Rochester-Pean é uma pinça especializada para a hemostasia de grandes vasos, como a aorta ou 
veia cava e pode ser enquadrada no quadrante da hemostasia ou nos materiais especiais. 
5. Afastadores grandes (exposição) e instrumentos especiais. Boa parte do lado direito da mesa pode ser 
reservado para a colocação de instrumentos considerados grandes, como os afastadores especiais (Válvula 
Supra-Púbica de Doyan; Afastador de Balfour; Afastador de Finochietto; Afastador de Volkmann; Afastador 
de Gosset) e o Bico de Aspirador. Um pequeno quadrante deve ser reservado para pinças e demais 
instrumentos especiais, tais como: Pinça Mixter (utilizada para dissecar pedículos); Pinça de Bab-Mixter; 
Pinça de Babcock; Pinça Potts-Smith; Clamps Vasculares e Intestinais; Pinça de Collin; Pinça Foerster; 
Pinça Duval-Collin; Pinça de Allis; Pinça de Lucae (ginecológica). Estes instrumentos são considerados 
especiais por serem utilizadas em cirurgias específicas. 
6. Instrumentos de Síntese. Para o fechamento dos tecidos abertos durante a diérese, devemos associar 
instrumentos de síntese como Porta-Agulha e Fios de Sutura (com agulha ou não) com pinças elásticas 
(pinça anatômica e/ou a pinça dente-de-rato) para a manipulação das bordas da ferida.

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