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Educação Ambiental e Cidadania
www.iesde.com.br
Educação Ambiental e Cidadania
Nathieli K. Takemori Silva
Sandro Menezes Silva
Educação Ambiental e Cidadania
Autores
 Nathieli K. Takemori Silva
 Sandro Menezes Silva
2010
Sumário
A questão ambiental no planeta Terra .................................................................................... 7
Recursos hídricos e cidadania I ............................................................................................15
Quantidade de água no planeta ................................................................................................................16
Usos múltiplos da água ............................................................................................................................18
As principais causas da contaminação da água .......................................................................................22
A eutrofização ..........................................................................................................................................22
As bacias hidrográficas ............................................................................................................................23
Conclusão ................................................................................................................................................24
Recursos hídricos e cidadania II ..........................................................................................27
Lei de Recursos Hídricos .........................................................................................................................27
Princípio do poluidor-pagador .................................................................................................................29
Tecnologias para o uso da água ...............................................................................................................30
Importância da Educação Ambiental no uso dos recursos hídricos .........................................................31
Conclusão.................................................................................................................................................31
Resíduos sólidos e cidadania................................................................................................35
Tipos de resíduos sólidos .........................................................................................................................36
Formas de disposição final dos resíduos sólidos .....................................................................................37
O lixo que machuca .................................................................................................................................41
Resíduos sólidos e cidadania II ............................................................................................47
A coleta seletiva .......................................................................................................................................48
Reciclagem...............................................................................................................................................51
Perspectivas futuras .................................................................................................................................54
Conclusão.................................................................................................................................................56
O uso do solo .............................................................................................................................59
Tipos de solos ..........................................................................................................................................60
Os ciclos biogeoquímicos ........................................................................................................................62
A degradação do solo e a qualidade de vida ............................................................................................63
A conservação dos solos e a produção de alimentos ...................................................................................65
O uso sustentável do solo.........................................................................................................................68
Efeito estufa....................................................................................................................................77
A atmosfera ..............................................................................................................................................77
Causas do efeito estufa ..................................................................................................................................79
Consequências ...............................................................................................................................................82
Medidas mitigadoras ................................................................................................................................83
A camada de ozônio ..................................................................................................................89
Radiação solar ..........................................................................................................................................89
O ozônio e sua função escudo de radiação ultravioleta ...........................................................................90
A destruição da camada de ozônio ...........................................................................................................90
A causa da destruição ...............................................................................................................................91
As consequências da destruição da camada de ozônio ............................................................................92
Medidas mitigadoras e Educação Ambiental ...........................................................................................94
A hipótese Gaia ....................................................................................................................97
A origem da hipótese Gaia .......................................................................................................................97
As evidências da hipótese ........................................................................................................................98
Ações humanas e a hipótese Gaia ............................................................................................................100
Perspectivas futuras .................................................................................................................................100
Matrizes energéticas .............................................................................................................103
Petróleo ....................................................................................................................................................104
Usinas hidrelétricas ..................................................................................................................................105
Biomassa ..................................................................................................................................................106
Energia solar fotovoltaica ........................................................................................................................107
Energia eólica ..........................................................................................................................................108
Energia nuclear ........................................................................................................................................108Uso racional das matrizes energéticas.............................................................................................................. 110
Perspectivas futuras .................................................................................................................................111
Avaliação de impactos ambientais .......................................................................................117
Impactos ambientais e licenciamento ambiental .....................................................................................119
Características do estudo de impacto ambiental (EIA) ............................................................................121
O relatório de impacto ambiental – RIMA ..............................................................................................123
A Carta da Terra ...................................................................................................................141
Princípios .................................................................................................................................................142
Uma nova ética ambiental através da Ecopedagogia ...........................................................149
Ecopedagogia ...........................................................................................................................................149
Ecopedagogia e a sociedade ....................................................................................................................149
Ecopedagogia: uma nova proposta ..........................................................................................................150
Desafios para a Ecopedagogia .................................................................................................................153
Antropocentrismo e uso dos recursos naturais .....................................................................159
A evolução do homem .............................................................................................................................160
A mudança de pensamento ......................................................................................................................161
Referências ...........................................................................................................................165
Anotações .............................................................................................................................171
Apresentação
D esde que o homem surgiu no planeta, utiliza recursos da natureza para suprir suas neces-sidades básicas, relacionadas principalmente à alimentação, abrigo e obtenção de energia. Certamente, vem daí essa postura consumista em relação aos recursos naturais, que durante 
vários anos foram vistos como “infinitos”. O desenvolvimento social e cultural da espécie humana, 
até chegarmos nas características atuais, foi bastante rápido. Se a idade do planeta fosse condensada 
em apenas um ano, a espécie humana teria surgido aproximadamente às 23 horas e 45 minutos, do 
dia 31 de dezembro, ou seja, nossa existência é muita curta quando comparada a outras espécies com 
as quais dividimos a Terra atualmente.
O antropocentrismo coloca o homem no centro do universo, postulando que tudo o que existe 
foi concebido e desenvolvido para a satisfação humana. Essa ideia de que tudo nos pertence tem sido a 
principal justificativa para essa “dominação” dos recursos pelo homem, prática usual há muito tempo. 
Ainda hoje essa corrente filosófica tem forte influência nas decisões do homem em relação ao uso dos 
recursos naturais. Porém, várias pessoas já passaram a considerar com maior atenção o pensamento 
biocêntrico, valorizando a natureza pelas suas características intrínsecas e não somente pela sua utili-
dade prática, partindo do pressuposto de que todas as espécies têm direito à vida, independentemente 
do seu grau de complexidade.
A inclusão da Educação Ambiental nos programas formais de ensino-aprendizagem é funda-
mental, mas não pode ser a única iniciativa para mudar essa mentalidade. Ações diretas de mobili-
zação e conscientização, além da difusão do pensamento biocêntrico, desde a educação infantil até 
à idade adulta, assim como a atualização de pais e professores sobre esse tema, também devem ser 
consideradas quando se planeja um programa de Educação Ambiental.
Este livro traz várias informações pertinentes sobre esse assunto, com a intenção de servir 
como um apoio para os educadores que irão atuar na área. Inicia-se o curso apresentando a postura do 
homem em relação à natureza desde os tempos remotos até os dias de hoje, mostrando que tais rela-
ções vêm sendo cada vez mais pautadas na ideia de recursos infinitos, postura que fica mais evidente 
quando se explora o tema recursos hídricos. Nesse tema, são enfocadas as principais características 
da água, os problemas referentes ao mau uso desse patrimônio e o que está sendo feito para minimizar 
os impactos decorrentes da ação humana sobre esse recurso.
A questão dos resíduos sólidos, um dos maiores problemas na maioria das cidades brasileiras, é 
abordada neste livro de maneira a trazer informações sobre ações e posturas que os cidadãos podem 
ter para colaborar na minimização dos seus impactos sobre a natureza. Outro tema abordado é o solo, 
sua origem e principais características, a maneira como é utilizado e as implicações deste na manu-
tenção da qualidade ambiental.
Passa-se então ao tema atmosfera, enfocando o aquecimento global provocado pelo efeito estufa 
e a diminuição da camada de ozônio. Esses temas estão relacionados não só nas suas respectivas cau-
sas, como também nas ações que devem ser tomadas para minimizar, e, quem sabe, frear os processos 
que ocasionam os efeitos nocivos. 
O tema matrizes energéticas é apresentado a fim de mostrar as várias formas de geração de 
energia, com ênfase principalmente nos efeitos positivos e negativos de cada forma, enfatizando a 
principal fonte de energia da atualidade, o petróleo, em contraposição aos efeitos benéficos das fontes 
energéticas renováveis, principalmente as menos poluentes.
Também é apresentada a hipótese Gaia, que considera o planeta um superorganismo capaz de 
se autorregular. A hipótese é mostrada e explicada para que o leitor saiba que, apesar de amplamente 
conhecida, existem outras formas de pensamento em relação a essa questão, algumas inclusive con-
frontantes com esta. A hipótese Gaia relaciona-se com o que se chamou de Carta da Terra, que, por 
sua vez, constitui o fundamento básico da Ecopedagogia, todas estas com forte influência do pensa-
mento antropocêntrico, tema que encerra o conteúdo do livro.
O objetivo principal do curso é fazer com que o próprio leitor reflita e avalie sua postura como 
cidadão frente aos principais temas ambientais contemporâneos, para que depois atue como um edu-
cador mais consciente do seu papel transformador; afinal de contas, como podemos ensinar alguma 
coisa na qual não acreditamos? Como ensinar crianças e adultos a serem responsáveis pelo ambiente 
se nós, que temos essa responsabilidade, não nos sentimos assim e não agimos assim?
Boa leitura e uma ótima autoavaliação!
Nathieli Keila Takemori Silva
Sandro Menezes Silva
A questão ambiental 
no planeta Terra
Nathieli K. Takemori Silva* 
Sandro Menezes Silva**
O homem, desde as espécies ancestrais relacionadas, sempre dependeu de recursos naturais1 para sua sobrevivência, buscando na natureza, como todas as demais espécies animais, seus meios de alimentação, abrigo, 
proteção contra o frio, entre outras necessidades básicas. Consequentemente, 
sempre provocou um impacto sobre a natureza e, para ilustrar esses impactos, 
existem vários exemplos na história dos povos antigos, os quais foram responsá-
veis pela exploração excessiva de algum recurso natural, visto pelaabordagem 
antropocentrista de questão ambiental.
Os Anasazi, que viviam no deserto do Novo México, construíram os pue-
blos, edificações que abrigavam as pessoas e que chegavam a quase 1 hectare de 
extensão, ocupando milhares de troncos de árvores retiradas da própria região da 
construção. Mas não era um deserto? Existem registros de que na ocasião em que 
os pueblos foram construídos, eram cercados não por um deserto nu, mas por uma 
floresta de árvores decíduas e pinheiros.
Is
to
ck
 P
ho
to
.
Um outro exemplo são os Maori, que chegaram à Nova Zelândia há quase 
1 000 anos e, num período relativamente curto, foram os principais responsáveis 
pela extinção do moa, uma espécie de ave não voadora que chegava a atingir 3 
metros de altura e pesar mais de 200 quilos. Registros arqueológicos mostram 
restos de verdadeiros banquetes de churrascos de moa realizados pelos Maoris. O 
 Bacharel e Licenciada 
em Ciências Biológicas 
pela Universidade Fe-
deral do Paraná (UFPR), 
com Mestrado em Botâ-
nica pela mesma univer-
s idade.
 Licenciado em Ci-
ências Biológicas pela 
Universidade Federal 
do Paraná (UFPR), com 
Mestrado e Doutora-
do em Biologia Vegetal 
pela Universidade Esta-
dual de Campinas.
1 Recursos naturais. a) De-nominação que se dá à 
totalidade das riquezas mate-
riais que se encontram em es-
tado natural, como florestas 
e reservas minerais. b) São 
os mais variados meios de 
subsistência que as pessoas 
obtêm diretamente na nature-
za. c) O patrimônio nacional 
nas suas várias partes, tanto 
os recursos não renováveis, 
como jazidas minerais, e os 
renováveis, como florestas e 
meios de produção. d) Fon-
tes de riquezas materiais que 
existem em estado natural; 
tais como florestas, reservas 
minerais etc.; a exploração 
ilimitada dos recursos natu-
rais pode levá-la à exaustão 
ou à extinção. e) Recursos 
ambientais obtidos direta-
mente da natureza, podendo 
classificar-se em renováveis 
e inexauríveis ou não reno-
váveis; renováveis quando, 
uma vez aproveitados em um 
determinado lugar e por um 
dado período, são suscetí-
veis de continuar a ser apro-
veitados nesse mesmo lugar, 
ao cabo de um período de 
tempo relativamente curto; 
exauríveis quando qualquer 
exploração traz consigo, ine-
vitavelmente, sua irreversível 
diminuição.
A questão ambiental no planeta Terra
8
principal predador do moa era a águia-gigante, espécie maior do que a maior ave 
relacionada atualmente vivente – a águia-real ou harpia – foi extinta na mesma 
época, muito provavelmente porque ficou sem seu principal item alimentar com a 
extinção do moa.
H
ei
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H
ar
de
r.
A economia e a Terra
(BROWN, 2003)
Nos últimos séculos da civilização maia, uma nova sociedade evoluiu na 
Ilha de Páscoa, uma área com cerca de 166 quilômetros quadrados no Pacífico 
Sul, aproximadamente 3 200 quilômetros a oeste da América do Sul e 2 200 
quilômetros da Ilha Pitcairn, a região habitada mais próxima. Assentada em 
torno de 400 d.C., essa civilização prosperou numa ilha vulcânica com solos 
ricos e vegetação viçosa, com árvores de 25 metros de altura e troncos de 2 
metros de diâmetro. Registros arqueológicos dão conta que os ilhéus se ali-
mentavam principalmente de frutos do mar, particularmente golfinhos – um 
mamífero que só podia ser capturado com arpões lançados de grandes canoas 
oceânicas, uma vez que não apareciam localmente em grande número. 
A sociedade da Ilha de Páscoa prosperou durante vários séculos, atingin-
do uma população estimada em 20 mil. À medida que seus números cresciam, 
a derrubada de árvores superava a recuperação sustentada das florestas. Final-
mente, desapareceram as grandes árvores necessárias para a construção das 
grandes e resistentes canoas oceânicas, privando os ilhéus do acesso aos gol-
finhos e reduzindo, dessa forma, o suprimento alimentar da ilha. Os registros 
arqueológicos mostram que, a certa altura, ossadas humanas se misturaram às 
ossadas dos golfinhos, sugerindo uma sociedade desesperada que recorreu ao 
canibalismo. Hoje, a ilha é habitada por cerca de 2 000 pessoas.
A questão ambiental no planeta Terra
9
Existem várias pesquisas e trabalhos mostrando que o impacto que a espé-
cie humana provoca sobre os recursos naturais é proporcional ao seu grau de apro-
priação tecnológica, e às necessidades geradas pelos padrões sociais constituídos 
em centenas de anos de história.
Um marco importante nessa tendência foi a Revolução Industrial, ocorrida no 
final do século XVIII, a partir da qual houve um grande aumento na utilização dos re-
cursos. Na medida em que os núcleos populacionais adensaram-se e se concentraram 
nas regiões que passaram a dominar as tecnologias disponíveis, a crescente necessida-
de de matéria-prima para abastecer esses núcleos em crescimento foi um importante 
fator de degradação ambiental. As colônias dos países europeus situadas na Ásia, 
África e Américas serviram em grande parte para suprir essas necessidades, assim 
como para firmar a supremacia daqueles que detinham a tecnologia em detrimento de 
outros, que ainda dependiam de recursos naturais de forma mais direta.
Esse modelo de crescimento foi chamado de modelo linear de desenvolvi-
mento, do qual fazem parte o lucro imediato, o uso excessivo de matéria-prima, a 
produção de grande quantidade de descartes e resíduos do processo produtivo.
As principais consequências do aumento da demanda por recursos naturais, 
decorrente do modelo de desenvolvimento linear, são:
 redução da biodiversidade;
 aumento de doenças tropicais; 
 urbanização de cidades, principalmente na Ásia, África e América do Sul; 
 grande uso de recursos naturais, com consequente escassez localizada de 
muitos destes;
 alta produção de resíduos com baixo nível de reciclagem. 
Com o desenvolvimento das tecnologias, o homem também adquiriu conhe-
cimentos sobre os acontecimentos naturais no planeta, podendo hoje prever mu-
danças climáticas, terremotos, maremotos e outros fenômenos naturais. Foi dessa 
maneira, também, que se descobriu os efeitos do modelo linear de desenvolvimen-
to, por exemplo, o aquecimento global e a destruição da camada de ozônio.
“Esta é a nossa diferença crucial em relação aos Maoris: eles não sabiam 
ler e escrever. Nós sabemos, e entendemos as consequências do que se passou, 
e fazemos cálculos e projeções para o futuro. Nós, como espécie, não temos a 
desculpa da ignorância para repetir os mesmos erros.”
Fernando Fernandez
A realidade é que não estamos começando a perder a natureza agora que 
descobrimos o efeito estufa, já perdemos boa parte dela antes mesmo de conhecê-
-lo, sendo que a situação de nossos ecossistemas naturais é bastante trágica e 
não é mostrada de forma verdadeira por dados estatísticos. Uma coisa é certa! 
Crescimento populacional desenfreado e desenvolvimento econômico contínuo 
são situações incompatíveis com a qualidade de vida humana e a conservação da 
natureza. O crescimento populacional é um grande multiplicador de problemas 
A questão ambiental no planeta Terra
10
ambientais, pois gera desmatamento para os vários usos do solo, aumenta a pres-
são de caça, o tráfico de animais e o extrativismo, aumenta a poluição, provoca 
mudanças climáticas, estimula atividades ambientalmente depredatórias e gera a 
degradação da qualidade de vida em geral.
Pensando nisso, muitos de nós já começamos a pensar no futuro e em for-
mas alternativas para diminuir os impactos que estamos causando no ambiente. 
As atitudes que foram tomadas até agora continuam sendo necessárias, porém são 
insuficientes. Ainda é preciso mais!
A conservação deve ser ensinada em todos os lugares – escola, casa, tra-
balho. As pessoas aprendem quando observam outros fazendo, assim como as 
crianças. Reeducar uma sociedade que cresceu depredando o ambienteonde vive 
é uma tarefa difícil, mas não impossível. É importante lembrar que, com uma 
população cada vez mais numerosa, mudar o mundo sozinho fica cada vez mais 
difícil. Obviamente ninguém está pensando nisso, mas se cada um fizer sua parte 
na construção de um mundo mais justo, ficará bem mais fácil.
“Não há ato ecologicamente neutro; todos nós tornamos o mundo cada 
dia um pouquinho melhor ou um pouquinho pior com nossas ações.”
Fernando Fernandez
Uma nova maneira de pensar precisa ser desenvolvida. Livrar-se da ilusão 
de que os recursos são infinitos e de que o planeta consegue curar-se sozinho é o 
primeiro passo para a mudança de pensamento.
O papel da Educação Ambiental precisa ser desempenhado desde a educa-
ção infantil, sendo a postura ambientalmente correta dos educadores e da própria 
instituição de ensino imprescindível na educação das crianças.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação coloca a Educação Ambiental como 
tema transversal, para que ela possa ser abordada em todas as disciplinas e não ape-
nas em ciências. É importante ressaltar que Conservação da Natureza é diferente 
de Cuidados com a Natureza, pois nem tudo o que é feito em favor do ambiente 
contribui efetivamente para conservar a natureza. Um exemplo disso é promover 
a limpeza da sala de aula, fazendo com que os alunos ajudem a mantê-la limpa e 
organizada. Isso desenvolve a percepção dos bens comuns, ou seja, que cada um é 
responsável pelo ambiente onde vive. No entanto, a postura de não produzir resí-
duos sólidos é mais efetiva na conservação da natureza. Outra percepção a ser de-
senvolvida é a de que os seres vivos não devem ser conservados apenas porque eles 
são úteis aos seres humanos, e sim por terem direito à vida tanto quanto nós temos. 
As “aulas” de Educação Ambiental precisam ser claras e objetivas, com o foco na 
informação e no desenvolvimento crítico dos consumidores.
A questão ambiental no planeta Terra
11
“Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as pre-
sentes e futuras gerações.”
Constituição Federal, artigo 225
Hoje, o que está em voga é o chamado mercado verde, no qual os con-
sumidores optam por produtos que degradem menos o ambiente. Papel reci-
clado, geladeiras e sprays sem CFC (clorofluorcarbono), produtos orgânicos, 
madeira certificada e uso de energia solar são alguns dos exemplos dessa 
área em plena expansão, porém ainda pouco explorada no Brasil. Encontra-se no 
mercado, também, tecidos produzidos a partir de PET (politereftalato de etileno) re-
ciclado, plásticos biodegradáveis, tintas à base de silicatos de potássio, entre outros.
Um fato importante que marca a maneira como os governos vêm tratando 
o ambiente aconteceu no final do século XX, quando 179 países passaram a 
discutir as questões ambientais do planeta, dando origem à Agenda 21. (Ver 
texto complementar.)
“A Agenda 21 reúne o conjunto mais amplo de premissas e recomen-
dações sobre como as nações devem agir para alterar seu vetor de desenvol-
vimento em favor de modelos sustentáveis e a iniciarem seus programas de 
sustentabilidade.”
Marina Silva, Ministra do Meio Ambiente, do Governo de Luiz Inácio Lula da Silva
A situação ambiental pela qual passa atualmente o planeta não tem anteceden- 
tes na história geológica mais recente. A degradação dos ambientes naturais, a 
fragmentação de habitats, a sobre-exploração de algumas espécies, a poluição e a 
contaminação biológica são as causas mais importantes da perda de biodiversida-
de. As desigualdades sociais contribuem significativamente nesse quadro, se con-
siderarmos que grande parte da diversidade biológica do planeta encontra-se nos 
países mais pobres. Dessa forma, é necessário primeiramente acabar com essas 
desigualdades, o que só será possível através de mudanças culturais, econômicas, 
políticas e sociais. A cultura do “ter e possuir” já levou os Estados Unidos ao topo 
da lista dos países que mais poluem o ambiente. 
Como escreveu a jornalista Liana John (2004), 
o homem não precisa deixar a cidade, nem regredir para um tempo sem conforto ou tec-
nologia para voltar a fazer parte da natureza. Ele precisa repensar suas ações, considerar 
as consequências de cada uma delas sobre o ambiente e os outros seres vivos. E usar o 
conhecimento em benefício do bem comum.
A preservação é 
dever de todos
A questão ambiental no planeta Terra
12
O que é Agenda 21
(BRASIL, 2004)
A Agenda 21 é um plano de ação para ser adotado global, nacional e localmente, por organi-
zações do sistema das Nações Unidas, governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que 
a ação humana impacta o meio ambiente. Constitui-se na mais abrangente tentativa já realizada de 
orientar para um novo padrão de desenvolvimento para o século XXI, cujo alicerce é a sinergia da 
sustentabilidade ambiental, social e econômica, perpassando em todas as suas ações propostas.
Contendo 40 capítulos, a Agenda 21 Global foi construída de forma consensuada, com a con-
tribuição de governos e instituições da sociedade civil de 179 países, em um processo que durou 
dois anos e culminou com a realização da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento (CNUMAD), no Rio de Janeiro, em 1992, também conhecida por Rio 92.
Além da Agenda 21, resultaram desse mesmo processo quatro outros acordos: a Declaração 
do Rio, a Declaração de Princípios sobre o Uso das Florestas, a Convenção sobre a Diversidade 
Biológica e a Convenção sobre Mudanças Climáticas. 
O programa de implementação da Agenda 21 e os compromissos para com a carta de 
princípios do Rio foram fortemente reafirmados durante a Cúpula de Joanesburgo, ou Rio + 
10, em 2002. 
A Agenda 21 traduz em ações o conceito de desenvolvimento sustentável.
A comunidade internacional concebeu e aprovou a Agenda 21 durante a Rio 92, assumindo, 
assim, compromissos com a mudança da matriz de desenvolvimento no século XXI. O termo 
Agenda foi concebido no sentido de intenções, desígnio, desejo de mudanças para um modelo de 
civilização em que predominasse o equilíbrio ambiental e a justiça social entre as nações. 
Além do documento em si, a Agenda 21 é um processo de planejamento participativo que 
resulta na análise da situação atual de um país, estado, município, região, setor e planeja o futuro 
de forma sustentável. E esse processo deve envolver toda a sociedade na discussão dos principais 
problemas e na formação de parcerias e compromissos para a sua solução a curto, médio e longo 
prazos. A análise do cenário atual e o encaminhamento das propostas para o futuro devem ser 
realizados dentro de uma abordagem integrada e sistêmica das dimensões econômica, social, am-
biental e político-institucional da localidade. Em outras palavras, o esforço de planejar o futuro, 
com base nos princípios da Agenda 21, gera inserção social e oportunidades para que as socieda-
des e os governos possam definir prioridades nas políticas públicas. 
É importante destacar que a Rio 92 foi orientada para o desenvolvimento, e que a Agenda 21 
é uma Agenda de Desenvolvimento Sustentável, em que, evidentemente, o meio ambiente é uma 
consideração de primeira ordem. O enfoque desse processo de planejamento apresentado com o 
nome de Agenda 21 não é restrito às questões ligadas à preservação e conservação da natureza, 
mas sim a uma proposta que rompe com o desenvolvimento dominante, em que predomina o eco-
nômico, dando lugar à sustentabilidade ampliada, que une a Agenda ambiental e a Agenda social, 
ao enunciar a indissociabilidade entre os fatores sociais e ambientais e a necessidade de que a 
degradação do meio ambiente seja enfrentada juntamente com o problema mundial da pobreza. 
Enfim, a Agenda 21 considera, entre outras, questõesestratégicas ligadas à geração de emprego e 
A questão ambiental no planeta Terra
13
renda; à diminuição das disparidades regionais e interpessoais de renda; às mudanças nos padrões 
de produção e consumo; à construção de cidades sustentáveis e à adoção de novos modelos e ins-
trumentos de gestão. 
Em termos das iniciativas, a Agenda 21 não deixa dúvida. Os Governos têm o compromisso 
e a responsabilidade de deslanchar e facilitar o processo de implementação em todas as escalas. 
Além dos Governos, a convocação da Agenda 21 visa mobilizar todos os segmentos da sociedade, 
chamando-os de “atores relevantes” e “parceiros do desenvolvimento sustentável”. 
Essa concepção processual e gradativa da validação do conceito implica assumir que os prin-
cípios e as premissas que devem orientar a implementação da Agenda 21 não constituem um rol 
completo e acabado: torná-la realidade é antes de tudo um processo social no qual todos os envol-
vidos vão pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possível, rumo ao 
futuro que se deseja sustentável. 
1. Forme um grupo de três pessoas e descreva o papel do homem na natureza durante a Pré-His-
tória. Discorra sobre a forma como os povos primitivos tratavam o ambiente onde viviam.
2. Qual a diferença na relação homem-natureza do período pré-histórico para os dias de hoje?
CAPRA, Fritjof. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. 6. ed. São 
Paulo: Cultrix, 2001.
Esse livro trata de assuntos relacionados aos sistemas vivos, trazendo uma nova linguagem para 
a sua compreensão.
FERNANDEZ, Fernando. O Poema Imperfeito. 2. ed. Curitiba: UFPR, 2004.
Esse livro é composto de crônicas sobre biologia, conservação da natureza e seus heróis. A 
abordagem é bem-humorada, porém comprometida com a conservação, levando o leitor a uma refle-
xão profunda sobre o verdadeiro papel do homem na conservação da natureza.
A questão ambiental no planeta Terra
14
3. Por que não podemos mais agir como antigamente? Qual a diferença entre o ambiente pré- 
-histórico e o atual?
Recursos 
hídricos e cidadania I
H á 150 anos, a possibilidade de escassez de água era algo impensável. O que não foi previsto era o aumento da população mundial, que triplicou no século XX. Mais pessoas, mais consumo. Com esse aumento, cresceu 
o consumo de água pela irrigação de lavouras e também pela indústria. O resulta-
do foi um aumento de seis vezes no consumo total de água.
Nosso país é privilegiado com 12% da água doce do mundo. Mesmo assim, 
algumas regiões, como a grande São Paulo, sofrem com a escassez desse recur-
so. E não é por causa de falta de fontes, e sim por causa da poluição dos rios dos 
quais era captada a água para abastecer a cidade. Hoje, é preciso buscar água em 
fontes mais distantes. Isso também acontece no estado da Califórnia, nos Estados 
Unidos, que depende de neve derretida vinda do distante estado do Colorado para 
abastecer suas cidades.
De acordo com o Banco Mundial, cerca de 80 países hoje enfrentam proble-
mas de abastecimento. Os dados da ONU apontam que mais de 1 bilhão de pes-
soas não têm acesso a fontes de água de qualidade. A escassez de água potável é 
uma das principais causas de conflitos entre países. A região de Golan, no Oriente 
Médio, por exemplo, possui vários aquíferos1 e está na mira de outros países que 
não possuem reservatórios desse recurso.
O uso inadequado também compromete a disponibilidade de água. Nos últi-
mos anos, a distribuição de água no Brasil aumentou em 30%. Entretanto, dobrou a 
proporção da água sem tratamento. Outro fator agravante é o desperdício, que chega 
a 45% do total de água distribuída pelos sistemas públicos.
1Camada porosa e perme-ável de rocha ou sedimen-
to que contém grandes quan-
tidades de água subterrânea 
e que permite fácil desloca-
mento da água.
Declaração Universal dos Direitos da Água
(ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 22 mar. 1992)
Primeira – A água faz parte do patrimônio do planeta. Cada continente, 
cada povo, cada nação, cada região, cada cidade, cada cidadão, é plenamente 
responsável aos olhos de todos.
Segunda – A água é a seiva de nosso planeta. Ela é condição essencial de 
vida de todo vegetal, animal ou ser humano. Sem ela não poderíamos conce-
ber como são a atmosfera, o clima, a vegetação, a cultura ou a agricultura.
Terceira – Os recursos naturais de transformação da água em água potá-
vel são lentos, frágeis e muito limitados. Assim sendo, a água deve ser mani-
pulada com racionalidade, precaução e parcimônia.
Quarta – O equilíbrio e o futuro de nosso planeta dependem da preserva-
Recursos hídricos e cidadania I
16
ção da água e de seus ciclos. Estes devem permanecer intactos e funcionando 
normalmente para garantir a continuidade da vida sobre a Terra. Esse equilí-
brio depende, em particular, da preservação dos mares e oceanos, por onde os 
ciclos começam.
Quinta – A água não é somente herança de nossos predecessores; ela é, 
sobretudo, um empréstimo aos nossos sucessores. Sua proteção constitui uma 
necessidade vital, assim como a obrigação moral do homem para com as ge-
rações presentes e futuras.
Sexta – A água não é uma doação da natureza; ela tem um valor econô-
mico: precisa-se saber que ela é, algumas vezes, rara e dispendiosa e que pode 
muito bem escassear em qualquer região do mundo.
Sétima – A água não deve ser desperdiçada, nem poluída, nem enve-
nenada. De maneira geral, sua utilização deve ser feita com consciência e 
discernimento para que não se chegue a uma situação de esgotamento ou de 
deterioração da qualidade das reservas atualmente disponíveis. 
Oitava – A utilização da água implica respeito à lei. Sua proteção cons-
titui uma obrigação jurídica para todo homem ou grupo social que a utiliza. 
Essa questão não deve ser ignorada nem pelo homem nem pelo Estado.
Nona – A gestão da água impõe um equilíbrio entre os imperativos de 
sua proteção e as necessidades de ordem econômica, sanitária e social.
Décima – O planejamento da gestão da água deve levar em conta a soli-
dariedade e o consenso em razão de sua distribuição desigual sobre a Terra.
Quantidade de água no planeta
A água é um elemento químico simples e ao mesmo tempo essencial à vida 
dos seres vivos. O corpo humano, por exemplo, é 70% composto por água, pre-
cisando dela para seu funcionamento. Da mesma forma acontece com os outros 
seres vivos, muitos deles sendo dependentes da água durante a vida toda, por 
exemplo, peixes e algas, ou apenas parte dela, como os anfíbios. Sem a água, a 
vida na Terra, pelo menos como ela é hoje, não seria possível.
A Terra possui quase 1,4 bilhão de quilômetros cúbicos de água. Isso sig-
nifica um ecossistema cerca de 200 vezes maior que o conjunto de ecossistemas 
terrestres. Apesar de representar três quartos do planeta Terra, não devemos es-
quecer que a maior parte da água está nos oceanos, ou seja, água salgada, e apenas 
2,5% é água doce. Os rios2, lagos3 e reservatórios de onde a humanidade retira 
a água consumida representam uma pequena quantia, apenas 0,26% do total. O 
restante da água doce está na forma de geleiras.
2Camada porosa e perme-ável de rocha ou sedimen-
to que contém grandes quan-
tidades de água subterrânea 
e que permite fácil desloca-
mento da água.
3Camada porosa e perme-ável de rocha ou sedimen-
to que contém grandes quan-
tidades de água subterrânea 
e que permite fácil desloca-
mento da água.
Recursos hídricos e cidadania I
17
Se pegarmos uma garrafa com 1,5 litro de água e a dividirmos proporcio-
nalmente, como a encontramos no planeta, a quantidade de água doce disponí-
vel seria equivalente a uma única gota? (CAPELAS JÚNIOR, 2001, p. 28).
IE
SD
E 
B
ra
si
l S
.A
.
Figura 1 – O ciclo da água.
O ciclo hidrológico mantém a quantidade de água acumulada na superfície 
e no interiordo solo. Por isso, por muito tempo se pensou que a água fosse um 
recurso natural renovável e infinito. Porém, alterando-se o ciclo desse recurso 
natural, ele se torna um recurso finito.
Com cerca de 6,5 bilhões de pessoas na Terra, era de se esperar que esse 
recurso, embora considerado renovável, tornar-se-ia escasso. O elevado grau de 
consumo, o desperdício e a poluição de fontes de água colocam em risco a nossa 
própria existência.
A guerra milenar da água
(INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL, 2005, p. 245)
No auge da idade do gelo, há 20 mil anos, caçadores e coletores de alimentos 
migraram para as regiões mais quentes da Terra, como a Mesopotâmia, dos rios 
Tigre e Eufrates, os vales dos rios Indo, na Índia, e Amarelo, na China. O controle 
dos rios começou há cerca de 4 000 anos, época em que as civilizações dessas 
Recursos hídricos e cidadania I
18
áreas realizaram obras para conter enchentes e proporcionar irrigação e abasteci-
mento humano. Dominar o uso da água dos rios fez com que algumas civilizações 
se utilizassem disso como forma de exercer poder sobre outros povos e regiões 
geográficas.
Um exemplo de conflito moderno pelo uso da água é vivenciado por is-
raelenses e palestinos. Israel depende das águas subterrâneas que estão no 
território palestino e retira cerca de 30% da disponibilidade do aquífero, com-
prometendo a capacidade de recarga desse reservatório. De um lado, Israel 
controla o uso do aquífero por parte dos palestinos, e do outro os palestinos 
reclamam a água que está em suas terras.
 
Usos múltiplos da água
A água que consumimos vem de rios, lagos, represas, açudes, reservas sub-
terrâneas e, algumas vezes, do mar. A água do mar precisa passar por um proces-
so de dessalinização, ou seja, um processo pelo qual a água e o sal são separados 
e a água passa a ser potável.
A partir da captação, a água é utilizada para diversos fins. O abastecimento públi-
co representa 10% do consumo, 23% é consumido na indústria e 67% na agricultura.
Abastecimento público
Utilizamos a água em várias atividades de nosso dia a dia. Higiene pessoal, 
alimentação, matar a sede, lavar roupa e lavar louça. Porém, sua distribuição está 
comprometida por causa do aumento da demanda, do desperdício, da poluição 
e da urbanização descontrolada – que atinge regiões de mananciais4. Antes de 
chegar até as casas, a água passa por um processo de tratamento. Após seu uso, a 
água deve passar novamente por um tratamento antes de ser lançada no ambiente. 
Infelizmente não é bem isso que acontece em muitos lugares.
Gráfico 1 – Porcentagem de água que o brasileiro usa diariamente
 
(P
E
G
O
R
IN
, 2
00
3,
 p
. 4
1-
47
)Outras atividades
3%
Higiene pessoal
(lavar roupa e 
escovar os dentes)
12%
Tomar banho
25%
Cozinhar, lavar louça
e beber
27%
Descarga de
banheiro
33%
4Locais onde há descarga e concentração natural 
de água doce originada de 
lençóis subterrâneos e de 
águas superficiais, que se 
mantêm graças à existência 
de um sistema especial de 
proteção proporcionado pela 
vegetação.
Recursos hídricos e cidadania I
19
Nós, como cidadãos consumidores responsáveis, podemos 
ajudar mudando nossos hábitos e ensinando outras pessoas a fazê- 
-lo também – por exemplo, diminuir o tempo de banho, fechar o chuveiro en-
quanto nos ensaboamos; não desperdiçar água lavando a calçada, pode-se apenas 
varrer (lavar só em caso de muita necessidade, afinal de contas, não tem como 
manter uma calçada limpa o tempo todo mesmo); lavar o carro usando um balde 
com água ao invés do jato de água; fechar a torneira enquanto escovamos os den-
tes; e usar descargas com caixa-tanque no vaso sanitário.
Quadro 1 – Gasto médio e possibilidades de economia em atividades 
diárias
Atividade Gasto médio Uso racional Economia
Escovar os dentes
12 litros em 5 
minutos
Fechar a torneira enquanto escova 
os dentes e usar água de um copo 
para enxaguar a boca.
350 mililitros
11,65 
litros
Tomar banho em 
chuveiro elétrico
45 litros em 15 
minutos
Fechar o chuveiro enquanto se 
ensaboa e diminuir o tempo de 
banho para cinco minutos.
15 litros 30 litros
Lavar louça
117 litros em 
15 minutos
Limpar os restos de comida antes 
de lavar, encher a pia até a metade 
para ensaboar, manter fechada e 
enxaguar a louça em mais meia pia 
de água limpa.
20 litros 97 litros
Regar jardins e 
plantas
86 litros em 
10 minutos
Usar regador ou esguicho tipo 
revólver, regar só o necessário e, de 
preferência, pela manhã ou à noite, 
quando a evaporação é menor.
50 litros 36 litros
Lavar o carro
560 litros em 
30 minutos
Lavar só quando necessário e 
trocar o esguicho por um balde.
40 litros 520 litros
Lavar a calçada
279 litros em 
15 minutos
Limpar com vassoura, o resultado 
é o mesmo.
não há 
consumo de 
água
279 litros
Obs.: como a pressão da água nos prédios é maior, o consumo em edifícios pode ser até três vezes a 
mais do que se gasta em uma casa. Os números acima se referem ao consumo em casa.
(R
O
C
H
A
; D
IL
L
, 2
00
1)
Indústria
O setor industrial utiliza muita água, representando cerca de 25% do consu-
mo total do planeta. A água pode ser utilizada diretamente como matéria-prima 
na fabricação de bebidas, como os refrigerantes. Também serve para a transmis-
são de calor, ou seja, para aquecer ou resfriar algo. Na culinária, também utiliza-
mos a água como meio de transmitir calor quando utilizamos o banho-maria. Na 
indústria, o vapor de água é utilizado para aquecer os banhos de revestimento de 
peças metálicas, como a galvanoplastia. Nos alambiques, a água gelada é utilizada 
para condensar o destilado (por exemplo, cachaça). Na fábrica de papel, a água é 
utilizada para lavar a celulose5 e remover a lignina6.
5É o principal composto químico da parede celu-
lar nas plantas e em alguns 
protistas.
6Composto químico que constitui a parede celular 
secundária de alguns tipos 
de células nas plantas vas-
culares. Depois da celulose, 
a lignina é o polímero mais 
abundante em um vegetal. 
Sua presença dá maior sus-
tentabilidade para a parede 
celular.
Como posso ajudar?
Recursos hídricos e cidadania I
20
Quadro 1 – Consumo industrial da água (dados aproximados)
Atividade Gasto médio
Produto 12 litros em 5 minutos
Papel de celulose 33 a 216
Cerveja 4,5 a 12
Refrigerante 1,8 a 2,5
Uísque (EUA) 2,6 a 76
Álcool 1 000 a 12 000l/t de cana
Cimento Portland 0,55 a 1,9
Amido de milho 13 a 18/t de milho
(S
IL
VA
, 2
00
5,
 p
. 2
59
)
Geração de energia 
Após a descoberta da energia elétrica, o estilo de vida das pessoas mudou 
muito. Hoje, nos centros urbanos, não se imagina uma casa sem energia elétrica, 
apesar de existirem muitas ainda no mundo.
São várias as formas de se conseguir a geração de energia elétrica e uma 
delas é através das usinas hidrelétricas, ou seja, utilizando-se a água.
Em uma usina hidrelétrica, a água contida nas barragens é direcionada para 
passar pelas turbinas da usina, movimentando-as e assim gerando a energia elétrica.
Apesar dos impactos ambientais causados durante a construção e operação 
de uma usina hidrelétrica, esta ainda é uma das formas mais limpas de se obter 
energia elétrica.
Turismo e lazer
Existem regiões do Brasil bastante conhecidas pelos seus atrativos turís-
ticos relacionados à água. O litoral brasileiro tem pouco mais de 9 mil quilô-
metros de extensão, e o turismo é um fator importante. Locais no interior do 
país, como a região do Pantanal, por exemplo, também são pontos turísticos. 
Outros exemplos são as águas termais de Minas Gerais, Goiás e São Paulo. 
Nada melhor do que um banho de mar, cachoeira ou rio. Algumas pessoas 
ainda preferem praticar esportes, como iatismo, remo, rafting, mergulho, surfe, 
entre outros.A prática do surfe inclusive deixou de ser apenas na água salgada 
dos oceanos. No Brasil, muitos surfistas estão pegando as ondas da pororoca7, 
principalmente no rio Amazonas.
Hidrovias
O transporte de produtos é sempre uma questão muito importante, princi-
palmente em um país tão extenso como o Brasil. Diferentemente do transporte 
rodoviário, o transporte através de barcos e navios consome menos combustíveis 
e apresenta um custo de mão de obra mais baixo.
7O encontro das correntes contrárias junto à foz pro-
voca uma elevação súbita das 
águas, formando uma onda 
com 3 a 6 metros de altura 
que corre rio adentro. Essas 
ondas chegam a durar mais 
de uma hora.
Recursos hídricos e cidadania I
21
Um comboio fluvial (embarcação para transporte de carga em hidrovias) 
de 10 mil toneladas necessita de 12 homens em sua tripulação. Se a mesma 
carga fosse deslocada por transporte rodoviário, seriam necessários 278 cami-
nhões e seus respectivos motoristas. 
Mesmo assim, os riscos existem da mesma forma para todas as instala-
ções de infraestrutura. É importante ressaltar que uma hidrovia mal planejada 
e mal manejada também causa impactos ambientais. As embarcações preci-
sam estar em perfeito funcionamento para não poluírem a água, com algum 
vazamento de óleo, por exemplo.
Aquicultura
Aquicultura é o cultivo de espécies animais que vivem na água. Entre eles 
estão os peixes, os crustáceos e os moluscos. Dessa maneira, abastece-se o mer-
cado de alimentos e também o lazer, através dos pesque-pagues.
Irrigação agrícola
No mundo todo, a irrigação é a atividade que mais consome água. Infeliz-
mente, as técnicas utilizadas no Brasil não são adequadas e acabam gerando mui-
to desperdício. Apenas 40% da água é efetivamente utilizada, o restante é perdido 
na evaporação antes de chegar à planta ou através do uso incorreto das técnicas, 
ou seja, porque a irrigação não é feita em horário ou período adequado.
Abastecimento em crise nas cidades
(PEGORIN, 2003, p. 46)
Bons e maus exemplos de como algumas capitais do país aproveitam a 
água que têm disponível.
 Recife: entre as capitais nordestinas, é a que mais dispõe de água 
doce. Mesmo cortada várias vezes pelos rios Beberibe e Capiberibe, 
convive com racionamentos periódicos há cinco anos por causa de 
falta de captação e o desperdício. Metade da água da cidade se perde 
em vazamentos.
 São Paulo: a poluição dos reservatórios e dos dois principais rios da 
cidade, Tietê e Pinheiros, provocam o caos quando as chuvas não são 
suficientes. Com a maior rede hidráulica do planeta (22 000km de 
canos), a cidade ainda desperdiça 40% de sua água.
 Rio de Janeiro: tem um único grande manancial para abastecimento 
de água, o Rio Paraíba do Sul, que já se encontra quase esgotado e 
com má qualidade. Como não são feitas obras para melhorar a falta 
d’água, as regiões de periferia são as que mais passam por crises.
Recursos hídricos e cidadania I
22
 Porto Alegre: apesar de ser chamado de rio, o Guaíba, que corta a 
capital gaúcha, é um lago. Antes poluído e quase sem vida, está desde 
1989 passando por um programa de recuperação, que já conta com 69 
estações de águas e aumentou de 5% para 27% o volume de esgotos 
tratados na cidade.
 Fortaleza: mesmo durante o período das secas, a capital cearense não 
sofre problemas de abastecimento de água porque sua perda em va-
zamentos, 30%, está abaixo da média nacional. Ainda assim, os ma-
nanciais hoje explorados pela cidade não são suficientes.
As principais causas 
da contaminação8 da água
 Efluentes9 domésticos – Quando damos a descarga, a água que escorre 
pelos ralos de nossa casa, ou seja, a água que utilizamos todos os dias, 
passa pelas tubulações da casa e cai na rede de esgoto, quando existe. 
Esse esgoto deveria passar por um tratamento, para só então a água re-
tornar ao ambiente. No entanto, no Brasil, apenas 20% do esgoto é tra-
tado. O restante é despejado diretamente em rios e córregos, poluindo o 
ambiente e contribuindo para a proliferação de doenças.
 Efluentes agrícolas – As substâncias utilizadas na agricultura, como 
fertilizantes e defensores agrícolas, acabam contaminando rios, lagos e 
águas subterrâneas. Substâncias como nitrato de sódio, cálcio e potássio 
oriundos dos fertilizantes são altamente cancerígenos. Eles infiltram-se 
nos solos e através da chuva são carregados para rios, lagos e lençóis fre-
áticos.
 Efluentes industriais – Quando a indústria não dá uma destinação cor-
reta aos seus rejeitos, acaba poluindo as águas. Entre os rejeitos indus-
triais estão os metais tóxicos, plásticos e substâncias químicas poluentes 
diversas, como pigmentos, ácidos e detergentes.
 Lixo – Se o lixo não tiver uma destinação correta, em local adequado, 
os poluentes gerados em sua decomposição natural afetam rios e águas 
subterrâneas.
A eutrofização
A palavra eutrofização deriva do grego eu (que significa bom, verdadeiro) e 
trophein (nutrir), ou seja, bem nutrido. Dessa maneira, o processo consiste no en-
riquecimento das águas com nutrientes em um ritmo que não pode ser compensa-
do pela sua eliminação definitiva através da mineralização total. Esses nutrientes 
podem vir de várias fontes, entre elas: esgotos domésticos, despejos industriais, 
8Introdução de um agente indesejável em um meio 
onde este não existia previa-
mente.
9Rejeitos no estado líquido. 
Recursos hídricos e cidadania I
23
drenagem urbana, escoamento agrícola e florestal, decomposição de rochas e se-
dimentos, e transporte das camadas superficiais do solo (erosão).
A eutrofização aparece em vários contextos e não é exclusivamente decor-
rente da ação humana, pois existem registros desse processo no desenvolvimento 
dos lagos pós-glaciais, através do estudo do tipo de sedimento encontrado antes 
de qualquer intervenção humana. Porém, com o lançamento de produtos nos rios 
através do esgoto, principalmente os detergentes, ricos em fosfatos, há um aumen-
to na velocidade com que o processo ocorre.
Com o aumento de nutrientes, as algas proliferam atingindo quantidades 
extraordinárias. Com um ciclo de reprodução intenso e uma vida não muito longa, 
as algas mortas começam a ser decompostas. A decomposição diminui a con-
centração de oxigênio nas águas profundas, podendo causar a morte de peixes e 
outros seres vivos.
Os efeitos da eutrofização são: prejuízos ao tratamento de águas para abas-
tecimento; prejuízo ao lazer e recreação por causa de má qualidade da água; au-
mento da produtividade, e, consequentemente, proliferação de algas tóxicas ou 
não; mortandade de peixes; a água fica indisponível para o consumo humano.
As bacias hidrográficas
No Brasil, existem cinco grandes bacias hidrográficas: Amazônica, Prata, 
São Francisco, Araguaia-Tocantins e Atlântico Sul.
A Bacia Amazônica, formada pelo Rio Amazonas e seus afluentes, é consi-
derada a maior bacia hidrográfica do mundo, com uma drenagem de 5,8 milhões 
de quilômetros quadrados. Ela abrange a Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia e 
Brasil. Neste localiza-se nos estados do Amazonas, Pará, Amapá, Acre, Roraima, 
Rondônia e Mato Grosso. O Rio Amazonas é responsável por 20% da água doce 
despejada anualmente nos oceanos.
A Bacia do Prata é a segunda maior bacia da América do Sul. Os rios Para-
guai, Paraná e Uruguai juntos drenam 10,5% do território brasileiro. Ela atravessa 
quatro países: Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai. No Brasil, ela abrange os 
estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná, Santa Catarina 
e Rio Grande do Sul.
A Bacia do São Francisco é a terceira maior bacia do Brasil, e a única intei-
ramente brasileira. Ela ocupa 8% do território brasileiro, abrangendo as regiões 
Sudeste e Nordeste e um pouquinho da região Centro-Oeste.
As matas ciliares
As matas ciliares são as florestas associadas aos cursos d’água. Mesmo estan-do protegidas por leis federais, sua destruição é preocupante. Elas representam uma 
barreira física, regulando os processos de troca entre os ambientes terrestre e aquá-
tico. Sua presença reduz a possibilidade de contaminação da água por sedimentos, 
Recursos hídricos e cidadania I
24
resíduos de adubos, defensivos agrícolas, conduzidos pelo escoamento superficial 
da água no terreno. Os fatores responsáveis por sua degradação são os desmata-
mentos, as grandes queimadas e a mineração. Um dos mais sérios problemas provo-
cados pela destruição desse ecossistema é o aumento do escoamento superficial de 
resíduos para o leito dos rios, sendo que o acúmulo desse sedimento é o responsável 
pelo rebaixamento do nível do lençol freático, gerando enchentes e diminuindo a 
vida útil das barragens e hidrelétricas. Além disso, ainda favorece os problemas de 
erosão, perda de fertilidade do solo, deslizamento de rochas e queda de árvores.
Desse modo, as matas ciliares são consideradas de extrema importância 
para a manutenção das bacias hidrográficas.
A bacia hidrográfica 
como unidade de planejamento
As bacias hidrográficas proporcionam uma visão integrada do conjunto das 
condições naturais e das atividades humanas desenvolvidas. Pelo seu caráter inte-
grador das dinâmicas ocorridas no ambiente da bacia hidrográfica, são excelentes 
áreas de estudos para o planejamento, facilitando o acompanhamento do processo 
de renovação ou manutenção dos recursos naturais.
Entre os princípios básicos praticados nos países que avançaram na gestão 
de recursos hídricos, o primeiro é o da adoção da bacia hidrográfica como unida-
de de planejamento. Tendo-se os limites das bacias como o que define o perímetro 
da área a ser planejada, fica mais fácil fazer o confronto entre as disponibilidades 
e as demandas, essenciais para um determinado balanço hídrico. 
Como uma mesma bacia hidrográfica localiza-se em vários estados, seu pa-
pel também é o de descentralizadora das ações de gestão dos recursos hídricos, 
transformando o processo em um planejamento regional desenvolvido em cada ba-
cia hidrográfica, com a atuação do Estado, da população e das organizações civis.
Conclusão
A água é um dos recursos naturais essenciais para a existência da vida. Sem 
ela, a vida na Terra, como a conhecemos, não seria possível. No entanto, os seres 
humanos esquecem da importância desse recurso quando o tratam como produto 
descartável, usando, tornando imprestável e jogando fora. Os ecossistemas que 
“se virem” para filtrar e neutralizar essa poluição.
Só que os ecossistemas são responsáveis pela produção da água de boa qua-
lidade para a vida em suas diferentes formas, e quando desequilibrados não con-
seguem exercer sua função. Falta de cobertura vegetal, solos impermeabilizados e 
lixo são apenas alguns dos problemas enfrentados pelas bacias hidrográficas.
A água é um bem de uso comum. Todos podem usufruir, mas não “deveriam” 
poluir. Sem a informação e a conscientização, esse recurso poderá se tornar escasso 
em pouco tempo, aumentando os problemas ambientais, sociais e econômicos.
Recursos hídricos e cidadania I
25
Um dos passos mais importantes, na legislação referente a recursos hídri-
cos, foi valorizar a bacia hidrográfica como unidade de gestão (Lei das Águas, 
1997). É a ordem natural e deve orientar o planejamento econômico. Quer di-
zer, o desenvolvimento precisa regular seu crescimento e discutir prioridades 
com base nos recursos hídricos disponíveis dentro de cada bacia hidrográfica. 
Não se pode tirar a água de outras bacias para atender a um crescimento não 
planejado, como se pretende fazer com São Paulo em relação à bacia do Rio 
Piracicaba. Ninguém quer condenar os paulistanos à sede, é evidente, mas é 
importante trabalhar com os recursos disponíveis e, se não há mais recursos, 
é preciso parar de crescer. (MACHADO, 2004).
Site do Projeto Brasil das Águas: <www.brasildasaguas.com.br>.
Esse é o site oficial do Projeto Brasil das Águas, desenvolvido por Gerard e Margi Moss, em 
parceria com pesquisadores de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Durante 14 meses, um 
avião anfíbio foi utilizado para coletar e analisar a água de todo o território brasileiro. O resultado do 
projeto é um “raio X” da qualidade da água doce do Brasil.
Recursos hídricos e cidadania I
26
Recursos hídricos 
e cidadania II
A capacidade de armazenamento de água da maioria dos reservatórios já foi 
muito reduzida pelo assoreamento e falta de cuidado com as margens. Mas é só co-
meçar a chover que, aliviados com a abundância de água, deixamos de nos preocupar 
com o controle dos desperdícios e dos excessos. E deixamos de sentir a falta que a 
água faz nos ecossistemas, uma questão que se torna tanto mais crítica quanto maior a 
disputa em torno dos múltiplos usos dos recursos hídricos em atividades humanas.
Liana John
O aumento da população mundial tem como umas das consequências mais diretas o aumento proporcional do consumo dos recursos naturais. No caso da água, além do consumo crescente, a falta de cuidados com 
os reservatórios, que muitas vezes também são usados para disposição final dos 
efluentes domésticos, comerciais e industriais, têm sido os principais fatores de 
degradação. A deterioração dos ecossistemas, principais geradores e mantenedo-
res da qualidade da água, também tem causado a diminuição dos estoques de água 
utilizável para consumo humano.
A percepção da necessidade de regulamentação do uso da água tem promo-
vido uma série de propostas de leis que disciplinam esse uso, em todos os níveis 
de administração pública. Na década de 1990, a questão da água foi bastante dis-
cutida e instituiu-se a Lei de Recursos Hídricos, em 1997.
Lei de Recursos Hídricos
A Lei Federal 9.433/97, também conhecida como Lei das Águas, instituiu 
a Política Nacional dos Recursos Hídricos e criou o Sistema Nacional de Geren-
ciamento dos Recursos Hídricos. Através da Lei 9.984/2000, foi criada a Agência 
Nacional de Águas (ANA), com a missão de implementar o sistema criado pela 
Lei de Recursos Hídricos.
Essa Lei tem como base o princípio de que a água é um bem de domínio 
público, porém é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico. Essa lei 
também determina que, em situações de escassez, o uso da água tem como priori-
dade o consumo humano e a dessedentação de animais. Além disso, a gestão dos 
recursos hídricos deve proporcionar o uso múltiplo das águas. A Política Nacional 
de Recursos Hídricos tem como objetivo assegurar a disponibilidade de água po-
tável para esta e para as futuras gerações, e tem como um de seus instrumentos a 
Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos1.
1 A Outorga de Direito de Uso de Recursos Hídricos 
é um documento emitido pela 
Agência Nacional das Águas 
(ANA), que dá o direito de 
retirada do recurso natural a 
uma empresa por determina-
do tempo. 
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O principal ponto da Lei 9.433/97 é considerar a água como bem de consu-
mo, passando a ser cobrada. Hoje, o valor que pagamos pela água em nossos lares 
é referente à sua distribuição e tratamento. A proposta da lei é cobrar pela retirada 
de água do ambiente, ou seja, cobrar pelos recursos naturais que estão sendo utili-
zados. Dessa maneira, deseja-se fazer com que a água seja reconhecida como bem 
econômico, fornecendo ao usuário uma indicação de seu real valor e incentivando 
a racionalização do seu uso, além de obter recursos financeiros para o financia-
mento dos programas e intervenções contemplados nos recursos hídricos.
A experiência em outros países mostra que, em bacias que utilizam a co-
brança, os indivíduos e firmas poluidores reagem incorporando custos associados 
à poluição ou a outro uso da água. A cobrança pelo uso de recursos hídricos, mais 
do que instrumento para gerar receita, é indutorade mudanças pela economia da 
água, pela redução de perdas e pela gestão com justiça ambiental, pois se cobra 
de quem usa ou polui.
A Política Nacional de Gestão de Recursos Hídricos define a bacia hidro-
gráfica como uma unidade de planejamento e gestão. O Comitê de Bacia é o 
órgão responsável pela aprovação do plano da bacia, onde são definidas 
as prioridades de obras e ações, além de ter o papel de negociador, com 
instrumentos técnicos para analisar o problema dentro de um contexto 
mais amplo. Todavia, a outorga de direito de uso da água na bacia é de 
responsabilidade dos órgãos gestores estaduais e da ANA. A deliberação 
sobre ações que transcendem o âmbito da bacia é responsabilidade do Conselho 
Nacional de Recursos Hídricos, órgão superior do Sistema Nacional de Gerencia-
mento de Recursos Hídricos.
As principais competências dos Comitês de Bacias Hidrográficas são: 
 promover o debate das questões relacionadas a recursos hídricos e arti-
cular a atuação das entidades intervenientes;
 arbitrar, em primeira instância administrativa, os conflitos relacionados 
aos recursos hídricos;
 aprovar o Plano de Recursos Hídricos da bacia;
 acompanhar a execução do Plano de Recursos Hídricos da bacia e suge-
rir as providências necessárias ao cumprimento de suas metas;
 propor ao Conselho Nacional e aos Conselhos Estaduais de Recursos 
Hídricos as acumulações, derivações, captações e lançamentos de pouca 
expressão, para efeito de isenção da obrigatoriedade de outorga de direi-
tos de uso de recursos hídricos, de acordo com seus domínios; 
 estabelecer os mecanismos de cobrança pelo uso de recursos hídricos e 
sugerir os valores a serem cobrados;
 estabelecer critérios e promover o rateio de custo das obras de uso múl-
tiplo, de interesse comum ou coletivo.
Os comitês são constituídos por representantes dos poderes públicos, dos 
usuários das águas e das organizações civis com ações desenvolvidas para a recu-
O que são os 
Comitês de Bacias 
Hidrográficas?
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peração e conservação do meio ambiente e dos recursos hídricos em uma deter-
minada bacia hidrográfica. A gestão é participativa e descentralizada. Sua criação 
formal depende de autorização do Conselho Nacional de Recursos Hídricos e de 
decreto da Presidência da República.
Para qualquer finalidade de uso das águas de um rio, lago ou mesmo de 
águas subterrâneas, deve ser solicitada uma Outorga de Direito de Uso de Recur-
sos Hídricos ao Poder Público.
Os usos mencionados referem-se, por exemplo, à captação de água 
para o abastecimento doméstico, para fins industriais ou para irrigação; ao 
lançamento de efluentes industriais ou urbanos; à construção de obras hi-
dráulicas, como barragens e canalizações de rio, uso de recursos hídricos 
com fins de aproveitamento dos potenciais hidrelétricos, ou, ainda, a ser-
viços de desassoreamento e de limpeza de margens. Em outras palavras, qualquer 
interferência que se pretenda realizar na quantidade ou na qualidade das águas de 
um manancial necessita de uma autorização do Poder Público.
Princípio do poluidor-pagador
O princípio do poluidor-pagador, também conhecido como usuário-paga-
dor, tem o objetivo de promover o uso racional dos recursos naturais, visando a 
preservação desses recursos para as gerações futuras. Esse princípio prevê que os 
responsáveis diretos ou indiretos pela degradação de qualquer ambiente deverão 
pagar pelos prejuízos causados. Recursos como a água e o ar são bens públicos 
e sua poluição acarretará em mais prejuízos para a população, além da perda de 
qualidade desses recursos.
Esse princípio não serve para afirmar que quem paga pode poluir, mas sim 
para evitar que pessoas ajam sem pensar nas consequências de seus atos. Dessa 
maneira, o pagamento efetuado pelo poluidor não lhe dá o direito de poluir. A di-
ficuldade encontrada está no fato da quantificação de valores que devem ser pagos 
para a recomposição ambiental e nos valores devidos em multas indenizatórias.
Na legislação brasileira, o princípio do poluidor-pagador é referenciado no 
artigo 4.º, VII, combinado com o parágrafo 1.º do artigo 14, da Lei 6.938/81 – Lei da 
Política Nacional do Meio Ambiente – que diz que é obrigação do poluidor, culpado 
ou não, indenizar ou reparar danos causados ao meio ambiente ou a terceiros afeta-
dos por sua atividade. Ele também é reforçado pela Constituição Federal de 1988, ar-
tigo 225, parágrafo 3.º, que afirma: “as condutas e atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais 
e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”.
No caso do uso da água, é responsabilidade do usuário-poluidor o custo de 
despoluição da água por ele utilizada. Assim, uma empresa ou pessoa que utilize 
água de um rio, deve retornar essa água ao rio com a mesma qualidade de quando 
foi captada. A cobrança pelo uso e/ou poluição dos recursos hídricos é um ins-
trumento de gestão para induzir os usuários a serem mais racionais no uso desse 
recurso e a preservarem o meio ambiente.
Por que solicitar 
autorização de uso 
da água ao Poder 
Público?
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Tecnologias para o uso da água
Recuperar uma fonte de recursos hídricos custa caro e leva bastante tempo. 
Para melhorar a situação dos recursos hídricos no planeta, é preciso, além de tentar 
limpar as fontes que já estão poluídas, evitar o desperdício, interromper os proces-
sos poluidores e criar novas maneiras de captação, controle e distribuição da água.
O Rio Tâmisa, em Londres, já foi tão poluído que deixou de ser considerado 
um cartão-postal da cidade. Seu estado de poluição já era crítico em 1856, e em 
1950 esse rio foi dado como “morto” por causa da grande quantidade de esgoto 
que recebia. A recuperação do Tâmisa começou em 1960, com o tratamento do 
esgoto e das águas pluviais, além de normas impostas às indústrias poluidoras. O 
processo exigiu muito investimento e fiscalização por parte do governo, e hoje o 
rio é considerado o estuário metropolitano mais limpo do mundo. 
Outro exemplo interessante é do estuário do Guaíba, em Porto Alegre (RS). 
O Guaíba é na verdade um grande lago, com 12 comitês responsáveis pelo seu ge-
renciamento, uso e proteção. As três principais cidades banhadas por ele são Porto 
Alegre, capital do Rio Grande do Sul, Canoas e Guaíba. Hoje, a única indústria 
que poluía o rio faz o tratamento total de seus resíduos químicos e possui certifi-
cação ISO 140002. A coleta do esgoto melhorou na capital, mas ainda são neces-
sários mais esforços no sentido de melhorar a qualidade da água do Guaíba.
Em alguns países, o esgoto é tratado e a água é reaproveitada para consumo. 
Esse destino não poluente do esgoto não é assim uma tecnologia novíssima. Há 
mais de 20 anos os cidadãos de Orange County, terra da Disneylândia, nos Esta-
dos Unidos, consomem a água reciclada dos esgotos. No mesmo país, a população 
do Arizona tem 80% de seu esgoto renovado em água potável. O Japão é outro 
exemplo: reutilizam 80% da água usada na indústria. A reutilização da água dá 
um fim à poluição causada pelo lançamento de esgoto nos cursos d’água, e tam-
bém ao problema de captação de recursos hídricos enfrentados pelas cidades, 
como acontece aqui no Brasil, na grande São Paulo, por exemplo.
Na Índia, optou-se por uma alternativa barata de captação de água. Os len-
çóis freáticos foram salvos através de poços feitos nos quintais para recolher a 
água da chuva. Aqui no Brasil, em alguns lugares semiáridos do Nordeste, as cis-
ternas para captação da água da chuva estão sendo a salvação de muitas famílias. 
A grande São Paulo também já aderiu a essa ideia, bastante simples.
Há muito tempo o cloro vem sendo utilizado para desinfecção da água. Em 
1975, descobriu-se que o cloro reagecom a matéria orgânica e produz substâncias 
organocloradas, similares aos agrotóxicos e prejudiciais à saúde. 
Uma opção mais “limpa” é a utilização do ozônio, produzido no 
local do tratamento a partir de ar seco ou oxigênio puro, submetidos 
a descargas elétricas. Assim, não é necessário adicionar outras subs-
tâncias à água. O ozônio é um oxidante que elimina micro-organismos, utilizado 
na desinfecção de piscinas, processos de lavagem de garrafas, frutas, legumes e 
verduras, atua na remoção de ferro e manganês, melhora o gosto e o odor da água, 
elimina o limo e limpa as tubulações. Sua utilização para tratamento de efluentes 
é bastante eficaz.
2O certificado que atesta o compromisso e a condu-
ta da empresa em relação ao 
meio ambiente.
E quanto ao 
tratamento da água?
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Outra forma de desinfecção da água é através da radiação ultravioleta (UV). 
Ela também é gerada no local da desinfecção por descarga elétrica, através de 
lâmpadas de vapor de mercúrio. Essa radiação penetra no corpo dos micro-orga-
nismos, altera seu código genético e impossibilita a reprodução. Assim como o 
ozônio, a radiação ultravioleta não produz substâncias nocivas na água.
Esses métodos têm sido empregados no tratamento de piscinas, com bastan-
te eficiência e maior satisfação dos usuários.
Importância da Educação 
Ambiental no uso dos recursos hídricos
No Brasil, as pessoas estão acostumadas com a ideia de abundância de 
água, afinal de contas, é o país que possui 12% da água doce do mundo. Sem a 
consciência de que esse recurso pode acabar, é comum encontrar pessoas lavando 
a calçada com a mangueira aberta sem necessidade, utilizando jatos d’água (“vas-
soura hidráulica”), ou então escovando os dentes com a torneira aberta, jogando 
fora água potável. Os exemplos de desperdício e despreocupação são muitos: la-
vagem de veículos com água tratada, o uso de válvulas sob pressão nas descargas 
dos vasos sanitários, o despejo das águas servidas de banho e lavagens em geral, 
sem a preocupação com a racionalização de consumo e/ou reutilização. Um meio 
para evitar a falta de água no futuro está nas ações de educação e conscientização 
das pessoas, incluindo todas as classes sociais e todos os setores: agrícola, indús-
tria, comércio, residências e escolas. Ensinar a inter-relação que existe entre solo, 
água, ar e seres vivos é um modo de alcançar o objetivo de se ter cidadãos mais 
comprometidos com o futuro do planeta.
Segundo dados do Banco Mundial, mais de 2,2 milhões de pessoas morrem 
todo ano e metade dos leitos hospitalares em todo o mundo estão ocupados por 
pacientes com doenças causadas pelo consumo de água contaminada e pela falta 
de saneamento. As crianças com até cinco anos são as mais afetadas, sendo 6 000 
mortes infantis por dia. Essa realidade ocorre especialmente nos países em desen-
volvimento, como Brasil, China e Índia. Uma pesquisa da Unesco sobre a qualida-
de dos mananciais de 122 países mostrou que a Bélgica é o país com pior qualidade 
de água por causa da escassez de seus lençóis freáticos, da poluição causada pelas 
indústrias e a falta de tratamento de resíduos. Nos primeiros lugares, estão Finlân-
dia, Canadá, Nova Zelândia, Reino Unido e Japão. Ainda de acordo com o relató-
rio, os rios asiáticos são os mais poluídos do mundo, e metade da população nos 
países pobres está exposta a água contaminada por esgoto ou resíduos industriais.
Conclusão
Apesar da aparente abundância de água que temos em nosso país, sua dis-
tribuição é desigual, sendo que nas regiões em que há mais cidades, a água já está 
se tornando escassa. O mesmo acontece no mundo. Países mais desenvolvidos 
demandam mais água, mas neles a drenagem desse recurso nem sempre é boa.
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Alguns países já tratam esse recurso como não renovável e apresentam for-
mas de uso mais conscientes. Porém, a poluição da água ainda é uma realidade 
triste na maioria das regiões do planeta. Ensinar as crianças sobre a importância 
desse recurso é fundamental para evitar que ele se esgote.
Na legislação, nosso país já evoluiu, agora é necessário que os cidadãos to-
mem consciência e repensem seus hábitos.
O Aquífero Guarani
(SÃO PAULO, 2005)
O Aquífero Guarani é a principal reserva subterrânea de água doce da América do Sul e um 
dos maiores sistemas aquíferos do mundo, ocupando uma área total de 1,2 milhão de quilômetros 
quadrados na Bacia do Paraná e parte da Bacia do Chaco-Paraná. Estende-se pelo Brasil (840 000 
km²), Paraguai (58 500km²), Uruguai (58 500km²) e Argentina (255 000km²), área equivalente 
aos territórios da Inglaterra, França e Espanha juntas. Sua maior ocorrência se dá em território 
brasileiro (2/3 da área total) abrangendo os Estados de Goiás, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, 
São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O Aquífero Guarani, denominação do geólogo uruguaio Danilo Anton, em memória do povo 
indígena da região, tem uma área de recarga de 150 mil quilômetros quadrados e é constituído 
pelos sedimentos arenosos da Formação Piramboia na Base (Formação Buena Vista na Argentina 
e Uruguai) e arenitos Botucatu no topo (Missiones no Paraguai, Tacuarembó no Uruguai e na 
Argentina).
O Aquífero Guarani constitui-se em uma importante reserva estratégica para o abasteci-
mento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer. Sua recarga 
natural anual (principalmente pelas chuvas) é de 160 quilômetros cúbicos ao ano, sendo que desta, 
40 quilômetros cúbicos constituem o potencial explotável sem riscos para o sistema aquífero. As 
águas em geral são de boa qualidade para o abastecimento público e outros usos, sendo que, em 
sua porção confinada, os poços têm cerca de 1 500 metros de profundidade e podem produzir 
vazões superiores a 700 metros cúbicos por hora. 
No Estado de São Paulo, o Guarani é explorado por mais de 1 000 poços e ocorre numa faixa 
no sentido sudoeste-nordeste. Sua área de recarga ocupa cerca de 17 mil quilômetros quadrados, 
onde se encontram a maior parte dos poços. Essa área é a mais vulnerável e deve ser objeto de pro-
gramas de planejamento e gestão ambiental permanentes, para se evitar a contaminação da água 
subterrânea e sobre-explotação do aquífero com o consequente rebaixamento do lençol freático e 
o impacto nos corpos d’água superficiais.
Por ser um aquífero de extensão continental com característica confinada, muitas vezes jor-
rante, sua dinâmica ainda é pouco conhecida, necessitando maiores estudos para seu entendi-
mento, de forma a possibilitar uma utilização mais racional e o estabelecimento de estratégias de 
preservação mais eficientes. 
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Até hoje, muitos poços foram perfurados para a exploração da água subterrânea, sem a devi-
da preocupação com sua proteção, sendo cada caso ou problema tratado isoladamente. Diante da 
demanda por água doce, faz-se necessário o entendimento amplo desse sistema hídrico, de forma 
a gerenciar e proteger esse recurso. 
Para tanto, é necessário organizar os dados e sistemas existentes, de forma que seja possível 
integrar a utilização dos bancos de dados dos diversos países abrangidos pelo Aquífero Guarani 
e modelar a hidrodinâmica do sistema, permitindo identificar as áreas mais frágeis que deverão 
ser protegidas.
1. Formem grupos de três pessoas e respondam: Qual é a bacia que drena a região onde você 
mora? Quais os rios que fazem parte dessa bacia?
2. Discuta com o seu grupo se existem ou não problemas em relação ao abastecimento de água em 
sua cidade. Caso existam, quais são eles?
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3. E quanto ao esgoto? Existe coleta e tratamento de esgoto em toda a cidade?
4. Com a turma toda, discuta quais as atitudes que os cidadãos podem tomar para melhorar a qua-
lidade de vida na cidade,

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