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Resenha - O Cinema como objeto de estudo acadêmico

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Cinema como objeto de estudo acadêmico
Fausto Rodrigues Borges[2: Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás, assessor de comunicação e um dos fundadores do Perro Loco – Festival de Cinema Universitário Latino-Americano. Trabalha como produtor e diretor do programa Conexão Ambiental, veiculado na TV Brasil Central e na Rádio Brasil Central AM/FM.]
CARVALHO, Cid Vasconcelos de. O Cinema como Objeto de Estudo Acadêmico. In: Revista de Ciências Sociais POLÍTICA & TRABALHO, 2009. Anais eletrônico. Paraiba, UFPB, 2009. Acesso: http://periodicos.ufpb.br/ojs/index.php/politicaetrabalho/article/view/6828/4263. Em: 16 de novembro de 2016.
Quem está começando na pesquisa acadêmica na área de cinema sabe o quanto ainda é difícil decidir sobre a metodologia mais adequada para o trabalho. E mesmo quando se decide pela análise fílmica os pesquisadores ainda encontram um campo incerto. Pensando nisso, o doutor em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará, Cid Vasconcelos, aproveitou sua experiência no campo do cinema e escreveu um artigo esclarecedor que pode ajudar os novos pesquisadores, mostrando como a abordagem do universo audiovisual é algo recente ainda no mundo acadêmico. 
Cid Vasconcelos defende no artigo que “a dimensão narrativa tem sido bastante privilegiada nos estudos acadêmicos brasileiros” (CARVALHO, 2009, pag. 197), deixando a desejar na análise dos elementos formais dos filmes. A maioria das pesquisas aborda um filme apenas como instrumento para se discutir o contexto ou ideologia apresentada na narrativa da obra. O autor lembra que há trabalhos em que o termo montagem, “fundamental para se pensar o cinema tanto em termos estéticos quanto narrativos” (CARVALHO, 2009, pag. 201), quase não aparece no texto. Havendo somente a preocupação com a história narrada na película. 
O artigo explica que a autonomia desse campo da arte na pesquisa científica só veio a se concretizar com o tempo, quando os estudos de cinema começaram a abordar as obras de forma completas. “A autonomia é caracterizada igualmente por Bourdieu pelo surgimento de academias, de instituições e de uma crítica, de apreciadores, assim como de um universo em que a construção formal das obras não só será um fator que proporcionará o diferencial simbólico, como igualmente um elemento de extrema relevância.
Vasconcelos conta que o contrário também pode ser visto na academia, ou seja, uma análise que prioriza os aspectos formais e despreza o argumento apresentado pela narrativa, mas tem sido bem menos praticado. Não podem ser ignorados a existência de estudos onde os elementos ideológicos ou históricos só aparecem para dar suporte a análise estilística. 
A fim de explicar como se deu essas duas correntes de pensamento opostas, o autor apresenta dois pensadores considerados chaves: Christian Metz e David Bordwell. Um dos primeiros a desenvolver um método científico rigoroso para a análise de filmes foi Metz, que propôs uma Grande Sintagmática, a partir da semiologia, capaz de ser aplicada a qualquer obra. Mais tarde o próprio pensador reconheceu a restrição histórico-conceitual do seu método, verificando que “não toca em toda uma infinidade de códigos que dizem respeito a outros universos semânticos igualmente presentes no cinema, como os códigos culturais mais amplos (comida, figurino, etc.) ou ainda da infiltração de códigos provenientes de outras artes no campo propriamente estético (pintura, música, fotografia, arquitetura) (CARVALHO, 2009, pag. 204).”
De forma oposta, David Bordwell, desenvolveu uma preocupação com a dimensão formal e criou um princípio de base cognitivista onde cada filme necessita de uma metodologia própria pra sua análise, levando em consideração normas estilísticas mais amplas. Vasconcelos vê no princípio de Bordwell “um grande esvaziamento de qualquer discussão que remeta à dimensão ideológica ou de interpretação cultural das obras analisadas” (CARVALHO, 2009, pag. 204). Para o autor o cognitivismo incorre no mesmo erro da teoria semiológica que tanto criticava, pois se por um lado Metz se afastava dos aspectos formais dos filmes, Bordwell descartava uma gama rica de possibilidades de se dialogar com um filme, ao oferecer pouco espaço para questões como os desejos socialmente construídos pelo espectador, as ideologias, etc. Ambos correndo risco de fazer uma leitura incompleta das obras analisadas. 
O artigo de Cid Vasconcelos traz um importante panorama sobre os estudos no campo do cinema, principalmente ao apresentar as várias possibilidades de se analisar um filme. O autor não nos poupa de exemplos de trabalhos que erram ao não encararem o cinema de frente, mostrando para quem pretende iniciar na pesquisa na área que não há um método rígido para se analisar filmes, e sim caminhos obrigatórios onde o pesquisador deve passar para não realizar uma análise superficial.

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