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SELEÇÃO DE MATERIAIS Aula 8 17-24/11/2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO – UFMA CURSO DE BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA MATÉRIA: CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS PROFESSOR: LUIS VENANCIO PROGRAMA DA DISCIPLINA 1. Introdução a Ciência e Tecnologia dos Materiais. 2. Estrutura dos materiais: arranjos atômicos e iônicos. 3. Fundamentos de cristalografia. 4. Imperfeições em sólidos cristalinos. 5. Diagrama de fases 6. Polímeros, materiais compósitos e nano estruturados. 7. Propriedades dos materiais. 8. Seleção de materiais. DATA DESCRIÇÃO 06-Sep Introdução a Ciência e Tecnologia dos Materiais 13-Sep Estrutura dos Materiais: Arranjos atômicos e Iônicos 15-Sep Estrutura dos Materiais: Arranjos atômicos e Iônicos 20-Sep Fundamentos de Cristalografia 22-Sep Exercícios 27-Sep Exercícios 29-Sep Avaliação 1 04-Oct Cancelada 06-Oct Imperfeições em Sólidos Cristalinos 11-Oct Diagramas de Fases 13-Oct Ponto facultativo 18-Oct Polímeros, Materiais Compósitos e Nanoestruturados 25-Oct Exercícios 27-Oct Exercícios 01-Nov Avaliação 2 03-Nov Propriedades dos Materiais 08-Nov Fratura, Fadiga e Fluência 10-Nov Cerâmicas 17-Nov Seleção de Materiais 22-Nov Seleção de Materiais 24-Nov Seleção de Materiais 29-Nov Exercícios 01-Dec Avaliação 3 06-Dec Revisão 13-Dec Reposição 15-Dec Revisão 20-Dec Final 22-Dec Revisão EQUIPAMENTOS INDUSTRIAIS Equipamentos usados em indústrias de processamento ou fabricação bem como na armazenagem, manuseio ou distribuição de graneis sólidos e líquidos. - Refinarias de petróleo. - Indústrias químicas e petroquímicas. - Indústrias alimentares e farmacêuticas, - Terminais de armazenagem e distribuição de graneis. - Fábricas de equipamentos. EQUIPAMENTOS DE PROCESSOS Tubulações e Dutos Equipamentos de caldeiraria Máquinas Na indústria existem três condições características que tornam necessário um maior grau de confiabilidade para os equipamentos (o que inclui a seleção de materiais para esses equipamentos) em comparação com a exigência normal. 1. Regime de trabalho (24 x 7 versus 44 h) 2. Fluxograma do processo – cadeia contínua entre os equipamentos. 3. Manuseio de produtos de risco e condições de risco. EQUIPAMENTOS DE PROCESSOS Fatores que influenciam na seleção Fatores relativos à resistência mecânica do material Propriedades mecânicas: - limite de resistência e de escoamento; ductilidade; resistência à fluência e à fadiga; temperatura de transição; dureza; módulo de elasticidade Fatores relativos ao serviço • Temperatura de trabalho – geralmente temperatura do fluido em contato; • Fluidos em contato: natureza, composição química, concentração; pH, caráter oxidante/redutor Impurezas Pressão, temperatura, velocidade Toxidez, explosividade, flamabilidade Fatores relativos ao serviço Fatores que influenciam na seleção • Ação do fluidos sobre os materiais – devem ser considerados os fenômenos de corrosão bem como outros efeitos deletérios do fluido sobre o material, como a fragilização, alterações químicas etc. Obs: em alguns equipamentos existem peças em contato simultâneo com dois fluidos (trocadores de calor). Para esses casos a escolha dos materiais adequados é bastante difícil, devido a diversidade dos efeitos corrosivos e de temperatura dos dois fluidos em contato. Fatores que influenciam na seleção Fatores relativos ao serviço • Efeitos dos produtos de corrosão: a seleção deverá passar pelo máximo tolerável de contaminação e suas consequências sobre a cor, o gosto, a toxidez etc. os resíduos de corrosão quando se acumulam no fundo dos equipamentos e tubulações podem ocasionar sérios problemas de corrosão por pites e de corrosão em frestas. • Níveis de tensões no material: resistência mecânica deve ser compatível com o nível de tensões: pressão, ação do vento, reações de dilatações térmicas, sobrecargas externas, esforços de montagem etc. Fatores que influenciam na seleção Fatores relativos ao serviço • Natureza dos esforços mecânicos: tração, compressão, flexão, estáticos ou dinâmicos, choques, vibrações etc, condicionam a escolha do material. Ex: Materiais frágeis – não são adequados quando ocorrem esforços dinâmicos, choques ou altas concentrações de tensões. [ferro fundido/cerâmica/vidro]. Materiais dúcteis – pontos de concentração de tensões às vezes não são importantes – material se deforma localmente; porém com repetição ou inversão cíclica das tensões podem aparecer trincas (fadiga). Fatores que influenciam na seleção Fatores relativos à fabricação do equipamento • Limitações relativas às possibilidades de fabricação ou montagem devem ser consideradas. Tipo, formato e tamanho da peça ou do equipamento já de saída excluem o emprego de determinados materiais. Soldabilidade, usinabilidade, facilidade de conformação devem ser sempre consideradas. Disponibilidade dos materiais • Facilidade de obtenção: importação, entrega etc. • Forma de apresentação: chapas grossas, chapas finas, forjados, fundidos etc. Fatores que influenciam na seleção Custo do material • Fator às vezes decisivo na escolha. Não deve ser considerado apenas o custo direto do material, mas também os custos de fabricação, tempo de vida, custo de paralisação e de reposição do equipamento etc. Ex: O custo por quilo de um aço inoxidável austenítico tipo 304 é, aproximadamente, 2,7 vezes superior ao custo de um aço-liga 1 ¼Cr-½Mo, entretanto, a construção de um equipamento em aço tipo 304 pode ser mais econômica do que em aço liga, já que a soldagem do aço inoxidável é mais fácil, além de não ser necessário um tratamento térmico posterior. Fatores que influenciam na seleção Experiência prévia • Investigar a experiência prévia que possa existir com esse material no mesmo serviço. Dados de experiência devem ser relativos a um serviço exatamente igual e não apenas semelhante. Tempo de vida previsto • O tempo de duração mínima do material tem de ser compatível com o tempo de vida útil previsto para o equipamento ou para peça. Variações toleradas de forma ou de dimensões • Para a maioria dos equipamentos de processo podem ser toleradas variações na forma ou na dimensão (1%) durante a vida útil. Porém, há casos onde não se pode ter essa variação. Fatores que influenciam na seleção Segurança • Quando o risco potencial do equipamento, ou do local onde o mesmo se encontra, for grande ou, ainda, quando o equipamento for essencial ao funcionamento de uma instalação importante, há necessidade do emprego de materiais que ofereçam o máximo de segurança, evitando ocorrência de rupturas, vazamentos, ou outros acidentes. São exemplos de risco potencial elevado: - Equipamentos que trabalhem com fluidos inflamáveis, tóxicos, explosivos, em temperaturas e pressões altas. - Materiais de baixo ponto de fusão não devem ser empregados em equipamentos que devem ser à prova de fogo (plásticos, borrachas, alumínio, chumbo etc.) Fatores que influenciam na seleção Outros fatores específicos • Para tubos em geral o COEFICIENTE DE ATRITO deve ser considerado, pois às vezes o valor da perda de carga admissível é limitado, o que necessita de um material com um coeficiente de atrito mais baixo. Além disso, durante a vida útil esse coeficiente irá aumentar (incrustações, corrosão etc), o que deve também ser levado em consideração. • Para tubos de troca de calor CONDUTIVIDADE TÉRMICA e materiais diferentes empregados. Principalmente para tubos de trocade calor de superfície estendida (aletas). Fatores que influenciam na seleção Outros fatores específicos • DUREZA e RESISTÊNCIA À ABRASÃO – para peças sujeitas a desgaste superficial pronunciado – tubulações sujeitas a escoamentos de catalisadores, minérios, lamas, escoamento bifásico, que provoca o impingimento. • Possibilidade de solda com outro material: a seleção pode às vezes ser ditada pela necessidade de solda com outras partes, o que impõe que os metais sejam soldáveis entre si. Observações sobre a seleção Em muitos equipamentos, algumas partes costumam ser feitas de material diferente e mais nobre do que o empregado para a construção do equipamento. Exemplos: • Tubos de troca de calor de caldeiras, fornos, trocadores de calor etc. – contato com dois fluidos diferentes, paredes finas (melhorar troca térmica e redução de peso) – devem ser de material melhor e mais resistente à corrosão. • Peças internas desmontáveis em vasos de pressão (bandejas, borbulhadores, grades, recheios etc.) são frequentemente de material mais resistente à corrosão para permitir ajuste mecânico, desmontagem e também menor espessura para redução de peso. Observações sobre a seleção • Materiais de aparafusamento e fixação (parafusos, porcas, arruelas, grampos etc) são peças pequenas, sujeitas a grandes esforços e que não podem sofrer alterações dimensionais nem desgaste por corrosão. Emprega-se materiais mais resistentes. • Peças internas em válvulas, purgadores, filtros e outros são geralmente feitas de material mais resistente à corrosão, pois estão sujeitas a grandes esforços, e não se podem admitir alterações dimiensionais. Observações sobre a seleção Do que foi exposto pode se apontar as seguintes etapas para a seleção de um material para um determinado serviço: 1. Relacionar e estudar a experiência prévia existente para o serviço em questão; 2. Estudar e analisar todos os fatores que possam influir na seleção do material; 3. Colocar esses fatores em ordem de importância; 4. Estabelecer as características que deve ter o material ideal; 5. Conhecer os materiais disponíveis e suas limitações físicas e de fabricação; 6. Realizar ensaios e testes, caso possível e necessário; 7. Comparar os materiais que possam satisfazer, otimizando os custos. Classificação dos materiais para EP Classificação dos materiais para EP Classificação dos materiais para EP Recomendações de materiais Recomendações para equipamentos de troca térmica: • Partes em contato simultâneo com ambos os fluidos (quente e frio). Tubos do feixe tubular, espelhos. O material deve ser compatível com ambos os fluidos. • Os tubos devem ser sempre de paredes finas (melhorar troca térmica/peso menor) assim materiais mais nobres devem ser adotados. • O material do tubo deve ser compatível com o espelho para evitar corrosão galvânica. • Do ponto de vista da seleção é sempre preferível que o fluido mais corrosivo, ou que exige materiais mais nobres passe por dentro do tubo. Recomendações de materiais Recomendações para serviços com vapor: • Vapor d’água é um fluido pouco corrosivo e a limitação de uso será dada pela resistência a fluência do material. Porque com o aumento da temperatura ocorre aumento da pressão e portanto de solicitação mecânica no material. • A temperatura crítica do vapor saturado é de 374 °C, esta é a maior temperatura que teoricamente é possível atingir o vapor saturado. Por esse motivo, todas as partes em contato com o vapor saturado são sempre de aço carbono, qualquer que seja a pressão do vapor. Recomendações de materiais Recomendações para serviços com águas agressivas: • Água do mar, águas salobras, águas poluídas, de um modo geral são extremamente agressivas para o aço carbono e outros materiais metálicos. O que gera sempre problemas de manutenção devido a corrosão. • As recomendações para tubos de condução dessas água podem ser resumidas como: Até 4” de diâmetro: PVC ou aço galvanizado. Monel e cobre-níquel podem ser usados, mas são mais caros, ideais para pressões mais altas. Diâmetros de 2” ou maiores, aço carbono com revestimento interno de epóxi ou borracha. Diâmetros de 6” ou maiores, aço carbono com revestimento de concreto. Acima de 500 mm usa-se armação metálica internamente, para reforçar o revestimento. Recomendações de materiais Recomendações para serviços com águas agressivas: • As recomendações para válvulas são: Até 2” de diâmetro: bronze Diâmetros de 3” ou maiores, ferro fundido com internos de bronze (pode ocorrer corrosão galvânica). Às vezes é interessante utilizar válvulas de ferro-níquel com internos de bronze, apesar do custo elevado. Recomendações de materiais Recomendações para serviços com hidrocarbonetos: • A corrosividade desses compostos e portanto a seleção do material adequado, depende fundamentalmente, da temperatura e da presença de impurezas, principalmente de produtos sulfurosos e clorados (H2S – mercaptanas - ácidos naftênicos – etc). • Petróleo ácido – presença de produtos de S superior 1% (em peso). Pode conter ou não ácidos naftênicos. Quando passa do limite (0,5 -1,0 mg de KOH de neutralização) leva a problemas de corrosão em temperaturas superiores a 220 °C. Recomendações de materiais Recomendações para serviços com hidrocarbonetos: • Nesses casos recomenda-se aço inoxidável 316 para as tubulações, para os tubos de troca de calor, peças internas de válvulas, peças desmontáveis em vasos de pressão e revestimentos anticorrosivos. • Para os óleos sem ácidos naftênicos, o ataque pelo H2S, a partir de 260 °C atinge o máximo a cerca de 450 °C. Nesses casos pode ser usado os aços-liga Cr (5Cr-1/2 Mo). Recomendações de materiais Recomendações para serviços em altas temperaturas: Para serviços não corrosivos a altas temperaturas a seleção é feita usando dois limites de temperatura: Temperatura-limite de resistência à fluência aceitável; Temperatura-limite de início de formação de carepas (oxidação superficial intensa). Obs: a temperatura-limite de resistência à fluência podem ser ultrapassadas* quando em serviço contínuo para partes não sujeitas a esforços mecânicos e em curto período para equipamentos em geral. *não se pode atingir temp. de formação de carepa e nem temperatura máxima de resistência mecânica. Recomendações de materiais Variação do limite de resistência com a temperatura Recomendações para serviços em altas temperaturas: Recomendações de materiais Materiais para temperaturas elevadas Recomendações para serviços em altas temperaturas: Recomendações de materiais Recomendações para serviços com ácidos Ácido sulfúrico Recomendações de materiais Recomendações para serviços com ácidos Ácido clorídrico Exemplo de seleção Torre de destilação atmosférica em uma refinaria de petróleo. Equipamento de grande porte – 55 m de altura; 250 t de peso Condições de operação: • Fluido contido: hidrocarboneto, com alguma quantidade de compostos sulfurosos, mas sem ácidos naftênicos. • Temperaturas aproximadas: Topo: 100 °C, fundo: 350 °C, máxima (região de entrada de carga): 370 °C • Pressão: 1,5 Kg/cm2 Exemplo de seleção Torre de destilação atmosférica em uma refinaria de petróleo. A torre é dividida em três seções (economia) 1. Seção superior: temperaturas abaixo do ponto de orvalho (120 °C), possibilidade de formação de HCl (hidrólise de cloretos). Materiais: casco: aço carbono +clad de metal monel – bandejas e peças desmontáveis internas: metal monel. Torre de destilação atmosféricaExemplo de seleção Torre de destilação atmosférica em uma refinaria de petróleo. A torre é dividida em três seções (economia): 2. Seção média: temperaturas acima do ponto de orvalho e abaixo de 300 °C. Materiais: Casco: aço carbono + margem para corrosão de 4 a 6 mm – bandejas e outras partes móveis: aço inoxidável tipo 405 ou 410, devido aos produtos sulfurosos. Exemplo de seleção Torre de destilação atmosférica em uma refinaria de petróleo. A torre é dividida em três seções (economia): 3. Seção inferior: temperaturas acima de 300 °C. Materiais: Casco: aço carbono + clad de aço inoxidável tipo 405 (produtos sulfurosos) - bandejas e outras partes móveis: aço inoxidável tipo 405 ou 410. BIBLIOGRAFIA: Telles P.C. Materiais para equipamentos de processos – Editora Interciência Material produzido pela Profa. Maria Eliziane Pires de Souza com modificações
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