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IED-HD - Slides do 1º semestre

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IED – 1ª AULA
CONCEITOS DE DIREITO
Noções introdutórias abrangem:
Como os alunos entendem o objeto de estudo: o que é o Direito ?
Visão inicial dos meios e dos fins do Direito;
Acepções do vocábulo “Direito”;
Noções introdutórias de “Fontes do Direito”;
Noções introdutórias das fronteiras (limites) do Direito.
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IED – 1ª AULA
CONCEITOS DE DIREITO
0 QUE É ESTA REALIDADE QUE CHAMAMOS DE “DIREITO” ? Multiplicidade de significados. O que os alunos entendem por “Direito” ? Primeiras perguntas já embutem certa intuição do objeto questionado: há uma noção comum do Direito.
Pessoa Humana é a noção central: Direito é construído pelo homem (e para o homem), e não encontrado na natureza; é experiência humana que se constrói na história. 
Pessoa humana e suas relações com as coisas e com outras pessoas: Direito relaciona-se sempre com o universo social, só existe na vida social; ubi jus, ibi societas. 
Ordem (harmonia): Direito não é um fim em si mesmo, existe em função de outros objetivos; os meios e os fins do Direito.
Direito envolve componente ético, próprio da natureza humana. 
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IED – 1ª AULA
CONCEITOS DE DIREITO
Eventos (fatos, experiências) que o senso comum costuma relacionar ao Direito: 
Lei: não é apenas o texto escrito que relaciona-se ao universo jurídico (elaboração pelo homem, valores, fins; texto escrito que precisa ser interpretado e aplicado para “ganhar vida”); 
Processo (conflito, decisão judicial): declaração do Direito no caso concreto; só existe em razão de uma solução (justa/ correta) do conflito; jurisprudência;
Contrato (divisão/atribuição dos bens): não é apenas o pacto em si que integra o Direito (elaboração, manifestação de vontade, boa-fé, finalidade, função social); 
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IED – 1ª AULA
CONCEITOS DE DIREITO
Gregos (e tb Romanos): Direito é o “Justo”, o devido, objeto da justiça; a justiça é uma virtude (hábito) que consiste em dar a cada um o que é seu. Dar o quê? O seu Direito (oriundo da natureza, da lei ou da convenção). 
 Institutas (Justiniano): “Justiça é a vontade constante e firme de atribuir a cada um o que é seu por direito”.
Dante Alighieri: O Direito é uma proporção real e pessoal, de homem para homem, que, conservada, conserva a sociedade; corrompida, corrompe-a.
Hans Kelsen (judeu-austríaco, séc. XX, Teoria Pura do Direito): Direito é um conjunto de normas emanadas da autoridade competente. Mas qual é a finalidade?
Santi Romano (italiano, 1ª metade do séc. XX, Teoria Institucional do Direito): “realização de convivência ordenada”. Por meio do quê?
Miguel Reale: Direito é a realização ordenada e garantida do bem comum numa estrutura tridimensional bilateral atributiva.
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IED – 1ª AULA
CONCEITOS DE DIREITO
O vocábulo “Direito” tem diversas acepções (Montoro):
Fato social: a experiência jurídica se dá na vida concreta das pessoas e das comunidades. Sob este aspecto, o Direito pode ser estudado sob a ótica da faculdade de Direito, mas também é objeto de estudo da História, da Sociologia (fato social), da Filosofia, da Psicologia.
Ciência do Direito, Jurisprudência: é o estudo desta dimensão da experiência humana. 
Direito como “Justo”: a solução equitativa no caso concreto, aquilo que é devido a cada um.
Direito como Norma: a norma jurídica como regra de conduta ou de organização.
Direito Subjetivo: “meu direito”.
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IED – 1ª AULA
CONCEITOS DE DIREITO
Destas várias acepções, uma configura a noção fundamental de Direito, à qual os outros significados do vocábulo remetem. E esta essência do Direito é o que é apreendido como “o justo”, como “o devido” a cada um. As outras acepções do vocábulo remetem a esta primordial, pois só há sentido nelas se houver referência ao “justo”.
Miguel Reale, a despeito de apontar distintas acepções para o vocábulo e de indicar os mesmos elementos essenciais – componente ético, relações entre pessoas, regramento social, etc – prefere uma conceituação única: Direito é a realização ordenada e garantida do bem comum numa estrutura tridimensional bilateral atributiva. O conceito está inserido na teoria tridimensional do Direito proposta pelo autor.
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IED – 1ª AULA
CONCEITOS DE DIREITO
Leituras: 
Reale, cap. I (p. 1/11), cap. VI (p.59/68); 
Montoro, 1a parte, cap. 1 “O conceito de Direito”, p. 29/59. 
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IED – 2ª AULA
FONTES DO DIREITO
NOÇÃO INTRODUTÓRIA: Modos de concretização do Direito (Reale diz que são “os processos de produção de normas jurídicas”). 
O tema é complexo e polêmico, objeto de reflexões filosóficas, mas com implicações também na aplicação prática do Direito (fontes do Direito ou fontes das Normas Jurídicas ?).
Definição das fontes está relacionada com a concepção de “Direito”. Se a visão é mais próxima das correntes positivistas (conjunto de normas emanadas da autoridade competente), as fontes estarão restritas ao que for positivado pelo Estado . Reale não admite as “fontes materiais”, para ele estas estão situadas fora do campo propriamente jurídico, pois são o fundamento ético e social das normas jurídicas (p. 140). 
De outro lado, se o autor se aproxima das correntes jusnaturalistas vai trabalhar com as fontes materiais como origem remota do Direito, e indicar a “natureza humana” e a “natureza das coisas” como fundamento último do Direito.
Sistemas: 
-Common Law (precedentes baseados em costumes)-Tradição anglo-americana
-Civil Law (primado da lei escrita)- Tradição romanística
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IED – 2ª AULA
FONTES DO DIREITO
FONTES FORMAIS (DIRETAS, IMEDIATAS):
Legislação (sentido estrito: norma abstrata e genérica, escrita, elaborada pela autoridade competente)
Jurisprudência
Costumes
Contratos (autonomia da vontade)
FONTES MATERIAIS (INDIRETAS, MEDIATAS):
Realidade social
Valores
Natureza humana e natureza das coisas
Doutrina (já foi fonte direta: Roma conferiu força obrigatória, em certa época,`a opinião de alguns juristas; na Idade Média, as opiniões de Bártolo e Acúrsio eram subsidiárias da lei nas Ordenações Afonsinas)
 Exemplos
Predomínio das fontes estatais: lei, jurisprudência.
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IED – 2ª AULA
FONTES DO DIREITO
Ordenações não estatais (fontes não estatais): associações, Igreja, direito esportivo, convenções coletivas, relações internacionais. Montoro, p. 358
São ordenações jurídicas formais, mas a fonte direta não é o Estado. Aplicação em campo restrito, e a um grupo determinado de pessoas, e a pessoa pode fugir destas ordenações retirando-se daquele meio. Estes entes podem elaborar suas regras de conduta, e elas têm aplicação naquele meio determinado, desde que não conflitem com o ordenamento em vigor.
Exemplos: CF/88, art. 217 (direito desportivo e sua autonomia); Direito Canônico (ordenação autônoma da Igreja Católica e suas relações com o Estado, o Tratado Brasil/Vaticano).
Leituras: Reale, capítulos XII, XIII e XIV, p. 139/181
Montoro, 3ª parte, capítulo 11, p. 321/367. 
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IED – 3ª AULA
FRONTEIRAS (LIMITES) DO DIREITO
Conclusão das aulas sobre noções introdutórias do Direito, abordando as relações entre o Direito e outros códigos de conduta (Religião, Moral). Trata-se de um dos temas mais polêmicos, e um dos mais antigos na história da reflexão filosófica.
Noção introdutória acerca do conceito de MORAL. A visão dos alunos sobre a Moral.
Moral e Ética: equivocidade dos conceitos.
A palavra “ética” deriva de um termo grego que significa “costume”. Aristóteles o trata como “adjetivo” das ações, um qualificativo das “virtudes” práticas orientadas a um fim: as virtudes éticas (justiça, amizade, valor, etc) servem para a realização da ordenação da convivência humana. Já as virtudes “dianoéticas” são intelectuais (sabedoria, prudência), e são princípios fundamentais que regeriam as virtudes éticas (práticas). Vamos trabalhar com o conceito mais abrangente de Moral, como um dos códigos de conduta regradores da convivência humana. 
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IED – 3ª AULA
FRONTEIRAS (LIMITES) DO DIREITO
A religião (Cristianismo) e a dupla adesão:
às verdades reveladas e aos comandos morais. A despeito da possível existência de diferenças entre a “moral religiosa” e a “moral comum”, vamos tratar dos comandos religiosos dentro do campo único da Moral, para fins de distinção do universo jurídico. 
A ordenação da convivência humana é efetivada por meio da disciplina do comportamento das pessoas. Nesse sentido, o Direito (estatal)
disciplina todas as condutas humanas, ou só algumas ?
abarca somente a conduta exteriorizada, ou também o que se passa no plano da consciência ? Crime doloso, dano moral, boa-fé: abarcados pelo Direito apenas quando relacionados a uma conduta exteriorizada.
Direito e Moral prescrevem sanções para o descumprimento de seus comandos ? Estas sanções são equivalentes, da mesma natureza ?
As respostas a estas 3 questões vão nos esclarecer as relações entre Direito e Moral.
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IED – 3ª AULA
FRONTEIRAS (LIMITES) DO DIREITO
Teorias:
Do mínimo ético: tudo que é jurídico é moral, mas nem tudo que é moral é jurídico (2 círculos concêntricos, o da Moral englobando integralmente o do Direito);
Dos círculos secantes: uma parte comum à Moral e ao Direito, com outras áreas independentes; 
Dos círculos coincidentes: o campo da Moral e o do Direito são comuns (tudo que é jurídico é moral, e tudo que é moral é jurídico); 
Dos círculos independentes: não há nada em comum entre a Moral e o Direito, trabalham em campos totalmente distintos.
Ótica positivista: esferas distintas, o que pertence ao universo do Direito é aquilo que a autoridade constituída decidiu.
Ótica jusnaturalista: o que é “indiferente” pode ser regrado pelo Direito positivo segundo conveniências que variam no tempo e no espaço (legislação de trânsito, taxas de juros).
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IED – 3ª AULA
FRONTEIRAS (LIMITES) DO DIREITO
Podemos apontar, dentre outras, 2 grandes diferenças: primeiro, a Moral se ocupa tanto do plano da conduta prática quanto do plano da consciência, enquanto o Direito disciplina apenas as condutas exteriorizadas.
Segundo, no mundo moderno há uma distinção importante que caracteriza (qualifica) o Direito: a coercibilidade estatal, a possibilidade do uso da força com vistas ao cumprimento de uma obrigação. A Moral não dispõe deste atributo, que é próprio do Direito, e que será o tema da próxima aula.
Leituras: Reale, capítulos IV e V, p. 33/59;
Montoro, 1ª parte, capítulo 3, p. 83/101.
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
Atributos distintivos do Direito. Predomínio das fontes estatais do Direito. Coação estatal como força organizada em busca do cumprimento do Direito; heteronomia; ordenações não estatais. Sanção jurídica: organização e predeterminação; Estado como ente autorizado ao uso da força; autotutela.
 
Depois de abordar algumas noções introdutórias sobre o universo jurídico, e comparar as 3 grandes ordenações da conduta humana (Direito, Moral, Religião), vamos estudar a característica que mais aparta o Direito das outras ordenações, que é a coercibilidade estatal. Para tanto, vamos esmiuçar as 2 vertentes da atuação do Estado, a Coação e a Sanção.
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
Coercibilidade > Possibilidade do uso da força com vistas ao cumprimento de uma norma jurídica.
COAÇÃO (COERÇÃO): Há autores que tratam os termos como sinônimos, outros preferem uma distinção sutil (coerção como pressão psicológica, coação como pressão material).
 Coação é termo equívoco, e em Direito tem dois sentidos distintos:
1) Violência (física ou psíquica) contra uma pessoa. É um dos vícios que geram a anulação do ato jurídico (CC, arts 151 e ss), o ato é anulável. 
2) Força organizada para o cumprimento obrigatório das normas jurídicas.
 
Estamos estudando COAÇÃO no segundo sentido, como atributo do Direito enquanto poder estatal organizado que dispõe de força para obrigar o cumprimento de seus comandos.
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
 HETERONOMIA > Diz-se que o Direito é heterônomo porque o comando vem “de fora”, não é a própria pessoa que estabelece as regras de conduta, nem a coerção ou a sanção. Em certo sentido também a Moral e a Religião são heterônomas e dispõe de coerção (pressão psicológica) e sanção heterônomas. A diferença é que no plano da Moral e da Religião não se delega ao Estado (ou a qualquer outro ente) o uso da força no caso de descumprimento de preceito.
O Estado é o ente ao qual o Direito delega o uso da força, quando necessário ao cumprimento do preceito legal. É possível afirmar que esta é uma nota distintiva do Direito em relação às outras ordenações da convivência humana, vez que apenas ele dispõe da força estatal.
A coercibilidade do Direito não se restringe apenas ao aspecto intimidativo (possibilidade de sanções punitivas: prisão, execução forçada), mas também se expressa no incentivo ao cumprimento espontâneo dos preceitos legais (vantagens: isenções tributárias).
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
Ordenações não estatais (associações, Igreja, direito esportivo): também dispõe de coercibilidade (possibilidade do uso da força), e portanto de sanções. A diferença parece ser que estas ordenações não estatais estão voltadas a um campo restrito de aplicação (e a pessoa pode fugir da sanção retirando-se daquele meio), e no Direito o campo é mais vasto, do qual em princípio não se pode abdicar. 
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
SANÇÃO: Termo equívoco. Em Direito tem dois sentidos:
1) Fase do procedimento de aprovação de uma lei: sanção é a concordância do chefe do executivo com a nova Lei; ato anterior à promulgação e publicação da nova lei. Se discordar, Presidente pode vetar e este veto vai à apreciação do Congresso Nacional para ser derrubado ou confirmado.
2) Penalidade, castigo. 
Sanções: formas de garantia do cumprimento das normas. Toda norma de conduta (religiosa, moral, jurídica) existe para ser cumprida. Dependendo do tipo da norma, haverá uma modalidade de sanção.
Normas morais: sanção interior (remorso) e exterior (reprovação social). 
Normas religiosas: sanção interior (remorso, arrependimento, sentimento de culpa), e exterior (reprovação da instituição, necessidade de emenda do erro).
Normas jurídicas: sanção estatal, se necessário com uso da força.
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
Sanção é a face real da força no Direito, é a concretização da coercibilidade da norma jurídica. 
Exemplos: norma jurídica prevê pena para prática de crime, responsabilização do autor de um dano, execução forçada do devedor inadimplente, nulidade do ato praticado em desconformidade com a lei. Praticou crime, sanção é uma pena; causou dano sanção é indenização; não pagou dívida sanção é execução forçada; não seguiu as formalidades legais sanção é nulidade do ato. 
A sanção jurídica nunca é na dimensão da consciência, sempre se estabelece no mundo exteriorizado (privação da liberdade, execução forçada patrimonial, anulação de ato jurídico, restrição de um direito). Isto confirma a máxima de que o Direito só atua no mundo dos comportamentos exteriorizados, a despeito de certas normas jurídicas adentrarem o plano da consciência: crime doloso (com intenção de produzir o resultado), dano moral (reparação pelo sofrimento causado a outrem), boa-fé (princípio contratual, exigida no usucapião ordinário, intenção reta, ignorância dos eventuais vícios), posse ad usucapionem (com intenção de dono). PRESUNÇÃO: Suposição que se tem por verdadeira, baseada no conjunto dos fatos provados ou em indícios substanciais. 
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
PRESUNÇÃO JURÍDICA (LEGAL): Absoluta (juris et de jure – “Na união estável, vigente o regime da comunhão parcial, há presunção absoluta de que os bens adquiridos onerosamente na constância da união são resultado do esforço comum dos conviventes.”) ou relativa (juris tantum – presunção de inocência), que admite prova em contrário. Presunção de violência em estupro de menor de 14 anos, absoluta ou relativa ????
PREDETERMINAÇÃO
DA SANÇÃO > Normas jurídicas: sanção predeterminadamente organizada. O Estado é o ente que produz a hipótese de sanção (comando legal), e aquele que aplica a sanção jurídica (averiguação, jurisdição, execução). A sanção jurídica é determinada de antemão, e a própria existência do Poder Judiciário atesta a predeterminação da sanção jurídica (quem infringir uma norma jurídica sabe antecipadamente que o lesado pode acionar a justiça em busca da devida reparação). 
Apenas a sanção jurídica é predeterminada ? Parece que também a sanção no campo da Moral e da Religião é conhecida de antemão. A diferença é que nestas ordenações não há sanção estatal, que só existirá para a Moral e para a Religião na medida que o ilícito for concomitantemente jurídico. Ex: homicídio é ilícito moral e religioso, mas só recebe sanção estatal porque configura ofensa ao ordenamento jurídico.
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
Competência > O Estado como poder organizado não se constitui de forma unitária, mas é composto de vários entes e órgãos. A predeterminação inclui tanto o órgão que pode produzir a norma sancionadora, quanto o ente que tem poder para processar e para aplicar a sanção em concreto. Ex: homicídio doloso cometido em Sorocaba. A norma foi elaborada pelo ente competente (crime é da alçada do legislativo da União), e a sanção será aplicada pela Justiça estadual de Sorocaba (local do fato), após julgamento pelo Júri popular, com eventual recurso para o TJ/SP e STJ/STF. 
Ordenações não estatais (associações, Igreja, direito esportivo): também dispõe de coercibilidade (exercício da força), e portanto de sanções. A diferença parece ser que nestas há um campo restrito (e a pessoa pode fugir da sanção retirando-se do meio), e no Direito o campo é mais vasto (do qual em regra não se pode abdicar).
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
Estado é o ente autorizado a usar a força para aplicação da sanção: quem tira a liberdade do criminoso, quem retira do patrimônio do devedor bens suficientes para saldar a dívida, quem declara a nulidade do ato (e impede que ele produza efeitos válidos). Estado se sobrepõe aos indivíduos na aplicação da sanção.
Autotutela: Exceção à regra de que apenas o Estado pode se valer da força para o cumprimento de preceito legal. Nestes casos, o próprio Direito autoriza o ofendido a proteger seus interesses, se necessário com o uso da força. Exemplos: legítima defesa no campo criminal; desforço imediato no caso de ataque à posse.
No âmbito supranacional, há outros entes além do Estado que dispõe de coercibilidade, ou seja, podem aplicar sanções no caso de descumprimento de suas regras. Ex: ONU, Mercosul, União Européia, OMC, outros entes internacionais. 
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IED – 4ª AULA
Coação e sanção estatal
Leituras: Reale, capítulo VII, p. 69/80.
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IED – 5ª AULA
LINDB (LICC)
DECRETO-LEI Nº 4.657, DE 4 DE SETEMBRO DE 1942.
 Lei de Introdução ao Código Civil Brasileiro – Ementa revogada pela Lei 12.376, de 30/12/10, que passou a ter a seguinte redação: Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro.
LEI Nº 12.376, DE 30 DE DEZEMBRO DE 2010.
 Altera a ementa do Decreto-Lei no 4.657, de 4 de setembro de 1942.
 O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: 
 Art. 1o  Esta Lei altera a ementa do Decreto-Lei no 4.657, de 4 de setembro de 1942, ampliando o seu campo de aplicação. 
 Art. 2o  A ementa do Decreto-Lei no 4.657, de 4 de setembro de 1942, passa a vigorar com a seguinte redação: 
 “Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro.” 
 Art. 3o  Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. 
 Brasília,  30  de dezembro de 2010; 189o da Independência e 122o da República. 
 LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA Luiz Paulo Teles Ferreira Barreto
 
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IED – 5ª AULA
LINDB (LICC)
O Presidente da República, usando da atribuição que lhe confere o artigo 180 da Constituição, decreta:
 Art. 1o  Salvo disposição contrária, a lei começa a vigorar em todo o país quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada.
 § 1o  Nos Estados estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada. (Vide Lei 2.145, de 1953)
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IED – 5ª AULA
LINDB (LICC)
 § 2o  A vigência das leis, que os Governos Estaduais elaborem por autorização do Governo Federal, depende da aprovação deste e começa no prazo que a legislação estadual fixar. (Revogado pela Lei nº 12.036, de 2009).
 § 3o  Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação.
 § 4o  As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova.      
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IED – 5ª AULA
LINDB (LICC)
 Art. 2o  Não se destinando à vigência temporária, a lei terá vigor até que outra a modifique ou revogue. (CPMF, DRU, Lei orçamentária)
 § 1o  A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior. (revogação por norma de hierarquia igual ou superior; ab-rogação:total; derrogação:parcial; judiciário declara inconstitucionalidade ou não recepção da lei)
 § 2o  A lei nova, que estabeleça disposições gerais ou especiais a par das já existentes, não revoga nem modifica a lei anterior.
 § 3o  Salvo disposição em contrário, a lei revogada não se restaura por ter a lei revogadora perdido a vigência. (repristinação)
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IED – 5ª AULA
LINDB (LICC)
 Art. 3o  Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que não a conhece.
 Art. 4o  Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia, os costumes e os princípios gerais de direito. (CPC, art 335, das provas: Em falta de normas jurídicas particulares, o juiz aplicará as regras de experiência comum subministradas pela observação do que ordinariamente acontece e ainda as regras da experiência técnica, ressalvado, quanto a esta, o exame pericial.)
 Art. 5o  Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
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IED – 5ª AULA
LINDB (LICC)
 Art. 6º A Lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957) (CF/88, art 5º, XXXVI: a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada; XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal; XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o réu; a regra é a irretroatividade, mas a lei penal retroage para beneficiar o réu; período de transição, NCC, art 2028, redução prazo de usucapião)
 
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IED – 5ª AULA
LINDB (LICC)
 § 1º Reputa-se ato jurídico perfeito o já consumado segundo a lei vigente ao tempo em que se efetuou. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957) (contratos)
 § 2º Consideram-se adquiridos assim os direitos que o seu titular, ou alguém por ele, possa exercer, como aqueles cujo começo do exercício tenha termo pré-fixo, ou condição pré-estabelecida inalterável, a arbítrio de outrem. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957) (aposentadoria)
 § 3º Chama-se coisa julgada ou caso julgado a decisão judicial de que já não caiba recurso. (Parágrafo incluído pela Lei nº 3.238, de 1º.8.1957) 
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IED – 5ª AULA
LINDB (LICC)
Leitura: Franco Montoro, “Introdução à ciência do Direito”, 3a parte, capítulo 13.
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
1) Quanto ao objeto enunciado (a imperatividade). REALE
Normas de conduta (Primárias) > regulam comportamentos;
Normas de Organização (Secundárias) > fixam atribuições, definem conceitos. 
 
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
2) Quanto ao Território sobre o qual se aplica (critério espacial, poder soberano
sobre dada área). REALE 
- Normas de Direito Interno: disciplinam as condutas no território brasileiro. Regra geral: regulam o comportamento de todos os que estiverem no país, brasileiros natos e naturalizados, e também os estrangeiros residentes, e mesmo os de passagem. Exceções: estrangeiro não está sujeito a todas as regras (eleitoral, tributária), e parte do direito brasileiro alcança brasileiros no exterior (IR, eleitoral, etc).
Ex: LICC, art. 1o, parágrafo 1o (aplicação da Lei brasileira no estrangeiro, vacatio legis de 3 meses); art. 7o, regras sobre personalidade, capacidade, família; art. 7o, parágrafo 1o, casamento; art. 8o, regras sobre Bens; art. 9o, regras sobre Obrigações. 
CF/88, art. 12 > Nacionalidade.
- Normas de Direito Externo: Direito Internacional Público (Direito das Gentes): relações entre os Estados soberanos. Direito Internacional Privado: relações entre particulares, especialmente comerciais.
Polêmicas acerca do acolhimento e aplicação no Direito brasileiro de normas oriundas de Tratados e Convenções Internacionais: CF/88, art. 5o, parágrafos 2o, 3o e 4o, e inciso LXVII (prisão civil do depositário infiel e do devedor de alimentos; Pacto de San José da Costa Rica prevê apenas para devedor de alimentos). Procedimento para incorporação no direito interno. 
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
3) Quanto ao âmbito territorial de aplicação e à origem do Poder emissor. REALE 
Federais, Estaduais e Distritais (Distrito Federal, Brasília, Estado e Município ao mesmo tempo) e Municipais.
Área de atuação: repartição constitucional de competências (CF/88, arts. 21 a 25 e 30). Não há hierarquia entre elas, o que há é âmbito próprio de regulamentação segundo critério disposto na CF. A prevalência da norma constitucional federal não obedece ao critério espacial, mas ao critério da hierarquia das normas (outra classificação).
Questão: competência concorrente na CF/88, art. 24 (União e Estados, e depois art. 30 para os Municípios). 
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
4) Quanto à Fonte do Direito. REALE
 
Legais, jurisprudenciais, consuetudinárias e contratuais (negociais). Doutrinárias ????
Norma jurídica enuncia um dever ser de organização ou de conduta que resulta de distintas fontes.
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
5) Quanto ao destinatário. REALE, p. 136
Genéricas: obrigam a todos que se coloquem sob a moldura da norma. Cabível para a maioria das Leis e dos costumes, e em alguns casos também para jurisprudência (ações coletivas com efeitos erga omnes)
 
Particulares: vinculam pessoas determinadas. Ex: contrato, lei destinada a casos particulares. 
 
Individualizadas: Dão concretude a outras normas. Ex: sentença, resolução da administração.
 
Interpretativas: Destinadas a regular a interpretação da Lei. Ex: LICC, art. 5o
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
6) Quanto à hierarquia (formal). Maria Helena Diniz, p. 382.
Constitucionais (e Emendas) (CF/88, art. 59)
Leis Complementares (Ex: CF/88, art. 146), Leis Ordinárias, Delegadas (art. 68), Medidas Provisórias (art. 62), Decretos legislativos (ex: art. 62, parágrafo 3º) e Resoluções (ex: art. 68, parágrafos 2º e 3º)
Decretos regulamentares
Normas internas (despachos, estatutos, regimentos, etc)
Normas individuais (contratos, testamentos, sentenças, etc).
Compatibilidade com norma superior: norma inferior deve respeitar os parâmetros traçados. Vale para esfera federal (CF e legislação), estadual (CE e legislação), municipal (Lei Orgânica e legislação), competência legislativa concorrente (normas gerais), Decretos (regulamentação da lei). E todas as normas devem respeito aos princípios constitucionais.
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
7) Quanto aos efeitos decorrentes de sua violação: Reale, p. 126
Mais que perfeitas: violação acarreta nulidade do ato, E penalidade.
Ex: CC, art. 1.521, VI > Impedimentos para casamento: nulidade do ato E crime de bigamia.
Perfeitas: ato é nulo, mas não há punição.
Ex: menor que contrata; venda de imóvel sem consentimento do cônjuge.
Quase perfeitas: ato é eficaz, mas há uma penalidade.
Ex: CC, art. 1.523, I e art. 1.489, II (filhos tem hipoteca legal sobre os imóveis do pai viúvo que se casar antes da partilha)
Imperfeitas: Obrigações Naturais
Ex: Dívida de jogo, onde não há obrigação jurídica de pagar, mas se pagar não pode exigir devolução
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
8) Quanto ao grau de obrigação do destinatário. REALE, p. 130.
COGENTES, ou de Ordem Pública (Imperativas): comando não deixa margem de ação ao destinatário, deve fazer ou não fazer. Excluem qualquer acordo entre as partes, os atos devem ser praticados de acordo com o prescrito na norma, sob pena de nulidade (não geram efeitos jurídicos).
Ex: Limitação da Doação: doador deve reservar bens suficientes para sua manutenção, não pode doar todo seu patrimônio. Testamento está limitado pela legítima dos herdeiros necessários: testador só pode dispor de metade de seu patrimônio, a outra metade pertence aos herdeiros necessários.
Alguns temas COGENTES podem ser conhecidos de ofício e a qualquer tempo pelo Juiz: prescrição, decadência, legitimidade, capacidade
DISPOSITIVAS: estabelecem alternativas de conduta:
EX: CC, art. 1.984 > Testamenteiro, ou nomeado pelo testador, ou atribuído ao cônjuge, ou a um herdeiro nomeado pelo Juiz.
	Cláusulas contratuais: fixação do preço, prazo para pagamento, etc.
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
9) Quanto a natureza do que ordena. REALE, p. 136. 
Preceptivas: obrigam um comportamento. É OBRIGATÓRIO
Ex: Votar; pagar os tributos; sustentar material e moralmente os filhos; 
Proibitivas: Proíbem algum ato. É PROIBIDO
Ex: Não se pode doar todo o patrimônio; não se pode contratar sobre “herança” de pessoa viva; não se pode praticar a conduta típica descrita nos tipos penais
 
Permissivas: facultam algum ato. É PERMITIDO.
Todos os contratos (manifestação da vontade das partes): compra e venda, doação, mandato, depósito, etc.; processuais (entrar com ação, fazer prova, sustentar oralmente, etc)
 
Preceptivas e Proibitivas podem ser comutáveis: É obrigatório fazer declaração de rendimentos OU É proibido omitir rendimentos.
Às vezes o funtor (operador lingüístico) pode estar implícito (maioria dos tipos penais): Matar alguém, pena ... (é proibido matar); Subtrair coisa alheia (é proibido furtar ou roubar).
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
10) Quanto à natureza de suas disposições. Maria Helena Diniz, p. 382
Direito Material (substantivas) > Definem e regulam relações jurídicas, ou criam direitos e impõe deveres (Código Civil, Código Penal, etc). Em regra não retroagem, devem respeitar o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada. Penal: só retroagem para beneficiar o réu. 
Direito Processual ( adjetivas) > Regulam o modo ou o processo de efetivar as relações jurídicas, ou de fazer valer os direitos violados ou ameaçados (processo penal, processo civil). Aplicação imediata, alcançam o processo no estado em que se encontra.
Prescrição, Decadência, Preclusão: direito material ou processual ?
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
11) Quanto à sistematização. Maria Helena Diniz, p. 384
Esparsas ou extravagantes: editadas isoladamente. Ex: Lei do inquilinato, Lei do SNUC, Lei do parcelamento do solo urbano, etc.
Codificadas: corpo orgânico de normas sobre ramo do Direito. Ex: CTN, CC, CP,
Consolidadas: reunião de leis esparsas sobre mesmo assunto. Ex: CLT
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
12) Quanto aos reflexos no sistema normativo: 
Norma-regra: destina-se a reger apenas os fatos que disciplina, e não gera efeitos no restante do sistema normativo; são normas de estrutura fechada (prevêem um certo fato
e lhe imputam determinada consequência). Leis de trânsito
Norma-princípio: destina-se a reger um complexo de situações, e gera efeitos em amplo campo do sistema normativo; são normas de estrutura aberta que positivam valores (não descrevem nem o fato específico ao qual devem ser aplicadas nem tampouco as consequências de sua aplicação). Função social da propriedade e do contrato, boa-fé, ampla defesa e contraditório.
As regras são aplicadas através da subsunção de determinada situação concreta ao modelo fático ali descrito.
Os princípios aplicam-se com base na ponderação e não com base na subsunção – necessitando de atividade valorativa do juiz. Dupla função: são o alicerce sobre o qual se edifica o sistema normativo, e são o ponto mais elevado de onde deve partir o processo de interpretação jurídica.
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
13) Quanto à aplicação (ou eficácia). M.H.Diniz, p. 382
Eficácia absoluta: são inatingíveis por qualquer legislação que as afronte (CF, arts 1º, 2º, 5º e 14);
Eficácia plena: suficientes para disciplinar as relações jurídicas, não requerem normação posterior, produzem os efeitos previstos imediatamente, apesar de suscetíveis de emenda (CF, arts 69, 155 e 156);
Eficácia relativa restringível: aplicabilidade imediata, mas eficácia pode ser restringida por meio de lei (CF, arts 5º, XII e LXVI, 139 e 170, parágrafo único); 
Eficácia relativa complementável: dependem de norma posterior para ter eficácia, mas permitem o exercício do direito (CF, arts 17, IV, 25, par. 3º, normas institutivas, 205 e 218, normas programáticas).
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
14) Quanto ao título (origem) e à medida (extensão):
Direito natural: título e medida naturais (crimes, comodato);
Direito positivo: título e medida positivas (leis de trânsito);
Mistas: título natural e medida positiva (mútuo), ou título positivo e medida natural.
Leis positivas agem sobre o “indiferente”, aquilo que pode ser regulado de uma forma ou de outra sem ofender a natureza das coisas ou a natureza humana. Decisão do legislador é livre, e deixa de ser indiferente a partir do momento que se estabelece a norma.
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IED – 6ª AULA
CLASSIFICAÇÕES DAS NORMAS JURÍDICAS
Leituras:
Miguel Reale, “Lições preliminares de direito”, capítulo XI.
Maria Helena Diniz, “Compêndio de introdução à ciência do Direito”, 3.E, p. 376/384. 
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IED – 7ª AULA
NORMA JURÍDICA: TEORIAS
HANS KELSEN: Proposição jurídica (Norma jurídica) é um juízo hipotético ou condicional, em que o antecedente ou o pressuposto é o não cumprimento de uma obrigação e o conseqüente é a disposição de que uma sanção deve ser aplicada.
 
Definição só lida com o descumprimento da norma, não prevê cumprimento da obrigação.
 
NP (não prestação) > S (sanção). 
Se NP, deve ser S.
Se F (fato) é, deve ser C (conseqüência).
Dois elementos: 1) pressuposto (hipótese fato-tipo): não cumprimento 
2) conseqüente (sanção).
 
Fenômeno da subordinação, ou subsunção. Fato ou ato enquadra-se na hipótese (fato-tipo) prevista na norma. 
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IED – 7ª AULA
NORMA JURÍDICA: TEORIAS
CARLOS CÓSSIO (argentino): Norma jurídica como um juízo disjuntivo.
Em cada norma jurídica completa, além da norma sancionadora (NP>S) existe outra norma (ao menos implícita) que estabelece a prestação (ENDONORMA).
	Definição já engloba a possibilidade de cumprimento espontâneo, portanto a sanção não é essencial à norma.
 
Dado o fato tal, deve ser a prestação (ENDONORMA). Se contrair uma dívida, deve pagar.
 	OU 
  Dada a não prestação, deve ser a sanção (PERINORMA). Se não pagar espontaneamente, será forçado a pagar. 
 
F > P OU NP > S
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IED – 7ª AULA
NORMA JURÍDICA: TEORIAS
MIGUEL REALE: Norma jurídica é uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de organização ou de conduta, que deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória.
ESTRUTURA PROPOSICIONAL > Seu conteúdo pode ser enunciado mediante uma ou mais proposições entre si correlacionadas. O pleno significado só aparece com integração lógico-complementar de suas proposições.
 
Para que o comando expresso no “conteúdo” da norma apareça é preciso integrar uma ou várias proposições, inseridas em um ou mais “dispositivos” legais.
 
Ex: Aborto, arts. 124/128 do CP. 
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IED – 7ª AULA
NORMA JURÍDICA: TEORIAS
	Enunciativa de uma forma de organização ou de conduta
O que a norma enuncia é uma forma de organização ou de conduta.
 
Normas de organização: todas as que não descrevem condutas. As que fixam atribuições, dirigidas aos órgãos do Estado, que definem procedimentos. Não são hipotéticas ou condicionais, mas categóricas.
CPC, art. 3o: Para propor ou contestar ação é necessário ter interesse e legitimidade.
Normas de conduta: as que descrevem hipóteses de comportamentos.
 Tipos penais (matar alguém, subtrair, corromper), contratos (comprar e vender, alugar, emprestar), tributos (auferir renda, prestar serviço, possuir imóvel). 
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IED – 7ª AULA
NORMA JURÍDICA: TEORIAS
				QUE DEVE SER
 
Nenhuma regra descreve algo que é, mas que deve ser. Norma jurídica é realidade cultural de tipo finalístico, que enuncia algo apreensível apenas pela razão. Não é realidade física palpável, aferível pelos sentidos.
 
Art. 2o do CDC, “Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final.” A realidade descrita pela norma do consumidor não é palpável, aferível pelos sentidos. Significa que todo aquele que se encaixar na descrição, deve ser considerado consumidor.
 
Brasil é República Federativa. Significa que o país deve ser organizado e constituído como uma Federação Republicana.
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IED – 7ª AULA
NORMA JURÍDICA: TEORIAS
SEGUIDA DE MANEIRA OBJETIVA E OBRIGATÓRIA
Norma jurídica tem aplicação de forma heterônoma (imposta de fora, impositivo externo), e dispõe de coercibilidade estatal.
Com ou sem a concordância dos obrigados (para as regras de conduta), ou sem deixar alternativa (quando for regra de organização).
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IED – 7ª AULA
NORMA JURÍDICA: TEORIAS
MARIA HELENA DINIZ (GOFREDO TELLES JR.)
Norma jurídica é um Imperativo-Autorizante
Para descobrir a essência da norma jurídica (o que a caracteriza), é preciso apontar o gênero ao qual pertence e a diferença que a distingue das outras espécies. 
Gênero próximo: normas éticas que regem a conduta humana (diferente das leis físico-naturais). Elemento Imperativo (obriga a um comportamento).
Diferença específica: distingue-se das demais normas morais pois tem caráter autorizante. Permite ao lesado pela sua violação, a reparação do dano causado ou a reposição das coisas no estado anterior. Autoriza o uso destas faculdades de reação ao lesado.
Norma jurídica sem autorizamento será norma moral; sem imperatividade, será apenas lei física.
Coação não é privativo da norma jurídica, existe também nas normas morais. 
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IED – 7ª AULA
NORMA JURÍDICA: TEORIAS
Leituras: Reale, Lições preliminares de Direito, capítulo IX, p. 93/104.
Maria Helena Diniz, “Compêndio de Introdução à Ciência do Direito”, p. 341/376
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IED – 8ª AULA 
Ordenamento e sistema jurídico
NOÇÃO DE ORDENAMENTO JURÍDICO. 
O DIREITO COMO UM TODO ORDENADO. 
NOÇÃO DE SISTEMA E SUA APLICAÇÃO NO MUNDO JURÍDICO. 
NOÇÃO DE REGIME JURÍDICO.
TEORIAS DO NORBERTO BOBBIO E DO TERCIO SAMPAIO FERRAZ JR.
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IED – 8ª AULA 
Ordenamento e sistema jurídico
Noção introdutória: Ordenamento jurídico é o conjunto de elementos, representado pelas normas jurídicas. 
Mas não um simples amontoado de elementos; envolve a idéia de ORDEM, de várias partes harmonicamente ordenadas, de um todo lógico e coerente.
 Porém, não basta conhecer apenas o conjunto das normas, é preciso saber relaciona-las, estabelecer qual o tipo de coordenação existe entre as normas.
O estudo do ordenamento jurídico busca, em última instância, a validade da
norma; normas não são válidas em si, dependem do contexto (relação das normas com as demais normas), e assim a validade de uma norma depende do ordenamento no qual está inserida.
	Sala de aula: simples junção dos materiais pode ser um depósito; disposição dos elementos é que indica a sala de aula. 
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IED – 8ª AULA 
Ordenamento e sistema jurídico
ORDENAMENTO JURÍDICO 
ELEMENTOS + RELAÇÕES = SISTEMA JURÍDICO. 
O Sistema jurídico é um complexo composto pelas normas e pelas relações que se estabelecem entre elas.
ELEMENTOS (repertório): NORMAS JURÍDICAS
LEGISLAÇÃO
JURISPRUDÊNCIA
COSTUMES
CONTRATOS
RELAÇÕES (estrutura): Coordenação entre os elementos – hierarquia, norma-princípio e norma-regra, lex posterior, lex specialis, competência (legislativa, administrativa, judicial), norma geral na competência legislativa concorrente (Direito Urbanístico), Súmulas dos Tribunais, etc.
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IED – 8ª AULA 
Ordenamento e sistema jurídico
REGIMES JURÍDICOS: são sub-sistemas do Ordenamento Jurídico (Sistema Constitucional, Tributário, Penal, Civil, Consumidor, Ambiental, etc.).
Um fato, 3 efeitos jurídicos distintos (batida de carro: responsabilidade penal, civil-reparação do dano, administrativa-multa)
 Um contrato de compra e venda de veículo, dependendo do objeto e das pessoas envolvidas, gera 3 situações jurídicas distintas: comercial (fábrica para concessionária), consumidor (concessionária-fornecedora para consumidor final) ou civil (carro usado, de particular para particular).
Incidência do IPTU: CTN estabelece requisitos para tributação (sistema tributário), mas quem define zona urbana é o município (sistema urbanístico).
Leituras: 
 - Tercio Sampaio Ferraz Jr., “Introdução ao estudo do direito”, Norma e ordenamento (4.3.1), p. 174/181.
Norberto Bobbio, “Teoria do ordenamento jurídico”.
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Outros exemplos de normas jurídicas com caráter de incentivo ao cumprimento espontâneo dos preceitos legais: 
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