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Jessica TCC 2 (1)

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL
UNINTER
 TETZLAW, Jessica 
 RU:1220520
	
 RESUMO
O ser humano, em sua vida diária, se permite brincar até mesmo em momentos que parecem difíceis. O lúdico está na natureza humana de forma tão natural que não damos conta de como a ludicidade nos fortalece, além de evocar em nós uma energia positiva capaz de afastar males físicos e psíquicos. Na execução das nossas atividades diárias, identificamos várias atividades lúdicas sendo realizadas. Pensando o lúdico como atividade que faz parte da dinâmica humana, os jogos, as brincadeiras e as dinâmicas são indispensáveis para que a afetividade, o prazer, o autoconhecimento, a cooperação, a autonomia, a imaginação e a criatividade cresçam nas relações com o outro e consigo mesmo. Percebemos nos estágios supervisionados na educação infantil e nas atividades cotidianas, que as crianças aprendem enquanto brinca e joga. Este trabalho tem como objetivo conhecer o significado do brincar, conceituar os principais termos utilizados para designar o ato de brincar, tornando-se também fundamental compreender o universo lúdico, onde a criança comunica-se consigo mesma e com o mundo, aceita a existência dos outros, estabelece relações sociais, constrói conhecimentos, desenvolvendo-se integralmente, e ainda, os benefícios que o brincar proporciona no ensino-aprendizagem infantil. É importante perceber e incentivar a capacidade criadora das crianças, pois esta se constitui numa das formas de relacionamento e recriação do mundo, na perspectiva da lógica.
Palavras-chave: Brincadeiras. Jogos. Educação Infantil. Ludicidade. 
1 INTRODUÇÃO
		
Esta pesquisa tem como propósito apresentar a importância do lúdico para o desenvolvimento da criança na Educação Infantil. Para a criança, brincar é uma necessidade básica, assim como a saúde, a nutrição, a habitação e a educação são vistas para o desenvolvimento do potencial infantil.
A ideia e importante e possui grande relevância, pois se compreende que as brincadeiras fazem parte da infância e cabe ao professor desenvolver estratégias para a aprendizagem dos conteúdos onde os seus alunos aprendam com prazer e satisfação, as brincadeiras promovem alegria. O tema esta relacionado aos eixos estudados nas disciplinas durante o curso de pedagogia, dessa maneira podemos compreender que os profissionais da área da educação precisam dos conhecimentos adquiridos.
O interesse em desenvolver esta pesquisa nasceu da necessidade de aprofundar os conhecimentos sobre as oportunidades de aprendizagem que o brinquedo e os jogos podem ofertar. Durante o estagio curricular observei que em algumas escolas no município de Colatina/ES muitos professores não utilizavam os brinquedos e nem os jogos principalmente com as crianças da pre alfabetização. 
Nessa fase as brincadeiras e os jogos são excelente ferramentas para desenvolver a aprendizagem dos conteúdos. As práticas nas escolas ainda são tradicionais, pois há poucas brincadeiras e muitos conteúdos e escrita, sem a valorização das atividades lúdicas. 
Neste sentido, o objetivo central deste estudo é analisar a importância do brincar na Educação Infantil, pois, segundo os autores pesquisados, este é um período fundamental para a criança no que diz respeito ao seu desenvolvimento e aprendizagem de forma significativa. 
 
2. DESENVOLVIMENTO
 A criança se envolve no jogo/ atividade e sente a necessidade de partilhar com o outro, de dividir com o amigo. Esta relação expõe as potencialidades dos participantes, afeta as emoções e põe à prova as aptidões, testando limites e propondo desafios.
Brincando e jogando, a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis a sua futura atuação profissional e social, tais afetividade, o hábito de permanecer concentrada e outras habilidades perceptuais e/ou psicomotoras, pois brincando, a criança torna-se operativa.
Desta maneira, a criança aprende com mais facilidade; e dificilmente irá esquecer o conteúdo que foi passado, guardará em sua memória para o resto da vida e também terá incentivo em ensinar aos seus colegas, aprendendo cada vez mais, conseguindo se socializar com o próximo
2. FUNDAMENTACAO TEORICA
A educação infantil é tão importante quanto os outros níveis educacionais e essenciais no desenvolvimento das séries posteriores. Em virtude disso, a proposta pedagógica deve favorecer o desenvolvimento infantil de forma ampla, não se limitando apenas a alfabetização de letras, mas possibilitando um rico contato com outros meios igualmente importantes à educação de primeira infância. De acordo com o (RECNEI, 1998) estes meios essenciais podem ser definidos pelos seguintes eixos de trabalho: Identidade e autonomia, Movimento, Artes Visuais, Música, Linguagem oral e escrita, Natureza e sociedade, e Matemática. 
 No Brasil, as lutas em torno da Constituinte de 1988, do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, e as discussões em torno da atuação do Ministério da Educação nos anos de 1990 são parte de uma história coletiva de intelectuais, militantes e movimentos sociais.
Nos anos de 1970, as políticas educacionais voltadas à educação de crianças de 0 a 6 anos defendiam a educação compensatória com vistas à compensação de carências culturais, deficiências linguísticas e defasagens afetivas das crianças provenientes das camadas populares. Influenciados por orientações de agências internacionais e por programas desenvolvidos nos Estados Unidos e na Europa, documentos oficiais do MEC e pareceres do então Conselho Federal de Educação defendiam a ideia de que a pré-escola poderia, por antecipação, salvar a escola dos problemas relativos ao fracasso escolar.
A proposta do MEC de 1975, com alguns ajustes periféricos, tornou-se o modelo nacional de atenção ao pré-escolar até, pelo menos, a Nova República. Entretanto, o próprio debate crítico em torno destas questões motivou a busca de alternativas para as crianças brasileiras.
As políticas públicas estaduais e municipais implementadas na década de 1980 beneficiaram-se dos questionamentos provenientes de enfoques teóricos de diversas áreas do saber; de processos mais democráticos desencadeados na conjuntura política que estava em vias de se consolidar e que se concretizava, entre outras formas, pela volta às eleições para governos estaduais e municipais nos anos de 1980; da procura de alternativas para a política educacional que levasse em consideração os enfoques que denunciavam as consequências da diversidade cultural e linguística nas práticas educativas. Assim, ao mesmo tempo em que começaram a ter sua especificidade respeitada, as crianças passaram a ser considerada ao longo destes 30 anos – cidadãs parte de sua classe, grupo, cultura. Assistência, saúde e educação passaram a ser compreendidas como direito social de todas as crianças. 
Para aprofundar os estudos relativos aos jogos e brincadeiras e sua relação com o processo de aprendizagem de crianças em idade Educação Infantil e pré-escola buscou-se os referenciais teóricos de Vygotsky (1984, 1994,1998) e Kishimoto (1993) e outros que serão citados ao descrever das informações, os quais tem em comum o estudo sobre a importância dos jogos e brincadeiras na Educação Infantil. O jogo, aqui compreendido como o ato de envolver-se no brincar, possibilita à criança exercitar-se no domínio do simbolismo, ou seja, adentrar em mundos que se encontram apenas no seu imaginário. Sabe-se que os jogos e brincadeiras estão presentes no cotidiano das crianças, sendo atividades livres e espontâneas, onde o aprendizado acontece por meio das interações com as demais crianças e com os objetos a sua volta. . 
Na Educação Infantil, os jogos e brincadeiras possibilitam àscrianças se expressarem através da prática diária de atividades dirigidas que as fazem desenvolverem suas capacidades motoras cognitivas e sociais. Brincar é uma das atividades fundamentais para o desenvolvimento da identidade, da autonomia, e até das funções motoras, o fato de a criança, desde muito cedo, poder se comunicar por meio de gestos, sons e mais tarde representar determinado papel na brincadeira faz com que ela desenvolva sua imaginação. Nas brincadeiras as crianças podem desenvolver algumas capacidades importantes, tais como a atenção, a imitação, a memória, a imaginação.
Existem várias formas de classificação das brincadeiras, uma delas apoia-se nos estudos de Piaget, segundo Velasco (1996, p. 79) que identifica as famílias de jogos por condutas cognitivas e afetivas, habilidades funcionais e de linguagem e atividade sociais, algumas classificações: 
 Tradicional: é de valor cultural, registra a historia de um povo. Ex: brincadeiras folclóricas. Exercício: nesta brincadeira o sistema sensitivo é muito requisitado (tátil, visual, cinestésico, olfativo e gustativo), não deixando de entrar em ação a motricidade infantil. Ex: caixa de música.
 Simbólico: a criança, nesta brincadeira, deixa vir à tona sua imaginação, assumindo papéis, representando personagens, reinventando histórias. Ex: fantoches. Construção: pode-se citar os de: ordenação, montagens e união de peças entre si. Desenvolvendo habilidades manuais, imaginação e inteligência. Ex: lego.
 Educativo: nesta brincadeira, normalmente, o tema não é livre. São estabelecidos conteúdos para aquisição de conceitos como formas, tamanhos e cores. Ex: quebra-cabeça. 
 Regras: podendo ser simples ou complexas, traduzindo para a criança os limites pessoais e sociais da vida. Ex: xadrez, vôlei. Essas e outras brincadeiras ainda fazem parte da vida de muitas crianças.
2.1 A IMPORTÂNCIA DO BRINCAR 
“Brincar, segundo o dicionário Aurélio (2003), é “divertir-se, recrear-se, entreter-se, distrair-se, folgar”, também pode ser entreter-se com jogos infantis, ou seja, brincar é algo muito presente na vida do todo indivíduo, ou pelo menos de veria ser. Ouve-se muito dentro da pesquisa a palavra ludicidade , que vem do latim ludus e significa brincar. Onde neste brincar estão incluídos os jogos, brinquedos e divertimentos , tendo como função educativa do jogo o aperfeiçoamento da aprendizagem do indivíduo . 
 A partir da leitura desses autores, é possível verificar que a ludicidade, as brincadeiras, os brinquedos e os jogos são meios que a criança utiliza para se relacionar com o ambiente físico e social de onde vive, despertando sua curiosidade e ampliando seus conhecimentos e suas habilidades, nos aspectos físico, social, cultural, afetivo , emocional e cognitivo , e assim, pode -se obter os fundamentos teóricos para a dedução da importância que deve ser dada à experiência da educação infantil .Santos (2002, p.12) relata sobre a ludicidade como sendo: 
“(. ..) uma necessidade do ser humano e m qualquer idade e não pode ser vista apenas como di versão. O desenvolvimento do aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoa l, social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para um estado interior fértil, facilita os processos de socialização, com uni cação, expressão e construção de conhecimento”.
Para Vygotsky, citado por Baquero (1998), a brincadeira, o jogo são atividades específicas da infância, na quais a criança recria a realidade usando sistemas simbólicos. É uma atividade com contexto cultural e social. O autor relata sobre a zona de desenvolvimento proximal que é a distância entre o nível atual de desenvolvimento, determinado pela capacidade de resolver, independentemente, um problema, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da resolução de um problema, sob a orientação de um adulto, ou de um companheiro mais capaz. 
O brincar se torna importante no desenvolvimento da criança de maneira que as brincadeiras e jogos que vão surgindo gradativamente na vida da criança desde os mai s funcionais até os de regras. Carvalho (1992, p.14 ) afirma que:
(...) desde muito cedo o jogo na vida da criança é de fundamental importância, pois quando ela brinca, explora e manuseia tudo aquilo que está a sua volta, através de esforços físicos se mentais e sem se sentir coagida pelo adulto, começa a ter sentimentos de liberdade, portanto, real valor e atenção às atividades vivenciadas naquele instante.
É brincando também que a criança aprende a respeitar regras, a ampliar o seu relacionamento social e a respeitar a si mesmo e ao outro, a dividir, deixando o sentimento de egoísmo e posse de objetos, aprende a esperar a sua vez em algum acontecimento, aprende a conviver em sociedade. Com a ludicidade a criança começa a expressar-se com maior facilidade, ouvir, respeitar e discordar de opiniões, exercendo sua liderança, e sendo liderados e compartilhando sua alegria de brincar.Ao brincar, elas exploram o ambiente, perguntam e refletem sobre as formas culturais nas quais vivem e sobre a realidade circundante, desenvolvendo-se psicológica e socialmente. 
Zanluchi (2005, p.91) afirma que “A criança brinca daquilo que vive; extrai sua imaginação lúdica de seu dia-a-dia.”, portanto, as crianças, tendo a oportunidade de brincar, estarão mais preparadas emocionalmente para controlar suas atitudes e emoções dentro do contexto social, obtendo assim melhores resultados gerais no desenrolar da sua vida, com o brinquedo uma relação natural e consegue extravasar suas angústias e entusiasmos, suas alegrias e tristezas, suas agressividades e passividades. Devido ao seu processo gradativo de evolução, a brincadeira da criança pequena é estruturada a partir do que ela é capaz de fazer.
Em um ambiente sério e sem motivações, os educandos acabam evitando expressar seus pensamentos e sentimentos e realizar qualquer outra atitude com medo de serem constrangidos. 
Santos (2002, p. 90) relata que “(...) os jogos simbólicos, também chamados brincadeira simbólica ou faz-de-conta, são jogos através dos quais a criança expressa capacidade de representar dramaticamente.” Assim, a criança experimenta diferentes papéis e funções sociais generalizadas a partir da observação do mundo dos adultos. Neste brincar a criança age em um mundo imaginário, regido por regras semelhantes ao mundo adulto real, sendo a submissão às regras de comportamento e normas sociais a razão do prazer que ela experimenta no brincar. A criança se torna menos dependente da sua percepção e da situação que a afeta de imediato, passando a dirigir seu comportamento também por meio do significado dessa situação.
 Segundo Craidy & Kaercher (2001) Vygotsky relata novamente que quando uma criança coloca várias cadeiras uma através da outra e diz que é um trem, percebe- se que ela já é capaz de simbolizar, esta capacidade representa um passo importante para o desenvolvimento do pensamento da criança. Brincando, a criança exercita suas potencialidades e se desenvolve, pois há todo um desafio, contido nas situações lúdicas, que provoca o pensamento e leva as crianças a alcançarem níveis de desenvolvimento que só às ações por motivações essenciais conseguem. Elas passam a agir e esforçar-se sem sentir cansaço, não ficam estressadas porque estão livres de cobranças, avançam, ousam, descobrem, realizam com alegria, sentindo-se mais capazes e, portanto, mais confiantes em si mesmas e predispostas a aprender. Conforme afirma Oliveira (2000, p. 19)
“O brincar, por ser uma atividade livre que não inibe a fantasia, favorece o fortalecimento da autonomia da criança e contribui para a não formação e até quebra de estruturas defensivas. Ao brincar de que é a mãe da boneca, por exemplo, a menina não apenas imita e se identifica com a figura materna, mas realmente vive intensamentea situação de poder gerar filhos, e de ser uma mãe boa, forte e confiável”.
 Nesse caso, a brincadeira favorece o desenvolvimento individual da criança, ajuda a internalizar as normas sociais e a assumir comportamentos mais avançados que aqueles vivenciados no cotidiano, aprofundando o seu conhecimento sobre as dimensões da vida social. 
 A essas ideias associam-se convicções sobre o brincar como prática pedagógica, sendo um recurso que pode contribuir não só para o desenvolvimento infantil, como também para o cultural. Brincar não é apenas ter um momento reservado para deixar a criança à vontade em um espaço com ou sem brinquedos, e sim, um momento onde é possível ensinar e aprender muito com as mesmas. A atividade lúdica permite que a criança se prepare para a vida.
Dentro deste contexto, deve-se atentar para a importância do professor dentro deste ambiente lúdico. A criança necessita de estabilidade emocional para se envolver com a aprendizagem e como essas crianças permanece a maior parte do dia, ou mesmo o turno integral, nas referidas instituições, o brincar nesses espaços precisa ter o olhar do professor, com caráter de observação e pesquisa, possibilitando um maior entendimento sobre o desenvolvimento infantil O afeto pode ser uma maneira eficaz de aproximar o sujeito e a ludicidade em parceria com professor-aluno, ajuda a enriquecer o processo de ensino-aprendizagem. Quando o educador dá ênfase às metodologias que alicerçam as atividades lúdicas, percebe-se um maior encantamento do aluno, pois se aprende brincando.
 O professor, como principal responsável pela organização das situações de aprendizagem, deve saber o valor da brincadeira para o desenvolvimento do aluno. Cabe a ele oferecer um espaço que mescle brincadeira com as aulas cotidianas, um ambiente favorável à aprendizagem escolar e que proporcione alegria, prazer, movimento e solidariedade no ato de brincar. O educador não precisa ensinar a criança a brincar, pois este é um ato que acontece espontaneamente, mas sim planejar e organizar situações para que as brincadeiras ocorram de maneira diversificada, propiciando às crianças a possibilidade de escolher os temas, papéis, objetos e companheiros com quem brincar.
A forma como o lúdico estaria acontecendo nas creches e pré-escolas sempre foi algo que chama a atenção e desperta interesse. Mas somente participando de perto desse nível de ensino, fazendo parte da Educação Infantil de Secretaria Municipal da Educação, como estagiaria, professora ou outras funções, se pode conhecer melhor o trabalho que é desenvolvido com as crianças. É no período do estágio que nos deparamos com alguns professores e crianças de algumas pré- escolas da Rede Municipal, ou até mesmo particular,observamos que os momentos dedicados ao brincar têm sido deixados para segundo plano, acontecendo apenas na hora do recreio. Neste momento, ou o professor assume a direção das “brincadeiras”, na sua maioria da escolha do adulto, ou as crianças ficam soltas na área sob o olhar atento de um professor, preocupado apenas com a segurança dos alunos. As crianças ficam livres, e os professores ignoram todo e qualquer tipo de brincadeira que elas trazem de casa. Apesar de a maioria dos professores terem relatado, em encontros pedagógicos ou em momentos de resgate de memórias, que as brincadeiras de faz- de-conta, regras e jogos de construção fizeram parte da sua infância e lembrarem-se dessa fase de suas vidas como algo prazeroso e criativo, não se percebe em suas práticas nenhuma preocupação com o brincar no planejamento e execução do seu trabalho diário. Como afirma Garrido, a experiência docente precisa ser um espaço gerador e produtor de conhecimentos.
O professor que trabalha com a primeira infância precisa estar aberto para perceber que a natureza infantil é complexa e exige do adulto postura observadora bastante apurada, a fim de apreender o que é ser criança e como se deve lidar com elas. A ressignificação do brincar nas instituições de Educação Infantil, sobretudo por parte dos professores, requer estudo e compreensão de que sua intervenção na brincadeira é necessária. O professor como mediador da aprendizagem, deve fazer uso de novas metodologias, procurando sempre incluir na sua prática as brincadeiras, pois seu objetivo é formar educandos atuantes, reflexivos, participativos, autônomos, críticos, dinâmicos e capazes de enfrentar desafios.
Sendo assim fica claro que o brincar para a criança não é uma questão apenas de pura diversão, mas também de educação, socialização, construção e pleno desenvolvimento de suas potencialidades. A brincadeira é de fundamental importância para o desenvolvimento infantil, na medida em que a criança pode transformar e produzir novos significados. Nas situações em que a criança é estimulada, é possível observar que rompe com a relação de subordinação ao objeto, atribuindo-lhe um novo significado, o que expressa seu caráter ativo, no curso de seu próprio desenvolvimento.
2.2 ORIGEM DOS JOGOS E BRINCADEIRAS 
 O brincar já existe desde a pré-história. Na antiguidade era considerado algo natural na vida do ser humano. Fundamentais para a formação das crianças, os brinquedos acompanham a humanidade desde a Pré-História. De lá para cá, mudaram muito pouco. Os materiais são outros, mas a função é a mesma: divertir e ensinar. A humanidade brincava muito antes de aprender a escrever, e jogos como cinco- marias já eram conhecidos na Pré-História. "Desde que existem crianças, existem brinquedos", diz Cristina Von, autora de A História dos Brinquedos (Ed. Alegro). As brincadeiras de antigamente não são muito diferentes das atuais. "Fiquei surpresa ao perceber que as coisas mudaram tão pouco", afirma a escritora e pesquisadora Deborah Jaffé, integrante do comitê do museu da infância Victoria & Albert, de Londres. Se o conceito é o mesmo, a tecnologia de fabricação e os materiais evoluíram e se diversificaram, acompanhando as inovações de cada período.
 O jogo é um fenômeno cultural com múltiplas manifestações e significados, que variam conforme a época a cultura e o contexto. O que caracteriza uma situação de jogo é a iniciativa da criança, sua intenção é curiosidade. Das pesquisas de Rizzi e Haydt (apud SILVA; SOUSA, 2010, p. 1) foi levada para o homem primitivo a denominação Homo ludens indicando a sua capacidade de dedicar-se ao lúdico. Pesquisas realizadas revelam que o jogo surgiu no século XVI, e que os primeiros estudos foram em Roma e Grécia, com propósito de ensinar letras. Com o início do cristianismo, o interesse decresceu, pois tinham um propósito de uma educação disciplinadora, de memorização e de obediência. Devido a esse acontecimento, os jogos foram vistos como ofensivos e imorais, (NALLIN, 2005). 
Para Brougère (2004): “Antigamente, a brincadeira era considerada, quase sempre como fútil, ou melhor, tendo como única utilidade a distração, o recreio, e na pior das hipóteses julgavam-na nefasta.” 
Logo após o Renascimento (iniciou-se em 1453 durante a Idade Média no século XIV com a queda de Constantinopla e terminou em 1789 com a Revolução Francesa), o jogo foi privado dessa visão de censura e entrou no cotidiano de todas as crianças, jovens, e até adultos como diversão, passatempo, distração, sendo um do estudo que favorece o desenvolvimento da inteligência (NALLIN, 2005). 
As marcas arqueológicas e as pinturas rupestres deixam claro que, na antiguidade, já existiam alguns jogos que os gregos e romanos jogavam, como por exemplo, o pião contemporâneo. As primeiras bonecas foram encontradas no século IX A.C em túmulos de crianças. Nas ruínas Incas do Peru, arqueólogos encontraram vários brinquedos infantis (SOUZA, 2005). 
 Adolescentes gregos distraíam-se lançando uma bola cheia de ar na parede, construída de bexiga de animais, coberta por uma capa de couro. O moderno “cabo de guerra” já era conhecido e utilizado pelos adolescentesde Atenas, o jogo de pique pega conhecido como “pegador”, é uma forma de jogo que está presente nas diversas culturas (LOPES, 2006)
Acontece a mesma coisa com as cantigas de roda; indícios da era do Círculo Mágico, quando povos precedentes festejavam acontecimentos importantes formando círculos. Com essa formação, as pessoas demonstravam seus desejos e emoções dançando e cantando. Pensavam que, em círculo, todos eram iguais e não tinha discussão pela liderança, porque assim, todos ficavam no mesmo plano e se viam mutuamente (SOUZA, 2005).
 Kishimoto (1993), afirma que os jogos foram transmitidos de pais para filhos: A tradicionalidade e universalidade dos jogos assenta-se no fato de que povos distintos e antigos como os da Grécia e Oriente brincavam de amarelinha, de empinar papagaios, jogar pedrinhas e até hoje as crianças o fazem quase da mesma forma. Esses jogos foram transmitidos de geração em geração por meio de conhecimentos empíricos e permanecem na memória infantil.
 A utilização dos jogos como ferramenta de aprendizagem, teve seu desenvolvimento nos Estados Unidos, na década de 50, com o propósito de treinar executivos da área financeira. Por consequência dos resultados positivos, seu uso ampliou-se a outras áreas, chegando ao Brasil com muita força na década de 80 (SOUZA, 2005). Sobre as brincadeiras africanas Kishimoto (1993), comenta:
“Em relação aos jogos e brinquedos africanos, Câmara Cascudo, afirma ser difícil detectá-los pelos desconhecimentos dos negros anteriores ao século XIX. Com centenas de anos de contato com o europeu, o menino africano sofreu influência de Paris e Londres. Além do mais, há brinquedos universais presentes em qualquer cultura e situação social como as bolas, criação de animais e aves, saltos de altura, distância, etc., os quais parecem, segundo o autor, estar presentes desde tempos imemoriais em todos os países”.
 
 Os jogos e brincadeiras presentes na cultura portuguesa, africana e indígena acabaram difundindo na cultura lúdica brasileira. Esta cultura lúdica é formada, entre outras coisas, por jogos geracionais e costumes lúdicos. De acordo com Alves (2009), os costumes portugueses, dentre eles seus jogos e brincadeiras, já traziam a influência dos costumes dos povos asiáticos, originados da presença portuguesa nessas terras e complementa que grande parte dos jogos tradicionais mais conhecidos do mundo, como o jogo de saquinhos (ossinhos), amarelinha, bolinha de gude, jogo de botão, pião, pipa e outros chegou ao Brasil por intervenção dos primeiros portugueses.
CONCEITO DE JOGO
Kishimoto (2001) fala que o jogo pode ser visto como um objeto, uma atividade que possui um sistema de regras a ser obedecido pelos participantes e que distinguem uma modalidade de outra, também pode ser apenas um vocábulo usado no cotidiano para designar algo dentro de um determinado contexto social. 
Dessa forma pode-se compreender o jogo: diferenciando significados atribuídos a ele por culturas diferentes, pelas regras ou pela situação imaginária que possibilita a delimitação das ações em função das regras e pelos objetos que o caracterizam. 
Por conta disso, o termo jogo pode possuir significados distintos, de acordo com a cultura e a época. O segundo sentido se refere ao sistema de regras característica de cada jogo, na qual é possível distingui-lo dos demais. O terceiro trata o jogo como o objeto que o materializa, pois alguns jogos não podem acontecer sem um determinado objeto.
A IMPORTÂNCIA DOS JOGOS PARA CRIANÇAS DE 0 A 2 ANOS
Do nascimento até cerca de dois anos, as crianças estão na fase sensório motora, o que prevalece são os jogos de exercício que se constituem como exercícios adaptativos, onde a criança explora o mundo para conhecê-lo e para desenvolver seu próprio corpo e depois de ter aprendido ela começa a fazê-los por puro prazer. Piaget (1978, p. 119) trata dos jogos infantis como meio pelo qual as crianças começam a interagir consigo mesmas e com o mundo externo, e chega a afirmar que “tudo é jogo durante os primeiros meses de existência, à parte algumas exceções, apenas, como a nutrição ou certas emoções como medo e a cólera..
Esse período se caracteriza pelo desenvolvimento pelas ações, nele existe uma inteligência prática e um esforço de compreensão das situações através das percepções e do movimento. Quando ela refaz por prazer tem início às primeiras manifestações lúdicas, de forma que ele chega a dizer que “por outras palavras, um esquema jamais é por si mesmo lúdico, ou não lúdico, e o seu caráter de jogo só provém do contexto ou do funcionamento atual”.
Para Antunes (2004, p.31), “brincando a criança desenvolve a imaginação, fundamenta afetos, explora habilidades e, na medida em que assume múltiplos aspectos, fecunda competências cognitivas e interativas”. Nesse sentido, quando a criança brinca, ela esta exercitando aquilo que vivencia na sua realidade, se vive numa ambiente acolhedor, com carinho, ela retratará isso nas brincadeiras, se vive em um ambiente de confusão, de conflitos, essas ações também serão vivenciadas em suas brincadeiras.
 A aprendizagem precede o desenvolvimento. Nesse sentido, precisa compreender que a criança sempre esta aprendendo, antes de desenvolver suas habilidades e capacidades, e nesse processo de construção do conhecimento ela vai desenvolvendo o que vai aprendendo.
3. METODOLOGIA
	A ludicidade é um dos caminhos que possibilita ver como a criança inicia seu processo de adaptação à realidade através de uma conquista física, funcional aprendendo a lidar de forma cada vez mais coordenada, flexível com seu corpo, situando e organizando num contexto espaço temporal que lhe é reconhecível, que começa a fazer sentido para sua memória pessoal. E, com essa organização significativa da ação sensório motor que lhe dá condições de, pouco a pouco, mudar sua forma de interagir com o meio, no caminho de uma abstração reflexiva crescente no meio social.
 Assim procurei enfatizar alguns objetivos, que visam proporcionar um convívio das crianças com brinquedos, brincadeiras e jogos, com a finalidade de evidenciar suas habilidades motoras, para desenvolver seu processo maturacional. Exaltando a diferença entre jogo, brinquedo e brincadeira, através de estudos artigos e livros de vários estudiosos do assunto e organizar jogos, brincadeiras ou outras atividades corporais, valorizando-as como recurso pedagógico importante para a aprendizagem. Buscou-se na pesquisa bibliográfica, fundamentarem-se diversos conceitos de lúdicos e sua importância para o desenvolvimento da criança psicossocial e escolar.
A pesquisa realizada foi bibliográfica feita através de livros, artigos periódicos, monografias sobre o assunto e sites especializados na internet, que fundamentou diversos conceitos de lúdicos e sua importância para o desenvolvimento da criança psicossocial e escolar. Assim sendo entende-se que o lúdico contribui para o desenvolvimento da autoestima o que favorece a autoafirmação e valorização pessoal.
 REFERÊNCIAS:
ANTUNES, Celso. Educação infantil: prioridade imprescindível. Rio de janeiro: Vozes, 2004. 
KISHIMOTO, Tizuko Mochida. Jogo, brinquedo e brincadeira. In: ________ O jogo e a educação infantil (org.). 5 ed. São Paulo: Cortez 2001.
KISHIMOTO, Tizuko Morchida (org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 10ª edição, SP: Cortez, 2007.
PORTAL DA EDUCAÇÃO S/A - CNPJ: 04.670.765/0001-90 - Inscrição Estadual: 283.797.118 - Rua Sete de Setembro, 1.686 - Campo Grande - MS - CEP 79002-130
Terry Orlick (1989, apud BROWN, 2004, p.13 e 14),
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 PIAGET, Jean. A formação do símbolo na criança. 3ª Ed, Rio de Janeiro:
 COLATINA 2017

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