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Tensoativos em xampús e sabonetes Conceito Limpar a pele ou os cabelos significa remover sujidades provenientes de poeira, secreções naturais como a oleosidade em excesso, células córneas em descamação, poluição, resíduos cosméticos, maquiagem e etc. Formas de limpar a pele Uso de solventes orgânicos; Uso de substâncias lipofílicas; Uso de tensoativos (detergentes) Limpeza com solventes orgânicos A limpeza com solventes orgânicos consiste na remoção das sujidades por meio da solubilização destas pelo solvente utilizado, com posterior arraste mecânico, adsorção ou absorção do produto realizada com auxílio de algodão, tecido ou papel. O inconveniente deste tipo de limpeza é a agressividade do solvente orgânico à pele. Além de remover a gordura da pele e sujidades pode-se, dependendo do solvente usado, solubilizar também as lamelas intercorneocitárias, aumentando a perda transepidermal de água, a descamação da pele e, às vezes, provocar dermatites. A associação deste tipo de solvente com água, por exemplo, pode amenizar tais inconvenientes. É o caso de soluções hidroalcoólicas para umedecer lenços de papel destinados à limpeza facial. Nestas formulações o teor de álcool usado não oferece riscos para o usuário. Limpeza com substâncias lipofílicas Aqui entra o conceito "semelhante dissolve semelhante". A gordura secretada pelas glândulas sebáceas na superfície da pele e as sujidades nela dispersas ou solubilizadas são removidas por auxílio de um material com polaridade semelhante, através de solubilização ou arraste com auxílio de algodão, gaze ou lenço de papel. A vantagem deste processo de limpeza é a possibilidade de trabalhar com substâncias lipofílicas semelhantes às encontradas na camada córnea, como os triglicerídeos, encontrados nos óleos vegetais e na pele. Outra vantagem seria a segurança. Quando bem escolhida, a substância lipofílica ou a mistura destes compostos não induz a nenhuma alteração no equilíbrio da camada córnea. A desvantagem fica por conta do filme residual oleoso deixado sobre a pele após a limpeza, que para alguns tipos de pele pode ser incômodo. Limpeza com tensoativos Os tensoativos são as substâncias utilizadas para limpeza mais conhecidas, práticas, eficazes, seguras e difundidas no mundo. São moléculas anfifílicas - têm afinidade pela água e óleo - portanto, capazes de diminuir a tensão interfacial entre estas duas substâncias, permitindo que as mesmas se misturem. A limpeza feita só com água é menos eficiente porque na superfície da pele encontram se as secreções lipofílicas das glândulas sebáceas, resíduos de poeira, corneócitos, poluição e cosméticos, entre outras substâncias, que por não terem afinidade com a água não saem facilmente quando em contato com a mesma. Para facilitar o processo de remoção é necessário um tensoativo. Os fenômenos físico-químicos que envolvem a limpeza com tensoativo são: Redução da tensão interfacial entre a água e a gordura/sujeira, reduzindo a aderência deste material à queratina da pele e cabelos, processo facilitado pelo trabalho mecânico (esfregação); Emulsificação da gordura/sujeira e sua transferência para o veículo aquoso; Dispersão ou suspensão do material graxo e sujeira emulsificada na espuma e sua remoção com o enxágüe. Esquema de Remoção de sujeira oleosa/ cerosa Obs: Detergentes: são os tensoativos sintéticos. Sabões: são obtidos a partir da mistura de um álcali com um ácido graxo. Propriedades dos Tensoativos Diminuem tensão interfacial e superficial Detergência Formação espuma Molhabilidade Emulsionantes Solubilização Agentes de limpeza Primário: ação detergente e poder espumógeno. Secundário: melhorar as propriedades dos tensoativos principais, reduzir irritabilidade ocular e cutânea Agentes estabilizadores de espuma Agentes redutores de irritabilidade Classificação dos tensoativos Tensoativos Aniônicos: carga negativa Tensoativos Anfóteros: carga positiva e negativa conforme pH Tensoativos Não-Iônicos: sem carga Tensoativos Catiônicos: carga positiva Tabela 1: Principais tensoativos de uso cosmético Tensoativos Formas Cosméticas Aniônicos Sabões de ácidos graxos Lauril sulfato de sódio, TEA ou NH3 Lauril éter sulfato de sódio, TEA ou NH3 Lauril éter sulfossuccinato de sódio Sarcosinatos de sódio Cocoil sarcosinato de sódio Cocoil glutamato de sódio Lauroil glutamato de sódio Cocoil glutamato de sódio Cocoil glicinato de sódio Óleo de oliva PEG-] carboxilato de sódio Sabonetes cremosos Loções de limpeza, sabonetes cremosos, sendo utilizados também para o amolecimento de comedões Mesmo uso que os anteriores, sendo menos agressivos Catiônicos Compostos de amônio quaternário: Cloreto de cetil trimetil amônio Sais de dialquil dimetilamônio Polímeros quaternários Antimicrobianos, utilizados em desodorantes e em alguns xampus anti-caspa Condicionadores para os cabelos Não-iônicos Monoetanolamidas (cocamida MEA) e dietanolamidas (Cocoamida DEA) de ácidos graxos de coco Mono e diestearato de etilenoglicol Estearato de polietilenoglicol Mono e diestearato de glicerila Álcoois graxos etoxilados ou propoxilados Alquilpoliglicosídeos (Decil glucosídeo e lauril glucosídeo) Monoetanolamida de ácidos graxos de coco Monoisopropanolamida (Cocoamida MIPA) Monoetanolamida de ácidos graxos de babaçu Monoetanolamida de ácidos graxos de oliva Em xampus como agentes sobreengordurantes, estabilizadores de espuma e doadores de viscosidade e brilho pérola. Utilizadas também em sabonetes líquidos com muitos destes atributos. Emulsificante Espessante Emulsificante Co-surfatantes e solubilizantes de essências Anfóteros Betaína de coco Cocoamidopropil betaína Cococarboxianfoglicinato de sódio Lauroanfodiacetato dissódico Oleil amidopropil betaínal Babaçu amidopropil betaína Oliva amidopropil betaína Usados em cremes, loções cremosas, sabonetes líquidos, géis para banho, xampus mais suaves (infantis) e géis higienizantes Tensoativos aniônicos Formação de carga negativa Concentrações utilizadas: de 20 a 30% Ex: Alquilsulfatos Alquil éter sulfatos Alquil sulfossuccinatos e alquil éter sulfossuccinatos Sarcossinatos (alquil sarcossinatos) Isotianatos Alquil sulfatos alto poder espumógeno (mesmo em água dura) alta reserva de viscosidade boa solubilidade em água baixa irritabilidade nas concentrações usuais odor agradável bom poder molhante e detergente completa biodegradabilidade Ex: Lauril sulfato de sódio Lauril sulfato de amônio Lauril sulfato de trietanolamina (TEA) Alquil éter sulfatos baixo poder espumógeno menos irritantes (em relação aos alquilsulfatos) baixo ponto de turvação fácil controle de viscosidade com a adição de eletrólitos maior solubilidade Ex: Lauril éter sulfato de sódio Lauril éter sulfato de monoetanolamina Alquil sulfossuccinatos e alquil éter sulfossuccinatos Menor poder detergente que os alquilétersulfatos Menor poder espumante Baixo grau de irritação a pele e aos olhos Boa solubilidade em água Dificuldade de espessamento Menor disponibilidade/maior custo #Associação com o alquil e alquil éter: Lauril éter sulfossuccinato de sódio Lauril éter sulfossuccinato de sódio/ Lauril éter 2 OE sulfato de sódio Sarcossinatos (alquil sarcossinatos) Boa capacidade de limpeza Menos irritantes que os alquilsulfatos Compatíveis com catiônicos Espuma abundante e instantânea Difíceis de serem espessados Alto custo ISOTIANATOS Poder espumógeno semelhante aos sabões Sensação aveludada na pele Boa espuma frente a água dura Hidrolisam a pH muito ácido ou muito alcalino Inconveniente: baixa solubilidade em água à temperatura ambiente ( inadequados para xampu transparenteTensoativos anfóteros Boa suavidade Bom poder espumógeno Bom poder detergente Boa solubilidade em água Baixo grau de irritação aos olhos, pele e mucosas Bom estabilizantes de espumas Bom agente condicionador Alto custo Tensoativos Anfóteros: possuem baixa toxicidade e irritabilidade. Possuem tanto um radical ácido quanto um radical básico em sua molécula. Concentração usual: 1 a 10% Ex: Cocobetaína Cocoamidopropil betaína Cocoanfocarboxiglicinato Imidazolinas Tensoativos Não Iônicos compatibilidade com a maioria das matérias primas baixa irritabilidade à pele e aos olhos alto poder de redução da tensão interfacial baixo poder de detergência baixo poder de espuma e estabilizante de espuma bom poder espessante possui efeito sobreengordurante reduz efeito ressecante causado pelos tensoativos aniônicos ajudam na solubilização de essências Ex: Alcanolamidas de ácidos graxos de coco Eficiente estabilizador de espuma Alcanolamidas de ácidos graxos de coco Dietanolamina de ácidos graxos de coco Derivados do polioxietileno e polioxipropileno. Ex: cocomonoetalonamida - na presença de um tensoativo aniônico, aumenta a produção de espuma. Derivados etoxilados - ésteres glicerol etoxilado: baixo poder espumógeno. ALQUILPOLIGLICOSÍDEOS: Glicose de Milho + Ácidos Graxos do óleo de coco Laurilpoliglicosídeo - Plantaren 1200: poder espessante e estabilizador de espuma, com baixa irritação. Uso: 1/3 do agente detergente primário Decilpoliglicosídeo Plantaren 2000: baixo potencial de irritação, bom poder espumógeno. Pode ser utilizado como tensoativo primário. Sabão O sabão é o tensoativo de limpeza mais antigo e usado ainda nos dias de hoje. É um sal alcalino de ácido graxo obtido através da reação de saponificação de óleos ou gorduras por adição de um alcalinizante, como por exemplo, o hidróxido de sódio, ou neutralização de ácidos graxos. Sabonetes O produto de limpeza mais conhecido e difundido entre os brasileiros é o sabonete em barra, elaborado, principalmente, com sabão. Dependendo do tipo de tensoativo ou mistura que compõe a formulação do sabonete, o mesmo pode ser classificado em: • Regular; • Combo ou combars (combination bars); • Syndet (synthetic detergent); • Glicerinados; • Pó. Além das apresentações em barra, os sabonetes podem, ainda, ser líquidos e em pó. Tabela 2: Tipo de sabonete, tensoativos presentes e seus respectivos pHs. Combars: associação de sabões com detergentes sintéticos. Syndets: até 10% de sabão + isotianatos. Têm como característica a suavidade, o sensorial agradável e a melhora da textura da pele. Sabonete cremoso DOVE � Composição: Isotianato de sódio (propriedades detergentes); Estearato de sódio; Sebato de sódio (Sodium Tallowate); Cocoato de sódio; Sabão base de sódio; Cocoamidopropil betaína (Tensoativo anfótero); Sulfato de sódio; Cloreto de sódio; Ácido esteárico (Ácido graxo saturado - 18C); Ácido de coco; Ácido graxo de coco; EDTA Tetrassódico (agente seqüestrante); Ácido etidrônico; Dióxido de titânio (agente opacificante); Óxido de zinco; Água, perfume. Sabonete LUX - Delicadeza das Pétalas � Composição: Sabão a base de sódio; Cloreto de sódio; Ácido de coco; Dióxido de titânio; Mica (E) sílica; Água floral de rosa damascena; EDTA tetrassódico; BHT; Ácido etidrônico; Corantes: CI16255, CI 16185, CI 42090; Água; Glicerina; Perfume A alta detergência associada à alcalinidade destes produtos os torna mais irritantes para a pele, muitas vezes sendo desaconselháveis para uso em peles secas e sensíveis. Os sabonetes em pó consistem em associações de detergentes em pó, lauril sulfato de sódio e os derivados de aminoácidos: cocoil glutamato de sódio e cocoil glicinato de sódio com veículo inerte. Emulsões e soluções de limpeza As emulsões utilizadas para limpeza da pele são elaboradas como qualquer outra, ou seja, apresenta uma fase oleosa, uma aquosa e um ou mais tensoativos com propriedades emulsificantes. A limpeza promovida por este tipo de produto pode ser realizada pelos componentes oleosos, o tensoativo emulsionante, ou pode conter detergentes sintéticos suaves para facilitar a remoção das sujidades da pele sem agredi-la. Normalmente é usada para remoção de maquiagem, limpeza diária da face ou em clínicas estéticas, como preparo da pele antes de iniciar algum cuidado cosmético. Estes produtos podem conter ou não ativos cosméticos. Há também as soluções de limpeza aquosas, normalmente tamponadas para o pH da pele, contendo tensoativo(s) suave para ajudar a remoção da sujeira lipofílica e ativos cosméticos diversos. São especialmente indicadas para pessoas que têm pele oleosa ou acnêica, para a qual a limpeza com produtos oleosos é incômoda. Podem ser multifuncionais, ou seja, fazem a limpeza ao mesmo tempo em que proporcionam algum "cuidado" cosmético extra para a pele. Quanto à área dos olhos, há que se cuidar para que a formulação não seja irritante, devendo testar a segurança do produto. Fonte: RIBEIRO, C.J. Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo, Pharmabooks, 1ªed. 2006.
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