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Professor Discipulando C D a d . C 0 m . b rc p a d . c o m . b r Editorial Em 2015, a Casa Publicadora das Assembleias de Deus completa 75 anos, o seu jubileu de brilhante. São 75 anos de história dedicados à Escola Dominical, ao fortalecimento da Igreja, ao evangelismo e ao cumprimento da missão que o Senhor Jesus Cristo nos deixou, o de fazer discípulos em todas as nações. Comemorando essa ditosa data, apresentamos o Novo Currículo de Escola Dominical. Trata-se de um novo material, pensado para os atuais desafios da Igreja no Brasil no século 21. A equipe de educadores de nossa Casa preparou um plano educacional com o que há de melhor e mais moderno no campo da Educação Cristã. Assim, a CPAD honra uma tradição de compromisso com a Escola Dominical e com o ensino bíblico coerente e cristocêntrico. O material que apresentamos é o currículo mais completo do Brasil, e abrange todas as faixas etárias existentes, desde o bebê recém-nascido (a faixa de Berçário) à fase da maturidade da vida (Adultos). As lições foram preparadas buscando o que a Palavra de Deus tem para ensinar para cada faixa etária, e acima de tudo, o compromisso com uma teologia conservadora e bíblica. Acreditamos que esse compromisso é essencial para a igreja em dias de tantas mudanças, como os nossos, e cremos também que a Educação Cristã pautada nas Sagradas Escrituras é o compromisso da CPAD com a Igreja Evangélica no Brasil. Portanto, queremos dar as boas vindas a você, que participa da Escola Dominical. Esta instituição existe por sua causa. Sim, você é a razão da Escola Dominical. O nosso desejo é que este novo currículo faça com que você ame ainda mais a nossa Escola Dominical, mas sobretudo, ame mais a Palavra de Deus e faça dela sua regra de fé e prática para a vida. A Deus toda a Glória! Pastor José Wellington Bezerra da Costa Presidente da CGADB Pr José Wellington Costa Júnior Presidente do Conselho Administrativo da CPAD Ronaldo Rodrigues de Souza Diretor Executivo da CPAD CPAD Sumário Comentarista: César Moisés Carvalho ► Lição 1 - A NECESSIDADE HUMANA: O PROBLEMA DO PECADO........................................................................03 * Lição 2 - O FRACASSO DE ISRAEL EM REPRESENTAR O REINO DE DEUS......................................................10 ► Lição 3 - QUEM É JESUS..........................................................................................17 ► Lição 4 - O CARÁTER DE JESUS..............................................................................24 ► Lição 5 - O MINISTÉRIO DE JESUS.........................................................................31 ► Lição 6 - O NOVO MANDAMENTO...........................................................................38 ► Lição 1 - MENSAGEM DE JESUS - O REINO DE DEUS....................................45 ► Lição 8 - O REINADO DE DEUS JÁ TEVE INÍCIO................................................... 52 ► Lição 9 - A MORTE DE JESUS............................................................................. 59 ► Lição 10- A RESSURREIÇÃO DE JESUS............................................................. 66 ► Lição 11 - A SALVAÇÃO EM CRISTO..................................................................... 73 ► Lição 12 - SENDO UM DISCÍPULO DE JESUS................................................... 80 ► Lição 13 - IGREJA: UMA EXPRESSÃO DO REINO DE DEUS.....................................87 | Discipulando Professor 1 | Discipulando Professor CASA PUBLICADORA DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS Av. Brasil, 34.401 - Bangu Rio de Janeiro - RJ - cep: 21852/002 Tet: (21) 2406-7373 / Fax: (21) 2406-7326 Presidente da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil José Wellington Bezerra da Costa Presidente do Conselho Administrativo José Wellington Costa Júnior Diretor Executivo Ronaldo Rodrigues de Souza Gerente de Publicações Alexandre Claudino Coelho Consultoria Doutrinária e Teológica Antonio Gilberto e Claudionor de Andrade Gerente Financeiro Josafá Franklin Santos Bomfim Gerente de Produção e Arte 8 Design Jarbas Ramires Silva Gerente Comercial Cícero da Silva Gerente da Rede de Lojas João Batista Guilherme da Silva Chefe de Arte 8 Design Wagner de Almeida Chefe do Setor de Educação Cristã César Moisés Carvalho Redator Marcelo Oliveira de Oliveira Projeto Gráfico - capa e miolo Jonas Lemos E D I T O R I A L Caro professor, as novas revistas Discipulando chegam com uma propos ta permanente de um rico discipulado. Após sete anos de sucesso com o an tigo currículo, os professores de Escola Dominical se veem agora diante de no vos desafios, agendas e complexidades que fazem com que eles sintam a neces sidade de contar com revistas que aten dam a esses desafios contemporâneos. Este material foi pensado e planeja do visando ao desenvolvimento inte gral e permanente do novo convertido. Este, por sua vez, entrará numa nova realidade, em um novo mundo até en tão desconhecido para ele. O desafio de qualquer discipulador é fazer com que o seu discipulando deseje cada vez mais parecer-se com o maior discipulador de todos os tempos: Jesus de Nazaré. Portanto, este também é o desafio da CPAD, ou seja: produzir um material que desperte nos alunos do discipulan do a inspiração de ser igual a Jesus e de compreender os aspectos manifestos do Reino de Deus e da sua Justiça no mundo. 2 | Discipulando Professor 1 | a Necessidade Humana: o problema do pecado TEXTO BÍBLICO BASE Romanos 3.9-11; 5.12-14 ► Romanos 3 9 - Pois quê? Somos nós mais excelentes? De maneira nenhuma! Pois já dantes demonstra mos que, tanto judeus como gregos, todos estão debaixo do pecado, 10 - como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. 11 - Não há ninguém que entenda; não há nin guém que busque a Deus. ► Romanos 5 12 - Pelo que, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, por isso que todos pecaram. 13 - Porque até à lei estava o pecado no mundo, mas o pecado não é imputado não havendo lei. 14 - No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não pecaram à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir. MEDITAÇÃO “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” ( Rm 23.3). REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ► SEGUNDA-Gênesis 4.7 ► TERÇA- 2 Crônicas 7.13,14 ► QUARTA-Salmos 1.1 ► QUINTA-Mateus 9.13 ► SEXTA-Lucas 7.36-50 ► SÁBADO-João 1.29 | Discipulando Professor 1 ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO Trabalhar com a classe de novos con vertidos é um grande privilégio para qualquer educador. É como “alfabetizar” adultos, ou seja, ensinar pessoas que se comunicam através da fala, mas ainda não sabem ler. Nesse sen tido, esse novo material apresentado para se trabalhar com o novo convertido é ideal, pois trata dos temas mais pertinentes e básicos da fé. Talvez, pelo seu conhecimento, você ache os assuntos simples demais, porém, é preciso ter em mente o fato de que, aos alunos, tais temas são novos. Daí o desafio de ensiná-los com dinamismo e criatividade. Para essa primeira aula, por exemplo, é imprescindível falar acerca do conceito de pecado. O que tal expressão significa? O que é, ou não, pecado, define-se historicamente ou há outra maneira de fazê-lo? Se o pecado é um mal que nos assola desde quando nas cemos, há alguma maneira de nos livrarmos dele? A presente lição trabalha alguns desses problemas, contudo, apresenta a solução que, na verdade, o aluno dela já se apropriou, pois já receberam Jesus, o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1.29). OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos:► Demonstrar como a criação perfeita tor- nou-se imperfeita e também o surgimento do pecado; ► Distinguir o pecado pessoal do pecado estrutural; ► Elencar as conseqüências físicas, sociais e espirituais do pecado. PROPOSTA PEDAGÓGICA Para introduzir a lição, proponha a seguinte reflexão: “Se você soubesse que alguém ama porque não há outra opção para essa pessoa a não ser amá-lo, o que acharia desse amor?” Aguarde as respostas e depois complemente dizendo que, provavelmente, não acreditaria na pureza de tal sentimento, posto não ser ele espontâneo, mas obrigatório e mecânico. Conclua dizendo que se Deus criasse-nos incapazes de desobedecer-lhe ou não amá-lo, nossa relação com Ele seria uma farsa. Assim é que, por sua bondade, o Criador fez-nos livres e, por isso mesmo, com capacidade de rejeitá-lo. Justamente por isso nossos progenitores pecaram. Entretanto, o contrário também é verdadeiro, ou seja, po demos também amar a Deus e abrimo-nos a um relacionamento com o Criador. 4 | Discipulando Professor 1 | INTRODUÇÃO Uma das primeiras e mais duras verdades que tomamos conhecimento quando passamos a ter consciência, é que um dia iremos morrer. Isso leva-nos a refletir o porquê de não apenas morrermos, mas também o porquê de existir mos. Quando nos perguntamos acerca desse assunto, chegamos ao maior e mais decisivo acontecimento de que se tem notícia, que é o fato de Deus ter decidido criar, por amor, o universo e a humanidade (Gn 1.1—2.25; Jo 1.1-5; Hb 11.3). Contudo, o modo como Ele decidiu criar-nos, isto é, livres e não autômatos, fez com que fôssemos responsáveis pela decisão de viver segundo nossa própria maneira e não de acordo com a forma que o Criador estipulara. Esse é o ponto de partida para se entender a triste realidade do pecado (Rm 3.9,10; 5.12-14). 1. A CRIAÇÃO PERFEITA EA ORIGEM DO PECADO ► 1.1 - Criação. Criada à imagem e semelhan ça de Deus (Gn 1.26; 5.2; Tg 3.9), a humanidade recebeu um propósito muito específico: admi nistrar o planeta (Gn 2.15-17). O primeiro casal vivia em plena harmonia entre si, com a natureza e com o Criador (Gn 2.18-25; 3.8). Na realidade, eles viviam literalmente a plenitude do “Reino de Deus”, ou seja, eram dirigidos, orientados e plenamente adaptados tanto à dimensão física, humana, social e natural do mundo; quanto à a A humanidade optou por desobedecer ao Criador. n dimensão espiritual e sensível com o Criador. Não há como saber quanto tempo durou tal condição no mundo, fato é que não havia choques ou dis putas por espaços, pois durante esse período tudo funcionava harmoniosamente. ► 1.2 - Queda. Juntamente com a ordem de cuidar do planeta, a humanidade recebeu uma orientação ética (Gn 2.15-17). Como é pos sível verificar, tal orientação continha deveres, direitos, proibições e punições, portanto, servia como um norte para que o ser humano tivesse uma direção. Lamentavelmente, representada pelo casal progenitor, a humanidade optou por desobedecer ao Criador e assim transgrediu a ordem divina expressa (Gn 3.1-24). Tal de sobediência e transgressão, conhecida como “Queda”, rompeu a relação da criatura com o Criador, alterando todas as demais relações (Gn 3.9-24). A harmonia que antes havia fora então quebrada. O Reino de Deus, isto é, o reinado divino que contava com a participação humana em sua administração, passou agora a ser um desejo praticamente inatingível, pois o mundo tornara-se o reino humano no pior sentido da expressão (Gn 3.17,23). A dor e a morte tornaram-se uma realidade. ► 1.3 - Redenção. Desse triste episódio em diante, a tentativa desesperada da humanidade é “voltar” ao estado paradisíaco do mundo ou recriá-lo à sua própria forma e maneira. A hu manidade, mesmo sem Deus, percebe que há alguma coisa errada, consigo e com o mundo, e procura de todas as formas consertá-los. Por | Discipulando Professor 1 j verificar nas próximas lições, na realidade, a “redenção" só pode acontecer por intermédio de uma pessoa habilitada que, assim como Adão, represente toda a humanidade. Isso, porém, não nos exime de participar no pro cesso de cuidado com o mundo e a criação. 2. A NATUREZA E A REALIDADE DO PECADO > 2 .1 -0 pecado e sua universalidade. 0 texto paulino registrado em Romanos 3.23 informa que “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Os versículos nove a onze do mesmo capítulo tratam igualmente desse assunto e informam que a realidade do peca do é irrevogável do ponto de vista humano. A despeito de o povo de Israel ter sido usado por Deus como canal por onde o mundo recebeu a promessa de que seria abençoado (Gn 12.1-3), o apóstolo Paulo, que também era judeu, diz que mesmo o seu povo em nada é mais excelente, ou melhor, do que as demais nações e povos. Em outras palavras, todos igualmente estão debaixo da maldição do pecado, isto é, “não há um justo, nem um sequer”, pois ninguém, por si mesmo, entende e muito menos busca a Deus (Rm 3.10,11). isso, em toda a sua trajetória é possível verificar as diversas criações humanas que intentam produzir uma realidade melhor: religião, filosofia, política, ciência, ideologia, etc. Todas, porém, têm se mostrado insuficientes, pois a transgressão humana exige um pagamento (redenção) que somente Deus pode saldar. Assim, como ato de misericórdia o Criador, ainda na cena do terrível episódio da Queda, mencionou uma promessa denominada pelos teólogos de protoevangelho. Ele disse à serpente que da “semente” da mulher nasceria um descendente que lhe esmagaria a cabeça (Gn 3.14,15 cf. Ap 20.2), destruindo o poder do pecado. ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 A fim de esclarecer o trinômio “criação, queda e redenção", é de vital importância que você esteja inteirado acerca da doutrina da criação, pois a “Criação é a base da dig nidade humana, pois nossa origem diz-nos quem somos, por que estamos aqui e como devemos tratar uns aos outros” (COLSON, Charles; PEARCEY, Nancy. E Agora, Como Viveremos? 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2000, p.132). Voltando ao trinômio acima re ferido, é imprescindível conhecê-lo, pois ele contém as três perguntas fundamentais: “De onde viemos, e quem somos nós (criação)? O que deu errado com o mundo (queda)? E o que podemos fazer para consertar isso (redenção)?” (Ibid., p.32). Como se poderá ► 2.2 - O pecado pessoal. A doutrina cristã ensina que a humanidade peca justamente por ser pecadora e não o contrário, ou seja, não se torna pecadora ao pecar. Desde quando o Criador advertira Caim, a Bíblia nos mostra que o pecado está sempre nos espreitando querendo fazer com que cedamos (Gn 4.7). Na verdade, conforme vemos em Gênesis 6.5, o próprio Criador constatara, em relação à humanidade, que “toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente”. Se an tes de transgredir, ou desobedecer, a vontade humana era inclinada a manter-nos sendo o que Deus projetou-nos para que fôssemos, agora nossa natureza fora completamente deturpada, levando-nos, às vezes até mesmo a contragosto (Rm 7.15-23), a nos rebelar contra Deus através do pecado. “Não há pessoa alguma que não 6 | Discipulando Professor 1 | peque”, já reconhecia o sábio rei Salomão na cerimônia de dedicação do Templo em Jerusalém, muitos séculos depois de o casal representante da humanidade ter pecado pela primeira vez (2 Cr 6.36). ► 2.3 - O pecado estrutural. Mesmo a humanidade tendo, através da desobediência e consequentemente rebelião, aberto mão de seu direito de ser governada por Deus, o Criador, ciente de que a maldade humana não tem limite, por sua misericórdia, desde os tempos de Moisés, transmitiu leis para proteger os menos favorecidos (Lv 19.9-18; Dt 23.7,8). Todavia, a maldade humana é tão terrível que,mesmo assim, o povo que deveria servir como um exemplo ao mundo todo do que significava ser governado por Deus (Êx 19.6; Dt 4.5-8), resolve, por causa da natureza pecaminosa, rebelar-se contra o Deus que o havia libertado (Êx 20.2; 1 Sm 8.4-22). Como o Senhor adver tira, o resultado da rebelião não poderia ser outro, Israel terminou tornando-se novamente escravo e assim passou a aspirar ainda mais o reinado divino sobre si (Lv 18.24-30; 20.22; 2 Cr 30.6-9). Mesmo no exílio, a misericórdia divina é tão grande, que a condenação de Nabucodonosor, rei da Babilônia, conforme dissera Daniel, talvez fosse revogada se ele fizesse justiça aos menos favorecidos (Dn 4.27). ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 2 “O pecado no jardim do Éden resultou na interrupção da relação íntima que existia entre Deus e o casal original. O fato de terem sido expulsos do jardim, onde eles tinham andado com Deus, fornece ilustração gráfica da perda de intimidade. Tendo perdido a relação perfeita que tinham conhecido com Deus, a perdà da vida se lhes tornou o destino subsequente. Em outras palavras, a morte espiritual resultou em morte física" (JOHNSON, Van. “Romanos” In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds ). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.843-44). Este mesmo autor informa que “Romanos 5.12, junto com os versículos 18 e 19, são os textos primários do Novo Testamento para o conceito de ‘pecado original’, ou seja, que todas as pessoas nascem em pecado por causa do pecado de Adão. Ou, como se diz frequentemente, todos herdam uma natureza depravada” (Ibid., p.844). 3. O SOFRIMENTO HUMANO E A PRIVAÇÃO DE DEUS ► 3.1 - Conseqüências físicas do pecado. Dos transtornos proporcionados pela Queda, a morte talvez seja uma das mais visíveis e cruéis conseqüências (Rm 5.12). No entanto, até que cheguemos a este momento final, o drama humano é permeado por angústias, doenças e males di versos, tal como dissera o Criador no triste evento da Queda (Gn 3.16-19). O desastre causado pela desobediência humana atingiu proporções tão drásticas que até mesmo a natureza foi atingida negativamente, pois o Senhor dissera que a terra passara a ser maldita (Gn 3.17). É justamente por isso que as Escrituras falam sobre o fato de que “a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora” (Rm 8.22). A harmonia que era tão real no jardim do Éden fora completamente transtornada, trazendo terríveis conseqüências físicas, tanto para a humanidade quanto para o restante da criação. ► 3.2 - Conseqüências sociais do pecado. Desde o início é perceptível que o Criador pla nejara a vida em sociedade para todos os seres humanos (Gn 1.28; 2.18). Mas até mesmo essa característica da humanidade foi transtornada pelo pecado. O desejo egoísta de dominar logo aflorou, fazendo com que uns tivessem poder sobre a vida dos outros (Gn 10.8,9; 11.1-6). A escravidão e a subserviência nunca fizeram parte do plano original de Deus para a humanidade, porém, tornaram-se uma das conseqüências da Queda (Lc 22.24-26). ► 3.3 - Conseqüências espirituais do pecado. Apesar de vermos o quanto o pecado afetou a humanidade, primeiramente | Díscípulando Professor 1 | aspecto pessoal, atingindo até mesmo a própria natureza, a “morte” mencionada pelo Criador a Adão, como se pode ver, não se referia simples mente ã morte física, ou a cessação da vida, mas apontava para a privação momentânea da presença divina durante a vida terrena do ser humano e, posteriormente, a separação eter na de Deus (Gn 2.17). Chamada de “segunda morte” trata-se da pior conseqüência que pode vir sobre qualquer ser humano, pois significa o banimento e a deserção eterna da presença do Criador, privando a criatura completamente de voltar à sua fonte originária (Ap 2.11; 20.6,14; 21.8). ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 “A morte (heb. maweth, gr. thanatos) teve sua origem no pecado, e é o resultado final do pecado (Gn 2.17; Rm 5.12-21; 6.16,23; 1 Co 15.21,22,56; Tg 1.15). É possível distinguir entre a morte física e a espiritual (Mt 10.28; Lc 12.4). A morte física é uma penalidade ao pecado (Gn 2.17; 3.19; Ez 18.4,20; Rm 5.12-17; 1 Co 15.21,22) e pode vir como um juízo espe cífico (Gn 6.7,11-13; 1 Co 10.13,14; At 12.23). Entretanto, para os crentes (que estão mortos para o pecado, Rm 6.2; Cl 3.3; em Cristo, Rm 6.3,4; 2 Tm 2.11) significa uma restauração mediante o sangue de Cristo (Jó 19.25-27; 1 Co 15.21,22) porque Deus tem triunfado so bre a morte (Is 25.8; 1 Co 15.26,55-57; 2 Tm 1.10; Hb 2.14,15; Ap 20.14)” (MARINO, Bruce R. “Origem, natureza e Conseqüências do pe cado” In HORTON, Stanley M. (Ed.). Teologia Sistemática. Uma perspectiva pentecostal. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.132, pp.296-97). Acerca da separação de Deus, o mesmo autor afirma que os “não salvos vivem na morte espiritual (Jo 6.50-53; Rm 7.11; Ef 2.1-6; 5.14; Cl 2.13; 1 Tm 5.6; Tg 5.20; 1 Pe 2.24; 1 Jo 5.12), que é a derradeira expressão da alienação entre a alma e Deus. Até mesmo os crentes, quando pecam, experimentam uma separação parcial de Deus (SI 66.18), mas Ele está sempre disposto a perdoar (SI 32.1-6; Tg 5.16; 1 Jo 1.8,9)” (Ibid., p.297). CONCLUSÃO Como vimos nessa primeira lição, o pecado é um efeito colateral decorrente do fato de não termos sido criados como autômatos e sem vontade própria. Por esse ato aprendemos que Deus não queria seres robotizados e sem ca pacidade de pensar, mas justamente o inverso, isto é, o Criador optou por criar seres livres. Isso, inclusive, custou a Ele o preço de ser rejeitado pela humanidade que, por amor, criara. Se por um lado isso possibilitou a humanidade rejeitar o Deus Criador, por outro trouxe também obrigações a cada um de nós, pois somos responsáveis por nossas decisões e atitudes, em relação a Deus, a nós mesmos e às demais pessoas. APROFUNDANDO-SE “O ponto de vista bíblico é que o pecado origínou-se no abuso da liberdade con cedida aos seres criados, os que foram equipados com o uso da vontade. Não foi Deus o criador do mal. O mal é uma ques- í l A escravidão e a subserviên cia nunca fizeram parte do plano original de Deus para a humanidade. 55 8 Discipulando Professor 1 | tão de relacionamento e não algo provido de substância. Basicamente, desconsidera a glória, a vontade e a Palavra de Deus. Rompe com a relação de obediência para com a fé em Deus, e toma a decisão de falhar diante dEle. A vontade é um importante corolário da personalidade racional. A ação moral é aquilo que determina o caráter. E isso en volve um tremendo risco, o de fracassar. Deus, ao prover espaço para a tomada de decisões livres e morais aos anjos e seres ‘ { humanos que criou, teve de permitir a pos sibilidade do fracasso em algumas de suas criaturas. Sem essa possibilidade, não haveria liberdade genuína nem verdadeira personalidade. O pecado, por conseguinte, originou-se da livre escolha das criaturas de Deus. Em lugar de crer e confiar em Deus, e . corresponder a seu admirável amor e à sua provisão, destronaram-no, e entronizaram o próprio ‘eu’. A incredulidade e o desejo ' > de exaltar o próprio ‘eu’ foram elementos- chaves do primeiro pecado”. (William Menzies e Stanley Horton. Doutrinas Bíblicas. Os Fundamen tos da nossa Fé. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, pp.72,74). VERIFIQUE SEU APRENDIZADO ^ ^ 1 . Segundo o primeiro ponto da lição, quais são os três elementos estruturais que sintetizam a trajetória humana? R. Criação, queda e redenção. Cite os dois aspectos principais da uni versalidade do pecado. R. Pessoal e estrutural. Em sua opinião, por que Deus abomina o pecado estrutural tanto quanto o pecado pessoal? R. Apesar de a resposta ser pessoal, é imprescindível que ela contenha o princípiode que o pecado estrutural prejudica a co letividade, enquanto que, muitas vezes, o pecado pessoal afeta apenas quem pecou. Cite as três principais conseqüências do pecado. R. Físicas, sociais e espirituais O que é a “segunda morte”? R. Trata-se da pior conseqüência que pode vir sobre qualquer ser humano, pois significa o banimento e a deserção eterna da presença do Criador, privando a criatura completamente de voltar à sua fonte originária (Ap 2.11; 20.6,14; 21.8). r j SUGESTÃO WmBimzíi W DE LEITURA ► Teologia Sistemática: Uma Pesperctiva Pentecostal Uma obra completa para os principais te mas doutrinários para o professor dominical. ► Manual do Professor de Escola Dominical Esta obra tem a finalidade auxiliar os edu cadores cristãos através de um estilo claro e preciso ► Manual do Discipulador Cristão Descubra a importância de ser e fazer discípulos. ► Que o “tema da salvação já aparece em Gênesis 3.15, na promessa de que o Descendente - ou ‘semente’ - da mulher esmagará a cabeça da serpente. ‘Este é o protoevangelium [protoevan- gelho], o primeiro vislumbre da salvação que virá através daquEle que restaurará o homem à vida” ’ (Daniel B. Pecota. A Obra Salvífica de Cristo In Stanley Horton (Ed.). Teologia Sistemática. Uma Perspectiva Pentecostal. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p.337). Discipulando Professor 1 o Fracasso de Israel em Representa. o Reino de Deus TEXTO BÍBLICO BASE ► Romanos 2.17-24 17 - Eis que tu, que tens por sobrenome judeu, e repousas na lei, e te glorias em Deus; 18 - e sabes a sua vontade, e aprovas as coisas excelentes, sendo instruído por lei; 19 - e confias que és guia dos cegos, luz dos que estão em trevas, 20 - instruidor dos néscios, mestre de crianças, que tens a forma da ciência e da verdade na lei; 21 - tu, pois, que ensinas a outro, não te ensi nas a ti mesmo? Tu, que pregas que não se deve furtar, furtas? 22 - Tu, que dizes que não se deve adulterar, adúlteras? Tu, que abominas os ídolos, cometes sacrilégio? 23 - Tu, que te glorias na lei, desonras a Deus pela transgressão da lei? 24 - Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós. MEDITAÇÃO “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos i/ós sois um em Cristo Jesus. E, se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa” (Gl 3.26-29-ARA). REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ► SEGUNDA - Gênesis 12.1-3 ► TERÇA - Deuteronômio 7.1-11 ► QUARTA - Zacarias 8.22 ► QUINTA - Mateus 23.34-38 ► SEXTA - Romanos 2.25-29 ► SÁBADO - Gáiatas 5.6 10 | Discipulando Professor 1 | ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A presente lição tem como propósito mos trar que Deus não privilegia povo algum, mas que escolhera uma pessoa e, a partir desta, formou uma nação cujo dever era representá-lo. Infelizmente, como se verificará, o Criador fora ostensiva e deliberadamente rejeitado por parte desse povo, não restando ao Senhor outra alternativa, a não ser permitir que tais pessoas sofressem os reveses comuns a quem vira as costas para o Deus eterno. Apesar disso, é oportuno destacar que o Pai misericordioso não os rejeitara perpetuamente, antes, inúmeras vezes procurou convertê-los, insistindo a que voltassem atrás. Na consumação de todas as coisas, a Bíblia é clara em dizer que Israel será restaurado. Para melhor orientar os alunos e tam bém auxiliá-los no processo de refletir, faça algumas perguntas: “Por que Deus resolveu destruir o mundo que Ele mesmo criara? Com qual propósito o Criador espalhara os cons trutores da torre de Babel? Abrão, o homem que Deus chamara para, a partir dele, formar uma grande nação, era um homem perfeito?”. Aguarde as respostas e então os convide a, juntamente com você, crescer um pouco mais no conhecimento da “pré-história” de Israel. OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se guintes objetivos: t Explicar o porquê do dilúvio e de Deus ter espalhado os construtores da torre de Babel, bem como a razão de ter chamado Abrão; ► Refletir acerca da escolha divina por Jacó, da proteção de Deus no caso das parteiras, durante os 430 anos de permanência no Egito e também nas quatro décadas de peregrinação pelo deserto; ► Dissertar panoramicamente acerca do longo tempo do governo de Israel sob os juizes (cerca de 300 a 400 anos), durante os reinos unido e dividido (cerca de 200 anos) e, finalmente, no cativeiro (cerca de 70 anos). PROPOSTA PEDAGÓGICA A respeito do relacionamento com Israel, existem duas posições extremas que acabam sendo comuns nos dias atuais. As pessoas acham que devem se “judaizar”, ou seja, adaptar os utensílios e costumes judaicos à nossa vida, ou então partem para o outro polo, igualmente danoso, tornando-se antissemitas, isto é, inimigas do povo escolhido. Com vistas a evitar tais posturas, é de alvitre que o profes sor saiba conduzir o assunto da presente lição com o devido cuidado. E qual a melhor forma para fazer isso? Utilizando a Bíblia Sagrada. Estude os capítulos 9 a 11 da epístola de Paulo aos Romanos e proponha à classe o mesmo. Vocês certamente terão maturidade para falar a respeito do tema sem cair em um ou outro dos Discipulando Professor 1 extremos aqui referidos. Se desejar, no início da aula proponha a seguinte questão: Em um extremo da lousa escreva “judaizantes” e, na outra, “antissemitas”. Em seguida, pergunte à classe qual das duas posições deve ser assumida pelos seguidores do Evangelho de Cristo. Na seqüência, se ninguém sugerir, diga que nenhuma das duas, mas que devemos ter uma atitude de respeito por esse povo, pois foi o canal de Deus, através do qual recebemos, inclusive, o Salvador. COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Mesmo tendo visto a humanidade virar-lhe as costas em franca rebelião, o Criador não desistiu de nós. Isso, a despeito de o Senhor reconhecer que “a imaginação do coração do homem é má desde a sua meninice” (Gn 8.21). Na realidade, o que a Palavra de Deus relata, em toda a sua extensão, desde o Antigo até o Novo Testamento, é a incessante misericórdia divina procurando resgatar a humanidade caída (Jr 32.30-44; Jo 3.16). Nessa segunda lição veremos o desenrolar do plano divino, sobretudo no período bíblico, e como Deus, mesmo diante da rebelião humana, não desiste de propiciar meios de resgatar-nos. 1. DEUS CHAMA ABRAÃO ► 1 .1 - 0 Dilúvio. Séculos depois de a humanidade representada pelo primeiro casal ter pecado e caído (Gn 3.1-24), a Bíblia informa que a rebeldia e a afronta contra Deus atingiram proporções inimagináveis (Gn 6.1- 5,11,12). Tão crescentes foram as manifestações de rebelião, que o Criador “arrependeu-se” de ter criado a humanidade e resolveu julgá-la de forma drástica (Gn 6.6). Em outras palavras, Ele decidiu destruir a humanidade do mundo antigo (Gn 6.7). Mesmo assim, conforme já foi dito na introdução, o Criador não desistiu da raça humana, pois, a despeito de todo o pecado do mundo de então, Ele encontrou em Noé, alguém que o temia, isto é, respeitava, sendo uma pessoa justa e reta que procurava ter intimidade com o Criador (Gn 6.8-10). Ainda que Deus tenha determinado o seu juízo sobre o mundo, Ele usou Noé não apenas para construir a arca que protegeria a este e sua família (Gn 6.13-22), mas também o levou a pregar e anunciar tal juízo à humanidade, oferecendo a todos a chance de se arrepender, salvando- se da catástrofe iminente (1 Pe 3.20; 2 Pe 2.5). Como se sabe, apenas Noé, sua esposa, seus três filhos — Sem, Cam e Jafé — e suas noras sobreviverame assim a terra foi repovoada, dando continuidade à raça humana (Gn 7.1 -9.19). ► 1.2 - A Torre de Babei. Não é possível saber quantos séculos se passaram para que a terra fosse repovoada, o fato é que a hu manidade desenvolveu apenas uma língua e a comunicação se fazia sem limites (Gn 11.1). Isso, porém, longe de criar um mundo melhor, fez com que a humanidade intentasse “recriar o paraíso” através da ostentação (Gn 11.2-6). O próprio Criador percebeu que a maldade que havia no coração da humanidade não levaria aquele projeto de construção de uma torre a bom termo. Sua construção serviria para distanciar a humanidade ainda mais de si e do Senhor Deus, por isso, o Criador, novamente por amor e compaixão, fez com que surgisse a diversidade de línguas, levando-os a espalharem-se por toda aterra (Gn 11.7-9). ► 1.3 - A chamada de Abraão. O texto bíblico informa que da família do filho primogênito de Noé, Sem, nasceu Abrão (Gn 11.10-31). Habitante 12 | Discipulando Professor 1 | de Ur dos Caldeus, na Mesopotâmia, Abrão, saiu com destino a Canaã e, sem conhecer a Deus, foi chamado peio Criador para peregrinar, por fé, definitivamente a uma terra desconhecida que, posteriormente prometeu o Senhor, seria dada aos descendentes do patriarca (Gn 12.1; 15.18). Na verdade, a primeira grande promessa que o Criador fez a Abrão foi justamente a de fazer dele uma grande nação (Gn 12.2). Embora pouco se reflita acerca de o porquê de Deus ter feito essa promessa ao patriarca, é importante observar que ela tinha o propósito de que, a partir da família de Abrão, se formasse uma nação que seria fonte de bênção para o mundo todo e não apenas para si mesma. O texto diz que Abrão seria “uma bênção” para que, nele, isto é, em sua atitude de crer, fossem “benditas todas as famílias da terra” (Gn 12.2,3). Talvez pelo fato de o próprio Abrão, que significa “pai exaltado", não ter entendido, é que Deus mudou o seu nome para Abraão que pode ser traduzido para “pai de uma multidão” (Gn 17.5). Apesar de o foco de nossa reflexão não ser o milagre de o casal ter tido um filho em sua velhice, é digno de menção que o cumprimento da promessa de fazer de Abraão uma grande nação, só pôde tornar-se uma realidade porque o Senhor permitiu que Sara, idosa e estéril, concebesse Isaque, o filho da promessa (Gn 16.1; 21.1-13). ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 Apesar de haver necessidade de falar a res peito do dilúvio e também da infortunada torre de Babel, o ponto alto a ser destacado nesse ponto é a chamada de Abrão. A partir dessa chamada, vemos a revelação do propósito de Deus não apenas para o patriarca e para o povo que dele descenderia, mas sim para toda a humanidade. “Avançado em idade, a capacidade reprodutiva de Abraão e Sara era ‘tão boa quanto morta’ (veja Gn 18). Mas Abraão estava ‘certíssimo de que o que ele tinha prometido também era poderoso para o fazer’ (Rm 4.21), e ‘[Abraão] em esperança, creu’ (v. 8), ‘dando glória a Deus’ (v.20). Abraão era diferente do pecador descrito em Romanos 1.21, que se recusou a responder a Deus como Deus e a lhe dar glória” (JOHNSON, Van. “Romanos” In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, pp.839). Na realidade, informa o mesmo autor, foi “justamente por causa da confiança de Abraão no ponto da impossibilidade humana que Paulo usa essa situação para atacar o entendimento da justiça vigente no judaísmo. Não foi pela fidelidade ou obras de Abraão que ele obteve o crédito da justiça. Antes, foi sua confiança em Deus somente — sua confiança num Deus que faria o que só Ele poderia fazer. Foi precisamente porque era humanamente impossível Abraão ter um filho que sua decisão retrata a natureza da fé. A fé bíblica é a confiança na capacidade de Deus fazer o que não podemos. Levando em conta Romanos 3.21 a 4.25, é nossa fé em sua capacidade de fazer o que só Ele pode — nos tornar justos” (Ibid.). 2. A FORMAÇÃO DO POVO SANTO E DO REINO SACERDOTAL > 2.1 - Jacó e Esaú. É interessante e curioso notar que Isaque era filho de uma mulher estéril e, ao casar-se, o fez sem saber, com Rebeca, que também era estéril. Após vinte anos de oração ela concebeu e teve dois filhos: Esaú e Jacó (Gn 25.19-28). Cercados por conflitos familiares que se iniciaram ainda na gestação, Esaú tornou-se mais apegado com Isaque, e Jacó, por sua vez, com Rebeca (Gn 25.22,28,29- 34). Após uma conturbada convivência, os dois irmãos separaram-se, reconciliando-se depois de duas décadas (Gn 31.41 cf. 32.2—33.17). Foi durante o trajeto desse encontro que Deus mu dou o nome de Jacó para Israel (Gn 32.22-32), nome este que designou primeiramente o povo escolhido e que, até os dias de hoje, designa também o país. Assim, a formação das doze tribos de Israel vem dos filhos de Jacó, entre os quais temos José que, após ser vendido por seus irmãos, de escravo tornou-se governador no Egito (Gn 37.1-36; 39.1—41.57). Dessa forma o povo de Israel formou-se no Egito. | Discipulando Professor 1 | ► 2.2 - De escravos a um grande povo. Apesar de Deus não ter revelado a forma como introduziria os descendentes de Abraão no Egito, Ele revelou que ali os familiares do patriarca seriam afligidos tendo de servir a um povo diferente (Gn 15.13). Após o período áureo do povo escolhido no país, “levantou-se um novo rei sobre o Egito, que não conhecera a José, o qual disse ao seu povo: Eis que o povo dos filhos de Israel é muito e mais poderoso do que nós” (Êx 1.8,9). Com essa observação, o faraó inten tava promover um genocídio eliminando todos os bebês israelitas (chamados de hebreus) do sexo masculino (Êx 1.15,16), ao mesmo tempo em que oprimia os descendentes de Abraão (Êx 1.11-14). O pequeno clã tornara-se numeroso, e mesmo subjugados a condição de escravos, multiplicaram-se tanto que o Egito não pode mais segurá-los. Tal, porém, não ocorreu de forma tão rápida como se pode pensar. Desde a ordem do faraó para que se eliminassem os meninos hebreus, até a libertação do povo de Israel, passaram-se oito décadas! Os hebreus tornaram-se um grande povo e, sob a liderança de Moisés, após o terrível juízo das dez pragas (Êx 3.1—12.51), deixaram o Egito em direção à terra que Deus prometera a Abraão (Gn 12.6,7; 13.14-17; 15.18-21; Êx 2.23-25; 3.6-9,15-17). ► 2.3 - De uma tribo nômade a uma grande nação. Chamado para ser um reino sacerdotal (Êx 19.6), isto é, mediador da relação entre Deus e a humanidade, Israel recebera responsabilidades inerentes aos seus privilégios (Dt 4.32-40; 7.6-11). Todavia, desde a saída do Egito (Êx 14.10-12), tudo indicava que o povo teria muita dificuldade em cumprir o seu mandato. Mesmo assim, visando formá-los, Deus promulgou leis e estatutos para educar e garantir que o processo de libertação iniciado no Egito fosse completo (Êx 20.2; Dt 4.1-49; 6.1-25). Esse “estágio” de quarenta anos de peregrinação no deserto era uma forma de Deus moldar o caráter do seu povo, punindo os ingratos e sempre oferecendo uma nova oportu nidade, pois Ele sabia o que aquela imensa tribo nômade que caminhava no deserto se tornaria futuramente, ou seja, uma grande nação que deveria representar o que significava ser gover nado pelo Criador (Nm 14.33; Dt 2.7; 8.2,4; 29.5). ► AUXÍLIO DIDÁTICO 2 O segundo tópico aborda ainda a formação inicial de Israel que, vista sem nenhuma paixão, pode ser considerada um milagre. Como ensina Eugene Merríl, o “êxodo é o evento teológico e histórico mais expressivo do Antigo Testamento, porque mostra a magnificente ação de Deus em favor de seu povo, uma ação que os conduziu da escravidão à liberdade, da fragmentação à unidade, de um povo com uma promessa — os hebreus — à uma nação estabelecida— Israel. No livro de Gênesis encontram-se a introdução e o propósito, seguindo-se então todas as reve lações subsequentes do Antigo Testamento. Um registro que é ao mesmo tempo um comentário inspirado e uma exposição detalhada. Em última análise, o êxodo serve como um tipo do êxodo promovido por Jesus Cristo, de forma que ele se torna um evento significativo tanto para a Igreja quanto para Israel” (MERRIL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento. O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, pp.49-50). 3. O FRACASSO DE ISRAEL EM REPRESENTAR O QUE SIGNIFICAVA SER GOVERNADO POR DEUS ► 3.1 - O período dos juizes. Após a morte de Moisés, seu principal auxiliar, Josué, tornou- se seu sucessor e introduziu o povo de Israel na terra que Deus prometera a Abraão (Dt 31.1-29; 34.1-12; Js 1.1-18). Josué inaugura o período dos chamados juizes, uma época de duração incerta (cerca de 300 ou 400 anos), onde Deus levantava pessoas que tinham o papel de orientar o povo acerca de qual caminho tomar (Js 24.26-33; Jz 2.16-23). Lamentavelmente, após a morte de Josué, levantou-se uma nova geração do povo que fora chamado para ser santo, ou seja, separado exclusivamente para Deus, figurando 14 | Discipulando Professor 1 | como modelo para os outros povos. Tal geração, informa-nos o livro de Juizes, “não conhecia o Senhor, nem tampouco a obra que fizera em Israel” (Jz 2.10). Conforme se pode verificar no livro de Juizes (sobretudo na abertura de cada capítulo), o povo seguiu cambaleante e, em vez de aceitar o método de governo escolhido por Deus, preferiu tornar-se como as outras nações, pois como sugere o último versículo do referido livro, “Naqueles dias, não havia rei em Israel, porém cada um fazia o que parecia reto aos seus olhos” (Jz 21.25). Para o povo escolhido, a solução estava em se ter um rei. Nesse contexto nasceu Samuel que, pra ticamente, exerceu os ofícios de juiz, profeta e sacerdote em Israel (1 Sm 3.19; 7.5-17; 12.1-25). Ele foi responsável por fazer a transição entre o período dos juizes e a monarquia. Quando o povo de Deus decidiu que não mais queria essa forma de governo, antes, como todas as nações, exigiram um rei, o Criador disse a Samuel: “Ouve a voz do povo em tudo quando te disser, pois não tem te rejeitado a ti; antes, a mim me tem rejeitado, para eu não reinar sobre ele” (1 Sm 8.7 cf. 10.17-19). Em sua misericórdia, o Criador ainda advertiu os filhos de Israel através de Samuel, oferecendo um prognóstico do que seria a realidade do povo durante a monarquia (1 Sm 8.9-22). Entretanto, mesmo assim, os descendentes de Abraão que deveriam ser diferentes e demonstrar o que significava ser governado diretamente por Deus, preferiram ser como as demais nações. t 3.2 - Os períodos dos reinos unido e dividido. Com Saul tem início o período da monarquia em Israel (1 Sm 10.1-27). Este então foi sucedido por Davi que, por sua vez, foi sucedido por seu filho Salomão (1 Sm 16.1- 13; 2 Sm 2.1-32; 1 Rs 2.1-46). Esses três reis formam o período do chamado reino unido e teve a duração de 120 anos, sendo quarenta para cada reinado. Depois de Salomão, Israel dividiu-se em dois reinos, o do Sul (chamado de Judá) com duas tribos, e o do Norte (chamado de Israel) com as outras dez tribos. t 3.3 - Israel perde a soberania e volta a ser escravo. Por estar dividido, Israel enfra queceu-se e, em 722 a.C., a Assíria pôs um fim ao reino do Norte. Em 581 a.C., depois de três etapas de cativeiros, foi a vez do reino do Sul ser definitivamente aniquilado pela Babilônia. Assim, além de os descendentes de Abraão nunca terem conseguido ocupar todo o território que Deus prometera ao patriarca, acabaram perdendo completamente a sua soberania, tomando-se novamente vassalos e “escravos” de outros povos. Apesar de Israel ter tido oportunidade de voltar à sua terra, sua soberania só foi estabelecida no século passado quando, em 14 de maio de 1948, foi criado o moderno estado de Israel. ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 Este terceiro tópico é importante para sin tetizar a trajetória de Israel após a ocupação da Terra Prometida que, panoramicamente, pode ser dividida em três momentos: Periodo dos juizes, monarquia (reino unido e reino dividido) e cativeiro. Ignorando os quatro séculos de história que antecedem o primeiro período, é interessante voltar-se para o “monte Horebe (‘o Monte de Deus’), quando Eterno apresenta-se a Moisés como o ‘Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó’ (Êx 3.6). Após o êxodo, deparamo-nos com o período da conquista e ocupação da Terra Prometida (Js 1—11), o que, em parte, constitui-se no cumpri mento da promessa patriarcal (Js 2.23—3.8). Tal ocupação se dá em suas primeiras quatro décadas sob a liderança de Josué, assistente de Moisés, espia e soldado que é escolhido por Deus para substituir o legislador e tem a dura incumbência de levar a efeito o genocídio cananeu (Gn 12.7-24). Depois que Josué morre, o Senhor levanta juizes, os quais, por um longo periodo legislam e lideram o povo escolhido (Jz 2.7-23). Essa forma de governo, denominada por Flávio Josefo de ‘teocracia’, deveria manter-se em vigência até que se cumprisse o ‘tempo de Deus’ para tal modalidade de liderança e regime político (Dt 17.15; At 13.20)” (CARVALHO, César Moisés et al. Davi. As vitórias e as derrotas de | Discipulando Professor 1 | VERIFIQUE SEU APRENDIZADO um homem de Deus. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p.76). CONCLUSÃO Apesar de todos esses tristes acontecimen tos, o apóstolo Paulo diz que a queda de Israel significou a glória e a oportunidade de os outros povos participarem do plano divino de salvação. O apóstolo se expressa retoricamente a respeito de Israel, dizendo que “se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Rm 11.12). APROFUNDANDO-SE Conhecida como “teologia da substituição”, existe uma ideia equivocada de que atual mente a Igreja é o Israel de Deus, e que, por isso, pode desfrutar de todas as bênçãos materiais prometidas por Deus ao seu povo no Antigo Testamento. Apesar de a Bíblia, de fato, ensinar algo acerca desse ponto, o erro está em como se interpreta tal questão. Conforme instrui-nos o apóstolo Pedro, a missão da Igreja, como “geração eleita, sa cerdócio real, nação santa e povo adquirido”, assim como Israel, é anunciar “as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2.9), e representar o que significa ser governado por Deus, nada tendo com domínio do mundo. 1 . Abraão foi chamado por Deus para ser uma bênção. Explique. R. Apesar de a resposta ser pessoal, ela deve conter o fato de que Abraão não foi chamado para um domínio egoísta de outras pessoas; ao contrário, sua chamada servia como porta de acesso às demais pessoas. 2 . Para quê Deus formou a nação de Israel? R. Para ser uma nação que representasse o que significava ser governado pelo Criador perante as demais nações. 3 . De acordo com a lição, qual foi a finalidade da peregrinação de quarenta anos do povo de Israel? R. Esse “estágio” de quarenta anos de peregrinação no deserto era uma forma de Deus moldar o caráter do seu povo, punindo os ingratos e sempre oferecendo uma nova oportunidade. 4. Cite os três principais períodos da história de Israel. R. Juizes, reinos unido e dividido e cativeiro. 5 . De acordo com 1 Pedro 2.9, fomos cha mados para quê? R. Anunciar “as virtudes daquele que [nos] chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”. SUGESTÃO DE LEITURA ► História de Israel no Antigo Testamento A história de Israel através de textos bíbli cos, documentos extrabíblicos e arqueoló gicos.> Educação que é Cristã No atribulado mundo em que vivemos, os pais precisam educar os filhos nos caminhos do Senhor e os professores saberem educar. ► Que a chamada “Torre de Babel” era uma espécie de zigurate, algo parecido com uma pirâmide? E que, à época, era um dos monumentos mais altos do mundo? Para conhecer mais leia R. K. Harrison. Tempos do Antigo Testamento. Um contexto social, político e cultural. 1 .ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010, pp.52-54. 16 | Discipulando Professor 1 | Data / ___ / Quem é Jesus TEXTO BÍBLICO BASE Marcos 1.1-8 1 - Princípio do evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus. 2 - Como está escrito no profeta Isaías: Eis que eu envio o meu anjo ante a tua face, o qual preparará o teu caminho diante de ti. 3 - Voz do que clama no deserto: Preparai o ca minho do Senhor, endireitai as suas veredas. 4 - Apareceu João batizando no deserto e pre gando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados. 5 - E toda a província da Judeia e todos os habitan tes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados. 6 - E João andava vestido de pelos de camelo e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre, 7 - e pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia das sandálias. 8 - Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo. MEDITAÇÃO “E ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por ele. E ele é a cabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência, porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra como as que estão nos céus” (Cl 1.17-20). REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ► SEGUNDA - Gênesis 3.15 ► TERÇA - Deuteronômio 18.15-19 ► QUARTA-Jó 19.25 ► QUINTA-Isaías 53.1-12 ► SEXTA - Lucas 2.25-32 ► SÁBADO - Filipenses 2.5-11 Discipulando Professor 1 ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO A aula de hoje é uma das mais importantes desse primeiro ciclo de estudos, pois fala do Salvador do mundo, Jesus Cristo. Embora o estudo acerca do Filho de Deus seja elaborado sempre a partir do seu nascimento, a proposta da presente lição é abordá-lo tendo como ponto de partida as profecias, e também a expectativa judaica, sobre a sua pessoa. Tal conhecimento é importante, pois há enormes diferenças entre a esperança da igreja e a expectativa judaica. A ideia é justamente prover os conhecimentos necessários com o objetivo de proporcionar ao aluno o entendimento correto da estrutura bíblica e do propósito da encarnação do Filho de Deus. Na realidade, o objetivo maior é evidenciar, além do aspecto salvífico, o quanto Jesus valorizou a humanidade ao fazer-se igual a nós. Esse, inclu sive, é ponto importante para o ensino posterior acerca da santidade, pois muitos acreditam que ser santo implica deixar de ser humano. OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os se guintes objetivos: > Demonstrar, com o auxílio das profecias, o quanto Deus nos ama, pois providenciou uma nova referência do que significa ser humano; ► Explicitar as conseqüências, e a importân cia, de Jesus ter afirmado que era o Filho de Deus; ► Historiar panoramicamente a vida terrena de Jesus de Nazaré. PROPOSTA PEDAGÓGICA Para esta aula, procure instigar os alunos com alguns questionamentos acerca da pessoa de Jesus. Concentre-se na encarnação do Filho de Deus, e valorize tal ato realizado por parte de Cristo. Destaque não apenas o aspecto do “rebaixamento” divino, mas, sobretudo, a dignificação e o privilégio de sabermos que o nosso Deus partilhou de nossa humanidade. No intuito de “quebrar o gelo”, inicie a aula com a sugestão que segue. Todos nós fazemos planos. Em cada início de ano, é comum planejarmos o que preten demos atingir nos próximos 365 dias que, em tese, temos pela frente. Excetuando o fato de que existem anos bissextos (com 366 dias) e de também não podermos findar o novo ano; qual é o sinal de que estamos fora dos planos de Deus? A maioria das pessoas certamente acredita que é quando as coisas não dão certo. Se Jesus pautasse sua missão e trajetória por esse prisma, o que será que Ele acharia de si mesmo? Que estava na direção de Deus? E você, o que pensa quando as coisas não dão certo? E quando acontece o contrário? 18 I Disciüulando Professor 1 I COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO Toda e qualquer pessoa defende o seu direito de ir e vir, de expressar-se, de emitir sua opinião e de professar suas preferências políticas e também religiosas. É desnecessário perguntar o quanto é triste perder a liber dade. Como vimos na lição anterior, Israel, por desobediência, perdera tal condição (Lv 18.24-28; 20.22-24). Deus já os havia adverti do de que se procedessem como as demais nações, assim como as desapropriara para Israel ocupar o lugar delas, de igual forma Ele faria com o povo escolhido (Dt 28.15-68). No exílio, os descendentes de Abraão passaram a ouvir mensagens proféticas de libertação através de homens que Deus enviara, tanto para repreender os reis, quanto para exortar o povo (2 Rs 21.1-18; 2 Cr 24.17-22; 36.11-21). Assim, os herdeiros de Abraão passaram a ter esperança e a ansiar cada vez mais a vinda de tal libertador, ou Messias, isto é, o redentor capaz de libertá-los, restituindo-os definitivamente (Lc 2.25-32). Ocorre, porém, que a libertação que tal redentor viria trazer ia muito além do anseio político dos judeus, pois atingiu não somente a eles, mas também a todo o mundo, inclusive nós, e até mesmo o universo (Lc 2.8-20; Ef 1.7-10; Cl 1.13-23). 1 .0 FILHO DO HOMEM ► 1.1 - A primeira profecia acerca do Li bertador. Ainda nos primórdios da humanidade, quando a serpente enganara a Eva, o texto de Gênesis 3.15 informa que um descendente da mulher, esmagaria a cabeça da serpente (“réptil” que, na Bíblia, tipifica Satanás, cf. Ap 12.9; 20.2). Em sua bondade e misericórdia, o Criador sabia que a humanidade caída se tomaria escrava de seus próprios desejos egoístas, por isso, ali mesmo, o Senhor fez tal promessa que antevia a necessidade da libertação humana. Como já vimos na primeira lição, tal profecia é chamada de protoevangelho, isto é, um vislumbre antecipado do que Deus efetivamente faria através do seu Enviado (Mc 1.1-8; Lc 4.14-30). > 1.2 - A segunda profecia acerca do Libertador. A despeito de Israel ansiar por um redentor apenas no exílio, tal já havia sido profetizado por Moisés que, devidamente inspirado por Deus, profetizara que o Senhor despertaria um profeta do meio do povo, isto é, da própria comunidade de Israel, que certamente seria ouvido e não desobedecido como fizeram com o legislador (Dt 18.15). Tal seria assim porque Deus mesmo colocaria as palavras em sua boca e Ele então falaria sem hesitar tudo que o Senhor ordenasse (Dt 18.18). A advertência divina era que todos os que não ouvissem tal Enviado, teriam de prestar contas a Deus por tal descaso (Dt 18.19 cf. Jo 12.48). ► 1.3 - O Filho do Homem ou “último Adão”. Apesar de a expressão “filho do ho mem” ser muito corriqueira na Bíblia (no livro de Ezequiel seu uso é abundante), em parte alguma do texto ela é devidamente explicada, de forma a se presumir tratar-se de um título que objetiva destacar a humanidade, isto é, a não especialidade de alguém enviado por Deus, pois a pessoa, em si, não tem superpoderes (Dn 8.17 cf. Tg 5.17,18). No entanto, quando a expressão é utilizada de forma profética,re ferindo-se a alguém que transcende, ou seja, que ultrapassa o acontecimento histórico de quem está profetizando, diz respeito ao Enviado especial de Deus, cuja identificação com a nossa humanidade se faz necessária para que Ele possa ser ouvido: “Eu estava olhando nas minhas visões da noite, e eis que vinha nas | Discipulando Professor 1 I nuvens do céu um como o filho do homem; e dírigiu-se ao ancião de dias, e o fizeram chegar até ele” (Dn 7.13 cf. Ap 1.13; 14.14). É possível notar que depois de Ezequiel e Daniel que, inclusive, não deram a si mesmos esse título, mas foram, por Deus, assim chamados, o único a ter tal título atribuído a si mesmo, inclusive por Ele, foi Jesus (a expressão é abundantemente citada nos quatro Evangelhos). Em Romanos, e também na primeira epístola aos Coríntios, Paulo refere-se ao Enviado de Deus como o “último Adão” que tem poder e legitimidade de representar a humanidade, tal como o primeiro Adão o fizera no Jardim do Éden (Rm 5.12-21; 1 Co 15.21-49). Assim como aquele era homem, este último também o é! A diferença entre ambos é que, enquanto o primeiro sucumbiu à tentação, o último, embora em tudo tenha sido tentado, não pecou. E é justamente nisso que Ele, ao mesmo tempo em que se identifica conosco, se distingue do outro Adão, podendo nos ajudar (Hb 2.5-18; 4.14-16). ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 Além da ideia do protoevangelho que, de certa forma, já foi contemplada no próprio texto a que o aluno tem acesso, um dos assuntos centrais desta lição é o paralelo que o apóstolo Paulo faz entre Adão e Jesus, sobretudo pelo fato de que diz respeito à salvação (Rm 5.12-21). “A última frase do versículo 14 identifica Adão como ‘figura’, ou padrão, tipo (typos), de Cristo. Quer dizer, há uma semelhança entre os dois homens. Adão e Cristo inauguraram uma era na história da salvação, e suas ações determinaram a natureza da existência para aqueles que vivem em cada era. Este tópico Paulo desenvolverá em plena comparação nos versículos 18 e 19, mas antes de explicar a relação tipológica, ele apresenta a qualifica ção. Ele quer que seja entendido que as ações dos dois não devem ser vistas em condições iguais” (JOHNSON, Van. “Romanos” In AR- RINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.845). Na realidade, se o pecado pro duziu todo o mal de que se tem notícia, muito mais o dom gracioso do Criador (Rm 5.15). 0 mesmo autor afirma que nos “versículos 18 a 21, Paulo finalmente completa a comparação ‘assim como... assim’ que ele havia deixado inacabada no versículo 12. Em duas orações grandemente paralelas, Paulo estabelece a relação tipológica de Adão e Cristo — uma relação que ele vem qualificando desde o versículo 15. Paulo mostra maneira na qual o ato de Cristo inverteu as conseqüências do ato de Adão” (Ibid.). Assim é que no “versículo 18, o ato que trouxe condenação é colocado em oposição pelo ato justo que trouxe justificação [...]. A justificação dá vida a todos, o que — levando em conta o contexto precedente (vv. 9,10,17) — representa vida no outro mundo. No versículo 19 é o ato da desobediência (o pecado de Adão) que é colocado em contraste com um ato de desobediência (a morte de Cristo; veja vv.6-10; cf. Fp 2.8: ‘Sendo obe dientes até à morte’)” . Dessa forma, o que fica claro é o fato de que existem “duas esferas de existência — uma associada com Adão e a outra com Cristo. Os que não receberam a graça de Deus existem somente na esfera do pecado e da morte. Embora os crentes ainda sejam afetados pela esfera da morte que domina este mundo, eles não são domi nados pelo pecado e pela morte. A influência primária sobre o cristão no período interposto 20 | Discipulando Professor 1 | antes da volta do Senhor é a esfera da graça na qual o poder de Deus é expresso em atos graciosos” (Ibidem.). 2. O FILHO DE DEUS ► 2.1 - A pré-encarnação do Filho de Deus. O evangelho de João, em seu capítulo primeiro, chamado de “prólogo”, informa que a existência do Filho de Deus, identificado no texto pela expressão “Verbo”, antecede em muito o seu nascimento humano. É o que chamamos de “pré-encarnação”, isto é, sua existência antes de tornar-se um ser humano como nós (Jo 1.1-14). Justamente por isso o apóstolo do amor informa, inclusive, que tudo o que existe foi igualmente feito, ou criado, não apenas por Deus, mas também pelo Filho de Deus (v.3). É glorioso pensar no fato de que, mesmo com toda essa importância, diz João, “o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” (v.14). ► 2 .2 -0 “nascimento” do Filho de Deus. A própria simplicidade do nascimento terrenal do Filho de Deus demonstra o quanto Ele, a despeito de ser divino, se sujeita a identificar-se conosco naquilo que é mais comum, simples e trivial (Lc 2.1-38). Sua discrição contrasta com a pompa e a grandiloqüência humanas. É bem por isso que Herodes surpreende-se com a informação dos magos do Oriente de que nascera, em Belém, um rei (Mt 2.1-12). Temendo perder o seu posto, e na intenção de exterminar o Filho de Deus, o malévolo governador da Judeia, mandou então que se assassinasse todos os meninos belemitas de até dois anos (Mt 2.13-18). Felizmente, divi namente avisado, José, esposo de sua mãe Maria, considerado pai terreno de Jesus, fugiu com ela e o menino para o Egito, escapando assim da crueldade herodiana. ► 2 .3 -0 que significa ser “Filho de Deus”. Em um de seus embates com os religiosos de sua época, ao utilizarem a figura de Abraão inquirindo Jesus se Ele achava-se mais impor tante que o patriarca, o Mestre respondeu que Abraão ansiou por vê-lo atuando e que, pela fé “viu”, tendo, por isso, se alegrado (Jo 8.53,56). Indignados com essa afirmação, e alegando o fato de Jesus não ter ainda cinqüenta anos, sendo por isso impossível ter “visto” Abraão, o Mestre respondeu que antes do patriarca Ele “já era”, isto é, já existia (Jo 8.57,58). Em outra situação, ao revelar ser Filho de Deus, Jesus sabia que tal pronunciamento significava o mesmo que afirmar que era semelhante, ou igual, a Deus (Jo 5.18). Em outras palavras, conforme os próprios judeus entenderam bem, Ele estava dizendo que era Deus. 0 propósito primário de dizer que o Enviado é o Filho de Deus, além de isso ser verdade, ressalta o caráter de sua dupla natureza, ou seja, Ele tanto é humano quanto divino, identificando-se conosco através de sua humanidade, e com Deus, através de sua divindade. Assim, é o único, verdadeiro e exclusivo mediador entre nós e Deus (1 Tm 2.5; Hb 8.6; 9.15; 12.24). ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 2 De capital importância neste segundo tópico é o fato de que não é possível entender o “propósito último da criação ou redenção, nem entender a existência diária de Deus ou qualquer revelação espiritual, sem passar pelo Logos, o Filho de Deus” (AKER, Benny C. “João”, In ARRINGTON, French L ; STRONS- TAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.496). O mesmo autor afirma acerca do Evangelho do capítulo primeiro do Evangelho de João que os “versículos 1 a 4 narram o estado preexistente de Jesus e como Ele agia no plano eterno de Deus. ‘No princípio’ (v. 1a) fala da existência eterna da Palavra (o Verbo). As duas frases seguintes expressam a divindade de Jesus e sua relação com Deus Pai. Essa relação é uma dinâmica na qual constantemente são trocadas comunicação e comunhão dentro da deidade. O versículo 2 resume o versículo 1 e prepara para a atividade divina fora da relação da deidade no ve | Discipulando Professor 1 | No versículo 4 Ele é o Criador mediado. O usoda preposição ‘por’ informa o leitor com precisão que o Criador original era Deus Pai que criou todas as coisas pela Palavra” (Ibid.). Contudo, diz o mesmo autor, os “verbos que João usa nestes versículos fazem distinção entre o Criador não-criado, a Palavra (Verbo) e a ordem criada. Numa boa tradução a RC observa esta distinção: a Palavra (o Verbo) ‘era’, mas ‘todas as coisas foram feitas”’ (Ibidem.) por Ele e sem Ele nada do que foi feito se fez, podemos tranquilamente completar. 3. JESUS DE NAZARÉ ► 3.1 - Infância, adolescência e juventu de de Jesus. Após o nascimento do Filho de Deus e sua apresentação no Templo, a fuga para o Egito e a volta da família para morar em Nazaré (daí o porquê de Ele ser chamado de “Jesus de Nazaré”), excetuando um pequeno acontecimento em sua pré-adolescência (Lc 2.39-51), Lucas é sucinto em informar que u Assim [Jesus] é o único, verdadeiro e exclusivo mediador entre nós e Deus. j j “crescia Jesus em sabedoria, e em estatura, e em graça para com Deus e os homens” (Lc 2.52). Assim, fora o fato de que Jesus provavelmente deve ter tido uma vida como qualquer menino judeu de sua época, tudo o que se disser sobre sua trajetória, sobretudo acerca desse período em que a Bíblia silencia, é mera especulação. ► 3.2 - Jesus apresenta-se a João Batista. Com a idade de trinta anos Jesus apresenta-se ao seu primo distante, João Batista, e permite-se ser batizado (Mt 3.13-17). Apesar da relutância do Batista, Jesus quer identificar-se com as pessoas de seu tempo, e “cumprir toda a justiça” (Mt 3.15). Contudo, Ele é objetivo ao dizer que “todos os profetas e a lei profetizaram até João” (Mt 11.13; Lc 16.16). Em outras palavras, um novo tempo chegara (Mc 1.1 cf. Lc 7.18-22). Verdade seja dita, até mesmo João Batista reconhecia isso e sabia que seu tempo terminaria assim que chegasse a “ luz” (Jo 1.6-10,15-34). ► 3.3 - Jesus desenvolve seu ministério terreno e cumpre sua missão. Em um curtís simo espaço de tempo de aproximadamente três anos, Jesus revolucionou a realidade, primeiramente dos judeus e, posteriormente, do mundo inteiro. Tudo em Jesus surpreende, desde seu nascimento até a sua ressurreição. Em virtude de termos diversas lições que abordarão, tanto o caráter do Mestre quanto os vários aspectos da sua atuação e obra, basta agora apenas dizer que Ele é o personagem central da história, o ponto para onde todas as coisas convergem e encontram sentido. ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 3 É necessário não especular na exposi ção do tópico três, mas destacar os pontos relevantes do material que dispõe acerca da humanidade do Senhor, bem como sua dis posição em sujeitar-se ao seu parente, João Batista, mesmo não tendo necessidade disso. 22 | Discipulando Professor 1 | CONCLUSÃO Uma única lição é muito pouco para se falar acerca de quem é Jesus de Nazaré. Na realidade, tudo o que dissermos jamais será suficiente para descrever tudo o que Ele repre senta e é. O que importa é que já o conhecemos e devemos permanecer firmes em conhecê-lo ainda mais, principalmente de forma prática. Parafraseando o apóstolo do amor, se fôssemos abordar tudo o que Ele é, e fez, nem “ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem” (Jo 21.25). APROFUNDANDO-SE Devido a riqueza da expressão grega Lo- gos, traduzida no Evangelho de João, em português, como “Verbo” ou “Palavra” , vale dizer que essa expressão reproduz “a plena revelação de Deus, da mesma maneira que a lei, proveniente da escrita das Escrituras hebraicas até a sua época, era uma revelação de Deus” (Benny C. Aker. João In French L. Arrington e Roger Stronstad (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. 2.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.495). Dou trinas Bíblicas. Os Fundamentos da nossa Fé. 5.ed. Rio de Janeiro: CPAD, pp.72,74). SUGESTÃO DE LEITURA ► História Eclesiástica A história sobre a igreja e os apóstolos nos dias do nosso Senhor, Jesus Cristo. > Métodos Criativos de Ensino Ideias práticas e utilizáveis que tornarão o ensino criativo uma realidade. AVERIFIQUE SEUAPRENDIZADO 1 . De acordo com a lição, por que Jesus era chamado de “Filho do homem"? R. Como Enviado especial de Deus, tal identificação com a nossa humanidade se fez necessária para que Ele pudesse ser ouvido. 2 . Qual a principal diferença entre o primeiro e o “último” Adão? R. A diferença entre ambos é que, enquan to o primeiro sucumbiu à tentação, o último, embora em tudo tenha sido tentado, não pecou. 3 . De acordo com o texto de João 5.18, o que significava Jesus dizer que era o Filho de Deus? R. Ele estava dizendo que era Deus. 4 . É possível falar detalhadamente a res peito da infância, adolescência e juventude de Jesus? Por quê? R. Não. A Bíblia silencia a esse respeito, por isso, qualquer exploração do tema é mera especulação. 5 . Se Jesus não tinha pecado, por que Ele se apresentou a João para ser batizado? R. Jesus queria identificar-se com as pessoas de seu tempo e assim “cumprir toda a justiça”. ► Que João Batista, mesmo após ter dito que Jesus era o Cordeiro de Deus, por ser judeu, estando encarcerado, mandou que os seus discípulos perguntassem a Jesus se este era mesmo quem os judeus esperavam ou se deveriam esperar outro (Lc 7.19,20), simples mente pelo fato de que Jesus não correspondia à visão que os judeus tinham do libertador? Enquanto eles esperavam um libertador polí tico, terreno, Jesus dissera que os sinais que Ele realizava eram inequívocos de que o Reino de Deus chegara (Lc 7.21,22). Entretanto, como Ele disse a Pilatos, o seu Reino é eterno, não é deste mundo (Jo 18.36 cf. Lc 11.20). Discipulando Professor 1 TEXTO BÍBLICO BASE Mateus 11.25-30 25 - Naquele tempo, respondendo Jesus, dis se: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos sábios e instruídos e as revelaste aos pequeninos. 26 - Sim, ó Pai, porque assim te aprouve. 27 - Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser re velar. 28 - Vinde a mim, todos os que estais cansa dos e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 -Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. 30 - Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve. MEDITAÇÃO “De sorte que haja em vós o mesmo sen timento que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo- se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz. Pelo que também Deus o exaltou soberanamente e lhe deu um nome que é sobre todo o nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai" (Fp 2.5-11). REFLEXÃO BÍBLICA DIÁRIA ► SEGUNDA - Mateus 4.1 -11 ► TERÇA-Filipenses 2.5-11 ► QUARTA - Lucas 24.19 ►QUINTA-Mateus 11.29,30 ► SEXTA - Atos 1.1 ► SÁBADO - João 7.46-52 24 | Discipulando Professor 1 | ORIENTAÇÃO AO PROFESSOR INTERAGINDO COM O ALUNO Nesta lição você terá a tarefa de con duzir o estudo acerca de um tema bastante corriqueiro, porém, muito importante para o aluno a quem você está lecionando. No início de uma nova caminhada, é imperioso que o seu trabalho pedagógico destaque o valor do caráter. Acolher o Evangelho de Cristo não significa adotar certas ideias ou doutrinas, mas permitir-se e submeter-se à transformação de todo o nosso ser ao trabalhardo Espírito San to. Ele é o responsável em nos conduzir rumo ao supremo alvo que é tornarmo-nos como o Senhor Jesus Cristo. Conta-se a história de um missionário que, ao falar de Jesus em uma determinada localidade, tivera a grata surpresa quando os moradores lhe disseram que aquela pessoa de quem ele falava já havia estado ali. O que certamente aconteceu nesse lugar, é que alguém fora tão transformado e parecia-se tanto com o Mestre, que ao ouvir a pregação do missionário, a impressão dos moradores é que a pessoa de quem ele falava já havia estado entre eles. É exatamente isso que o Senhor deseja para nossa vida. OBJETIVOS Sua aula deverá alcançar os seguintes objetivos: ► Destacar o perfil de Jesus (sua humildade, seu método de ensino pelo exemplo e sua coerência, isto é, a perfeita combinação entre o que dizia e fazia); ► Evidenciar a fidelidade de Cristo ao Senhor Deus no cumprimento de sua missão; ► incentivar aos alunos a que procurem manter sua comunhão com Deus, a partir do exemplo do Mestre de Nazaré. PROPOSTA PEDAGÓGICA Considerando que a caminhada do novo con vertido está apenas se iniciando, é imprescindível que você incentive o aluno a uma permanente transformação de caráter. Esteja atento ao seu próprio desempenho, pois inevitavelmente você será observado. Ainda que estejamos cientes das nossas ambigüidades e imperfeições, precisamos incentivá-los a que busquem não legalisticamente, é óbvio, mas, de forma voluntária e servidora, imitar a Cristo, que é o nosso supremo alvo. Inicie a aula inquirindo-os acerca da seguinte questão: Se o mundo todo agisse como nós agimos, ele seria melhor? Espere ao menos alguns segundos e, em seguida, prossiga perguntando: É possível transformar o mundo através do exemplo? Quando se trata de caráter, qual o melhor “método” de ensino, o discurso ou | Discipulando Professor 1 | o exemplo? Bons modos e boas maneiras são posturas esperadas em quem é exclusivamente religioso? Como se explica o fato de pessoas não crentes terem, às vezes, um exemplo até melhor do que aqueles que professam a fé? Diga-lhes que, independentemente da postura das pessoas que professam a fé, cada um dará conta de si mesmo e, por isso, devemos, indi vidualmente, cuidar de nossa comunhão com o Senhor, pois muitas vezes, a única “pregação” a que as pessoas não crentes terão acesso é o nosso exemplo. COMENTÁRIO | INTRODUÇÃO No primeiro século de nossa era, uma cena comum entre a sociedade palestina era o fato de as pessoas se “dividir” em grupos, ou partidos, cujos mentores definiam o perfil dos seus se guidores que, naquele momento histórico, eram mais conhecidos como “discípulos”. Quando Jesus inicia seu ministério, as pessoas passam a ouvi-lo a fim de entender sua “filosofia” e/ ou “proposta ideológica”. Entretanto, muitas se decepcionaram (Jo 6.60,66,67), pois Jesus não veio trazer uma nova ideia, mas inaugurar um novo tempo (Mc 1.1). Nesse novo tempo, os beneficiados seriam justamente os esquecidos pela sociedade, os que não tinham esperança (Lc 4.14-19). Quanto às pessoas que se sentiam seguras com a religião oficial, e também as que não queriam perder sua posição na estrutura religiosa, estas não acolheram a mensagem do Filho de Deus (Jo 7.40-53; 12.31-43). O Senhor disse certa vez que todo discípulo perfeito seria como o seu mestre (Lc 6.40 cf. Jo 13.13,14). Uma vez que somos discípulos de Cristo, e Ele, como instrui-nos o apóstolo Paulo, é o “último Adão” (Rm 5.14; 1 Co 15.45), ou seja, é o novo repre sentante da humanidade e, por conseguinte, a nova referência de ser humano a quem, os que nEle creem, devem imitar e procurar parecer (Ef 4.13; 5.1,2), nessa lição vamos estudar um pouco acerca do seu caráter. 1. O CARÁTER DE JESUS EVIDENCIADO EM SUAS AÇÕES E POSTURA ► 1.1 - A humildade de Jesus. No chamado hino cristológico de Filipenses 2.5-11, vemos que Jesus, mesmo sendo divino, não se apegou a sua igualdade com o Pai, mas esvaziou-se de forma voluntária e sacrifical, assumindo a condição de servo, tornando-se como nós. Depois de tornar-se como um de nós, humilhou-se e submeteu-se à morte de cruz que era uma das piores formas de execução do mundo antigo (Dt 21.22,23). Além disso, durante o tempo de sua vida terrena, como filho, foi obediente aos seus pais (Lc 2.51), como adulto, soube reconhecer o ministério de seu primo, João Batista (Mt 3.13,14), e foi igualmente responsável com questões cívicas (Mt 17.24-27; 22.15-22). O simples fato de abrir mão dos tra ços dos reis conquistadores do mundo antigo, apresentando-se simples, como uma pessoa do povo e sem exigir nenhum tratamento especial, foi o motivo de Jesus ser rejeitado pelo seu povo, porém, é justamente nessa sua atitude que vemos a grandeza, pois quando poderia coagir a todos para que nEle cressem, não o faz, mas oferece amor e deixa-nos livres para optar por segui-lo. ► 1.2 - O ensino “exemplar” de Jesus. Ao introduzir a narrativa do famoso “Sermão da Montanha”, Mateus diz que Jesus “abrindo a sua boca os ensinava” (Mt 5.2). Tal infor mação, a despeito de em outras versões não aparecer tal expressão, poderia levar alguém a pensar: “ Mas há outra forma de ensinar, a não ser falando?" Sim, há. E muitas lições de 26 | Discipulando Professor 1 | Jesus foram ensinadas no silêncio de suas ações e postura (Jo 8.2-11; 13.1-17). ► 1.3 - A coerência de Jesus. Não havia dissociação entre o que Jesus falava e fazia, ou entre o que praticava e dizia. Como disseram os vacilantes discípulos saindo de Jerusalém em direção à aldeia de Emaús, “Jesus, o Nazareno, [...] foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo” (Lc 24.19). Em outras palavras, Jesus era coerente, pois Ele tanto fazia, ou seja, praticava, quanto ensinava (At 1.1). Muito dife rente dos líderes religiosos e ensinadores de Israel que, conforme dissera o próprio Jesus, diziam, mas não praticavam e nem viviam o que ensinavam (Mt 23.3). Na verdade, revelou o Mestre, aqueles homens amarravam fardos pesados e difíceis de carregar, e colocava-os nos ombros do povo, mas eles mesmos não se dispunham a movê-los nem sequer com um dedo (Mt 23.4). ^ AUXÍLIO DIDÁTICO 1 Desse primeiro tópico, sem dúvida alguma a análise do texto de Filipenses 2.5-11 é decisiva. “Estes versos são essenciais nesta carta. Enfo cam principalmente a atitude de Cristo como um exemplo a ser imitado pelos filipenses. Por esta razão discutem abertamente o problema contí nuo da rivalidade aludido na carta” (DEMCHUK, David. “Filipenses”, In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíbli co Pentecostal Novo Testamento. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p.1291). Esse aspecto é decisivo nesse primeiro momento do novo convertido, pois ele chega à comunidade crendo que encontrou um lugar onde não há problemas e conflitos. Nada mais longe da realidade e isso desde os tempos do Novo Testamento! Aproveite o tema para expor essa realidade sem, contudo, permitir que haja uma falsa conscientização, ou seja, que tal comportamento é correto. Conforme o mesmo autor, “Paulo começa observando a forma de vigiar de Cristo e sua maneira de viver, que os filipenses são encorajados a seguir (A frase: ‘De sorte que haja em vós o mesmo sen timento...’ [...]). A frase que algumas traduções têm como ‘Suas atividades [plural]’ indica o fato de que essa atitude deveria permear a estrutura da comunidade cristã” (Ibid., pp.1291-92). David Demchuk diz ainda que a “ inclusão das palavras ‘que houve também em Cristo Jesus’ é literalmente ‘de Jesus Cristo'. Existe alguma dúvida a respeito desta frase. Os filipenses são chamados a terem, um para com o outro, a mesma atitude que têm para com Cristo (com o sentido de ‘que
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