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12 De Geração Para Geração

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Universidade São Judas Tadeu 
Curso Design – 4º. Ano – 2014 
Disciplina: Mercado e Consumo - Prof. Gisele Leiva 
 
 
De geração para geração 
 
Lançar um olhar para 2020 com as experiências de cada GERAÇÃO é um desafio e tanto. Novas perspectivas 
de consumo em um novo cenário com base nas diversas necessidades de um planeta mutante. A constante 
transformação do comportamento do consumidor faz com que os diversos ramos da comunicação, do 
design, da arquitetura, da moda, da cosmética, dos alimentos e bebidas, do varejo, da publicidade e da 
indústria necessitem acompanhar essas mudanças. 
 
O crescimento urbano, a invasão tecnológica na vida das pessoas, o modo de viver e conviver, de se 
organizar em grupos, formar famílias, viver só, com ou sem filhos provocam uma transformação jamais 
vista e que não para de sofrer mutações. 
 
A MULHER sofre uma transformação em seu papel, assumindo responsabilidades e postos de comando 
antes destinados apenas a homens. Assumindo a casa e se tornando a "chefe de família", às vezes com um 
companheiro e muitas vezes não. A sua facilidade de absorver e transformar tarefas em ações impulsiona 
sua ascensão no mercado de trabalho e promove uma mudança total no sistema de formação familiar. Ela 
não está aí só para criar filhos, mas está à frente de conglomerados de empresas mundiais, à frente de 
governos e comandando batalhões de pessoas em ambientes em que a sensibilidade faz a diferença. 
 
As GERAÇÕES nascidas na década de 60 se adaptam à tecnologia que teve um avanço extraordinário nos 
últimos 40 anos. Eles passaram por todo esse processo e cresceram juntos e envelhecerão dentro de 
poucos anos, mas com uma vantagem – a expectativa de vida aumentou e eles estarão por mais tempo no 
mercado de trabalho, isso significa mais tempo consumindo. 
 
Por outro lado, as GERAÇÕES Y e Z nasceram na era digital e têm necessidades diferentes, total facilidade 
com a tecnologia, visões diferentes, maior autonomia e agressividade pelo seu modo de criação em que 
seus pais queriam proporcionar um crescimento melhor e com mais facilidades. Isso proporcionou 
GERAÇÕES mais ansiosas e determinadas que não tem nenhuma dificuldade com a tecnologia, ao contrário, 
não sabe o que é viver sem computador, internet e suas redes sociais. 
 
No Brasil o consumo nunca foi tão vigoroso. Em 2012, o mercado superou 1 trilhão de dólares ao ano. Ao 
mesmo tempo, passa por uma transformação sem precedentes no perfil de seus consumidores devido a 
diversas mudanças demográficas, como o envelhecimento da população, o aumento do número de 
solteiros e a ascensão de uma população de baixa renda, que passa a ser inserida no mercado e a consumir 
mais. O país está embarca em um novo ciclo de consumo e isso deve durar um bom tempo. 
 
 
Geração X (1966 – 1977) 
Estamos falando de uma GERAÇÃO marcada por profissionais extremamente pragmáticos. A safra dos X 
reúne executivos cujas ações são orientadas pelo senso de oportunidade. São ágeis no aprendizado e bons 
empregados, daquele tipo que, em alguns segmentos, merecem o chamamento de "pé de bois". Não é à 
toa. Eles têm como foco construir uma carreira sólida - muitas vezes, o que acontecerá numa só empresa 
que lhes dará diversas oportunidades - por meio da qual possam ascender socialmente e conquistar bens e 
posição econômica que seus pais nunca atingiram. 
 
Para isso, dedicam-se ao trabalho e ao crescimento econômico, acumulam riquezas, planejam suas 
previdências – em grande parte por temer que seu futuro fique à mercê de incertezas econômicas que 
abalaram a vida daqueles que foram seus exemplos. 
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Foi em meio à dedicação ao trabalho e ao crescimento econômico dos profissionais da GERAÇÃO X que 
nasceram os jovens que hoje formam a safra dos Y. Eles são, em muitos casos, os filhos que assistiram aos 
pais trabalharem demais, sofrer com estresse, dedicar pouco tempo a temas não-corporativos e acumular 
riquezas para financiar a estabilidade e a elevada qualidade de educação dos herdeiros. 
 
Em resumo, é possível dizer que boa parte da relação dos X com trabalho e dinheiro é o que molda hoje a 
postura dos Y frente à carreira, assim como o desejo deles por algo atrelado a valores, crenças e mais 
qualidade de vida. 
 
O que observamos cada vez mais em nossos jovens talentos é que eles se apropriam do que realmente faz 
sentido para sua trajetória profissional. Se antes os modelos, adequados ou inadequados, e os modismos, 
adaptados ou não adaptados, ditavam o comportamento de muitos destes jovens, hoje eles olham para 
seus interesses e características e, cada vez mais cedo, buscam alinhar suas expectativas pessoas às 
profissionais. Isso é um sinal de maturidade, uma vez que, muitos profissionais só se dão conta que podem 
fazer escolhas em uma fase bem posterior de vida e carreira. 
 
Há muitos e muitos casos de homens e mulheres no Brasil que, parte da geração X, criaram 
empreendimentos únicos ou apoiaram suas empresas, como executivos, a trilhar o caminho do 
crescimento. 
 
 
Geração Y (1977 – 1994) 
A Geração Y ou Geração da Internet é um conceito em Sociologia que se refere segundo alguns autores, à 
côrte dos nascidos após 1980 e, ou, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo 
sucedida pela Geração Z. 
 
Esta geração desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. Os 
seus pais, não querendo repetir o abandono das gerações anteriores, os encheram de presentes, atenções 
e atividades, fomentando a sua auto-estima. Cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, 
fazendo tarefas múltiplas. 
 
Acostumados a conseguirem o que querem não se sujeitam às tarefas subalternas de início de carreira e 
lutam por salários ambiciosos desde cedo. Os Y são ambiciosos, buscam dedicar-se a projetos que 
representem suas causas, reconhecimento e evolução rápida na carreira. Ao mesmo tempo, não lidam bem 
com restrições e se pautam pelo imediatismo: sem resultados palpáveis para seus projetos, tendem a 
dispersar. As características têm fundamento na própria formação dos indivíduos Y. Eles contam com um 
perfil diferenciado frente à média: têm fluência em diversos idiomas, foram educados para desenvolver 
espírito empreendedor, contam com boa formação escolar e contabilizam períodos de vivência no exterior. 
Outras características atuais é a utilização de aparelhos de telefonia celular para muitas outras finalidades 
além de apenas fazer e receber ligações como é característico das gerações anteriores. 
 
Enquanto grupo crescente, tem se tornado o público-alvo do consumo de novos serviços e na difusão de 
novas tecnologias. As empresas desses segmentos visam atender esta nova geração de consumidores que 
se constitui um público exigente e ávido por inovações. 
 
Preocupados com o meio ambiente e causas sociais, essa nova geração tem um ponto de vista diferente 
das gerações anteriores que viveram épocas de guerras e desemprego, com o mundo praticamente estável 
e mais cômodo a liberdade de expressão, esses jovens conseguiram se preocupar com valores esquecidos 
como vida pessoal, bem-estar e enriquecimento pessoal. 
 
Atitudes, Características e Preocupações da GERAÇÃO Y: 
- Domínio da tecnologia – (Linker People) 
- Mais colaboração e menos hierarquia 
- Capacidade de inovação 
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- Imediatismo 
- Atuação global e em nichos específicos 
- Preocupação com a sustentabilidade 
 
 
Geração Z (1995 – atual) 
Uma juventude que conhece a internet desde a infância. Até pouco tempo atrás, livros e filmes ainda 
falavam da Geração X, aquela que substituiu os yuppies dos anos 80. Essa turma preferia o bermudão e a 
camisa de flanela à gravata colorida e ao relógio Rolex, ícones de seus antecessores. Isso foi no início dos 
anos 90. 
 
Recentemente, o mercado publicitário saudou a maioridade da Geração Y, formada pelos jovens nascidos 
do meio parao fim da década de 70, que assistiram à revolução tecnológica. Ao contrário de seus 
antecessores slackers – algo como "largadões", em inglês –, os adolescentes da metade dos anos 90 eram 
consumistas. Mas não de roupas, e sim de traquitanas eletrônicas. Agora, começa-se a falar na Geração Z, 
que engloba os nascidos em meados da década de 80. 
 
A grande nuance dessa GERAÇÃO Z é zapear. Daí o Z. Em comum, essa juventude muda de um canal para 
outro na televisão. Vai da internet para o telefone, do telefone para o vídeo e retorna novamente à 
internet. Também troca de uma visão de mundo para outra, na vida. 
 
Garotas e garotos da GERAÇÃO Z, em sua maioria, nunca conceberam o planeta sem computador, chats, 
telefone celular. Por isso, são menos deslumbrados que os da Geração Y com chips e joysticks. Sua maneira 
de pensar foi influenciada desde o berço pelo mundo complexo e veloz que a tecnologia engendrou. 
Diferentemente de seus pais, sentem-se à vontade quando ligam ao mesmo tempo a televisão, o rádio, o 
telefone, música e internet. Outra característica essencial dessa geração é o conceito de mundo que possui, 
desapegado das fronteiras geográficas. Para eles, a globalização não foi um valor adquirido no meio da vida 
a um custo elevado. Aprenderam a conviver com ela já na infância. Como informação não lhes falta, estão 
um passo à frente dos mais velhos, concentrados em adaptar-se aos novos tempos. 
 
Enquanto os demais buscam adquirir informação, o desafio que se apresenta à Geração Z é de outra 
natureza. Ela precisa aprender a selecionar e separar o joio do trigo. E esse desafio não se resolve com um 
micro veloz. A arma chama-se maturidade. É nisso, dizem os especialistas, que os jovens precisam 
trabalhar. Como sempre. 
 
 
Filhos únicos 
Uma tendência que já vem acontecendo a algum tempo na sociedade, e promete aumentar no futuro, é a 
preocupação com o planejamento financeiro familiar, que resultará no aumento de filhos únicos no mundo 
e até mesmo de casais sem filhos. 
 
O fenômeno dos filhos únicos, por motivos de crescimento demográfico natural, já se difundiu em todos os 
países ocidentais, como em vários países da Europa, e em países orientais também, como Japão. 
 
Essa geração tem características individualistas, narcisistas, egocêntricas e muito consumistas. Eles são e se 
sentem únicos em todos os sentidos e caracterizam a paisagem do consumo fortemente individual, ao 
limite do narcisismo, numa faixa etária que vai dos 20 até os 35 anos, no mundo masculino e feminino. 
 
Os filhos únicos são considerados os "filhinhos de papai", potencialmente sujeitos a altas despesas, mas 
que ainda são mantidos pelos pais e representam com freqüência a nova expressão da burguesia urbana. 
Do ponto de vista estético, trata-se de garotas e garotos fascinantes, com antigas regras de elegância, que 
permitem jogos de combinações mais ou menos ambiciosos. Roupas, acessórios, cosméticos e produtos 
diretamente relacionados ao uso pessoal constituem o grande repertório para definir e reforçar sua 
identidade. 
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Olhando pelo lado comportamental, essa geração está empenhada criativamente para o alcance do 
sucesso pessoal, para se sentirem únicos no sentido mais profundo da originalidade, obtendo assim um 
reconhecimento explícito das próprias capacidades intelectuais. 
 
Atitudes, Características e Preocupações dos filhos únicos: 
- Interessados no consumo, no qual constroem sua própria identidade. 
- O produto como encarnação da personalidade individual única e exclusiva. 
- Não abandonam a referência a um passado de tradição, mas o adaptam para o mundo contemporâneo, 
desfrutando da experimentação como chave de projetos distintivos ou parceria de qualidade. 
 
 
Mulher singular – uma geração com M maiúsculo 
A evolução da mulher já nos remete a igualdade entre os sexos, porém a tendência é a mulher ter cada vez 
mais poder e buscar pelo seu espaço em qualquer tipo de ramo. Essa geração da “Mulher Singular” pode 
ser personificada como a mulher mais audaciosa, segura de si, sem preconceitos e cada vez mais 
conscientes da própria força, que expressam sua singularidade e identidade femininas. 
 
Para essas mulheres é vital manter acesa a relação com estereótipos, como uma maneira de preencher 
com energia e diversão a vida cotidiana: invertendo abertamente, com ironia e rapidez, o velho jogo entre 
sedução e poder, enfatizando momentos e delicados da realidade, como ocorre no livro e filme "O Diabo 
Veste Prada". 
 
Atitudes, Características e Preocupações da Mulher Singular: 
- Audaciosas, radicais e ao mesmo tempo com sensibilidade, determinadas, criativas e objetivas (até 
mesmo nas decisões familiares). 
- Críticas, refletem sobre os direitos humanos para definir o potencial criativo do radicalismo civil, que 
através do mundo feminino pode ser estendida até a comunidade internacional. 
- Rever as especificações da própria marca ou produto valorizando ponto de vista cultural, alternativo e 
questionador, que a “mulher singular” adota, em vista da sua experiência cotidiana em relação ao mundo 
masculino e familiar. 
- Individualizar e regenerar os clássicos arquétipos da sedução feminina e considerar o potencial criativo 
com radicalismo e singularidade, transformando-os em reserva de inspiração universal que atravessa todos 
os gêneros, estendendo-se à condição masculina e também gay. 
 
 
Fontes: 
http://www.designforum.com.br/designforum2010/designforum_megatendencias_geracao.html 
 
Fátima Rosseto (Leadership Development Director da DBM Brasil, consultoria especializada em gestão do capital humano em momentos de 
transição). HSM Online - 13/07/09. 
 
 
 
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YOUTH MODE: UM ESTUDO SOBRE LIBERDADE 
 
A MORTE DA IDADE 
Foi-se o tempo em que era possível ser especial – ou seja, sustentar diferenciais únicos para uma 
determinada audiência durante um determinado tempo. Se você fosse diferente das pessoas ao seu redor, 
você estaria a salvo. Mas a internet e a globalização acabaram com essa lógica para todo mundo. 
 
Assim como um vídeo pode viralizar, qualquer coisa também pode. A probabilidade de que você e a 
Michelle Obama façam o mesmo pedido para uma estrela cadente é maior do que nunca. 
 
A afirmação da individualidade é um rito de passagem, mas o branding geracional priva os jovens dessa 
capacidade. Pertencer a uma geração se torna uma verdade inevitável – você continua sendo de Peixes 
mesmo que não acredite em astrologia. Ao mesmo tempo, a responsabilidade pelo comportamento de 
uma geração é apenas parcialmente totalitária. (“Não é você! É toda a sua geração!”) 
 
Por muito tempo, a idade esteve amarrada a uma série de expectativas sociais. Mas quando o jovem da 
geração Boomerang* retorna para o ninho vazio e a aposentadoria fica mais distante a cada dia, o vínculo 
entre idade e expectativas sociais começa a se desfazer. No fim das contas, apelamos para a aptidão 
tecnológica para separar jovens dos mais velhos – apesar de que mães também se viciam em Candy Crush. 
 
*Foi cunhada nos EUA a expressão Boomerang Generation para designar os "jovens adultos" que saíram de casa cedo para estudar 
ou trabalhar, foram independentes durante considerável período, e depois, geralmente por conta de problemas financeiros, 
acabaram voltando a morar com os pais. Com a crise econômica de 2008 a Boomerang Generation cresceu bastante por lá, tanto é 
que a última edição da revista The New Yorker fez uma reportagem especial sobre o assunto. Abaixo, a capa da revista com uma 
ilustração genial de Daniel Clowes. Atente para os detalhes. 
 
 
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A demografia está morta. Ainda assim, futurólogos de plantão dão um jeito de inventar outra geração 
sempre que precisam. Os clientes estão desesperados para se adaptar ao consumidor de amanhã. Mas a 
linearidade geracional tem a mesma cara há mais de 40 anos. A juventude não-etária demanda 
emancipação.YOUTH MODE 
 
A juventude é um modo operante. É uma forma de agir. Pense no Kevin Spacey em Beleza Americana: um 
marombeiro que fuma maconha na crise da meia-idade. Esse é um modelo Baby Boomer de 
rejuvenescimento. É voltar a um estágio em que o colarinho branco ainda não havia sugado sua vida e lhe 
transformado em um robô corporativo. Obviamente, tudo deu errado para esse personagem. 
 
Estar em YOUTH MODE não significa reviver perpetuamente sua própria juventude, e sim estar presente e 
jovem em qualquer idade. Juventude não é um processo, envelhecer é. Em YOUTH MODE, você é infinito. 
 
JUVENTUDE # IDADE 
JUVENTUDE = LIBERDADE 
 
Juventude não é liberdade em um sentido político. É uma emancipação do tédio, do previsível, da tradição. 
É atingir um potencial máximo: a habilidade de ser a pessoa que você quer ser. Trata-se da liberdade de 
escolher como se relacionar; de experimentar coisas novas; de cometer erros. A juventude entende que 
toda liberdade tem limites e que ser adaptável é a única forma de ser livre. 
 
Não importa se você é ________ , ________ , ou ________ , o desejo de escapar das limitações da vida 
cotidiana é universal. Estar em YOUTH MODE garante a liberdade de se realinhar radicalmente com o 
mundo. 
 
YOUTH MODE 
• COMPROMETIDO COM O NOVO 
• EXPERIMENTAL 
• CRÍTICO AO TEMPO 
• AJUSTÁVEL 
• INSURGENTE 
• SENSÍVEL AO COLETIVO 
• LIVRE 
 
EM YOUTH MODE, VOCÊ É INFINITO 
 
 
VIVEMOS NO TEMPO DO MASS INDIE 
 
É como se alguém tivesse gritado ‘Fogo!’ em um cinema lotado no dia da morte do Kurt Cobain e todos 
tentaram achar uma saída diferente. Mass Indie é o que aconteceu 45 minutos depois. Cansados de tentar 
passar pelas portas, todos decidiram ficar no cinema. O pânico se dissipou em ambivalência. O Mass Indie 
abandonou a preocupação do Alternativo de evitar a uniformidade e elegeu a celebração da diferença 
como a única possibilidade. 
 
Mas ser diferente não é sempre uma jornada solitária; pode ser um processo coletivo. Não importa se você 
é soft grunge ou pastel goth, você pode fazer suas compras na Vila Madalena. Mass Indie entende que a 
cultura é baseada em sobreposições: diferentes identidades não podem ser mutuamente exclusivas pois 
geram sempre novas combinações. 
 
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Assim como um equalizador de áudio, a cultura Mass Indie mistura o bizarro com o normal até chegar no 
ponto de nivelamento. Esse é o dogma: jaqueta jeans surrada com vestido de noite, atividade luxuosa de 
lazer em um espaço industrial, apenas um louco por festa. Nesse cenário, dominar as diferenças é uma 
forma de neutralizar as ameaças e obter status dentro de um grupo. 
 
Mas só porque o Mass Indie é pró-diversidade, não significa que seja pós-escassez. Há uma quantidade 
limitada de diferenças no mundo. E quando a diferença é a busca da grande massa, ela se torna insuficiente 
e escassa. A ansiedade de não existir um território novo é sempre um catalizador para a mudança. 
 
SER ESPECIAL VS. SER LIVRE 
 
PROBLEMA 1: PARECER UM CLONE 
Os detalhes que lhe definem são tão pequenos que ninguém percebe que você é diferente. Feast.ly, Fast.ly, 
Vid.ly, Vend.ly, Ming.ly, Mob.ly: cada um oferece um serviço específico, destinado a uma necessidade 
específica do usuário, criado por um espírito empreendedor específico. Todos tem um target diferente, 
mas ninguém mais lembra quem é quem. Até os próprios CEOs tem dificuldade de lembrar do seu 
ingrediente secreto. Todas suas decisões em alta resolução foram anuladas, e suas startups voltaram ao 
ponto básico de partida. Esse é um problema de HD. 
 
É difícil acompanhar o todo quando os detalhes relevantes estão cada vez menores. O cérebro humano é 
capaz de processar uma certa quantidade de informação. É como tomar tantas drogas no Burning Man que 
você acaba desconfortavelmente lúcido. Ou como aquela sua camiseta branca básica que, ironicamente, 
nunca ninguém vai adivinhar que ela só pode ser lavada à mão. 
 
PROBLEMA 2: ISOLAMENTO 
Você é tão especial que ninguém sabe do que você está falando. Um jantar onde cada convidado leva um 
prato, e as pessoas tem tantas restrições alimentares que cada um só pode comer o que levou. A festa que 
é tão exclusiva que ninguém aparece. Aquele papo sinistro na Torre de Babel. 
 
Você precisa do Google Tradutor só para dizer, “Oi, tudo bem? Como estão as coisas?” Não é que você 
esteja de fato sozinho, mas age como se estivesse. Você fez de tudo para ser tão preciso nas suas decisões 
que sua micrológica só é percebida por um círculo cada vez menor de amigos. Você pode ser o maior 
expert mundial em Danças Religiosas Malanésias, mas depois de formado, percebe que ninguém se 
importa a não ser o seu orientador do PhD. Essa é a história daquele funcionário irritado do Spoleto. 
 
PROBLEMA 3: PASSAR DOS LIMITES 
Os traços de individualidade são tantos e se reproduzem tão rápido que é impossível estar sempre 
atualizado. “Trolada?” Você não tem muita certeza. Você já ouviu essa expressão na balada, mas o 
Dicionário Informal não está acompanhando. A conversa está acontecendo rápido demais. 
 
Adolescentes ficam famosos na internet e imediatamente deletam seus perfis. O fluxo de notificações é 
sufocante. Tudo parece spam. Mas provavelmente existem interações genuínas e interessantes soterradas 
na timeline. Talvez eles reativem suas contas por um minuto, voltem a escavá-las e então desativem tudo 
novamente. É um equilíbrio tênue entre o FOMO (Fear Of Missing Out) e o DGAF (Don’t Give a Fuck). Como 
operar os dois? Oportunistas de conteúdo se degladiam na busca pela próxima Inês Brasil, pois acertar em 
cheio sem nenhum esforço é algo muito raro. Apenas sábios/ignorantes conseguem estar no lugar certo e 
na hora certa e nem se dar conta disso. 
 
POR ISSO A BERMUDA CARGO 
 
ACTING BASIC 
Se a regra do momento é Think Different, ser visto como normal é algo assustador. (Significa um retrocesso 
às suas raízes desinteressantes, voltar a ser abóbora, mais um na multidão.) Paradoxalmente, isso faz com 
que a normalidade seja adotada pelos especialistas do Mass Indie. Essa estratégia reforça seu status e 
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prova como os símbolos de singularidade podem ser descartáveis. A coisa mais diferente a se fazer é 
rejeitar a ideia de ser diferente. Quando as extremidades ficam cada vez mais populosas, o Mass Indie 
converge para o meio. Após dominar a diferença, aqueles que se dizem verdadeiramente cool se tornam 
indiferentes e buscam atingir a uniformidade. 
 
Igualdade não deve ser confundida com minimalismo. Você passa a ter uma mobilidade temporária e um 
senso de liberdade porque toma menos decisões e analisa melhor cada uma delas. Mas o back to basics 
não funciona quando aquilo que determina o que é básico está ultrapassado. Eventualmente, você acaba 
se enrolando. Seu groove se transforma em rotina. Steve Jobs e Cebolinha são imortais porque suas roupas 
nunca mudam, ou por que estão pré-mortos? 
 
Existe uma teoria que diz que o estilo de um homem é apenas a reiteração do que ele usava quando estava 
“pegando todo mundo” – por isso a bermuda cargo. Agir de maneira básica por muito tempo lhe torna 
extremamente notável. As pessoas percebem os dois buracos na sua jaqueta onde o logo da Stone Island 
estava. O uniforme casual passa inclusive a chamar a atenção da polícia. 
 
Quando a diferenciação ocorre segundo um tipo ordenado de progressão, as coisas só estão se tornando 
aparentemente autênticas. Você se torna vegetariano antes de ser vegano, e vegano antes de ser um 
vegano gluten-free que só come alimentos locais. A necessidade de ordenar e narrar decisões gera uma 
sensação de aprisionamento, mas fazer o caminho inverso também não escapa dessa lógica. No final, a 
simplicidade superficial é apenas a negação da complexidade, não a sua resolução. Agir de maneira básica 
não supera os problemas do Mass Indie, pois essa ação ainda tem como base a diferenciação. A igualdade 
nãoé dominada, apenas abordada através da ilusão da uniformidade. 
 
 
A NOVA ORDEM MUNDIAL DO ESPAÇO EM BRANCO 
 
NORMCORE 
Era uma vez um tempo em que as pessoas nasciam em comunidades e lutavam por sua individualidade. 
Hoje, elas nascem como indivíduos e devem achar as suas comunidades. Mass Indie responde a essa 
situação criando panelinhas de indivíduos que sabem de tudo, enquanto Normcore sabe que o desafio é 
dominar o potencial para a conexão surgir. É sobre adaptabilidade, não exclusividade. 
 
Normcore entende o processo de diferenciação através de uma perspectiva não-linear. É um reflexo 
apurado do YOUTH MODE. Não é a liberdade de se tornar alguém e sim a liberdade de poder estar com 
qualquer pessoa. Você pode não entender nada de futebol e mesmo assim sentir um arrepio com o grito da 
torcida na Copa do Mundo. Em Normcore, uma pessoa não finge estar acima da vergonha de querer 
pertencer. 
 
Normcore se distancia de uma noção de cool baseada na diferença e adota um modelo de pós-
autenticidade que opta pela igualdade. Porém, ao invés de se apropriar de uma versão estereotipada do 
mainstream, faz bom uso de cada situação presente. Para ser verdadeiramente Normcore, é preciso 
entender que o normal na verdade não existe. 
 
NORMCORE 
• SITUACIONAL 
• NÃO-DETERMINISTA 
• RESILIENTE 
• DESPREOCUPADO COM AUTENTICIDADE 
• EMPATIA NO LUGAR DA TOLERÂNCIA 
• PÓS-ASPIRACIONAL 
 
Em conversas de elevador potencialmente interessantes, Mass Indie é falar de um sonho que você teve na 
noite anterior, enquanto Normcore é conversar sobre o clima. Ambos permitem que emoções verdadeiras 
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sejam reveladas em uma situação cotidiana. No entanto, não importa a intensidade da sua descrição, o seu 
sonho termina com você, enquanto a tempestade afeta todos nós. 
 
Normcore produz conjuntos microscópicos de significados que permitem ruídos estratégicos. Para aquele 
que está observando, é confuso. É como ter certeza absoluta que o Harry Styles está cantando somente 
para você. Mas na realidade aqueles olhos verdes estão apenas lançando um olhar suavemente fixo. 
Normcore são os olhos da Mona Lisa. Essa é a nova ordem mundial do espaço em branco. Você não pode 
mais reagir com cara de zumbi ou fazer de conta que não viu. É hora de responder apropriadamente e 
encarar as situações de frente. (É por isso que é Normcore ser Mass Indie em Williamsburg). Normcore 
aproveita a possibilidade de uma interpretação ambígua como oportunidade de conexão - e não como 
ameaça à autenticidade. 
 
Normcore sabe que as escolhas do consumidor não são irrelevantes, são só temporárias. Pessoas se 
comprometem, pessoas são inconsistentes. Fazer uma determinada escolha hoje e outra conflitante 
amanhã não faz de você um hipócrita, apenas complexo. O consumo nunca foi uma oportunidade de 
absoluta auto-realização e sim apenas uma forma de navegar a realidade, seja de maneira coletiva 
(Armageddon) ou pessoal (compra por impulso). 
 
A GRAÇA DO TALVEZ 
 
A individualidade já foi uma promessa de liberdade pessoal – uma forma de viver a vida nos seus próprios 
termos. Entretanto, esses termos foram ficando tão específicos que acabamos nos isolando. A ideia de 
Normcore busca uma liberdade proveniente da não-exclusividade. É a libertação em não ser tão especial e 
o entendimento de que só a adaptabilidade leva ao pertencimento. Normcore é o caminho para uma vida 
em paz. 
 
 
 
 
 
http://pontoeletronico.me/2013/10/24/youthmode-um-report-sobre-liberdade/ 
K-HOLE é um grupo de previsão de tendências fundado por Greg Fong, Sean Monahan, Emily Segal, Chris Sherron e Dena Yago. BOX 1824 é um 
escritório de pesquisa em inovação, consumo e cultura. 
Outubro de 2012 | Nova York | São Paulo 
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