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1 Universidade São Judas Tadeu Curso Design – 4º. Ano – 2014 Disciplina: Mercado e Consumo - Prof. Gisele Leiva De geração para geração Lançar um olhar para 2020 com as experiências de cada GERAÇÃO é um desafio e tanto. Novas perspectivas de consumo em um novo cenário com base nas diversas necessidades de um planeta mutante. A constante transformação do comportamento do consumidor faz com que os diversos ramos da comunicação, do design, da arquitetura, da moda, da cosmética, dos alimentos e bebidas, do varejo, da publicidade e da indústria necessitem acompanhar essas mudanças. O crescimento urbano, a invasão tecnológica na vida das pessoas, o modo de viver e conviver, de se organizar em grupos, formar famílias, viver só, com ou sem filhos provocam uma transformação jamais vista e que não para de sofrer mutações. A MULHER sofre uma transformação em seu papel, assumindo responsabilidades e postos de comando antes destinados apenas a homens. Assumindo a casa e se tornando a "chefe de família", às vezes com um companheiro e muitas vezes não. A sua facilidade de absorver e transformar tarefas em ações impulsiona sua ascensão no mercado de trabalho e promove uma mudança total no sistema de formação familiar. Ela não está aí só para criar filhos, mas está à frente de conglomerados de empresas mundiais, à frente de governos e comandando batalhões de pessoas em ambientes em que a sensibilidade faz a diferença. As GERAÇÕES nascidas na década de 60 se adaptam à tecnologia que teve um avanço extraordinário nos últimos 40 anos. Eles passaram por todo esse processo e cresceram juntos e envelhecerão dentro de poucos anos, mas com uma vantagem – a expectativa de vida aumentou e eles estarão por mais tempo no mercado de trabalho, isso significa mais tempo consumindo. Por outro lado, as GERAÇÕES Y e Z nasceram na era digital e têm necessidades diferentes, total facilidade com a tecnologia, visões diferentes, maior autonomia e agressividade pelo seu modo de criação em que seus pais queriam proporcionar um crescimento melhor e com mais facilidades. Isso proporcionou GERAÇÕES mais ansiosas e determinadas que não tem nenhuma dificuldade com a tecnologia, ao contrário, não sabe o que é viver sem computador, internet e suas redes sociais. No Brasil o consumo nunca foi tão vigoroso. Em 2012, o mercado superou 1 trilhão de dólares ao ano. Ao mesmo tempo, passa por uma transformação sem precedentes no perfil de seus consumidores devido a diversas mudanças demográficas, como o envelhecimento da população, o aumento do número de solteiros e a ascensão de uma população de baixa renda, que passa a ser inserida no mercado e a consumir mais. O país está embarca em um novo ciclo de consumo e isso deve durar um bom tempo. Geração X (1966 – 1977) Estamos falando de uma GERAÇÃO marcada por profissionais extremamente pragmáticos. A safra dos X reúne executivos cujas ações são orientadas pelo senso de oportunidade. São ágeis no aprendizado e bons empregados, daquele tipo que, em alguns segmentos, merecem o chamamento de "pé de bois". Não é à toa. Eles têm como foco construir uma carreira sólida - muitas vezes, o que acontecerá numa só empresa que lhes dará diversas oportunidades - por meio da qual possam ascender socialmente e conquistar bens e posição econômica que seus pais nunca atingiram. Para isso, dedicam-se ao trabalho e ao crescimento econômico, acumulam riquezas, planejam suas previdências – em grande parte por temer que seu futuro fique à mercê de incertezas econômicas que abalaram a vida daqueles que foram seus exemplos. 2 Foi em meio à dedicação ao trabalho e ao crescimento econômico dos profissionais da GERAÇÃO X que nasceram os jovens que hoje formam a safra dos Y. Eles são, em muitos casos, os filhos que assistiram aos pais trabalharem demais, sofrer com estresse, dedicar pouco tempo a temas não-corporativos e acumular riquezas para financiar a estabilidade e a elevada qualidade de educação dos herdeiros. Em resumo, é possível dizer que boa parte da relação dos X com trabalho e dinheiro é o que molda hoje a postura dos Y frente à carreira, assim como o desejo deles por algo atrelado a valores, crenças e mais qualidade de vida. O que observamos cada vez mais em nossos jovens talentos é que eles se apropriam do que realmente faz sentido para sua trajetória profissional. Se antes os modelos, adequados ou inadequados, e os modismos, adaptados ou não adaptados, ditavam o comportamento de muitos destes jovens, hoje eles olham para seus interesses e características e, cada vez mais cedo, buscam alinhar suas expectativas pessoas às profissionais. Isso é um sinal de maturidade, uma vez que, muitos profissionais só se dão conta que podem fazer escolhas em uma fase bem posterior de vida e carreira. Há muitos e muitos casos de homens e mulheres no Brasil que, parte da geração X, criaram empreendimentos únicos ou apoiaram suas empresas, como executivos, a trilhar o caminho do crescimento. Geração Y (1977 – 1994) A Geração Y ou Geração da Internet é um conceito em Sociologia que se refere segundo alguns autores, à côrte dos nascidos após 1980 e, ou, de meados da década de 1970 até meados da década de 1990, sendo sucedida pela Geração Z. Esta geração desenvolveu-se numa época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. Os seus pais, não querendo repetir o abandono das gerações anteriores, os encheram de presentes, atenções e atividades, fomentando a sua auto-estima. Cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Acostumados a conseguirem o que querem não se sujeitam às tarefas subalternas de início de carreira e lutam por salários ambiciosos desde cedo. Os Y são ambiciosos, buscam dedicar-se a projetos que representem suas causas, reconhecimento e evolução rápida na carreira. Ao mesmo tempo, não lidam bem com restrições e se pautam pelo imediatismo: sem resultados palpáveis para seus projetos, tendem a dispersar. As características têm fundamento na própria formação dos indivíduos Y. Eles contam com um perfil diferenciado frente à média: têm fluência em diversos idiomas, foram educados para desenvolver espírito empreendedor, contam com boa formação escolar e contabilizam períodos de vivência no exterior. Outras características atuais é a utilização de aparelhos de telefonia celular para muitas outras finalidades além de apenas fazer e receber ligações como é característico das gerações anteriores. Enquanto grupo crescente, tem se tornado o público-alvo do consumo de novos serviços e na difusão de novas tecnologias. As empresas desses segmentos visam atender esta nova geração de consumidores que se constitui um público exigente e ávido por inovações. Preocupados com o meio ambiente e causas sociais, essa nova geração tem um ponto de vista diferente das gerações anteriores que viveram épocas de guerras e desemprego, com o mundo praticamente estável e mais cômodo a liberdade de expressão, esses jovens conseguiram se preocupar com valores esquecidos como vida pessoal, bem-estar e enriquecimento pessoal. Atitudes, Características e Preocupações da GERAÇÃO Y: - Domínio da tecnologia – (Linker People) - Mais colaboração e menos hierarquia - Capacidade de inovação 3 - Imediatismo - Atuação global e em nichos específicos - Preocupação com a sustentabilidade Geração Z (1995 – atual) Uma juventude que conhece a internet desde a infância. Até pouco tempo atrás, livros e filmes ainda falavam da Geração X, aquela que substituiu os yuppies dos anos 80. Essa turma preferia o bermudão e a camisa de flanela à gravata colorida e ao relógio Rolex, ícones de seus antecessores. Isso foi no início dos anos 90. Recentemente, o mercado publicitário saudou a maioridade da Geração Y, formada pelos jovens nascidos do meio parao fim da década de 70, que assistiram à revolução tecnológica. Ao contrário de seus antecessores slackers – algo como "largadões", em inglês –, os adolescentes da metade dos anos 90 eram consumistas. Mas não de roupas, e sim de traquitanas eletrônicas. Agora, começa-se a falar na Geração Z, que engloba os nascidos em meados da década de 80. A grande nuance dessa GERAÇÃO Z é zapear. Daí o Z. Em comum, essa juventude muda de um canal para outro na televisão. Vai da internet para o telefone, do telefone para o vídeo e retorna novamente à internet. Também troca de uma visão de mundo para outra, na vida. Garotas e garotos da GERAÇÃO Z, em sua maioria, nunca conceberam o planeta sem computador, chats, telefone celular. Por isso, são menos deslumbrados que os da Geração Y com chips e joysticks. Sua maneira de pensar foi influenciada desde o berço pelo mundo complexo e veloz que a tecnologia engendrou. Diferentemente de seus pais, sentem-se à vontade quando ligam ao mesmo tempo a televisão, o rádio, o telefone, música e internet. Outra característica essencial dessa geração é o conceito de mundo que possui, desapegado das fronteiras geográficas. Para eles, a globalização não foi um valor adquirido no meio da vida a um custo elevado. Aprenderam a conviver com ela já na infância. Como informação não lhes falta, estão um passo à frente dos mais velhos, concentrados em adaptar-se aos novos tempos. Enquanto os demais buscam adquirir informação, o desafio que se apresenta à Geração Z é de outra natureza. Ela precisa aprender a selecionar e separar o joio do trigo. E esse desafio não se resolve com um micro veloz. A arma chama-se maturidade. É nisso, dizem os especialistas, que os jovens precisam trabalhar. Como sempre. Filhos únicos Uma tendência que já vem acontecendo a algum tempo na sociedade, e promete aumentar no futuro, é a preocupação com o planejamento financeiro familiar, que resultará no aumento de filhos únicos no mundo e até mesmo de casais sem filhos. O fenômeno dos filhos únicos, por motivos de crescimento demográfico natural, já se difundiu em todos os países ocidentais, como em vários países da Europa, e em países orientais também, como Japão. Essa geração tem características individualistas, narcisistas, egocêntricas e muito consumistas. Eles são e se sentem únicos em todos os sentidos e caracterizam a paisagem do consumo fortemente individual, ao limite do narcisismo, numa faixa etária que vai dos 20 até os 35 anos, no mundo masculino e feminino. Os filhos únicos são considerados os "filhinhos de papai", potencialmente sujeitos a altas despesas, mas que ainda são mantidos pelos pais e representam com freqüência a nova expressão da burguesia urbana. Do ponto de vista estético, trata-se de garotas e garotos fascinantes, com antigas regras de elegância, que permitem jogos de combinações mais ou menos ambiciosos. Roupas, acessórios, cosméticos e produtos diretamente relacionados ao uso pessoal constituem o grande repertório para definir e reforçar sua identidade. 4 Olhando pelo lado comportamental, essa geração está empenhada criativamente para o alcance do sucesso pessoal, para se sentirem únicos no sentido mais profundo da originalidade, obtendo assim um reconhecimento explícito das próprias capacidades intelectuais. Atitudes, Características e Preocupações dos filhos únicos: - Interessados no consumo, no qual constroem sua própria identidade. - O produto como encarnação da personalidade individual única e exclusiva. - Não abandonam a referência a um passado de tradição, mas o adaptam para o mundo contemporâneo, desfrutando da experimentação como chave de projetos distintivos ou parceria de qualidade. Mulher singular – uma geração com M maiúsculo A evolução da mulher já nos remete a igualdade entre os sexos, porém a tendência é a mulher ter cada vez mais poder e buscar pelo seu espaço em qualquer tipo de ramo. Essa geração da “Mulher Singular” pode ser personificada como a mulher mais audaciosa, segura de si, sem preconceitos e cada vez mais conscientes da própria força, que expressam sua singularidade e identidade femininas. Para essas mulheres é vital manter acesa a relação com estereótipos, como uma maneira de preencher com energia e diversão a vida cotidiana: invertendo abertamente, com ironia e rapidez, o velho jogo entre sedução e poder, enfatizando momentos e delicados da realidade, como ocorre no livro e filme "O Diabo Veste Prada". Atitudes, Características e Preocupações da Mulher Singular: - Audaciosas, radicais e ao mesmo tempo com sensibilidade, determinadas, criativas e objetivas (até mesmo nas decisões familiares). - Críticas, refletem sobre os direitos humanos para definir o potencial criativo do radicalismo civil, que através do mundo feminino pode ser estendida até a comunidade internacional. - Rever as especificações da própria marca ou produto valorizando ponto de vista cultural, alternativo e questionador, que a “mulher singular” adota, em vista da sua experiência cotidiana em relação ao mundo masculino e familiar. - Individualizar e regenerar os clássicos arquétipos da sedução feminina e considerar o potencial criativo com radicalismo e singularidade, transformando-os em reserva de inspiração universal que atravessa todos os gêneros, estendendo-se à condição masculina e também gay. Fontes: http://www.designforum.com.br/designforum2010/designforum_megatendencias_geracao.html Fátima Rosseto (Leadership Development Director da DBM Brasil, consultoria especializada em gestão do capital humano em momentos de transição). HSM Online - 13/07/09. 5 YOUTH MODE: UM ESTUDO SOBRE LIBERDADE A MORTE DA IDADE Foi-se o tempo em que era possível ser especial – ou seja, sustentar diferenciais únicos para uma determinada audiência durante um determinado tempo. Se você fosse diferente das pessoas ao seu redor, você estaria a salvo. Mas a internet e a globalização acabaram com essa lógica para todo mundo. Assim como um vídeo pode viralizar, qualquer coisa também pode. A probabilidade de que você e a Michelle Obama façam o mesmo pedido para uma estrela cadente é maior do que nunca. A afirmação da individualidade é um rito de passagem, mas o branding geracional priva os jovens dessa capacidade. Pertencer a uma geração se torna uma verdade inevitável – você continua sendo de Peixes mesmo que não acredite em astrologia. Ao mesmo tempo, a responsabilidade pelo comportamento de uma geração é apenas parcialmente totalitária. (“Não é você! É toda a sua geração!”) Por muito tempo, a idade esteve amarrada a uma série de expectativas sociais. Mas quando o jovem da geração Boomerang* retorna para o ninho vazio e a aposentadoria fica mais distante a cada dia, o vínculo entre idade e expectativas sociais começa a se desfazer. No fim das contas, apelamos para a aptidão tecnológica para separar jovens dos mais velhos – apesar de que mães também se viciam em Candy Crush. *Foi cunhada nos EUA a expressão Boomerang Generation para designar os "jovens adultos" que saíram de casa cedo para estudar ou trabalhar, foram independentes durante considerável período, e depois, geralmente por conta de problemas financeiros, acabaram voltando a morar com os pais. Com a crise econômica de 2008 a Boomerang Generation cresceu bastante por lá, tanto é que a última edição da revista The New Yorker fez uma reportagem especial sobre o assunto. Abaixo, a capa da revista com uma ilustração genial de Daniel Clowes. Atente para os detalhes. 6 A demografia está morta. Ainda assim, futurólogos de plantão dão um jeito de inventar outra geração sempre que precisam. Os clientes estão desesperados para se adaptar ao consumidor de amanhã. Mas a linearidade geracional tem a mesma cara há mais de 40 anos. A juventude não-etária demanda emancipação.YOUTH MODE A juventude é um modo operante. É uma forma de agir. Pense no Kevin Spacey em Beleza Americana: um marombeiro que fuma maconha na crise da meia-idade. Esse é um modelo Baby Boomer de rejuvenescimento. É voltar a um estágio em que o colarinho branco ainda não havia sugado sua vida e lhe transformado em um robô corporativo. Obviamente, tudo deu errado para esse personagem. Estar em YOUTH MODE não significa reviver perpetuamente sua própria juventude, e sim estar presente e jovem em qualquer idade. Juventude não é um processo, envelhecer é. Em YOUTH MODE, você é infinito. JUVENTUDE # IDADE JUVENTUDE = LIBERDADE Juventude não é liberdade em um sentido político. É uma emancipação do tédio, do previsível, da tradição. É atingir um potencial máximo: a habilidade de ser a pessoa que você quer ser. Trata-se da liberdade de escolher como se relacionar; de experimentar coisas novas; de cometer erros. A juventude entende que toda liberdade tem limites e que ser adaptável é a única forma de ser livre. Não importa se você é ________ , ________ , ou ________ , o desejo de escapar das limitações da vida cotidiana é universal. Estar em YOUTH MODE garante a liberdade de se realinhar radicalmente com o mundo. YOUTH MODE • COMPROMETIDO COM O NOVO • EXPERIMENTAL • CRÍTICO AO TEMPO • AJUSTÁVEL • INSURGENTE • SENSÍVEL AO COLETIVO • LIVRE EM YOUTH MODE, VOCÊ É INFINITO VIVEMOS NO TEMPO DO MASS INDIE É como se alguém tivesse gritado ‘Fogo!’ em um cinema lotado no dia da morte do Kurt Cobain e todos tentaram achar uma saída diferente. Mass Indie é o que aconteceu 45 minutos depois. Cansados de tentar passar pelas portas, todos decidiram ficar no cinema. O pânico se dissipou em ambivalência. O Mass Indie abandonou a preocupação do Alternativo de evitar a uniformidade e elegeu a celebração da diferença como a única possibilidade. Mas ser diferente não é sempre uma jornada solitária; pode ser um processo coletivo. Não importa se você é soft grunge ou pastel goth, você pode fazer suas compras na Vila Madalena. Mass Indie entende que a cultura é baseada em sobreposições: diferentes identidades não podem ser mutuamente exclusivas pois geram sempre novas combinações. 7 Assim como um equalizador de áudio, a cultura Mass Indie mistura o bizarro com o normal até chegar no ponto de nivelamento. Esse é o dogma: jaqueta jeans surrada com vestido de noite, atividade luxuosa de lazer em um espaço industrial, apenas um louco por festa. Nesse cenário, dominar as diferenças é uma forma de neutralizar as ameaças e obter status dentro de um grupo. Mas só porque o Mass Indie é pró-diversidade, não significa que seja pós-escassez. Há uma quantidade limitada de diferenças no mundo. E quando a diferença é a busca da grande massa, ela se torna insuficiente e escassa. A ansiedade de não existir um território novo é sempre um catalizador para a mudança. SER ESPECIAL VS. SER LIVRE PROBLEMA 1: PARECER UM CLONE Os detalhes que lhe definem são tão pequenos que ninguém percebe que você é diferente. Feast.ly, Fast.ly, Vid.ly, Vend.ly, Ming.ly, Mob.ly: cada um oferece um serviço específico, destinado a uma necessidade específica do usuário, criado por um espírito empreendedor específico. Todos tem um target diferente, mas ninguém mais lembra quem é quem. Até os próprios CEOs tem dificuldade de lembrar do seu ingrediente secreto. Todas suas decisões em alta resolução foram anuladas, e suas startups voltaram ao ponto básico de partida. Esse é um problema de HD. É difícil acompanhar o todo quando os detalhes relevantes estão cada vez menores. O cérebro humano é capaz de processar uma certa quantidade de informação. É como tomar tantas drogas no Burning Man que você acaba desconfortavelmente lúcido. Ou como aquela sua camiseta branca básica que, ironicamente, nunca ninguém vai adivinhar que ela só pode ser lavada à mão. PROBLEMA 2: ISOLAMENTO Você é tão especial que ninguém sabe do que você está falando. Um jantar onde cada convidado leva um prato, e as pessoas tem tantas restrições alimentares que cada um só pode comer o que levou. A festa que é tão exclusiva que ninguém aparece. Aquele papo sinistro na Torre de Babel. Você precisa do Google Tradutor só para dizer, “Oi, tudo bem? Como estão as coisas?” Não é que você esteja de fato sozinho, mas age como se estivesse. Você fez de tudo para ser tão preciso nas suas decisões que sua micrológica só é percebida por um círculo cada vez menor de amigos. Você pode ser o maior expert mundial em Danças Religiosas Malanésias, mas depois de formado, percebe que ninguém se importa a não ser o seu orientador do PhD. Essa é a história daquele funcionário irritado do Spoleto. PROBLEMA 3: PASSAR DOS LIMITES Os traços de individualidade são tantos e se reproduzem tão rápido que é impossível estar sempre atualizado. “Trolada?” Você não tem muita certeza. Você já ouviu essa expressão na balada, mas o Dicionário Informal não está acompanhando. A conversa está acontecendo rápido demais. Adolescentes ficam famosos na internet e imediatamente deletam seus perfis. O fluxo de notificações é sufocante. Tudo parece spam. Mas provavelmente existem interações genuínas e interessantes soterradas na timeline. Talvez eles reativem suas contas por um minuto, voltem a escavá-las e então desativem tudo novamente. É um equilíbrio tênue entre o FOMO (Fear Of Missing Out) e o DGAF (Don’t Give a Fuck). Como operar os dois? Oportunistas de conteúdo se degladiam na busca pela próxima Inês Brasil, pois acertar em cheio sem nenhum esforço é algo muito raro. Apenas sábios/ignorantes conseguem estar no lugar certo e na hora certa e nem se dar conta disso. POR ISSO A BERMUDA CARGO ACTING BASIC Se a regra do momento é Think Different, ser visto como normal é algo assustador. (Significa um retrocesso às suas raízes desinteressantes, voltar a ser abóbora, mais um na multidão.) Paradoxalmente, isso faz com que a normalidade seja adotada pelos especialistas do Mass Indie. Essa estratégia reforça seu status e 8 prova como os símbolos de singularidade podem ser descartáveis. A coisa mais diferente a se fazer é rejeitar a ideia de ser diferente. Quando as extremidades ficam cada vez mais populosas, o Mass Indie converge para o meio. Após dominar a diferença, aqueles que se dizem verdadeiramente cool se tornam indiferentes e buscam atingir a uniformidade. Igualdade não deve ser confundida com minimalismo. Você passa a ter uma mobilidade temporária e um senso de liberdade porque toma menos decisões e analisa melhor cada uma delas. Mas o back to basics não funciona quando aquilo que determina o que é básico está ultrapassado. Eventualmente, você acaba se enrolando. Seu groove se transforma em rotina. Steve Jobs e Cebolinha são imortais porque suas roupas nunca mudam, ou por que estão pré-mortos? Existe uma teoria que diz que o estilo de um homem é apenas a reiteração do que ele usava quando estava “pegando todo mundo” – por isso a bermuda cargo. Agir de maneira básica por muito tempo lhe torna extremamente notável. As pessoas percebem os dois buracos na sua jaqueta onde o logo da Stone Island estava. O uniforme casual passa inclusive a chamar a atenção da polícia. Quando a diferenciação ocorre segundo um tipo ordenado de progressão, as coisas só estão se tornando aparentemente autênticas. Você se torna vegetariano antes de ser vegano, e vegano antes de ser um vegano gluten-free que só come alimentos locais. A necessidade de ordenar e narrar decisões gera uma sensação de aprisionamento, mas fazer o caminho inverso também não escapa dessa lógica. No final, a simplicidade superficial é apenas a negação da complexidade, não a sua resolução. Agir de maneira básica não supera os problemas do Mass Indie, pois essa ação ainda tem como base a diferenciação. A igualdade nãoé dominada, apenas abordada através da ilusão da uniformidade. A NOVA ORDEM MUNDIAL DO ESPAÇO EM BRANCO NORMCORE Era uma vez um tempo em que as pessoas nasciam em comunidades e lutavam por sua individualidade. Hoje, elas nascem como indivíduos e devem achar as suas comunidades. Mass Indie responde a essa situação criando panelinhas de indivíduos que sabem de tudo, enquanto Normcore sabe que o desafio é dominar o potencial para a conexão surgir. É sobre adaptabilidade, não exclusividade. Normcore entende o processo de diferenciação através de uma perspectiva não-linear. É um reflexo apurado do YOUTH MODE. Não é a liberdade de se tornar alguém e sim a liberdade de poder estar com qualquer pessoa. Você pode não entender nada de futebol e mesmo assim sentir um arrepio com o grito da torcida na Copa do Mundo. Em Normcore, uma pessoa não finge estar acima da vergonha de querer pertencer. Normcore se distancia de uma noção de cool baseada na diferença e adota um modelo de pós- autenticidade que opta pela igualdade. Porém, ao invés de se apropriar de uma versão estereotipada do mainstream, faz bom uso de cada situação presente. Para ser verdadeiramente Normcore, é preciso entender que o normal na verdade não existe. NORMCORE • SITUACIONAL • NÃO-DETERMINISTA • RESILIENTE • DESPREOCUPADO COM AUTENTICIDADE • EMPATIA NO LUGAR DA TOLERÂNCIA • PÓS-ASPIRACIONAL Em conversas de elevador potencialmente interessantes, Mass Indie é falar de um sonho que você teve na noite anterior, enquanto Normcore é conversar sobre o clima. Ambos permitem que emoções verdadeiras 9 sejam reveladas em uma situação cotidiana. No entanto, não importa a intensidade da sua descrição, o seu sonho termina com você, enquanto a tempestade afeta todos nós. Normcore produz conjuntos microscópicos de significados que permitem ruídos estratégicos. Para aquele que está observando, é confuso. É como ter certeza absoluta que o Harry Styles está cantando somente para você. Mas na realidade aqueles olhos verdes estão apenas lançando um olhar suavemente fixo. Normcore são os olhos da Mona Lisa. Essa é a nova ordem mundial do espaço em branco. Você não pode mais reagir com cara de zumbi ou fazer de conta que não viu. É hora de responder apropriadamente e encarar as situações de frente. (É por isso que é Normcore ser Mass Indie em Williamsburg). Normcore aproveita a possibilidade de uma interpretação ambígua como oportunidade de conexão - e não como ameaça à autenticidade. Normcore sabe que as escolhas do consumidor não são irrelevantes, são só temporárias. Pessoas se comprometem, pessoas são inconsistentes. Fazer uma determinada escolha hoje e outra conflitante amanhã não faz de você um hipócrita, apenas complexo. O consumo nunca foi uma oportunidade de absoluta auto-realização e sim apenas uma forma de navegar a realidade, seja de maneira coletiva (Armageddon) ou pessoal (compra por impulso). A GRAÇA DO TALVEZ A individualidade já foi uma promessa de liberdade pessoal – uma forma de viver a vida nos seus próprios termos. Entretanto, esses termos foram ficando tão específicos que acabamos nos isolando. A ideia de Normcore busca uma liberdade proveniente da não-exclusividade. É a libertação em não ser tão especial e o entendimento de que só a adaptabilidade leva ao pertencimento. Normcore é o caminho para uma vida em paz. http://pontoeletronico.me/2013/10/24/youthmode-um-report-sobre-liberdade/ K-HOLE é um grupo de previsão de tendências fundado por Greg Fong, Sean Monahan, Emily Segal, Chris Sherron e Dena Yago. BOX 1824 é um escritório de pesquisa em inovação, consumo e cultura. Outubro de 2012 | Nova York | São Paulo khole.net box1824.com.br
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