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Criminalística Alberi Espindula (PARTE 1)

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x CRJMINAlISTICA PARACONCURSOS - MOERJ EsPINDUlA. SUMÁRIO
XI
1.8. Assistente 84
2. LAUDO PERICIAl. . . . . . . . . . . . . • . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . • . • . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . 84
2.1. Laudo Pericial Criminal (Laudo Oficial) 85
2.1.1. Subdivisões do Laudo Pericial Criminal. 86
2.2. Laudo Pericial Cível 87
3. PARECER TÉCNICO .........................................................• 88
4. RELATÓRIO TÉCNICO ' 89
5. OUTROS DOCUMENTOS TÉCNICOS ............•...•....••.•...........•.......... 90
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS. . .. .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . .. . .. 91
7. PÚTICA DE FIXAÇÃo DE CONHECIMENTOS 92
8. UM LAUDO PERICIAL CRIMINAL REAL ......................•........•............ 92
4 - RACiOcíNIO LÓGICO
1. INTRODUÇÃO. . . . . • . • . . . . . . . . . . . . . . . . • . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • • . . . . . . . . . .• 105
2. CONCEITO DE LÓGICA .•....•...•.....•................•............•........ 106
3. CLASSIFICAÇÃO E DmsÁo DA LÓGICA .•..•.......................•..•.•.......... 106
3.1. Lógica Filosófica 106
3.2. Lógica Empírica ou Natural 107
3,3. LógicaCientífica 107
3,4. ALógicaFormal.. . .. . . . .. .. . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .. 107
3.5. LógicaMaterial. . .. .. . .. . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . .... 108
3,6. LógicaSimbólica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 108
4. PRINCÍPIOS DA LÓGICA. . . • • . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . .• 109
4.1. Princípio da Contradição . .. . .. . .. . . .. . .. . . .. .. . . . . .. .. . .. .. . . . . . . .. 109
4.2. Princípio de Identidade 109
4.3. Princípio do Terceiro Excluído 109
5. RACiOCíNIO .•.•...••..••..•.......•.••................••..•.....•.....•.. 110
5.1. Indução e Dedução 110
5.1.!.Silogismo. .. .. . . . .. .. . .. . .. . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. .. . .. . . . . .. 111
5.2. Diferenças entre Indução eDedução 111
5.3. Argumento......................................................... 112
5.4. Proposição 112
5.5. Inferência 112
6. OIUETO DA LÓGICA .................................................•....... 113
6.1. Premissas e Conclusão 113
7. FALÁCIAS .............•...............•......•..•..•.......••.••......... 115
8. VALIDADE E VERDADE •....•............................................•.... 115
9. USO DO RACIOCÍNIO LÓGIco ......•.....••...•.•.••..........•..•••........... 116
5 - DIREITO ADMINISTRATIVO
1. INTRODUÇÃO ...............•••..........................................•• 117
2. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ..........••...•.................•..........•...•..• 118
2.1. Estado e Governo 118
2.2. Administração Pública 120
2.3. Organização Administrativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 120
2.4. Princípios da Administração Pública. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 126
2.4.1. Princípio da legalidade. .. .. . . . . . .. . .. .. . . . . . . . . . .. .. .. . . . . . . . . . .. 126
2.4.2. Princípio da moralidade 127
2.4.3. Princípio da impessoalidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 127
2.4.4. Princípio da publicidade 127
2.4.5. Princípio da eficiência 127
2.4.6. Princípios da razoabilidade e da proporcionalidade 128
2.4.7. Princípio da autotutela 128
2.4.8. Princípio da continuidade dos serviços públicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 128
2.5. Poderes da Administração Pública 128
2.5.1. Poder vinculado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 129
2.5.2. Poder discricionário. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 129
2.5.3. Poder hierárquico 129
2.5.4. Poder disciplinar 129
2.5.5. Poder regulamentar 129
2.5.6. Poder de polícia 130
2.6. Abuso de Poder. . . . . . . . . . .. . .. . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . .. . . . .. 131
2.7. AtosAdministrativos. . . . . . .. .. . .. . . . . . . . . .. . . . . . . .. . . .. . . . . . . . .. . . . . .. 131
2.7.1. Requisitos de validade dos atos administrativos 132
2.7.2. Atoválido, nulo, anulável, perfeito e eficaz 134
2.8. Controle e Responsabilidade da Administração Pública 137
3. AGENTES PÚBLICOS ....••.•...•......•...............................•...... 140
3.1. Classificação............ .. . .. .. .. . . . . .. . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . .. 140
3,2. Regime Jurídico Único dos Servidores Públicos Federais. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 143
3.2.1. Provimento , 143
3.2.2. Exercício 146
3.2.3, Estágio probatório .. . .. .. .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . .. . . . .. . .. . . . .. . .. 146
3.2.4. Vacância. . . . . . . . . . .. . . . . .. . . . . . .. . . .. .. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . .. 146
3,2.5. Remoção , 147
3.2.6. Redistribuição 147
3.2.7. Substituição , 148
3.2.8. Direitos e Vantagens dos Servidores Públicos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 148
3,2.9. Regime disciplinar dos servidores públicos , 151
3.2.9.1. Deveres 151
3.2.9.2. Proibições 151
3,3. Responsabilidade Civil,Administrativa e Penal dos Servidores Públicos 153
4. ExERCícIOS •..•••......•••.• , .•....•.•........•..•••..........•...•....... 154
6 - DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS .•..........•••...............•....................•. 157
2. INQUÉRITO POLICIAL .•.........•....•......•.•........................•..... 157
-
,.--
XII CRIMINALiSTICA PARA CONCURSOS - ALBERI ESPINDUV. SuMÁRIo
XIII
17.
15.
16.
~
8.
9.
10.
11.
12.
é
5.3.1. Perito médico-legista 209
5.3.2. Perito criminal 209
5.4. Perito Ad Hoc 209
CORPO DE DELITO. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . 2 I O
VESTíGIO, EVIDÊNCIA E INDícIO ..................•............................. 211
7.1. Evidência ou Indício 212
O VESTíGIO NO CONTEXTO DO E:<MIE DO LOCAL DE CRIME 213
VESTíGIO VERDADEIRO .........•............................................ 214
VESTíGIO ILUSÓRIO 215
VESTíGIO FOIUADO •...............................•.........••............. 215
A IDONEIDADE DO VESTíGIO ...••....•.......................................• 216
12.1. Constatação 216
12.2. Registro 216
12.3. Identificação 217
12.4. Encaminhamentos 217
LOCAL IDÕNEO E INIDÕNEO ...........................•.......•...•..•........ 218
PROVA ...•......•..............•.........•.................•.•.......... 219
ANÁLISE DO LAUDO PERICIAL .....•........•....•....•......................•. 220
PRINcíPIOS PERICIAIS ........................•.............................. 221
16.1. Princípio da Individualização 221
16.2. Princípio da Unicidade 222
16.3. Princípio da Produção 223
16.4. Princípio do Uso 224
16.5. Princípio da Comparação , 225
16.6. Princípio da Constatação 225
16.7. Outros Postulados 226
16.7.1. Intercâmbio 226
16.7.2. Correspondência de características 227
16.7.3..Elementos da reconstrução 227
16.8. Objetivos Principais a se Buscar (O quê? Quem? Como?) 227
ExERcíCIOS PRÁTICOS REsOLVIDOS ........•..........•......................... 228
Observação: 230
8 - DOCUMENTOSCOPIA
1. INTRODUÇÃO .............•..•.....•..................••................... 231
GRAFOSCOPIA. ..........•............•...........•............•.....•.....•. 231
2. LEIS DO GRAfISMO .......•.......... '" .•...............................•.. 231
2.1. Primeira Lei 231
2.2. Segunda Lei 232
2.3. Terceira Lei. 232
2.4. Quarta Lei. 232
3. FALSIFICAÇÕES ..•.•..•...•....•..........•......•.....•.•....•............ 232
3.1. Sem Imitação 232
3. A PERÍCIA NO CÓDIGODE PROCESSO PENAL ...•....•.......••......•............. 163
4. IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA ..............•.............•.••..•................. 164
5. REsPONSABILIDADE DO PERITO. • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 167
5. I. Exigências Formais 167
5.2. Requisitos Técnicos 169
6. NÍVEL SUPERIOR .....•..................................•....•............. 170
7. DOIS PERITOS. . . . . . • . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 171
8. DAS AsSERTIVAS TÉCNICAS. . . . . . . . . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 172
9. DA REQUISIÇÃO DE PERÍCIA. . . . . . . . . . . . . . . . . • • . . • . . . . • • . . . . . . . . . . • • . . . • • . . . .. 174
10. FORMALIDADES E OBRIGAÇÕES IMPOSTAS AO PERITO .....................•....•..... 176
11. NOVA PERÍCIA . . . . .. • . .. . . . .. • •. . . . . .. • . •. . • .. . . •. . • .. .. . . . . . . . . . . •. . . ..•. 177
12. Assistente Técnico . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . . . . . . . . . . .. .. 179
i/'--'dl3.; ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DE LOCAL ......................•.............•..... 181
" 4''}; PRAZO PARA ELABORAÇÃO DO LAUDO ..................•..............•....•..... 184
15. PRAZO PARA ELABORAÇÃO DOS EXAMES ...............................•....•....• 185
16. FOTOGRAfIAS E OUTROS RECURSOS 185
16.1. AProva Fotográfica 186
17. OUTRAS PERÍCIAS REGULAMENTADAS NO CPP .......•.•.....•..........•.......... 187
17.1. Perícias em Local de Infração Penal. 187
17.2. Perícias de Laboratório 188
17.3. Dos Crimes contra O Patrimônio 188
17.4 Avaliação Econômica/Contábil 189
17.5. Perícia de Incêndio 190
17.6. Perícias Documentoscópicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 190
17.7. Exames de Eficiência em Objetos 191
17.8. Autópsia........................................................... 191
17.9. Exumação 192
17.10. Identificação do Cadáver. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. 193
17.11. Auto de Exame 194
17.12. Desaparecimento dos Vestígios 194
18. REPRODUÇÃO SIMULADA ..•.............................................•.... 195
19. AÇÃO PENAL ....................................•...•............•........ 196
(j) T2:~R:R~C:;~~~::~;;I~;EÚDO •...••..•..••........•.................... 200
1. PERÍCIA .............•.............................•......•..•..•.......• 205
2. PERÍCIA CÍVEL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . • . • • • • . . • . . • • . . . • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 205
3. Pf.RíCIA CRIMINAL ..•..••.............••.••..•........••....•.•..••........ 205
4. CRlMINALíSTICA ....•••.•.............•...........•..••......••...••....... 206
5. PERITO .••........•................••••............•..•...........•...•. 207
5.1. Perito do Juízo 207
5.2. Assistente Técnico 208
5.3. Perito Oficial. 209
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6
DIREITO PROCESSUAL PENAL
1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
o perito criminal precisa conhecer sobre a legislação processual penal, en-
volvendo tanto os procedimentos iniciais do inquérito policial como também os
procedimentos da produção da prova pericial, seu mister. Assim, além desses
dois assuntos, vamos também relacionar e comentar sobre os artigos do Código
de processo Penal que tratam da ação penal.
2. INQUÉRITO POLICIAL
o inquérito policial é uma peça onde se formalizam os atos da investigação
policial a respeito de um crime. É chamada de peça pré-processual, pois sua
validade se dá somente no âmbito da investigação policial e, quando é encami-
-rili:iaõ à--rustlça-; as l~iàrmações aií 'éõntldãs servem para a instrução inicial que
sustentará ou não a abertura da ação penal por intermédio do processo penal.
Seu regulamento encontra-se no Livro I, Título 11,disposto nos artigos 4° ao 23,
conforme veremos a seguir. ===---
Art. 4°. A polícia judiciária será exercida pelas autoridades policiais no território de suas res-
pectivas circunscrições e terá por fim a apuração das infrações penais e da sua autoria.
Parágrafo único. A competência definida neste artigo não excluirá a de autorida-
des administrativas, a quem por lei seja cometida a mesma função.
Trata o presente artigo da competência atribuída à polícia judiciária em
investigar os crimes cometidos, cujos executores são as autoridades policiais, no
caso o delegado de polícia. O parágrafo único apenas ressalva outros tipos de in-
vestigação, as chamadas administrativas, cujas responsabilidades são de outras
autoridades, como sindicâncias, comissão parlamentar de inquérito, etc.
"Art. 5 . Nos~crimes de ação pública o' inquérito policial será iniciado:
I. Ofíao;-.-----.-/
11. mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a
requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
91°. O requerimento a que se refere o nO\I conterá sempre que possivel:
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias;
b) a individualização do indiciado ou seus sinais caracteristicos e as
razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração,
ou os motivos de impossibilidade de o fazer;
""
r-
Art. 7°. Para verificar a possibilidade de haver a infração sido praticada de determinado
modo, ,a autoridade policial poderá proceder à reprodução simulada dos fatos, desde que
esta não contrarie a moralidade ou a ordem pública.
Art. 8° Havendo prisão em flagrante será observado o disposto no Capítulo 1/do Título IX
deste Livro.
Art. 302. Considera-se em flagrante delito quem:
I. está cometendo a infração penal;
11. acaba de cometê-Ia;
1/1. é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer
pessoa, em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV. é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papéis
que façam presumir ser ele autor da infração.
início do processo de investigação de algum ilícito penal. Observe-se que temos
nesses nove incisos as providências de investigação policial e também as de or-
dem pericial, assim como a averiguação de fatos sobre a vítima e do possível
indiciado (suspeito). No Inciso V,sobre a oitiva do indiciado, existe a determi-
nação expressa para a observação aos artigos 185 ao 196 (Capítulo III do Título
VII), que tratam dos procedimentos sobre o interrogatório. No que diz respeito
às providências periciais, mais adiante, neste mesmo capítulo, estaremos discu-
tindo o assunto com maior profundidade.
Neste di3J~ão regulamentadas as providências para se proceder a
u"lúrep;õdUÇãO simula~la é vista por algumas autoridades (delegados, pro-
motores e magistrados) como uma panacéia para o esclarecimento de crimes,
quando a própria legislação, se analisarmos em detalhe, nos deixa claro que
o objetivo maior é para se verificar determinadas possibilidades, dirimindo-se
dúvidas existentes, o que nos diz o próprio artigo 7° ([oo.]verificar a possibili-
dade de haver a infração sido praticada de "determinado" modo[oo.]) (grifo
nosso).
É comum serem obtidas versões conflitantes nos depoimentos colhidos
nos autos do inquérito policial e também em processos criminais, o que motiva
a autoridade a fazer uso de outros recursos para se chegar ao esclarecimento
dos fatos. São nesses casos que se justificam a efetivação de uma reprodução
simulada, onde os peritos estarão colhendo os dados para comparação e análist,
a fim de concluírem quanto à coerência técnica dessas diferentes versões. Outra
fu;ijtação ao uso desse-iêêiirsõ-ra-qüestão da mora1idad~ ~ ordem pública que,
se forem ser prejudicadas, o dispositivo legal deixa claro a proibição.
1596 - DIREITO PROCESSUAL PENAL-158 CRIMINALisTICA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDULA-
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e
residência.
92°. Do despacho que indeferiro requerimento de abertura de inquérito caberá
recurso para o chefe de Polícia.
93°. Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração
penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comuni-
cá-Ia à autoridade policial, e esta, verificada a procedência das informações,
mandará instaurar inquérito.
94°. O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação,
não poderá sem ela ser iniciado.
95°. Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a
inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-Ia.
A maioria dos delitos penais são de ação pública, onde se diz que é o Estado
o titular da ação penal. Assim, o mencionado artigo regulamenta como se dá a
iniciativa desse procedimento legal. Mas neste artigo estão regulamentadas as
formas do início da ação penal para três tipos diferentes de crimes: (1) aqueles
em que o Estado é o titular da ação; (2) outros em que o Estado também é o titu-
lar da ação, mas que depende de representação do interessado; e, (3) os crimes
de ação privada, cuja iniciativa da autoridade irá depender de requerimento do
legítimo interessado ou representante deste (advogado).
Art. 6°. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policiali
deverá:
I. dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conser-
vação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
11. apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos
peritos criminais;
1/1. colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas' i
circunstâncias; ,
IV. ouvir o ofendido;
V. ouvir o indiciado, com observância, no que for aplicável, do disposto no Capi-
tulo 11/do Titulo VII, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por
duas testemunhas que lhe tenham ouvido a leitura;
VI. proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
VII. determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quais- .,
quer outras pericias;
VI/I. ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possivel,
e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
IX. averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, fami-
liar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e
depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribulrem
para a apreciação do seu temperamento e caráter.
t
f.
'11
~
I
i
t
I
I
i
í.
~
o artigo 6° regula as obrigações da autoridade policial sobre as providên-
cias que deve tomar quando tiver conhecimento da prática de alguma infração
penal. Na estmtura do dispositivo legal estão elencados nove incisos, cada um
especificando o que e como cada providência deve ser efetivada, visando ao
Versa o presente artigo sobre os procedimentos para a prisão em flagrante,
que deverá seguir os preceitos estabelecidos no Capítulo II do Título IX, contido
nos artigos 301 ao 310, os quais se referem especificamente aos procedimentos
e condições para a prisão em flagrante. Destacamos daquele Capítulo O artigo
302, pois ele esclarece sobre as condições que tipificam uma situação de flagran_
te delito. Recomenda-se a leitura dos demais dispositivos.
No artigo 10 e seus parágrafos estão estipulados os prazos máximos que
devem ser observados para cada situação ali especificada. Preocupou-se o legis-
lador em estabelecer rígidos prazos, visando à celeridade da investigação, e para
não ferir o direito daqueles que estão envolvidos no fato, na condição de vítima
ou investigado/acusado. /9
r:;u Art. 11. Os instrumentos do crime, bem como os objetos que interessarem à prova, acom-;
"'{j panharão os autos do inquérito. /9--==-.
O fato de os instrumentos do crime acompanharem o inquérito, que será
encaminhado à Justiça, é uma forma de garantir que esses instrumentos este-
jam diretamente disponíveis à visualização e manuseio daqueles que vão dar
movimentação ao processo penal, especialmente o magistrado, o promotor e o
advogado da parte. É evidente que outras utilidades também se oferecem com
tais instrumentos acompanhando os autos, como é o caso de análise dos ope-
radores do Direito sobre a viabilidade ou necessidade de outros exames sobre
tais instrumentos. Em relação a instrumentos de crime que estejam passíveis
Art. 9°. Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito'
ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade.'~
o inquérito policial é uma peça formal, ou seja, todas as informações sobre o
fato investigado devem ser apresentadas por intermédio de documentos, que po-
dem ser manuscritos ou datilografados (agora também digitados), devidamente pre-
parados dentro de um padrão previamente estabelecido, contendo a assinatura de
quem o produziu e também a rubrica da autoridade. Apesar de ser apenas uma peça
introdutória e informativa dentro do regramento processual penal, o inquérito tem
seus atos formalizados nos mesmos moldes de um processo penal. Trata-se, portan-
to, de um complexo de informações, traduzidas pela juntada de vários documentos
onde constam as diversas informações referentes ao fato investigado, tudo organiza-
do dentro de uma sequencia cronológica do transcorrer da investigação.
~~tO. O inquérito deverá~terminar no prazo de 10 dia ,se o indiciado tiver Si~em2
,!!agran~ ou estiver preso preven Ivamente, contado o pra , esta hTpofe~~~ do
dia em que se executar a ordem de prisão, ou no prazo d 30 d s, quando estiver solto,":
mediante fiança ou s~ -I
~1° A autoridade fará minucioso relatório do que tiver sido apurado e enviará os;. . ~
autos ao JUIZ competente. !
~20 No relatório poderá a autoridade indicar testemunhas que não tiverem sido 1
inquiridas, mencionando o lugar onde possam ser encontradas .
~3°. Quando o fato for de difícil elucidação, e o indiciado estiver solto, a autoridade
poderá requerer ao juiz a devolução dos autos, para ulteriores diligências, que
serão realizadas no prazo marcado pelo juiz.
1616 - DIREITO PROCESSlJA1. PENAL-
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de exames periciaiSL~o~car sob a guarda dos Institutos de Perícia
para a possibilidade de outros exames, inclusive para atender o disposto no pa-
rágrafo 6° do artigo 159, na redação dada pela Lei nO 11.690/2008 (*60Havendo
requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à perícia
será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre sua
guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes, salvo se
for impossível a sua conservação.). Desse parágrafo 6° trataremos em maiores
detalhes quando da análise das provas periciais.
Art. 12.O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base
"a uma ou outra.
Como o joqJ,érjta~ma peç(iJ;;;~de.£.u.!:1E.gJ.£1fu.cm.ªtiVo, onde
se formalizam todas as informações sobre a investigaçáõ-ae"üm"dêlitõ;l~~f"neces-
sidade de que essa peça, composta por vários documentos e dados produzidos
no processo de investigação, faça parte do processo penal que será aberto na
Justiça e, para tal, o artigo 12 determina que o mesmo acompanhe a respectiva
denú~cia ou queixa, uma vez que ele sustentará esta inicial do processo.
Art. 17. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela autoridade judiciária, por
faltade base para a denúncia, a autoridade policial poderá proceder a novas pesquisas, se
~utras provas tiver nolicia. --
Art. 19. Nos crimes em que não couber ação pública, os autos do inquérito serão remetidos
ao juizo competente, onde aguardarão a iniciativa do ofendido ou de seu representante
legal, ou serão entregues ao requerente, se o pedir, mediante traslado.
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CRlMINALISTlCA PARA CONCURSO - ALBERI EsPINDUU160
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163
A PERÍCIA NO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL
Art. 22. No Distrito Federal e nas comarcas em que houver mais de uma circunscrição
aliciai, a autoridade com exercicio em uma delas poderá. nos inquéritos a que esteja pro-
~dendo, ordenar diligências em circunscrição de outra, independentemente de precatórias
OU requisições, e bem assim providenciará, até que compareça a autoridade competente,
sobrequalquer fato que ocorra em sua presença, noutra circunscrição ..
Art. 23. Ao fazer a remessa dos autos do inquérito ao juiz competente, a autoridade policial
oficiará ao Instituto de Identificação e Estatistica, ou repartição congênere, mencionando
ojuízo a que tiverem sido distribuídos, e os dados relativos á infração penal e á pessoa do
indiciado.
6 _ DIIIElTO PROCESSUAL PENAl
;:.--
Trata o artigo citado da .questão de jurisdição da autoridade policial e res-
pectiva tomada de providências para os procedimentos de investigação em ou-
traSáreas fora da jurisdição do seu Distrito Policial, desde ~ dentro da mesma
~arca ou fDis~Fed~l, como também a de tomar qualquer providência
nessas áreas ora da sua jurisdição sobre fatos que requeiram a atuação policial.
O presente dispositivo determina que a autoridade policial faça o devido
cOffiUllicadoao Instituto de Identificação, a fim de se cumprir os devidos con-
troles e anotações que se fizerem necessários.
3.
Com a edição do Decreto-Lei nO3.689, de 3 de outubro de 1941, que fe-
deralizou e unificou toda a legislação processual penal, também a perícia oficial
recebeu tratamento à altura da importância das provas que produz.
Já em 1941 o legislador vislumbrou a relevância da perícia para o processo
penal, determinando que essa tarefa fosse exclusivamente produzida por agen-
tes do Estado, Qu__seja, que fosse realizada por peritos oficiais. Somente nas loca-
lidades em q~uvesse peritos oficiais é que se poderia nomear peritos ad ~
!lI2£.. dentre profissionais de conhecida idoneidade e capacitação técnica.
Evidentemente, naquela época, muito pouco havia de órgãos estatais en-
carregados de executarem as tarefas relacionadas às perícias em geral, razão I
pela qual o legislador teve todo o cuidado de regular a realização de perícias
\~O processo criminal, por intermédio de outros profissionais não funcionários
(JÚbliCOS, os chamados peritos ad hoc. !l -
. :.----Ifsse Código, mesmo prevendo que não havia hierarquia entre as provas,
\ e que o l~udo ~ericial poderia ser rejeitado no todo ou em parte pelo magis-
'trado, tratou a prova material com destaque, dedicando-lhe capítulo próprio e
preocupando-se em fazer as citadas ressalvas, numa antevisão da prevalência do
Laudo Pericial sobre os demais tipos de prova.
l.,-------podemesdizer que o legislador de 1941, mesmo constatando a ausência de\
órgãos periciais estruturados em todos os estados da federação (existiam apenas
os IMLse alguns Institutos de Criminalística), preocupou-se em regulamentar a
A~ . .1°. A a~toridade assegu.rará no inquérito o sigilo necessário á elucidação do fato o~J
eXigido pelo Interesse da sociedade. . J
Parágrafo único. Nos atestados de antecedentes que lhe forem solicitados, a •.~
autoridade policial não poderá mencionar quaisquer anotações referentes a1
instauração de inquérito contra os requerentes, salvo no caso de existir con- !
denação anterior. . :1,
• .1"!' .•
162
Se a autoridade policial entender, durante o transcorrer dos procedimen-
tos de investigação e respectivo inquérito policial, que seja necessária a incomu-
nicabilidade de alguma pessoa presa, esta representará à autoridade judiciária
que, em se convencendo dos argumentos apresentados, determinará tal proce-
dimento por até três dias, dando ciência de seu despacho ao advogado da parte;
conforme determina o Inciso III do art. 7° da Lei nO8.906194. Podem requerer a
incomunicabilidade a autoridade policial e o membro do Ministério Público.
p
Tratam os artigos 17, 18 e 19 da destinação do inquérito nas situações alcf11;'
previstas. O artigo 17 deixa claro que a autoridade policial não pode determi:c,B~~.
nar o arquivamento do inquérito, cuja competênci~ _~~tiva da a~.. .. '.:
ludi<:i~a. De forma precavida, a lei assegura no arugo 18 a possi6'ffiããtte...de;.
"reabertura do inquérito caso venham a surgir novos elementos probatórios que .,
justifiquem tal iniciativa. E o artigo 19 esclarece o destino do inquérito nas situa-
ções onde não cabe ação pública.
O sigilo das informações durante os procedimentos de investigação de
um crime normalmente são de fundamental importância para o sucesso do
esclarecimento do crime. Esta é a razão principal da legislação determinar que
os dados contidos no inquérito policial sejam sigilosos e que tal situação deva
ser garantida pela autoridade policial. Já o parágrafo único trata de caso espe-.
cífico relativo aos atestados de antecedentes, visando ao sigilo de informações
preliminares (o inquérito contém informações pré-processuais e que poderão,
ou não, serem confirmadas em processo penal depois de transitado em julga: .j
do) de pessoas. ~, > _ t9
OU ,!.A4fÁJ/ /IZ:; Jl(0 ~vUtCâ/l(,(/ J "'~U dt.tw-#1
r@ Art. 21. P{ incomunicabilid;yÍe do indiciado dependerá sempre de despacho-nos putos e~f'X s~mente~.erá permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniência da investiga";!
çao o eXigir. '(1
Parágrafo único. A incomun~ade," ue não excederá'd'~ três dias ~ecretªda por!
_,J!~;wacho f.'Ln~.ill!lnt~8P ~~ requerimento da autonda policial. ou do órgão do~
MíntSt'êriõf5ublico, respeitad, qualquer hipótese, o disposto no artigo 7°. inciso 11I, do,
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei na8.906/1994). 1
Lei na 8.906/94:
Art. 70• São direitos do advogado:
11I. comunicar-se com seus clientes, pessoal e reservadamente. mesmo sem pro- ';
curação, quando estes se acharem presos. detidos ou recolhidos em estabe-
lecimentos civis ou militares.elrida que considernãêiS"incãimimc""ãV:l9
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4. IMPORTÂNCIA DA PERÍCIA
Vamos mostrar nesse tópico o quanto a perícia é importante dentro do con.
junto probante, cujos fatos ficam evidentes na preocupação do legislador por in-
termédio de dispositivos que assim a ressaltam diretamente, como também pela
interpretação indireta do que a legislação procurou assegurar, como é o caso do
artigo que vamos discutir, no qual não se faz referência direta à prova pericial.
Art. 155. "O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em con~i
traditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementoil
informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetlveis e'i
antecipadas: .'1
(redação dada pela Lei nO11.690/2008). .~..
produção da prova material pelo Poder Público, numa iniciativa de vanguard~
Assim, a chamada Perícia Oficial foi se estruturando administrativamente ao lon.
go dos anos que se passaram, a fim de atender o que estava previsto na legisla.
ção processual.
Relativamente à Perícia Criminal, tivemos somente duas alterações signifi.
cativas ao CPP de 1941. A Lei nO8.862, de 28 de março de 1994 e a Lei nO11.690
de 10 de junho de 2008. A Lei nO5.970, de 11 de maio de 1973, produziu peque:
na alteração especificamente nos casos de acidentes de trânsito com vítima.
Vamos comentar os artigos do CPP relativos à prova pericial subdividin.
do seu enfoque em tópicos por assunto, visando a facilitar seu entendimento.
Portanto, não seguiremos uma sequência numérica dos artigos do Código de
Processo Penal.
Ao analisarmos esse artigo de forma mais ampla e associada a uma visão
técnico-pericial, observamos que o juiz, ao considerar todo o conjunto das pro-
vas carreadas para o processo judicial, será - no entanto - livre parei.escolher
aquelas que julgar convincentes.
A nova redação do mencionado artigo trouxe restrições às informações
oriundas da investigação policial, mas ressalva aquelas provas não repetíveis,
aqui inserida a prova pericial. Na verdade, a ressalva para a prova pericial está
em harmonia com o seu próprio destino, que é aJustiça, conforme determinado
no artigo 178, para que o Laudo Pericial seja juntado ao processo e, portanto,
não menciona o inquérito policial.
Este artigo 155 nos ressalta dois aspectos importantes da perícia. O pri-
meiro pela consagração jurídica (isso desde 1941) do principio da Doutrina da
Criminalística Brasileira do Exame do Corpo de Delito; e, o segundo, pelo des-
taque da importância da perícia, mais ainda agora com a ressalva inserida pela
mencionada Lei nO11.69012008.
O juiz, em sua sentença, irá discutir o porquê da preferência ou aproveita-
mento, baseado na sua interpretação jurídica daquelas provas.
1656 _ DIREITO PROCESSUAL PENAL
:.--
Quando a infração deixar vestígios será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Essa determinação legal evidencia, de forma direta, a importância e a re-
levância que a perícia representa no contexto probatório, referindo-se, taxati-
vamente, sobre a sua indispensabilidade, sob pena de nulidade de processos,
conforme veremos mais adiante.
Muito claramente vemos confirmada essa importância dispensada à perícia,
no próprio texto do artigo 159 (O exame de corpo de delito e outras perícias
serão realizados por perito oficial, portador de diploma de curso superior.),
pois determina que tais exames sejam feitos por peritos oficiais, atendendo ao
princípio geral da titularidade processual penal do Estado e também - e es-
pecialmente - pressupondo a formação técnica adequada desses funcionários I'
para bem desempenharem a função.
~ Inteligentemente, também está previsto no artigo 182 do CPP que:
O juiz não ficará adstrito ao laudo, podendO aceitá-lo ou rejeitá-lo, no lodo ou em parte.
)11 .:t /J11;Í .~Af}(()--I/-£/A#..d/ Fk
Nesse particular, quando o juiz rejeita uma prova pericial (ou qualquer
outra), obviamente ele deverá justificar formalmente tal opção, conforme de-
terminam os artigos 200 e 381, inciso III (Art. 200 - A confissão será divisível
e retratável, sem prejuízo do livre convencimento do juiz, 'Jundado no exa-
me das provas em conjunto". - grifo nosso - e Art. 381, inc. II! - A sentença
conterá: [...] a indicação dos motivos defato e de direito em que sefundar a
decisão[..,]).a também podemos inferir - indiretamente - do referido Artigo 155 équ não .3ierarguia d_e_~ Todas, em princípio, têm o mesmo valor pro-£)ban " davia, o que vimos observando ao longo de muitos anos é que a prova '!)!
pericial acaba tendo um maior aproveitamento em relação às demais.
Certamente o legislador, nesse artigo, também - associado à compreensão
/do artigo 182 - quis assegurar ao magistrado o seu livre convencimento diante
~
o conjunto das provas, pois anteviu que, se assim não agisse, acabaria outor-
gando prevalência à prova pericial (tanto técnica quanto juridicamente) sobre
. âSdem~--------- __
: ~go simp~plicar essa prefe~Ocorre que a prova pericial é
produzida a partir de fundamentação científica dos elementos materiais deixa-
dos pela ação delituosa, enquanto que as chamadas provas subjetivas depen-
dem do testemunho ou interpretação de pessoas, podendo ocorrer uma série
de erros, desde a simples falta de capacidade da pessoa em relatar determinado
fato, até a situação de má-fé, onde exista a intenção de distorcer os fatos para
não se chegar à verdade.
Claramente o artigo 158 do CPP determina:
CRIMINALfSTICA PARA CONCURSO - AlBERI EsPINDUL\-164
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Sem dúvida, já em 1941 o legislador anteviu a importância da prova cientí.
fica, pois mesmo prevendo no artigo 155 que "o juizjonnará sua convicção
pela livre apreciação da prova [000] ", deixa claro no texto que o Laudo Peri.
cial não deverá ser apreciado como uma verdade absoluta, resguâ~dando o di.
reito do magistrado em apreciá-lo e analisá-lo - dentre outras provas produzidas
licitamente - para saber se o aceita ou não, no todo ou em parte.
Sob ângulo opostO, mais uma vez nota.se a importância da prova científica
tamanha foi a preocupação do legislador em criar mecanismos para que o laud~
não fosse usado exclusivamente em detrimento de outros meios de prova.
Nessas ressalvas do legislador, podemos concluir, dentro de uma interpreta.
ção técnico-pericial, pela necessidade de uma providência básica: a de que reunir
~ o maior número possível de provas acerca de qualquer delito, sejam tais provas
objetivas (científicas) ou subjetivas (empíricas), a fim de que o juiz tenha o maior
número de informações e possa formar a sua convicção com total segurança.
Além disso, houve, por parte do legislador uma preocupação relacionada à
falta de estrutura dos órgãos periciais que, naquela época, não tinham condições
de atender a todas as perícias nos mais diversos municípios de nosso país. Esse
ponto se evidencia pela própria redação de determinados artigos do Código relati.
vos aos procedimentos periciais, quando o legislador desce a detalhes que servem
de orientação para execuç~o do próprio exame pericial. Costumamos dizer q~e o.
legislador redigiu alguns dos artigos associado a uma preocupação de orientar os
peritos não oficiais, os chamados peritos ad hoc, os quais - em princípio - desco-
nhecem as técnicas criminalísticas para a realização dos exames periciais.
Tanto é verdade essa segunda preocupação que, em 1979, uma comissão
de juristas, nomeados pelo Ministro da Justiça, Dr PETRÓNIOPORTEIA(Portaria MJ
nO680 de 11/07179), para estudar alternativas que viessem a diminuir a violên-
cia e a criminalidade, constatou que, em sete estados, a perícia criminal (por
intermédio dos Institutos de Criminalística e Institutos de Medicina Legal) sim.
plesmente não existia, e em outros oito eram precária e sem material humano
eficiente.
Imagine-se, portanto, como deveria ser a perícia em 1941!. .. Certamente,
quase inexistente do ponto de vista estrutural. Não obstante toda essa falta de
estrutura oficial, já naquela época (1941) foi reconhecida, de forma significativa,
a importância da perícia para o contexto investigatório/processual criminal.
A importância é tamanha que o CPP vai mais além, quando trata das NUU.
DADES, prevendo em seu artigo 564, inciso I1I, alínea "b", que:
5. RESPONSABILIDADE DO PERITO
167
Socriminal poderá ter a[Os nulos por conta da falta do Laudo Pericial é ressaltar
sobremaneira a sua necessidade no conjunto probante. r t.?n~!
podemos afirmar com [Oda a certeza que o desenvolvimento técnico-cien-
tÍficoque a perícia atingiu nesses últimos anos é por obra e iniciativa dos seus
própriOs peritos, que procuram elevar cada vez mais a qualidade do mister pe-
ricial, especialmente por intermédio de Congressos e Seminários Científicos pa-
trocinados pela Associação Brasileira de Criminalística. Somente agora nesses
últimoS anos é que o Governo Federal vem apoiando esse processo de desen-
volvimento que, por consequência, está incentivando os estados a tomaram ini-
ciativas semelhantes.
6 _ DIREITO PROCESSUAL PENAl-
Quando discutimos no tópico anterior a importância da perícia, constata-
mos o altíssimo grau de responsabilidade atribuído ao profissional que venha a
executar essa tarefa. Dos peritos criminais e dos peritos médicos-legistas (peri-
toSoficiais) é exigida uma responsabilidade proporcional ao grau de importân-
ciada função exercida.
É que o legislador teve plena consciência dessa responsabilidade que deve
ser exigida dos peritos oficiais no exercício da função, pois tomou o cuidado de
especificar no Código de Processo Penal uma série de dispositivos que determi.
nam esses parâmetros.A responsabilidade do peri[O no exercício da sua função deve ser dividida
em duas partes distintas: a do ponto de vista legal, que lhe exige algumas for-
malidades e parâmetros para a sua atuação como perito; e a de ordem técnica,
necessária para desenvolver satisfatoriamente os exames técnico-científicos que
lhe são inerentes.
O perito, em relação ao aspecto legal de sua atuação, além dos aspectos
processuais penais, está sujeito também às responsabilidades penais, adminis-
trativas e cíveis. Neste capítulo iremos abordar somente os aspectos processuais
penais afetos à execução do trabalho do perito. Já as responsabilidades técnicas,
mesmo não se enquadrando em um capítulo que trate de abordagens legais,
serão incluídas devido às suas possíveis implicações legais em relação ao seu
emprego.
CRIMINALisTICA PARA CONCURSO - MOER! ESPINDULI "
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A nulidade ocorrerá nos seguintes casos: [...) por falta das fórmulas ou dos termos seguin-
tes: [...] o exame do corpo de delito nos crimes que deixem vestígios, [...1.
É inegável a relevância do Laudo Pericial para o processo criminal, demons-
trado por todos estes dispositivos legais. Chegar ao ponto de dizer que o proces-
5.1. Exigências Formais
O artigo 112 do CPP trata das incompatibilidades e impedimentos legais
que os peritos devem declarar nos autos do processo, quando for O caso. In
verbis:
Art. 275. O perito, ainda que não oficial, estará sujeito 'á disciplina judiciária. .
Art. 280. t; extensivo aos peritos, no que lhes for aplicável, o disposto sobre suspeição dos.~
juizes. íI~
o juiz, o órgão do MinistérioPúblico, os serventuários ou funcionários de justiça e os ~'
~ (grifonosso) ou intérpretes abster-se-ão de servir no processo, quando houver incom-,
patibilidade ou impedimento legal, que declararão nos autos. Se não se der a abstenção, a
. incompatibilidade ou impedimento poderá ser arguido pelas partes, seguindo-se o proces-
so estabelecido para a exceção de suspeição. '.,~ I
Já anteriormente no artigo 105 (Aspartes poderão também arguir de
suspeitos os peritos, os intérpretes e os serventuários ou funcionários
da justiça, decidindo o juiz de plano e sem recurso, à vista da matéria
alegada e prova imediata) estava previsto que as partes podem arguir pela
suspeição dos peritos, cabendo ao juiz decidir sobre a questão, independente-
mente de recurso, baseado no que fora alegado e respectivas provas apresenta-
das pela parte. Por ser a perícia um importante instrumento para o processo,
nota-se a preocupação do legislador em garantir que o perito seja uma pessoa
isenta e acima de qualquer interesse que não seja o de bem realizar o exame
pericial.
Os artigos 275 ao 280 tratam de formalidades aplicáveis aos peritos e intér-
pretes, destacando-se os principais a seguir:
Como se vê claramente no artigo 275, apesar de os peritos, por intermédio
dos Institutos de Criminalística ou de Medicina Legal (em algumas unidades
da Federação) ainda estarem administrativamente vinculados aos organismos
policiais, são c1es, antes de tudo, regidos por dispositivos inerentes aos juízes e
demais auxiliares da Justiça.
O exercício da função pericial, em suas normas gerais, é regido por estatu-
tos judiciais (legislação processual penal) e não policiais. Isso nos indica que ~
vinculação dos órgãos periciais às estruturas policiais é inadequada, pois a atua-
ção pericial transcende o espectro policial. É sabido que o exercício da função
pericial começa simultaneamente na fase policial de investigação dos delitos,
devendo trabalhar harmonicamente e em equipe com a polícia judiciária, maS
estendendo-se até o processo judicial - seu destino final e principal.
Portanto, do ponto de vista legal, é necessário que os órgãos periciais te-
nham estrutura administrativa autônoma, a fim de que possam atender a to-
dos os segmentos que dela necessitam, conforme determina o próprio Código;
quais sejam: a Polícia Judiciária, o Ministério Público e a Justiça, além d~s partes
envolvidas no processo.
Mas a referência direta do artigo 275 é em relação ao perito não oficial, o
chamado perito ad hoc, perfeitamente compreensível para aquela época, pois,
conforme já apresentamos anteriormente, o número de Institutos de Crimina-
\~
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t' /<
f)
1696 - DIREITO PROCESSUAL PENAL
Iística e de Medicina Legal era escasso em todo o Brasil. No entanto, apesar de
ainda constar no Código de Processo Penal a possibilidade da nomeação de pe.
rito ad hoc, tramita no Congresso Nacional proposta de alteração da legislação,
/ eliminando tal figura, uma vez que não mais se justifica haver esses subterfúgios,
que só servem como mera formalidade processual, uma vez que os profissionais
nomeados não têm as habilidades necessárias para o desempenho do encargo
especializado.
O artigo 280, que trata da suspeição dos peritos, nos remete aos artigos 254
e 255 onde estão elencadas as situações de suspeição dos juízes e que, por força /"
desse dispositivo, aplicam-se também aos peritos. Vejamos:
Art.254. O juiz (leia-se perito) dar-se-á por suspeito, e, se não o fizer, poderá ser recusado 13
porqualquer das partes:
I. se for amigo Intimoou inimigocapital de qualquer deles;
11. 1Sêêiê, seu cônjuge, ascendente ou descendente, estiver respondendo a
'pro-c:e'ssopor fato análogo, sobre cujo caráter criminoso haja controvér-
sia;
111. se ele, seu cônjuge, ou parente, consangüíneo, ou afim, até o terceiro
grau, inclusive, sustentar demanda ou responder a processo que tenha
de ser julgado por qualquer das partes;
IV. se tiver aconselhado qualquer das partes;
V. se for credor ou devedor, tutor ou curador, de qualquer das partes;
VI. se for sócio, acionista ou administrador de sociedade interessada no pro-
cesso.
Art. 255. O impedimento ou suspeição decorrente de parentesco por afinidade cessará
pela dissolução do casamento que lhe tiver dado causa, salvo sobrevindo descendentes;
mas, ainda que dissolvido o casamento sem deSCendereS' não funcionará como juiz (Ieia-
se perito) o sogro, o padrasto, o cunhado, o genro o nteado de quem for parte no pro-
cesso. ~
Vê-se, portanto, que tanto o perito oficial quanto os próprios diretores \
dos Institutos devem ficar atentos a essas exigências e enquadramentos para o
exercício da função pericial. Também as autoridades requisitantes, nas situações
previstas no parágrafo primeiro do artigo 159, ao nomearem os peritos ad hoc,
devem alertá-los para as normas desse Código, ao qual estarão enquadrados,
conforme referência do artigo 275 e do parágrafo segundo do artigo 159.
5.2. Requisitos Técnicos
Alguns requisitos técnicos devem ser observados pelos peritos, como tam.
bém pelos diretores dos Institutos e até por outras autoridades administrativas,
no sentido de cumprirem os melhores ditames do mister periciaL Tudo isso
deve ser ressaltado dentro desse tópico da responsabilidade dos peritos, a par.
tir de uma preocupação mais ampla de todos os segmentos envolvidos, dentre
Operadores da perícia e do Direito, mesmo - como já mencionamos - não sendo
objeto de regulamentação processual.
CRlMINALiSTlCA PARA CONCURSO - MBERI ESPINDUL\168
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6. NÍVEL SUPERIOR
1716 _ DIREITO PROCESSUAL PENAL
~
7. DOIS PERITOS
A Lei nO 8862/94, que alterou o Código de Processo Penal, determinava
que as perícias deveriam ser feitas por dois peritos oficiais. No entanto, com a
recente edição da Lei 11.690/2008, ficou facultada a possibilidade dos exames e
respectivos laudos serem realizados por um só perito.
Art. 159. O exame de corpo de delito e outras perícias serão realizados por perito oficial,
portadorde diploma de curso superior.
A exigência de dois peritos criminais para realizarem exames periciais, no
caso dosexames afetos aos Institutos de Criminalística, e de dois peritos médi-
cos-legistas, no caso dos Institutos de Medicina Legal, ainda permanece vigente,
uma vez que a nova redação dada ao artigo 159 apenas eliminou do texto ante- 17)
fiar o numeral "dois", deixando em aberto a quantidade de peritos a serem no- V
meados para cada exame. Se a intenção do legislador fosse limitar a quantidade
de peritos, teria expressado na lei que os exames periciais seriam realizados por
um perito oficial.
E além desse fato, há outro, bastante significativo, que dá respaldo à nossa
tese da continuidade de dois peritos atuando em cada caso: trata-se da Súmula
361, que reza: "Noprocesso penal, é nulo o exame realizado por um só
perito, considerando-se impedido o que tiver funcionado, anteriormen-
te,na diligência de apreensão", que está vigente e proíbe que o exame seja
feito por um só perito, permitindo que se conclua que 9S laudos também devam
ser assinados por dois peritos.
Na mesma linha, encontramos mais respaldo ainda para nossa tese no re-
cente criado parágrafo sétimo do artigo 159:
É importante ressaltarmos que esta exigência de nível superior é - antes de
tudo - uma necessidade técnica, pois a perícia é calcada na pesquisa científica,
e, portanto, torna-se imprescindível termos profissionais capacitados e com for-
mação acadêmica para esse mister pericial, sob pena de vermos a perícia cair em
descrédito no contexto do processo penal.
Agora, então com a edição da Lei nO11.690/2008, o legislador veio reconhe.
cer definitivamente essa necessidade técnica, alterando o artigo 159, que agora
expressamente exige que o perito oficial seja portador de diploma de curso
superior
970 Tratando-se de perícia complexa que abranja mais de uma área de conheci-
mento especializado, poder-se-á designar a atuação de mais de um perito
oficial, e a parte indicar mais de um assistente técnico.
Ora, se formos analisar sob a óptica de perícia complexa que envolva mais
de uma área de conhecimento especializado, certamente vamos constatar que
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Art. 159. o exame de corpo de delito e outras perlcias serão realizados por perito oficial, portador de
diploma de curso superior (grifo nosso).
Mas vamos antes analisar a legislação anterior à Lei nO 11.690/2008, para
vermos que, mesmo sem a exigência direta, outros dispositivos processuais nos
davam esse entendimento.
O caput do artigo 159 não expressava textualmente o requisito de fonna.
ção superior para ser perito oficial; todavia, entendíamos que nem seria necessá.
rio, tendo-se em vista a legislação periférica que nos levava a esse entendimento
pela determinação de tal requisito, conforme podemos ver a seguir.
O próprio parágrafo primeiro do artigo 159 (PO - 91°Nafalta de perito
oficial, o exame será realizado por 2 (duas) pessoas idôneas, portado-
ras de diploma de curso superior preferencialmente na área especifica,
dentre as que tiverem habilitação técnica relacionada com a natureza
do exame.) deixa clara essa exigência para o perito ad hoc.O que se dizer então
do perito oficial? Certamente bem maior seria tal exigência.
Nesta mesma linha de interpretação, devemos analisar as diversas leis fe.
derais que regulam as profissões de nível superior (contador, engenheiro, far."
macêutico, biólogo, geólogo, etc.), as quais elencam todas as atividades que são
de competência exclusiva daqueles profissionais. P.ex.: Uma perícia contábil é
atribuição exclusiva de contador (DL 9295/46, art. 25, alínea "c"), e jamais pode.
rá ser feita por um engenheiro que seja perito oficial, sob pena de ser declaradá ',~
nula mediante arguição de qualquer das partes envolvidas no processo, sujeitan~
do o autor a responder a processo por exercício ilegal da profissão.
Também o Código de Processo Civil, no seu artigo 145, ~1°, pela Lei nO
7.270/84, estabelece que "os peritos serão escolhidos entre profissionais
de nível universitário, [...]",aplicando-se por analogia o caso do processo cri-
minal, já que no Código de Processo Penal não existia a regulamentação direta
sobre a questão.
Por fim, para sanar qualquer dúvida da aplicação desses dispositivos que
foram comentados, destacávamos o artigo 3° do CPP que textualmente diz:
Art. 30. A lei processual penal admitirá interpretação extensiva e aplicação analógica, bem)
como o suplemento dos principias gerais de Direito. .i
Agindo dentro dos princípios técnicos e legais, a perícia poderá desenvolver .;EfJ(,
um trabalho mais abrangente e de melhor qualidade para a nossa sociedade. ~,:.:t~
.------ ------
Até a edição da Lei nO(11.690/2008:') não tínhamos a exigência direta de
formação acadêmica para ser p'é'rltO-óflcial. Mas agora o texto é direto sobre tal
necessidade.
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8. DAS AsSERTIVAS TÉCNICAS
o perito tem sempre presente em suas atitudes, no exercício da função
pericial, a grande responsabilidade que pesa em seus ombros pelo trabalho que
desenvolve.
O Laudo Pericial poderá, dada a sua importância, ser a~ principal e
fundamental para condenar ou inocentar um réu. Daí advémO grande res-
. .~.,~~\-~ \ -~
todas as perícias são complexas e englobam mais de uma área do conhecimento
especializado. A perícia, por essência, é de natureza complexa e multidisci.
plinar.
Então, o que o legislador quis trazer para o cotidiano foi a possibilidade dos
diretores dos Institutos de Criminalística e de Medicina Legal nomearem mais
de dois peritos para aquelas perícias que entendam necessário, uma vez que a
redação anterior, dada pela Lei na 8.862194, determinava única e expressamente
que as perícias deveriam ser feitas por dois peritos. É claro que a lei não proíbe
que os exames e laudos sejam feitos por um só perito, em função dessa nova
redação ambígua da Lei.
Para os casos de perito ad hoc, a lei expressamente determina que deva ser
realizado por dois profissionais, fato este já exigido desde a edição do cpp em
1941, conforme estabelecido no parágrafo primeiro do artigo 159.
Também podemos nos valer do artigo 180 para reforçar nossa tese sobre a
permanência de mais de um perito para realizar cada exame pericial, uma vez
que o mesmo também não foi alterado pela Lei na 11.690/2008.
Art. 180. Se houver divergência entre os peritos, serão consignados no auto do examQ!
(grifo nosso) as declarações e respostas de um e de outro, ou cada um redigirá separa-l,
damente o seu laudo, e a autoridade nomeará um terceiro; se este divergir de ambos, ai
autoridade poderá mandar proceder a novo exame por outros peritos. ~
Assim, mesmo antes da edição da Lei na 8862194, que passou a exigir o con-
curso de dois peritos para realizar os exames, os mandamentos desse art. 180
também se aplicavam no caso de peritos oficiais, dado que o mencionado artigo
não faz qualquer distinção entre perito ad hoc e perito oficial. Este artigo nã~
foi modificado pela Lei na 11.690/2008, sendo mais uma justificativa da necessi-
dade de dois ou mais peritos para realizarem os exames periciais.
Na verdade, o que mais nos surpreende é a má qualidade das alterações de
nossos dispositivos legais, feitos pelos nossos legisladores, que não se preocu-
pam em harmonizar o restante do dispositivo que está sendo modificado! Com
isso, cria-se um grande problema de interpretação dos dispositivos legais, onde
avançam desdobramentos ao sabor dessas interpretações jurídico-administrati-
vas e até mesmo de decisões judiciais, muitas vezes diferentes sobre o mesmo
tema.
173
ponsabilidade em realizar um trabalho bem feito, buscando utilizar todas as
ferramentas científicas que a ciência dispõe e, ao mesmo tempo, exigir dos ad.
ministradores as condições de trabalho adequadas, especialmente no aporte de
equipamentos e materiais necessários aos exames periciais.
O perito só poderá concluir ou fazer qualquer afirmação em seu laudo se
puder lastrear tal assertiva com uma justificativa técnico-científica.Para afirmar
determinado fato e emitir conclusões sobre o mesmo deve ter apenas uma pos-
sibilidade técnico-científica para este fato.
Essa única possibilidade só a encontraremos em duas situações. A primeira
é quando tivermos um vestígio determinante que, por si só, já seja conclusivo
para aquele evento. A segunda situação é quando tivermos mais de um vestígio
que, de per si não sejam determinantes, mas que, analisados conjuntamente,
noSindiquem somente uma possibilidade.
Não se caracterizando essas duas situações que venham a proporcionar
uma única possibilidade científica para o evento, o perito não poderá estabe-
lecer um resultado conclusivo para tal perícia. Todavia, neste caso, poderemos
estar diante de algumas outras hipóteses que merecem a nossa análise mais
detalhada.
Há situações em que nem mesmo o conjunto dos vestígios nos proporciona
condições de conclusão da forma como expusemos. Porém, podem existir ele-
mentos técnicos que nos possibilitem excluir determinada hipótese (que também
será uma espécie de conclusão), diminuindo-se assim o universo de situações que
a PolíciaJudiciária terá que investigar. Se, numa ocorrência de morte, pudermos,
por exemplo, eliminar a hipótese de acidente e morte natural, restarão somente
aspossibilidades de homicídio e suicídio, o que será de grande ajuda no conjunto
das investigações.
Há situações ainda em que, mesmo não sendo possível concluir, pode-se
apontar uma das hipóteses com maior probabilidade de ter ocorrido, sempre com
base na análise do conjunto de vestígios do evento. Nesses casos, é imprescindível
que os peritos sejam mais explicativos em seu Laudo, no sentido de registrar o
máximo de informações que venham a evidenciar aquela possibilidade, contri-
buindo também para a investigação criminal.
Nota: Necessário se faz esclarecer a questão do diagnóstico diferencial da
causa da morte, quando mencionamos anteriormente as hipóteses
de homicídio, suicídio, acidente e morte natural. Especialmente os
termos homicídio e suicídio causam muita dúvida, tanto no meio pe-
ricial quanto no meio jurídico, achando que o perito estaria - ao con-
cluir por uma dessas hipóteses - fazendo a tipificação da causa jurídica
da morte. Não se trata disso. Não cabe ao perito essa atribuição, que
é privativa dos operadores do Direito no âmbito da Justiça Criminal.
O que existe é apenas uma coincidência de designações, que são em .
6 _ DIREITO PROCESSUAL PENAL-CRIMINALfSTICA PARA CONCURSO - MOERI ESPINDUl.\--172
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Quandoa infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de delito, direto
ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
Salvoo caso de exame de corpo de delito, o juiz ou a autoridade policial negará a perícia
requeridapelas partes, quando não for necessária ao esclarecimento da verdade.
Há também os casos de crimes militares (Polícias Militares ou Forças Ar-
madas) onde o oficial que preside o Inquérito Policial Militar poderá requisitar
OS respectivos exames periciais diretamente ao Instituto de Criminalíscica ou
Inscicutode Medicina Legal.
Ainda nas situações de CPls levadas a efeito no Legislativo federal, estadual
OU municipal, pode o seu Presidente requisitar a realização de exames periciais,
direr~~tuto de Criminalística ou de Medicina Legal.
~.!equisição é obriga~ara a realização da perícia, conforme observa-
mos no artigo 158 do CPP:
17;6 _ DIREITO PROCESSUAl. PENAl
~
Portanto, não se trata de uma mera prerrogativa processual que a autorida-
de policial tem, mas um dever de ofício decerminado pelo Código de Processo
Penale, não o fazendo, poderá~abilizado.
Devemos ressaltar que i requisiçãq)da perícIa e feita pelo delegado de
polícia, promotor de justiça o'urnBmop;;lo próprio juiz; no entanto, sendo pe-
rito oficial, a designação do profissional que irá executá-la somente poderá ser
feicapelo diretor do Instituto de Criminalística ou Instituto de Medicina Legal,
respeccivamente, conforme determina o artigo 178 do CPP:
No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao diretor da repartição,
,junlando-se ao processo o laudo assinado pe~r~ /
Desse artigo tiramos duas preocupações do legislador. A primeira tem o
objeCivode obstruir qualquer relação direta entre o requisitante e os peritos ofi-
ciaisque irão efetuar o exame pericial, evitando-se ingerências, preferências ou
recusas em relação a determinados peritos por parte do requisitante. A segunda
preocupação diz respeito à questão da especialização necessária que o perito
deve cer para realizar o tipo de exame que está sendo requisitado, e somente o
diretor do órgão pericial é que saberá quem melhor desempenhará aquela care-
fa.Na realidade, em muitos casos essa tarefa é feita pelo próprio chefe de seção
ou setor, onde se encontram os especialistas para a realização de determinada
perícia.
Salientamos, ainda, que também as partes, especialmente por intermédio
dos advogados que lhe representam, poderão requerer exames periciais. Esta
prerrogativa caracteriza-se pela ausência de dispositivo contrário a esse procedi-
mento e, em especial, pelo que orienta o artigo 184 do CPP
Se o Ministério Público julgar necessário maiores esclarecimentos e documentos compl~J
menlares ou novos elementos de convicção, deverá requisitá-los, diretamente, de quais~
quer autoridades ou funcionários que devam ou possam fornecê-los. "]
As justificações e pericias requeridas pelas partes serão determinadas somente pelo pre-!
sidente do tribunal, com intimação dos interessados, ou pelo juiz a quem couber o preparo;
do processo até julgamento.
pregadas tanto para definir tecnicamente o diagnóstico diferencial c4 ;i~.<tt
causa da morte (levado a efeito pelos peritos), quanto para designar <
a tipificação da causa jurídica da morte (efetuada pelos juristas crimi_
nais), Esse assunto inclusive já foi levantado no Seminário Nacional
de Perícia em Crimes contra a Vida, objetivando os estudos por pane
dos peritos, para buscarem outros termos que possam traduzir o mes-
mo significado para estabelecer o diagnóstico diferencial da causa da
morte,
É importante esclarecer que esse tópico (Assertivas Técnicas) não é tema
previsto em legislação processual nem administrativa, Trata-se apenas de técni-
cas criminalísticas que devem ser observadas, mas que julgamos importante
constar dessa abordagem, visando facilitar a interpretação técnico-jurídica do
Laudo Pericial e as possíveis consequências processuais que o emprego incorre.
to da técnica poderiam acarretar.
Trata o artigo das situações em tribunal do júri e demais preparações no
âmbito da Justiça, normatizando a requisição de perícias nessa fase processual,
limitando à autoridade judiciária tal prerrogativa, mesmo a partir de requeri-
mento das partes.
9. DA REQUISIÇÃO DE PERÍCIA \ .
No modelo br~il9-ro;>TlgeJlfem' nosso Código de Processo Penal, cabe à
autoridade policial(délegado de políci~), presidente do Inquérito Policial, re-
quisitar a perícia, cànfOQ!!e determi~ó inciso VII do artigo 6°:
Determinar, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer oulra~;t
perícias. I,()
~"
@ Também podem determinar a realização de perícias o promotor de jUstiÇ~e .~
o juiz. Todavia, na grande maioria das ocorrências, por ser o delegado de polícia
o primeiro a tomar conhecimento das infrações penais e por ser o presidente dó
inquérito, é ele quem mais exerce essa prerrogativa de oficio.
Uma das previsões legais que estabelece a prerrogativa ao promotor de
requisitar exames periciais está normatizada no artigo 47:
No caso do juiz, o artigo 423 do CPP especifica que:
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176 CRIMINAlfSTICA PARA CONCURSO - ALBERI ESPINDUU 6 - DIREITO PROCESSUAL PENAl 177
Nota-se, portanto, que o mencionado artigo é enfático ao determinarO
acatamento para os casos de exames de corpo de delito.
Cabe um esclarecimento sobre o significado da expressão "corpo de deli.
to". À época do Cpp (1941), "corpo de delito" tinha significado mais direto para
exames realizados na pessoa humana, especialmente no vivo, quando vítima de
lesões corporais. Hoje, quando utilizamos a expressão "corpo de delito", preten.
demos designar qualquer vestígio material que o perito esteja examinando. No
entanto, na interpretação do mencionado artigo, devemos nos ater ao significa.
do original do Código. Maiores abordagens teóricas sobre corpo de delito será
feito em capítulo próprio.
Vemos, portanto, que o advogado da parte poderá requerer exames peri.
ciais, tanto na fase do inquérito policial (requerendo ao delegado de polícia) ou
na fase processual, diretamente ao m:tgistrado. Cumpre alertar que, na fase do
inquérito, o advogado somente poderá requerer exames periciais caso a autori-
dade policial assim não tenha procedido. Pode também requerer outros exames
que não tenham sido requisitados pela autoridade. No entanto, não poderá re-
querer, nesta fase inquisitorial, a revisão ou complementação de exames peri-
ciais, uma vez que essa prerrogativa é exclusiva do magistrado. Poderá, se julgar
que existam falhas no Laudo Pericial, arguir esses fatos ao juiz, requerendo a
revisão dessas possíveis discrepâncias.
Também é importante destacar que o delegado de polícia, o promotor de
justiça e o juiz requisitam a perícia e, portanto, a seu atendimento é de oficio,
obrigatório. Já os demais interessados requerem, o que significa a necessidade
de que uma dessas autoridades decida deferir tal pedido, tomando por base o
que orienta o artigo 184.
10. FORMALIDADES E OBRlGAÇÕES IMpOSTAS AO PERlTO
Art. 276. As partes não intervirão na nomeação do perito.
Esse artigo ressalta a independência que o perito deve ter em relação às
partes para bem desenvolver o seu trabalho, garantindo-lhe não sofrer ingerên-
cia na realização da perícia.
Observa-se, pela redação do artigo, que a principal preocupação do legis-
lador foi a de regulamentar a questão da nomeação de perito ad hoc pela auto-
ridade, mas também se aplica complementarmente para as situações de peritos
oficiais, onde a nomeação é feita pelo diretor do Instituto, cabendo à autoridade
Uudiciária ou policial) apenas a requisição de ofício, conforme estabelecido no
artigo 178 (No caso do art. 159, o exame será requisitado pela autoridade ao
diretor da repartição, juntando-se ao processo o laudo assinado pelos per!:.
!!!l')
Art. 277. O perito nomeado pela autoridade será obrigado a aceitar o encargo, sob pena de
multa de cem a quinhentos mil-réis, salvo escusa atendível.
Parágrafo Único - Incorrerá na mesma multa o perito que, sem justa causa, prova-
da imediatamente:
a) deixar de acudir à intimação ou ao chamado da autoridade;
b) não comparecer no dia e local designados para o exame;
c) não der o laudo, ou concorrer para que a perícia não seja feita, nos pra-
zos estabelecidos.
Mais uma vez podemos analisar este artigo para enquadramento nas duas
situações. Quando for perito ad hoc a interpretação é direta e, portanto, sujeito
ao regramento desse dispositivo. Já o perito oficial, além de estar sujeito a essa
norma, também responderá administrativamente em razão da relação funcional
que está submetido como funcionário público. Portanto, se o perito oficial in-
correr em qualquer das irregularidades desse artigo, será responsabilizado pro-
cessual e administrativamente.
Art. 278. No caso de não comparecimento do perito, sem justa causa, a autoridade poderá
determinar a sua condução.
Apesar de este artigo estar mais voltado para O enquadramento de perito
ad hoc, na prática tem sido muito aplicado nas situações de peritos oficiais.
Em razão da grande demanda imposta aos peritos oficiais, fica impossível a
expedição do respectivo laudo nos prazos estipulados na legislação processual.
Arbitrariamente os magistrados estão se valendo desse artigo (condução para
fazer o exame) para determinar a condução do perito até a Justiça ou já amea-
çando previamente em documentos remetidos aos Institutos de Criminalística
e de Medicina Legal, chegando ao absurdo de ameaçar ou determinar a prisão
de peritos sem, ao menos, mandar verificar os motivos do atraso, diante do quê,
certamente, encontrariam justificativas de sobra.
11. NOVA PERÍCIA
É comum vermos autoridades em geral levantando dúvidas sobre exames
realizados por alguns peritos e/ou Institutos de Criminalística e de Medicina Le-
gal, principalmente quando o caso envolve pessoas influentes da sociedade ou
que tenham grande repercussão na imprensa. No . nta to, a Lei nO8862194 veio
resguardar esse problema, dele ando somente a6. 'uiz oder de determinar a
--!:visão de um Laudo Pericial ou fazer um novo exame, conforme eVidenciad;~
~lo artigo 181 e seu parágrafo único.
Vejamos o que diz o citado artigo:
178 CRlMINAlÍSTlCA PARA CONCURSO - MOERI ESPINDUl.4.- 6 - DUl.ErrO PROCESSUAl PENAl- 179
Art. 181. No caso de inobservância de fonnalidades, ou no caso de omissões, obscurida.4
des ou contradições, a autoridade judiciária mandará suprir a formalidade, complementa~i
ou esclarecer o laudo. 1
Parágrafo Único. A autoridade poderá também ordenar que se proceda a novo -.1
exame, por outros peritos, se julgar conveniente. ~
/r;:) Portanto, depois que o perito expedir o laudo, somente o juiz poderá deter~
. ~nar a sua revisão ou mesmo a feitura de um novo exame por outros peritos.
O delegado de polícia, o promotor ou o advogado da parte, se entenderem
que ocorreram algumas das falhas citadas no caput do artigo 181, deverão argui.
las e representar ao magistrado para que tome as providências necessárias.
Especificamente para os IMLs, quando tratar-se de lesões corporais, assim
ressalva o artigo 168:
Entendemos ser muito importante essa prerrogativa legal para a investi-
gação dos delitos - (mesmo sendo pouco utilizada), pois é uma das formas de
criannos uma interatividade entre a investigação policial e a pericial, ambas com
o objetivo único de esclarecer os fatos.
Essa necessária interação operacional que deve ter o delegado que preside
o inquérito e os. peritos que realizaram os exames periciais não deve ser con-
fundida com os dispositivos previstos no artigo 181. Além do formalismo a ser
seguido de acordo com o Código de Processo Penal (requisição - exame pericial
- expedição do laudo - juntada ao inquérito/processo), se faz necessário uma
interação operacional entre esses agentes públicos com a finalidade de agilizar
determinados procedimentos e providências, tudo com o objetivo comum de
esclarecer os fatos investigados.
Esta prerrogativa das autoridades e das partes formularem quesitos é con-
finnadano artigo 160 (Osperitos elaborarão o laudo pericial, onde des-
creverão minuciosamente o que examinarem, e responderão aos quesi-
toSformulados), onde expressa a obrigatoriedade ao perito em respondê-los.
Julgamos importante explicitar esses dispositivos, a fim de agilizar - principal-
mente - a investigação policial, complementando informações entre o presiden-
te do inquérito e os peritos.
Devemos analisar o que seria até o ato da diligência, para podermos deli-
mitar até onde o perito poderá atender tal solicitação, sem ferir os dispositivos
do artigo 181. Entendemos que os diretores dos Institutos de Criminalísticas
e de Medicina Legal e respectivos peritos signatários poderão recepcionar tais •
quesitoS ~~7.~t~~~ fechafi.l~l1tºJ;tQJê~:. ~ .4Qr,'1.Üttú () tv1
Saliente-se que os quesitos jamais poderão ser formulados depois de ana({ ('
Usadoo conteúdo do laudo, sob pena de infringir o artigÇL)lU.. É normal haver--- ~_.. -,". ..- ..~--.. ,_ ......•
dúvidas prévias das autoridades e das partes, especialmente do delegado que
está presidindo o inquérito e que, em razão da função, possui outras informa-
ções subjetivas quenecessite confirmar através de quesitos técnicos aos peri-
tos.
12. Assistente Técnico
A Lei na 11.690/2008 introduziu no processo penal o importante disposi-
tivoque autoriza a atuação do assistente técnico na Justiça Criminal. Apesar de
inspirado no processo civil, foram resguardadas algumas peculiaridades bastan-
te significativas.
Na verdade, a Lei veio atender uma demanda que há muito tempo os magis-
trados já tinham entendido como possível no Direito criminal. Antes da edição
dessa Lei, incontáveis foram as situações em que os magistrados; baseados no
princípio constitucional do amplo direito de defesa, deferiam pedidos de partesA autoridade e as partes poderão formular quesitos até o ato da diligência.I
Em caso de lesões corporais, se o primeiro exame pericial tiver sido incompleto, proceder1
se-á a exame complementar por determinação da autoridade policial ou judiciária, de OfiCiO~_f
I
ou a requerimento do Ministério Público, do ofendido ou do acusado, ou de seu defensor:'~_._
91°. No exame complementar, os peritos terão presente o auto de corpo de delito, l
a fim de suprir-lhe a deficiência ou retificá-lo. ~
I
Entendem alguns juristas que esse artigo, após a modificação patrocinada
, pela Lei nO 8.862194, estaria em contradição com a norma geral, em que só o .
magistrado pode determinar a revisão ou realização de nova perícia, confor."
me previsto no artigo 181 do CPP. No entanto, encontramos argumentos ao;'
confrontarmos os termos utilizados no art. 168 ([...] primeiro exame periciar
tiver sido incompleto [...]) com aqueles do art. 181 ([...]inobservância de for:?
malidades, ou no caso de omissões, obscuridades ou contradições[...]), onde
podemos ver que, no primeiro caso, o problema estaria mais afeto ao exame em:
si que, pela sua natureza, necessitaria de complementação posterior, como é
comum nos exames de lesões corporais em que o próprio perito médico-legista
informa em seu laudo a necessidade de complementação do exame depois dç,-~
determinado prazo, a fim de verificar a evolução das lesões sofridas pela vítimi
Já na segunda situação, claramente podemos observar que se trata de possíveis
erros cometidos pelo perito ao realizar o exame e, portanto, se aplicaria até nos~
casos de lesões corporais em que possam ter ocorridos erros na realização do
D exame pericial, onde, então, só o magistrado estaria autorizado pela norma pro-
cessual a determinar a revisão ou nova perícia.
Todavia, durante o exame pericial e até antes da expedição do laudo, o de~;
~ legado, o promotor, o juiz e as partes (estas por meio de petição ao delegado cte;
\~ polícia ou ao juiz, feita pelo advogado), poderão formular quesitos aos peritos;~
. a fim de que eles respondam em seu laudo, conforme previsto no artigo 176: .;
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180 CRlMINAlíSTICA PARA CONCURSO - MBERl ESPIN~LA 6 - DIREITO PROCESSUAl PENAL
181
13. ISOLAMENTO E PRESERVAÇÃO DE LOCAL
Art. 6°. Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
o isolamento e a consequente preservação do local de infração penal signi-
fica a garantia de o perito encontrar a cena do crime preservada, da mesma for-
ma como foi deixada pelo(s) infrator(es) e vítima(s) e, com isso, ter condições
técnicas de analisar todos os vestígios. É também uma garantia para a investiga-
ção como um todo, pois teremos muito mais elementos a analisar e carrear para
o inquérito e, posteriormente, ao processo criminal.
Com a vigência da Lei nO8.862194, a questão do isolamento e preservação
de local de crime mudou de patamar, passando a fazer parte da preocupação
daqueles que são definidos como os responsáveis por essa tarefa, ou seja, a au-
toridade policial.
Com o advento dessa Lei, passamos a ter uma garantia legal para a preser-
vação e o isolamento de locais de infrações penais, obrigando, por intermédio
da autoridade policial, a tomada de iniciativas que resguardem os vestígios con-
forme foram produzidos durante a ocorrência do crime.
No artigo 6°, incisos I e lI, ficou expressamente determinada tal obrigato-
riedade:
dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e
conservação das coisas, até a chegada dos peritos cr~;
apreender os objetos que tiverem relação com o fato, ~nberados pe-
los peritos criminais;
I.
11.
vação) ~s rviu de base ao perito oficial. Mas somente poderá examinar esses
vestígio de ro~titU1QS.deJ::riminalístic 'cinal Le ai, não po-
dendo :re' r para examinar em outros ambientes, pois a guarda desse material
estará sob a responsabilidade do Órgão Pericial. Como vemos, nem mesmo o
magistrado poderá autorizar a retirada do material de dentro dos Institutos,
uma vez que a lei é expressa nesse regramento.
Além disso, também o exame só poderá ser feito pelo assistente sob a su-
pervisão do perito oficial. Num país como o Brasil, em que trabalhamos so-
mente com dez por cento de nossas. necessidades de peritos efetivos (ou seja:
carência de 90%), esta nova tarefa vai acarretar mais diminuição ainda da pouca
mão de obra existente.
Entendemos que a criação da figura do assistente técnico no âmbito da
Justiça Criminal, apesar das dificuldades operacionais junto aos Institutos, veio
trazer duas grandes vantagens: a ampliação das possibilidades do contraditório
processual, e a oportunidade de os peritos oficiais se aperfeiçoarem ainda mais
com os questionamentos feitos pelos assistentes técnicos.
Art. 159. [... ]
[...]
93°. Serão facultadas ao Ministério Público, ao assistente de acusação, ao ofen-
dido, ao querelante e ao acusado a formulação de quesitos e indicação de
assistente técnico.
94°. O assistente técnico atuará a partir de sua admissão pelo juiz e após a conclu-
são dos exames e elaboração do laudo pelos peritos oficiais, sendo as partes
intimadas desta decisão.
para que o assistente técnico atuasse na revisão ou acompanhamento de perícias
criminais.
Vejamos os dispositivos que regulamentam a criação e atuação do assisten_
te técnico.
o parágrafo terceiro cria o assistente técnico, que pode ser indicado por
qualquer das partes, conforme ali discriminado. Já o parágrafo quarto tem des-
taque especial, porque estabelece as regras gerais de sua atuação.
Inicialmente a parte interessada deve solicitar ao juiz a sua admissão, que
deverá se manifestar nesse sentido. Mas essa admissão só deve ser autorizada
depois de concluídos todos os exames e o respectivo Laudo Pericial feito pelos
peritos oficiais. Portanto, é muito claro o momento a partir de quando pode o
assistente técnico atuar, ou seja, depois de terminado o trabalho dos peritos
oficiais.
Esse momento de atuação posterior ao trabalho pericial vem garantir a agi-
lidade e a urgência com que determinados exames periciais na área criminal
devem ser feitos. Muitos exames periciais, especialmente aqueles em locais de
crime, não podem esperar qualquer tipo de protelação, sob pena de se perde-
rem muitos dos elementos materiais da ocorrência criminal. No meio pericial é
bastante conhecida a expressão "o tempo é o maior inimigo do perito", pois a
cada momento que passa são vestígios que podem estar sendo destruídos, mo-
dificados, contaminados ou eliminados.
Então, o trabalho do assistente técnico será o de revisão de exames já rea-
lizados pelos peritos oficiais, a partir do Laudo oficial emitido e de repetição de
exames em vestígios que possam ser preservados. Nisso, também o legislador
regulamentou a forma como o assistente técnico deverá examinar, conforme
estabelece o parágrafo sexto.
96°. Havendo requerimento das partes, o material probatório que serviu de base à
perfcia será disponibilizado no ambiente do órgão oficial, que manterá sempre
sua guarda, e na presença de perito oficial, para exame pelos assistentes,
salvo se for impossivel a sua conservação.
Vejam que o assistente técnico, diante de requerimento da parte interessa-

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