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A conquista do Maranhão e as disputas atlânticas na geopolítica da União Ibérica - Cardoso - Fichamento e resumo

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CARDOSO, A. A conquista do Maranhão e as disputas atlânticas na geopolítica da União 
Ibérica (1596-1626). In: Rev. Bras. Hist. vol.31 no.61 São Paulo, 2011. 
< https://www.passeidireto.com/arquivo/38234292/a-conquista-do-maranhao-----cardoso > 
- Citações 
1) “Este artigo analisa os projetos existentes para a ocupação ou exploração econômica do antigo 
Maranhão, antes de 1626. ” (p. 317) 
2) “Assim, a conquista do Maranhão (1615) será discutida com base em duas questões: 1. A 
disputa por espaços de atuação nesta parte do Atlântico; 2. As grandes mudanças ocorridas no 
universo luso-brasileiro com a União Dinástica (1580-1640). ” (p. 317) 
3) “No início do século XVII, o Maranhão gozava de relativa notoriedade a julgar pela 
documentação diplomática espanhola. [...]. Essas fontes, ao mesmo tempo em que ajudam a 
definir melhor o que era chamado de ‘Maranhão’ antes de possuir formalmente definição de 
‘Estado’, também fornecem dados importantes para uma reflexão sobre o papel reservado ao 
norte da América Portuguesa no contexto da União Ibérica (1580-1640). ” (p. 318) 
4) “De fato, uma análise exaustiva da documentação espanhola aponta para a ideia de que a 
ocupação portuguesa do Maranhão fazia parte da construção de uma rede defensiva contra os 
inimigos de Castela, e agora também de Portugal, cuja abrangência atingiria o extremo 
setentrional do Estado do Brasil, sobretudo, as novas áreas ligadas à Capitania de Pernambuco. 
” (p. 318) 
5) “Assim, nas primeiras duas décadas do século XVII o objetivo central da burocracia hispano-
lusa1 era assegurar a posse das imensas regiões de ultramar, nas quatro partes do mundo 
conhecido, constantemente ameaçadas pelos concorrentes oceânicos: França, Inglaterra, e 
principalmente Holanda. No caso do Estado do Brasil essa política iria traduzir-se na criação 
de novas unidades administrativas que desembocariam na criação do Estado do Maranhão e 
Grão-Pará em 1621. ” (p. 318) 
6) É possível dizer, assim, que o Maranhão era concebido como uma ‘entidade geográfica’, que 
fazia parte do império hispano-luso, mas ainda não havia sido dominado militar e politicamente. 
2(p. 319) 
7) “Nas últimas décadas do século XVI, esse território era quase sempre identificado como zona 
de transição, nem propriamente parte formal do Estado do Brasil, nem ainda Índias de Castela. 
Mesmo sem definição formal, estamos falando de uma área que corresponderia mais ou menos 
aos atuais Estados ‘brasileiros’ de Pará, Amazonas, Acre, Amapá, Tocantins, Piauí, Maranhão 
e Mato Grosso (ao Norte do paralelo 16º). Além disso, em certos períodos do século XVII 
também fazia parte do Maranhão o Ceará, este último considerado a fronteira natural do Estado 
do Brasil. ” (p. 320) 
8) “A fronteira natural entre o Estado do Brasil e o Maranhão seria a serra de Ibiapava, localizada 
no atual Ceará. Entretanto, a fronteira natural entre o Maranhão e as Índias espanholas sempre 
foi motivo de diversas especulações, gerando dúvidas sobre os limites entre os rios Amazonas 
e Marañón. ” (p. 320) 
9) “Existem poucos trabalhos acerca do impacto da União Ibérica sobre a conquista do Maranhão. 
Os textos existentes identificam quase sempre a conquista como uma resposta automática e 
 
1 O objetivo principal da coroa hispano-lusa era dominar o território ultramarino gerando maior segurança contra outras 
potencias que buscavam estabelecer-se na região. Para concretizar esse projeto duas unidades administrativas são 
criadas Estado do Maranhão e Grão-Pará. Devido a criação dessa unidade administrativa houve um grande aumento de 
títulos de nobreza e cargos. 
2 Território que ainda não era oficialmente delimitado, favorecendo conflitos territoriais por limites de terras. 
improvisada à presença de franceses na ilha do Maranhão, a partir de 1612. Porém, uma parte 
da historiografia especializada, já faz algum tempo, tem concordado em que esse período 
significou para o Estado do Brasil aumento do complexo burocrático, reforço da hierarquia 
militar, incremento da construção de fortes. Entretanto, como em muitos temas referentes ao 
extremo norte da América Portuguesa, apesar do esforço atual de jovens pesquisadores de várias 
universidades, este ainda é um campo que reclama mais estudos. ” (p. 321) 
 
A concorrência Atlântica 
 
10) “Esses concorrentes na guerra pelo domínio do comércio atlântico são principalmente 
identificados como: ‘invasores’ (franceses), ‘piratas’ e traficantes (ingleses e irlandeses), 
‘rebeldes’ (holandeses) e, ainda, ‘aventureiros’ (italianos). Para as autoridades hispano-lusas 
todas essas categorias tinham seu nível específico de perigo, de acordo com certas 
circunstâncias internacionais. Assim, se nas últimas décadas do século XVI os informes falam 
bem mais sobre a ameaça inglesa e francesa, a partir, sobretudo, das primeiras duas décadas do 
século XVII, o grande perigo a ser extirpado será a presença holandesa. ” (p. 321) 
Ingleses e Irlandeses 
11) “As informações acerca de projetos ingleses e irlandeses no Maranhão são abundantes, 
embora às vezes não passem de pura especulação. ” (p.322) 
 
12) “À medida que avançamos os primeiros anos do século XVII, cada vez mais as preocupações 
hispano-lusas se concentram nos holandeses. E, no final das contas, existiam muitos motivos 
para tanto, já que à diferença dos ingleses os ‘rebeldes de Holanda’ tinham melhor organização, 
além de maior estrutura bélico – naval e projetos mais específicos a respeito do Atlântico Sul. 
Entretanto, parece claro que o objetivo central de ingleses e irlandeses na região estava mais 
inclinado para a organização de pequenos entrepostos comerciais, com pretensões 
relativamente limitadas. O caso holandês era, em muitos sentidos, diferente. ” (p. 323) 
 
Holandeses e Zelandeses 
13) “Como se sabe, na primeira metade do século XVII começa uma guerra global entre Espanha 
e as Províncias Unidas Holandesas. A conquista do Maranhão coincide exatamente com a 
mudança de cenário dessa guerra, passando dos territórios europeus, sobretudo o Norte da 
Europa, para ações militares mais objetivas em várias partes da América, Ásia e África, 
convertendo-se num conflito de proporções globais. ” (p. 324) 
14) “Esse é o quadro geral a partir do qual começam a circular informações sobre a presença 
holandesa na costa norte do Estado do Brasil. Os primeiros informes verossímeis sobre 
holandeses na Amazônia Brasileira datam da segunda metade do século XVI. É provável que 
naus holandesas e zelandesas estivessem explorando a fronteira entre os rios Orenoco e 
Amazonas, entre 1598 e os primeiros anos do século XVII. Nessa época, as Consultas do 
Conselho de Portugal, como veremos, já admitiam claramente os interesses dos ‘Estados de 
Holanda’ na região do Maranhão, sendo já favoráveis à implantação de providências defensivas. 
” (p. 324) 
15) “Outros informes alertavam o Conselho de Portugal acerca dos perigos de uma completa 
adesão tupinambá à causa holandesa, em função da falta de cuidados dos portugueses. ” (p. 
324) 
16) “Apesar da gravidade dessas notícias teremos de esperar até o final da União Ibérica para ver 
uma tentativa eficaz de invasão holandesa ao Maranhão. ” (p. 325) 
Os Franceses 
17) “Dentre todos os projetos não luso-castelhanos para o Maranhão, a ocupação francesa foi a 
que mais obteve a atenção da burocracia hispano-lusa na primeira década do século XVII. 
Diferentemente de ingleses e holandeses, que nos primeiros anos montam pequenos complexos 
comerciais e feitorias às margens dos rios, os franceses organizaram uma ação que, mesmo com 
limitadas proporções, implicava uma ocupação militar-civil, entre 1612 e 1615. Por conta disso, 
a FrançaEquinocial também foi o projeto que mais se cristalizou na memória historiográfica 
local, muitas vezes exagerando certos aspectos dessa ocupação. Entretanto, muitos outros 
trabalhos, mais recentes, tentam compreender esse projeto com base também em suas falhas, 
mitos e contradições internas, utilizando já a documentação francesa disponível a respeito. ” (p. 
325) 
18) “A referência, já na década de 1620, aos holandeses era mais do que suficiente para chamar a 
atenção de portugueses e espanhóis, funcionando como poderosa força retórica na busca por 
mais investimentos na região. ” (p. 327) 
19) “O medo hispano-luso era compreensível. De fato, as autoridades envolvidas sabiam que 
aqueles que obtivessem o apoio das nações indígenas, no Maranhão e no Grão-Pará, 
conquistariam com facilidade essas terras. ” (p.327)3 
 
Espanhóis e portugueses na conquista do Maranhão. 
 
20) “Em outubro de 1612, o soberano passa instruções para que a conquista seja feita por mar, e 
que seria conveniente irem mais de seiscentos soldados arcabuzeiros, acompanhados de mil 
índios flecheiros de Pernambuco. Também deveriam ir, segundo Felipe III, oficiais mecânicos 
de ‘todos os ofícios’, e até ‘homens nobres’ e de ‘cabedal’ que pudessem fabricar engenhos e 
iniciar comércio nas novas terras. ” (p.328) 
21) “Porém, do ponto de vista geopolítico, a incorporação dessa região ao império ajudaria a 
resolver alguns dos problemas do governo de Felipe III. A ocupação do Maranhão faz parte da 
política de construção de uma linha de defesa no litoral norte do Estado do Brasil. Sobre o tema, 
três questões estão sempre presentes nas fontes disponíveis: 
 
1) A expulsão imediata dos franceses; 
2) As providências para travar o avanço de ingleses e holandeses pelo litoral; 
3) A possibilidade de integração comercial entre o Maranhão e as Índias de Castela, sobretudo 
com o Vice-Reino do Peru. 
Desde o início do projeto, o rei Felipe III tem muito claro que deve ouvir certos conselheiros 
privilegiados, especialistas em Maranhão. ” (p.328)4 
22) “Na prática, a conquista foi não só a resposta a um ‘chamado real’, mas também a 
visualização, por parte desses grupos políticos5, de diversas vantagens na construção de outra 
oligarquia, independente das do Estado do Brasil. ” (p. 329) 
 
3 Medo do inimigo realizar a incorporação das forças indígenas. 
4 O projeto de ocupação do território do Maranhão visava não apenas tomar/ter posse, mas também ocupar/povoar, 
além da visão de que a incorporação deste território traria maior segurança, devido a sua localização (em grande parte) 
estratégica no litoral. O Rei ao tomar suas decisões (proteção militar, definições políticas ou opções econômicas) escutava 
conselheiros que conheciam a região. 
5 Grupos luso-pernambucanos que vão investir na conquista (financiamento privado) buscando novas terras, honras e 
cargos. 
23) “De fato, o ‘chamado real’ para o serviço nas novas terras teve rapidamente resposta. Muitos 
portugueses que já haviam circulado por outras partes do império começam a pedir cargos 
para ir à conquista do Maranhão. ”6 (p. 332) 
 
Considerações finais. 
 
24) “No caso da conquista do Maranhão, estava claro não existir contradição entre os projetos 
imperiais e os interesses particulares de homens que simplesmente buscavam riquezas, novas 
oportunidades, cargos e mercês. Desse modo, se faz necessário fugir à explicação clássica que 
compreende a conquista da ‘Amazônia’ como uma resposta automática à invasão francesa ao 
Norte do Brasil, a partir de 1612. A conquista do Maranhão não foi uma simples operação 
militar para afastar ‘piratas’ da costa norte do Estado do Brasil, foi parte de um projeto hispano-
luso de proteção e integração comercial na fronteira entre a América Portuguesa e as Índias 
castelhanas. A condição de fronteira dessa região é tema constante em todos os informes, 
crônicas e memoriais da época, deixando claro a abrangência do tema. 
Porém, é importante enfatizar que a conquista do Maranhão não foi uma ação isolada, 
desconectada dos grandes temas da época. Como vimos, as informações sobre essa região de 
fronteira já circulavam na época de Carlos V e Felipe II, alimentando especulações sobre a 
necessidade e fidelidade da Linha de Tordesilhas. ” (p. 333) 
 
Resumo breve7 
O artigo tem como objetivo analisar os projetos de ocupações (econômicas) francesas, inglesa e 
holandesa do Maranhão do séc XVI – XVII. Ao mesmo tempo que esses povos tentavam ocupar e 
explorar o território, Portugal e Espanha buscavam formas de também ocupar a região prevenindo-se 
dos invasores. 
Foco da discussão do artigo 
“1. A disputa por espaços de atuação nesta parte do Atlântico; 2. As grandes mudanças ocorridas no 
universo luso-brasileiro com a União Dinástica (1580-1640). ” (Citação 2) 
A necessidade da criação de unidades administrativas, que gerenciassem o território favorece a 
criação do Estado do Maranhão e do Grão-Pará em 1621. Antes de 1621, o Estado do Maranhão não 
era dominado politicamente ou militarmente e por isso chamado até de uma “entidade geográfica”. 
Nas últimas décadas do século XVI esse território era conhecido como “território de transição”, pois 
não pertencia formalmente nem as Índias de Castela e nem ao Estado do Brasil. O autor aponta que 
através das documentações é possível perceber que portugueses e espanhóis sabiam da existência de 
outros projetos com capacidade similar de concorrência que visavam a exploração em seus territórios. 
De acordo com os termos utilizados para identificação dos grupos na documentação o autor evidência 
níveis de periculosidade de tais invasões, além da frequência com que tais grupos são referenciados, 
sendo por exemplo no início do século XVII a Holanda, um perigo a ser extirpado. 
 
6 Homens que participam da conquista do maranhão e da expulsão dos franceses, holandeses (etc), posteriormente 
solicitam cargos de prestigio social pela participação. 
7 Datas importantes para o contexto: Tratado de Tordesilhas: 1494 – Acordo entre Portugal e Espanha divide o território 
americano entre as duas potências.

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