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PRECEDENTES E DEVER DE MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS NO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL Revista de Processo | vol. 241/2015 | p. 413 - 438 | Mar / 2015 DTR\2015\2133 Eduardo Cambi Pós-doutor em Direito pela Università degli Studi di Pavia. Doutor e Mestre em Direito pela UFPR. Professor da UENP e da UNIPAR. Coordenador Estadual do Movimento Paraná Sem Corrupção. Coordenador Estadual da Comissão de Prevenção e Controle Social da Rede de Controle da Gestão Pública do Paraná. Coordenador do Grupo de Trabalho de Combate à Corrupção, Transparência e Controle Social da Comissão de Direitos Fundamentais do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Assessor de Pesquisa e Política Institucional da Secretaria de Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça. Representante da Secretaria de Reforma do Judiciário na Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e à Lavagem de Dinheiro (ENCCLA). Diretor financeiro da Fundação Escola do Ministério Público do Estado do Paraná (FEMPAR). Promotor de Justiça no Estado do Paraná. Assessor da Procuradoria Geral de Justiça do Paraná. Renê Francisco Hellman Mestrando em Ciência Jurídica pela UENP. Coordenador Geral da FATEB. Professor de Direito Processual Civil. Advogado. Área do Direito: Processual Resumo: Este trabalho tem a finalidade de analisar como se estruturou, no novo Código de Processo Civil, o sistema de precedentes, a partir do estudo de seus princípios informadores e de suas determinações legais, que representam consideráveis inovações no direito pátrio. Como complemento necessário, foi analisado o novo regramento voltado à construção da decisão judicial e a importância atribuída à garantia constitucional do contraditório pelo legislador. Ao fim, chega-se à inevitável conclusão de que o sistema de precedentes construído pela novel legislação somente logrará êxito no seu intento racionalizador se o processo decisório imposto no mesmo diploma legal for efetivado sem ressalvas e com atenção especial ao contraditório. Palavras-chave: Precedentes - Motivação - Novo Código de Processo Civil. Abstract: This work aims to analyze how the precedent system is structured in the New Civil Procedure Code, based on the study of its principles and rules, which represent considerable innovation in Brazilian Law. As a necessary complement, in a second moment, the study will analyze the new rules about judicial decision construction and the new approach of the contradictory principle brought by the legislator. Finally, the study reaches the conclusion that the precedent system built by the new rules will only succeed in its rationalizing purpose if the deciding process brought by the same rules be fulfilled with no restriction and special attention to the contradictory principle. Keywords: Precedents - Motivation - New Civil Procedure Code. Sumário: - 1.Introdução - 2.Plano conceitual: compreensão dos institutos - 3.O regramento dos precedentes no novo Código de Processo Civil - 4.O dever de motivação no novo Código de Processo Civil - 5.Conclusão - 6.Referências bibliográficas Recebido em: 11.08.2014 Aprovado em: 03.11.2014 1. Introdução Para aprimorar o sistema processual brasileiro, inibir decisões arbitrárias e assegurar maior efetividade à garantia constitucional do contraditório, o Novo Código de Processo Civil (NCPC) introduziu a vinculação aos precedentes. Afora as discussões quanto as influências do common law ou, mais drasticamente, da Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 1 commonlização do direito brasileiro, o fato é que o projeto de novo Código de Processo Civil encampou os ideais de racionalização decisória como meios eficazes de combate à excessiva litigância que se observa no país e à crise de legitimidade democrática das decisões judiciais. Profundas mudanças legais foram trazidas no que toca à construção da decisão judicial, com exigências específicas, de maneira que se possa efetivar o dever constitucional de motivação das decisões emanadas do Poder Judiciário (art. 93, IX, da CF/1988). Para estabelecer as distinções necessárias, será feito, em um primeiro momento, o exame dos conceitos de decisão judicial, jurisprudência, súmula e precedentes. Na sequência, será realizada análise sobre o regramento dos precedentes no novo Código de Processo Civil, com o detalhamento conferido pelo projeto aos preceitos necessários para o funcionamento do sistema judicial. Por último, o texto recairá sobre o dever de motivação no ordenamento jurídico brasileiro, a partir da imposição principiológica constitucional e o tratamento conferido ao tema no novo Código de Processo Civil. 2. Plano conceitual: compreensão dos institutos A evolução histórica, a necessidade de democratização do acesso à justiça, o excesso de litigiosidade, a globalização, o surgimento de novos direitos, a falência de determinados institutos jurídicos e o nascimento de outros são motivos para repensar a forma como a tutela jurisdicional vem sendo prestada no Brasil. Em relatório apresentado pelo CNJ, a partir do Programa Justiça em Números, verifica-se que, no ano de 2012, tramitavam no país cerca de 92,2 milhões de ações judiciais. Havia, nesta época, uma taxa de congestionamento de 70%.1 Em 2013, tramitaram cerca de 95,14 milhões de ações, sendo que a taxa de congestionamento atingiu o patamar de 71%.2 Apesar desta taxa de congestionamento, o relatório datado de 2013 demonstra ter havido, de 2011 para 2012, crescimento da produtividade, na ordem de 1,4%. Cada magistrado brasileiro, em média, julgou 1.450 processos em 2012.3 Estimando-se que se tenha cerca de 180 dias úteis no ano (excluindo-se fins de semana, 60 dias de férias e recessos), cada juiz julgou, destarte, pela média, oito processos por dia. No relatório publicado em 2014, que diz respeito aos dados de 2013, a produtividade dos magistrados apresentou queda de 1,7% com relação ao ano anterior, apesar de ter havido incremento do número de magistrados no país (1,8%), o que importou no aumento dos gastos do Judiciário em 1,5%.4 Os números trazidos pelo CNJ revelam a sobrecarga de trabalho e devem justificar a construção de alternativas para a maior racionalização da prestação jurisdicional. A questão que se coloca é: como julgar com a qualidade que se espera do Judiciário um volume tão considerável de processos? E mais: de que forma aumentar a produtividade judicial para diminuir o percentual de congestionamento do Judiciário sem que isso implique a diminuição da qualidade das decisões? Ao se buscar maior racionalidade na prestação judicial, os precedentes têm sido apontados como um meio hábil a conferir integridade ao sistema processual e promover mais igualdade e segurança jurídica.5 Não há como negar que um sistema de precedentes corretamente estruturado pode ser um dos meios eficazes da racionalização pretendida e tem a perspectiva de, no futuro, mostrar-se como um dos fatores de diminuição deste excesso de litigiosidade que se observa no país. Esta potencialidade do sistema de precedentes é verificável a partir da projeção que se faz de um sistema decisório íntegro, em que se possa ter maior previsibilidade nas decisões para desestimular a propositura de ações infundadas e incentivar a insegurança jurídica. Tal solução pode evitar o fenômeno da jurisprudência lotérica, isto é, diante da falta de observância dos precedentes, em que cada julgador decide apenas conforme a sua consciência,6 o que impõe à parte vencida o ônus de recorrer, postergando a solução definitiva da causa. Com efeito, a dispersão da jurisprudência compromete a credibilidade e desacredita o Poder Judiciário, bem como decepciona o jurisdicionado.7 Porém, apesar das projeções e das propostas serem otimistas, há de se tomar cuidado com os institutos processuais para se evitar confusões entre os conceitos de decisão judicial, precedente, Precedentes e deverde motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 2 súmula e jurisprudência. Não é toda decisão judicial que contém as características necessárias para que seja considerada um precedente; para tanto, é necessário examinar o chamado valor transcendental8 do julgado. O conceito de precedente não se confunde com o de jurisprudência nem, tampouco, ao de súmula, vinculante ou persuasiva. Ainda, o precedente não se confunde com o denominado leading case, isto é, o caso em que pela primeira vez houve o pronunciamento judicial a respeito do tema ou em que se deu a superação, também pela vez primeira, de entendimento judicial anteriormente firmado. Ora, se o caso líder não tiver elementos suficientes para que se possa identificar a sua transcendentalidade, não pode ser considerado um precedente. O que torna a decisão judicial um precedente é o enfrentamento de todos os principais argumentos relacionados à questão de direito presentes no caso concreto, independentemente de ter analisado pela primeira vez o tema discutido.9 Os conceitos de precedente e jurisprudência não se confundem. Há uma distinção quantitativa, pois o precedente diz respeito, em regra, a uma determinada decisão ou a um conjunto específico de julgados, ao passo que o termo jurisprudência deve corresponder a uma pluralidade de decisões em variados casos concretos. Por isso, pode-se identificar qual (quais) decisão (decisões) formou (formaram) o precedente, enquanto a jurisprudência está atrelada a uma quantidade imprecisa, podendo existir considerável número de decisões em um determinado sentido, o que pode aumentar a dificuldade de se identificar qual tenha sido o julgado condutor do entendimento firmado.10 Todavia, buscar saber os julgados que originaram o entendimento jurisprudencial não é tão relevante quanto entender quais julgamentos formaram o precedente, pois a jurisprudência tem eficácia apenas persuasiva enquanto os precedentes vinculam os órgãos judiciais. Sob o aspecto qualitativo, a formação do precedente é feita pelo julgador do caso posterior, uma vez que é ele quem irá dizer, a partir da comparação entre as situações fáticas do caso anterior e do caso a ser julgado, se a ratio decidendi daquele é possível de ser aplicada a este como base suficiente para a solução que se espera. Isso indica que o precedente fornece uma regra universalizável, ou seja, que possa ser extraída daquela decisão que serviu para a resolução de um caso específico e utilizada em outros que tenham semelhanças suficientes.11 Entretanto, a interpretação do precedente – tal como ocorre com a exegese das leis – pode ser tarefa complexa, especialmente nos hard cases. Para evitar a presunção do que seja ratio decidendi e obter dicta, é recomendável que a própria fundamentação da decisão possa explicitar a essência do julgado, capaz de ser generalizado para os demais casos (força obrigatória panprocessual).12 Saber se o caso é igual ou não, ou aplicar os mesmos critérios do precedente, é tarefa posterior, mas que pode ser facilitada quando a motivação da decisão que forma o precedente auxilia a atuação do intérprete. Ainda, os precedentes não se confundem com as súmulas. Essas dizem respeito diretamente ao conceito de jurisprudência e não ao de precedentes. É certo que o enunciado da súmula pode nascer a partir de um precedente, mas ela não poderá ser considerada o precedente. As súmulas se caracterizam pela concentração em breves textos (enunciados) que têm normalmente um conteúdo mais específico do que o texto da norma da qual constituem uma interpretação.13 Na aplicação da súmula, é dispensada a análise dos fatos, pois ela está baseada não na analogia com os fatos, mas na subsunção da fattispecie sucessiva em uma regra geral.14 Logo, a súmula é texto que se diferencia do precedente, porque elaborada para a solução de todos os casos futuros,15 enquanto que o precedente é identificado no futuro e serve para auxiliar na solução daquele caso concreto que levou o julgador a encontrá-lo, consideradas as peculiaridades fáticas e jurídicas para a universalização do precedente. Ademais, da mesma forma como ocorre com a jurisprudência, de regra, as súmulas também têm eficácia meramente persuasiva (não vinculante), havendo, pois, apenas a recomendação de sua observância.16 Feitas essas diferenciações, é necessário centrar a análise sobre o conceito de precedente judicial e Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 3 a forma como novo Código de Processo Civil trata da matéria. 3. O regramento dos precedentes no novo Código de Processo Civil O tema dos precedentes foi inserido no processo legislativo, a partir do Substitutivo da Câmara dos Deputados 8.046/2010, uma vez que, no PLS 166/2010, não houve nenhuma previsão sobre os precedentes judiciais. Na proposta original, apresentada no Senado Federal, a preocupação centrou-se na regulamentação do dever dos tribunais de uniformizarem a jurisprudência, prezando pela sua estabilidade, mas sem expressa adoção de um sistema de precedentes. A tramitação do projeto novamente pelo Senado alterou a localização dos dispositivos relativos aos precedentes. Antes da aprovação pelo Senado, as disposições estavam centradas no regramento do processo de conhecimento, com indicação específica “Do precedente judicial”, no Capítulo XV, do Título II, do Livro I, na Parte Especial. A versão final da lei, entretanto, excluiu o referido capítulo, deslocando os dispositivos, agora sem a expressa menção ao título de precedente judicial, para o Capítulo I, do Título I, do Livro III, que trata dos processos nos tribunais e do sistema recursal. O art. 924 inicia impondo aos tribunais o dever de uniformização da sua jurisprudência, de modo a mantê-la estável, íntegra e coerente. Nos parágrafos do dispositivo, há regramento a respeito dos enunciados de súmulas, sendo que o § 2.º faz diferenciação conceitual dos institutos do precedente e da súmula, ao vedar a edição de enunciado de súmula que não se atenha às circunstâncias fáticas dos precedentes que motivaram sua criação. Esta tomada de posição do legislador é essencial para que não haja, no momento da interpretação ou da aplicação do texto legal, confusão sobre o significado e o alcance de cada um dos institutos. Apesar de sofrer influências do common law, o fato de o Brasil passar a preocupar-se com a estruturação de um sistema de precedentes, não significa que deixará de enquadrar-se no sistema do civil law, notadamente porque o legislador, ao instituir esse novo sistema por meio da lei, indica que o primeiro norte principiológico a ser observado é o da legalidade. Embora a produção judiciária deva ser considerada uma fonte de direito, a menção ao princípio da legalidade, na formação do precedente, é imprescindível para a preservação da democracia. A legalidade aqui é considerada em sentido amplo, não querendo significar um retorno ao normativismo positivista, mas uma garantia para a sociedade. O julgador, no momento da construção da norma para o caso concreto, deve atentar para a previsão legal, em atenção ao disposto no art. 5.º, II, da CF/1988, pelo qual “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. Na seara processual, o princípio da legalidade está reforçado na garantia constitucional do devido processo legal (art. 5.º, LIV, da CF/1988). Desta forma, incumbe ao julgador, no momento da aplicação do sistema de precedentes, atentar para os dispositivos legais aplicáveis à espécie, de modo que a decisão judicial construída, seja a partir do precedente, seja para o precedente, não contenha transgressão à lei em sentido amplo (ordenamento jurídico). O Estado Democrático de Direito deve estar calcado na estabilidade e na continuidade da ordem jurídica. A previsibilidade das consequências jurídicas de determinada conduta são manifestaçõesprimárias da segurança jurídica, segundo princípio a que fez referência o legislador na instituição do sistema de precedentes no novo Código de Processo Civil. A variação injustificada quanto à interpretação judicial de um texto legal contraria o princípio da segurança jurídica e causa mais instabilidade nas relações sociais.17 A segurança jurídica é um instrumento de realização dos valores da liberdade, da igualdade e da dignidade:18 (i) da liberdade, pois quanto maior é o acesso material e intelectual do cidadão às normas que deve obedecer, maior serão as condições para que possa conceber o seu presente e planejar o seu futuro; (ii) de igualdade, pois quanto mais gerais e abstratas forem as normas, e mais uniformemente forem aplicadas, tanto maior será o tratamento isonômico entre os cidadãos; (iii) de dignidade, porque quanto mais acessíveis e estáveis forem as normas, bem como mais justificadamente forem aplicadas, melhor será o tratamento do cidadão como ser capaz de autodefinir-se autonomamente. Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 4 A insegurança jurídica gerada pela instabilidade nas decisões judiciais é um estímulo às aventuras processuais e até mesmo ao abuso do direito processual, além de significar um fator que inibe à observância do cumprimento espontâneo das obrigações no plano do direito material. Para se assegurar segurança jurídica, quando da aplicação dos precedentes judiciais, devem-se considerar as noções tanto de previsibilidade quanto de estabilidade. Por previsibilidade, deve-se entender a necessidade de se poder prever a consequência de uma determinada conduta, bem como a confiança atribuída ao poder estatal, que tem a função de estabelecer a qualificação jurídica sobre os fatos discutidos em juízo.19 Tudo isso para proteger a confiança, conforme está previsto no art. 925, § 4.º, do NCPC. Por sua vez, a estabilidade dá dimensão objetiva à segurança jurídica para se assegurar um mínimo de continuidade ao Estado Democrático de Direito, isto é, garantir a potencialidade e a eficácia da ordem jurídica aos cidadãos.20 Por outro lado, a noção de estabilidade pode conflitar com a de independência do julgador, prerrogativa em nome da qual, ocasionalmente, são justificadas decisões que divirjam da orientação dos tribunais superiores. No entanto, as convicções pessoais do magistrado não devem suplantar as imposições de uma integridade decisória.21 Aliás, a inexistência de um método rígido que assegure a “correção” da decisão, não permite que o intérprete escolha o sentido que mais lhe convier, pois isso daria margem à discricionariedade judicial e o ao decisionismo (isto é, a redução do direito a um fenômeno de autoridade).22 A exigência de estabilidade decorre do fato de que a decisão judicial é um ato de poder e, como tal, gera responsabilidade àquele que a proferiu, do que decorre a impossibilidade de que as decisões já proferidas sejam livremente desconsideradas.23 É possível que se preserve o entendimento pessoal do julgador a respeito dos temas a ele submetidos para apreciação, inclusive, possibilitando que se manifeste contrariamente à orientação dos tribunais, na decisão, sem que isso venha a significar contradição decisória.24 Há de se destacar, ainda, que, dada a possibilidade de o julgador ressalvar seu entendimento pessoal na decisão e curvar-se à orientação dos tribunais, pode contribuir para a reconstrução do precedente, pois tal conduta pode indicar a necessidade de superação e sinalizar aos tribunais eventual revisão do entendimento. Outro princípio que deve informar o sistema de precedentes firmado no novo Código de Processo Civil é a duração razoável do processo. A Constituição Federal no art. 5.º, LXXVIII, prevê a garantia fundamental da duração razoável do processo, assegurando meios para a sua celeridade. Baseado nesta cláusula constitucional, o novo Código de Processo Civil reproduziu tal garantia no art. 4.º, prevendo a solução integral do mérito e a satisfação da pretensão, ou seja, a fim de que o direito fundamental à solução em tempo razoável seja efetivado. Logo, não basta que o processo tramite com celeridade e nem mesmo que a decisão de mérito seja proferida, mas é essencial que, ao fim e ao cabo, dentro do prazo razoável, o direito material seja tutelado. Com efeito, os precedentes ganham relevância no sentido de poderem significar um freio para a propositura de ações ou a proposição de recursos infundados ou abusivos, o que evita a judicialização de demandas ou a duração não razoável dos processos. Porém, a menor quantidade de ações ajuizadas, para assegurar o cumprimento do art. 5.º, LXXVIII, da CF/1988, deve vir acompanhada da maior eficiência da atividade jurisdicional, com o julgamento de um número mais significativo de casos em menor tempo,25 o que pode ser conseguido se prevalecer a eficácia vinculante dos precedentes judiciais. Por fim, tem-se o princípio da isonomia como norte necessário ao sistema de precedentes. A vida em uma sociedade democrática exige a participação em formas de atividades conjuntas, o que impede que cada pessoa se guie pelo seu próprio código de valores.26 Para ser possível controlar publicamente os juízos de valor de uma pessoa, tal controle deve satisfazer os critérios da racionalidade, isto é, os juízos de valor têm de estar apoiados em uma justificação que seja o mais racional possível.27 A independência judicial não serve para permitir atos de rebeldia do juiz contra o sistema de construção decisória de que faz parte.28 O julgador deve observar o comando legal e também os precedentes, pois a interpretação que os tribunais conferem à lei é que servirá de parâmetro para as Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 5 condutas dos jurisdicionados.29 A igualdade impõe ao legislador a elaboração de textos legais que não estabeleçam distinções sem justificativas. Da mesma forma, a imposição recai sobre o julgador, de modo que ele não profira decisões que possam estabelecer discrímens que não estejam fundados na própria ideia de promoção da igualdade. A isonomia perante as decisões judiciais é direito fundamental do jurisdicionado, não se podendo conceber um sistema de precedentes sem que o Judiciário fique vinculado a assegurar o mesmo entendimento jurídico a todos os cidadãos. Assim, pela eficácia vinculante ínsita aos precedentes, os órgãos judiciais devem segui-los ainda que deles discordem, para que prevaleça a maior eficiência do sistema jurídico,30 salvo se assumir o dever de argumentar adequadamente que o precedente não se aplica ao caso em julgamento (distinguishing) ou já se encontre superado (overruling). O princípio da igualdade processual compreende a garantia de integridade decisória. Não se admitem tratamentos divergentes para casos idênticos ou semelhantes, porque, sendo a decisão judicial contextualizada em um sistema jurídico, não pode ser reduzida a uma mera prestação atribuída a um juiz. A integridade decorre da própria democracia e exige que os juízes construam seus argumentos de forma integrada ao conjunto do direito, o que faz respeitar a comunidade de princípios e, destarte, evitar atitudes voluntaristas.31 O respeito pleno à integridade é uma forma de virtude política e exige que as normas públicas da comunidade expressem um sistema único e coerente de justiça, bem como um tratamento equânime (fairness).32 Observar o princípio da igualdade significa que os precedentes devem ser aplicados, ainda que o juiz discorde deles, uma vez que o magistrado deve se inserir no sistema, não podendo fazer prevalecer, sem justos e rígidos critérios, o seu entendimento pessoal.33 A razão fundamental para seguir um precedente decorre do princípio da universalidade, ou seja, a exigência, imposta pela justiça como qualidade formal, de se tratar casos iguais de modo semelhante. 34 Na estrutura da argumentação jurídica, o precedente é sempre uma decisão relativa a um caso particular, não podendo produzir efeitos nos casos sucessivos, salvo quando dele possa resultar interpretação que pode ser estendida (universalizada) a outras situações concretas.35 Os princípios aqui analisados são normas de caráter fundamental para o ordenamento processual, que não podem ser desprezadas pelos órgãos julgadores, apesar de sua generalidade, nem servir para dar margem à discricionariedade a atuação judicial.36 Estabelecida a base normativa do sistema de precedentes no novo Código de Processo Civil, é preciso analisar o art. 925, para saber como restou estruturada a hierarquia dos precedentes e estabelecido o papel dos tribunais superiores nessa organização. O art. 925, I, do NCPC indica a necessidade de observância, por todos os juízes e tribunais, dos precedentes do STF no controle concentrado de constitucionalidade. Importante que se destaque aqui que o legislador impôs a obrigação de que sejam seguidos tais precedentes e decisões sem distinguir entre juízes e tribunais. Ao fazer referência genérica aos “tribunais”, pode-se concluir que essa imposição abarca inclusive o próprio STF, que também está vinculado aos precedentes. No inc. III, há a imposição do respeito aos precedentes formados nos julgamentos de incidentes de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas, bem como nos julgamentos dos recursos extraordinário e especial, de modo que os tribunais superiores sejam entendidos como cortes de vértice. Nos incs. II e IV, o legislador faz referência às súmulas, vinculantes e persuasivas, respectivamente, indicando neste último as do STJ, a fim de que sejam observadas em matéria infraconstitucional. Uma vez feita a distinção entre os conceitos de precedente e de súmula, é evidente que não se poderá confundi-los, entretanto, na aplicação do enunciado sumular, não cabe mais que o julgador o leia desacompanhado dos precedentes que contribuíram para a sua construção. Se o enunciado de súmula não será mais um grau zero de sentido e se um sistema correto de fortalecimento do direito jurisprudencial exige justamente mais prudência na aplicação dos comandos sumulares, é evidente que, ao aplicá-los, o julgador deverá interpretá-los à luz dos precedentes sobre os quais foram os enunciados lapidados. Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 6 Por fim, no inc. V, há a previsão de que os juízes e tribunais estarão vinculados às orientações do órgão especial ou do plenário do tribunal a que estejam vinculados. Luiz Guilherme Marinoni37 e Daniel Mitidiero38 já delinearam a questão do entendimento sobre a posição de vértice dos tribunais superiores brasileiros. O primeiro autor na abordagem aprofundada com relação ao STJ e o segundo em uma proposta, ainda mais abrangente, em que inclui também o STF. Os doutrinadores propõem a compreensão do STF e do STJ, nos limites da competência de cada um, como Cortes supremas, de vértice, acima das quais não há tribunal possível de rever suas decisões.39 Disso decorre a necessidade de que tanto os tribunais superiores quanto os demais juízes e tribunais sigam os precedentes firmados, posto que é a partir deles que essas Cortes supremas decidem o sentido da Constituição e da legislação federal infraconstitucional, respectivamente.40 A versão final do novo Código de Processo Civil, lamentavelmente, abandonou o regramento específico que estava previsto no Substitutivo aprovado na Câmara dos Deputados. Após estabelecer a hierarquia dos precedentes e firmar o STF e o STJ como cortes de vértice, o projeto passava a tratar a respeito do que denominava de fundamentos determinantes que tenham sido utilizados pela maioria dos julgadores que compõem o colegiado responsável pela decisão que gerou o precedente (art. 521, § 3.º, do Substitutivo). Na sequência, no § 4.º, deste art. 521, dispunha sobre os fundamentos que não terão efeito vinculante sobre os tribunais e juízes, que são os “prescindíveis para o alcance do resultado fixado em seu dispositivo, ainda que presentes no acórdão” e os “não adotados ou referendados pela maioria dos membros do órgão julgador, ainda que relevantes e contidos no acórdão”. Essas regras dos §§ 3.º e 4.º do art. 521 do Substitutivo diziam respeito aos conceitos de ratio decidendi e obter dictum. A opção de denominar a ratio decidendi de fundamentos determinantes não tornaria tal conceito menos complexo. Porém, o estabelecimento do critério quantitativo, seja no § 3.º, seja no inc. II do § 4.º, facilitaria a extração dos fundamentos determinantes da decisão que se fosse tomar como paradigma, pois ele proibiria que fosse considerado como ratio decidendi um fundamento relevante, mas que não tivesse sido utilizado pela maioria dos julgadores no colegiado. O III Fórum Permanente dos Processualistas Civis editou o Enunciado 173, para destacar o entendimento de que a qualidade de “determinante” do fundamento adotado na decisão paradigmática deve passar pelo filtro da capacidade de resolver de forma suficiente a questão jurídica.41 Vale dizer, se o fundamento solucionar a questão controvertida na ação anterior e o fizer de forma completa, poderá ser invocado, posteriormente, como determinante no auxílio para a solução de um novo caso. Já o inc. I, do § 4.º, do art. 521, do Substitutivo dispunha a respeito dos fundamentos ditos de passagem (obter dictum), que são aqueles não têm o condão de interferir diretamente no dispositivo da decisão proferida e, por isso, não podem ser arguidos como fundamentos determinantes nos casos que futuramente apresentem correspondência fática. Há de se alertar para aqueles casos em que o tribunal, na análise de uma situação fática, tenha chegado a um consenso a respeito da solução (dispositivo), mas tenha surgido uma divergência quanto aos fundamentos da decisão. Nesta hipótese, não se pode cogitar da existência de um precedente acerca dos fundamentos jurídicos, ainda que os fatos e as conclusões aplicadas sejam comuns ao precedente adotado.42 Com o objetivo de impedir que o sistema de precedentes significasse o engessamento das decisões judiciais e transformasse o juiz em um mero repetidor do entendimento dos tribunais sem análise fática detalhada, o art. 521, § 5.º, do Substitutivo previa a possibilidade de que se fizesse a distinção entre o caso concreto a ser julgado e aquele tido inicialmente como paradigma. Assim, o sistema de precedentes não implicaria na diminuição da independência do Judiciário, porque os precedentes são por ele produzidos e permitem a realização do distinguishing. Com efeito, o juiz estaria (e está, acreditamos) autorizado a afastar o efeito vinculante do precedente, desde que demonstrasse, de forma fundamentada, que a situação fática em análise é distinta daquela sobre a qual foi construído o paradigma, ou que a questão jurídica de agora não foi examinada na decisão de onde partiu o precedente. O juiz, assim, exerce fundamentalmente a sua liberdade de julgar, podendo diferenciar o caso Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 7 presente em relação ao passado43 apenas com a exigência acentuada da fundamentação. A possibilidade de operar a distinção e a imposição de fundamentação suficiente na decisão, confere ao sistema de precedentes caráter democrático, uma vez que impõe ao julgador que conheça o histórico de decisões e participe como agente ativo da construção do ordenamento jurídico, desde que justifique a sua tomada de posição quando o precedente não se enquadrar na aplicação do novo caso. O caráter democrático encerra-se, ademais, no fato de que qualquer órgão jurisdicional que queira afastar o efeito vinculante do precedente deverá promover o exercício fundamental (aqui nos sentidos de substantivo e de verbo: como basedo sistema decisório e como ação de construção de argumentos) de distinção, pouco importando a origem do precedente, se de um órgão jurisdicional superior, de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior.44 Então, apesar de a versão final do novo Código de Processo Civil não prever os dispositivos específicos a respeito dos institutos próprios do sistema de precedentes, não se pode imaginar que eles não possam ser aplicados, até mesmo porque se há essa busca pelo fortalecimento do direito jurisprudencial, há que se admitir meios de conferir ao julgador que possa, se entender que o caso concreto sob análise não se enquadra na orientação dominante, julgar de forma diversa, operando a distinção. A possibilidade de revogação do precedente também é prevista no art. 925, §§ 2.º, 3.º e 4.º, do NCPC. Isso revela a preocupação do novo Código de Processo Civil em conferir dinamicidade ao sistema de precedentes, de modo que ele não signifique o engessamento do processo decisório. Então, além de outros órgãos jurisdicionais poderem deixar de seguir o precedente a partir da técnica da distinção, é possível que haja também a sua revisão/superação pelo próprio órgão que o formou ou por outro, com competência subsidiária, a partir das técnicas do overruling (quando o precedente é substituído por outro) e do overriding (quando se dá a reforma parcial do precedente). Acrescenta-se, inclusive para viabilizar a segurança jurídica, que, ainda que seja necessária a revogação do precedente, o disposto no art. 925, § 3.º, do NCPC prevê a possibilidade de modulação dos efeitos da revisão, seja para limitar a sua retroatividade, seja para atribuir-lhe efeitos prospectivos. Este dispositivo preserva situações jurídicas formadas durante a vigência do entendimento superado e atende ao comando da proteção da confiança, além de oportunizar a evolução do ordenamento jurídico sem que isso implique tratamento diferenciado para casos semelhantes ocorridos na mesma dimensão temporal. As regras contidas nos arts. 924 e 925 do NCPC existem para aprimorar a qualidade da motivação das decisões judiciais, seja daquelas que têm o condão de se estabelecer como precedentes, seja das que forem basear-se em precedentes para serem construídas. Portanto, é importante compreender como o novo Código de Processo Civil disciplinou o dever de motivação das decisões judiciais. 4. O dever de motivação no novo Código de Processo Civil Um dos grandes avanços da nova legislação processual civil está no tratamento atribuído pelo novo Código de Processo Civil à concretização da garantia fundamental do contraditório. A Constituição estrutura o processo e como a regulação do processo deve estar voltada à Constituição, o legislador (infraconstitucional) não pode mais se restringir à funcionalidade técnica do procedimento, mas deve ir além, uma vez que a Constituição também tem uma dimensão axiológica a ser construída, que requer a concretização por intermédio de um processo justo.45 O processo, para ser justo, na perspectiva constitucional, deve compreender a dinâmica garantia dos meios e dos resultados, isto é, não apenas a suficiência quantitativa dos meios processuais, mas também um resultado modal (ou qualitativo) constante. No Capítulo I, do Livro I, do novo Código de Processo Civil, o legislador procurou efetivar a garantia constitucional do contraditório por três vezes: (i) no art. 7.º trata da paridade de armas das partes e do dever de o juiz de velar pelo contraditório; (ii) no art. 9.º traz o comando para que o juiz oportunize a manifestação da parte antes de proferir decisão; (iii) no art. 10 especifica a regra do artigo antecedente para dizer que, em nenhum grau de jurisdição, deverá haver decisão baseada em fundamento sobre o qual não tenha sido oportunizado a parte falar, mesmo quando se estiver Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 8 tratando de matéria apreciável de ofício. O tratamento dado ao contraditório já nas primeiras linhas do novo Código de Processo Civil tem efeito direto na motivação da decisão judicial, porque se enfatiza o caráter dialógico do processo e a compreensão de que a decisão deve decorrer do diálogo entre todos os sujeitos processuais. A propósito, o diálogo representa uma forma superior de convivência.46 A civilização é uma tentativa de reduzir a força a ultima ratio. A palavra “civilização” é composta por “civis” que significa “cidadão”; em outras palavras, a civilização é um modo de fazer possível a cidade, a comunidade e a convivência. A garantia do contraditório é um instrumento da civilização, porque supõe o desejo progressivo de cada pessoa contar com as demais. A civilização é, sobretudo, a vontade de convivência e, por isso, se contrapõe à barbárie, que é a tendência à dissociação. O respeito ao contraditório deve existir, pois a democracia é a forma política que simboliza a mais alta vontade de convivência. Quando do tratamento específico dos requisitos da sentença, o art. 486, § 1.º, do NCPC afirma que não será considerada fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (i) se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; (ii) empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; (iii) invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; (iv) não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; (v) se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; (vi) deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. Já o art. 925, § 1.º, do NCPC, ao disciplinar a jurisprudência e os precedentes, volta à questão da fundamentação para impor a necessidade de as decisões serem motivadas adequada e especificamente. A exigência de motivação assegura o caráter democrático da atividade jurisdicional. Os cidadãos podem escolher os seus representantes nos Poderes Legislativo e Executivo, não lhes sendo atribuída, no Brasil, a possibilidade de eleger os membros do Poder Judiciário. Isto se justifica para que os juízes tenham assegurada independência, ao se manterem distanciados das influências políticas que poderiam comprometer a sua imparcialidade. O Judiciário deve ser considerado um poder democrático, porque as suas atividades são públicas e suas decisões podem ser controladas pelas partes, desde que devidamente fundamentadas. É pela exposição e publicação da motivação das decisões que o Judiciário se legitima socialmente. A motivação das decisões judiciais cumpre várias funções essenciais:47 (i) permite aferir a imparcialidade do juiz; (ii) possibilita verificar a juridicidade e a legitimidade dos julgamentos; (iii) assegura às partes meios concretos para constatar que seus argumentos foram analisados pelo órgão judicial; (iv) evita o arbítrio judicial; (v) delimita o âmbito do decisium; (v) torna possível que as partes inconformadas apresentem razões recursais, impugnando os fundamentos da decisão. É por isso que o art. 93, IX, da CF/1988 impõe o dever de fundamentação das decisões judiciais (que, por outro lado, é um direito fundamental dos cidadãos) e o não cumprimento deste dispositivo constitucional gera a nulidade dos julgamentos. Com efeito, a motivação se destina tanto ao processo quanto à sociedade. Sendo a decisão proferida em um processo, vincula as partes envolvidas, razão pela qual é necessário que o juiz apresente, fundamentadamente, o raciocínio a partir do qual chegou a solução da causa. Isso possibilita a compreensão do convencimentodo órgão julgador e permite à parte vencida recorrer ou cumprir imediatamente a decisão. Além disso, por ser o Judiciário um poder estatal que deve justificar suas posições, a fundamentação servirá para que apresente à sociedade as razões que ensejam à interpretação e à aplicação das normas jurídicas. O regramento estabelecido pelo novo Código de Processo Civil também está em sintonia com as necessidades da prática judiciária. A crise decisória, decorrente do excesso de litigiosidade, da falta de estrutura em vários níveis do Judiciário e da ausência de fundamentação adequada faz com que Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 9 o legislador aumente o rigor no cumprimento do art. 93, IX, da CF/1988, tanto para evitar decisões arbitrárias ou insuficientemente motivadas, quanto para ampliar a legitimação social da jurisdição.48 O arbítrio do julgador deve ser contido, de modo que a decisão não se baseie na intime conviction do magistrado e, sim, que seja construída sobre argumentos racionais, que terão o condão de justificar racionalmente o julgamento, a ponto de desincumbir-se de fazê-lo perante as partes e a opinião pública.49 Os argumentos falam por si e, se de conteúdo racional e se logicamente apresentados, podem justificar suficientemente a posição adotada pelo Judiciário, além de possibilitar o seu controle pelos cidadãos. Nesse sentido, o novo Código de Processo Civil traz avanços significativos ao impor, para que uma decisão seja considerada fundamentada, a existência de explicação clara sobre a correlação entre a norma com os fatos relevantes para o julgamento da causa. O novo Código de Processo Civil salienta que não se considera fundamentada a decisão judicial que apenas se limita a indicar, reproduzir ou parafrasear ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida (art. 486, § 1.º, I). Tal postura demonstra a superação do brocardo in claris cessat interpretatio.50 Aliás, a literalidade do texto legal é contrastada pela filosofia da linguagem, que reconhece a qualidade polissêmica das palavras. A literalidade do texto não está à disposição do intérprete; ao contrário, é mais uma questão de inserção do intérprete no mundo do que uma característica dos textos jurídicos.51 Com efeito, para que o jurisdicionado não fique sujeito à vontade do julgador, é imprescindível que o magistrado explicite o raciocínio que fez para formar a sua convicção. O segundo ponto enfrentando pelo novo Código de Processo Civil diz respeito aos conceitos jurídicos indeterminados a serem invocados na decisão judicial (art. 486, § 1.º, II). Eros Grau alerta tratar-se a indeterminação de uma característica dos termos, já que os conceitos sempre terão significados.52 Com relação a eles, o julgador é obrigado a explicar o motivo concreto da sua incidência no caso concreto, exercitando o seu juízo de legalidade, o que retira a possibilidade de discricionariedade, admitida apenas no âmbito de um juízo de oportunidade, que não é outorgado ao julgador e, sim, ao administrador público.53 A discricionariedade judicial deve ser combatida, a começar pela crítica a proliferação de conceitos jurídicos indeterminados nos textos legais. Ainda que a lei não possa disciplinar sobre tudo de forma detalhada, é incumbência do órgão julgador, no momento da interpretação e da aplicação da norma, atribuir qual é o sentido dos conceitos indeterminados na solução do caso concreto. Para que a decisão judicial não seja arbitrária, deve o magistrado explicar a relação entre o conceito indeterminado, contido de forma geral e abstrata no texto normativo, e os fatos controvertidos, relevantes e pertinentes para o julgamento da causa. De igual modo, deve agir em relação às cláusulas gerais (v.g., como a “função social da propriedade” – arts. 5.º, XXIII, da CF/1988 e 1.228, § 1.º, do CC/2002; a “função social do contrato” – art. 421 do CC/2002; a “boa-fé objetiva” – art. 422 do CC/2002), cujas funções são a integração hermenêutica, ser fonte criativa de direitos e deveres jurídicos e limitar o exercício de direitos subjetivos. Tal como os princípios jurídicos e os conceitos jurídicos indeterminados, as cláusulas gerais devem servir como “poros” para oxigenar o sistema jurídico, sendo responsáveis pela evolução do direito no sentido de adequarem-se às necessidades sociais.54 Nessas hipóteses, há inegável margem de liberdade para a criação judicial do direito, mas, para evitar discricionariedades, cabe ao órgão judicial elucidar quais as situações fáticas e jurídicas estão abrangidas pela norma. Ao se valer de princípios, conceitos vagos e indeterminados, e cláusulas gerais o Judiciário deve respeitar a integridade e à coerência do direito, que englobam princípios construídos pela teoria constitucional, tais como o da unidade da Constituição, o da concordância prática entre as normas (ou da harmonização) e o da eficácia integradora (ou do efeito integrador), além dos princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.55 Tanto a integridade quanto a coerência do direito dependem da observância do dever constitucional de fundamentação das decisões judicias. Nesse sentido, é a determinação do art. 486, § 1.º, III, do NCPC, que impõe ao juiz a proibição de invocar motivos genéricos, os quais poderiam justificar qualquer outra decisão (v.g., “confirma-se a decisão pelos seus próprios fundamentos”, “prova robusta”, “palavra da vítima” etc.), e que, ao serem usados, afastam a análise do caso concreto pelo julgador. Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 10 Com isso, pretende-se evitar as decisões standards, que não guardam nenhuma relação com o caso concreto. Esse tipo de julgamento é fator de deslegitimação do Poder Judiciário e, caso fosse tolerado, representaria a possibilidade de universalização de argumentos sem o devido cotejo com situações fáticas específicas, o que dá margem ao arbítrio judicial. O art. 486, § 1.º, IV, NCPC trata da decisão que não enfrenta todos os argumentos debatidos pelas partes no processo. Faz-se aqui mais uma alusão à garantia constitucional do contraditório, devendo o julgador colocar-se como parte do diálogo processual, com o dever legal de responder aos argumentos discutidos pelos litigantes. No entanto, apesar do avanço que isso significou, o dispositivo não adotou, expressamente, o princípio da completude da motivação,56 ainda permanecendo certo grau de discricionariedade ao julgador, uma vez que o dever recai apenas sobre os argumentos capazes infirmar, em tese, a conclusão do julgador.57 Assim, ao permitir que o julgador eleja os argumentos que possam ter o condão de infirmar as suas conclusões dá ensejo à seleção apenas dos argumentos suficientes para corroborar a convicção do magistrado e, assim, desconsiderar outros raciocínios desenvolvidos pelas partes. Nesta hipótese, os prejudicados deverão opor embargos de declaração, para forçar o órgão julgador a enfrentar os argumentos deduzidos pelos litigantes. O convencimento judicial não é livre. Não implica valorações de cunho eminentemente subjetivas, isentas de critérios e controles. Não pode o magistrado desconsiderar o diálogo processual, devendo buscar pautas ou diretrizes de caráter objetivo para se ter uma valoração lógica e racional (modelos de constatação ou standards judiciais).58 O órgão julgador, tampouco, pode deixar de enfrentar todos os pontos ou questões, objeto de argumentação das partes, que, se considerados, poderiam alterar a decisão proferida. Interpretação diversa ensejaria violação à garantia fundamental do devido processo legal. A regra processual do livre convencimento do juiz deve ser interpretada à luz da Constituição Federal, estando sujeita ao dever de motivação das decisões judiciais (art. 93, IX, da CF/1988), sob pena de o raciocínio judicial ser considerado incompleto, insuficienteou mesmo arbitrário, e, portanto, inválido (nulo), por não assegurar o Estado Democrático de Direito. Aliás, não se pode cogitar que, em um Estado Democrático de Direito, o Judiciário possa decidir como bem quiser (conforme apenas a consciência do julgador), sem a necessidade de rigorosa fundamentação. Embora a legislação não estabeleça gradações legais sobre o peso deste ou daquele argumento, isso não significa que o juiz é livre para decidir como bem entender, desprezando os argumentos relevantes trazidos pelas partes. O controle do convencimento, quanto à questão fática, se dá pela indicação dos fatos que o órgão judicial considerou provados, das provas que admitiu e afirmou serem relevantes para o julgamento da causa, bem como da elucidação das razões para rechaçar as demais provas cuja veracidade é duvidosa.59 Como não existe um critério a priori para dizer quais provas são melhores que outras, cabe às partes persuadir o julgador de que suas provas são melhores que as trazidas pelos seus adversários e, aos órgãos judiciais, explicitar quais os fatos e as provas tiveram importância para a decisão, além de dizer as razões pelas quais as outras provas produzidas não serviram para a formação do convencimento. Definido o quadro fático, deve também o juiz discutir se os efeitos jurídicos pretendidos, por cada uma das partes, estão corretos ou não, conforme as fontes de direito interpretadas e aplicadas pelo magistrado ao decidir a causa. Assim, há necessidade de apreciação de todos os pontos levantados pelas partes. Tal necessidade decorre não só do dever constitucional de motivação das decisões judiciais, mas, como já salientado, da garantia fundamental do contraditório, a fim de se evitarem decisões surpresas.60 Por essa visão, o processo civil deve proporcionar todas as chances para que as partes dialoguem, produzam provas e tragam os argumentos necessários para convencer o órgão julgador de que têm razão. O magistrado não pode prescindir de todas as contribuições relevantes das partes e de seus procuradores para a construção dos precedentes judiciais. A argumentação jurídica deve ser pautada pelo princípio da boa-fé processual. Oportunizar às partes todas as chances de persuadir o julgador não significa admitir o abuso do direito processual nem, Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 11 tampouco, relevar a litigância de má-fé. O processo civil, como meio civilizado de resolução de controvérsias, para ser rápido e efetivo, gera deveres tanto para as partes como para o julgador. Tal visão da garantia constitucional do contraditório foi assimilada pelo art. 10 do NCPC, ao asseverar que, em qualquer grau de jurisdição, o órgão jurisdicional não pode decidir com base em fundamento a respeito do qual não tenha oportunizado manifestação das partes, ainda que se trate de matéria apreciável de ofício. Com efeito, se, de um lado, o juiz tem o dever de examinar todos os argumentos relevantes deduzidos pelas partes, de outro lado, os litigantes devem agir de boa-fé, sob pena de comprometerem o diálogo processual, com meios e argumentos protelatórios, indevidos ou abusivos. É da essência dos direitos fundamentais a sua harmonização e, portanto, a sua limitação, que decorre da necessidade de convivência de direitos fundamentais de diferentes naturezas e que, no caso concreto, podem apresentar pontos de conflito. Nesse sentido, as garantias processuais também são passíveis de limitação pelo Estado-juiz, que pode exigir dos jurisdicionados o dever de utilização ética dos instrumentos processuais e a colaboração para a justa composição do litígio.61 O livre convencimento do juiz existe tanto para resguardar a independência judicial quanto para assegurar aos jurisdicionados e à sociedade, em sentido amplo, que a prestação jurisdicional promova a justiça da decisão. Logo, o livre convencimento não está voltado apenas para resolver problemas de consciência do julgador que, como parte de um sistema de distribuição de justiça, deve analisar todos os argumentos relevantes trazidos pelas partes, mas também vincular-se aos precedentes judiciais. Ao fundamentar adequadamente a decisão, o juiz revela às partes todos os motivos pelos quais conduziu o seu raciocínio, permitindo que elas conheçam as razões pelas quais os seus argumentos foram ou deixaram de ser acatados pelo julgador. Ao tomarem conhecimento dos motivos que ensejaram o não acolhimento, total ou parcial, de seus argumentos, isso possibilita aos litigantes insatisfeitos recorrer, levando às instâncias superiores as razões de seu inconformismo. Quando o magistrado ignora argumentos que são relevantes para as partes, deixa os litigantes sem entender os motivos do julgamento e retira a possibilidade deles serem convencidos do acerto da decisão, o que impede que a jurisdição concretize o seu mais importante escopo que é promover a pacificação social. Vale destacar que o escopo da paz social não passa pelo consenso em torno das decisões estatais, mas pelo que Cândido Rangel Dinamarco denomina de imunização contra os ataques dos contrariados,62 de modo que os jurisdicionados satisfaçam-se com a resposta dada, após o exaurimento de todas as instâncias, mesmo quando a decisão seja contrária aos seus interesses. E isso somente é possível na medida em que cada litigante, tendo oportunidade de participar da preparação da decisão e de influir no seu teor, pelo exercício pleno do contraditório e pela observância do procedimento adequado, possa confiar na idoneidade do sistema processual.63 No art. 486, § 1.º, V, do NCPC, considera-se não fundamentada a decisão que invoque precedente ou enunciado de súmula sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos. Tal dispositivo visa combater a prática das pseudofundamentações, isto é, das decisões que, a pretexto de analisarem as razões que ensejaram a formação ou a aplicação dos precedentes, limitam-se a mencionar apenas ementas de julgados ou de enunciados de súmulas, sem fazer a correlação necessária e adequada entre o caso paradigma e as peculiaridades do caso concreto sob julgamento. Os precedentes, como salientado no item anterior, exsurgem dos fundamentos determinantes de uma decisão paradigmática. O ponto culminante da vinculação dos precedentes está na motivação das decisões. Não há lógica nem racionalidade no sistema de precedentes se a sua aplicação for realizada sem o rigoroso comparativo entre as situações fáticas e as questões jurídicas que ensejaram a formação do precedente e as que são objeto de novo julgamento. Ademais, deve ser considerada carente de fundamentação a decisão que deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente que tenha sido invocado pela parte sem a realização da devida distinção (art. 486, § 1.º, VI, do NCPC). Ou seja, mais uma vez o novo Código de Processo Civil impõe ao julgador o dever de fazer a análise aprofundada dos casos, a comparação das suas Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 12 características, de modo a justificar a razão de divergir, garantindo a independência e promovendo a efetivação da garantia constitucional do contraditório. Da mesma maneira, por força do art. 486, § 2.º, do NCPC, ao deparar-se com um conflito de normas, o julgador deverá justificar o objeto e os critérios de ponderação usados e expor, de forma clara e objetiva, as razões pelas quais afastou a incidência de uma norma (princípio ou regra) em favor de outra. Aqui, mais uma vez, percebe-se o caráter democrático que se deseja conferir à decisão judicial. Se a lei é produto do trabalho do Legislativo e o Judiciário entende que ela, eventualmente, conflita com outra lei ou com a Constituição, é seu dever procurar a solução mais adequada64 e, para promover maior segurança jurídica,evidenciar aos cidadãos e aos demais Poderes Públicos como as normas devem ser interpretadas e aplicadas. 5. Conclusão O novo Código de Processo Civil está preocupado com a racionalização da prestação jurisdicional, apostando na criação de um sistema de precedentes, aliado à estabilização da jurisprudência e do respeito estrito ao dever constitucional de motivação das decisões judiciais. O novo Código de Processo Civil procura romper com as práticas de decisão conforme a consciência e com a falta de integridade no processo decisório do Judiciário brasileiro, para impedir a proliferação de demandas, a insegurança jurídica, a desigualdade social e o cometimento reiterado de arbitrariedades, a partir de julgamentos subjetivistas e com considerável déficit democrático. No novo Código de Processo Civil, o dever de motivação conta com um regramento específico, com comandos diretos e com o suporte do sistema de precedentes, elaborado de acordo com as peculiaridades do ordenamento jurídico pátrio. A aprovação da nova legislação processual representa uma virada paradigmática em prol do aperfeiçoamento da integridade decisória, que exigirá, para além da compreensão dos comandos legais, a disposição de enfrentar práticas jurisdicionais marcadas por pseudofundamentações, as quais revelam o arbítrio estatal e negam a dimensão civilizatória do processo civil. 6. 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Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2013. p. 58. 16. Ao tratar do tema o STJ, asseverou: “Respeitadas as ressalvas legais, mesmo reiterada e diuturna, a jurisprudência não tem força de vincular os pronunciamentos jurisdicionais. Não se justifica, no entanto, que os órgãos julgadores se mantenham renitentes a jurisprudência sumulada, cujo escopo, dentro do sistema jurídico, é alcançar exegese que dê certeza aos jurisdicionados em temas polêmicos, uma vez que ninguém fica seguro do seu direito ante jurisprudência incerta” (REsp 14945/MG, 4.ª. T., j. 17.03.1992, rel. Min. Sálvio de Figueiredo Teixeira, DJ 13.04.1992, p. 5002). 17. MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios. 3. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Ed. RT, 2013, p. 118-119. 18. ÁVILA, Humberto. Segurança jurídica. Entre permanência, mudança e realização no Direito Tributário. 2. ed. rev. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros, 2012, p. 674-675. 19. Idem, p. 121. 20. Idem, p. 127. 21. DWORKIN, Ronald. O império do direito. 2. ed. Trad. Jefferson Luiz Camargo. São Paulo: Martins Fontes, 2007. p. 133. 22. STRECK, Lenio. Jurisdição constitucional e decisão jurídica. 3. ed. São Paulo: Ed. RT, 2013. p. 334. 23. MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes obrigatórios… cit., p. 128. 24. Enunciado 172 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. Cf. DIDIER JR., Fredie; BUENO, Cassio Scarpinella; CRAMER, Ronaldo. III Encontro do Fórum Permanente de Processualistas Civis. RePro 233/312. São Paulo: Ed. RT, jul.2014. 25. CHIARLONI, Sergio. Funzione nomofilattica e valore del precedente. In: ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa (coord.). Direito jurisprudencial. São Paulo: Ed. RT, 2012. p. 228. 26. ARNIO, Aulis. Lo racional como razonable. Un tratado sobre la justificación jurídica. Trad. Ernesto Garzón Valdés. Madri: Centro de Estudios Constitucionales, 1991. p. 268. 27. Idem, ibidem. 28. CAMBI, Eduardo; HELLMAN, Renê Francisco. Op. cit., p. 349 e ss. 29. ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa. Estabilidade e adaptabilidade como objetivos do direito: civil law e common law. RePro 172/121. São Paulo: Ed. RT, jun. 2009. 30. “Il precedente viene seguito non perchè il giudice susseguennte è convento dela sua correttezza (cosa irrelevante), ma perchè è convinto che seguirlo sia un bene per l’ordinamento.” (CHIARLONI, Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 16 Sergio. Op. cit., p. 240). 31. STRECK, Lenio. Jurisdição constitucional… cit., p. 336-337. 32. Idem, p. 337. 33. MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes… cit., p. 142. 34. ALEXY, Robert. Teoria da argumentação jurídica. Trad. Zilda Hutchinson Schild Silva. São Paulo: Landy, 2001. p. 259. 35. TARUFFO, Michele. Precedente e giurisprudenza. Rivista trimestrale di diritto e procedura civile. ano 61. vol. 3. p. 710, set. 2011. 36. Tanto as regras quanto os princípios são normas gerais e abstratas. A diferença está no grau de generalidade e abstração entre as regras e os princípios. Cf. NEVES, Marcelo. Entre Hidra e Hércules. Princípios e regras constitucionais. São Paulo: Martins Fontes, 2013. p. 22. 37. MARINONI, Luiz Guilherme. O STJ enquanto Corte de precedentes – Recompreensão do sistema processual da Corte Suprema. São Paulo: Ed. RT, 2013. 38. MITIDIERO, Daniel. Cortes superiores e Cortes supremas – Do controle à interpretação da jurisprudência e do precedente. São Paulo: Ed. RT, 2013. 39. KERN, Christoph A. The role of the Supreme Court. RePro 228/15-36. São Paulo: Ed. RT, fev. 2014. 40. MITIDIERO, Daniel. Op. cit., p. 79. 41. Enunciado 173 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. Cf. DIDIER JR., Fredie; BUENO, Cassio Scarpinella; CRAMER, Ronaldo. Op. cit., p. 312. 42. BUSTAMANTE, Thomas da Rosa de. Teoria do precedente judicial – A justificação e a aplicação de regras jurisprudenciais. São Paulo: Noeses, 2012. p. 272. 43. OLIVEIRA, Pedro Miranda; ANDERLE, Rene José. O sistema de precedentes no CPC projetado: engessamento do direito? RePro 232/319. São Paulo: Ed. RT, jun. 2014. 44. Enunciado 174 do Fórum Permanente de Processualistas Civis. Cf. DIDIER JR., Fredie; BUENO, Cassio Scarpinella; CRAMER, Ronaldo. Op. cit., p. 312. 45. CAMBI, Eduardo. Processo constitucional e democracia. In: CLÈVE, Clèmerson Merlin (coord.). Direito constitucional brasileiro. Organização do Estado e dos Poderes. São Paulo: Ed. RT, 2014. p. 577-578. 46. ORTEGA Y GASSET, José. A rebelião das massas. Trad. Herrera Filho. Ed. Ridendo Castigat Mores, p. 137-140. 47. ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa. Nulidades do processo e da decisão. 6. ed. São Paulo: Ed. RT, 2007. p. 313. 48. CAMBI, Eduardo. Jurisdição no processo civil. Compreensão crítica. Curitiba: Juruá, 2002. p. 119-134; CAMBI, Eduardo. Neoconstitucionalismo e neoprocessualismo. Direitos fundamentais, políticas públicas e protagonismo judiciário. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 319-346. 49. CAMBI, Eduardo. Neoconstitucionalismo… cit., p. 319. 50. Como já lembrava Mário Guimarães: “Nunca, por mínimo esforço, se poupem os magistrados ao trabalho de investigar o conteúdo do texto, ainda que o seu sentido desponte claro e se tenha a jurisprudência definido, repetidamente, nesta ou naquela direção. A lei – lemos algures este Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 17 pensamento – é, por vezes, como as águas paradas de um lago que ocultem, no fundo, cipós e ninhos de serpentes. Na sua tranquilidade pode enganar, com precipícios ocultos, os intérpretes descuidosos. A regra in claris interpretatio cessat, que dominou em tempos idos, é hoje obsoleta”. (O juiz e a função jurisdicional. Rio de Janeiro: Forense, 1958. p. 326). 51. STRECK, Lenio Luiz. Verdade e consenso. Constituição, hermenêutica e teorias discursivas. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 35. 52. GRAU, Eros Roberto. O direito posto e o direito pressuposto. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2000. p. 196. 53. Idem, p. 213-214. 54. ARRUDA ALVIM WAMBIER, Teresa. Recurso especial, recurso extraordinário e ação rescisória. 2. ed. São Paulo: Ed. RT, 2008. p. 174. 55. STRECK, Lenio. Jurisdição constitucional… cit., p. 335-336. 56. Pelo princípio da completude da motivação, deve o juiz justificar, racionalmente, todo o seu convencimento, seja quando interpreta as leis seja quando valora as provas. Tal princípio possui duas implicações. A motivação completa exige a justificação interna (vale dizer, a correta subsunção entre o fato e a norma; ou melhor, a correspondência lógica entre as premissas de direito e a de fato), bem como a justificaçãoexterna (isto é, o juiz deve fornecer argumentos racionais a respeito de como valorou as provas ou como usou de inferências lógicas para chegar às conclusões concernentes à causa). Assim, deve, por exemplo, explicar porque determinada testemunha é passível de credibilidade (v.g., se a testemunha é direta ou indireta, também denominada de ouvir dizer; se revela, em seu depoimento, interesse direto ou indireto na solução da causa etc.) ou dizer por que determinado indício gerou a conclusão por ele extraída. Cf. TARUFFO, Michele. La motivazione della sentenza. In: MARINONI, Luiz Guilherme (coord.). Estudos de direito processual civil. Homenagem ao Professor Egas Dirceu Moniz de Aragão. São Paulo: Ed. RT, 2005. p. 171-174. 57. Neste sentido, é a orientação do STJ, quanto ao alcance dos embargos de declaração (art. 535 do CPC): “Não configura a ofensa ao art. 535 do CPC, uma vez que o Tribunal de origem julgou integralmente a lide e solucionou a controvérsia, tal como lhe foi apresentada. Não é o órgão julgador obrigado a rebater, um a um, todos os argumentos trazidos pelas partes em defesa da tese que apresentaram. Deve apenas enfrentar a demanda, observando as questões relevantes e imprescindíveis à sua resolução” (AgRg no Ag no REsp 432.237/GO, 2.ª T., j. 08.04.2014, rel. Min. Herman Benjamin, DJe 18.06.2014). De igual modo, tem sido interpretado o art. 93, IX, da CF/1988, pelo STF: (i) “Fundamentação do acórdão recorrido. Existência. Não há falar em ofensa ao art. 93, IX, da CF/1988, quando o acórdão impugnado tenha dado razões suficientes, embora contrárias à tese da recorrente” (AgRg no AgIn 426.981, 1.ª T., j. 05.10.2004, rel. Min. Cezar Peluso, DJ 05.11.2004.) No mesmo sentido: AgRg no RE 432.884, 2.ª T., j. 26.06.2012, rel. Min. Joaquim Barbosa, DJE 13.08.2012; AgRg no AgIn 611.406, 1.ª T., j. 11.11.2008, rel. Min. Ayres Britto, DJE 20.02. 009; (ii) “A CF não exige que o acórdão se pronuncie sobre todas as alegações deduzidas pelas partes” (HC 83.073, 2.ª T., j. 17.06.2003, rel. Min. Nelson Jobim, DJ 20.02.2004.) No mesmo sentido: HC 82.476, 2.ª T., j. 03.06.2003, rel. Min. Carlos Velloso, DJ 29.08.2003, AgRg no RE 285.052, 2.ª T., j. 11.06.2002, rel. Min. Carlos Velloso, DJ 28.06.2002; (iii) “Quanto à fundamentação, atenta-se contra o art. 93, IX, da CF, quando o decisum não é fundamentado; tal não sucede, se a fundamentação, existente, for mais ou menos completa. Mesmo se deficiente, não há ver, desde logo, ofensa direta ao art. 93, IX, da Lei Maior” (AgRg no AgIn 351.384, 2.ª T, j. 26.02.2002, rel. Min. Néri da Silveira, DJ 22.03.2002). 58. CAMBI, Eduardo. Curso de direito probatório. Curitiba: Juruá, 2014. p. 337. 59. WRÓBLEWSKI, Jerzy. Sentido y hecho en derecho. Trad. Francisco Javier Ezquiaga Ganuzas e Juan Igartua Salaverría. Cidade do México: Fontamara, 2008. p. 254. 60. COMOGLIO, Luigi Paolo Comoglio; FERRI, Corrado; TARUFFO, Michele. Lezioni sul processo civile. Bolonha: II Mulino, 1995. p. 70-71; CAMBI, Eduardo. Direito constitucional à prova no processo civil. São Paulo: Ed. RT, 1999. p. 137; MALLET, Estêvão. Notas sobre o problema da chamada Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 18 “decisão-surpresa”. RePro 233/43. São Paulo: Ed. RT, jul. 2014. 61. CABRAL, Antonio do Passo. O contraditório como dever e a boa– fé processual objetiva. RePro 126/63. São Paulo: Ed. RT, ago. 2005. 62. DINAMARCO, Candido Rangel. A instrumentalidade do processo. 11. ed. rev. e atual. São Paulo: Malheiros, 2003. p. 195. 63. Idem, p. 196. 64. Lenio Streck sintetiza seis hipóteses pelas quais o juiz pode deixar de aplicar uma lei: (i) Quando a lei for inconstitucional, caso em que deixará de aplicá-la (controle difuso) ou a declarará inconstitucional mediante controle concentrado; (ii) Quando for o caso de aplicação dos critérios de resolução de antinomias (v.g., lei posterior revoga a anterior, a superior a inferior e a especial a geral); (iii) Quando aplicar interpretação conforme a Constituição, ocasião em que se torna necessária uma adição de sentido ao artigo de lei para que haja plena conformidade da norma à Constituição; (iv) Quando aplicar a nulidade parcial sem redução de texto, pela qual permanece a literalidade do dispositivo, sendo alterada apenas a sua incidência, ou seja, ocorre a expressa exclusão, por inconstitucionalidade, de determinada hipótese de aplicação do programa normativo sem que se produza alteração expressa do texto legal; (v) Quando for o caso de declaração de inconstitucionalidade com redução de texto, ocasião em que a exclusão de uma palavra conduz à manutenção da constitucionalidade do dispositivo; (vi) Quando for o caso de deixar de aplicar uma regra em face de um princípio. Cf. Jurisdição constitucional… cit., p. 336-337. Precedentes e dever de motivação das decisões judiciais no novo Código de Processo Civil Página 19
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