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Ementa e Acórdão
06/09/2011 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 107.801 SÃO PAULO
REDATOR DO 
ACÓRDÃO
: MIN. LUIZ FUX
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
PACTE.(S) :LUCAS DE ALMEIDA MENOSSI 
IMPTE.(S) : JOSÉ HUMBERTO SCRIGNOLLI E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
EMENTA: PENAL. HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. 
PRONÚNCIA POR HOMICÍDIO QUALIFICADO A TÍTULO DE 
DOLO EVENTUAL. DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO 
CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. 
EMBRIAGUEZ ALCOÓLICA. ACTIO LIBERA IN CAUSA. 
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DO ELEMENTO VOLITIVO. 
REVALORAÇÃO DOS FATOS QUE NÃO SE CONFUNDE COM 
REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. ORDEM 
CONCEDIDA.
1. A classificação do delito como doloso, implicando pena 
sobremodo onerosa e influindo na liberdade de ir e vir, mercê de alterar o 
procedimento da persecução penal em lesão à cláusula do due process of 
law, é reformável pela via do habeas corpus.
2. O homicídio na forma culposa na direção de veículo automotor 
(art. 302, caput, do CTB) prevalece se a capitulação atribuída ao fato como 
homicídio doloso decorre de mera presunção ante a embriaguez alcoólica 
eventual.
3. A embriaguez alcoólica que conduz à responsabilização a título 
doloso é apenas a preordenada, comprovando-se que o agente se 
embebedou para praticar o ilícito ou assumir o risco de produzi-lo. 
4. In casu, do exame da descrição dos fatos empregada nas razões de 
decidir da sentença e do acórdão do TJ/SP, não restou demonstrado que o 
paciente tenha ingerido bebidas alcoólicas no afã de produzir o resultado 
morte.
5. A doutrina clássica revela a virtude da sua justeza ao asseverar 
Supremo Tribunal Federal
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/ sob o número 1453424.
Supremo Tribunal Federal
DJe 13/10/2011
Supremo Tribunal Federal
Inteiro Teor do Acórdão - Página 1 de 32
Ementa e Acórdão
HC 107.801 / SP 
que “O anteprojeto Hungria e os modelos em que se inspirava resolviam muito 
melhor o assunto. O art. 31 e §§ 1º e 2º estabeleciam: 'A embriaguez pelo álcool 
ou substância de efeitos análogos, ainda quando completa, não exclui a 
responsabilidade, salvo quando fortuita ou involuntária. § 1º. Se a embriaguez foi 
intencionalmente procurada para a prática do crime, o agente é punível a título 
de dolo; § 2º. Se, embora não preordenada, a embriaguez é voluntária e completa 
e o agente previu e podia prever que, em tal estado, poderia vir a cometer crime, a 
pena é aplicável a título de culpa, se a este título é punível o fato”. (Guilherme 
Souza Nucci, Código Penal Comentado, 5. ed. rev. atual. e ampl. - São 
Paulo: RT, 2005, p. 243)
6. A revaloração jurídica dos fatos postos nas instâncias inferiores 
não se confunde com o revolvimento do conjunto fático-probatório. 
Precedentes: HC 96.820/SP, rel. Min. Luiz Fux, j. 28/6/2011; RE 99.590, Rel. 
Min. Alfredo Buzaid, DJ de 6/4/1984; RE 122.011, relator o Ministro 
Moreira Alves, DJ de 17/8/1990.
7. A Lei nº 11.275/06 não se aplica ao caso em exame, porquanto não 
se revela lex mitior, mas, ao revés, previu causa de aumento de pena para 
o crime sub judice e em tese praticado, configurado como homicídio 
culposo na direção de veículo automotor (art. 302, caput, do CTB).
8. Concessão da ordem para desclassificar a conduta imputada ao 
paciente para homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 
302, caput, do CTB), determinando a remessa dos autos à Vara Criminal 
da Comarca de Guariba/SP.
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da 
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do 
Senhora Ministra Cármen Lúcia, na conformidade da ata de julgamento e 
das notas taquigráficas, por maioria de votos, em conceder a ordem de 
habeas corpus. 
Brasília, 6 de setembro de 2011. 
LUIZ FUX – Redator para o acórdão
Documento assinado digitalmente
2 
Supremo Tribunal Federal
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001, que institui a Infraestrutura de Chaves Públicas Brasileira - ICP-Brasil. O
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Supremo Tribunal Federal
HC 107.801 / SP 
que “O anteprojeto Hungria e os modelos em que se inspirava resolviam muito 
melhor o assunto. O art. 31 e §§ 1º e 2º estabeleciam: 'A embriaguez pelo álcool 
ou substância de efeitos análogos, ainda quando completa, não exclui a 
responsabilidade, salvo quando fortuita ou involuntária. § 1º. Se a embriaguez foi 
intencionalmente procurada para a prática do crime, o agente é punível a título 
de dolo; § 2º. Se, embora não preordenada, a embriaguez é voluntária e completa 
e o agente previu e podia prever que, em tal estado, poderia vir a cometer crime, a 
pena é aplicável a título de culpa, se a este título é punível o fato”. (Guilherme 
Souza Nucci, Código Penal Comentado, 5. ed. rev. atual. e ampl. - São 
Paulo: RT, 2005, p. 243)
6. A revaloração jurídica dos fatos postos nas instâncias inferiores 
não se confunde com o revolvimento do conjunto fático-probatório. 
Precedentes: HC 96.820/SP, rel. Min. Luiz Fux, j. 28/6/2011; RE 99.590, Rel. 
Min. Alfredo Buzaid, DJ de 6/4/1984; RE 122.011, relator o Ministro 
Moreira Alves, DJ de 17/8/1990.
7. A Lei nº 11.275/06 não se aplica ao caso em exame, porquanto não 
se revela lex mitior, mas, ao revés, previu causa de aumento de pena para 
o crime sub judice e em tese praticado, configurado como homicídio 
culposo na direção de veículo automotor (art. 302, caput, do CTB).
8. Concessão da ordem para desclassificar a conduta imputada ao 
paciente para homicídio culposo na direção de veículo automotor (art. 
302, caput, do CTB), determinando a remessa dos autos à Vara Criminal 
da Comarca de Guariba/SP.
A C Ó R D Ã O
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros da 
Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, sob a Presidência do 
Senhora Ministra Cármen Lúcia, na conformidade da ata de julgamento e 
das notas taquigráficas, por maioria de votos, em conceder a ordem de 
habeas corpus. 
Brasília, 6 de setembro de 2011. 
LUIZ FUX – Redator para o acórdão
Documento assinado digitalmente
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 2 de 32
Relatório
31/05/2011 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 107.801 SÃO PAULO
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
PACTE.(S) :LUCAS DE ALMEIDA MENOSSI 
IMPTE.(S) : JOSÉ HUMBERTO SCRIGNOLLI E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
R E L A T Ó R I O
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA): 
1. Habeas corpus, com pedido de medida liminar, impetrado por JOSÉ 
HUMBERTO SCRIGNOLLI e JOÃO BATISTA LEANDRO SAVÉRIO 
SCRIGNOLLI, advogados, em favor de LUCAS DE ALMEIDA MENOSSI, 
contra acórdão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que, em 
4.2.2010, denegou a ordem nos autos do Habeas Corpus n. 94.916, Relator o 
Ministro Jorge Mussi.
2. Tem-se pelos documentos que acompanham a peça inicial da 
presente ação que, em 29.6.2004, o juízo da Vara Única da Comarca de 
Guariba/SP pronunciou o Paciente pela suposta pratica do crime de 
homicídio qualificado (art. 121, §2º, inc. IV, c/c art. 18, inc. II, 2ª parte,do 
Código Penal).
3. Contra essa decisão foi interposto recurso em sentido estrito no 
Tribunal de Justiça de São Paulo. Em 24.10.2006, a 8ª Câmara Criminal 
desse Tribunal deu provimento parcial ao recurso, apenas para corrigir a 
tipificação do delito, alterando-o para o art. 121, §2º, inc. IV, c/c o art. 18, 
inc. I, 2ª parte, do Código Penal.
4. A defesa impetrou, então, no Superior Tribunal de Justiça o Habeas 
Corpus n. 94.916, Relator o Ministro Jorge Mussi. Em 17.11.2009, a Quinta 
Turma denegou a ordem, nos termos seguintes:
Supremo Tribunal Federal
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31/05/2011 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 107.801 SÃO PAULO
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
PACTE.(S) :LUCAS DE ALMEIDA MENOSSI 
IMPTE.(S) : JOSÉ HUMBERTO SCRIGNOLLI E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) :SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA 
R E L A T Ó R I O
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA (RELATORA): 
1. Habeas corpus, com pedido de medida liminar, impetrado por JOSÉ 
HUMBERTO SCRIGNOLLI e JOÃO BATISTA LEANDRO SAVÉRIO 
SCRIGNOLLI, advogados, em favor de LUCAS DE ALMEIDA MENOSSI, 
contra acórdão da Quinta Turma do Superior Tribunal de Justiça, que, em 
4.2.2010, denegou a ordem nos autos do Habeas Corpus n. 94.916, Relator o 
Ministro Jorge Mussi.
2. Tem-se pelos documentos que acompanham a peça inicial da 
presente ação que, em 29.6.2004, o juízo da Vara Única da Comarca de 
Guariba/SP pronunciou o Paciente pela suposta pratica do crime de 
homicídio qualificado (art. 121, §2º, inc. IV, c/c art. 18, inc. II, 2ª parte, do 
Código Penal).
3. Contra essa decisão foi interposto recurso em sentido estrito no 
Tribunal de Justiça de São Paulo. Em 24.10.2006, a 8ª Câmara Criminal 
desse Tribunal deu provimento parcial ao recurso, apenas para corrigir a 
tipificação do delito, alterando-o para o art. 121, §2º, inc. IV, c/c o art. 18, 
inc. I, 2ª parte, do Código Penal.
4. A defesa impetrou, então, no Superior Tribunal de Justiça o Habeas 
Corpus n. 94.916, Relator o Ministro Jorge Mussi. Em 17.11.2009, a Quinta 
Turma denegou a ordem, nos termos seguintes:
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 3 de 32
Relatório
HC 107.801 / SP 
“EMENTA: HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. 
PRONÚNCIA POR HOMICÍDIO QUALIFICADO A TÍTULO DE 
DOLO EVENTUAL. DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO 
CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. 
EXAME DE ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. ANÁLISE 
APROFUNDADA DO CONJUNTO FÁTICO- PROBATÓRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE 
SENTENÇA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 
ORDEM DENEGADA.
1. A decisão de pronúncia encerra simples juízo de 
admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento jurídico somente 
o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua autoria, não se 
demandando aqueles requisitos de certeza necessários à prolação de 
um édito condenatório, sendo que as dúvidas, nessa fase processual, 
resolvem-se contra o réu e a favor da sociedade. É o mandamento do 
art. 408 e atual art. 413 do Código Processual Penal.
2. O exame da insurgência exposta na impetração, no que tange 
à desclassificação do delito, demanda aprofundado revolvimento do 
conjunto probatório - vedado na via estreita do mandamus -, já que 
para que seja reconhecida a culpa consciente ou o dolo eventual, faz-se 
necessária uma análise minuciosa da conduta do paciente.
3. Afirmar se agiu com dolo eventual ou culpa consciente é 
tarefa que deve ser analisada pela Corte Popular, juiz natural da 
causa, de acordo com a narrativa dos fatos constantes da denúncia e 
com o auxílio do conjunto fático-probatório produzido no âmbito do 
devido processo legal, o que impede a análise do elemento subjetivo de 
sua conduta por este Sodalício.
4. Na hipótese, tendo a decisão impugnada asseverado que há 
provas da ocorrência do delito e indícios da autoria assestada ao 
paciente e tendo a provisional trazido a descrição da conduta com a 
indicação da existência de crime doloso contra a vida, sem proceder à 
qualquer juízo de valor acerca da sua motivação, não se evidencia o 
alegado constrangimento ilegal suportado em decorrência da 
pronúncia a título de dolo eventual, que depende de profundo estudo 
das provas, as quais deverão ser oportunamente sopesadas pelo Juízo 
competente no âmbito do procedimento próprio, dotado de cognição 
2 
Supremo Tribunal Federal
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HC 107.801 / SP 
“EMENTA: HABEAS CORPUS. TRIBUNAL DO JÚRI. 
PRONÚNCIA POR HOMICÍDIO QUALIFICADO A TÍTULO DE 
DOLO EVENTUAL. DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO 
CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. 
EXAME DE ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. ANÁLISE 
APROFUNDADA DO CONJUNTO FÁTICO- PROBATÓRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE 
SENTENÇA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 
ORDEM DENEGADA.
1. A decisão de pronúncia encerra simples juízo de 
admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento jurídico somente 
o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua autoria, não se 
demandando aqueles requisitos de certeza necessários à prolação de 
um édito condenatório, sendo que as dúvidas, nessa fase processual, 
resolvem-se contra o réu e a favor da sociedade. É o mandamento do 
art. 408 e atual art. 413 do Código Processual Penal.
2. O exame da insurgência exposta na impetração, no que tange 
à desclassificação do delito, demanda aprofundado revolvimento do 
conjunto probatório - vedado na via estreita do mandamus -, já que 
para que seja reconhecida a culpa consciente ou o dolo eventual, faz-se 
necessária uma análise minuciosa da conduta do paciente.
3. Afirmar se agiu com dolo eventual ou culpa consciente é 
tarefa que deve ser analisada pela Corte Popular, juiz natural da 
causa, de acordo com a narrativa dos fatos constantes da denúncia e 
com o auxílio do conjunto fático-probatório produzido no âmbito do 
devido processo legal, o que impede a análise do elemento subjetivo de 
sua conduta por este Sodalício.
4. Na hipótese, tendo a decisão impugnada asseverado que há 
provas da ocorrência do delito e indícios da autoria assestada ao 
paciente e tendo a provisional trazido a descrição da conduta com a 
indicação da existência de crime doloso contra a vida, sem proceder à 
qualquer juízo de valor acerca da sua motivação, não se evidencia o 
alegado constrangimento ilegal suportado em decorrência da 
pronúncia a título de dolo eventual, que depende de profundo estudo 
das provas, as quais deverão ser oportunamente sopesadas pelo Juízo 
competente no âmbito do procedimento próprio, dotado de cognição 
2 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 4de 32
Relatório
HC 107.801 / SP 
exauriente.
5. Ordem denegada”.
5. Foram opostos embargos de declaração, rejeitados em 9.11.2010:
 “EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM 
HABEAS CORPUS. OMISSÃO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA DO HOMICÍDIO CULPOSO 
NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. EXCLUSÃO DO 
DOLO EVENTUAL. NECESSIDADE DE ANÁLISE 
PORMENORIZADA DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
INOCORRÊNCIA. ACLARATÓRIOS REJEITADOS.
1. Nos termos de entendimento já consolidado nesta Corte, os 
embargos declaratórios se prestam para sanar eventual ambiguidade, 
obscuridade, contradição ou omissão em decisão proferida por órgão do 
Poder Judiciário, sendo certo que apenas excepcionalmente se pode lhe 
atribuir efeito modificativo, já que se trata de insurgência dotada de 
caráter eminentemente esclarecedor ou integrativo.
2. A prestação jurisdicional, nos termos exigidos no artigo 93, 
inciso IX, da Constituição Federal, não está condicionada à análise 
pormenorizada pelo Órgão Julgador de todas as teses e alegações 
formuladas pelas partes, caso os fundamentos da decisão sejam 
suficientes para lhe dar embasamento.
3. No caso, a pretensão dos impetrantes foi refutada pelo Órgão 
Colegiado em razão da necessidade do aprofundado revolvimento do 
conjunto fático-probatório para se averiguar se o paciente, no evento 
danoso denunciado, agiu com culpa consciente ou dolo eventual, 
ressaltando-se, ainda, que a análise do elemento subjetivo da conduta 
que lhe foi atribuída, diante das peculiaridades do caso, caberia ao juiz 
natural da causa, circunstância que impede qualquer emissão de juízo 
de valor por esta Corte na via eleita.
4. Diante das conclusões do voto objurgado, o deslinde da 
questão posta na impetração prescindia da análise de eventual 
aplicação do disposto no inciso V do parágrafo único do artigo 302 da 
Lei n. 9.503/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 11.275/06, 
já que, por força da inadequação da via eleita, sequer se procedeu à 
3 
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HC 107.801 / SP 
exauriente.
5. Ordem denegada”.
5. Foram opostos embargos de declaração, rejeitados em 9.11.2010:
 “EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM 
HABEAS CORPUS. OMISSÃO. EMBRIAGUEZ AO VOLANTE. 
CAUSA DE AUMENTO DE PENA DO HOMICÍDIO CULPOSO 
NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. EXCLUSÃO DO 
DOLO EVENTUAL. NECESSIDADE DE ANÁLISE 
PORMENORIZADA DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
INOCORRÊNCIA. ACLARATÓRIOS REJEITADOS.
1. Nos termos de entendimento já consolidado nesta Corte, os 
embargos declaratórios se prestam para sanar eventual ambiguidade, 
obscuridade, contradição ou omissão em decisão proferida por órgão do 
Poder Judiciário, sendo certo que apenas excepcionalmente se pode lhe 
atribuir efeito modificativo, já que se trata de insurgência dotada de 
caráter eminentemente esclarecedor ou integrativo.
2. A prestação jurisdicional, nos termos exigidos no artigo 93, 
inciso IX, da Constituição Federal, não está condicionada à análise 
pormenorizada pelo Órgão Julgador de todas as teses e alegações 
formuladas pelas partes, caso os fundamentos da decisão sejam 
suficientes para lhe dar embasamento.
3. No caso, a pretensão dos impetrantes foi refutada pelo Órgão 
Colegiado em razão da necessidade do aprofundado revolvimento do 
conjunto fático-probatório para se averiguar se o paciente, no evento 
danoso denunciado, agiu com culpa consciente ou dolo eventual, 
ressaltando-se, ainda, que a análise do elemento subjetivo da conduta 
que lhe foi atribuída, diante das peculiaridades do caso, caberia ao juiz 
natural da causa, circunstância que impede qualquer emissão de juízo 
de valor por esta Corte na via eleita.
4. Diante das conclusões do voto objurgado, o deslinde da 
questão posta na impetração prescindia da análise de eventual 
aplicação do disposto no inciso V do parágrafo único do artigo 302 da 
Lei n. 9.503/97, com a redação que lhe foi dada pela Lei n. 11.275/06, 
já que, por força da inadequação da via eleita, sequer se procedeu à 
3 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 5 de 32
Relatório
HC 107.801 / SP 
desclassificação pretendida.
5. Embargos rejeitados”.
6. Contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça insurgem-se os 
Impetrantes, alegando que “é inequívoco que o homicídio perpetrado na 
direção de veículo automotor em decorrência unicamente da embriaguez do 
agente se trata de crime culposo, o qual terá a pena exasperada ante a ocorrência 
da mencionada causa de aumento, de forma que o fato do condutor estar sob o 
efeito de álcool ou de substância análoga não autoriza o reconhecimento do dolo, 
nem mesmo o eventual, mas, na verdade, a responsabilização deste se dará a 
título de culpa” (fl. 8).
Afirmam que “o paciente não anuiu com o risco de ocorrência do 
resultado morte e nem o aceitou, não havendo que se falar em dolo eventual, mas, 
em última análise, teria sido imprudente ao conduzir seu veículo em suposto 
estado de embriaguez, agindo, assim, com culpa consciente, o qual acreditando 
em sua habilidade e capacidade de dirigir, jamais imaginou que o fato típico 
pudesse ocorrer” (fl. 21).
Sustentam que, “tratando-se a Lei n.º 11.275/06 de lei intermediária mais 
benéfica, é axiomático que esta deve ser aplicada ao caso em comento em virtude 
do fenômeno da extratividade das normas penais, nos moldes do artigo 5º, inciso 
XL, da Carta Magna e artigo 2º, parágrafo único, do Código Penal” (fl. 9).
7. Este o teor dos pedidos:
“a) a concessão da medida LIMINAR pleiteada no presente 
remédio heróico, tendo em vista restarem amplamente comprovados os 
direitos do paciente e devidamente caracterizados o 'fumus boni iuris' 
e o 'periculum in mora', com a sustação do andamento da Ação 
Penal n.º 005/2007, em trâmite pela Vara do Júri da Comarca de 
Guariba/SP, manejada em face do paciente, até final julgamento da 
presente impetração;
b) ao final, após as informações prestadas pela Autoridade 
4 
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Supremo Tribunal Federal
HC 107.801 / SP 
desclassificação pretendida.
5. Embargos rejeitados”.
6. Contra a decisão do Superior Tribunal de Justiça insurgem-se os 
Impetrantes, alegando que “é inequívoco que o homicídio perpetrado na 
direção de veículo automotor em decorrência unicamente da embriaguez do 
agente se trata de crime culposo, o qual terá a pena exasperada ante a ocorrência 
da mencionada causa de aumento, de forma que o fato do condutor estar sob o 
efeito de álcool ou de substância análoga não autoriza o reconhecimento do dolo, 
nem mesmo o eventual, mas, na verdade, a responsabilização deste se dará a 
título de culpa” (fl. 8).
Afirmam que “o paciente não anuiu com o risco de ocorrência do 
resultado morte e nem o aceitou, não havendo que se falar emdolo eventual, mas, 
em última análise, teria sido imprudente ao conduzir seu veículo em suposto 
estado de embriaguez, agindo, assim, com culpa consciente, o qual acreditando 
em sua habilidade e capacidade de dirigir, jamais imaginou que o fato típico 
pudesse ocorrer” (fl. 21).
Sustentam que, “tratando-se a Lei n.º 11.275/06 de lei intermediária mais 
benéfica, é axiomático que esta deve ser aplicada ao caso em comento em virtude 
do fenômeno da extratividade das normas penais, nos moldes do artigo 5º, inciso 
XL, da Carta Magna e artigo 2º, parágrafo único, do Código Penal” (fl. 9).
7. Este o teor dos pedidos:
“a) a concessão da medida LIMINAR pleiteada no presente 
remédio heróico, tendo em vista restarem amplamente comprovados os 
direitos do paciente e devidamente caracterizados o 'fumus boni iuris' 
e o 'periculum in mora', com a sustação do andamento da Ação 
Penal n.º 005/2007, em trâmite pela Vara do Júri da Comarca de 
Guariba/SP, manejada em face do paciente, até final julgamento da 
presente impetração;
b) ao final, após as informações prestadas pela Autoridade 
4 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 6 de 32
Relatório
HC 107.801 / SP 
coatora e a manifestação do ilustre Órgão do Ministério Público, seja 
concedido em definitivo o presente Habeas Corpus, procedendo-se a 
desclassificação da figura típica prevista no artigo 121, § 2 º, inciso IV, 
c.c. artigo 18, inciso I, segunda parte, todos do Código Penal para o 
tipo preconizado no artigo 302, 'caput', da Lei n.º 9.503/97, ainda que 
com o acréscimo previsto no inciso V do parágrafo único do mesmo 
dispositivo legal, qual seja, homicídio culposo na direção de veículo 
automotor em decorrência de embriaguez, nos termos do artigo 419 do 
Código de Processo Penal, determinando-se a remessa dos autos a Vara 
Criminal da Comarca de Guariba/SP, como medida necessária a 
distribuição da exata, correta e tão almejada justiça!”. 
8. Em 7.4.2011, indeferi o pedido de medida liminar, requisitei 
informações ao juízo da Vara Única da Comarca de Guariba/SP e 
determinei fosse dada vista dos autos ao Procurador-Geral da República.
9. Em 26.4.2011, as informações foram prestadas.
10. Em 18.5.2011, a Procuradoria-Geral da República opinou “pelo 
indeferimento do pedido de habeas corpus”.
É o relatório.
5 
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HC 107.801 / SP 
coatora e a manifestação do ilustre Órgão do Ministério Público, seja 
concedido em definitivo o presente Habeas Corpus, procedendo-se a 
desclassificação da figura típica prevista no artigo 121, § 2 º, inciso IV, 
c.c. artigo 18, inciso I, segunda parte, todos do Código Penal para o 
tipo preconizado no artigo 302, 'caput', da Lei n.º 9.503/97, ainda que 
com o acréscimo previsto no inciso V do parágrafo único do mesmo 
dispositivo legal, qual seja, homicídio culposo na direção de veículo 
automotor em decorrência de embriaguez, nos termos do artigo 419 do 
Código de Processo Penal, determinando-se a remessa dos autos a Vara 
Criminal da Comarca de Guariba/SP, como medida necessária a 
distribuição da exata, correta e tão almejada justiça!”. 
8. Em 7.4.2011, indeferi o pedido de medida liminar, requisitei 
informações ao juízo da Vara Única da Comarca de Guariba/SP e 
determinei fosse dada vista dos autos ao Procurador-Geral da República.
9. Em 26.4.2011, as informações foram prestadas.
10. Em 18.5.2011, a Procuradoria-Geral da República opinou “pelo 
indeferimento do pedido de habeas corpus”.
É o relatório.
5 
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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
31/05/2011 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 107.801 SÃO PAULO
VOTO
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - (Relatora):
1. Conforme relatado, os Impetrantes alegam que o Paciente não 
teria praticado o crime de homicídio doloso imputado na denúncia, mas o 
delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor.
2. Entretanto, não se comprova nos autos a presença de 
constrangimento ilegal a ferir direito do Paciente nem ilegalidade ou 
abuso de poder a ensejar a concessão da ordem de habeas corpus pedida. 
3. O Superior Tribunal de Justiça enfrentou as questões postas pelos 
Impetrantes de forma bem fundamentada.
De se enfatizar o voto do Ministro Jorge Mussi, da Quinta Turma do 
Superior Tribunal de Justiça, no Habeas Corpus n. 94.916, que denegou a 
ordem, nos termos seguintes:
“constata-se que o exame da insurgência exposta na impetração, 
no que tange à desclassificação do delito, demanda aprofundado 
revolvimento do conjunto probatório - vedado na via estreita do 
mandamus -, já que para que seja reconhecida a culpa consciente ou 
o dolo eventual faz-se necessária uma análise minuciosa da conduta do 
paciente, até porque a discussão sobre a distinção entre os 
mencionados elementos enseja grandes debates doutrinários, devendo 
ser feita de acordo com as provas colacionadas aos autos (...).
Ademais, não fosse a vedação de exame detalhado do acervo 
fático probatório constante dos autos na via angusta do writ, de 
acordo com o princípio do juiz natural, o julgamento acerca da 
ocorrência de dolo eventual ou culpa consciente deve ficar a cargo do 
Conselho de Sentença, que é constitucionalmente competente para 
Supremo Tribunal Federal
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31/05/2011 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 107.801 SÃO PAULO
VOTO
A SENHORA MINISTRA CÁRMEN LÚCIA - (Relatora):
1. Conforme relatado, os Impetrantes alegam que o Paciente não 
teria praticado o crime de homicídio doloso imputado na denúncia, mas o 
delito de homicídio culposo na direção de veículo automotor.
2. Entretanto, não se comprova nos autos a presença de 
constrangimento ilegal a ferir direito do Paciente nem ilegalidade ou 
abuso de poder a ensejar a concessão da ordem de habeas corpus pedida. 
3. O Superior Tribunal de Justiça enfrentou as questões postas pelos 
Impetrantes de forma bem fundamentada.
De se enfatizar o voto do Ministro Jorge Mussi, da Quinta Turma do 
Superior Tribunal de Justiça, no Habeas Corpus n. 94.916, que denegou a 
ordem, nos termos seguintes:
“constata-se que o exame da insurgência exposta na impetração, 
no que tange à desclassificação do delito, demanda aprofundado 
revolvimento do conjunto probatório - vedado na via estreita do 
mandamus -, já que para que seja reconhecida a culpa consciente ou 
o dolo eventual faz-se necessária uma análise minuciosa da conduta do 
paciente, até porque a discussão sobre a distinçãoentre os 
mencionados elementos enseja grandes debates doutrinários, devendo 
ser feita de acordo com as provas colacionadas aos autos (...).
Ademais, não fosse a vedação de exame detalhado do acervo 
fático probatório constante dos autos na via angusta do writ, de 
acordo com o princípio do juiz natural, o julgamento acerca da 
ocorrência de dolo eventual ou culpa consciente deve ficar a cargo do 
Conselho de Sentença, que é constitucionalmente competente para 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 8 de 32
Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
HC 107.801 / SP 
julgar os crimes dolosos contra a vida (...).
Cumpre consignar, ainda, que a decisão de pronúncia encerra 
simples juízo de admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento 
jurídico somente o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua 
autoria, não se demandando aqueles requisitos de certeza necessários à 
prolação de um édito condenatório, sendo que as dúvidas, nessa fase 
processual, resolvem-se contra o réu e a favor da sociedade. É o 
mandamento do art. 408 e atual art. 413 do Código Processual Penal.
Igualmente notório que para a admissão da acusação há que se 
sopesar as provas e indicar onde se acham os exigidos indícios da 
autoria e prova da materialidade, assim como apontar em que se funda 
para admitir as qualificadoras porventura capituladas na inicial, 
dando os motivos do convencimento, sob pena de nulidade da decisão, 
por ausência de fundamentação.
(...)
Exatamente o que ocorreu na hipótese vertente, porquanto a 
decisão de pronúncia demonstrou a materialidade do crime e os 
indícios de autoria assestados ao paciente, fundamentados no conjunto 
fático-probatório produzido nos autos, autorizando a sua submissão a 
julgamento pelo Conselho de Sentença, o qual detém a incumbência de 
decidir acerca de eventual desclassificação do delito.
Até porque, afirmar se o paciente agiu com dolo eventual ou 
culpa consciente é tarefa que deve ser analisada de acordo com a 
narrativa dos fatos constantes da denúncia, com o auxílio do conjunto 
fático-probatório produzido no âmbito do devido processo legal, pela 
Corte Popular, juiz natural da causa, o que impede a análise do 
elemento subjetivo de sua conduta por este Sodalício.
E, consoante análise dos autos, na hipótese em apreço, a 
provisional, nos limites do juízo de admissibilidade da acusação, traz 
fundamentação idônea a demonstrar a existência de elemento 
suficientes para a submissão do paciente a julgamento pelo Tribunal 
do Júri, que examinará as questões aventadas (...).
E, repita-se, como o remédio constitucional não é o instrumento 
adequado à discussão aprofundada a respeito de provas e fatos, não há 
como se valorar os elementos probatórios até então colacionados, como 
pretende o impetrante, para perquirir acerca da conduta do paciente 
2 
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julgar os crimes dolosos contra a vida (...).
Cumpre consignar, ainda, que a decisão de pronúncia encerra 
simples juízo de admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento 
jurídico somente o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua 
autoria, não se demandando aqueles requisitos de certeza necessários à 
prolação de um édito condenatório, sendo que as dúvidas, nessa fase 
processual, resolvem-se contra o réu e a favor da sociedade. É o 
mandamento do art. 408 e atual art. 413 do Código Processual Penal.
Igualmente notório que para a admissão da acusação há que se 
sopesar as provas e indicar onde se acham os exigidos indícios da 
autoria e prova da materialidade, assim como apontar em que se funda 
para admitir as qualificadoras porventura capituladas na inicial, 
dando os motivos do convencimento, sob pena de nulidade da decisão, 
por ausência de fundamentação.
(...)
Exatamente o que ocorreu na hipótese vertente, porquanto a 
decisão de pronúncia demonstrou a materialidade do crime e os 
indícios de autoria assestados ao paciente, fundamentados no conjunto 
fático-probatório produzido nos autos, autorizando a sua submissão a 
julgamento pelo Conselho de Sentença, o qual detém a incumbência de 
decidir acerca de eventual desclassificação do delito.
Até porque, afirmar se o paciente agiu com dolo eventual ou 
culpa consciente é tarefa que deve ser analisada de acordo com a 
narrativa dos fatos constantes da denúncia, com o auxílio do conjunto 
fático-probatório produzido no âmbito do devido processo legal, pela 
Corte Popular, juiz natural da causa, o que impede a análise do 
elemento subjetivo de sua conduta por este Sodalício.
E, consoante análise dos autos, na hipótese em apreço, a 
provisional, nos limites do juízo de admissibilidade da acusação, traz 
fundamentação idônea a demonstrar a existência de elemento 
suficientes para a submissão do paciente a julgamento pelo Tribunal 
do Júri, que examinará as questões aventadas (...).
E, repita-se, como o remédio constitucional não é o instrumento 
adequado à discussão aprofundada a respeito de provas e fatos, não há 
como se valorar os elementos probatórios até então colacionados, como 
pretende o impetrante, para perquirir acerca da conduta do paciente 
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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
HC 107.801 / SP 
no evento denunciado, porquanto o debate dessa natureza é atribuição 
exclusiva do Tribunal do Júri, constitucionalmente competente para 
julgar os crimes dolosos contra a vida, e não nesta oportunidade e 
instância, no âmbito estreito do writ.
Portanto, qualquer conclusão diversa, na via augusta do writ, 
consoante vem decidindo esta colenda Turma, inevitavelmente levaria 
ao vedado revolvimento aprofundado do conjunto probatório, 
importando em usurpação da competência constitucional da Corte 
Popular.
Dessa forma, tendo a decisão impugnada asseverado que, in 
casu, há provas da ocorrência do delito e indícios da autoria assestada 
ao paciente e tendo a provisional trazido a descrição da conduta com a 
indicação da existência de crime doloso contra a vida, sem proceder a 
qualquer juízo de valor acerca da sua motivação, não se evidencia o 
alegado constrangimento ilegal suportado em decorrência da 
pronúncia a título de dolo eventual, já que conclusão em sentido 
contrário demandaria profundo estudo das provas, as quais deverão 
ser oportunamente sopesadas pelo Juízo competente no âmbito do 
procedimento próprio, dotado de cognição exauriente”.
4. O acórdão recorrido está em harmonia com a jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal:
“Habeas corpus: inidoneidade para solver mera questão de 
fato. A via sumária e documental do habeas corpus - afora casos 
teratológicos de erro conspícuo de direito probatórioou de abstração de 
fato inequívoco - não se presta a substituir por outro o acertamento 
judicial dos fatos na sentença condenatória das instâncias ordinárias” 
(HC 83.636, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 27.2.2004).
Nessa linha, entre outros, HC 83.625, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 
30.4.2004; HC 98.681, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 5.4.2011; HC 
102.971, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe 29.3.2011; HC 102.926, Rel. Min. Luiz 
Fux, DJe 22.3.2011; HC 101.806, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe 13.4.2011; HC 
105.836, Rel. Min. Recardo Lewandowski, DJe 7.2.2011.
3 
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no evento denunciado, porquanto o debate dessa natureza é atribuição 
exclusiva do Tribunal do Júri, constitucionalmente competente para 
julgar os crimes dolosos contra a vida, e não nesta oportunidade e 
instância, no âmbito estreito do writ.
Portanto, qualquer conclusão diversa, na via augusta do writ, 
consoante vem decidindo esta colenda Turma, inevitavelmente levaria 
ao vedado revolvimento aprofundado do conjunto probatório, 
importando em usurpação da competência constitucional da Corte 
Popular.
Dessa forma, tendo a decisão impugnada asseverado que, in 
casu, há provas da ocorrência do delito e indícios da autoria assestada 
ao paciente e tendo a provisional trazido a descrição da conduta com a 
indicação da existência de crime doloso contra a vida, sem proceder a 
qualquer juízo de valor acerca da sua motivação, não se evidencia o 
alegado constrangimento ilegal suportado em decorrência da 
pronúncia a título de dolo eventual, já que conclusão em sentido 
contrário demandaria profundo estudo das provas, as quais deverão 
ser oportunamente sopesadas pelo Juízo competente no âmbito do 
procedimento próprio, dotado de cognição exauriente”.
4. O acórdão recorrido está em harmonia com a jurisprudência do 
Supremo Tribunal Federal:
“Habeas corpus: inidoneidade para solver mera questão de 
fato. A via sumária e documental do habeas corpus - afora casos 
teratológicos de erro conspícuo de direito probatório ou de abstração de 
fato inequívoco - não se presta a substituir por outro o acertamento 
judicial dos fatos na sentença condenatória das instâncias ordinárias” 
(HC 83.636, Rel. Min. Sepúlveda Pertence, DJ 27.2.2004).
Nessa linha, entre outros, HC 83.625, Rel. Min. Ellen Gracie, DJ 
30.4.2004; HC 98.681, Rel. Min. Joaquim Barbosa, DJe 5.4.2011; HC 
102.971, Rel. Min. Ellen Gracie, DJe 29.3.2011; HC 102.926, Rel. Min. Luiz 
Fux, DJe 22.3.2011; HC 101.806, Rel. Min. Dias Toffoli, DJe 13.4.2011; HC 
105.836, Rel. Min. Recardo Lewandowski, DJe 7.2.2011.
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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
HC 107.801 / SP 
5. Conforme ressaltou a Procuradoria-Geral da República, em seu 
parecer:
“a ação de habeas corpus não constitui via adequada para se 
reconhecer a culpa consciente ou o dolo eventual na conduta do 
acusado. Referida questão é pertinente ao próprio mérito da ação 
penal, de desate insuscetível nesta via estreita. A pretensão da defesa 
do recorrente, no tópico, exige profunda e incabível análise probatória 
para se constatar a existência ou não da vontade livre e consciente de 
matar.
Sabe-se que cabe ao Juiz de primeiro grau apenas verificar 
motivadamente a existência do crime e dos indícios de sua autoria.
A pronúncia não representa a definição de responsabilidade 
penal do réu, mas apenas um juízo de admissibilidade da acusação, 
com o único objetivo de submetê-lo ao julgamento pelo Tribunal 
popular. Se houver qualquer dúvida a respeito da autoria, das 
qualificadoras referidas na peça acusatória, bem como acerca da 
ocorrência de dolo eventual ou culpa consciente, seu aclaramento 
compete ao Júri.
Assim, competia ao Juízo singular apenas verificar a existência 
do crime e de provas suficientes de sua autoria. E tal exame restou 
validamente feito, havendo a demonstração do fumus boni iuris, 
mediante aferição dos elementos de prova colhidos, que indicam a forte 
probabilidade de procedência da imputação, legitimando a segunda 
fase do processo do Júri. No particular, aliás, bem consignou o 
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que o acusado conduzia 
seu veículo embriagado e em velocidade incompatível com o local do 
acidente, não se importando 'com as possíveis consequências, o que, 
evidentemente, caracteriza dolo eventual'.
Há nos autos, portanto, elementos que comprovam a 
materialidade e demonstram a existência de indícios de autoria de 
crime de homicídio doloso, vale dizer, as circunstâncias do ocorrido 
demonstram ter a aparência de dolo eventual.
Enfim, para a inversão do quanto – acertadamente – decidido 
pela instância a quo, seria necessário o reexame dos elementos de 
4 
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HC 107.801 / SP 
5. Conforme ressaltou a Procuradoria-Geral da República, em seu 
parecer:
“a ação de habeas corpus não constitui via adequada para se 
reconhecer a culpa consciente ou o dolo eventual na conduta do 
acusado. Referida questão é pertinente ao próprio mérito da ação 
penal, de desate insuscetível nesta via estreita. A pretensão da defesa 
do recorrente, no tópico, exige profunda e incabível análise probatória 
para se constatar a existência ou não da vontade livre e consciente de 
matar.
Sabe-se que cabe ao Juiz de primeiro grau apenas verificar 
motivadamente a existência do crime e dos indícios de sua autoria.
A pronúncia não representa a definição de responsabilidade 
penal do réu, mas apenas um juízo de admissibilidade da acusação, 
com o único objetivo de submetê-lo ao julgamento pelo Tribunal 
popular. Se houver qualquer dúvida a respeito da autoria, das 
qualificadoras referidas na peça acusatória, bem como acerca da 
ocorrência de dolo eventual ou culpa consciente, seu aclaramento 
compete ao Júri.
Assim, competia ao Juízo singular apenas verificar a existência 
do crime e de provas suficientes de sua autoria. E tal exame restou 
validamente feito, havendo a demonstração do fumus boni iuris, 
mediante aferição dos elementos de prova colhidos, que indicam a forte 
probabilidade de procedência da imputação, legitimando a segunda 
fase do processo do Júri. No particular, aliás, bem consignou o 
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que o acusado conduzia 
seu veículo embriagado e em velocidade incompatível com o local do 
acidente, não se importando 'com as possíveis consequências, o que, 
evidentemente, caracteriza dolo eventual'.
Há nos autos, portanto, elementos que comprovam a 
materialidade e demonstram a existência de indícios de autoria de 
crime de homicídio doloso, vale dizer, ascircunstâncias do ocorrido 
demonstram ter a aparência de dolo eventual.
Enfim, para a inversão do quanto – acertadamente – decidido 
pela instância a quo, seria necessário o reexame dos elementos de 
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HC 107.801 / SP 
convicção produzidos na ação penal, providência essa vedada na 
estreita via mandamental” (fls. 23-24).
6. Os limites estreitos da via do habeas corpus impossibilitam a análise 
apurada do elemento subjetivo do tipo penal para que se possa afirmar 
que a conduta do Paciente foi pautada pelo dolo eventual ou pela culpa 
consciente.
 A distinção entre esses dois institutos do Direito Penal, aliás, embora 
possível na via doutrinária, é de difícil verificação em casos concretos. 
Nesse sentido são as lições de Guilherme de Souza Nucci:
“Diferença entre a culpa consciente e dolo eventual: trata-se de 
distinção teoricamente plausível, embora, na prática, seja muito 
complexa e difícil. Em ambas as situações o agente tem a previsão do 
resultado que sua conduta pode causar, embora na culpa consciente 
não o admita como possível e, no dolo eventual admita a possibilidade 
de se concretizar, sendo-lhe indiferente. Em nota anterior, 
demonstrou-se, através da jurisprudência pátria, no contexto dos 
crimes de trânsito, como é tênue a linha divisória entre um e outro. Se, 
anos atrás, um racha, com vítimas fatais, terminava sendo punido 
como delito culposo (culpa consciente), hoje não se deixa de considerar 
o desprezo pela vida por parte do condutor do veículo, punindo-se 
como crime doloso (dolo eventual)” (NUCCI, Guilherme de Souza. 
Código penal comentado. 4 ed. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2003. p. 146).
7. Ademais, a doutrina e a jurisprudência mais recentes têm 
admitido, em vários casos, a existência do dolo eventual nos crimes 
graves de trânsito:
“tem sido posição adotada, atualmente, na jusrisprudência 
pátria considerar a atuação do agente em determinados delitos 
cometidos no trânsito não mais como culpa consciente, e sim como 
dolo eventual. As inúmeras campanhas realizadas, demonstrando o 
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convicção produzidos na ação penal, providência essa vedada na 
estreita via mandamental” (fls. 23-24).
6. Os limites estreitos da via do habeas corpus impossibilitam a análise 
apurada do elemento subjetivo do tipo penal para que se possa afirmar 
que a conduta do Paciente foi pautada pelo dolo eventual ou pela culpa 
consciente.
 A distinção entre esses dois institutos do Direito Penal, aliás, embora 
possível na via doutrinária, é de difícil verificação em casos concretos. 
Nesse sentido são as lições de Guilherme de Souza Nucci:
“Diferença entre a culpa consciente e dolo eventual: trata-se de 
distinção teoricamente plausível, embora, na prática, seja muito 
complexa e difícil. Em ambas as situações o agente tem a previsão do 
resultado que sua conduta pode causar, embora na culpa consciente 
não o admita como possível e, no dolo eventual admita a possibilidade 
de se concretizar, sendo-lhe indiferente. Em nota anterior, 
demonstrou-se, através da jurisprudência pátria, no contexto dos 
crimes de trânsito, como é tênue a linha divisória entre um e outro. Se, 
anos atrás, um racha, com vítimas fatais, terminava sendo punido 
como delito culposo (culpa consciente), hoje não se deixa de considerar 
o desprezo pela vida por parte do condutor do veículo, punindo-se 
como crime doloso (dolo eventual)” (NUCCI, Guilherme de Souza. 
Código penal comentado. 4 ed. São Paulo: Editora Revista dos 
Tribunais, 2003. p. 146).
7. Ademais, a doutrina e a jurisprudência mais recentes têm 
admitido, em vários casos, a existência do dolo eventual nos crimes 
graves de trânsito:
“tem sido posição adotada, atualmente, na jusrisprudência 
pátria considerar a atuação do agente em determinados delitos 
cometidos no trânsito não mais como culpa consciente, e sim como 
dolo eventual. As inúmeras campanhas realizadas, demonstrando o 
5 
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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
HC 107.801 / SP 
perigo da direção perigosa e manifestamente ousada, são suficientes 
para esclarecer os motoristas da vedação legal de certas condutas, tais 
como o racha, a direção em alta velocidade, sob embriaguez, entre 
outras. Se, apesar disso, continua o condutor do veículo a agir dessa 
forma nitidamente arriscada, estará demonstrando seu desapego à 
incolumidade alheia, podendo responder por delito doloso” (NUCCI, 
Guilherme de Souza. Código penal comentado. 4 ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2003. p. 140).
8. Assim, na espécie vertente, a análise de mais de uma corrente 
probatória (dolo eventual ou culpa consciente) no processo de 
competência do Tribunal do Júri exigiria profundo revolvimento de fatos 
e provas, o que ultrapassa o âmbito de cognição do procedimento 
sumário e documental do habeas corpus, em flagrante transformação dele 
em processo de conhecimento sem previsão na legislação vigente.
 Pela sua natureza constitucional e pelo procedimento célere que o 
notabiliza, o habeas corpus não comporta exame detalhado e profundo da 
prova para se constatar a ilegalidade, ao contrário do que sucede nos 
processos comuns.
Para Paulo Lúcio Nogueira:
“o instituto do habeas corpus visa amparar direito líquido, que 
se entende aquele cuja existência não é afetada por dúvidas ou 
incertezas. É de se ver que tal direito deve ser demonstrado com 
evidência, sem necessitar de produzir provas, pois no julgamento de 
habeas corpus não é admissível o exame aprofundado de provas. É 
claro que o impetrante terá que fornecer de plano os elementos 
indispensáveis que demonstrem a liquidez de seu direito. O que não se 
admite é que haja exame aprofundado de prova, para aferir o direito do 
impetrante ou paciente, que deve fluir naturalmente do próprio 
pedido” (NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Questões processuais 
controvertidas. São Paulo: Sugestões Literárias, 1977, p. 325).
6 
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HC 107.801 / SP 
perigo da direção perigosa e manifestamente ousada, são suficientes 
para esclarecer os motoristas da vedação legal de certas condutas, tais 
como o racha, a direção em alta velocidade, sob embriaguez, entre 
outras. Se, apesar disso, continua o condutor do veículo a agir dessa 
forma nitidamentearriscada, estará demonstrando seu desapego à 
incolumidade alheia, podendo responder por delito doloso” (NUCCI, 
Guilherme de Souza. Código penal comentado. 4 ed. São Paulo: 
Editora Revista dos Tribunais, 2003. p. 140).
8. Assim, na espécie vertente, a análise de mais de uma corrente 
probatória (dolo eventual ou culpa consciente) no processo de 
competência do Tribunal do Júri exigiria profundo revolvimento de fatos 
e provas, o que ultrapassa o âmbito de cognição do procedimento 
sumário e documental do habeas corpus, em flagrante transformação dele 
em processo de conhecimento sem previsão na legislação vigente.
 Pela sua natureza constitucional e pelo procedimento célere que o 
notabiliza, o habeas corpus não comporta exame detalhado e profundo da 
prova para se constatar a ilegalidade, ao contrário do que sucede nos 
processos comuns.
Para Paulo Lúcio Nogueira:
“o instituto do habeas corpus visa amparar direito líquido, que 
se entende aquele cuja existência não é afetada por dúvidas ou 
incertezas. É de se ver que tal direito deve ser demonstrado com 
evidência, sem necessitar de produzir provas, pois no julgamento de 
habeas corpus não é admissível o exame aprofundado de provas. É 
claro que o impetrante terá que fornecer de plano os elementos 
indispensáveis que demonstrem a liquidez de seu direito. O que não se 
admite é que haja exame aprofundado de prova, para aferir o direito do 
impetrante ou paciente, que deve fluir naturalmente do próprio 
pedido” (NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Questões processuais 
controvertidas. São Paulo: Sugestões Literárias, 1977, p. 325).
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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
HC 107.801 / SP 
No caso dos autos, o reconhecimento da suposta incorreção na 
tipificação do delito imputado ao Paciente, como querem os Impetrantes, 
reclama percuciente enfrentamento da prova, o que é incompatível com 
os limites estreitos do habeas corpus. Não há espaço para exame 
aprofundado ou apurado das provas, especialmente para o cotejo do 
elemento subjetivo do tipo penal (dolo ou culpa) com a aferição da 
intenção do Paciente.
9. Finalmente, deve-se mencionar que, na fase de pronúncia, vigora o 
princípio do in dubio pro societate, segundo o qual somente as acusações 
manifestamente improcedentes não serão admitidas. O juiz verifica, nessa 
fase, tão somente, se a acusação é viável, deixando o exame apurado dos 
fatos para os jurados, que, no momento apropriado, analisarão a tese 
defensiva sustentada nestes autos.
Nesse sentido são os ensinamentos de Fernando Capez:
“Pronúncia: decisão processual de conteúdo declaratório em que 
o juiz proclama admissível a imputação, encaminhando-a para 
julgamento perante o Tribunal do Júri. O juiz-presidente não tem 
competência constitucional para julgamento dos crimes dolosos contra 
a vida, logo não pode absolver nem condenar o réu, sob pena de 
afrontar o princípio da soberania dos veredictos. Na pronúncia, há um 
mero juízo de prelibação, pelo qual o juiz admite ou rejeita a acusação, 
sem penetrar no exame do mérito. Restringe-se à verificação da 
presença do fumus boni iuris, admitindo todas as acusações que 
tenham ao menos probabilidade de procedência.
No caso de o juiz se convencer da existência do crime e de 
indícios suficientes da autoria, deve proferir sentença de pronúncia, 
fundamentando os motivos de seu convencimento. Não é necessária 
prova plena de autoria, bastando meros indícios, isto é, a probabilidade 
de que o réu tenha sido o autor do crime.
Trata-se de decisão interlocutória mista não terminativa, que 
encerra a primeira fase do procedimento escalonado. A decisão é 
meramente processal, e não se admite que o juiz faça um exame 
7 
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No caso dos autos, o reconhecimento da suposta incorreção na 
tipificação do delito imputado ao Paciente, como querem os Impetrantes, 
reclama percuciente enfrentamento da prova, o que é incompatível com 
os limites estreitos do habeas corpus. Não há espaço para exame 
aprofundado ou apurado das provas, especialmente para o cotejo do 
elemento subjetivo do tipo penal (dolo ou culpa) com a aferição da 
intenção do Paciente.
9. Finalmente, deve-se mencionar que, na fase de pronúncia, vigora o 
princípio do in dubio pro societate, segundo o qual somente as acusações 
manifestamente improcedentes não serão admitidas. O juiz verifica, nessa 
fase, tão somente, se a acusação é viável, deixando o exame apurado dos 
fatos para os jurados, que, no momento apropriado, analisarão a tese 
defensiva sustentada nestes autos.
Nesse sentido são os ensinamentos de Fernando Capez:
“Pronúncia: decisão processual de conteúdo declaratório em que 
o juiz proclama admissível a imputação, encaminhando-a para 
julgamento perante o Tribunal do Júri. O juiz-presidente não tem 
competência constitucional para julgamento dos crimes dolosos contra 
a vida, logo não pode absolver nem condenar o réu, sob pena de 
afrontar o princípio da soberania dos veredictos. Na pronúncia, há um 
mero juízo de prelibação, pelo qual o juiz admite ou rejeita a acusação, 
sem penetrar no exame do mérito. Restringe-se à verificação da 
presença do fumus boni iuris, admitindo todas as acusações que 
tenham ao menos probabilidade de procedência.
No caso de o juiz se convencer da existência do crime e de 
indícios suficientes da autoria, deve proferir sentença de pronúncia, 
fundamentando os motivos de seu convencimento. Não é necessária 
prova plena de autoria, bastando meros indícios, isto é, a probabilidade 
de que o réu tenha sido o autor do crime.
Trata-se de decisão interlocutória mista não terminativa, que 
encerra a primeira fase do procedimento escalonado. A decisão é 
meramente processal, e não se admite que o juiz faça um exame 
7 
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Voto - MIN. CÁRMEN LÚCIA
HC 107.801 / SP 
aprofundado do mérito, sob pena de se subtrair a competência do Juri. 
A exagerada incursão do juiz sobre as provas dos autos, capaz de 
influir no ânimo do conselho de sentença, é incompatível com a 
natureza meramente prelibatória da pronúncia, gerando a sua 
nulidade e consequente desentranhamento dos autos” (CAPEZ, 
Fernando. Curso de processo penal. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 
2006. p. 641-642).
Assim, não competia ao juiz sumariante, ao proferir a decisão de 
pronúncia, promover a análise minuciosa dos fatos descritos na peça 
inicial acusatória, pois, se assim agisse, estaria usurpando a competência 
constitucional do Tribunal do Júri.
10. Pelo exposto, encaminhoa votação no sentido de denegar a 
ordem de habeas corpus.
É como voto.
8 
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HC 107.801 / SP 
aprofundado do mérito, sob pena de se subtrair a competência do Juri. 
A exagerada incursão do juiz sobre as provas dos autos, capaz de 
influir no ânimo do conselho de sentença, é incompatível com a 
natureza meramente prelibatória da pronúncia, gerando a sua 
nulidade e consequente desentranhamento dos autos” (CAPEZ, 
Fernando. Curso de processo penal. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 
2006. p. 641-642).
Assim, não competia ao juiz sumariante, ao proferir a decisão de 
pronúncia, promover a análise minuciosa dos fatos descritos na peça 
inicial acusatória, pois, se assim agisse, estaria usurpando a competência 
constitucional do Tribunal do Júri.
10. Pelo exposto, encaminho a votação no sentido de denegar a 
ordem de habeas corpus.
É como voto.
8 
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Vista
31/05/2011 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 107.801 SÃO PAULO
VISTA
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - Senhora Presidente, 
recentemente o Ministro Marco Aurélio fez uma intervenção num caso 
semelhante a esse, só que, quer dizer, não é um caso semelhante em 
termos fáticos, mas um caso, em tese, semelhante a esse em que estava 
ocorrendo uma certa banalização dos julgamentos desses fatos pelo Júri.
Nós sabemos que o julgamento do Júri é um julgamento diferente do 
julgamento realizado por juízo técnico.
O artigo 419 dispõe que, quando o juiz se convencer, em 
discordância com a acusação, da existência de crime diverso e não for 
competente para o julgamento, ele remeterá os autos ao juiz que o seja.
Então, a desclassificação do delito é uma das tarefas do juiz no 
momento da pronúncia: ou ele pronuncia, ou ele impronuncia, ou ele 
desclassifica, ou ele absolve sumariamente.
Essa, digamos assim, afirmação generalizada de que esses delitos de 
trânsito estão incorrendo em dolo eventual, isso só ocorreria se houvesse 
a comprovação da actio libera in causa, quer dizer, ele se embebedou 
para praticar o ilícito.
Tendo em vista que esse precedente pode, realmente, trazer algumas 
repercussões sociais, ser um pouco gravoso sob o ângulo punitivo, 
porque o julgamento do Júri é um julgamento apaixonado, que vai 
depender do local onde ele ocorra, eu vou pedir vista, porque tenho 
muito preocupação com essa banalização desses delitos.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Acaba-se esvaziando o 
artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê o homicídio, e o 
faz, inclusive, considerada a imprudência de se dirigir embriagado, 
apontando-a como causa de aumento.
Supremo Tribunal Federal
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31/05/2011 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 107.801 SÃO PAULO
VISTA
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX - Senhora Presidente, 
recentemente o Ministro Marco Aurélio fez uma intervenção num caso 
semelhante a esse, só que, quer dizer, não é um caso semelhante em 
termos fáticos, mas um caso, em tese, semelhante a esse em que estava 
ocorrendo uma certa banalização dos julgamentos desses fatos pelo Júri.
Nós sabemos que o julgamento do Júri é um julgamento diferente do 
julgamento realizado por juízo técnico.
O artigo 419 dispõe que, quando o juiz se convencer, em 
discordância com a acusação, da existência de crime diverso e não for 
competente para o julgamento, ele remeterá os autos ao juiz que o seja.
Então, a desclassificação do delito é uma das tarefas do juiz no 
momento da pronúncia: ou ele pronuncia, ou ele impronuncia, ou ele 
desclassifica, ou ele absolve sumariamente.
Essa, digamos assim, afirmação generalizada de que esses delitos de 
trânsito estão incorrendo em dolo eventual, isso só ocorreria se houvesse 
a comprovação da actio libera in causa, quer dizer, ele se embebedou 
para praticar o ilícito.
Tendo em vista que esse precedente pode, realmente, trazer algumas 
repercussões sociais, ser um pouco gravoso sob o ângulo punitivo, 
porque o julgamento do Júri é um julgamento apaixonado, que vai 
depender do local onde ele ocorra, eu vou pedir vista, porque tenho 
muito preocupação com essa banalização desses delitos.
O SENHOR MINISTRO MARCO AURÉLIO – Acaba-se esvaziando o 
artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, que prevê o homicídio, e o 
faz, inclusive, considerada a imprudência de se dirigir embriagado, 
apontando-a como causa de aumento.
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Decisão de Julgamento
PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
HABEAS CORPUS 107.801
PROCED. : SÃO PAULO
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
PACTE.(S) : LUCAS DE ALMEIDA MENOSSI
IMPTE.(S) : JOSÉ HUMBERTO SCRIGNOLLI E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Decisão: Após o voto da Senhora Ministra Cármen Lúcia, 
Relatora-Presidente, que denegava a ordem de habeas corpus, pediu 
vista do processo o Senhor Ministro Luiz Fux. 1ª Turma, 31.5.2011.
 
Presidência da Senhora Ministra Cármen Lúcia. Presentes à 
Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, 
Dias Toffoli e Luiz Fux.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo de Tarso Braz 
Lucas.
Carmen Lilian
Coordenadora
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documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.stf.jus.br/portal/autenticacao/autenticarDocumento.asp sob o número 1229890
Supremo Tribunal Federal
PRIMEIRA TURMA
EXTRATO DE ATA
HABEAS CORPUS 107.801
PROCED. : SÃO PAULO
RELATORA : MIN. CÁRMEN LÚCIA
PACTE.(S) : LUCAS DE ALMEIDA MENOSSI
IMPTE.(S) : JOSÉ HUMBERTO SCRIGNOLLI E OUTRO(A/S)
COATOR(A/S)(ES) : SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Decisão: Após o voto da Senhora Ministra Cármen Lúcia, 
Relatora-Presidente, que denegava a ordem de habeas corpus, pediu 
vista do processo o Senhor Ministro Luiz Fux. 1ª Turma, 31.5.2011.
 
Presidência da Senhora Ministra Cármen Lúcia. Presentes à 
Sessão os Senhores Ministros Marco Aurélio, Ricardo Lewandowski, 
Dias Toffoli e Luiz Fux.
Subprocurador-Geral da República, Dr. Paulo de Tarso Braz 
Lucas.
Carmen Lilian
Coordenadora
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 17 de32
Voto Vista
06/09/2011 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 107.801 SÃO PAULO
V O T O – V I S T A
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de habeas corpus 
substitutivo de recurso ordinário impetrado contra acórdão denegatório 
de idêntica medida, sintetizado na seguinte ementa, in verbis:
HABEAS CORPUS . TRIBUNAL DO JÚRI. PRONÚNCIA 
POR HOMICÍDIO QUALIFICADO A TÍTULO DE DOLO 
EVENTUAL. DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO 
CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. 
EXAME DE ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. ANÁLISE 
APROFUNDADA DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE 
SENTENÇA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 
ORDEM DENEGADA.
1. A decisão de pronúncia encerra simples juízo de 
admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento jurídico 
somente o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua 
autoria, não se demandando aqueles requisitos de certeza 
necessários à prolação de um édito condenatório, sendo que as 
dúvidas, nessa fase processual, resolvem-se contra o réu e a 
favor da sociedade. É o mandamento do art. 408 e atual art. 413 
do Código Processual Penal. 
2. O exame da insurgência exposta na impetração, no que 
tange à desclassificação do delito, demanda aprofundado 
revolvimento do conjunto probatório - vedado na via estreita do 
mandamus -, já que para que seja reconhecida a culpa consciente 
ou o dolo eventual, faz-se necessária uma análise minuciosa da 
conduta do paciente.
3. Afirmar se agiu com dolo eventual ou culpa consciente é 
tarefa que deve ser analisada pela Corte Popular, juiz natural da 
causa, de acordo com a narrativa dos fatos constantes da 
denúncia e com o auxílio do conjunto fático-probatório 
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06/09/2011 PRIMEIRA TURMA
HABEAS CORPUS 107.801 SÃO PAULO
V O T O – V I S T A
O SENHOR MINISTRO LUIZ FUX (RELATOR): Trata-se de habeas corpus 
substitutivo de recurso ordinário impetrado contra acórdão denegatório 
de idêntica medida, sintetizado na seguinte ementa, in verbis:
HABEAS CORPUS . TRIBUNAL DO JÚRI. PRONÚNCIA 
POR HOMICÍDIO QUALIFICADO A TÍTULO DE DOLO 
EVENTUAL. DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO 
CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. 
EXAME DE ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. ANÁLISE 
APROFUNDADA DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. 
IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE 
SENTENÇA. AUSÊNCIA DE CONSTRANGIMENTO ILEGAL. 
ORDEM DENEGADA.
1. A decisão de pronúncia encerra simples juízo de 
admissibilidade da acusação, exigindo o ordenamento jurídico 
somente o exame da ocorrência do crime e de indícios de sua 
autoria, não se demandando aqueles requisitos de certeza 
necessários à prolação de um édito condenatório, sendo que as 
dúvidas, nessa fase processual, resolvem-se contra o réu e a 
favor da sociedade. É o mandamento do art. 408 e atual art. 413 
do Código Processual Penal. 
2. O exame da insurgência exposta na impetração, no que 
tange à desclassificação do delito, demanda aprofundado 
revolvimento do conjunto probatório - vedado na via estreita do 
mandamus -, já que para que seja reconhecida a culpa consciente 
ou o dolo eventual, faz-se necessária uma análise minuciosa da 
conduta do paciente.
3. Afirmar se agiu com dolo eventual ou culpa consciente é 
tarefa que deve ser analisada pela Corte Popular, juiz natural da 
causa, de acordo com a narrativa dos fatos constantes da 
denúncia e com o auxílio do conjunto fático-probatório 
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Inteiro Teor do Acórdão - Página 18 de 32
Voto Vista
HC 107.801 / SP 
produzido no âmbito do devido processo legal, o que impede a 
análise do elemento subjetivo de sua conduta por este Sodalício.
4. Na hipótese, tendo a decisão impugnada asseverado 
que há provas da ocorrência do delito e indícios da autoria 
assestada ao paciente e tendo a provisional trazido a descrição 
da conduta com a indicação da existência de crime doloso 
contra a vida, sem proceder à qualquer juízo de valor acerca da 
sua motivação, não se evidencia o alegado constrangimento 
ilegal suportado em decorrência da pronúncia a título de dolo 
eventual, que depende de profundo estudo das provas, as quais 
deverão ser oportunamente sopesadas pelo Juízo competente 
no âmbito do procedimento próprio, dotado de cognição 
exauriente.
5. Ordem denegada.
Segundo consta nos autos, o paciente foi denunciado pela prática de 
homicídio qualificado (art. 121, 2º, IV c/c art. 18, I, segunda parte do 
Código Penal), porquanto teria, na direção de veículo automotor e sob o 
efeito de bebidas alcoólicas, atropelado a vítima, que veio a óbito.
 Pronunciado o paciente pelo delito de homicídio doloso, interpôs 
recurso em sentido estrito, que restou desprovido, ensejando a 
impetração de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça, alfim 
denegado.
 Nesta impetração, sustenta-se que o fato imputado ao paciente deve 
ser tipificado como homicídio culposo, uma vez que aplicável ao 
homicídio praticado em direção de veículo automotor por agente sob o 
efeito de bebidas alcoólicas o art. 302, inciso V, do CTB, na redação da Lei 
nº 11.275/06, in verbis:
Art. 302. ................
Parágrafo único. No homicídio culposo cometido na 
direção de veículo automotor, a pena é aumentada de um terço 
à metade, se o agente:
2 
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Supremo Tribunal Federal
HC 107.801 / SP 
produzido no âmbito do devido processo legal, o que impede a 
análise do elemento subjetivo de sua conduta por este Sodalício.
4. Na hipótese, tendo a decisão impugnada asseverado 
que há provas da ocorrência do delito e indícios da autoria 
assestada ao paciente e tendo a provisional trazido a descrição 
da conduta com a indicação da existência de crime doloso 
contra a vida, sem proceder à qualquer juízo de valor acerca da 
sua motivação, não se evidencia o alegado constrangimento 
ilegal suportado em decorrência da pronúncia a título de dolo 
eventual, que depende de profundo estudo das provas, as quais 
deverão ser oportunamente sopesadas pelo Juízo competente 
no âmbito do procedimento próprio, dotado de cognição 
exauriente.
5. Ordem denegada.
Segundo consta nos autos, o paciente foi denunciado pela prática de 
homicídio qualificado (art. 121, 2º, IV c/c art. 18, I, segunda parte do 
Código Penal), porquanto teria, na direção de veículo automotor e sob o 
efeito de bebidas alcoólicas, atropelado a vítima, que veio a óbito.
 Pronunciado o paciente pelo delito de homicídio doloso, interpôs 
recurso em sentido estrito, que restou desprovido, ensejando a 
impetração de habeas corpus no Superior Tribunal de Justiça, alfim 
denegado.
 Nesta impetração, sustenta-se que o fato imputado ao paciente deve 
ser tipificado como homicídio culposo, uma vez que aplicável ao 
homicídio praticado

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