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CURSO DE PSICOLOGIA (FORMAÇÃO DE PSICÓLOGO) Amanda Sousa Araujo D09JCF-0 Hellen Santana N794JB-8 Julia Gindre D077DH-7 Sabrina Araújo D0778E-5 Victor Martins C92423-7 TURMA PS4P22 TURMA PS3P22 JOGO DAS CORES PROIBIDAS Análise qualitativa da memória, atenção e percepção mediadas na criança CAMPUS PINHEIROS NOTURNO SÃO PAULO 2017/2 Amanda Sousa Araujo D09JCF-0 Hellen Santana N794JB-8 Julia Gindre D077DH-7 Sabrina Araújo D0778E-5 Victor Martins C92423-7 TURMA PS4P22 TURMA PS3P22 JOGO DAS CORES PROIBIDAS Análise qualitativa da memória, atenção e percepção mediadas na criança O objetivo deste trabalho consiste em expandir a compreensão sobre aspectos do desenvolvimento infantil, como memória, atenção e percepção mediadas, a partir da aplicação da atividade Jogo das Cores Proibidas, do autor Lev Semyonovich Vygotsky. Prof. Orientadora: Ruth Gheler. CAMPUS PINHEIROS NOTURNO SÃO PAULO 2017/2 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 04 2. MÉTODO .............................................................................................................. 05 2.1 Sujeitos .................................................................................................... 05 2.2 Ambiente e materiais ............................................................................... 05 2.3 Procedimento ........................................................................................... 05 3. RESULTADOS E ANÁLISE ................................................................................. 07 3.1. Relatório .................................................................................................. 07 3.1.1. Análise 1- Seis anos de idade ................................................... 07 3.1.2. Análise 2- Sete anos de idade .................................................. 09 3.1.3. Análise 3- Oito anos de idade ................................................... 10 3.1.4. Análise 4- Nove anos de idade ................................................. 12 3.1.5. Análise 5- Dez anos de idade ................................................... 14 4. CONSIDERALÇÕES FINAIS ............................................................................... 16 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 18 6. ANEXOS .............................................................................................................. 00 6.1 Termo de consentimento livre e esclarecido 1......................................... 00 6.2 Termo de consentimento livre e esclarecido 2 ........................................ 00 6.3 Termo de consentimento livre e esclarecido 3 ........................................ 00 6.4 Termo de consentimento livre e esclarecido 4 ........................................ 00 6.5 Termo de consentimento livre e esclarecido 5......................................... 00 6.6 Ficha com composição das horas 1 ........................................................ 00 6.7 Ficha com composição das horas 2 ........................................................ 00 6.8 Ficha com composição das horas 3 ........................................................ 00 6.9 Ficha com composição das horas 4 ........................................................ 00 7. Ficha com composição das horas 5 .......................................................... 00 4 1. INTRODUÇÃO O jogo das cores proibidas consiste em uma técnica criada pelo estudioso Lev Semyonovich Vygotsky, buscando observar e estudar aspectos do desenvolvimento do indivíduo, tais como atenção, memória e percepção mediadas por instrumentos ou signos. Para Vygotsky o mundo e o indivíduo devem ser estudados em conjunto, atentando-se também à questão sócio histórica, onde a aprendizagem ocorre através da interação com o outro. Desta forma, o autor procura medir as funções psicológicas superiores da criança, a forma como ela se comporta diante do jogo levando em conta sua condição social e cultural. O jogo é composto por três fases, antes de cada fase ser iniciada são ditadas suas regras, todas compostas de duas cores proibidas e ao falar o nome de uma cor, deve atentar-se para não repeti-la, e ao final de cada fase a criança se auto avalia através de perguntas padronizadas do próprio jogo. Através da aplicação do jogo das cores proibidas observa-se sua memória, percepção e atenção mediadas através das regras ditadas e a utilização da criança diante dos signos e objetos presentes e ausentes. No decorrer do jogo podemos observar a fala egocêntrica da criança diante da aplicação, onde ela organiza suas ideias em voz alta e procura memorizar repetindo as regras, tem crianças que já fazem uso da inteligência prática e mediação simbólica. O jogo das cores proibidas foi aplicado em crianças de respectivas idades de seis, sete, oito, nove e dez anos. Todas com a mesma classe social econômica (baixa), estudantes de escola pública e dentro dos critérios da avaliação. 5 2. MÉTODO 2.1. Sujeitos O estudo foi realizado com um grupo constituído por cinco crianças matriculadas em escolas públicas, possuindo bom desempenho escolar, sem a presença de atrasos em seu desenvolvimento cognitivo e visual. A faixa etária dos sujeitos alvos do estudo varia entre seis a dez anos de idade, todas residentes no estado de São Paulo (SP) e inclusas em nível sócio-econômico baixo. 2.2. Ambiente e materiais As aplicações do Jogo das Cores Proibidas, do estudioso Lev Semyonovich Vygotsky, foram realizadas em ambiente neutro, onde a criança alvo do estudo não se deparava com demais distrações durante a aplicação da atividade. Cada sessão de aplicação contou com lápis das cores preta, vermelha, azul, verde, amarela, branca, laranja e marrom, acompanhados de cartões contendo as respectivas cores. Foram utilizadas folhas de registro das respostas e comportamentos emitidos pelas crianças durante as sessões. 2.3. Procedimento Os procedimentos da pesquisa realizada foram baseados no experimento desenvolvido por Vygotsky, onde inicialmente, o pesquisador convidou a criança para jogar um jogo com ele onde esta iria responder uma série de questões e, em seguida, a instruiu sobre as regras desse jogo, que seriam a) não dizer o nome das duas cores proibidas estabelecidas em cada tarefa do jogo, que mudariam de acordo com tal tarefa e b) não repetir o nome das cores já respondidas anteriormente. Assim, a aplicação do jogo se seguiu, onde o pesquisador contou com um roteiro constituído por dezoito questões referentes a oito cores distintas, sendo elas preto, vermelho, azul, verde, amarelo, branco, laranja e marrom, em cada uma das três tarefas a serem aplicadas. As questões citadas se referiam sobre cores de objetos presentes no momento da aplicação do jogo e sobre objetos de 6 conhecimento da criança, porém ausentes no momento da aplicação do jogo, visando analisar o nível de memória mediada da criança. As tarefas contidas no roteiro da pesquisa se dividiam em três tipos: • Tarefa 1- responder questões sobre cores de objetos, presentes ou não no momento da aplicação do jogo, respeitando as instruções estabelecidas, sem o auxílio de cartões com tais cores ou da intervenção do aplicador para auxiliá-la a recordar-se das instruções de tal tarefa. • Tarefa 2- responder questões sobre coresde objetos, presentes ou não no momento da aplicação do jogo, utilizando os cartões com tais cores para ajudá-la a respeitar as instruções, porém sem a intervenção do aplicador. • Tarefa 3- responder questões sobre cores de objetos, presentes ou não no momento da aplicação do jogo, contando com o auxílio dos cartões com tais cores e com a intervenção do adulto aplicador que o ajudava a compreender a utilização dos cartões, fazendo com que a criança consiga com maior facilidade respeitar e lembrar das instruções de tal tarefa. Durante as três tarefas propostas e a cada questão o aplicador anotava comportamentos e respostas verbais ou corporais da criança em folhas de registro. Após o término da aplicação de cada tarefa, o aplicador perguntava à criança se esta pensava ter ganhado ou não o jogo, buscando analisar se a criança havia se recordado de cada instrução, mesmo que no fim atividade, percebendo e reconhecendo, ou não, os erros cometidos. 7 3. RESULTADOS E ANÁLISE 3.1. Relatório 3.1.1. Análise 1- Seis anos de idade A partir dos dados coletados durante a aplicação do Jogo das Cores Proibidas, devidamente anotados em folhas de registro, o aplicador analisou respostas verbais e comportamentais da criança alvo de cada pesquisa realizada, buscando compreender particularidades que as diferenciam das demais crianças de faixas etárias distintas. A criança escolhida para participar do estudo com a faixa etária de seis anos de idade se chama Luiza Gabriele, encontra-se matriculada em uma escola da rede privada contando com bolsa integral, e inclusa em classe social C, mediana. 1° Fase: Na primeira fase do jogo foram explicadas as regras apenas no início e não foram apresentadas as fixas de apoio. Neste momento pudemos notar grande presença do dialogo egocêntrico em todas as respostas a perguntas abstratas. A criança demonstrou muita segurança afirmando em vários momentos que o jogo era fácil e respondendo às perguntas com rapidez porem errou um grande número de perguntas o que deu a entender não ter entendido claramente as regras. Quando questionada no final da primeira aplicação sobre quais eram as cores proibidas a mesma já não se lembrava. Algumas das respostas envolveram cores que não estavam presentes no jogo mesmo quando as mesmas não eram as proibidas na rodada, por exemplo: Quando as cores proibidas eram amarelo e marrom foi mostrado um lápis vermelho e a criança respondeu rosa. Ao fim do experimento a criança afirmou acreditar ter acertado todas as respostas. 2° Fase: Já na segunda etapa quando foram apresentados os cartões mesmo sem ter informado claramente para que serviam automaticamente a criança passou a usá-los como mediadores levantando um cartão em quase todas as vezes que uma pergunta era feita, sendo a resposta uma cor proibida ou não. Manteve-se a presença do dialogo egocêntrico antes de responder as perguntas que exigiam raciocínio abstrato assim como um tempo maior de reflexão antes de apresentar a resposta. Em um dos casos a criança afirmou não saber a resposta apesar de objeto questionado estar presente no momento e a cor representada não estar entre as 8 proibidas ou ter sido citada até então. Em outro caso a criança apresentou uma resposta errada levantando o cartão mais logo em seguida trocou por outra gesticulando da mesma maneira. 3° Fase: Na terceira etapa prestei apoio à criança e ensinei uma técnica de separar os cartões das cores proibidas ou que já haviam sido citadas das cores que ainda podiam ser ditas, isso fez com que a criança respondesse mais lentamente já que agora parava para conferir os cartões antes de cada resposta. A presença do dialogo egocêntrico se manteve constante nas perguntas abstratas assim como a segurança da criança afirmada em diversos momentos que o jogo era muito fácil. Ao fim da aplicação quando questionada sobre acreditar ter acertado mais ou menos perguntas a mesma afirmou simplesmente: Ganhei! De uma maneira geral, pudemos observar grande habilidade no uso de objetos de apoio o que caracteriza uma boa interpretação dos signos, a criança gostou muito do processo de maneira que quando terminamos perguntou se poderíamos continuar brincando e se ela poderia ficar com as fixas. 9 3.1.2. Análise 2- Sete anos de idade A criança escolhida para participar do jogo com faixa etária de sete anos chama-se Renan, cursa o primeiro ano do ensino fundamental em uma escola da rede pública, e possui desempenho mediano em relação aos outros alunos. 1º fase: Durante a primeira fase do jogo, Renan se preocupou mais em responder rápido, não hesitando em responder nenhuma vez. Por esse motivo seu desempenho foi muito baixo, pois não conseguiu memorizar as cores já ditas e repetiu muitas vezes as cores. Em determinado momento questionou sobre quais cores já haviam sido ditas. Denota que seu desempenho foi comprometido pela ansiedade, pois não sabia o que aconteceria na sequência. Entretanto, quando questionado sobre seu desempenho ele responde com firmeza: “Eu ganhei com certeza”. 2º fase: Durante a segunda fase do jogo, Renan se manteve com a mesma ansiedade, porém com uma crítica maior sobre si mesmo. A todo o momento ele olhava para os cartões expostos em cima da mesa e em determinados momentos começou a colocar próximo a ele os cartões das cores que já havia dito. Todavia continuou repetindo as cores, porém em uma escala menor. Denota que mesmo sem explicações prévias, conseguiu desenvolver um sistema para responder as perguntas com o uso dos cartões, que embora falho, o ajudou a ser mais assertivo e quando questionado sobre o seu desempenho, respondeu com muita firmeza: “ Acertei todas! ” 3º fase: Durante a 3º fase, Renan se comportou de maneira muito mais confiante, pela vivencia anterior e também pela ajuda que estava recebendo. Sua assertividade foi muito superior do que nas outras etapas e sua confiança também, embora muitas vezes ficasse esperando dicas ou ao invés de responder perguntava se estava certo. Nessa etapa, sobressaiu no nosso analisado a tentativa de concertar as respostas erradas e as respostas foram mais demoradas e elaboradas e utilizou muito mais os cartões. Notamos que embora tivesse todo o suporte, alguns erros se mantiveram e quando questionado sobre o seu desempenho mais uma vez respondeu: “Eu ganhei, acertei todas”. 10 3.1.3. Análise 3- Oito anos de idade A criança da faixa etária de oito anos de idade na qual foi aplicado o jogo é de sexo feminino, se chama Bruna, pertence à classe social econômica baixa e estuda em escola da rede pública cursando o terceiro ano do ensino fundamental. 1° Fase: Na primeira fase do jogo Bruna ficou empolgada e percebe-se em primeiro momento o seu desejo em ganhar a todo custo. Foram ditas as regras do jogo e enfatizadas, porém ela somente focou em dizer as cores dos objetos e das figuras representativas, e todas obtiveram sucesso falando a cor correta, mas não se atentando a regra do jogo. No final quando perguntado como achou que havia se saído, respondeu: “Fui muito bem aceitei todas e ganhei a primeira fase”. 2° Fase: Na segunda fase, quando colocados os cartões sobre mesa Bruna ficou esperando as regras serem ditas, expressava ansiedade, mas soube esperar e quando ditadas às regras disse que havia entendido e que estava preparada. Bruna novamente teve o mesmo desempenho, disse as cores certas, porém sem se atentar as regras, nem mesmo se preocupou em observar os cartões para facilitar sua tarefa. Em determinados momentos que se percebe falta de concentração ao ouvir algum barulho, pequeno que seja, ou, em determinados momentos que ela parou para pensar,assim perdendo o foco. No final do jogo ela afirmou com toda convicção que foi muito bem e que ganhou aquela fase. Bruna nem se quer olhou os cartões para mediar suas respostas. E no final do jogo respondeu “Eu ganhei”. 3° Fase: Na terceira fase foram ditas as regras e Bruna estava atenta, sua orientação foi que poderia separar os dois cartões das cores proibidas e que se necessitasse poderia pedir ajuda. Ela estava confiante e então deu permissão para que começasse, porém novamente ela disse corretamente as cores, não se atentando as regras. Porém houve um momento o qual chamou atenção, onde ela não sabia o que era um abacate e substituiu o objeto ausente pela representação da dor do lápis de cor verde, e a mesma respondeu corretamente a cor E no final do jogo respondeu “Eu ganhei e estou orgulhosa de mim”. O desenvolvimento da Bruna na aplicação do jogo primeira fase foi baixo, foram instruídas as regras do jogo, porém houve dificuldade em memorizar e cumprir 11 as mesmas. Bruna estava ansiosa e não se atentou as regras, assim dizendo as cores proibidas e repetindo as que já havia dito, porém soube descrever corretamente as cores dos objetos presentes e ausentes e usava sua memória mediada, imaginando o objeto sem o mesmo estar presente no momento. Apresentava ansiedade e vontade intensa em ganhar. Na segunda fase foi interessante observar que no momento ao qual foram colocados os cartões sobre a mesa, estes não despertaram curiosidade, assim Bruna ficou esperando as regras e instruções serem ditas. Seu desempenho na segunda fase foi baixo, Bruna estava focava em ganhar, sua ansiedade estava atrapalhando sua memorização das regras, voltando novamente repetir as cores proibidas e as já ditas, não se atentou com os cartões como forma de mediador, tendo um desempenho baixo. Na terceira e última fase, Bruna foi orientanda que poderia organizar os cartões da forma que quisesse, e que se precisasse poderia pedir ajuda. Bruna, porém, teve o cuidado de separar dois cartões das cores proibidas para perto dela, e as demais deixou afastadas; não pediu ajuda, porém o desempenho foi semelhante às fases anteriores. Houve um momento do jogo o qual foi perguntado qual era a cor do abacate, ela ficou cantarolando baixo, pensando, olhando para os lados, após segundos perguntei se sabia o que era um abacate, e a mesma disse que não, foi onde o aplicador substituiu a questão e perguntou a cor do objeto que era o lápis verde e a mesma respondeu “essa é a cor verde”. Bruna respondia rapidamente as questões esquecendo-se das regras. Percebe-se que Bruna em nenhuma fase se atentou às regras, e perdeu nas três fases errando todas as perguntas. Estava ansiosa e queria ganhar. Gaguejava ao falar, mas fazia questão de responder imediatamente sem atentar-se se poderia ou não falar, ao iniciar cada fase o aplicador questionava e poderia começar respeitando assim seu ritmo, onde aparentemente Bruna prestava atenção nas regras. 12 3.1.4. Análise 4- Nove anos de idade A criança alvo do estudo com a faixa etária de nove anos de idade chama-se Agatha, encontra-se matriculada em uma escola da rede pública do estado de São Paulo cursando o ensino fundamental, possui bom desempenho escolar e social, e pertence a nível sócio-econômico médio, morando com sua mãe irmã mais velha. 1° Fase: Durante a primeira fase da aplicação do jogo, a criança demonstrou lembrar mais facilmente da primeira regra, referente a não dizer o nome das cores proibidas durante cada tarefa, cometendo certos erros por esquecê-la, muitas vezes, além de preocupar-se em responder rapidamente às questões, sem demonstrar dúvidas ao responde-las. A segunda regra, de não repetir as cores já mencionadas anteriormente, deixou de ser seguida com maior frequência durante a realização das três tarefas, uma vez que a criança se concentrava excessivamente à primeira instrução, demonstrando, assim, possuir maior compreensão ou facilidade em obedecê-la. É interessante mencionar que durante o início da primeira tarefa, que possuía as cores verde e amarela como proibidas, a criança demonstra possuir dúvidas sobre quais cores pode ou não dizer, mantendo a fala egocêntrica na tentativa de recordar todas as instruções, muitas vezes e em mais de uma tarefa, repetindo a pergunta que lhe era feita como se pensasse em voz alta consigo mesma, sempre olhando ao redor do espaço buscando encontrar algum objeto que apresentasse a cor pertencente à pergunta, demonstrando assim que estava interessada em obedecer as instruções e ganhar o jogo. Muitas vezes, chegava a começar a mencionar o nome da cor proibida, pausando sua fala pela metade ao lembrar-se da regra que se aplicava àquela cor e, consequentemente, apontava para um objeto de cor semelhante pertencente ao local da aplicação. Este ato demonstrou como a criança aprendeu a primeira instrução, mesmo que notasse seu pequeno erro quase tardiamente. Desta forma, nota-se que seu desempenho durante a primeira tarefa foi influenciado fortemente pela insegurança ao buscar lembrar-se das regras, demonstrando muitas dúvidas referentes às respostas. Quando questionada sobre seu desempenho, ela responde com timidez que não acha que venceu essa tarefa porque errou algumas questões. 13 2° Fase: Durante a aplicação da segunda tarefa, a criança demonstrou insegurança excessiva ao responder diversas questões, deixando de mencionar o nome de muitas cores, mesmo após o aplicador explicar quais seriam as cores proibidas naquele momento. Desta forma, a criança somente apontava para os cartões com as respectivas cores ou objetos de cor semelhante a cor contida na questão que lhe era direcionada. Este ato demonstrou como a criança estava motivada a obedecer às regras e ganhar o jogo, criando uma alternativa de responder as questões sem prejudicar seu desempenho no jogo. A fala egocêntrica ainda se faz muito presente, uma vez que Agatha, em algumas questões, fala a cor para si mesma em voz baixa notando que esta seria a cor proibida daquela tarefa, optando por responder à questão ao apontar para um objeto de cor semelhante. Da mesma forma, a criança busca repetir com frequência a questão que lhe é direcionada na tentativa de lembrar-se das instruções e ganhar tempo para responder à questão, buscando acertá-la. Compreende-se que, mesmo sem devida explicação sobre como deveria fazer uso dos cartões, a criança consegue utilizá-los na tentativa de alcançar seu objetivo de ganhar o jogo, mesmo com certa insegurança. Quando questionada sobre seu desempenho, Agatha responde que acha que ainda não conseguiu ganhar porque errou muitas questões. 3º Fase: Durante a aplicação da terceira tarefa, a criança já demonstrava maior domínio sobre o uso dos cartões como facilitadores da tarefa, contando com pouca ajuda do aplicador em determinados momentos que demonstrava dúvida sobre como utilizá-los. Demonstrou mais segurança ao responder as questões, uma vez que conseguia recordar-se melhor das duas regras, cometendo menos erros quando comparado às tarefas anteriores. Desta forma, nota-se que mesmo contando com a ajuda do aplicador e dos cartões, alguns erros permaneceram, porém com frequência mais baixa. Quando questionada sobre seu desempenho naquela tarefa, a criança responde que acha que conseguiu ganha-la, mas errou uma das últimas questões por notar que repetiu uma cor que já fora mencionada. 14 3.1.5. Análise 5- Dez anos de idade A criança que escolhemos para participar do jogo com faixa etária de dez anos chama-se Gabriel, cursando o quinto ano do ensino fundamental em escola da rede pública, possuindo o desempenho bom em relação aos outros alunos. 1ª Fase - Ao explicar as regras da primeira fase, Gabriel se mostrou animado e curiosoreferente ao jogo, prestou cuidadosamente atenção as regras e iniciamos a aplicação do jogo. Inicialmente, respondeu as seis perguntas sem erros A e B, mas aos poucos, as regras foram sendo esquecidas, com isso ocorreram alguns erros. Quando chegou à metade da atividade, questionou o aplicador sobre quais as cores que não poderiam ser ditas, se esforçou para lembrar, mas houveram dificuldades. Denota que seu desempenho, mesmo com dificuldades, foi mediano, devido a média de acertos. Entretanto, ao ser questionado sobre seu despenho, disse com firmeza que não ganhara, pois por um momento esqueceu-se das regras que foram ditas inicialmente. 2ª Fase - Na segunda fase, inicialmente, Gabriel se confundiu com as regras da primeira fase, referente as cores que eram proibidas, mesmo não sendo explicada e iniciada a aplicação. Mas após a explicação, se concentrou e afirmou que dessa vez iria ganhar. Mas novamente, após as sete primeiras perguntas sem erros A ou B, seu desempenho decaiu, mesmo com os cartões para auxiliá-lo. Gabriel não os utilizou por nenhum momento, ao invés disso, ficou questionando o porquê dos cartões, mesmo sendo avisado que estes poderiam ajudá-lo a ganhar o jogo. Por vários momentos, repetiu as cores e falou ''eu não posso dizer essa cor'', sem a cor estar aplicada na regra, além de tentar consertar o erro. Nitidamente seu desempenho, comparado a primeira fase, decaiu. Ao ser questionado novamente se havia ganhado, respondeu que não, pois no meio do jogo se confundiu referente as cores que não poderia dizer. 15 3ª Fase - Na terceira fase, Gabriel já havia entendido que as cores proibidas seriam outras, mas já de início confundiu a cor do objeto proposto, ocorrendo dois erros iniciais. Porém, ao decorrer da fase, seu desempenho melhorou de forma muito notável, contabilizando apenas um erro B no resto da aplicação da mesma. Sua confiança foi percebível, aumentando seu desempenho e consequentemente sua motivação em ganhar. Os cartões de auxilio, foram um dos motivos dessa melhora, pois ele removia toda cor que havia sido dita, sabendo que não poderia falar o nome dela novamente. Entretanto, mesmo havendo essa melhora no desempenho, ao ser questionado se achava ter acertado, novamente afirmou que não, mas que havia melhorado e se adaptado melhor as regras. Em alguns momentos, ele respondia a algumas perguntas com incerteza, mas que acreditava ser o mais correto. 16 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS O jogo das cores proibidas criado por Lev Vygotsky procura medir a memória da criança e a sua utilização de instrumentos e signos culturais como mediadores de tal percepção. Lev Vygotsky também dentro de sua teoria procura avaliar a fala egocêntrica, tal utilizada pela criança no momento que utiliza seu pensamento e procura organizar suas ideias e memorização muita das vezes falada em voz alta, “A linguagem ordena e organiza a realidade, seja no subjetivo ou no social”. Foi aplicado o jogo das cores proibidas em crianças de faixa etária entre 6 a 10 anos, todas com a mesma classe econômica, e cursando o ensino fundamental em escola publica. É importante sempre frisar que o homem hoje tem toda uma estrutura sócio- histórica, e o desenvolvimento de cada criança é individual, levando em conta sua classe econômica, escolaridade, ambiente em que vive entre outros fatores culturais o que influencia diretamente no seu conhecimento sob o mundo como consciência, imaginação, memoria mediada, linguagem social e pensamento. O individuo é um agente transformador dentro da sociedade através de interações e aprendizagem constante, o qual se deve levar em conta o desempenho de cada um, sendo ele bom ou baixo. Segundo a teoria de Lev Vygotsky a faixa etária crescente teria um desempenho melhor, porém não obteve esta relação ou perspectiva dentro do teste aplicado nas crianças escolhidas, as crianças mais novas tiveram melhor desempenho das mais velhas. Houve crianças que atentaram-se que era um jogo, outras crianças entenderam que deveriam ganhar, sem atentar-se às regras. Todas as crianças fizeram uso da fala egocêntrica no inicio do jogo, que é importante dentro da abordagem para tais idades, o individuo faz uso fala egocêntrica como um instrumento do pensamento, organiza as ideias e procura resolver os problemas que seriam resolvidos somente no âmbito do pensamento e raciocínio, ela usa sua interação intrapsíquica (individual). As crianças de idade 6,7,9 e 10 fizeram o uso da memória mediada por signos, na qual foi oferecido os cartões e a partir dai tiveram melhor desempenho do que na primeira fase. Na terceira fase o desempenho aumenta, onde a criança tem acesso a ajuda do adulto, aprimorando sua interação social, ou seja, interpsiquico. 17 Na aplicação do jogo quando é proposto a utilização dos cartões a criança começa a deixar de usar a fala egocêntrica e utiliza as representações, possibilitando a utilização da memoria mediada. É interessante que na terceira fase ela tem a possibilidade de utilizar a memoria mediada através dos cartões e a interação com o aplicador aprimorando seu aprendizado, assim amadurecendo seu desenvolvimento. 18 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS MALUF, Maria Regina; MOZZER, Geisa Nunes de Souza. Operações com Signos em Crianças de 5 a 7 anos. Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; Universidade de São Paulo. São Paulo, v. 16, n. 1, Jun- Abr 2000, p. 063-069. OLIVEIRA, Marte Kohl de. Vygotsky Aprendizado e desenvolvimento: Um processo sócio-histótico. 4. Ed. São Paulo: Scipione, 1993.
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