Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Hanseníase Prof. Flávio M. Hercules Definição: doença infecto-contagiosa, de evolução lenta, que se manifesta principalmente através de sinais e sintomas dermatoneurológicos. Etiologia: Mycobacterium leprae Hanseníase Características do bacilo: Vida intracelular obrigatória Afinidade por células cutâneas e dos nervos Tempo de multiplicação lento (11 a 16 dias) Reservatório: homem Hanseníase Transmissão: Fonte de infecção: doente MB não tratado Eliminação do bacilo: vias aéreas superiores Porta de entrada do bacilo: vias aéreas superiores É necessário contato direto com pessoa doente não tratada Hanseníase Período de incubação: 2 a 7 anos Faixa etária: Raro acometimento na infância. As crianças adoecem mais quando há uma maior prevalência da doença. Sexo: A incidência é um pouco maior nos homens. Hanseníase Risco de Adoecer Fatores individuais de suscetibilidade ou resistência: somente 5 a 10% das pessoas adoecem. Nível da endemia Condições socioeconômicas desfavoráveis Elevado número de pessoas convivendo num mesmo ambiente Hanseníase HLA-DR2 / HLA-DR3 Forma Paucibacilar TH-1 ´-INF, TNFα, IL-2 HLA-DQ1 Forma Multibacilar TH-2 IL-4, IL-10, TGF Infecção pelo M. leprae Desenvolvimento de doença Sem doença 90-95% 2 a 5 anos Evolução da infecção pelo M. leprae Portinari ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS SITUAÇÃO DA HANSENÍASE NO MUNDO SITUAÇÃO DA HANSENÍASE NO BRASIL Taxa de prevalência de hanseníase por 10 mil habitantes. Brasil 2011 Classificação da hanseníase Classificação operacional do MS e OMS: Baseada no n°de lesões: Paucibacilar: Até 5 lesões. Multibacilar: Mais de 5 lesões. Classificação da hanseníase Classificação de Madrid (utilizada na ficha de notificação do SINAN) Hanseníase Indeterminada Hanseníase Tuberculóide Hanseníase Dimorfa Hanseníase Virchowiana Escala de Ridley e Jopling HI HT HDT HDD HDV HV Mitsuda + IB - Mitsuda - IB + Imunidade celular Imunidade humoral Hanseníase neural pura Hanseníase indeterminada Hanseníase indeterminada Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Hanseníase indeterminada Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Hanseníase tuberculóide Hanseníase tuberculóide Hanseníase tuberculóide Hanseníase tuberculóide Hanseníase tuberculóide Hanseníase tuberculóide Hanseníase tuberculóide (hanseníase nodular infantil) Hanseníase tuberculóide Hanseníase tuberculóide Hanseníase virchowiana (HV) Hanseníase virchowiana (HV) Hanseníase virchowiana (HV) Fonte Atlas de hanseníase da OMS Hanseníase Virchowiana Hanseníase virchowiana (HV) Hanseníase virchowiana (HV) Hanseníase dimorfa (borderline) Hanseníase dimorfo tuberculóide Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Hanseníase Dimorfo- dimorfo Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Lesão foveolar Hanseníase Dimorfo- dimorfo Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Hanseníase Dimorfo- dimorfo Hanseníase Dimorfo- dimorfo Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Hanseníase Dimorfo- Virchowiana Hanseníase Dimorfo- Virchowiana Hanseníase Dimorfo- Virchowiana Estados reacionais hansênicos Estados reacionais Reação tipo 1 (reação reversa) Reação tipo 2 Estados reacionais Neurite: pode ocorrer na reação tipo 1 e tipo 2 Fenômeno de Lúcio: reação grave, exclusiva do virchowiano. Reação tipo 1 (reação reversa) Reação reversa ou tipo 1 Quadro clínico: Aumento ou aparecimento de novas áreas hipoestésicas ou anestésicas. Comprometimento sistêmico não é freqüente. Neurite. Pode ocorrer aparecimento brusco de mão em garra ou de pé caído. Sem alterações hematológicas PB ou MB Aspectos clínicos diferenciais da RR em pacientes com hanseníase PB e MB Reação reversa Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Reação reversa Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Reação reversa Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Reação reversa Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Reação reversa Reação reversa HIV + Reação reversa Reação reversa Reação reversa Reação tipo 2 Reação tipo 2 Somente nos MB Maioria é HV, alguns HDV Eritema Nodoso Hansênico Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Fonte: Atlas de hanseníase da OMS Outras manifestações de reação tipo 2: Mãos e pés reacionais. Irite, iridociclite, epistaxe, orquite, linfadenite. Comprometimento gradual dos troncos nervosos. Leucocitose com desvio para a esquerda, anemia e aumento de imunoglobulinas. Iridociclite Fonte: Manual de hanseníase do Ministério da Saúde ano 2002 Adenite reacional hansênica Fenômeno de Lúcio Fenômeno de Lúcio Diagnóstico da hanseníase Diagnóstico da hanseníase Diagnóstico clínico: avaliação dermatológica e dos nervos periféricos. Exames complementares: Baciloscopia Histopatologia Teste da histamina Teste da pilocarpina Avaliação dermatológica Pesquisa da sensibilidade nas lesões: Sensibilidade térmica a) Algodão embebido em éter. Sensibilidade dolorosa a) Leve pressão com ponta do alfinete ou da agulha. Sensibilidade tátil a) Mecha de algodão Avaliação neurológica 1) Inspeção dos olhos, nariz, membros superiores e inferiores 2) Palpação dos troncos nervosos periféricos 3) Avaliação da força muscular 4) Teste da mobilidade articular das mãos e pés 5) Avaliação da sensibilidade dos olhos, membros superiores e inferiores Avaliação da sensibilidade pelo estesiômetro (monofilamento) Locais de pesquisa da sensibilidade pelo monofilamento 1- N.mediano 2- N ulnar 3- N.radial 3 1 1 1 2 2 2 4- N. fibular 5- N. tibial posterior 4 55 5 5 5 5 5 5 5 Exames complementares Baciloscopia Baciloscopia Baciloscopia Baciloscopia Histopatologia Hanseníase indeterminada Hanseníase tuberculóide dimorfa-tuberculóide Hanseníase dimorfo-virchowiano Hanseníase virchowiana Hanseníase multibacilar - MHV Infiltrado difuso de macrófagos vacuolizados Coloração de Ziehl-Neelsen Bacilos álcool-ácido resistentes - globias Incapacidades Físicas Grau zero: Incapacidades Físicas Grau 1: Grau 2 ocular Opacidade corneana Catarata Triquíase Lagoftalmo Ectrópio Lagoftalmo Incapacidades Físicas Grau 2 Garra ulnar Garra ulnar e mediana Mão caída Lesões tróficas ou traumáticas Panarício Pé caído Mal perfurante plantar Mal perfurante plantar Mal perfurante plantar Mal perfurante plantar Reabsorção óssea e Mal perfurante plantar Tratamento Esquema Paucibacilar PQT-PB adulto PQT-PB infantil Dose mensal Critério de alta por cura: 6 doses em até 9 meses Esquema Multibacilar PQT-MB adulto PQT-MB infantil Dose mensal Critério de alta por cura: 12 doses em até 18 meses Tratamento Tratamento Tratamento Situações especiais no tratamento Gravidez: não há contra-indicação ao uso da PQT. Paciente com Tuberculose: PB: acrescentar dapsona ao esquema RIP MB: acrescentar dapsona e clofazimina ao esquema RIP. Paciente com SIDA: Não há contra-indicação ao uso da PQT. Esquemas para intolerância a dapsonaEsquemas para intolerância a rifampicina Esquemas para intolerância a rifampicina Esquemas para intolerância a dapsona e rifampicina Esquemas para intolerância a dapsona e rifampicina Em até 36 meses Considerações sobre o tratamento Considerações sobre o tratamento Tratamento das reações hansênicas Tratamento da reação tipo 1 • Pesquisar fatores potencialmente capazes de desencadear estados reacionais: gravidez, lactação, stress físico e/ou psíquico, infecções e medicamentos (ex: iodeto de potássio). • Reação reversa: prednisona 1 mg/Kg. • Neurite: Prednisona 1 a 2 mg/Kg/dia, dose única e matinal. Avaliar imobilização do membro. Repouso A prednisona pode ser associada a clofazimina dose inicial 300 mg/dia por 30 dias, 200 mg/dia por mais 30 dias e 100 mg/dia por mais 30dias Tratamento da reação tipo 1 Cuidados no uso da prednisona: Registrar peso, pressão arterial e glicemia antes e durante o uso da prednisona. Investigar doenças prévias que podem se agravar durante o uso do corticosteróide: infecções, HAS, diabetes, cardiopatia, osteoporose, obesidade, catarata. Profilaxia de estrongiloidíase: Prevenção de osteoporose Xarope de KCl a 6% nos pacientes com queixas sugestivas de hipopotassemia (caimbras). Profilaxia para Strongiloydes stercoralis: - Tiabendazol 50 mg/kg/dia, em 2 tomadas por 2 dias ou 1,5 g/dose única - Albendazol na dose de 400 mg/dia, durante 3 dias consecutivos. Profilaxia da osteoporose: Cálcio 1000 mg/dia Vitamina D 400-800 UI/dia ou Bifosfonatos (por exemplo, Alendronato 10 mg/dia, administrado com água, pela manhã, em jejum. OBS: Recomenda-se que o desjejum ou outra alimentação matinal deve ser realizado(a), no mínimo, 30 minutos após a ingestão do comprimido do alendronato). Tratamento da reação tipo 2 1) Talidomida: 100 a 400 mg /dia Homens e mulheres em idade não fértil 2) Prednisona: dose 1mg/Kg Mulheres em idade fértil Tratamento da reação tipo 2 Homens e mulheres em idade não fértil que apresentem: - Eritema nodoso necrotizante - Irite ou iridociclite - Orquiepididimite - Mãos e pés reacionais - Nefrite - Fenômeno de Lúcio 3) Talidomida + Prednisona Tratamento da reação tipo 2 4) Pentoxifilina: Dose: 1 comp de 400mg 1x ao dia na 1ª semana, 1comp de 12/12 h na 2ª semana e a partir da terceira semana 1comp de 8/8h. Associa-se prednisona 0,5mg/Kg/dia. Após melhora do quadro, reduzir a dose da prednisona em prazo médio de 20 a 30 dias, mantendo a pentoxifilina por 2 a 3 meses, dependendo da evolução do quadro. Tratamento cirúrgico das neurites Indicações: Abscesso de nervo, Neurites subintrantes, Neurite que não responde ao tratamento padrão dentro de 4 semanas, Neurite do tibial posterior. Tratamento da neuropatia crônica Amitriptilina, Carbamazepina, Gabapentina, Cloridrato de clorpromazina. Vigilância Epidemiológica Exame de contactantes, Vacina BCG, Busca ativa dos faltosos e em abandono do tratamento, Educação em saúde. Monitoramento dos indicadores epidemiológicos. Vigilância Epidemiológica Vacina BCG Busca ativa dos faltosos e em abandono do tratamento
Compartilhar