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PPoorr DDrr.. FFeerrnnaannddoo KKuubbiittzzaa ee PPuubblliiccaaddoo nnoo PPaannoorraammaa ddaa AAqqüüiiccuullttuurraa 11999999 ‐‐ 22000088 UUmmaa CCoolleeççããoo ddee AArrttiiggooss ssoobbrree TTiillááppiiaa Indice Nutrição e alimentação de tilápias - Parte 1 - 1999 ................................................................. 4 Nutrição e alimentação de tilápias - Parte 2 – Final - 1999 .....................................................14 Qualidade da água, sistemas de cultivo, planjamento da produção, manejo nutricional e alimentar e sanidade - Parte 1 - 2000 ..................................................................................24 Qualidade da água, sistemas de cultivo, planjamento da produção, manejo nutricional e alimentar e sanidade - Parte 2 - 2000 ..................................................................................35 Questões freqüentes dos produtores sobre a qualidade dos alevinos de tilapia - 2006 .............53 Ajustes na nutrição e alimentação das tilápias - 2006 ............................................................63 Tilápias na bola de cristal - 2007 ..........................................................................................74 Tilápias na mira dos patógenos - 2008 .................................................................................82 Estes artigos foram selecionados de artigos referenciados publicados no Panorama da Aqüicultura 1999-2008. Distribuído com permissão do Panorama da Aqüicultura Ltda. pelo Southern Ocean Education and Development Project, CIDA/Univ. of Victoria, Canada. Agosto 2009 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999 Nutrição e Alimentação de Tilápias - Parte 1 Por: Fernando Kubitza, Ph.D. - Consultoria e Treinamento em Aqüicultura Tilápia: um produto internacional As importações de tilápias pelos paí- ses norte americanos e europeus crescem ano a ano e conferem à carne da tilápia o status de “commodity” internacional. As importações de tilápia pelos Estados Unidos podem ser usadas como um termômetro do potencial de mercado deste produto. Em 1993, os EUA importou 11,3 mil to- neladas de tilápia (10% como filés e 90% como peixe inteiro congelado). Em 1996 este montante cresceu 68%, ultrapassando 19 mil toneladas, sendo 20% na forma de filés e 80% como peixe inteiro congelado. Costa Rica, Taiwan, Indonésia e Equador lideraram as exportações de filés para os Estados Unidos em 1996 (28%, 16%, 15% e 15%, respectivamente, do total importado). Taiwan detém a primazia nas exportações de peixe inteiro congelado (95% do total importado pelos EUA em 1996). De acordo com as informações apresen- tadas por Fitzsimmons e Posadas (1997), os preços pagos pelos importadores de países latino americanos são ao redor de US$ 1,25/ kg pelo peixe inteiro (Honduras e Costa Rica) e US$ 5,50/kg de filé FOB Miami (Colômbia). Peixes inteiros de Taiwan são vendidos entre US$ 1,45 a 1,65/kg. O mer- cado japonês chega a pagar preços de US$ 7,4 a 10/kg para tilápias frescas de grande tamanho e qualidade para sashimi. Em curto prazo o Brasil pode se tor- nar o maior produtor de tilápia cultivada no mundo. Para abocanhar uma fatia do mercado internacional é preciso que a tilápia brasileira tenha preço e qualida- de competitivos comparados aos países asiáticos e latino-americanos tradicionais exportadores de tilápias. Estes requisitos também são necessários para conquistar e dividir espaço com outras carnes no mer- cado interno. No sudeste do Brasil o custo de produção de tilápias em viveiros varia entre R$ 0,9 a 1,0/kg. Em tanques-rede e raceways este custo normalmente ultra- passa R$ 1,20/kg. Devido a instabilidade do Real, o autor não se atreve a calcular este custo em dólares, tarefa que fica para o leitor. No entanto, por conta da recente alta do dólar, hoje estes preços parecem competitivos para exportação. Faltam volume de produção (bastante pulverizada entre milhares de pequenos produtores), padronização da qualidade do produto e dentre mais de 70 espécies de tilápias, a maioria delas oriundas da áfrica, apenas três conquistaram destaque na aquicultura mundial: a tilápia do Nilo Oreochromis niloticus; a tilápia azul ou áurea Oreochromis aureus; e a tilápia de mossambique Oreo- chromis mossambicus. A estas 3 espécies somam-se os seus mutantes e híbridos, com cores variando do branco ao vermelho e, genericamente, chamados de tilápias vermelhas. Atrás apenas das carpas, as tilápias estão entre os peixes de água doce de maior volume de produção. A pesca e a aqui- cultura mundial produziram 855 mil toneladas anuais de tilápia em 1990. A FAo relatou um aumento na produção de tilápias para 1,1 milhão de toneladas em 1994, ou seja um incremento de 245 mil toneladas atribuído à aqüicul- tura. lovshin (1997) estimou que 800.000 toneladas anuais de tilápias são produzidas em cultivo. Esta produção se iguala à captura anual de pescado em águas oceânicas e interiores no Brasil. 42 Obs.: Devido a sua extensão este artigo será editado em duas partes consecutivas. Tilápias vermelhas desenvolvidas com estratégias adequadas de manejo alimentar Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999 43 abertura dos canais para exportação. O potencial para tilapicultura no Nordeste, principalmente em Alagoas, Bahia, Ceará, Pernambuco e Sergipe e, no Centro-Oeste, particularmente Goiás*, vem atraindo o interesse de empresas nacionais e estrangeiras. Ao contrário do Centro-Oeste, rico em soja, milho e outros grãos, grande parte do nordeste ressente da insuficiência e altos preços destes in- sumos, o que encarece o custo das rações. O avanço da produção de soja, milho e outros grãos em áreas como o oeste baiano, Tocantins e sul do Maranhão, aliados a investimentos governamentais em infra- estrutura para escoamento da produção (hidro, rodo e ferrovias) podem viabilizar a chegada de grãos no Nordeste a preços mais competitivos. Ambas as regiões são privilegiadas com temperaturas elevadas o ano todo e intensa radiação solar. Isto favorece a produção de plâncton (alimento de grande qualidade e baixo custo) e o crescimento das tilápias. O uso de siste- mas que combinem o aproveitamento do alimento natural disponível com rações granuladas suplementares será o caminho para a produção anual contínua de tilápias com qualidade, a um custo inigualável, em volumes suficientes para o mercado interno e exportação. Tilápias podem ser produzidas a um baixo custo. Para isto é necessário explorar a sua habilidade em aproveitar alimentos naturais e ado- tar estratégias adequadas de manejo nutricional e alimentar nas diferentes fases de cultivo. O pre- sente trabalho resume as exigências nutricionais de tilápias e as estratégias de alimentação das diversas fases de desenvolvimento e sistemas de cultivo. 1. Importância da nutrição e alimentação Em função do sistema de produção adotado, as rações podem compor 40 a 70% do custo de produção, represen- tando o principal item de custo na pis- cicultura intensiva de tilápias. Portanto, uma das maneiras mais eficazes dos produtores minimizarem este custo é ajustar adequadamente a qualidade das rações e o manejo alimentar às diferentes fases de produção e ao sistema de cultivo utilizado. A adequada nutrição e manejo alimentar: Possibilita o melhor aproveitamento do potencial de crescimento dos peixes. Acelera o crescimento dos peixes, au- mentando o número de safras anuais. Melhora a eficiência alimentar, mini- mizando os custos de produção. Reduz o impacto poluente dos efluentes da piscicultura intensiva, contribuindo para o aumento da produtividade por área de produção. Confere adequada saúde e maior tole- rância às doenças e parasitoses. Melhora a tolerância dos peixes ao manuseio e transporte vivo. Aumenta o desempenho reprodutivo das matrizes e a qualidade das pós-larvas e alevinos. E, consequentemente, possibilita otimi- zar a produção e maximizar as receitas da piscicultura. 2. Nutrientes essenciais e exigências nutricionais das tilápias Através dos alimentos disponíveis ou oferecidos, os animais devem obter suficientes quantidades de nutrientes essen- ciais de forma a garantir a normalidade de seus processos fisiológicos e metabólicos, assegurando adequado crescimento, saúde e reprodução. De uma forma geral, com algumas particularidades dependendo da espécie, é reconhecido que os peixes apresentam exigências em pelo menos 44 nutrientes essenciais, que incluem a água, * Consideramos atualmente apenas Goiás e Distrito Fe- deral, visto que o cultivo de tilápias foi proibido no Mato Grosso e nas áreas do Mato Grosso do Sul que abastecem a Bacia do Rio Paraguai (Pantanal). “As rações podem com- por 40% a 70% do custo de produção, represen- tando o principal item de custo na piscicultura intensiva de tilápias.” Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999 aminoácidos essenciais, energia, ácidos graxos essenciais, vitaminas, minerais e carotenóides. 2.1. Aminoácidos essenciais Os aminoácidos são unidades formado- ras das proteínas, portanto de fundamental importância na formação de tecido muscu- lar (crescimento) dos animais. Como para a maioria dos animais, os peixes necessi- tam de 10 aminoácidos essenciais em sua dieta. As exigências destes aminoácidos em rações nutricionalmente completas para tilápia do Nilo são apresentadas na Tabela 1. A Tabela 2 resume alguns resultados de estudos quantificando as exigências em proteína de tilápias em diferentes fases de desenvolvimento. Sinais indicativos da deficiência em proteínas e aminoácidos são: atraso no crescimento, piora na conversão alimentar, redução no apetite e, em alguns casos, deformidades na coluna (triptofano) e cataratas (metionina). 2.2. Energia Os animais necessitam de energia para a manutenção de processos fisiológicos e metabólicos vitais, para as atividades rotineiras, o crescimento e a reprodução. Esta energia provém do metabolismo de 44 “ O conhecimento da energia digestível dos alimentos é fundamental para a formulação de rações suplementares e completas para as tilápias. ” 45 carboidratos, lipídios (gorduras e óleos) e proteínas. Os peixes são mais eficientes no uso da energia comparados às aves e aos mamíferos, pois não gastam energia para regular a temperatura corporal. Desta forma, grande parte da energia é utilizada para crescimento. Este é um dos fatores que explicam os melhores índices de conversão alimentar dos peixes (0,9 a 1,8) comparados às aves (1,6 a 1,9) e suínos (2,5 a 2,9). Tilápias aproveitam bem carboidratos e gorduras como fonte de energia, pou- pando assim a proteína das rações para crescimento. O balanço energia digestível/ proteína (ED/PB) nas rações é fundamen- tal para maximizar a eficiência alimentar e o crescimento dos peixes. Além disso, também determina a composição corporal em gordura. A relação ED/PB em rações completas para tilápias deve variar de 8 a 10 kcal ED/g de PB. Alta ED/PB resulta em excessiva deposição de gordura visce- ral, reduzindo o rendimento de carcaça no processamento. Por outro lado, uma baixa ED/PB faz os peixes utilizarem proteína como fonte de energia, prejudicando o crescimento e a conversão alimentar. O conhecimento da energia digestível dos alimentos é fundamental para a for- mulação de rações suplementares e com- pletas para as tilápias. A Tabela 3 resume informações sobre a energia digestível dos principais ingredientes utilizados em rações comerciais para tilápias. A energia digestível das rações de- pende da combinação dos ingredientes, da habilidade digestiva dos peixes, do grau de moagem e do tipo de processamento (pele- tização, extrusão seca, extrusão úmida) que determina o grau de gelatinização do amido e a destruição de fatores anti-nutricionais presentes nos alimentos. 2.3. Ácidos graxos essenciais Os ácidos graxos são os componentes dos lipídios (óleos e gorduras). Ácidos graxos essenciais são aqueles que não podem ser sintetizados pelo organismo animal a partir de outro ácido graxo ou qualquer outro precursor. Portanto, os peixes obtém os ácidos graxos essenciais via ração ou alimentos naturais disponíveis no ambiente de cultivo. As exigências em ácidos graxos essen- ciais são bastante distintas entre os peixes de clima frio e temperado e os peixes tropicais. Peixes de águas frias e temperadas, como os salmonídeos e o bagre-do-canal, bem como as espécies marinhas, apresentam exigências em ácidos graxos polinsaturados da família ω-3. Os principais ácidos graxos desta família são o ácido linolênico - 18:3, ácido eicosapentenóico (EPA) - 20:5 e o ácido docosahexenóico (DHA) - 22:6. Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999 “A intensificação do cultivo das tilápias no Brasil, em sistemas onde a disponibilidade de alimento natural é limitada, aumentou a incidência de desordens nutricionais devido ao inadequado enriquecimento vitamínico e mineral das rações.” Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999 46 Estes ácidos graxos são bastante abundantes nos organismos planctônicos e nos óleos de peixes marinhos. Os peixes tropicais e de água doce, como as tilápias, geralmente apresentam apenas exigência em ácidos graxos da família ω-6 (ou ácidos graxos da família do linoléico - 18:2). Takeuchi et al. (1983) observou que alevinos de tilápia do Nilo necessitam pelo menos 1% de ácido lino- léico (18:2) em rações completas. Esta exi- gência é de 2% para a tilápia azul (Stickney e McGeachin 1983).Os ácidos graxos são importantes componentes das membranas celulares e servem como fonte de energia, principalmente para as espécies carnívoras que apresentam baixa capacidade de apro- veitamento de carboidratos. Os sinais de deficiência em ácidos graxos são: atraso no crescimento, redução na eficiência alimen- tar, podridão das nadadeiras, síndrome do choque, reduzido desempenho reprodutivo e alta mortalidade. 2.4. Minerais e vitaminas Minerais e vitaminas desempenham papel importante na formação dos tecidos ósseos e sanguíneos, no crescimento mus- cular e em diversos processos metabólicos e fisiológicos essenciais para o adequado crescimento, saúde e reprodução dos animais. Embora as exigências minerais e vitamínicas dos principais peixes cultiva- dos já sejam conhecidas, até o momento pouca atenção foi dada a este assunto na nutrição das tilápias. Uma das razões está no fato da maioria dos sistemas de cultivo destes peixes contar com a contribuição de alimentos naturais, reduzindo os problemas nutricionais devido a deficiência de mine- rais e vitaminas nas rações. A recente intensificação do cultivo das tilápias em diversos países, inclusive no Brasil, utilizando tanques-rede, raceways e tanques com recirculação de água (sis- temas onde a disponibilidade de alimento natural é limitada) aumentou a incidên- cia de desordens nutricionais devido ao inadequado enriquecimento vitamínico e mineral das rações. Estes sistemas mais intensivos demandam o uso de rações nutricionalmente completas, com enrique- cimentos vitamínicos e minerais próximos dos valores apresentados na Tabela 4. Os peixes podem absorver minerais, como o cálcio, diretamente da água. No entanto, as exigências da maioria dos minerais é satisfeita através dos minerais presentes nos alimentos naturais e nas ra- ções. Os alimentos de origem animal como as farinhas de carne e ossos e as farinhas de peixes são boas fontes de minerais. No entanto, rações completas formuladas à base de farelos vegetais necessitam suple- mentação adicional. As exigências vitamínicas são satisfei- tas através de vitaminas obtidas no alimento natural ou nas rações. Uma particularida- de da nutrição vitamínica dos peixes é a não capacidade, da grande maioria das espécies, em sintetizar o ácido ascórbico (vitamina C). De fundamental importância ao crescimento, formação da matriz óssea e funcionamento do sistema imunológico, a vitamina C deve ser obtida no alimento natural ou na ração. Rações completas para sistemas intensivos de produção devem ser suplementadas com fontes estáveis desta vitamina (Kubitza et al. 1998). 2.5. A importância do alimento natural na nutrição de tilápias Em ambientes naturais os peixes equi- libram sua dieta, escolhendo os alimentos que melhor suprem suas exigências nutri- cionais e preferências alimentares. Rara- mente são observados sinais de deficiência nutricional nestas condições. O alimento natural dos peixes é composto de inúmeros organismos vegetais (algas, plantas aquáti- cas, frutos, sementes, entre outros) ou ani- mais (crustáceos, larvas e ninfas de insetos, vermes, moluscos, anfíbios, peixes, entre outros). Em geral, os alimentos naturais explorados pelos peixes são ricos em ener- gia e em proteína de alta qualidade (Tabela 5), e servem como fonte de minerais e vitaminas. Estudos realizados em Israel (Gur 1997) demonstraram, com base no crescimento dos peixes, não ser necessário o enriquecimento vitamínico em rações usadas no cultivo de tilápias em viveiros com disponibilidade de alimentos naturais. No entanto a suplementação vitamínica destas rações melhorou a sobrevivência dos peixes. Em Israel, a suplementação vitamínica completa é apenas feita em rações destinadas às pós-larvas e ao cultivo em sistemas de produção mais intensivos, e em rações usadas no período de inverno e no tratamento de peixes doentes ou sob estresse. Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999 Tilápias são eficientes no aproveita- mento de alimentos naturais, notadamente o plâncton. Em viveiros com baixa reno- vação de água, cerca de 50% a 70% do crescimento de tilápias foi atribuído ao consumo de alimentos naturais (Schroeder 1983), mesmo com o fornecimento de ração suplementar. Este detalhe explica o menor custo de produção de tilápias em viveiros de baixa renovação de água com- parado ao cultivo intensivo em tanques- rede e raceways. Rações suplementares A produção de tilápias em viveiros de baixa renovação de água pode ser feita de forma eficaz com o uso de rações nutri- cionalmente incompletas ou rações suple- mentares. De um modo geral estas rações 47 DIVISÃO AGROPECUÁRIA Ao tratar seus tanques de Piscicultura com PROPEIXE você estará protegendo seus peixes contra sérias doenças típicas do inverno causadas pelas bruscas variações de temperatura. Lembre-se: a prevenção é sempre o melhor remédio! Com PROPEIXE, um produto isento de resíduos tóxicos, você melhora a alcalinidade e dureza da água e consegue facilmente o equilíbrio do pH da água e do solo. De modo natural e eco- nômico você torna o ambiente de seus viveiros mais resistente e favorável ao pleno desenvolvimento dos seus peixes. O PROPEIXE substitui a calagem tradicional atuando também com eficiência na eliminação de fungos e bactérias, agindo sobre sanguessugas e Lernaea, um ectoparasita responsável por elevadas mortalidades. Est. 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Estas rações também são necessárias em viveiros quando a biomassa ultrapassa 6.000 kg/ha.” Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999 não dispõem de um correto balanço em aminoácidos essenciais, possuem menores níveis protéicos (22% a 24%), maior relação energia/proteína e não são suplementadas, ou o são apenas parcialmente, com premix vitamínico e mineral. Rações nutricionalmente completas Estas rações devem ser empregadas em sistemas de produção onde a disponibilidade ou o acesso ao alimento natural é limitado ou nenhum. O sucesso econômico dos sis- temas de produção em tanques de alto fluxo de água (raceways) ou em tanques-rede e gaiolas depende do uso de rações comple- tas. Estas rações também são necessárias em viveiros quando a biomassa ultrapassa 6.000 kg/ha. Nas rações completas todos os nutrientes devem estar presentes de forma equilibrada e em quantidades que supram as exigências dos peixes para um adequado crescimento, saúde e reprodução. O enri- quecimento em vitaminas e microminerais é completo. 3. Subsídios à formulação de rações para tilápias Nesta seção são resumidas informações básicas à formulação de rações para tilápias em diferentes fases de desenvolvimento, produzi- das em viveiros, tanques-rede e raceways. 48 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999 TÊXTIL SAUTER Desenvolvemos panagens para pesca em geral, piscicultura e tanques-rede. Tel: (011) 459-5616 (011) 459-7951 Fax: (011) 459-6808 Têxtil Sauter R. Pedro Rípoli, 524 Ribeirão Pires - SP 09400-000 ATENÇÃO: Lançamento de Malha com 1 mm Fabricamos Redes Anti-pássaros com várias larguras SUA CENTRAL INTERNACIONAL DE COMPRAS Globalize-se se juntando à nossa rede mundial de mais de 50 paises. Nossos milhares de produtos podem chegar às suas mãos por muito menos do que custa no Brasil. É só mandar fax, e-mail (eaquafarm@aol.com) ou ligar (001.305.947-5347) e falar em português conosco para receber informações. 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Sugestões quanto ao enriqueci- mento vitamínico em rações utilizadas na reversão sexual e alevinagem, e na recria e engorda de tilápias em viveiros ou em tanques-rede e raceways são apresentadas na Tabela 7. Tais sugestões contemplam os conhecimentos sobre a nutrição de tilápias no mundo, bem como a experiência de pro- fissionais familiarizados com a produção comercial destes peixes. 49 Panorama da AQÜICULTURA, março/abril, 1999 3.2. Restrições quanto ao uso de alguns ingredientes em rações para tilápias Os nutricionistas de peixes vêm dedicando grande atenção aos estudos visando substituir as fontes protéicas e energéticas de origem animal (por exemplo, as farinhas e óleos de peixes) por fontes de origem vegetal, como os subprodutos do processamento de sementes de plantas oleaginosas (soja, girassol, algodão, entre outras) e amiláceas (trigo, arroz, milho, mandioca, entre outras). Também é de interesse o aproveitamento de subprodutos indus- triais, como os resíduos de cervejaria, leveduras, polpa de frutos e sementes, entre muitos Comparativamente a outras espécies de peixes, as tilápias pa- recem apresentar maior habilidade em aproveitar estes alimentos alternativos. Rações formuladas à base de produtos de origem vegetal, com o farelo de soja como principal fonte de proteína podem ser utilizadas sem prejuízo ao desempenho das tilápias comparado ao uso de rações contendo produtos animais. Na Tabela 8 são reunidas informações sobre os níveis de inclusão de diversas fontes alterna- tivas de proteínas de origem vegetal nas rações de tilápias. Maiores informações sobre ingredientes alternativos para inclusão em rações para peixes podem ser encontradas na revisão de Pezzato (1995). Na próxima edição (n. 53) publicaremos a Parte 2 desse artigo contendo: Nutrição e manejo alimentar durante a reversão sexual Nutrição e manejo alimentar na recria e engorda Nutrição e manejo alimentar de reprodutores Conversão alimentar (CA) de tilápias Instrutor: Fernando Kubitza, Ph.D., especialista em Nutrição e Produção de Peixes 1- Planejamento da Produção de Peixes Dias: 25-26/06/99 e 13-14/08/99 • Conceito de planejamento e controle da produção • Fatores que afetam o crescimento dos peixes a capacidade de suporte, a biomassa crítica e econômica nos diferentes sistemas de produção; determinação do ponto de biomassa econômica • Índices de desempenho e expectativa de crescimento dos peixes cultivados; aplicação dos conceitos de biomassa econômica e dados de desempenho no planejamento do cultivo; exercícios práticos; orçamento e balanço econômico do cultivo. 2- Qualidade da Água na Produção de Peixes Dias: 16-18/07/99 - 27-29/08/99 e 15-17/10/99 • Importância, monitoramento e manejo da qualidade da água • Impacto da intensificação do cultivo e da qualidade do alimento e a qualidade da água • Sistemas de aeração: características, dimensionamento e operação. Aula de campo: instrumentos para monitoramento da qualidade da água; ensaios dinâmicos de qualidade da água. Problemas práticos enfrentados por técnicos e criadores de peixes. 3- Nutrição e Alimentação dos Peixes Dias: 30/07 a 01/08/99 e 17-19/09/99 • Anatomia e fisiologia do trato digestivo; hábito alimentar e exigências nutricionais dos peixes • Processamento e granulometria das rações • Fatores que afetam a conversão alimentar dos peixes • Sinais indicadores da má nutrição dos peixes • Estratégias e equipamentos para alimentação dos peixes Prático: visita à uma fábrica de rações; indicadores de qualidade das rações; ensaio de estabilidade na água; discussões de problemas en- frentados por técnicos e criadores de peixes. 4- Principais Parasitoses e Doenças dos Peixes Dias: 01-03/10/99 • Condições que favorecem a ocorrência de doenças • Sinais indicativos, estratégias de prevenção, profilaxia e tratamento das principais doenças e parasitoses dos peixes Prático: técnicas de identificação de parasitoses e doenças; medicamen- tos e agentes profiláticos. Discussões de problemas práticos enfrentados por técnicos e criadores de peixes. 5- Reprodução e Reversão Sexual de Tilápias Dias: 22-23/10/99 • Estratégia de produção em larga escala e reversão sexual de pós-larvas de tilápias; reprodução; instalações; estratégias usadas na reversão sexual; preparo da ração e manejo alimentar Prático: Preparo de ração para reversão; sexagem de reprodutores; coleta e classificação de pós-larvas; instalações para reversão sexual; Técnicas para avaliar o sucesso da reversão. Horário: Sextas e Sábados das 8:00 às 12:00 hs e das 14:00 às 18:00hs; Domingo (alguns cursos) das 8:00 às 12:00 hs Local : Center Park Hotel ***** Av. Jundiaí, 300 - Centro - Jundiaí - SP- Fone: (011) 7396-2000 Inscrição: Incluído material didático: R$ 280,00 (com até 28 dias antecedentes à data do curso) R$ 330,00 (com menos de 28 dias do curso ou no dia) Conta para depósito: Banco Itaú- Agência 0796 c/c 45320-7 Os dados para inscrição deverão ser enviados junto ao comprovante de depósito para o fone/fax: (011) 7312-2064 Cursos Avançados em Piscicultura em Jundiaí - SP 50 4. Nutrição e manejo alimentar durante a reversão sexual Em condições naturais e em viveiros, o primeiro alimento das pós-larvas de ti- lápias são o fitoplâncton e os copépodos e cladóceros. Estes organismos possuem alto valor energético e podem conter ní- veis de proteína na matéria seca variando de 20 a 60%. Isto talvez explique o moti- vo dos melhores resultados de crescimen- to de pós-larvas de tilápias terem sido obtidos com rações contendo entre 40 a 50% de PB (como apresentado na Tabela 2) e energia digestível entre 3.600 a 4.000 kcal/kg. Devido a necessidade de moagem fina para obter partículas de tamanho inferior a 0,5mm, as rações para pós-larvas estão sujeitas a maiores perdas de nutrientes por dissolução na água, principalmente os minerais, as vitaminas hidrossolúveis, proteínas e aminoácidos livres. Para mini- mizar estas perdas é preciso que estas ra- ções apresentem boa flutuabilidade, redu- zindo o contato das partículas com a água e assim as perdas de nutrientes por disso- lução. Uma boa flutuabilidade das rações pode ser alcançada com a correta combi- nação de ingredientes e moagem fina da mistura. As rações usadas para pós-larvas e alevinos durante o período de reversão sexual devem ser fortificadas com pelo me- nos 3 vezes mais vitaminas e minerais do que o mínimo recomendado. Na Tabela 7 é apresentada a sugestão de enriquecimento para estas rações, bem como um exemplo de enriquecimento vitamínico e mineral de rações com 40 a 45% de proteína que vêm garantindo bons resultados na alimentação de pós-larvas de tilápias em pisciculturas de São Paulo. Nutrição e Alimentação de Tilápias - Parte 2 - Final Por: Fernando Kubtiza, Ph.D. - Consultoria e Treinamento em Aqüicultura Pós-larvas de pei- xes crescem rapida- mente, portanto, são bastante exigentes em nutrientes. devido às pós-larvas apre- sentarem reservas corporais mínimas de nutrientes, qualquer deficiência na nutrição das mesmas é pronta- mente notada e, inva- riavelmente, catastró- fica. As pós-larvas de tilápias possuem tra- to digestivo completo e conseguem utilizar adequadamente ra- ções de moagem fina, boa palatabilidade e nutricionalmente com- pletas na primeira ali- mentação exógena. Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999 41 devido a sua extensão, o texto “Nutrição e alimentação” foi dividido em duas partes. A parte 1 foi publicada na última edição 52 – março/abril da Panorama da AQÜICULTURA. Sua referência bibliográfica encontra-se disponível em nossa redação e poderá ser enviada por fax ou e-mail aos assinantes que a solicitarem. Legenda: Fernando Kubtiza, Ph.D. - Consultoria e Treinamento em Aqüicultura Manejo alimentar. A reversão sexual deve ser iniciada com pós-larvas entre 9 a 12mm. A ração com 60mg de metiltes- tosterona/kg deve ser fornecida em 5 a 6 refeições diárias. Em cada refeição, a ração deve ser fornecida até o momento em que os peixes estiverem saciados. Isto é conseguido através de contínuo forne- cimento de ração e atenta observação do consumo e atividade dos peixes. Deve se evitar excessiva sobra de ração nas unidades de reversão. Anéis de alimen- tação flutuantes são úteis para evitar que a ração se espalhe, sendo muito usados quando a reversão é feita em “happas”. Os peixes devem receber rações com me- tiltestosterona por um período de 28 dias. Cerca de 600 a 800 gramas de ração são necessárias para cada 1.000 alevinos de 4 a 5 cm produzidos. desempenho na reversão sexual. Os seguintes parâmetros indicam um bom desempenho após os 28 dias de reversão sexual: a) Tamanho dos alevinos: 4 a 5 cm (0,8 a 1g); b) Sobrevivência > 80%; c) Índice de reversão > 99%. Para alcançar este desempenho é necessário adequar o manejo nutricional e alimentar dos repro- dutores; atentar para a qualidade nutri- cional das rações, à qualidade da água e ao manejo alimentar; adquirir hormônio de fornecedor idôneo; uso de práticas auxiliares de manejo, como exemplo a classificação periódica dos alevinos por tamanho e eliminação de peixes que não apresentaram bom desenvolvimento du- rante a reversão. Maiores detalhes sobre as estratégias de reversão sexual de tilá- pias podem ser encontrados nos trabalhos de Popma e Green (1990), Contreras-Sán- chez et al (1997), Desprez et al (1997), Gerrero III e Guerrero (1997), Rani e Macintosh (1997), Mainardes-Pinto et al (1998) e Sanches e Hayashi (1998). 5. Nutrição e manejo alimentar na recria e engorda A importância do alimento natural, notadamente o plâncton, no crescimento das tilápias já foi ressaltado anteriormen- te. Muitos sistemas de produção combi- nam os benefícios do alimento natural com o uso de rações suplementares ou completas, visando um aumento na pro- dutividade e melhora na conversão ali- mentar. Os piscicultores e nutricionistas devem estar atentos para ajustar a densi- dade dos nutrientes nas rações e o manejo alimentar em função do sistema de culti- vo adotado, otimizando a produtividade e minimizando os custos de produção. 5.1. Recria (5 a 100g) em viveiros com plâncton Enquanto a biomassa de tilápias em viveiros de recria com plâncton não ul- trapassar 4.000 kg/ha, rações com 24 e 28% de proteína, 2.600 a 2.800 kcal de Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999 42 Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999 43 A IMPORTâNCIA dO PLâNCTON E COMO ESTIMULAR A SUA FORMAÇãO · Com a estocagem dos peixes e início da alimentação a água começa a adquirir uma coloração es- verdeada, o que indica a presença de plâncton. · O plâncton contribui de forma significativa na alimentação das tilápias, produz oxigênio e remove a amônia da água, favorecendo assim um rápido desenvolvimento dos peixes. Além disso o plâncton sombreia o fundo dos tanques, impedindo a entrada de luz e o desenvolvimento de algas filamento- sas e plantas submersas. · Se houver muita troca de água no início das etapas de recria o plâncton não se forma e o desenvol- vimento dos peixes será prejudicado. A água fica muito transparente, facilitando o desenvolvimento de algas filamentosas e plantas aquáticas no fundo dos tanques, o que pode prejudicar a qualidade da água e dificultar as operações de despesca. · Se a água estiver muito cristalina no início das fases de recria, a formação do plâncton pode ser estimulada fechando toda a entrada de água e aplicando 2 a 3 kg de uréia/1.000m2/semana e cerca de 4 a 6 kg de farelos vegetais/1.000m2/dia. Farelos de arroz, trigo ou algodão, por exemplo, podem ser usados e também servirão de alimento para os peixes estocados. · O ideal é deixar a água ir adquirindo uma coloração esverdeada até atingir transparência entre 40 a 50cm, o que pode ser medido com o auxílio do disco de Secchi. Atingida esta transparência, pode se interromper o uso de uréia e farelos. · Quando a transparência da água for reduzindo e se aproximar a 30cm, é hora de começar a renovar um pouco de água. A quantidade de água renovada deve ser ajustada de forma a manter a transpa- rência da água entre 40 a 50cm. · Lembre-se que o excesso de renovação de água é o principal fator responsável pelo insucesso na formação de plâncton. ED/kg e sem enriquecimento vitamínico e mineral podem ser utilizadas manten- do adequado crescimento e conversão alimentar. Durante esta fase os peixes devem ser alimentados entre 2 a 3% do peso vivo ao dia, quantidade dividida em 2 refeições diárias. O uso de rações flutu- antes permite melhor ajustar a quantidade de ração fornecida. Alimentar os peixes tudo o que eles podem consumir numa refeição maximiza o crescimento, o que é desejado nas fases iniciais. Porém, tal prática pode não ser a melhor estratégia do ponto de vista econômico, principal- mente nas fases de engorda (Tabela 9). Estes níveis de arraçoamento de 2 a 3% do PV ao dia podem parecer insuficien- tes para peixes deste tamanho. No entan- to não deve ser esquecido que os peixes consomem plâncton o tempo todo, com- plementando o nível de ingestão de ali- mentos. A conversão alimentar na recria em tanques com plâncton deve ficar abai- xo da unidade, com valores de 0,8 sendo bastante comuns. Se isto não se confir- mar, pode estar ocorrendo problemas na qualidade da ração, qualidade da água, manejo alimentar, produção de plâncton, qualidade dos alevinos, doenças, ou bai- xas temperaturas. Quando a biomassa nos viveiros ultra- passar os 4.000 kg/ha, o plâncton disponível não é capaz de complementar a nutrição e manter os mesmos índices de desempenho dos peixes na recria. A partir deste ponto é recomendável o uso de rações com 28 a 32% de proteína, energia digestível entre 2.900 a 3.200 kcal/kg (Tabela 6) e suple- mentação mínima de vitaminas e minerais (Tabela 7). Deve ser esperada uma piora nos índices de conversão alimentar a par- tir deste ponto, devido tanto à diminuição no plâncton disponível por animal, quanto à deterioração progressiva na qualidade da água. Ainda assim valores de conversão en- tre 1,0 e 1,2 devem ser obtidos. Sob condi- ções adequadas de temperatura da água (28 a 32 °C), tilápias de 1g atingem o peso de 100g após 60 a 70 dias de recria em viveiros com plâncton. Se isto não ocorrer, confira as densidades de estocagem, a qualidade da água e das rações, a abundância de alimento natural, o manejo alimentar e a qualidade “Em tanques-rede e raceways a disponi- bilidade de alimento natural é limitada e os peixes estão sub- metidos a uma maior pressão de produção e estresse” Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999 Estamos cadastrando distribuidores, representantes ou agentes para todo o Brasil DIVISÃO AGROPECUÁRIA Ao tratar seus tanques de Piscicultura com PROPEIXE você estará protegendo seus peixes contra sérias doenças típicas do inverno causadas pelas bruscas variações de temperatura. Lembre-se: a prevenção é sempre o melhor remédio! Com PROPEIXE, um produto isento de resíduos tóxicos, você melhora a alcalinidade e dureza da água e consegue facilmente o equilíbrio do pH da água e do solo. De modo natural e eco- nômico você torna o ambiente de seus viveiros mais resistente e favorável ao pleno desenvolvimento dos seus peixes. 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Descuido com este detalhe pode resultar em grandes perdas econômicas devido a distúrbios nutricio- nais e uma maior susceptibilidade dos peixes às doenças. A taxa de alimentação diária deve ser ajustada para 70 a 80% do máximo consumo diário, ou cerca de 3 a 4 % do peso vivo ao dia, em função principalmente do tamanho dos alevinos, da temperatura da água e da concentração em nutrientes da ração. Esta quantidade de alimento deve ser dividida em 3 refei- ções. O consumo pode ser aferido perio- dicamente alimentando os peixes tudo o que eles puderem consumir durante um dia, permitindo assim reajustar a taxa de alimentação para 70 a 80% do máximo consumo. A conversão alimentar espera- da nesta fase deve girar entre 1,1 e 1,3. 5.3. Engorda (100 a 600g) em viveiros com plâncton Durante a engorda em viveiros até o limite de 6.000 kg/ha, o piscicultor pode utilizar rações sem suplementação mineral e vitamínica, entre 24 e 28% de proteína e energia digestível de 2.600 a 2.800 kcal/kg. O nível de arraçoamento deve ficar entre 1,5 a 2,% do peso vivo ao dia, dividido em 2 refeições. O tempo necessário para que as tilápias alcancem 600g não deve ultrapassar 110 dias sob condições adequadas de tem- peratura. A conversão alimentar deve fica entre 1,3 a 1,5. Se o objetivo é produzir mais do que 6.000 kg de tilápia/ha, a partir des- ta biomassa é recomendável o uso de uma ração suplementada com minerais e vitami- nas e com maior concentração protéica (28 a 32%) e energética (2.800 a 3.000 kcal/kg). Deve ser esperada um piora nos índices de conversão alimentar (1,5 a 1,7) e uma redu- ção na velocidade de crescimento, devido à diminuição no plâncton disponível e a pro- gressiva redução na qualidade da água. “Quando a biomas- sa nos viveiros ultra- passar os 4.000 kg/ha, o plâncton disponível não é capaz de com- plementar a nutrição e manter os mesmos ín- dices de desempenho dos peixes na recria.” Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999 45 Rações com 32 a 36% de proteína e 2.900 a 3.200 kcal ED/kg e enriquecidas com pelo menos níveis duplos de vitami- nas e minerais devem ser usadas na en- gorda de tilápias em raceways e tanques- rede (Tabelas 6 e 7). O arraçoamento diário entre 1,5 a 2,5% do peso vivo deve ser dividido em 3 refeições. A expectativa de conversão alimentar é de 1,5 a 1,8. Sob condições adequadas de temperatura (28 a 32 °C). Cerca de 130 dias serão necessá- rios para os peixes chegarem a 600g. 5.4. Engorda (100 a 600g) em tanques-rede e raceways Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999 46 TÊXTIL SAUTER Desenvolvemos panagens para pesca em geral, piscicultura e tanques-rede. Tel: (011) 459-5616 (011) 459-7951 Fax: (011) 459-6808 Têxtil Sauter R. Pedro Rípoli, 524 Ribeirão Pires - SP 09400-000 ATENÇãO: Lançamento de Malha com 1 mm Fabricamos Redes Anti-pássaros com várias larguras 6. Nutrição e manejo alimentar de reprodutores A crescente demanda, tanto em quan- tidade como em qualidade, por pós-larvas e alevinos de tilápias vem exigindo aten- ção especial no que diz respeito à nutri- ção de reprodutores. A intensa coleta de pós-larvas ou ovos gera a necessidade de fornecer aos reprodutores um alimen- to nutricionalmente completo. Diversos estudos demonstram a importância da correta nutrição sobre o desempenho re- produtivo dos peixes, à semelhança do observado com outros animais. Alguns exemplos são listados na Tabela 10. A seguir são listados alguns exemplos da influência da nutrição sobre o desem- penho reprodutivo de tilápias: Tilápia de Mossambique / Oreochromis mossambicus: Rações deficientes em vitamina C resul- tou em reduzida taxa de eclosão, aumento na proporção de embriões deformados, atraso no crescimento e redução na sobrevivência das pós-larvas e dos alevinos (Tabela 11). Tilápia-do-Nilo / Oreochromis niloticus: Baixos níveis de proteína na ração re- sultou em atraso na maturação sexual (pu- berdade) e no desenvolvimento e maturação dos oócitos (Gunasekera et al 1995) Machos alimentados com ração con- tendo farelo de algodão apresentaram atra- so na maturação dos testículos e redução no número e na motilidade dos esperma- tozóides (Salaro et al 1998a). Em fêmeas houve atraso e diminuição do número de desovas (Salaro et al 1998b). Estes efeitos foram atribuídos ao gossipol, fator anti- nutricional presente no farelo de algodão. Rações contendo 40% de farelo de folhas de leucena resultou em redução na produção de pós-larvas e no peso corporal das fêmeas. Estes efeitos foram atribuídos à mimosina, composto anti- nutricional presente na leucena (Santia- go et al 1988). ...“Muitos piscicul- tores subestimam ou esquecem os índices de conversão alimen- tar obtidos. A correta determinação da con- versão alimentar e do tempo de cultivo é fun- damental para avaliar a relação custo/benefício das rações comerciais disponíveis.” Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999 47 SUA CENTRAL INTERNACIONAL dE COMPRAS Globalize-se se juntando à nossa rede mundial de mais de 50 países. Nossos milhares de produtos podem chegar às suas mãos por muito menos do que custa no Brasil. É só mandar fax, e-mail (eaquafarm@aol.com) ou ligar (001.305.947-5347) e falar em português conosco para receber informações. Você paga em reais e tem várias opções para receber o seu pedido no Brasil. 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Aula de campo: instrumentos para monitoramento da qualidade da água; ensaios dinâmicos de qualidade da água. Problemas práticos enfrentados por técnicos e criadores de peixes. 3- Nutrição e Alimentação dos Peixes dias: 30/07 a 01/08/99 e 17-19/09/99 • Anatomia e fisiologia do trato digestivo; hábito alimentar e exigências nutricionais dos peixes • Processamento e granulometria das rações • Fatores que afetam a conversão alimentar dos peixes • Sinais indicadores da má nutrição dos peixes • Estratégias e equipamentos para alimentação dos peixes Prático: visita à uma fábrica de rações; indicadores de qualidade das rações; ensaio de estabilidade na água; discussões de problemas en- frentados por técnicos e criadores de peixes. 4- Principais Parasitoses e doenças dos Peixes dias: 01-03/10/99 • Condições que favorecem a ocorrência de doenças • Sinais indicativos, estratégias de prevenção, profilaxia e tratamento das principais doenças e parasitoses dos peixes Prático: técnicas de identificação de parasitoses e doenças; medicamen- tos e agentes profiláticos. discussões de problemas práticos enfrentados por técnicos e criadores de peixes. 5- Reprodução e Reversão Sexual de Tilápias dias: 22-23/10/99 • Estratégia de produção em larga escala e reversão sexual de pós-larvas de tilápias; reprodução; instalações; estratégias usadas na reversão sexual; preparo da ração e manejo alimentar Prático: Preparo de ração para reversão; sexagem de reprodutores; coleta e classificação de pós-larvas; instalações para reversão sexual; Técnicas para avaliar o sucesso da reversão. Horário: Sextas e Sábados das 8:00 às 12:00 hs e das 14:00 às 18:00hs; domingo (alguns cursos) das 8:00 às 12:00 hs Local : Center Park Hotel ***** Av. Jundiaí, 300 - Centro - Jundiaí - SP- Fone: (011) 7396-2000 Inscrição: Incluído material didático: R$ 280,00 (com até 28 dias antecedentes à data do curso) R$ 330,00 (com menos de 28 dias do curso ou no dia) Conta para depósito: Banco Itaú- Agência 0796 c/c 45320-7 Os dados para inscrição deverão ser enviados junto ao comprovante de depósito para o fone/fax: (011) 7397-2496 Cursos Avançados em Piscicultura em Jundiaí - SP 7. Conversão alimentar (CA) de tilápias O índice de conversão alimentar (CA) é calculado dividindo- se a quantidade total de ração fornecida (em um viveiro, tanque- rede, ou raceway) pelo ganho de peso dos peixes. O ganho de peso é calculado subtraindo-se da produção obtida em um vivei- ro, tanque-rede ou raceway, o peso total dos peixes na estocagem. Muitos piscicultores esquecem deste detalhe, e subestimam os índices de conversão alimentar obtidos. A correta determinação da CA e do tempo de cultivo é fundamental para avaliar a relação custo/benefício das rações comerciais disponíveis. Diversos fa- tores afetam a conversão alimentar dos peixes. Alguns deles são comentados a seguir: Qualidade do alimento. Quanto mais próxima for composição em nutrientes disponíveis nos alimento das exigências nutricio- nais do peixe, melhor será a CA. Outros fatores como o grau de moagem dos ingredientes, a palatabilidade e a estabilidade das rações na água também afetam a conversão alimentar. Espécie de peixe. As espécies de peixes apresentam respos- tas diferenciadas quanto à demanda energética para atividades essenciais (natação, respiração, osmorregulação, captura de ali- mento; expressão do seu comportamento; reprodução; digestão do alimento e metabolismo dos nutrientes assimilados, entre outras). Portanto, é natural que estas diferenças influenciem os índices de CA de cada espécie. Idade ou tamanho dos peixes. Dentro de uma mesma espé- cie, peixes menores (mais jovens) apresentam melhores índices de CA, o que pode ser explicado pelo fato dos peixes menores apresentarem uma maior relação taxa de crescimento/exigência de manutenção comparados a peixes de tamanho maior. Peixes de menor tamanho também são mais eficientes na utilização do alimento natural quando este for disponível. Sexo e reprodução. No caso específico de tilápias este fator é muito importante. Por exemplo, as fêmeas de tilápias-do-Nilo direcionam grande quantidade de energia dos alimentos para a produção de ovos e cuidado parental, portanto crescem mais len- tamente e apresentam piores índices de CA que os machos. De uma forma geral, quando os peixes entram em fase de reprodu- ção os índices de conversão alimentar tendem a piorar devido ao maior gasto da energia com as atividades relacionadas à re- produção (formação de gônadas, côrte e disputa pelos parceiros, construção e defesa de ninhos, cuidado parental, entre outros). disponibilidade e capacidade de aproveitamento do alimen- to natural. Anteriormente foi discutida a importância do alimen- to natural no crescimento das tilápias. Como os cálculos de CA são feitos com base na quantidade de ração fornecida, uma maior disponibilidade de alimento natural nos tanques e viveiros con- tribui para a redução dos valores de CA. Peixes como as tilá- pias, que aproveitam bem o alimento natural disponível tendem a apresentar melhores índices de CA do que, por exemplo, peixes carnívoros, que não possuem habilidade no aproveitamento do plâncton e outros alimentos naturais disponíveis nos viveiros. Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999 48 Qualidade da água. Quanto melhor for a qualidade da água melhor serão os índices de conversão alimentar. Reduzidos ní- veis de oxigênio dissolvido, elevada concentração de gás carbô- nico e metabólitos tóxicos como a amônia e o nitrito resultam em redução no consumo e no aproveitamento dos alimentos, prejudicando os índices de CA. densidade de estocagem. O aumento na densidade de esto- cagem geralmente piora a CA, pois reduz a disponibilidade de alimento natural por peixe e acelera a degradação da qualidade da água devido aos maiores níveis de arraçoamento exigidos. Temperatura da água. O peixe é um animal pecilotérmico, portanto sua atividade metabólica aumenta com a elevação na temperatura da água. Cada espécie exige uma faixa específica de temperatura (zona de conforto térmico) para melhor expressar o seu potencial de crescimento e utilização do alimento disponí- vel, o que influencia sobremaneira os índices de CA. No cultivo de tilápias a zona de conforto térmico está entre 28 a 32 °C. No inverno a conversão alimentar das tilápias piora sensivelmente. Nível de arraçoamento. Se o nível de arraçoamento for muito baixo, é possível que os peixes consigam ter atendidas apenas as suas necessidades de manutenção, resultando em ganho de peso zero. O aumento nos níveis de arraçoamento acima das exigências de manu- tenção melhora a CA. Níveis excessivos de arraçoamento (Tabela 9), mesmo não havendo desperdício de ração, geralmente promove uma maior velocidade de passagem do alimento no trato digestivo, o que reduz a sua digestão e assimilação, piorando a CA. Na Tabela 12 são resumidos os índices de conversão alimen- tar obtidos com tilápias de diferentes tamanhos, mantidas em ambientes distintos e alimentadas com rações de composição e formas de apresentação variadas. Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 1999 49 1 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000 44 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000 qualidade da água, sistemas de cultivo, pla- nejamento da produção, mane- jo nutricional e alimentar e sanidade. N um médio prazo o Brasil poderá se tornar um dos maiores pro- dutores de tilápia no mundo. Embora a maior parte da produção comer- cial de tilápias esteja no momento concentrada nos estados do Paraná, São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais, as regiões Nordeste e Centro Oeste deverão abrigar os maiores pólos de produção de tilápia em nosso país. O reconhecimento deste potencial culmina com a realização, em setembro próximo, do 5º Simpósio Internacional sobre a Aqüicultura de Tilápias (5º ISTA). Com o intuito de contemplar o referido evento, e sob a sugestão da Panorama da Aqüicultu- ra, elaboramos em duas partes, este artigo especial com enfoque sobre os sistemas de produção, o planejamento do cultivo, o manejo nutricional e alimentar e as principais doenças registradas no cultivo intensivo de tilápias. O material aqui apresentado é uma síntese de alguns dos capítulos do livro que será lançado durante o 5º ISTA, e que reúne a tecnologia hoje disponível no mundo para a produção comercial de tilápias. Através de um adequado planejamento da produção em fases e ajuste do manejo nutricional e alimentar às diversas fases de de- senvolvimento e sistemas de cultivo, as tilápias podem ser produzidas com custos e rentabilidades mais atrativos do que a grande maioria das espécies de peixes cultivadas no Brasil. Para que isto seja possível, os piscicultores e técnicos devem Por: Eng° Agr° Fernando Kubitza (Ph. D.) Méd. Vet. Ludmilla M. M. Kubitza ACQUA & IMAGEM SERVIÇOS conhecer particularidades deste peixe no que tange à tolerância às condições adversas de qua- lidade da água; sua habilidade de aproveitamento do alimento natural, suas características de manejo e índices de desempenho. Neste artigo vamos sumarizar al- guns fundamentos e informações importantes ao planejamento da produção de tilápias em diferentes sistemas de produção. TILÁPIAS: Parte I 45 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000 Características das principais espécies de tilápia Algumas das características que colocaram as tilápias no pódio das principais espécies cultivadas co- mercialmente são: 1) a facilidade de reprodução e obtenção de alevinos; 2) a possibilidade de manipulação hormonal do sexo para obtenção de populações masculinas; 3) a boa acei- tação de diversos tipos de alimentos; 4) a grande capacidade de aproveitar alimentos naturais em viveiros; 5) conversão alimentar entre 1 a 1,8; 6) bom crescimento em cultivo intensivo (5 a 500g em 4 a 5 meses); 7) grande rusticidade, suportando bem o manuseio intenso e os baixos níveis de oxigênio dissolvido na produção e, sobretudo, sua grande resistência às doenças; 8) a carne branca, de textura firme, sem espinhos, de sabor pouco acentuado e de boa aceitação. Dentre mais de 70 es- pécies de tilápias, a maioria delas oriundas da África, quatro conquista- ram destaque na aqüicultura mundial: a tilápia de Moçambique Oreochromis mossambicus, a tilápia-do-Nilo Oreo- chromis niloticus; a tilápia azul ou tilápia áurea Oreochromis aureus e a tilápia de Zanzibar Oreochromis urolepis hornorum. Na Tabela 1 são resumidas as principais características destas espé- cies. Combinações entre estas espécies foram usadas para obtenção de tilápias híbridas, em particular as tilápias verme- lhas. As características destes híbridos são intermediárias, dependendo do grau de contribuição das espécies que lhe deram origem. Qualidade da água na produção de tilápias Dentro dos seus limites de tole- rância, as tilápias se adaptam bem às diferentes condições de qualidade de água. São bastante tolerantes ao baixo oxigênio dis- solvido, convi- vem com uma faixa bastante ampla de aci- dez e alcalinidade na água, crescem e até mesmo se reproduzem em águas salobras e salgadas e toleram altas concentrações de amônia tóxica comparadas à maioria dos peixes cultivados. Oxigênio dissolvido. Alevinos de tilápia-do-Nilo de 10 a 25 gramas sobreviveram à exposição ao oxigênio dissolvido entre 0,4 a 0,7mg/litro por 3 a 5 horas, até quatro manhãs consecuti- vas, sem registro de significativa morta- lidade. Também há relatos desta tilápia tolerar oxigênio zero (anoxia) por até 6 horas. Apesar desta tremenda habilida- de em sobreviver algumas horas mesmo sob anoxia, tilápias freqüentemente expostas ao baixo oxigênio dissolvido ficam mais susceptíveis às doenças e apresentam desempenho reduzido. Quando a concentração de oxigênio dissolvido atinge 45 a 50% da saturação (aproximadamente 3 a 3,5 mg/litro, a 28-30°C), a tilápia-do-Nilo começa a reduzir sua atividade e, portanto, o consumo de oxigênio. Este parece ser um mecanismo regulador do consumo de oxigênio, compensando assim a redução do oxigênio na água. A con- Tilápias Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2000 O autor do artigo, Fer- nado Kubitza com um exemplar de tilápia ni- lótica pesando 4,2 kg, criada em Porecatu Tabela 1. Caracteristicas das espécies de tlápias mais cultivadas. 1 a 3 dias ocorre com tilápias em água com pH 3 e uma mortalidade de 50% foi regis- trada após 19 dias em água de pH 4. Quando exposta ao pH baixo, as tilápias apresen- centração crítica de ox igên io ( g r a n d e desconfor- to) para a as tilápias está entre 20 a 10% da satura- ção a tem- peraturas entre 26 a 35°C, ou seja, entre 1,6 a 0,7mg/litro. pH. O pH da água no cultivo de tilápias deve ser mantido entre 6 a 8,5. Abaixo de 4,5 e acima de 10,5 a morta- lidade é significativa. Morte total entre 46 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000 tam sinais de asfixia (movimentos operculares acelerados e boquejamento na superfície). O corpo e as brânquias apre- sentam excesso de muco. Peixes mortos permanecem com a boca aberta e apresentam os olhos saltados, semelhantes aos sinais de morte por falta de oxigênio. Acidez excessiva causa aumento na secreção de muco, irritação e inchaço nas brânquias, culminando com a destruição do tecido branquial. Em viveiros com excesso de fitoplâncton (águas muito verdes) e baixa alcalinidade total (< 20mg de CaCO 3 /litro) o pH pode alcançar valores acima de 12 ao final da tarde em dias muito ensolarados. Isto pode inibir o consumo de alimento e, se ocorrer com freqüência, afetar o crescimento dos peixes. Mortalidade direta devido a esta elevação do pH geralmente não é observada, pois os peixes geralmente encontram conforto em águas mais profundas. No entanto, o elevado pH pode potenciar os problemas com toxidez por amônia e aumentar a susceptibilidade dos peixes às doenças, ao manuseio e transporte. Amônia. Proveniente da própria excreção nitrogena- da dos peixes e da decomposição do material orgânico na água, a amônia está presente na água sob duas formas: o íon amônio NH 4 + (forma pouco tóxica) e a amônia NH 3 (forma tóxica). Os kits de análise de água mensuram a amônia total na água, ou seja, NH 4 + e NH 3 juntos. Para saber quanto da amônia total está na forma tóxica, é preciso medir o pH da água. Quanto maior for o pH, maior será a porcentagem de amônia tóxica na amônia total. Assim, uma água com 2mg de amônia total pode conter apenas 0,0014mg de NH 3 /litro a pH 7 (0,7%) ou níveis tóxicos maiores que 1mg em água com pH acima de 9,3. Tabelas relacionando a porcentagem de amônia tóxica ao pH da água podem ser encontrados em livros de qualidade de água e nos manuais dos kits de aná- lises. A concentração de amônia não ionizada de 0,20mg/L deve servir como alerta no cultivo de tilápias. Mesmo sem observar mortalidade diretamente atribuída à toxidez por amônia, a exposição dos peixes a níveis sub-letais de amônia afeta a lucratividade do empreendimento, por comprome- ter o crescimento e a conversão alimentar, a tolerância ao manuseio e transporte e a condição de saúde dos peixes. As concentrações letais que mata 50% dos animais (LC 50 ) dependem da espécie de tilápia, do tempo de exposição, do tamanho do peixe, da pré-exposição ou adaptação a níveis sub-letais de amônia, entre muitos outros fatores. A LC 50 para 24 a 96h de exposição varia de 2,3 a 6,6mg de NH 3 /l. O monitoramento semanal da amônia e pH deve ser feito em viveiros e tanques com altos níveis de arraçoamento. Como o pH da água nos viveiros tende a subir ao longo do dia, as medições de amônia e pH devem ser feitas ao final da tarde, quando a probabilidade de ocorrer problemas com toxidez por amônia é maior. Temperatura. Tilápias são peixes tropicais que apresentam conforto térmico entre 27 a 32°C (Figura 1). O manuseio e o transporte sob baixas temperaturas (<22°C), principalmente após o inverno, resultam em grande morta- lidade. Tilápias bem nutridas e que não sofreram estresse por má qualidade da água, toleram melhor o manuseio sob baixas temperaturas. Temperaturas acima de 32°C e abaixo de 27°C reduzem o apetite e o crescimento. Abaixo de 20°C o apetite fica extremamente reduzido e aumenta os riscos de doenças. Temperaturas abaixo de 14°C geralmente são letais as tilápias. Salinidade. Em regiões onde a expansão da aqüicultura só é possível com o uso de água salobra ou salgada o cultivo Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2000 Tilápias 47 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000 de tilápias tolerantes à salinidade é uma alternativa. A tilápia de Moçambique e a tilápia de Zanzibar apresentam grande tolerância à alta salinidade, crescendo e se reproduzindo de forma mais eficiente em águas salobras do que em água doce. Ambas são capazes de se reproduzir à sali- nidade acima de 32ppt (água salgada). A tilápia azul e a tilápia-do-Nilo também podem ser aclimatadas à água salgada. A tilápia-do-Nilo se reproduz normalmente em salinidades de até 15ppt. No entanto, a reprodução não ocorre a 30ppt (água salgada). O crescimento da tilápia azul e da tilápia-do-Nilo é maximizado é maximizado a salinidades ao redor de 10ppt. Além das particulari- dades de cada espécie, outros fatores parecem afetar a tolerância das tilápias à salinidade, entre muitos a estra- tégia de adaptação, a idade dos peixes no momento da transferência e a prévia exposição de ovos e pós-larvas à água de maior salinidade. Uma adaptação gradual, com o aumento da salinidade na ordem de 5ppt ao dia, resulta em melhor sobrevivência após a transferência para água salgada do que com a transferência direta. A tolerância à salinidade aumenta com a idade/tamanho do peixe. Para a tilápia vermelha da Flórida, a tolerância é maior aos 40 dias de vida, embora isto não exclua a necessidade de adaptação gradual. A tilápia-do-Nilo apresenta baixa tolerância até os 40-45 dias de vida. O tamanho parece ser mais importante do que a idade, no que diz respeito à tolerância à salinidade. Para a tilápia do Nilo, a tolerância máxima a salinidade parece ser atingida com alevinos maiores que 5cm. Limites de produção no cultivo de tilápias Os sistemas de produção utilizados no cultivo de tilápias são bastante diversificados em função: 1) da disponibilidade de recursos financeiros e insumos de produção; 2) do acesso e da viabilidade do emprego de tecnologia; 3) da disponibilidade de recursos hídricos; 4) da disponibilidade de área; 5) das condições climáticas prevalentes; 6) das particularidades do mercado consu- midor; 7) das características intrínsecas de cada empresa; entre outros fatores. Assim, os índices de produtividade, custos de produção e lucratividade são bastante distintos entre os diferentes sistemas de produção de tilápias. Por exemplo, biomassa entre 30 a 400kg de peixes/ha podem ser sustentadas em viveiros que não receberam qualquer aporte de nutrientes (ração ou fertilizantes). Viveiros nos quais os peixes são alimentados com ração, podem sustentar entre 4.000 a 40.000kg de peixe/ha, em função da qualidade da ração, uso ou não de aeração e intensidade de troca de água. Em outro extremo, 200kg de peixes/m3 (extrapolando, seriam 2.000t de peixes/ha) são produtividades comuns em tanques de alto fluxo e tanques-rede de pequeno volume. Tilápias Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2000 48 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000 Capacidade de suporte e o concei- to de biomassa econômica Independente dos sistemas de cultivo e das estratégias de produção adotadas, o conhecimento dos concei- tos e a quantificação da capacidade de suporte, biomassa crítica e biomassa econômica, bem como dos índices de desempenho das espécies cultivadas, é fundamental para o adequado plane- jamento e otimização da produção. Na Figura 1 é representado, graficamente, os conceitos de Biomassa Crítica, Biomassa Econômica e Capacidade de Suporte. CAPACIDADE DE SUPORTE (CS). É a máxima biomassa de peixes capaz de ser sustentada em uma unidade de produção (viveiro, tanque-rede, raceway, etc). O crescimento dos peixes (ou da popula- ção de peixes) é zero no momento em que a capacidade de suporte foi atingida (Figura 1). Qualquer tentativa de superar este limite de biomassa sem incrementar a estratégia de cultivo pode resultar em perda parcial ou total da produção. A capacidade de suporte pode ser expressa em relação à área (kg/ha, kg/1.000m2 ou kg/m2) ou ao volume (kg/m3) da unidade de produção. A determinação da capacidade de suporte é feita com base nos resultados de cultivos anteriores ou pode ser estimada através dos dados de produção obtidos em outras piscicultu- ras ou mesmo obtidos em publicações técnicas. BIOMASSA CRÍTICA (BC). Em algum momento do cultivo o crescimento diário dos peixes (ou da população de peixes) atinge um valor máximo, ou seja, o máximo ganho de peso possível por peixe (g/dia) ou por unidade de área (kg/ha/dia) ou volume (kg/m3/ dia). Neste momento dizemos que a unidade de produção atingiu a sua biomassa crítica (Figura 1). A partir do ponto de biomassa crítica o cres- cimento dos peixes começa a ser cada vez mais reduzido até que o sistema atinja sua capacidade de suporte e os peixes parem de crescer. BIOMASSA ECONÔMICA (BE). A biomassa econômica corresponde a uma biomassa entre a capacidade de suporte e a biomassa crítica (Figura 1). A biomassa econômica representa o valor de biomassa onde há o maior lucro acumulado durante o cultivo (máximo lucro possível) e o ponto onde a despesca (parcial ou total) deve ser realizada. Avançar o cultivo além da biomassa econômica resulta em redução da receita líquida por área ou volume, ou seja, diminuição no lucro, além de gasto adicional de tempo com a ocupação desnecessária da unidade de produção. Figura 1. Representação gráfica dos pontos de Biomassa Crítica, Biomassa Econômica e Capacidade de Suporte, em viveiros de baixa renovação de água e sem aeração, usados na de peixes ali- mentados com ração. O ponto de biomassa econômica de uma unidade de produção depende, basicamente, do custo de produção e do valor de mercado do peixe produ- zido. Por hora vamos assumir que, em geral, a biomassa econômica gira em torno de 60 a 80% da capacidade de suporte. A capacidade de suporte dos sistemas de produção em tanques e viveiros com baixa renovação de água é determinada, em sua ordem, pelos seguintes fatores: (1). Quantidade de alimento disponível; (2). Qualidade do alimento; (3). Níveis críticos de oxigênio dissolvido; (4). Concen- tração de amônia e gás carbônico na água. Tilápias são reconhecidas pela grande habilidade em reduzir a carga orgânica nos viveiros, quer pelo eficiente consumo de plâncton, quer pelo consumo de outros resíduos orgânicos. Soma-se a isto sua grande capacidade em tolerar baixos níveis de oxigênio dissolvido. Isto explica a maior capacidades de suporte obser- vada na produção de tilápias quando comparada a maioria dos peixes de respiração branquial. Na Tabela 2 são sumarizados os valores de capacidade de suporte observados em diferentes sistemas de produção de tilápia. Tam- bém é apresentada uma estimativa dos valores de biomassa econômica para estes mesmos sistemas. A produção em fases e o uso eficiente do espaço A produção em fases (Figura 2) otimiza o uso das unidades de produção (viveiros, tanques-rede e raceways). Na Tabela 3 é apresentado uma comparação onde, com a mesma área de produção, uma piscicultura pode produzir 38% mais tilápias utilizando 3 fases, contra um única fase de produção. O funda- mento básico é a manutenção de uma biomassa sempre próxima ao ponto de biomassa crítica, o que permite um arraçoamento médio mais elevado e maior ganho diário em biomassa (kg/ ha/dia ou kg/m3/dia). Em cada fase, a estocagem deve ser feita a uma biomas- sa de peixes logo abaixo da biomassa crítica e a despesca realizada quando a Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2000 Tilápias 49 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000 biomassa econômica for atingida. No ciclo seguinte repete-se este mesmo procedimento (Figura 2). A adoção da produção em fases exige, porém, um uso mais intenso de mão-de-obra e um sistema eficiente de movimentação dos peixes dentro da piscicultura. Os resultados, no entanto, compensam este maior empenho. Sistemas de produção de tilápias * Sistemas de cultivo: 1. Extensivo ou rudimentar; 2. Adubação orgânica e/ ou inorgânica; 3. Alimento suplementar com ou sem adubação; 4. Ração com- pleta em viveiros de baixa renovação de água; 5. Ração completa e aeração de emergência com baixa renovação de água; 6. Ração completa e troca parcial de água com aeração; 7. Recirculação de água com aeração; 8. Tanques de alto fluxo de água (raceways); 9. Tanques-rede de pequeno volume (até 6m3). Viveiros adubados. A tilápia pode ser cultivada em viveiros adubados com fertilizantes inorgânicos, estercos animais e subprodutos vegetais. A calagem é utilizada para corrigir a acidez, a alcalinidade e a dureza da água sempre que necessário. A adubação promove a produção de alimento natural, notadamente o plâncton, eficientemente aproveitado pelas tilápias. A capacidade de suporte pode variar entre 1.000 a 3.700 kg/ha, em função da qualidade e da quantidade dos fertilizantes aplicados. A adubação execessiva compromete a qua- lidade da água, prejudicando o desenvolvimento e a sobrevivência dos peixes. Adubação e alimento suplementar. A substitui- ção de parte dos fertilizantes por um alimento suplemen- tar aumenta a oferta de alimento e reduz a carga orgânica nos viveiros, permitindo o aumento na capacidade de suporte. Uma mistura de farelos, restos de restaurantes e varejões, e até mesmo rações peletizadas de baixo custo são usados como alimento suplementar. No alimento na- tural os peixes obtém aminoácidos essenciais, vitaminas e minerais que faltam no alimento suplementar. Apesar do menor impacto sobre a qualidade da água comparado ao uso exclusivo de adubos, os alimentos suplementares geralmente apresentam baixa estabilidade na água e reduzida digestibilidade, favorecendo um considerável acúmulo de nutrientes e resíduos nos viveiros. As fezes dos peixes e as sobras de alimento contribuem com o desenvolvimento do plâncton. O excesso de fitoplâncton e a degradação da matéria orgânica reduz o oxigênio na água, particularmente à noite. Assim, a capacidade de suporte é limitada entre 2.500 a 8.000kg/ha, dependen- do da qualidade do alimento suplementar utilizado e da quantidade de adubos aplicada. Viveiros com baixa renovação de água e ração completa. O próximo passo para incremento da capacia- de de suporte é o uso de rações completas (que reúnem todos os nutrientes exigidos pelos peixes). Isto diminui a depêndencia quanto ao alimento natural. No entanto, a Figura 2. Representação da produção de tilápias em fase única e em três fases. Tabela 3. Expectativa de produtividade no cultivo de tilápia do Nilo utilizando estratégias de produção com uma única fase (1g a 800g), ou uma estratégia de produção com 3 fases (1g _ 30g _ 200g _ 800g). Tilápias Panorama da AQÜICULTURA, maio/junho, 2000 tilápia ainda assim se beneficia do alimento natural disponível. Adubar os viveiros nas fases iniciais também traz benefícios às tilápias. A adubação é interrompia com o avanço do cultivo, pois as fezes e a excreção nitrogenada dos peixes são suficientes para manter uma adequada produção de plâncton e outros organismos. O excesso de ma- terial orgânico nos viveiros acelera a degradação da qualidade da água e prejudica o crescimento e a sobrevivência dos peixes. A capacidade de suporte de tilápias em viveiros com ração com- pleta, baixa renovação de água e sem aeração varia entre 6.000 a 10.000kg/ha, sendo limitada pela concentração de oxigênio dissolvido, a qual 50 Panorama da AQÜICULTURA, julho/agosto, 2000 Instrutor: Fernando Kubitza, Ph.D., especialista em Nutrição e Produção de Peixes 1 - Tanque-rede: Produção, Problemas e Soluções Dias: 14-15/07/00 • Fundamentos; planejamento e controle; • Manejo nutricional e alimentar; índices de produção; • Introdução aos problemas no cultivo de peixes em tanques-rede. • Seminário participativo com técnicos e produtores/empresários apresentando os problemas práticos e soluções encontradas no cultivo de peixes em tanques -rede. • Debate sobre as perspectivas futuras para a atividade no Brasil. 2- Planejamento e Economia Aplicados à Piscicultura Dias: 28-30/07/00 • Planejamento e controle da produção; • Controle do crescimento dos peixes; • Capacidade de suporte, biomassa crítica e biomassa econômica nos diferentes sistemas de produção; • Determinação da biomassa econômica; • O uso dos índices de desempenho e da biomassa econômica no planejamento da produção; • Noções aplicadas de orçamento, fluxo de caixa, cálculo da depreciação e inventários; avaliação do desempenho econômico em pisciculturas. • Exercícios Práticos. 3 - Nutrição e Alimentação de Peixes Cultivados Dias: 04-05/08/00 • Anatomia / fisiologia digestiva; hábito alimentar e exigências nutricionais dos peixes. • Processamento e granulometria das rações. • Fatores que afetam a conversão alimentar dos peixes. • Sinais indicadores da má nutrição dos peixes. • Estratégias e equipamentos para alimentação dos peixes. Prático: visita à uma fábrica de rações; indicadores de qualidade das rações; en- saio de estabilidade das rações na água. Discussões de problemas práticos. 4 - Parasitoses e Doenças dos Peixes Cultivados Dias: 25-26/08/00 • Condições que favorecem a ocorrência de doenças. • Mecanismos de defesa dos peixes e modos de transmissão de doenças. • Sinais indicativos, estratégias de prevenção, profilaxia e tratamento das principais doenças e parasitoses dos peixes. Prático: Técnicas de identificação de parasitoses e doenças; medicamentos e agentes profiláticos. Discussões de problemas práticos enfrentados por técnicos e criadores de peixes. 5 - Técnicas de Transporte de Peixes Vivos Dias: 15-16/09/00 • Fisiologia aplicada ao transporte. • Fatores que o transporte. • Condicionadores e profiláticos. • Tanques e Equipamentos. • Procedimentos rotineiros. • Cargas para alevinos e peixes adultos vivos. • Previsão do consumo de oxigênio no transporte. Prático: Ensaios dinâmicos de transporte; difusores e equipamentos; condiciona- dores e profiláticos. Cursos Avançados em Piscicultura em Jundiaí - SP Inscrição: Incluído material didático e almoços (sexta-feira e sábados): R$ 300,00 com 7 dias de antecedência ao curso; R$ 350,00 na semana que antecede, ou no dia do curso. Conta para depósito: Banco Itaú- Agência 1586 c/c 08120-8 Os dados para inscrição deverão ser enviados junto ao comprovante de depósito para o fone/fax: (11) 7397-2496 Aqua & Imagem Serviços aquaimg@zaz.com.br Horário: Sextas e Sábados das 8:00 às 18:00hs; Domingo (alguns cursos) das 8:00 às 12:00 hs diminui progressivamente com o aumento na quantidade diária de ração fornecida. Portanto, a capacidade de suporte é limitada pelo máximo arraçoamento que pode ser aplicado sem comprometer o oxigênio dissolvido na água. Em viveiros para tilápia isto gira em torno de 60 a 100kg de ração/ha/dia, dependendo da qualidade da ração utilizada. Aeração de viveiros e produção de tilápias. Em viveiros com baixa renovação e uso de ração completa, a aeração de emergência permite aumentar o arraçoamento para 120kg/ha/dia ou mais. No entanto, mais que 120kg de ração/ha/dia pode elevar a concentração de amônia na água. Níveis
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