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APOSTILA II Produção de Texto

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UAB – UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
FUESPI – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
NEAD – NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
LICENCIATURA PLENA EM LETRAS PORTUGUÊS
FUESPI
2011
LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO COM ÊNFASE EM
GÊNEROS DISCURSIVOS
Elias Maurício da Silva Rodrigues
Silvana da Silva Ribeiro
Rodrigues, Elias Maurício da Silva.
 Leitura e produção de texto com ênfase em gêneros discursivos
/Elias Maurício da Silva Rodrigues, Silvana da Silva Ribeiro. –
Teresina: UAB/FUESPI/NEAD, 2011.
 107 p.
 ISBN: 978-85-61946-28-9
1. Leitura – gêneros discursivos. 2. Leitura e produção de textos
. I. Elias Maurício da Silva Rodrigues II. Silvana da Silva Ribeiro. III.
Título.
CDD: 418.4
R6961l
Presidente da República
Dilma Vana Rousseff
Vice-presidente da República
Michel Miguel Elias Temer Lulia
Ministro da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância
Carlos Eduardo Bielschowsky
Diretor de Educação a Distância CAPES/MEC
Celso José da Costa
Governador do Piauí
Wilson Nunes Martins
Secretário Estadual de Educação e Cultura do Piauí
Átila de Freitas Lira
Reitor da FUESPI – Fundação Universidade Estadual do Piauí
Carlos Alberto Pereira da Silva
Vice-reitor da FUESPI
Nouga Cardoso Batista
Pró-reitor de Ensino de Graduação – PREG
Marcelo de Sousa Neto
Coordenadora da UAB-FUESPI
Márcia Percília Moura Parente
Coordenador Adjunto da UAB-FUESPI
Raimundo Isídio de Sousa
Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação – PROP
Isânio Vasconcelos de Mesquita
Pró-reitora de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX
Francisca Lúcia de Lima
Pró-reitor de Administração e Recursos Humanos – PRAD
Acelino Vieira de Oliveira
Pró-reitor de Planejamento e Finanças – PROPLAN
Raimundo da Paz Sobrinho
Coordenadora do curso de Licenciatura Plena em Letras Português – EAD
Ailma do Nascimento Silva
Edição
UAB - FNDE - CAPES
FUESPI/NEAD
Diretora do NEAD
Márcia Percília Moura Parente
Diretor Adjunto
Raimundo Isídio de Sousa
Coordenadora do Curso de Licenciatura
Plena em Letras Português
Alima do Nascimento Silva
Coordenador de Tutoria
Maria do Socorro Rios Magalhães
Coordenadora de Produção de Material
Didático
Cândida Helena de Alencar Andrade
Autores do Livro
Elias Maurício da Silva Rodrigues
Silvana da Silva Ribeiro
Revisão
Teresinha de Jesus Ferreira
Diagramação
Luiz Paulo de Araújo Freitas
Capa
Luiz Paulo de Araújo Freitas
MATERIAL PARA FINS EDUCACIONAIS
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS CURSISTAS UAB/FUESPI
UAB/FUESPI/NEAD
Campus Poeta Torquato Neto (Pirajá),
NEAD, Rua João Cabral, 2231, bairro
Pirajá, Teresina (PI). CEP: 64002-150,
Telefones: (86) 3213-5471 / 3213-1182
Web: ead.uespi.br
E-mail:eaduespi@hotmail.com
SUMÁRIO
UNIDADE 1
1 Concepções de leitura e o ato de ler ................................................ 13
1.1 A leitura na era digital ......................................................................... 18
1.2 A importância da leitura para aquele que escreve .............................. 20
1.3 A importância do ato de escrever no ensino da Língua Portuguesa .... 26
Leituras complementares ..................................................................... 29
Resumindo ............................................................................................ 30
Atividades de aprendizagem ................................................................ 32
UNIDADE 2
2 O que é um texto? .............................................................................. 37
2.1 O que é textualidade? ........................................................................ 42
2.2 O que são tipos e gêneros textuais? .................................................. 51
2.2.1 Tipos textuais .................................................................................. 52
2.2.2 Gêneros do discurso ....................................................................... 60
Resumindo... .......................................................................................... 63
Leituras complementares ..................................................................... 64
Atividades de aprendizagem ................................................................ 65
UNIDADE 3
3 Gêneros acadêmicos ......................................................................... 73
3.1 Resumo ............................................................................................. 73
3.1.1 Sumarização: processo essencial para a produção de resumos ..... 74
3.2 Resenha ............................................................................................ 83
3.2.1 Como fazer uma resenha? .............................................................. 83
3.3 Fichamento ........................................................................................ 88
3.3.1 Modelo de fichamento de citações .................................................. 89
3.4 Gêneros virtuais ................................................................................. 90
3.5 Outros gêneros .................................................................................. 96
Resumindo... ........................................................................................ 101
Atividades de aprendizagem .............................................................. 101
Referências .......................................................................................... 103
9
FUESPI/NEAD Letras Português
PARA COMEÇAR...
O presente livro está dividido em três unidades. A primeira trata sobre
as Concepções de leitura e o ato de ler e devido ao momento em que estamos
vivendo no que concerne ao desenvolvimento das tecnologias da comunicação
e informação e da febre da internet, trata também sobre as concepções de
leitura na era digital. A segunda unidade trata sobre o texto e suas configurações,
bem como sobre os seus critérios de textualidade. Para complementar essas
noções serão abordadas também as noções de tipo e gênero de texto que,
em nosso entendimento, não é uma questão tão bem resolvida como alguns
linguistas podem colocar em seus manuais de estudos linguísticos. Em nossa
terceira unidade passaremos, a partir dos estudos realizados sobre o texto, a
pôr em prática nossos conhecimentos, praticando... Lembra-se da nossa
conversa inicial, na produção textual como no ato de dirigir, quanto maior for a
nossa prática melhor será a nossa habilidade de redigir um texto. Vamos
estudar, praticar e descobrir o mundo maravilhoso da arte de nos expressar
por meio de textos. Neles, podemos mostrar nossa alegria por algo que
realizamos, a nossa revolta com relação a algo de que discordamos, podemos
mudar determinadas situações produzindo textos de repúdio e a depender do
alcance da abrangência e veiculação das informações por meio da internet
podemos fazer os nossos protestos visitarem o mundo inteiro em segundos.
Como você pode perceber, caro aluno, o ato da escrita é uma arma
poderosíssima que não machuca ninguém, não contamina rios e mares, mas
pode transformar o mundo no qual vivemos. Aproveite esta capacidade que
você recebeu de Deus para usá-la em seu benefício e de seu próximo, sem é
claro, deixar de seguir a ética e a seriedade que devem nortear uma produção
textual e qualquer ação em nossas vidas. Aproveite bem e bons estudos!!
Os autores
UNIDADE 1
Concepções de leitura e o ato de ler
OBJETIVOS
• Identificar as concepções de leitura refletindo sobre sua relevância
para a realização plena do ato de ler.
• Correlacionar as concepções de leitura com os vários momentos
em que nos deparamos com a necessidade de ler.
13
FUESPI/NEAD Letras Português
1 Concepções de Leitura e o ato de ler
Ler pode ter as mais diversificadas acepções. Podemos ler a
expressão do rosto de uma pessoa, o significado de uma bela obra de arte, a
bulade remédio, e até o silêncio de alguém. E embora não seja sob essas
perspectivas tão poéticas que nos reportaremos à leitura, precisaremos que
você se abra para esse processo de aprender a ler de uma forma completa e
complexa. Complexa, e não complicada, porque ler não é complicado e torna-
se algo muito interessante se nos habituamos a ver além das letras que estão
grafadas no papel.
Exercitando a leitura:
1 Observe a imagem da escultura, a seguir, por uns cinco minutos e
responda. O que esta imagem suscita em sua mente. Como você a
descreveria? Aventure-se. Escreva um breve comentário sobre a impressão
que esta imagem te passa.
Fonte: planetaeducacao.com.br
14
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
Fonte: pt.artesanum.com
Ler pode ter as mais diversificadas acepções. Podemos ler a
expressão do rosto de uma pessoa, o significado de uma bela obra de arte, a
bula de remédio, e até o silêncio de alguém. E embora não seja sob essas
perspectivas tão poéticas que nos reportaremos à leitura, precisaremos que
você se abra para esse processo de aprender a ler de uma forma completa e
complexa. Complexa, e não complicada, porque ler não é complicado e torna-
se algo muito interessante se nos habituamos a ver além das letras que estão
grafadas no papel.
Exercitando a leitura:
1 Observe a imagem da escultura, a seguir, por uns cinco minutos e
responda. O que esta imagem suscita em sua mente. Como você a
descreveria? Aventure-se. Escreva um breve comentário sobre a impressão
que esta imagem te passa.
15
FUESPI/NEAD Letras Português
Geraldi (2003) define a leitura como um processo de interlocução entre
leitor e autor. Nesta perspectiva, é o leitor que constrói o texto a partir de sua
leitura, atribuindo-lhe as sua significações. Esses significados são
estabelecidos tomando como base as suas leituras anteriores e as suas
experiências de vida.
O autor destaca dentre as concepções de leitura: A leitura-busca de
informações, a leitura-estudo do texto, a leitura do texto-pretexto e a leitura-
fruição do texto. Acreditamos que você, caro aluno já realizou a leitura em
cada um dos modos enunciados nessas concepções.
Você já leu aquele capítulo inteiro de um livro de história, por exemplo,
para encontrar a resposta para aquela questão de um exercício? Pois é,
quando fazemos esse tipo de busca, estamos realizando a leitura como
busca de informações.
A leitura-estudo do texto pode ser entendida como a que você está
fazendo agora, lendo esse material com uma finalidade específica, leitura de
uma disciplina. O que diferencia esse tipo de concepção é a finalidade, o
objetivo faz com que o leitor procure assimilar o máximo o que leu porque o
conteúdo lhe será útil para a realização de atividades, para responder a uma
avaliação, por exemplo.
Mas, também há a situação em que você já procurou um texto que
tivesse uma fundamentação para um texto que você está elaborando, como
por exemplo, um resumo, uma resenha. Ou então você já fez aquela prova de
português na qual se solicita que você leia um determinado texto para responder
algumas questões acerca desse texto, que podem ser de interpretação ou de
gramática? É isso que reflete a leitura do texto-pretexto. Se pensarmos,
essa leitura é bem parecida com a leitura-busca de informações, mas nesse
caso, o termo pretexto de certa forma avalia a ação de usar um texto de forma
reducionista.
Já a leitura-fruição, refere-se a um tipo de leitura que realizamos por
prazer, porque nos faz bem, nos faz felizes. É isso mesmo, podemos ler um
16
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
texto sem buscar nenhuma informação, sem estarmos fazendo um estudo ou
sem nenhum pretexto. Podemos estar fazendo isso apenas pelo prazer que
nos dá a sua leitura. Quer vivenciar esta situação? Leia o poema Felicidade,
de Fernando Pessoa, a seguir.
Felicidade
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se o achar, segure-o!
Fonte: http://pensador.uol.com.br/poesia_felicidade_fernando_pessoa/
Bom, mas além das concepções de leitura, há outras informações
que são relevantes para prepará-lo para a maravilhosa aventura de ler e
escrever. Você já deve ter se perguntado como fazer para ler, para redigir um
bom texto. A primeira ações que se faz necessária é se desfazer de algumas
crenas como a de que você não sabe escrever ou de que você não gosta de
escrever. Às vezes, devido a forma como tivemos o nosso primeiro contato
com o ato de ler ou de escrever (e esse contato às vezes é doloroso) ficamos
traumatizados, e chegamos a detestar alguma tarefa que nos é solicitada no
sentido de ler ou escrever algum texto. Nesse caso, o que se deve pensar é
que a linguagem é a moeda de maior valor para conquistarmos poder. As
pessoas que têm a capacidade de falar em público, de escrever bons textos
já tem muito a seu favor num mundo como o nosso em que todos os dias
temos que nos expressar, seja na oralidade seja na escrita.
17
FUESPI/NEAD Letras Português
Fausltich (2005) trata sobre a leitura e redação de textos enfatizando
a forma de elaboração e estrutura de textos argumentativos (explicando a
estrutura dos parágrafos que os compõem). A autora destaca algumas técnicas
de leitura como, por exemplo: sublinhar, destacar as ideias principais do texto
e trata sobre os tipos de leitura, que subdivide em leitura informativa e leitura
interpretativa. Para tanto, oferece pistas sobre como se pode aprimorar a
leitura informativa, aprendendo a fazer "leitura seletiva", que consiste em
identificar as palavras-chave (palavras mais importantes) em um parágrafo;
e como um segundo passo para facilitar a leitura do texto a autora sugere a
identificação das palavras-secundárias, que são utilizadas para desenvolver
o parágrafo, como os exemplos, as ilustrações. E a partir do momento em
que o leitor está habituado a fazer este exercício de depreensão1 das ideias
principais e das ideias secundárias de um texto o fechamento para uma leitura
informativa e interpretativa ocorre com a capacidade de resumir um texto, que
o leitor já terá adquirido sem perceber. Pois, se resumir um texto é extrair as
suas ideias principais, para resumir o texto bastará descartar de seu resumo
as ideias secundárias. Daí para produção do resumo faz-se necessária apenas
a organização textual observando a outros detalhes do ato de escrever.
Exercitando...
1 Identifique somente as ideias principais do parágrafo anterior e
destaque-as como no modelo:
[Ideia principal - Fausltich (2005) trata sobre a leitura e redação de
textos enfatizando a forma de elaboração e estrutura de textos argumentativos
(explicando a estrutura dos parágrafos que os compõem).
[ Ideia Principal - Fausltich (2005) trata sobre a leitura e redação de
textos enfatizando] [Ideia secundária - enfatizando a forma de elaboração e
estrutura de textos argumentativos...]
1 Depreensão. s. f. Acto, Ato de depreender. Depreender: v.t. Chegar à compreensão ou ao
conhecimento de; perceber, inferir, induzir. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/Default.aspx
18
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
2 Identifique somente as ideias secundárias do parágrafo anterior e
destaque-as como no modelo:
[ Ideia Secundária (explicando a estrutura dos parágrafos que os
compõem)...]
Viu só como é fácil? Continue o exercício com o mesmo parágrafo e
depois você poderá utilizar com qualquer texto que necessite estudar. Esta é uma
excelente maneira de assimilar melhor as informações em suas leituras e de fazer
resumos, sínteses que são textos que você sempre necessitaráproduzir no
decorrer de seu curso. O resumo e a resenha são atividades muito solicitadas
num curso superior. Reportaremos-nos, especificamente a esses e outros gêneros
textuais na unidade 3 deste livro, em separado, dada a sua relevância.
Entendemos que há outras concepções de leitura e embora
reconheçamos a sua relevância não as apresentaremos nesta obra pela
limitação do espaço de que dispomos, além de as concepções já
apresentadas terem cumprido os nossos objetivos imediatos.
Trataremos a seguir sobre a leitura em outra perspectiva, um pouco
diferente das quais estamos habituados, a leitura na era digital.
1.1 A leitura na era digital
As inovações tecnológicas e
o desenvolvimento das tecnologias da
comunicação da informação – TIC,s
fizeram surgir novas maneiras de ler
e de estudar. Algumas dessas
maneiras são bem mais dinâmicas e
interativas do que jamais se imaginou que seria possível.
As inovações tecnológicas e o desenvolvimento das tecnologias da
comunicação da informação – TIC,s fizeram surgir novas maneiras de ler e de
estudar.
19
FUESPI/NEAD Letras Português
Gouveia (2010) destaca que o perfil do “leitor médio” no Brasil difere
daqueles observados em outros países, e que os hábitos de leitura de um
brasileiro diferem dos hábitos de outro leitor de diferente classe social ou
faixa etária, também nascido no Brasil. A autora destaca que de acordo com
a pesquisa encomendada pelo Instituto Pró-Livro, Retratos da Leitura no Brasil,
cujo lançamento ocorreu em maio de 2008, sob a coordenação do Observatório
do Livro e da Leitura - OLL, a maior parcela de brasileiros não-leitores (que
não leram um livro nos três meses anteriores à pesquisa) está entre os adultos
de 30 a 39 anos (15%) e de 40 a 49 (15%). E defende que em se tratando da
dimensão tecnológica, houve uma mudança importante observável através
do tempo.
Há alguns estudiosos que percebem avanços no modo de leitura
digital, entretanto há também aqueles que destacam alguns problemas nesse
modo de leitura. A autora supracitada refere-se a Vogt e Pellegrini, que estão
no segundo grupo dos estudiosos que avaliam a leitura digital como um
mecanismo de transformação crucial e de certo modo arriscada nos modos
de ler. Outros estudiosos da linguagem também se preocupam com a leitura
digital como, por exemplo, Marcuschi, que em aulas do nosso curso de
Mestrado em 2001, falava-nos sobre o perigo de o leitor perder o foco de sua
leitura e alertava para as informações em cascata, que vão surgindo quando
o leitor está diante de um computador conectado à internet.
Segundo Gouveia (2010), a limitação da imaginação e a dispersão
da concentração representam dois riscos apontados por Vogt, conforme o
aumento da leitura de textos na internet.
Entretanto, a leitura digital tem as suas vantagens. Melhor dizendo, as
informações veiculadas no meio digital têm também suas vantagens, pois não
é porque um texto está disponibilizado no ambiente digital que ele somente
poderá ser lido no referido ambiente. A impressão ainda é um recurso muito
utilizado, mesmo por parte daqueles alunos que fazem um curso em ambientes
virtuais de aprendizagem – AVA. Embora entendamos que os leitores aqui
20
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
citados se refiram ao processo de leitura digital em computadores conectados
à internet fazemos esta ressalva porque entendemos que a leitura digital ainda
não é tão digital assim. E nos arriscamos a afirmar que a leitura digital muitas
vezes é apenas uma leitura seletiva e não uma leitura final. Ou seja, o leitor lê
no ambiente digital aquilo que ele pode ir selecionando, copiando, arquivando,
mas quando este precisa reler, ou produzir resumos, textos a partir dos textos
que está lendo, ele usará outros recursos como a impressão, salvo aqueles
casos em que o leitor já desenvolveu um grau de letramento digital que lhe
permite ir produzindo, de modo digital, isto é no próprio computador, a partir
do que vai selecionando e armazenando, sem, no entanto necessitar de utilizar-
se do recurso de impressão.
1.2 A Importância Da Leitura Para Aquele Que Escreve
 A informação é necessária para as
pessoas que têm necessidade de produzir um
texto. Pois o aluno pode dominar todas as
técnicas de leitura e de produção de textos, as
senão tiver informações não tem como escrever,
produzir um texto. Desse modo, entendemos a
informação a respeito do tema que se deseje
produzir um texto como um elemento essencial.
E o meio mais adequado para a aquisição de
informações é sobretudo a leitura, que por sua
vez não deve ser realizada apenas quando
precisamos escrever algo, mas também, para
nosso próprio enriquecimento cultural.
Para que "o leitor se informe é
necessário que haja entendimento daquilo que ele lê" (FAULSTICH, 2002, p.
13). A autora afirma desse modo que a inteligibilidade textual é imprescindível
21
FUESPI/NEAD Letras Português
ao leitor; caso contrário, ele não conseguirá absorver as informações
necessárias à elaboração do seu próprio texto.
Escrever não é tarefa reservada apenas a intelectuais, a escritores, a
jornalistas, a advogados ou a professores de português. A escrita como meio
de comunicação é para todos e é questão bem definida e planejada em vários
concursos públicos e vestibulares de maneira geral. Por tudo o que foi exposto
até aqui, é perceptível que a leitura e a escrita andam juntas, e uma capacidade
subsidia a outra, pois a leitura nos capacita a escrever melhor e a escrita nos
faz perceber recursos de leitura que somente lendo não absorveríamos. Você
já deve ter percebido isso quando escreve algo, lê buscando-lhe o sentido, a
coerência, a coesão e não conseguindo encontrar ou para tornar a leitura mais
compreensível, você reescreve. Se estiver digitando, isso fica ainda mais fácil,
pois tem-se o recurso de recortar um trecho que estava lá para o final do
período, da oração, deslocando-lhe para o meio, para o início, para o fim até
que se percebe a leitura mais agradável, mais objetiva, mais direta.
Exercitando...
1 O poema a seguir está com os versos em posição trocada, mas
pela cronologia das ações você pode reordená-lo mesmo sem conhecê-lo.
Faça este exercício e o reorganize, reescrevendo-o no espaço reservado para
isso.
E ter paciência para que a vida faça o resto...
Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim...
Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém...
William Shakespeare
William Shakespeare
22
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
A leitura é tão relevante para aquele que pretende desenvolver estudos
sistemáticos que nos próprios processos de seleção para o vestibular, por
exemplo, são “cobradas” as leituras de várias obras. E se para entrar na
universidade são cobradas do universitário, a leitura e reflexão não é correto
que, ao longo do curso universitário, não seja ele capaz de refletir e escrever
de forma crítica sobre vários pontos estabelecidos, em diferentes matérias.
Somente escreve mal aquele quem não tem o que dizer porque não aprendeu
a organizar seu pensamento, pois somente o domínio das regras gramaticais,
ou saber selecionar as palavras para cada ocasião não nos fará escrever
bem, visto que assim sempre nos faltará o conteúdo acerca do tema.
Antes do ato da escrita faz-se necessária a reflexão, e o melhor
estímulo para a reflexão é a leitura, é ler o que outros já escreveram a respeito
do que leram de outros e assim sucessivamente, pois a escrita está sempre
impregnada de outras escritas, ou seja, a leitura é diálogo direto ou indireto
com outras leituras.
Passada a fase de ler, escrever e refletir sobre o texto que vai produzir
o aluno deve voltar sua atenção para os tipos e os gêneros de textos que irá
produzir também, pois quando lhe for solicitada a produção de algum texto
será determinado o tipo do texto a escrever, por exemplo, um texto dissertativo
argumentandosobre um assunto. Por isso, é importante refletir rapidamente
sobre essas nomenclaturas: dissertação e argumentação. Há algumas
diferenças entre as noções de tipo e gênero que serão tratadas na unidade 2
deste livro, por isso trabalharemos aqui apenas com a noção de tipo.
Como a dissertação é o tipo de texto mais solicitado e utilizado no
meio acadêmico a tomaremos como parâmetro de escrita, nesse livro.
É relevante que o aluno saiba a diferença entre dissertação e
argumentação, uma vez que essas nomenclaturas costumam ser tomadas,
muitas vezes, como sinônimas. Uma das distinções básicas que pode ser
estabelecida entre a dissertação e a argumentação é o fato de que no primeiro
tipo de teto as idéias do autor são expostas, a título de informação sobre um
23
FUESPI/NEAD Letras Português
determinado assunto, enquanto que na argumentação, além de se expor o
que se pensa/sabe sobre um determinado assunto, faz -se isso de forma
persuasiva, tentando convencer o leitor de seu texto.
Argumentar sobre algo que não se conhece é muito difícil. Imagine,
Poe exemplo um vendedor conseguir vender um produto sem conhecer as
suas características, as qualidades do produto que precisará mostrar, enfim
as informações que serão utilizadas para convencer ao consumidor para
comprá-lo. Isso é tão importante que temos as empresas de propaganda que
se encarregam de fazer a publicidade de produtos utilizando-se de linguagem
determinada para isso, de elementos de persuasão. Para expor as idéias ou
para convencer alguém, é preciso conhecer o assunto tratado, uma vez que,
ninguém consegue escrever bem, se não conhece o que vai escrever. É
preciso, antes de qualquer movimento, conhecer profundamente o objeto de
reflexão. Para escrever, assim, a respeito de qualquer assunto, é necessário,
antes, ler e refletir, procurando argumentos que serão apresentados como
elementos de sustentação temático-textual.
Argumentar
No dicionário disponível em http://www.dicio.com.br,
Argumentar: v.t. e v.i. Usar de argumentos; discutir apresentando e
contrapondo razões que, através do raciocínio lógico, levem a uma
conclusão.
Pela própria definição do termo tem-se que “se discute apresentando
e contrapondo razões”. E isso somente é possível com o conhecimento daquele
objeto sobre o qual se monta uma argumentação. No texto argumentativo
ocorre o mesmo, há a mesma necessidade de apresentar argumentos de
posição ou contraposição. A construção da posição ou contraposição ocorre
a parti de verbos que o escritor, ou autor do texto utiliza, ou ainda por meio de
modalizadores que podem destacar o posicionamento do autor do texto.
Vejamos um exemplo a seguir.
24
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
I. INTRODUÇÃO
Embora seja um desenvolvimento relativamente recente no campo dos estudos
aplicados do discurso, a análise de gêneros tem se tornado extremamente popular
nos últimos anos. O interesse pela teoria dos gêneros e suas aplicações não se restringe
mais a um grupo específico de pesquisadores de uma área em particular ou de um
setor qualquer do globo terrestre, mas cresceu a ponto de assumir uma relevância
muito mais ampla do que jamais foi imaginado.
Candlin (1993) indaga com propriedade:
O que há com o termo e com a área de estudos que ele representa,
para que atraia tanta atenção? O que lhe permite agrupar sob o
mesmo abrigo terminológico críticos literários, retóricos, sociólogos,
cientistas cognitivistas, especialistas em tradução automática,
linguistas computacionais e analistas do discurso, especialistas em
Inglês para Fins Específicos e professores de língua? O que é isso
que nos permite reunir sob o mesmo rótulo publicitários,
especialistas em comunicação empresarial e defensores do Inglês
Comum? (Candlin, 1993).
Fonte: BHATIA, Vijay K. ANÁLISE DE GÊNEROS HOJE*.Tradução de Benedito Gomes
Bezerra.Rev. de Letras - N0. 23 - Vol. 1/2 - jan/dez. 2001
Como se pode perceber a partir da análise do texto do exemplo, tem-
se duas argumentações. A primeira é a do tema do qual se está tratando e a
segunda, o que se percebe a partir da observação dos elementos destacados
apenas com sublinhados estão sendo utilizados para caracterizar o referente
análise de gêneros, que por sua vez está em negrito e em sublinhado,
exatamente porque ele é o termo mais importante, do qual se está enunciando
as informações: Embora/ desenvolvimento/ recente/estudos aplicados do
discurso. Esta argumentação é de quem está produzindo o texto. Ou seja, é o
autor do texto que considera que: “Embora seja um desenvolvimento
relativamente recente no campo dos estudos aplicados do discurso, a análise
de gêneros tem se tornado extremamente popular nos últimos anos.”
25
FUESPI/NEAD Letras Português
Já a segunda argumentação que se tem é a que o autor do texto faz
da apresentação que o segundo autor, aquele que é citado no texto que
tomamos como exemplo, para trazer mais informações sobre o assunto em
tela, o que temos então é o autor do texto Bathia (2001) citando Candlin (1993),
como se pode corroborar na informação da fonte após o texto. Muitas vezes,
por uma questão de você não estar acostumado a esse tipo de leitura não
consegue atentar muito bem para esse tipo de processo argumentativo, mas
isso não é um problema, porque uma vez familiarizado com esse tipo de
marcação, nome do autor no texto, forma de citar tudo isso vai ficando mais
claro para o leitor e como são marcas bem visuais a leitura torna-se bem mais
fácil.
No processo de redação existe um plano estruturado para ligação
lógica do que o emissor codificador quer transmitir ao receptor ou decodificador
da mensagem, ou melhor, temos uma sequência de idéias que geram um
diálogo entre duas pessoas (escritor e leitor/ vestibulando e examinador) por
meio de idéias que são tecidas por meio do tema proposto e delimitado.
Como principais partes do texto tem-se:
• Introdução, que é o início de uma idéia geral e importante (objeto
principal do trabalho). Constrói o núcleo-frasal que será desenvolvido, na parte
do texto que é chamada de desenvolvimento;
• Desenvolvimento, que é a manifestação do tema em todos os seus
elementos (afirmação ou negação). Nesta parte são desenvolvidos os
elementos extrínsecos ou formais e os intrínsecos (conceitos e argumentos)
observando a clareza e a concisão do parágrafo.
• Conclusão, que é o sintetizador do desenvolvimento e criador do
elo final com a idéia geral que já fora mencionada na introdução.
A ordenação no Desenvolvimento do Parágrafo pode ocorrer:
a) com indicações de espaço: "... não muito longe da capital...".
Utilizam-se advérbios e locuções adverbiais de lugar e certas locuções
prepositivas, e adjuntos adverbiais de lugar;
26
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
b) com informações de tempo e espaço: por meio de advérbios e
locuções adverbiais de tempo, certas preposições e locuções prepositivas,
conjunções e locuções conjuntivas e adjuntos adverbiais de tempo;
c) com enumeração: citação de características que vem normalmente
depois de dois pontos;
d) com contrastes: estabelece comparações, apresenta-se paralelos
e evidencia diferenças; conjunções adversativas, proporcionais e comparativas
podem ser utilizadas nesta ordenação;
e) por causa-consequência: conjunções e locuções conjuntivas
conclusivas, explicativas, causais e consecutivas;
f) com explicitação: esclarece o assunto com conceitos elucidativos e
justificativos dentro da idéia que construída.
Mattoso Camara (2001, p.62) dividiu os problemas de redação em dois
grupos: o primeiro: o dos problemas essenciais e o segundo, dos secundários.
Os problemas essenciais referem-se à composição, ou seja, ao plano
do texto e à escolha vocabular, mais especificamente à técnica de formulação
verbal, que dispensa os elementos extralinguísticos e locucionais, participantes
da exposição oral.
Já os problemas secundários,que são a pontuação, a ortografia, a
concordância, a acentuação, isto é, os elementos gramaticais constituem os
problemas que, para Mattoso, são de mais fácil solução.
Os erros mais frequentemente abordados são os gramaticais, isto é,
erros de pontuação, acentuação, ortografia, concordância verbal e nominal,
regências verbal e nominal, etc. Entretanto estes não representam o aspecto
mais importante para o texto.
1.3 A importância do ato de escrever no ensino de Língua Portuguesa
Escrever no ensino da língua portuguesa na universidade, levando-se
em consideração que a modalidade escrita é muito mais utilizada no exercício
27
FUESPI/NEAD Letras Português
profissional de várias pessoas é muito relevante. Atualmente, exige-se do
profissional redação própria, ou seja, a capacidade de expressar no papel,
na escrita, o seu trabalho, isto é, o profissional deve se comunicar com outras
empresas a partir da modalidade escrita, de forma clara, objetiva e direta.
Contudo, é necessária muita leitura e conhecimento das possibilidades da
língua, pois até mesmo um texto prosaico pode ser original, no sentido de
expressar àquele que lê traços característicos da personalidade de quem o
escreve.
No entanto, sabe-se que, para muitos, o ato de escrever não encarado
com como uma tarefa muito fácil, principalmente para aqueles para quem a
pouca ou total ausência da modalidade escrita, foi uma das lacunas deixadas
pelos ensinos fundamental e médio. Antes a ênfase nas nomenclaturas reduzia
o espaço da interpretação, da leitura e da escrita, e assim, o aluno não
conseguia, quando lhe era solicitado, utilizar os recursos gramaticais
ensinados. Não cabe à universidade resolver as lacunas deixadas pelos
ensinos fundamental e médio, mas sim despertar aqueles que têm dificuldade
ao escrever, fazendo com que esses leiam, escrevam bastante e consigam,
ao longo dos anos e com a prática, sanar suas dificuldades de escrita. Por
isso mesmo, a produção de textos deve fazer parte da rotina acadêmica. Após
a leitura de um poema, de um trecho de um romance, de um texto científico, de
uma reportagem, ou, até mesmo, após um debate, o educando deverá ser
estimulado a elaborar um texto sobre o tema sugerido.
Com tudo isso, a importância deste estudo está ligada à possibilidade
de orientar a organização de programas de língua portuguesa, no que diz
respeito à relevância da produção de textos dentro e fora das aulas de
produção textual.
Não se pode esquecer de que, durante muitos anos, o ensino da língua
não se destinou à produção, à leitura e à interpretação de textos, mas sim se
limitou a exigir do aluno as nomenclaturas gramaticais, uma vez que essas
eram, e continuam sendo, exigidas pelo vestibular e pelos concursos em geral.
28
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
O resultado de tal postura foi um universitário que mal sabe escrever e, o pior,
que pode passar quatro anos na universidade sem saber produzir um bom
texto. Para que você não passe por essa experiência vexatória, atente para
os aspectos formais (que já se viu que não precisam ser tão formais assim),
para os aspectos contextuais (para quem você está produzindo um
determinado texto, isto é, quem é o seu destinatário; qual o seu objetivo com
o texto que está produzindo e por último, o que você tem para informar no
texto, o que você sabe sobre o assunto sobre o qual lhe foi solicitado que você
produza um texto. O professor quando pede a um aluno que produza um texto
sobre um determinado assunto deve em primeiro lugar verificar se esse aluno
tem informação suficiente sobre o assunto, e se o resultado da verificação for
negativo, deve ajudar seu aluno no sentido de encontrar informações.
Entretanto, como nem todas as vezes que lhe for solicitado que produza você
terá a ajuda de seu professor, como no caso de provas de vestibulares, a
produção de texto que lhe é pedida, é feita com base a pressuposição de que
você já tem informação suficiente para produzir aquele texto e é por isso que
a leitura é um dos principais requisitos para que se aprenda a produzir bons
textos. Isso se deve ao fato de que por meio dela você adquirirá informações
para a sua produção textual.
Não se pode deixar de lado o estudo linguístico, que é importante
para a elaboração de um "bom" texto. Assim, para se escrever "bem" o texto
deve-se saber utilizar, corretamente, os sinais de pontuação, deve-se saber
ortografia, acentuação; deve-se saber o uso da crase; deve-se fazer as
concordâncias verbal e nominal; deve-se saber regências verbal e nominal;
além de se fazer um texto com os dois elementos mais importantes: coesão e
coerência. Sem estes dois elementos, o texto perde a intenção de
comunicação, ou melhor, de intercomunicação.
Bechara (2001) defende que o enunciado não se constrói com um
amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios
gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos
29
FUESPI/NEAD Letras Português
por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios. Dessa
forma, pode-se afirmar que no ato de produção textual, não se deve somente
escrever diversas frases, é necessário também que se tenha unidade, ou seja,
faz-se necessário também que estas frases sejam coesas e coerentes e então
formem um texto.
Relembrando... e sintetizando, para não esquecer. Faça um breve
exercício de retomada das informações que leu até aqui, tente perceber do
que você ainda lembra e anote no espaço a seguir. Isso servirá para que você
vá guardando informações para o fichamento que deverá fazer ao final da
leitura deste livro. Mas por enquanto, anote somente o que você aprendeu até
aqui. Você pode fazer a anotação em tópicos, pois quando você reler o tópico,
com certeza a ideia lhe virá à mente.
Leituras complementares: indicação de leituras (livros ou páginas
da web) relacionadas ao tema de cada unidade);
• Associação Nacional de Livrarias: www.anl.org.br/web/index.php
• Câmara Brasileira do Livro: www.cbl.org.br
• Revista Panorama Editorial: www.panoramaeditorial.com.br
• Biblioteca Brasiliana USP: www.brasiliana.usp.br
• Portal Domínio Público: www.dominiopublico.gov.br
30
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
• http://www.webartigos.com/articles/59876/1/Como-ler-entender-e-
redigir-um-texto/pagina1.html#ixzz1OMnNAjpq
• http://www.cintiabarreto.com.br/
Atividade complementar
Crie um blog de seu curso e destine a cada uma das disciplinas um
espaço para arquivar seus textos, resumos, resenhas, fichamentos, enfim, o
resultado de seus estudos. Com a continuidade, você verá que tem um espaço
de estudo e consulta dinâmico e prazeroso. Além disso, este espaço pode
ser usada por alguns colegas de sua turma que pode constituir o conselho
editorial do blog. Eles podem ajudar você a alimentar a página, a editar os
textos e tomar todos os cuidados do seu blog.
Resumindo...
Bom, nesta unidade tratamos das concepções de Leitura, do ato de
ler e nesta perspectiva vimos que ler pode ter as mais diversificadas acepções.
Podemos ler a expressão do rosto de uma pessoa, o significado de uma bela
obra de arte, a bula de remédio, e até o silêncio de alguém.
Vimos que Geraldi (2003) define a leitura como um processo de
interlocução entre leitor e autor. E que o autor destaca dentre as concepções
de leitura: A leitura-busca de informações, a leitura-estudo do texto, a leitura
do texto-pretexto e a leitura-fruição do texto.
Para desenvolver as habilidades de ler, de redigir um bom texto, a
primeira ação que se faz necessária é se desfazer de algumas crenças como
a de que você não sabe escrever ou de que você não gosta de escrever.
De acordo com Fausltich (2005) há algumas técnicas de leitura como,
por exemplo: sublinhar, destacar as ideias principais do texto. A autora divide
a leitura em leitura informativa e leitura interpretativa. Para tanto, oferece31
FUESPI/NEAD Letras Português
pistas de como se deve fazer "leitura seletiva", que consiste em identificar as
palavras-chave e as palavras-secundárias do texto.
Sobre a leitura na era digital, você viu que as inovações tecnológicas
e o desenvolvimento das tecnologias da comunicação da informação – TIC,s
fizeram surgir novas maneiras de ler e de estudar. A respeito da leitura na era
digital Gouveia (2010) destacou que o perfil do “leitor médio” no Brasil difere
daqueles observados em outros países, e que os hábitos de leitura de um
brasileiro diferem dos hábitos de outro leitor de diferente classe social ou
faixa etária, também nascido no Brasil.
Viu ainda, que há alguns estudiosos que percebem avanços no modo
de leitura digital, como há também aqueles que destacam alguns problemas
nesse modo de leitura.
Um dos fatores relevante para a produção de texto é a informação. E
desse modo, escrever não é tarefa reservada apenas a intelectuais, a
escritores, a jornalistas, a advogados ou a professores de português.
Outro fator relevante para desenvolver a habilidade de ler, escrever e
refletir sobre a produção de texto é saber distinguir tipos e os gêneros de
textos.
É relevante também atentar para as principais partes do texto:
• Introdução, que é o início de uma idéia geral e importante (objeto
principal do trabalho). Constrói o núcleo-frasal que será desenvolvido, na parte
do texto que é chamada de desenvolvimento;
• Desenvolvimento, que é a manifestação do tema em todos os seus
elementos (afirmação ou negação). Nesta parte são desenvolvidos os
elementos extrínsecos ou formais e os intrínsecos (conceitos e argumentos)
observando a clareza e a concisão do parágrafo.
• Conclusão, que é o sintetizador do desenvolvimento e criador do elo
final com a idéia geral que já fora mencionada na introdução.
E vimos ainda, a relevante contribuição de Mattoso Camara (2001,
p.62), que dividiu os problemas de redação em dois grupos: o dos problemas
32
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
essenciais e o dos secundários. Destacando que os problemas essenciais
referem-se à composição, ou seja, ao plano do texto e à escolha vocabular,
(técnica de formulação verbal); e que os secundários são constituídos pela
pontuação, pela ortografia, pela concordância, pela acentuação, isto é, pelos
elementos gramaticais, que na opinião do autor não são os mais importantes.
Escrever é muito relevante no ensino da língua portuguesa na
universidade, embora durante muitos anos, o ensino da língua não se destinou
à produção, à leitura e à interpretação de textos, mas sim se limitou a exigir
do aluno as nomenclaturas gramaticais, uma vez que essas eram, e continuam
sendo, exigidas pelo vestibular e pelos concursos em geral.
Como nós estamos em tempos diferentes na academia, dedique-se
às habilidades de leitura e produção de textos e sucesso na empreitada!!
Atividades de aprendizagem
1 Leia o poema a seguir e produza um texto dissertativo-argumentativo
sobre o tema aprendizado na perspectiva que o autor está tratando no mencionado
texto.
Eu aprendi...
...que ignorar os fatos não os altera;
Eu aprendi...
...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo
que essa pessoa continue a magoar você;
Eu aprendi...
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;
Eu aprendi...
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;
Eu aprendi...
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;
Eu aprendi...
...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que
você perdeu.
Eu aprendi...
33
FUESPI/NEAD Letras Português
...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em
outro lugar;
Eu aprendi...
...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que
fazer a respeito;
Eu aprendi...
...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e
crescimento ocorre quando você esta escalando-a;
Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.
......................................................................................................
William Shakespeare
Fonte: http://pensador.uol.com.br/eu_aprendi/
Título:
OBJETIVO
• Proporcionar aos alunos a habilidade necessária para o
desenvolvimento de textos acadêmicos e o conhecimento da
estrutura dos mais variados gêneros usados no contexto
universitário e fora dele.
UNIDADE 2
O texto e sua textualidade
37
FUESPI/NEAD Letras Português
2 O que é o texto?
Você deve está se perguntando o
que é um texto, não é mesmo? O que
caracteriza um texto ou mesmo o que faz um
texto ser um texto? A palavra texto tem a
origem latina “textu” e significa literalmente,
“tecido”. Vejamos o que diz Fávero e Koch
(2001) sobre esse assunto:
Como se pode observar na citação acima, o texto consiste em
qualquer passagem falada ou escrita que forma um todo significativo
independente de sua extensão. Trata-se, pois, de um contínuo comunicativo
contextual caracterizado pelos fatores de textualidade. Nesse sentido, concorda
Costa Val (1992) quando define o texto como “ocorrência linguística falada
ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa,
semântica e formal”.
Sendo a linguagem considerada como forma de inter(ação) entre os
interlocutores, cuja função básica é persuadir e convencer e não apenas
comunicar, então, os estudos da língua já não podem mais estar ancorados,
apenas, nos campos da estrutura linguística: da morfologia, da fonética e da
sintaxe frasal. Torna-se necessário uma reatualização sobre a concepção de
texto em contextos mais amplos, que levem em consideração pressupostos
advindos de áreas como a Linguística Textual, a Análise do Discurso dentre
“texto, em sentido amplo, designa toda e qualquer manifestação da capacidade
textual do ser humano (uma música, um filme, uma escultura, um poema etc.), e,
em se tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividade comunicativa de
um sujeito, numa situação de comunicação dada, englobando o conjunto de
enunciados produzidos pelo locutor (ou pelo locutor e interlocutor, no caso dos
diálogos) e o evento de sua enunciação” (Fávero e Koch, 2001, p. 7).
38
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
outras, para que se possa dar conta de explicar certos fenômenos linguísticos
que ocorrem entre os enunciados e sequências enunciativas.
Nessa perspectiva pode-se considerar texto uma frase, um fragmento
de um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance
e também expressões situadas em contextos específicos como “Socorro!”,
“Silêncio!”, “Fogo!”, etc.
(Exemplo 1)
Perceba, caro aluno, que o texto acima (exemplo 1) deve ser entendido
como um todo significativo, levando-se em consideração não apenas a palavra
isolada por ela mesma, mas o contexto comunicativo em que se insere. Há de
se considerar na leitura desse texto o pedido de socorro refere-se ao nosso
próprio planeta que não cabe aqui discutir todos os seus problemas: miséria,
fome, guerra, terrorismo, desmatamento só para citar alguns.
39
FUESPI/NEAD Letras Português
(Exemplo 2)
Este segundo exemplo pode ser considerado um texto? Com certeza
todos vocês reconhecem ao ver tal imagem que se trata de um pedido de
silêncio. Mas pensemos, então, em que contexto isso pode ocorrer, pois não
se trata de um pedido de silêncio qualquer. Na realidade é um pedido de
silêncio em contexto específico: num hospital, em um posto de saúde.
Compreendemos assim pelas marcas que a imagem nos traz, a posição do
dedo indicador na boca, as roupas na qual a personagem se veste nos indicam
que se trata de um pedido de silêncio num contexto comunicativo específico.
(Exemplo 3)
L1. e você nunca saiu do brasil?
L2. nunca saí do brasil
L1. e tu mais ah:: de propósito como é que é?
 [
L2. olha ((tosse))aconte
 [
L1. ou é por causa do
assento flutuante?
Fonte: Rodrigues & Azevedo (2010)
40
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
O terceiro exemplo é um excerto de um texto conversacional. Trata-se
de uma entrevista de televisão. Com suas características próprias, o texto
conversacional é reconhecido como um todo significativo se levarmos em
consideração o contexto em que o mesmo se insere. Veja-se que os falantes
vão se revezando nos turnos conversacionais e utilizando-se de marcas
próprias da modalidade oral da língua (voltaremos a esse assunto no terceiro
capítulo com mais detalhes e exercícios).
PRETI, Dino (org.). Análise de textos orais. São Paulo: Humanitas, 2003.
(Exemplo 4)
A idéia de turno está ligada às várias situações em que os membros de um
grupo se alternam ou se sucedem na consecução de um objetivo comum: jogo
de xadrez, corrida de revezamento, mesa-redonda, de acordo com Preti (2003).
Assim, na análise da conversação, podemos entender turno como aquilo que
um falante faz ou diz enquanto tem a palavra, incluindo também a possibilidade
de silêncio. O turno se trata de qualquer intervenção do interlocutor.
41
FUESPI/NEAD Letras Português
O quinto exemplo é um texto pertencente à esfera lexicográfica2 : um
verbete de um dicionário. Veja que um texto nunca está isolado de um contexto
mais amplo. Ele pertence a uma esfera social, tendo, portanto, uma função
sociocomunicativa.
Um texto, nessa perspectiva, pode ser, então, uma amostra de
comportamento linguístico-textual e comunicativo encontrados nos mais
diversos gêneros textuais presentes em nossa sociedade. Nessa perspectiva
até mesmo o silêncio pode ser considerado um texto, desde que tenha uma
intenção interativa. No texto conversacional as formas do silêncio, por exemplo,
são bastante frequentes e podem servir como estratégias textual-interativas
para que o interlocutor conceda a passagem do turno conversacional dentre
outras.
Vamos ver como Louis Hjelmslev3 concebe a palavra texto? Para o
autor, a palavra texto é tomada em um sentido mais amplo, designando um
enunciado qualquer, falado ou escrito, longo ou curto, velho ou novo. “Silêncio!”
como vimos no exemplo 2 é um texto tanto quanto o é um conto de Machado
de Assis.
Utilizamos diariamente a palavra texto em vários contextos
enunciativos, na escola ou mesmo fora dela. Quem nunca ouviu os seguintes
enunciados na sua vida:
- Você terminou o texto?
- Que texto complicado!
- Não gostei desse texto.
- Você decorou o texto?
- Peguem o texto do autor tal.
- Os atores já receberam seus textos.
2 A Lexicografia é uma disciplina intimamente ligada à Lexicologia. Ela se ocupa da descrição do
léxico de uma ou mais línguas, a fim de produzir obras de referência, principalmente dicionários,
em formato papel ou eletrônico, e bases de dados lexicológicas.
3
 Veja a biografia do de Louis Hjelmslev em http://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Hjelmslev
42
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
Como se observa, conceituar a palavra texto é bem mais complexo
do que se pode pensar dada a abrangência de termos que se ligam a sua
significação. Mesmo assim, podemos dizer que a configuração de um texto
deve levar em consideração alguns critérios de textualidade (tessitura) que
garanta a organização do sentido e a completude da mensagem num dado
contexto sociocomunicativo.
Enfim, é por meio de textos que o discurso se manifesta e qualquer
passagem no plano verbal e não-verbal, independentemente de sua extensão,
que constitua um todo significativo, efetiva-se em um texto.
2.1 O que é textualidade?
Para falarmos sobre textualidade
precisamos muito de sua atenção. Se chegamos até
aqui é porque iremos ainda mais longe
redescobrindo o fascinante mundo do texto. Afinal,
uma das coisas que fazemos todos os dias é
produzir e entrar em contato com textos quando
conversamos, ao pegarmos um ônibus, ao
pagarmos as compras no caixa do supermercado,
ao irmos à escola, ao falarmos ao telefone, ao assinarmos um contrato dentre
muitas outras atividades durante nossa vida.
O texto é uma unidade de linguagem em uso. Como uma ocorrência
linguística falada ou escrita deve apresentar três propriedades básicas:
• a primeira é sua função sociocomunicativa, tais como as intenções
do autor, o contexto sociocultural;
• a segunda propriedade é o fato de constituir-se como uma unidade
semântica, em que o texto seja um todo significativo, ter coerência;
• a terceira propriedade é a sua unidade formal, as palavras se
integram para formar um todo coeso.
43
FUESPI/NEAD Letras Português
Os autores que tratam da textualidade tomam esse termo como o
conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto e não
apenas uma sequência de frases isoladas do seu contexto de uso. Lembram-
se das perguntas iniciais desse capítulo?
Beaugrade e Dressler (1983) apontam sete fatores responsáveis pela
textualidade, que se dividem em linguísticos e pragmáticos, conforme o quadro
seguinte:
FATORES DE TEXTUALIDADE
LINGUÍSTICOS PRAGMÁTICOS
• coerência
• coesão
A) FATORES LINGUÍSTICOS:
a) Coerência
É importante ressaltar que a coerência textual não está no texto, mas
se constrói a partir do texto. Lembremo-nos de que a construção do sentido
vai envolver o autor, que detém experiências de vida e que criou o texto em
determinada situação e com um propósito, e o leitor, que também possui
experiências prévias e que vai receber o texto em situação e tempo diferentes
dos da produção.
A coerência textual está ligada ao sentido empregado no texto e
também ao sentido construído pelo interlocutor (que são aspectos mentais,
ou seja, tudo aquilo que é processado no cérebro), como se refere Koch e
Travaglia (2004 p.21): a coerência está diretamente ligada à possibilidade de
• Intencionalidade
• Informatividade
• Aceitabilidade
• Situacionalidade
• Intertextualidade
44
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto
faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um
princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação
de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido
deste texto.
Ainda para Koch e Travaglia (2004) a coerência não está somente no
texto, mas também deve ser construída a partir dele. Vejamos um exemplo
retirado do “A coerência textual” de Koch & Travaglia (2004, p. 1):
(Exemplo 5)
Fonte: KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo:
Contexto, 2004
Percebe-se que no quinto exemplo há falta de sentido na frase do
ponto de vista que não há possibilidade de conter uma mesma realização
acabada em um primeiro momento e ao mesmo tempo não acabada num
segundo, o que fatalmente acarreta incoerência inaceitável na construção
textual para o entendimento do texto.
Outro exemplo de uma sequência sem elementos linguísticos coesivos,
mas que mantém coerência textual pode ser encontrado no texto o show no
seguinte exemplo:
(Exemplo 6)
“Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando
a roupa”.
O estádio
A multidão
A expectativa
 O Show
O cartaz
O desejo
45
FUESPI/NEAD Letras Português
O texto acima foi criado a partir de uma proposta de um modelo de
Affonso Romano de Sant’Anna mostrando que mesmo uma lista de palavras
sem nenhuma ligação sintática e sem nenhuma explicação quanto à relação
entre elas, pode-se perceber a unidade de sentido estabelecido pelos seus
componentes. O que faz com que o texto tenha sentido é o conhecimento
prévio que o leitor tem do que seja um show, ou seja, está arquivado em sua
memória um modelo de um show, desde a divulgação, até o sentimento de
vazio quando tudo acaba e o espectador volta para sua casa.
b)Coesão
A coesão textual aborda os fenômenos sintático-semânticos entre os
enunciados, ou seja, os fenômenos que descrevem a relação das frases entre si
e o significado das palavras respectivamente. Segundo Koch (2007, p.45) podemos
conceber a coesão como fenômeno relacionado ao modo como os elementos
linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, por meio de
recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentidos.
Pode-se salientar que a coesão é o conjunto de conectores que, ao
serem inseridos de forma correta no texto, dá a ele a coerência esperada. Em
Koch (2005, p.13), há um exemplo que define bem a importância da coesão
textual para um texto:
O pai
O dinheiro
O ingresso
O dia
A preparação
A ida
A música
A vibração
A participação
O fim
A volta
O vazio
Fonte: KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo:
Contexto, 2004
46
Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
(Exemplo 7)
No sétimo exemplo, pode-se perceber que o texto não é um
amontoado de frases sem nexo, ou uma soma de frases isoladas, essas frases
são entrelaçadas por chamados recursos de coesão textual. Conforme Halliday
& Hassan: “a coesão ocorre quando a interpretação de algum elemento no
discurso é dependente da de outro”, ou seja, para que haja coesão é necessário
que os enunciados tenham ligação entre si. Os conectores estabelecem a
relação entre elementos do texto, correlacionam o que está para ser dito com
o que já foi dito. A coesão divide-se em duas ramificações: a coesão referencial
e a coesão sequencial.
Basicamente, a coesão referencial está ligada à disposição dos
elementos coesivos no texto, em que um elemento faz remissão a outro no
texto. O primeiro elemento é chamado forma referencial ou remissiva e o
segundo elemento de referência ou referente textual. O elemento de referência/
referente textual pode ser representado por um nome, um sintagma, um
fragmento da oração ou um todo enunciado.
Vejamos como isso ocorre no exemplo 8, a seguir:
Os urubus e sabiás
Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os
urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto,
decidiram que, mesmo contra a natureza, eles, haveriam de se tornar grandes
cantores. E para isso fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram
dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para
ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão de mandar
nos outros...
Fonte: Koch (2005, p.13)
47
FUESPI/NEAD Letras Português
(Exemplo 8)
No oitavo exemplo, “homem” é o elemento denominado de forma
referencial e “ele” é o elemento de referência, ou seja, remete a um elemento
que já foi dito.
A coesão sequencial subdivide-se em sequenciação parafrástica e
sequenciação frástica. A sequenciação parafrástica dá-se quando o autor
utiliza de formas diferentes a serem percebidas pelos leitores. Para isso utiliza-
se de alguns artifícios chamados de elementos de recorrência que, segundo
Koch (2000 p. 51 a 54), são:
• Recorrência de termos: reiteração de um mesmo item lexical
geralmente usado para idéia de continuidade ou enfatização. Por exemplo:
“E o cavalo corria, corria, corria...”.
• Recorrência de estruturas: usa-se as mesmas estruturas sintáticas,
preenchidas com itens lexicais diferentes”. Como o exemplo encontadode
Gonçalves Dias:
(1) Nosso céu tem mais estrelas, (2)
(1) Nossas várzeas tem mais flores, (2)
(1) Nossos bosques tem mais vida, (2)
(1) Nossa vida mais amores. (2)
Em (1) tem-se a mesma estrutura sintática e em (2) são os itens lexicais
diferentes usados no preenchimento da estrofe.
• Recorrência de conteúdos semânticos-paráfrase: mesmo
conteúdo semântico apresentado sob formas estruturais diferentes, significa
que o autor usa o texto de um outro, com palavras diferentes, o que é muito
recorrente em trabalhos acadêmicos.
O homem subiu rapidamente as escadas. Lá em cima ele descobriu que estava
no andar errado.
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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
• Recorrência de recursos fonológicos segmentais e/ou supra-
segmentais: o autor utiliza características da poesia como: o ritmo, a rima, a
assonância, a aliteração, etc.
• Recorrência de tempo e aspecto verbal: é fator coesivo a partir do
momento em que o autor indica ao leitor/ouvinte que se trata de uma sequência,
principalmente temporal, a partir do modo em que a sequência verbal é
utilizada.
A sequenciação frástica se dá pelas relações gramaticais formadas
por marcas linguísticas, que são os elementos coesivos, tornando o texto mais
rápido e de leitura mais eficiente.
B) FATORES PRAGMÁTICOS:
a. Intencionalidade
A intencionalidade tem relação estrita com o que se tem chamado de
argumentatividade. Se considerarmos que não existem textos neutros, que há
sempre alguma intenção ou objetivo da parte de quem produz um texto, e que
este não é jamais uma “cópia” do mundo real, pois o mundo é recriado no
texto através da mediação de nossas crenças, convicções, perspectivas e
propósitos, então somos obrigados a admitir que existe sempre uma
argumentativiade subjacente ao uso da linguagem.
Para Koch & Travaglia (2004) a intencionalidade está atrelada aos
propósitos comunicativos do interlocutor. Veja o que diz os autores:
“[...] o produtor de um texto tem, necessariamente, determinados objetivos ou
propósitos, que vão desde a simples intenção de estabelecer ou manter o
contato com o receptor até a de levá-lo a partilhar de opiniões ou a agir ou
comportar-se de determinada maneira.” Dessa forma, a intencionalidade refere-
se ao modo como os emissores usam textos para perseguir e realizar suas
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b. Aceitabilidade
A aceitabilidade está relacionada à atitude do receptor frente aos
textos, se tem relevância ou utilidade para ele. Tal princípio depende da
intencionalidade, relacionada à atitude do autor que busca apresentar um texto
coerente e coesivo. Quem produz um texto tenta criá-lo com sentido para que
o interlocutor assim o receba. Há quem considere que não existe texto
incoerente, uma vez que, pelo princípio da cooperação, o receptor esforça-se
para dar um sentido ao texto e tenta encontrar coerência nele.
Assim, a aceitabilidade de um texto dependeria menos de sua
correção em termos de correspondência ao “mundo real” e mais da
credibilidade e relevância que lhe são atribuídas numa determinada situação.
(Sobre o assunto, consultar Koch, 1996,1997 e Costa Val, 1996).
c. Informatividade
A informatividade é avaliada em função das expectativas e dos
conhecimentos dos usuários. Para Beaugrande e Dressler (1981) esse fator
de textualidade tem a ver com grau de novidade e de previsibilidade, pois
quanto mais previsível, menos informativo será o texto para determinado
usuário, porque acrescentará pouco às informações que o recebedor já tinha
antes de processá-lo.
Os usuários tenderiam a rejeitar tanto os textos que têm, para eles,
informatividade alta demais, porque são muito difíceis (ou impossíveis) de
intenções, produzindo, para tanto, textos adequados à obtenção dos efeitos
desejados. É por esta razão que o emissor procura, de modo geral, construir
seu texto de modo coerente e dar pistas ao receptor que lhe permitam constituir
o sentido desejado. [...]
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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
serem entendidos quanto aqueles que lhes parecem óbvios, porque pouco
acrescentam aos conhecimentos já adquiridos pelo interlocutor do enunciado.
Segundo os autores, um grau mediano de informatividade seria o mais
confortável, porque permitiria ao recebedor apoiar-se no conhecido para
processar o novo. Por outro lado, para os autores, funcionaria melhor um texto
que alternasse zonas de baixa informatividade com zonas de alta
informatividade,porque, no processamento desse texto, o recebedor teria que
agir no sentido de alçar ou rebaixar informações, levando-as ao nível mediano,
para integrá-las no sentido que está produzindo para o texto, e esse trabalho
o manteria envolvido com o texto, interessado no texto.
Nessa perspectiva, a informatividade não é pensada como
característica absoluta nem inerente ao texto em si, mas como um fator a ser
considerado em função dos usuários e da situação em que o texto ocorre. O
princípio da informatividade mostra até que ponto uma informação é nova ou
não no texto. Tanto o excesso como a escassez de informações novas podem
prejudicar o entendimento do texto. Cabe destacar que é nova a informação
não recuperável no texto e que constitui um dado a que pode ser recuperada.
Facilita a compreensão do texto o conhecimento partilhado, o conhecimento
de mundo, com algum grau de similaridade, do remetente e do destinatário.
d. Situacionalidade
A situacionalidade refere-se a fatores que dão relevância a um texto
numa dada situação comunicativa. O texto vincula-se às circunstâncias em
que interagimos com ele e sua configuração aponta a utilidade e a pertinência
dos nossos objetivos. Assim, a situacionalidade se configura como um princípio
importante para a constituição da textualidade, já que a coesão, a coerência,
a informatividade e as atitudes/disposições de produtor e recebedor
(intencionalidade e aceitabilidade) são função do modo como os usuários
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interpretam as relações entre o texto e sua situação de ocorrência: o sentido
e o uso do texto são decididos via situação (Beaugrande e Dressler, 1981, p.
10).
Esse conceito não se resume às circunstâncias empíricas em si, mas
de atividade dinâmica, que envolve monitoramento e gerenciamento contínuos
da interação comunicativa, por parte do produtor e do recebedor, uma vez
que as ações discursivas não se prendem só às evidências perceptíveis, mas
sobretudo às perspectivas, crenças, planos e metas dos usuários.
(Beaugrande e Dressler, 1981, p. 179).
e. Intertextualidade
De acordo com Kristeva (1966) a intertextualidade seria o encontro
de duas vozes, ou seja, quando ocorre um diálogo entre os muitos textos de
uma (ou várias) cultura(s) que se instala no interior de cada texto e o define
ocorre tal fenômeno, que vem a ser um ponto de intersecção de muitos diálogos,
cruzamento de vozes oriundas de práticas da linguagem socialmente
diversificadas, que têm no texto sua realização.
Na perspectiva da Linguística textual, a intertextualidade sempre foi
vista como um dos critérios de textualidade de considerável relevância. Muitos
trabalhos já deram conta desse fenômeno como coadjuvante na construção/
reconhecimento da tipologia textual e do estabelecimento de novos sentidos.
Dentre estes trabalhos, destacam-se aqueles produzidos por Koch (1986, 1991,
1994, 1997), Portela (1999) os quais procuram estabelecer critérios para uma
melhor compreensão desse fenômeno.
2.2 O que são tipos e gêneros textuais?
 Você sabe o que são tipos e gêneros textuais? Uma questão que
tem sido bastante debatida é a aproximação das noções de gêneros e tipos.
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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
Mas até que ponto gêneros e tipos podem ser aproximados? Convido você a
realizar a leitura desse texto para refletirmos um pouco sobre o assunto.
2.2.1 Tipos Textuais
a) Tipologia Textual
Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se
constituem de sequências com determinadas características linguísticas, como
classe gramatical predominante, estrutura sintática, predomínio de
determinados tempos e modos verbais, emprego de vocativo, etc. Dessa
forma, dependendo dessas características, configuram-se os diferentes tipos
textuais que podem ser: narrativo, descritivo, argumentativo, explicativo ou
expositivo, injuntivo ou instrucional.
b) Sequência Narrativa
Marcada pela temporalidade, como seu material é o fato e a ação, a
progressão temporal é essencial para seu desenrolar, ou seja, desenvolve-se
necessariamente numa linha de tempo e num determinado espaço.
Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de:
• frases verbais indicando um processo ou ação;
• formas verbais no pretérito;
• advérbios de tempo e de lugar.
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência narrativa:
relato, crônica, romance, fábula, conto de fada, piada , etc. Veja a fábula
seguinte:
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c) Sequência Descritiva
Não há sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte que não
haverá transformações de estado da pessoa, coisa ou ambiente que está
sendo descrito, mas sim apresentação pura e simples do estado do ser descrito
em um determinado momento.
Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de:
• frases nominais e orações centradas em predicados nominais;
• formas verbais no presente ou no imperfeito;
URUBUS E SABIÁS
Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os
urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto,
decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes
cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram
dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para
ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar
nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes
pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era
se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa
Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos
urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos
tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás...
Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles
convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito.
— Onde estão os documentos dos seus concursos? Perguntaram os urubus.
E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que
tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o
canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que
sabiam cantar, mas cantavam simplesmente...
Fonte: http://www.fabulasecontos.com.br
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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
• adjetivos, que ganham expressividade tanto na função de adjunto
adnominal quanto na de predicativo;
• períodos curtos e coordenação;
• advérbios de lugar que ganham destaque identificando a dimensão
e/ou disposição espacial do objeto descrito.
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência descritiva:
folheto turístico, (auto)-retrato, anúncio classificado, lista de compras, lista de
ingredientes de uma receita, cardápio, etc.
Pode-se, ainda, observar que as sequências narrativa e descritiva
apresentam focos diferentes. Veja o quadro seguinte e compare o foco com
os dois exemplos apresentados (fábula e lista de compras):
 SEQUÊNCIA NARRATIVA SEQUÊNCIA DESCRITIVA
Fonte: http://www.efetividade.net
Foco no fato e na ação.
Foco processual, de progressão
temporal.
Predominância de verbos de ação,
circunstanciais espaço-temporais.
Foco no ser.
Noção estática, de permanência
temporal.
Predominância de verbos de estado,
adjetivos e circunstanciais espaciais.
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d) Sequência Argumentativa
É aquela por meio da qual se faz a defesa de um ponto de vista, de
uma idéia, ou em que se questiona algum fato. Ao expressar um parecer sobre
alguma pessoa, acontecimento ou coisa, intenta-se persuadir o leitor ou o
ouvinte, fundamentando o que se diz com argumentos de acordo com o assunto
ou tema, a situação ou o contexto e o interlocutor.
Gramaticalmente caracteriza-se pela:
• progressão lógica de idéias e linguagem maissóbria, objetiva,
denotativa;
• polifonia (ou seja, presença de várias vozes que se integram ao
texto, seja por citações, seja por menções, seja por referências intertextuais),
geralmente introduzida por sinais de pontuação (dois-pontos, parênteses,
aspas, travessões), funcionando de apoio para a argumentação;
• presença de palavras valorativas (positivas ou negativas) e
expressões modalizadoras (geralmente, advérbios de enunciação:
sinceramente, cá entre nós, etc.), que manifestam o posicionamento do falante;
• emprego de orações subordinadas adverbiais causais, introduzidas
pelas conjunções visto que, pois, porque, para a apresentação da relação de
causa consequência;
• emprego de perguntas retóricas, prevendo possíveis interrogações
por parte do interlocutor.
São exemplos de gêneros em que se predomina a sequência
argumentativa: sermão, ensaio, editorial de um jornal ou revista, crítica,
monografia, redações dissertativas, resenhas, etc. Observe o editorial
publicado no jornal “O Globo” sobre a Lei de Biossegurança:
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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
Dificilmente a Câmara dos Deputados conseguirá aprovar a curto prazo a Lei
de Biossegurança que precisa votar por ter sido modificada no Senado.
É muito longa a pauta de projetos à espera de apreciação: além de outras
importantes leis, há projetos de emendas constitucionais e uma série de
medidas provisórias, que trancam a pauta.
Mas, com tudo isso, é importante que os deputados tenham consciência da
necessidade de conceder aos cientistas brasileiros, o mais rapidamente
possível, a liberdade de que eles necessitam para desenvolver pesquisas na
área das células-tronco embrionárias.
Embora seja este um novo campo de investigação, já está fazendo surgir
aplicações práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo
fantasticamente promissor.
Não é por outro motivo que os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71,
que destina US$ 3 bilhões às pesquisas com células-tronco, causa defendida
com veemência por seu governador, o mais do que conservador Arnold
Schwarzenegger.
O caso chama a atenção porque o ex-ator, ao contrário de outros republicanos
(como Ron Reagan, cujo pai sofria do mal de Alzheimer), não tem interesse
pessoal no desenvolvimento de tratamentos médicos para doenças
degenerativas hoje incuráveis.
Apenas o convívio com pessoas como o recentemente falecido Christopher
Reeve, que ficou tetraplégico após um acidente, ou Michael J. Fox, que sofre
do mal de Parkinson, parece ter sido suficiente para convencer
Schwarzenegger de que é fundamental apoiar a pesquisa.
O projeto que retornou do Senado ainda inclui graves restrições à ciência, como
a limitação das pesquisas às células de embriões congelados há pelo menos
três anos nas clínicas de fertilização — embriões descartados que, com qualquer
tempo de congelamento, vão acabar no lixo.
Também algum dia será preciso admitir a clonagem com fins terapêuticos,
hoje vedada, e que é particularmente promissora.
Ainda assim, comparado com o projeto proibitivo que veio originalmente da
Câmara, o novo texto da Lei de Biossegurança é um importante passo à frente.
Merece ser apreciado com rapidez e aprovado pelos deputados.
(O Globo, 5/11)
 Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br
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e) Sequência Explicativa Ou Expositiva
Intenta explicar ou dar informações a respeito de alguma coisa. O
objetivo é fazer com que o interlocutor adquira um saber, um conhecimento
que até então não tinha. É fundamental destacar que, nos textos explicativos,
não se faz a defesa de uma idéia, de um ponto de vista, características básicas
do texto argumentativo. Os textos explicativos tratam da identificação de
fenômenos, de conceitos, de definições. Predomina a função referencial da
linguagem. Por isso, é o texto que predomina nos livros didáticos, nas aulas
expositivas, por exemplo.
Gramaticalmente, os textos explicativos apresentam várias marcas,
como:
• distanciamento do falante em relação àquilo que fala, resultando
num texto objetivo, escrito, geralmente, em terceira pessoa;
• predicados organizados em torno de verbos como ser, ter, conter,
consistir, compreender, indicar, significar, constituir, denominar, designar;
• sinais de pontuação que introduzem explicações ou citações (dois-
pontos, parênteses, aspas, travessões);
• orações coordenadas explicativas introduzidas pelas conjunções
pois e porque;
• orações adjetivas explicativas;
• marcas de reiteração e reformulação (isto é, ou seja, melhor dizendo,
em outras palavras), com o objeto de aclarar, esclarecer, dirimir dúvidas;
• marcas de comparação (assim, igualmente, contrariamente, como,
ao contrário de, da mesma maneira que, etc.), com o objetivo de esclarecer
conceitos por meio do confronto de informações, de analogias;
• emprego de exemplificações (por exemplo, como é o caso de, etc.);
• emprego de definições, ressaltando o significado de palavras ou
expressões;
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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
• emprego de organizadores textuais (em resumo, até aqui, como já
foi falado, etc.) e ordenadores da informação (em primeiro lugar, em segundo
lugar, por um lado, por outro, etc.).
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência explicativa
ou expositiva: textos de divulgação científica, de manuais, de revistas
especializadas, de cadernos de jornais, de livros didáticos, de verbetes de
dicionários e enciclopédias, etc.
f) Sequência Injuntiva ou Instrucional
A marca fundamental é o verbo no imperativo (injuntivo é sinônimo de
obrigatório, imperativo); predomina a função conativa da linguagem.
Gramaticalmente, algumas marcas dos textos injuntivos são:
• verbos no imperativo;
• formas verbais que indicam ordem, orientação, pedido, como dever
+ infinitivo, ter que/de + infinitivo, gerúndio, infinitivo, etc;
• advérbios de modo;
• advérbios de negação;
• explicitação do interlocutor por meio do vocativo;
• emprego das expressões (é proibido, não é permitido, (é) obrigatório,
etc.)
São exemplos de gêneros em que predomina a sequência injuntiva
ou instrucional: propaganda, receita culinária (modo de fazer), manual de
instruções de um aparelho, horóscopo, livros de auto-ajuda, etc. Observe as
marcas que apontam o texto abaixo como injutivo.
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Fonte: http://www.ritchie.com.br
SEQUÊNCIA EXPLICATIVA SEQUÊNCIA ARGUMENTATIVA SEQUÊNCIA INJUNTIVA
Apresenta-se a construção de
novos conceitos a partir do
próprio desenvolvimento
discursivo.
O falante se manifesta e
confronta a sua opinião com a
dos outros
Introduzem-se diferentes vozes
de diferentes maneiras
Propõe-se persuadir o
interlocutor, conseguir adesão
A organização da mensagem
volta-se para o encadeamento
lógico dos argumentos, a
coerência textual
Apresenta-se uma ordem, uma
imposição, uma orientação
O falante se apresenta como a
voz da autoridade ou como
mediador dela
 *******
Propõe-se a influir na conduta
do interlocutor
A mensagem centra-se no
interlocutor
É apresentado um saber já
construído e legitimado
socialmente ou um saber teórico
Evitam-se as marcas de 1ª
pessoa, em função da
objetividade
As citações são explicitas e
demarcadas
Propõe-se informar e esclarecer
Centra-se na divulgação do
conhecimento, portanto, a
mensagem volta-se para o
referente.
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Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos
É importante considerar que, com a tipologia apresentada, não
queremos dizer que um texto seja totalmente argumentativo, descritivo ou
narrativo. Na realidade, o que devemos ter em mente é que os textos
apresentam sequências predominantes e essa configuração pode ser
observada em gêneros e não apenas em sequências isoladas.
2.2.2 Gêneros do discurso
A referência a gêneros do discurso remete diretamente a textos

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