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UAB – UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL FUESPI – FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ NEAD – NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA LICENCIATURA PLENA EM LETRAS PORTUGUÊS FUESPI 2011 LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTO COM ÊNFASE EM GÊNEROS DISCURSIVOS Elias Maurício da Silva Rodrigues Silvana da Silva Ribeiro Rodrigues, Elias Maurício da Silva. Leitura e produção de texto com ênfase em gêneros discursivos /Elias Maurício da Silva Rodrigues, Silvana da Silva Ribeiro. – Teresina: UAB/FUESPI/NEAD, 2011. 107 p. ISBN: 978-85-61946-28-9 1. Leitura – gêneros discursivos. 2. Leitura e produção de textos . I. Elias Maurício da Silva Rodrigues II. Silvana da Silva Ribeiro. III. Título. CDD: 418.4 R6961l Presidente da República Dilma Vana Rousseff Vice-presidente da República Michel Miguel Elias Temer Lulia Ministro da Educação Fernando Haddad Secretário de Educação a Distância Carlos Eduardo Bielschowsky Diretor de Educação a Distância CAPES/MEC Celso José da Costa Governador do Piauí Wilson Nunes Martins Secretário Estadual de Educação e Cultura do Piauí Átila de Freitas Lira Reitor da FUESPI – Fundação Universidade Estadual do Piauí Carlos Alberto Pereira da Silva Vice-reitor da FUESPI Nouga Cardoso Batista Pró-reitor de Ensino de Graduação – PREG Marcelo de Sousa Neto Coordenadora da UAB-FUESPI Márcia Percília Moura Parente Coordenador Adjunto da UAB-FUESPI Raimundo Isídio de Sousa Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação – PROP Isânio Vasconcelos de Mesquita Pró-reitora de Extensão, Assuntos Estudantis e Comunitários – PREX Francisca Lúcia de Lima Pró-reitor de Administração e Recursos Humanos – PRAD Acelino Vieira de Oliveira Pró-reitor de Planejamento e Finanças – PROPLAN Raimundo da Paz Sobrinho Coordenadora do curso de Licenciatura Plena em Letras Português – EAD Ailma do Nascimento Silva Edição UAB - FNDE - CAPES FUESPI/NEAD Diretora do NEAD Márcia Percília Moura Parente Diretor Adjunto Raimundo Isídio de Sousa Coordenadora do Curso de Licenciatura Plena em Letras Português Alima do Nascimento Silva Coordenador de Tutoria Maria do Socorro Rios Magalhães Coordenadora de Produção de Material Didático Cândida Helena de Alencar Andrade Autores do Livro Elias Maurício da Silva Rodrigues Silvana da Silva Ribeiro Revisão Teresinha de Jesus Ferreira Diagramação Luiz Paulo de Araújo Freitas Capa Luiz Paulo de Araújo Freitas MATERIAL PARA FINS EDUCACIONAIS DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AOS CURSISTAS UAB/FUESPI UAB/FUESPI/NEAD Campus Poeta Torquato Neto (Pirajá), NEAD, Rua João Cabral, 2231, bairro Pirajá, Teresina (PI). CEP: 64002-150, Telefones: (86) 3213-5471 / 3213-1182 Web: ead.uespi.br E-mail:eaduespi@hotmail.com SUMÁRIO UNIDADE 1 1 Concepções de leitura e o ato de ler ................................................ 13 1.1 A leitura na era digital ......................................................................... 18 1.2 A importância da leitura para aquele que escreve .............................. 20 1.3 A importância do ato de escrever no ensino da Língua Portuguesa .... 26 Leituras complementares ..................................................................... 29 Resumindo ............................................................................................ 30 Atividades de aprendizagem ................................................................ 32 UNIDADE 2 2 O que é um texto? .............................................................................. 37 2.1 O que é textualidade? ........................................................................ 42 2.2 O que são tipos e gêneros textuais? .................................................. 51 2.2.1 Tipos textuais .................................................................................. 52 2.2.2 Gêneros do discurso ....................................................................... 60 Resumindo... .......................................................................................... 63 Leituras complementares ..................................................................... 64 Atividades de aprendizagem ................................................................ 65 UNIDADE 3 3 Gêneros acadêmicos ......................................................................... 73 3.1 Resumo ............................................................................................. 73 3.1.1 Sumarização: processo essencial para a produção de resumos ..... 74 3.2 Resenha ............................................................................................ 83 3.2.1 Como fazer uma resenha? .............................................................. 83 3.3 Fichamento ........................................................................................ 88 3.3.1 Modelo de fichamento de citações .................................................. 89 3.4 Gêneros virtuais ................................................................................. 90 3.5 Outros gêneros .................................................................................. 96 Resumindo... ........................................................................................ 101 Atividades de aprendizagem .............................................................. 101 Referências .......................................................................................... 103 9 FUESPI/NEAD Letras Português PARA COMEÇAR... O presente livro está dividido em três unidades. A primeira trata sobre as Concepções de leitura e o ato de ler e devido ao momento em que estamos vivendo no que concerne ao desenvolvimento das tecnologias da comunicação e informação e da febre da internet, trata também sobre as concepções de leitura na era digital. A segunda unidade trata sobre o texto e suas configurações, bem como sobre os seus critérios de textualidade. Para complementar essas noções serão abordadas também as noções de tipo e gênero de texto que, em nosso entendimento, não é uma questão tão bem resolvida como alguns linguistas podem colocar em seus manuais de estudos linguísticos. Em nossa terceira unidade passaremos, a partir dos estudos realizados sobre o texto, a pôr em prática nossos conhecimentos, praticando... Lembra-se da nossa conversa inicial, na produção textual como no ato de dirigir, quanto maior for a nossa prática melhor será a nossa habilidade de redigir um texto. Vamos estudar, praticar e descobrir o mundo maravilhoso da arte de nos expressar por meio de textos. Neles, podemos mostrar nossa alegria por algo que realizamos, a nossa revolta com relação a algo de que discordamos, podemos mudar determinadas situações produzindo textos de repúdio e a depender do alcance da abrangência e veiculação das informações por meio da internet podemos fazer os nossos protestos visitarem o mundo inteiro em segundos. Como você pode perceber, caro aluno, o ato da escrita é uma arma poderosíssima que não machuca ninguém, não contamina rios e mares, mas pode transformar o mundo no qual vivemos. Aproveite esta capacidade que você recebeu de Deus para usá-la em seu benefício e de seu próximo, sem é claro, deixar de seguir a ética e a seriedade que devem nortear uma produção textual e qualquer ação em nossas vidas. Aproveite bem e bons estudos!! Os autores UNIDADE 1 Concepções de leitura e o ato de ler OBJETIVOS • Identificar as concepções de leitura refletindo sobre sua relevância para a realização plena do ato de ler. • Correlacionar as concepções de leitura com os vários momentos em que nos deparamos com a necessidade de ler. 13 FUESPI/NEAD Letras Português 1 Concepções de Leitura e o ato de ler Ler pode ter as mais diversificadas acepções. Podemos ler a expressão do rosto de uma pessoa, o significado de uma bela obra de arte, a bulade remédio, e até o silêncio de alguém. E embora não seja sob essas perspectivas tão poéticas que nos reportaremos à leitura, precisaremos que você se abra para esse processo de aprender a ler de uma forma completa e complexa. Complexa, e não complicada, porque ler não é complicado e torna- se algo muito interessante se nos habituamos a ver além das letras que estão grafadas no papel. Exercitando a leitura: 1 Observe a imagem da escultura, a seguir, por uns cinco minutos e responda. O que esta imagem suscita em sua mente. Como você a descreveria? Aventure-se. Escreva um breve comentário sobre a impressão que esta imagem te passa. Fonte: planetaeducacao.com.br 14 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos Fonte: pt.artesanum.com Ler pode ter as mais diversificadas acepções. Podemos ler a expressão do rosto de uma pessoa, o significado de uma bela obra de arte, a bula de remédio, e até o silêncio de alguém. E embora não seja sob essas perspectivas tão poéticas que nos reportaremos à leitura, precisaremos que você se abra para esse processo de aprender a ler de uma forma completa e complexa. Complexa, e não complicada, porque ler não é complicado e torna- se algo muito interessante se nos habituamos a ver além das letras que estão grafadas no papel. Exercitando a leitura: 1 Observe a imagem da escultura, a seguir, por uns cinco minutos e responda. O que esta imagem suscita em sua mente. Como você a descreveria? Aventure-se. Escreva um breve comentário sobre a impressão que esta imagem te passa. 15 FUESPI/NEAD Letras Português Geraldi (2003) define a leitura como um processo de interlocução entre leitor e autor. Nesta perspectiva, é o leitor que constrói o texto a partir de sua leitura, atribuindo-lhe as sua significações. Esses significados são estabelecidos tomando como base as suas leituras anteriores e as suas experiências de vida. O autor destaca dentre as concepções de leitura: A leitura-busca de informações, a leitura-estudo do texto, a leitura do texto-pretexto e a leitura- fruição do texto. Acreditamos que você, caro aluno já realizou a leitura em cada um dos modos enunciados nessas concepções. Você já leu aquele capítulo inteiro de um livro de história, por exemplo, para encontrar a resposta para aquela questão de um exercício? Pois é, quando fazemos esse tipo de busca, estamos realizando a leitura como busca de informações. A leitura-estudo do texto pode ser entendida como a que você está fazendo agora, lendo esse material com uma finalidade específica, leitura de uma disciplina. O que diferencia esse tipo de concepção é a finalidade, o objetivo faz com que o leitor procure assimilar o máximo o que leu porque o conteúdo lhe será útil para a realização de atividades, para responder a uma avaliação, por exemplo. Mas, também há a situação em que você já procurou um texto que tivesse uma fundamentação para um texto que você está elaborando, como por exemplo, um resumo, uma resenha. Ou então você já fez aquela prova de português na qual se solicita que você leia um determinado texto para responder algumas questões acerca desse texto, que podem ser de interpretação ou de gramática? É isso que reflete a leitura do texto-pretexto. Se pensarmos, essa leitura é bem parecida com a leitura-busca de informações, mas nesse caso, o termo pretexto de certa forma avalia a ação de usar um texto de forma reducionista. Já a leitura-fruição, refere-se a um tipo de leitura que realizamos por prazer, porque nos faz bem, nos faz felizes. É isso mesmo, podemos ler um 16 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos texto sem buscar nenhuma informação, sem estarmos fazendo um estudo ou sem nenhum pretexto. Podemos estar fazendo isso apenas pelo prazer que nos dá a sua leitura. Quer vivenciar esta situação? Leia o poema Felicidade, de Fernando Pessoa, a seguir. Felicidade Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário. Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas. Se achar que precisa voltar, volte! Se perceber que precisa seguir, siga! Se estiver tudo errado, comece novamente. Se estiver tudo certo, continue. Se sentir saudades, mate-a. Se perder um amor, não se perca! Se o achar, segure-o! Fonte: http://pensador.uol.com.br/poesia_felicidade_fernando_pessoa/ Bom, mas além das concepções de leitura, há outras informações que são relevantes para prepará-lo para a maravilhosa aventura de ler e escrever. Você já deve ter se perguntado como fazer para ler, para redigir um bom texto. A primeira ações que se faz necessária é se desfazer de algumas crenas como a de que você não sabe escrever ou de que você não gosta de escrever. Às vezes, devido a forma como tivemos o nosso primeiro contato com o ato de ler ou de escrever (e esse contato às vezes é doloroso) ficamos traumatizados, e chegamos a detestar alguma tarefa que nos é solicitada no sentido de ler ou escrever algum texto. Nesse caso, o que se deve pensar é que a linguagem é a moeda de maior valor para conquistarmos poder. As pessoas que têm a capacidade de falar em público, de escrever bons textos já tem muito a seu favor num mundo como o nosso em que todos os dias temos que nos expressar, seja na oralidade seja na escrita. 17 FUESPI/NEAD Letras Português Fausltich (2005) trata sobre a leitura e redação de textos enfatizando a forma de elaboração e estrutura de textos argumentativos (explicando a estrutura dos parágrafos que os compõem). A autora destaca algumas técnicas de leitura como, por exemplo: sublinhar, destacar as ideias principais do texto e trata sobre os tipos de leitura, que subdivide em leitura informativa e leitura interpretativa. Para tanto, oferece pistas sobre como se pode aprimorar a leitura informativa, aprendendo a fazer "leitura seletiva", que consiste em identificar as palavras-chave (palavras mais importantes) em um parágrafo; e como um segundo passo para facilitar a leitura do texto a autora sugere a identificação das palavras-secundárias, que são utilizadas para desenvolver o parágrafo, como os exemplos, as ilustrações. E a partir do momento em que o leitor está habituado a fazer este exercício de depreensão1 das ideias principais e das ideias secundárias de um texto o fechamento para uma leitura informativa e interpretativa ocorre com a capacidade de resumir um texto, que o leitor já terá adquirido sem perceber. Pois, se resumir um texto é extrair as suas ideias principais, para resumir o texto bastará descartar de seu resumo as ideias secundárias. Daí para produção do resumo faz-se necessária apenas a organização textual observando a outros detalhes do ato de escrever. Exercitando... 1 Identifique somente as ideias principais do parágrafo anterior e destaque-as como no modelo: [Ideia principal - Fausltich (2005) trata sobre a leitura e redação de textos enfatizando a forma de elaboração e estrutura de textos argumentativos (explicando a estrutura dos parágrafos que os compõem). [ Ideia Principal - Fausltich (2005) trata sobre a leitura e redação de textos enfatizando] [Ideia secundária - enfatizando a forma de elaboração e estrutura de textos argumentativos...] 1 Depreensão. s. f. Acto, Ato de depreender. Depreender: v.t. Chegar à compreensão ou ao conhecimento de; perceber, inferir, induzir. Disponível em: http://www.priberam.pt/dlpo/Default.aspx 18 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos 2 Identifique somente as ideias secundárias do parágrafo anterior e destaque-as como no modelo: [ Ideia Secundária (explicando a estrutura dos parágrafos que os compõem)...] Viu só como é fácil? Continue o exercício com o mesmo parágrafo e depois você poderá utilizar com qualquer texto que necessite estudar. Esta é uma excelente maneira de assimilar melhor as informações em suas leituras e de fazer resumos, sínteses que são textos que você sempre necessitaráproduzir no decorrer de seu curso. O resumo e a resenha são atividades muito solicitadas num curso superior. Reportaremos-nos, especificamente a esses e outros gêneros textuais na unidade 3 deste livro, em separado, dada a sua relevância. Entendemos que há outras concepções de leitura e embora reconheçamos a sua relevância não as apresentaremos nesta obra pela limitação do espaço de que dispomos, além de as concepções já apresentadas terem cumprido os nossos objetivos imediatos. Trataremos a seguir sobre a leitura em outra perspectiva, um pouco diferente das quais estamos habituados, a leitura na era digital. 1.1 A leitura na era digital As inovações tecnológicas e o desenvolvimento das tecnologias da comunicação da informação – TIC,s fizeram surgir novas maneiras de ler e de estudar. Algumas dessas maneiras são bem mais dinâmicas e interativas do que jamais se imaginou que seria possível. As inovações tecnológicas e o desenvolvimento das tecnologias da comunicação da informação – TIC,s fizeram surgir novas maneiras de ler e de estudar. 19 FUESPI/NEAD Letras Português Gouveia (2010) destaca que o perfil do “leitor médio” no Brasil difere daqueles observados em outros países, e que os hábitos de leitura de um brasileiro diferem dos hábitos de outro leitor de diferente classe social ou faixa etária, também nascido no Brasil. A autora destaca que de acordo com a pesquisa encomendada pelo Instituto Pró-Livro, Retratos da Leitura no Brasil, cujo lançamento ocorreu em maio de 2008, sob a coordenação do Observatório do Livro e da Leitura - OLL, a maior parcela de brasileiros não-leitores (que não leram um livro nos três meses anteriores à pesquisa) está entre os adultos de 30 a 39 anos (15%) e de 40 a 49 (15%). E defende que em se tratando da dimensão tecnológica, houve uma mudança importante observável através do tempo. Há alguns estudiosos que percebem avanços no modo de leitura digital, entretanto há também aqueles que destacam alguns problemas nesse modo de leitura. A autora supracitada refere-se a Vogt e Pellegrini, que estão no segundo grupo dos estudiosos que avaliam a leitura digital como um mecanismo de transformação crucial e de certo modo arriscada nos modos de ler. Outros estudiosos da linguagem também se preocupam com a leitura digital como, por exemplo, Marcuschi, que em aulas do nosso curso de Mestrado em 2001, falava-nos sobre o perigo de o leitor perder o foco de sua leitura e alertava para as informações em cascata, que vão surgindo quando o leitor está diante de um computador conectado à internet. Segundo Gouveia (2010), a limitação da imaginação e a dispersão da concentração representam dois riscos apontados por Vogt, conforme o aumento da leitura de textos na internet. Entretanto, a leitura digital tem as suas vantagens. Melhor dizendo, as informações veiculadas no meio digital têm também suas vantagens, pois não é porque um texto está disponibilizado no ambiente digital que ele somente poderá ser lido no referido ambiente. A impressão ainda é um recurso muito utilizado, mesmo por parte daqueles alunos que fazem um curso em ambientes virtuais de aprendizagem – AVA. Embora entendamos que os leitores aqui 20 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos citados se refiram ao processo de leitura digital em computadores conectados à internet fazemos esta ressalva porque entendemos que a leitura digital ainda não é tão digital assim. E nos arriscamos a afirmar que a leitura digital muitas vezes é apenas uma leitura seletiva e não uma leitura final. Ou seja, o leitor lê no ambiente digital aquilo que ele pode ir selecionando, copiando, arquivando, mas quando este precisa reler, ou produzir resumos, textos a partir dos textos que está lendo, ele usará outros recursos como a impressão, salvo aqueles casos em que o leitor já desenvolveu um grau de letramento digital que lhe permite ir produzindo, de modo digital, isto é no próprio computador, a partir do que vai selecionando e armazenando, sem, no entanto necessitar de utilizar- se do recurso de impressão. 1.2 A Importância Da Leitura Para Aquele Que Escreve A informação é necessária para as pessoas que têm necessidade de produzir um texto. Pois o aluno pode dominar todas as técnicas de leitura e de produção de textos, as senão tiver informações não tem como escrever, produzir um texto. Desse modo, entendemos a informação a respeito do tema que se deseje produzir um texto como um elemento essencial. E o meio mais adequado para a aquisição de informações é sobretudo a leitura, que por sua vez não deve ser realizada apenas quando precisamos escrever algo, mas também, para nosso próprio enriquecimento cultural. Para que "o leitor se informe é necessário que haja entendimento daquilo que ele lê" (FAULSTICH, 2002, p. 13). A autora afirma desse modo que a inteligibilidade textual é imprescindível 21 FUESPI/NEAD Letras Português ao leitor; caso contrário, ele não conseguirá absorver as informações necessárias à elaboração do seu próprio texto. Escrever não é tarefa reservada apenas a intelectuais, a escritores, a jornalistas, a advogados ou a professores de português. A escrita como meio de comunicação é para todos e é questão bem definida e planejada em vários concursos públicos e vestibulares de maneira geral. Por tudo o que foi exposto até aqui, é perceptível que a leitura e a escrita andam juntas, e uma capacidade subsidia a outra, pois a leitura nos capacita a escrever melhor e a escrita nos faz perceber recursos de leitura que somente lendo não absorveríamos. Você já deve ter percebido isso quando escreve algo, lê buscando-lhe o sentido, a coerência, a coesão e não conseguindo encontrar ou para tornar a leitura mais compreensível, você reescreve. Se estiver digitando, isso fica ainda mais fácil, pois tem-se o recurso de recortar um trecho que estava lá para o final do período, da oração, deslocando-lhe para o meio, para o início, para o fim até que se percebe a leitura mais agradável, mais objetiva, mais direta. Exercitando... 1 O poema a seguir está com os versos em posição trocada, mas pela cronologia das ações você pode reordená-lo mesmo sem conhecê-lo. Faça este exercício e o reorganize, reescrevendo-o no espaço reservado para isso. E ter paciência para que a vida faça o resto... Posso apenas dar boas razões para que gostem de mim... Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém... William Shakespeare William Shakespeare 22 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos A leitura é tão relevante para aquele que pretende desenvolver estudos sistemáticos que nos próprios processos de seleção para o vestibular, por exemplo, são “cobradas” as leituras de várias obras. E se para entrar na universidade são cobradas do universitário, a leitura e reflexão não é correto que, ao longo do curso universitário, não seja ele capaz de refletir e escrever de forma crítica sobre vários pontos estabelecidos, em diferentes matérias. Somente escreve mal aquele quem não tem o que dizer porque não aprendeu a organizar seu pensamento, pois somente o domínio das regras gramaticais, ou saber selecionar as palavras para cada ocasião não nos fará escrever bem, visto que assim sempre nos faltará o conteúdo acerca do tema. Antes do ato da escrita faz-se necessária a reflexão, e o melhor estímulo para a reflexão é a leitura, é ler o que outros já escreveram a respeito do que leram de outros e assim sucessivamente, pois a escrita está sempre impregnada de outras escritas, ou seja, a leitura é diálogo direto ou indireto com outras leituras. Passada a fase de ler, escrever e refletir sobre o texto que vai produzir o aluno deve voltar sua atenção para os tipos e os gêneros de textos que irá produzir também, pois quando lhe for solicitada a produção de algum texto será determinado o tipo do texto a escrever, por exemplo, um texto dissertativo argumentandosobre um assunto. Por isso, é importante refletir rapidamente sobre essas nomenclaturas: dissertação e argumentação. Há algumas diferenças entre as noções de tipo e gênero que serão tratadas na unidade 2 deste livro, por isso trabalharemos aqui apenas com a noção de tipo. Como a dissertação é o tipo de texto mais solicitado e utilizado no meio acadêmico a tomaremos como parâmetro de escrita, nesse livro. É relevante que o aluno saiba a diferença entre dissertação e argumentação, uma vez que essas nomenclaturas costumam ser tomadas, muitas vezes, como sinônimas. Uma das distinções básicas que pode ser estabelecida entre a dissertação e a argumentação é o fato de que no primeiro tipo de teto as idéias do autor são expostas, a título de informação sobre um 23 FUESPI/NEAD Letras Português determinado assunto, enquanto que na argumentação, além de se expor o que se pensa/sabe sobre um determinado assunto, faz -se isso de forma persuasiva, tentando convencer o leitor de seu texto. Argumentar sobre algo que não se conhece é muito difícil. Imagine, Poe exemplo um vendedor conseguir vender um produto sem conhecer as suas características, as qualidades do produto que precisará mostrar, enfim as informações que serão utilizadas para convencer ao consumidor para comprá-lo. Isso é tão importante que temos as empresas de propaganda que se encarregam de fazer a publicidade de produtos utilizando-se de linguagem determinada para isso, de elementos de persuasão. Para expor as idéias ou para convencer alguém, é preciso conhecer o assunto tratado, uma vez que, ninguém consegue escrever bem, se não conhece o que vai escrever. É preciso, antes de qualquer movimento, conhecer profundamente o objeto de reflexão. Para escrever, assim, a respeito de qualquer assunto, é necessário, antes, ler e refletir, procurando argumentos que serão apresentados como elementos de sustentação temático-textual. Argumentar No dicionário disponível em http://www.dicio.com.br, Argumentar: v.t. e v.i. Usar de argumentos; discutir apresentando e contrapondo razões que, através do raciocínio lógico, levem a uma conclusão. Pela própria definição do termo tem-se que “se discute apresentando e contrapondo razões”. E isso somente é possível com o conhecimento daquele objeto sobre o qual se monta uma argumentação. No texto argumentativo ocorre o mesmo, há a mesma necessidade de apresentar argumentos de posição ou contraposição. A construção da posição ou contraposição ocorre a parti de verbos que o escritor, ou autor do texto utiliza, ou ainda por meio de modalizadores que podem destacar o posicionamento do autor do texto. Vejamos um exemplo a seguir. 24 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos I. INTRODUÇÃO Embora seja um desenvolvimento relativamente recente no campo dos estudos aplicados do discurso, a análise de gêneros tem se tornado extremamente popular nos últimos anos. O interesse pela teoria dos gêneros e suas aplicações não se restringe mais a um grupo específico de pesquisadores de uma área em particular ou de um setor qualquer do globo terrestre, mas cresceu a ponto de assumir uma relevância muito mais ampla do que jamais foi imaginado. Candlin (1993) indaga com propriedade: O que há com o termo e com a área de estudos que ele representa, para que atraia tanta atenção? O que lhe permite agrupar sob o mesmo abrigo terminológico críticos literários, retóricos, sociólogos, cientistas cognitivistas, especialistas em tradução automática, linguistas computacionais e analistas do discurso, especialistas em Inglês para Fins Específicos e professores de língua? O que é isso que nos permite reunir sob o mesmo rótulo publicitários, especialistas em comunicação empresarial e defensores do Inglês Comum? (Candlin, 1993). Fonte: BHATIA, Vijay K. ANÁLISE DE GÊNEROS HOJE*.Tradução de Benedito Gomes Bezerra.Rev. de Letras - N0. 23 - Vol. 1/2 - jan/dez. 2001 Como se pode perceber a partir da análise do texto do exemplo, tem- se duas argumentações. A primeira é a do tema do qual se está tratando e a segunda, o que se percebe a partir da observação dos elementos destacados apenas com sublinhados estão sendo utilizados para caracterizar o referente análise de gêneros, que por sua vez está em negrito e em sublinhado, exatamente porque ele é o termo mais importante, do qual se está enunciando as informações: Embora/ desenvolvimento/ recente/estudos aplicados do discurso. Esta argumentação é de quem está produzindo o texto. Ou seja, é o autor do texto que considera que: “Embora seja um desenvolvimento relativamente recente no campo dos estudos aplicados do discurso, a análise de gêneros tem se tornado extremamente popular nos últimos anos.” 25 FUESPI/NEAD Letras Português Já a segunda argumentação que se tem é a que o autor do texto faz da apresentação que o segundo autor, aquele que é citado no texto que tomamos como exemplo, para trazer mais informações sobre o assunto em tela, o que temos então é o autor do texto Bathia (2001) citando Candlin (1993), como se pode corroborar na informação da fonte após o texto. Muitas vezes, por uma questão de você não estar acostumado a esse tipo de leitura não consegue atentar muito bem para esse tipo de processo argumentativo, mas isso não é um problema, porque uma vez familiarizado com esse tipo de marcação, nome do autor no texto, forma de citar tudo isso vai ficando mais claro para o leitor e como são marcas bem visuais a leitura torna-se bem mais fácil. No processo de redação existe um plano estruturado para ligação lógica do que o emissor codificador quer transmitir ao receptor ou decodificador da mensagem, ou melhor, temos uma sequência de idéias que geram um diálogo entre duas pessoas (escritor e leitor/ vestibulando e examinador) por meio de idéias que são tecidas por meio do tema proposto e delimitado. Como principais partes do texto tem-se: • Introdução, que é o início de uma idéia geral e importante (objeto principal do trabalho). Constrói o núcleo-frasal que será desenvolvido, na parte do texto que é chamada de desenvolvimento; • Desenvolvimento, que é a manifestação do tema em todos os seus elementos (afirmação ou negação). Nesta parte são desenvolvidos os elementos extrínsecos ou formais e os intrínsecos (conceitos e argumentos) observando a clareza e a concisão do parágrafo. • Conclusão, que é o sintetizador do desenvolvimento e criador do elo final com a idéia geral que já fora mencionada na introdução. A ordenação no Desenvolvimento do Parágrafo pode ocorrer: a) com indicações de espaço: "... não muito longe da capital...". Utilizam-se advérbios e locuções adverbiais de lugar e certas locuções prepositivas, e adjuntos adverbiais de lugar; 26 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos b) com informações de tempo e espaço: por meio de advérbios e locuções adverbiais de tempo, certas preposições e locuções prepositivas, conjunções e locuções conjuntivas e adjuntos adverbiais de tempo; c) com enumeração: citação de características que vem normalmente depois de dois pontos; d) com contrastes: estabelece comparações, apresenta-se paralelos e evidencia diferenças; conjunções adversativas, proporcionais e comparativas podem ser utilizadas nesta ordenação; e) por causa-consequência: conjunções e locuções conjuntivas conclusivas, explicativas, causais e consecutivas; f) com explicitação: esclarece o assunto com conceitos elucidativos e justificativos dentro da idéia que construída. Mattoso Camara (2001, p.62) dividiu os problemas de redação em dois grupos: o primeiro: o dos problemas essenciais e o segundo, dos secundários. Os problemas essenciais referem-se à composição, ou seja, ao plano do texto e à escolha vocabular, mais especificamente à técnica de formulação verbal, que dispensa os elementos extralinguísticos e locucionais, participantes da exposição oral. Já os problemas secundários,que são a pontuação, a ortografia, a concordância, a acentuação, isto é, os elementos gramaticais constituem os problemas que, para Mattoso, são de mais fácil solução. Os erros mais frequentemente abordados são os gramaticais, isto é, erros de pontuação, acentuação, ortografia, concordância verbal e nominal, regências verbal e nominal, etc. Entretanto estes não representam o aspecto mais importante para o texto. 1.3 A importância do ato de escrever no ensino de Língua Portuguesa Escrever no ensino da língua portuguesa na universidade, levando-se em consideração que a modalidade escrita é muito mais utilizada no exercício 27 FUESPI/NEAD Letras Português profissional de várias pessoas é muito relevante. Atualmente, exige-se do profissional redação própria, ou seja, a capacidade de expressar no papel, na escrita, o seu trabalho, isto é, o profissional deve se comunicar com outras empresas a partir da modalidade escrita, de forma clara, objetiva e direta. Contudo, é necessária muita leitura e conhecimento das possibilidades da língua, pois até mesmo um texto prosaico pode ser original, no sentido de expressar àquele que lê traços característicos da personalidade de quem o escreve. No entanto, sabe-se que, para muitos, o ato de escrever não encarado com como uma tarefa muito fácil, principalmente para aqueles para quem a pouca ou total ausência da modalidade escrita, foi uma das lacunas deixadas pelos ensinos fundamental e médio. Antes a ênfase nas nomenclaturas reduzia o espaço da interpretação, da leitura e da escrita, e assim, o aluno não conseguia, quando lhe era solicitado, utilizar os recursos gramaticais ensinados. Não cabe à universidade resolver as lacunas deixadas pelos ensinos fundamental e médio, mas sim despertar aqueles que têm dificuldade ao escrever, fazendo com que esses leiam, escrevam bastante e consigam, ao longo dos anos e com a prática, sanar suas dificuldades de escrita. Por isso mesmo, a produção de textos deve fazer parte da rotina acadêmica. Após a leitura de um poema, de um trecho de um romance, de um texto científico, de uma reportagem, ou, até mesmo, após um debate, o educando deverá ser estimulado a elaborar um texto sobre o tema sugerido. Com tudo isso, a importância deste estudo está ligada à possibilidade de orientar a organização de programas de língua portuguesa, no que diz respeito à relevância da produção de textos dentro e fora das aulas de produção textual. Não se pode esquecer de que, durante muitos anos, o ensino da língua não se destinou à produção, à leitura e à interpretação de textos, mas sim se limitou a exigir do aluno as nomenclaturas gramaticais, uma vez que essas eram, e continuam sendo, exigidas pelo vestibular e pelos concursos em geral. 28 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos O resultado de tal postura foi um universitário que mal sabe escrever e, o pior, que pode passar quatro anos na universidade sem saber produzir um bom texto. Para que você não passe por essa experiência vexatória, atente para os aspectos formais (que já se viu que não precisam ser tão formais assim), para os aspectos contextuais (para quem você está produzindo um determinado texto, isto é, quem é o seu destinatário; qual o seu objetivo com o texto que está produzindo e por último, o que você tem para informar no texto, o que você sabe sobre o assunto sobre o qual lhe foi solicitado que você produza um texto. O professor quando pede a um aluno que produza um texto sobre um determinado assunto deve em primeiro lugar verificar se esse aluno tem informação suficiente sobre o assunto, e se o resultado da verificação for negativo, deve ajudar seu aluno no sentido de encontrar informações. Entretanto, como nem todas as vezes que lhe for solicitado que produza você terá a ajuda de seu professor, como no caso de provas de vestibulares, a produção de texto que lhe é pedida, é feita com base a pressuposição de que você já tem informação suficiente para produzir aquele texto e é por isso que a leitura é um dos principais requisitos para que se aprenda a produzir bons textos. Isso se deve ao fato de que por meio dela você adquirirá informações para a sua produção textual. Não se pode deixar de lado o estudo linguístico, que é importante para a elaboração de um "bom" texto. Assim, para se escrever "bem" o texto deve-se saber utilizar, corretamente, os sinais de pontuação, deve-se saber ortografia, acentuação; deve-se saber o uso da crase; deve-se fazer as concordâncias verbal e nominal; deve-se saber regências verbal e nominal; além de se fazer um texto com os dois elementos mais importantes: coesão e coerência. Sem estes dois elementos, o texto perde a intenção de comunicação, ou melhor, de intercomunicação. Bechara (2001) defende que o enunciado não se constrói com um amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos 29 FUESPI/NEAD Letras Português por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios. Dessa forma, pode-se afirmar que no ato de produção textual, não se deve somente escrever diversas frases, é necessário também que se tenha unidade, ou seja, faz-se necessário também que estas frases sejam coesas e coerentes e então formem um texto. Relembrando... e sintetizando, para não esquecer. Faça um breve exercício de retomada das informações que leu até aqui, tente perceber do que você ainda lembra e anote no espaço a seguir. Isso servirá para que você vá guardando informações para o fichamento que deverá fazer ao final da leitura deste livro. Mas por enquanto, anote somente o que você aprendeu até aqui. Você pode fazer a anotação em tópicos, pois quando você reler o tópico, com certeza a ideia lhe virá à mente. Leituras complementares: indicação de leituras (livros ou páginas da web) relacionadas ao tema de cada unidade); • Associação Nacional de Livrarias: www.anl.org.br/web/index.php • Câmara Brasileira do Livro: www.cbl.org.br • Revista Panorama Editorial: www.panoramaeditorial.com.br • Biblioteca Brasiliana USP: www.brasiliana.usp.br • Portal Domínio Público: www.dominiopublico.gov.br 30 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos • http://www.webartigos.com/articles/59876/1/Como-ler-entender-e- redigir-um-texto/pagina1.html#ixzz1OMnNAjpq • http://www.cintiabarreto.com.br/ Atividade complementar Crie um blog de seu curso e destine a cada uma das disciplinas um espaço para arquivar seus textos, resumos, resenhas, fichamentos, enfim, o resultado de seus estudos. Com a continuidade, você verá que tem um espaço de estudo e consulta dinâmico e prazeroso. Além disso, este espaço pode ser usada por alguns colegas de sua turma que pode constituir o conselho editorial do blog. Eles podem ajudar você a alimentar a página, a editar os textos e tomar todos os cuidados do seu blog. Resumindo... Bom, nesta unidade tratamos das concepções de Leitura, do ato de ler e nesta perspectiva vimos que ler pode ter as mais diversificadas acepções. Podemos ler a expressão do rosto de uma pessoa, o significado de uma bela obra de arte, a bula de remédio, e até o silêncio de alguém. Vimos que Geraldi (2003) define a leitura como um processo de interlocução entre leitor e autor. E que o autor destaca dentre as concepções de leitura: A leitura-busca de informações, a leitura-estudo do texto, a leitura do texto-pretexto e a leitura-fruição do texto. Para desenvolver as habilidades de ler, de redigir um bom texto, a primeira ação que se faz necessária é se desfazer de algumas crenças como a de que você não sabe escrever ou de que você não gosta de escrever. De acordo com Fausltich (2005) há algumas técnicas de leitura como, por exemplo: sublinhar, destacar as ideias principais do texto. A autora divide a leitura em leitura informativa e leitura interpretativa. Para tanto, oferece31 FUESPI/NEAD Letras Português pistas de como se deve fazer "leitura seletiva", que consiste em identificar as palavras-chave e as palavras-secundárias do texto. Sobre a leitura na era digital, você viu que as inovações tecnológicas e o desenvolvimento das tecnologias da comunicação da informação – TIC,s fizeram surgir novas maneiras de ler e de estudar. A respeito da leitura na era digital Gouveia (2010) destacou que o perfil do “leitor médio” no Brasil difere daqueles observados em outros países, e que os hábitos de leitura de um brasileiro diferem dos hábitos de outro leitor de diferente classe social ou faixa etária, também nascido no Brasil. Viu ainda, que há alguns estudiosos que percebem avanços no modo de leitura digital, como há também aqueles que destacam alguns problemas nesse modo de leitura. Um dos fatores relevante para a produção de texto é a informação. E desse modo, escrever não é tarefa reservada apenas a intelectuais, a escritores, a jornalistas, a advogados ou a professores de português. Outro fator relevante para desenvolver a habilidade de ler, escrever e refletir sobre a produção de texto é saber distinguir tipos e os gêneros de textos. É relevante também atentar para as principais partes do texto: • Introdução, que é o início de uma idéia geral e importante (objeto principal do trabalho). Constrói o núcleo-frasal que será desenvolvido, na parte do texto que é chamada de desenvolvimento; • Desenvolvimento, que é a manifestação do tema em todos os seus elementos (afirmação ou negação). Nesta parte são desenvolvidos os elementos extrínsecos ou formais e os intrínsecos (conceitos e argumentos) observando a clareza e a concisão do parágrafo. • Conclusão, que é o sintetizador do desenvolvimento e criador do elo final com a idéia geral que já fora mencionada na introdução. E vimos ainda, a relevante contribuição de Mattoso Camara (2001, p.62), que dividiu os problemas de redação em dois grupos: o dos problemas 32 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos essenciais e o dos secundários. Destacando que os problemas essenciais referem-se à composição, ou seja, ao plano do texto e à escolha vocabular, (técnica de formulação verbal); e que os secundários são constituídos pela pontuação, pela ortografia, pela concordância, pela acentuação, isto é, pelos elementos gramaticais, que na opinião do autor não são os mais importantes. Escrever é muito relevante no ensino da língua portuguesa na universidade, embora durante muitos anos, o ensino da língua não se destinou à produção, à leitura e à interpretação de textos, mas sim se limitou a exigir do aluno as nomenclaturas gramaticais, uma vez que essas eram, e continuam sendo, exigidas pelo vestibular e pelos concursos em geral. Como nós estamos em tempos diferentes na academia, dedique-se às habilidades de leitura e produção de textos e sucesso na empreitada!! Atividades de aprendizagem 1 Leia o poema a seguir e produza um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema aprendizado na perspectiva que o autor está tratando no mencionado texto. Eu aprendi... ...que ignorar os fatos não os altera; Eu aprendi... ...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você; Eu aprendi... ...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas; Eu aprendi... ...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa; Eu aprendi... ...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda; Eu aprendi... ...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu. Eu aprendi... 33 FUESPI/NEAD Letras Português ...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar; Eu aprendi... ...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito; Eu aprendi... ...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a; Eu aprendi... ...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer. ...................................................................................................... William Shakespeare Fonte: http://pensador.uol.com.br/eu_aprendi/ Título: OBJETIVO • Proporcionar aos alunos a habilidade necessária para o desenvolvimento de textos acadêmicos e o conhecimento da estrutura dos mais variados gêneros usados no contexto universitário e fora dele. UNIDADE 2 O texto e sua textualidade 37 FUESPI/NEAD Letras Português 2 O que é o texto? Você deve está se perguntando o que é um texto, não é mesmo? O que caracteriza um texto ou mesmo o que faz um texto ser um texto? A palavra texto tem a origem latina “textu” e significa literalmente, “tecido”. Vejamos o que diz Fávero e Koch (2001) sobre esse assunto: Como se pode observar na citação acima, o texto consiste em qualquer passagem falada ou escrita que forma um todo significativo independente de sua extensão. Trata-se, pois, de um contínuo comunicativo contextual caracterizado pelos fatores de textualidade. Nesse sentido, concorda Costa Val (1992) quando define o texto como “ocorrência linguística falada ou escrita, de qualquer extensão, dotada de unidade sociocomunicativa, semântica e formal”. Sendo a linguagem considerada como forma de inter(ação) entre os interlocutores, cuja função básica é persuadir e convencer e não apenas comunicar, então, os estudos da língua já não podem mais estar ancorados, apenas, nos campos da estrutura linguística: da morfologia, da fonética e da sintaxe frasal. Torna-se necessário uma reatualização sobre a concepção de texto em contextos mais amplos, que levem em consideração pressupostos advindos de áreas como a Linguística Textual, a Análise do Discurso dentre “texto, em sentido amplo, designa toda e qualquer manifestação da capacidade textual do ser humano (uma música, um filme, uma escultura, um poema etc.), e, em se tratando de linguagem verbal, temos o discurso, atividade comunicativa de um sujeito, numa situação de comunicação dada, englobando o conjunto de enunciados produzidos pelo locutor (ou pelo locutor e interlocutor, no caso dos diálogos) e o evento de sua enunciação” (Fávero e Koch, 2001, p. 7). 38 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos outras, para que se possa dar conta de explicar certos fenômenos linguísticos que ocorrem entre os enunciados e sequências enunciativas. Nessa perspectiva pode-se considerar texto uma frase, um fragmento de um diálogo, um provérbio, um verso, uma estrofe, um poema, um romance e também expressões situadas em contextos específicos como “Socorro!”, “Silêncio!”, “Fogo!”, etc. (Exemplo 1) Perceba, caro aluno, que o texto acima (exemplo 1) deve ser entendido como um todo significativo, levando-se em consideração não apenas a palavra isolada por ela mesma, mas o contexto comunicativo em que se insere. Há de se considerar na leitura desse texto o pedido de socorro refere-se ao nosso próprio planeta que não cabe aqui discutir todos os seus problemas: miséria, fome, guerra, terrorismo, desmatamento só para citar alguns. 39 FUESPI/NEAD Letras Português (Exemplo 2) Este segundo exemplo pode ser considerado um texto? Com certeza todos vocês reconhecem ao ver tal imagem que se trata de um pedido de silêncio. Mas pensemos, então, em que contexto isso pode ocorrer, pois não se trata de um pedido de silêncio qualquer. Na realidade é um pedido de silêncio em contexto específico: num hospital, em um posto de saúde. Compreendemos assim pelas marcas que a imagem nos traz, a posição do dedo indicador na boca, as roupas na qual a personagem se veste nos indicam que se trata de um pedido de silêncio num contexto comunicativo específico. (Exemplo 3) L1. e você nunca saiu do brasil? L2. nunca saí do brasil L1. e tu mais ah:: de propósito como é que é? [ L2. olha ((tosse))aconte [ L1. ou é por causa do assento flutuante? Fonte: Rodrigues & Azevedo (2010) 40 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos O terceiro exemplo é um excerto de um texto conversacional. Trata-se de uma entrevista de televisão. Com suas características próprias, o texto conversacional é reconhecido como um todo significativo se levarmos em consideração o contexto em que o mesmo se insere. Veja-se que os falantes vão se revezando nos turnos conversacionais e utilizando-se de marcas próprias da modalidade oral da língua (voltaremos a esse assunto no terceiro capítulo com mais detalhes e exercícios). PRETI, Dino (org.). Análise de textos orais. São Paulo: Humanitas, 2003. (Exemplo 4) A idéia de turno está ligada às várias situações em que os membros de um grupo se alternam ou se sucedem na consecução de um objetivo comum: jogo de xadrez, corrida de revezamento, mesa-redonda, de acordo com Preti (2003). Assim, na análise da conversação, podemos entender turno como aquilo que um falante faz ou diz enquanto tem a palavra, incluindo também a possibilidade de silêncio. O turno se trata de qualquer intervenção do interlocutor. 41 FUESPI/NEAD Letras Português O quinto exemplo é um texto pertencente à esfera lexicográfica2 : um verbete de um dicionário. Veja que um texto nunca está isolado de um contexto mais amplo. Ele pertence a uma esfera social, tendo, portanto, uma função sociocomunicativa. Um texto, nessa perspectiva, pode ser, então, uma amostra de comportamento linguístico-textual e comunicativo encontrados nos mais diversos gêneros textuais presentes em nossa sociedade. Nessa perspectiva até mesmo o silêncio pode ser considerado um texto, desde que tenha uma intenção interativa. No texto conversacional as formas do silêncio, por exemplo, são bastante frequentes e podem servir como estratégias textual-interativas para que o interlocutor conceda a passagem do turno conversacional dentre outras. Vamos ver como Louis Hjelmslev3 concebe a palavra texto? Para o autor, a palavra texto é tomada em um sentido mais amplo, designando um enunciado qualquer, falado ou escrito, longo ou curto, velho ou novo. “Silêncio!” como vimos no exemplo 2 é um texto tanto quanto o é um conto de Machado de Assis. Utilizamos diariamente a palavra texto em vários contextos enunciativos, na escola ou mesmo fora dela. Quem nunca ouviu os seguintes enunciados na sua vida: - Você terminou o texto? - Que texto complicado! - Não gostei desse texto. - Você decorou o texto? - Peguem o texto do autor tal. - Os atores já receberam seus textos. 2 A Lexicografia é uma disciplina intimamente ligada à Lexicologia. Ela se ocupa da descrição do léxico de uma ou mais línguas, a fim de produzir obras de referência, principalmente dicionários, em formato papel ou eletrônico, e bases de dados lexicológicas. 3 Veja a biografia do de Louis Hjelmslev em http://pt.wikipedia.org/wiki/Louis_Hjelmslev 42 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos Como se observa, conceituar a palavra texto é bem mais complexo do que se pode pensar dada a abrangência de termos que se ligam a sua significação. Mesmo assim, podemos dizer que a configuração de um texto deve levar em consideração alguns critérios de textualidade (tessitura) que garanta a organização do sentido e a completude da mensagem num dado contexto sociocomunicativo. Enfim, é por meio de textos que o discurso se manifesta e qualquer passagem no plano verbal e não-verbal, independentemente de sua extensão, que constitua um todo significativo, efetiva-se em um texto. 2.1 O que é textualidade? Para falarmos sobre textualidade precisamos muito de sua atenção. Se chegamos até aqui é porque iremos ainda mais longe redescobrindo o fascinante mundo do texto. Afinal, uma das coisas que fazemos todos os dias é produzir e entrar em contato com textos quando conversamos, ao pegarmos um ônibus, ao pagarmos as compras no caixa do supermercado, ao irmos à escola, ao falarmos ao telefone, ao assinarmos um contrato dentre muitas outras atividades durante nossa vida. O texto é uma unidade de linguagem em uso. Como uma ocorrência linguística falada ou escrita deve apresentar três propriedades básicas: • a primeira é sua função sociocomunicativa, tais como as intenções do autor, o contexto sociocultural; • a segunda propriedade é o fato de constituir-se como uma unidade semântica, em que o texto seja um todo significativo, ter coerência; • a terceira propriedade é a sua unidade formal, as palavras se integram para formar um todo coeso. 43 FUESPI/NEAD Letras Português Os autores que tratam da textualidade tomam esse termo como o conjunto de características que fazem com que um texto seja um texto e não apenas uma sequência de frases isoladas do seu contexto de uso. Lembram- se das perguntas iniciais desse capítulo? Beaugrade e Dressler (1983) apontam sete fatores responsáveis pela textualidade, que se dividem em linguísticos e pragmáticos, conforme o quadro seguinte: FATORES DE TEXTUALIDADE LINGUÍSTICOS PRAGMÁTICOS • coerência • coesão A) FATORES LINGUÍSTICOS: a) Coerência É importante ressaltar que a coerência textual não está no texto, mas se constrói a partir do texto. Lembremo-nos de que a construção do sentido vai envolver o autor, que detém experiências de vida e que criou o texto em determinada situação e com um propósito, e o leitor, que também possui experiências prévias e que vai receber o texto em situação e tempo diferentes dos da produção. A coerência textual está ligada ao sentido empregado no texto e também ao sentido construído pelo interlocutor (que são aspectos mentais, ou seja, tudo aquilo que é processado no cérebro), como se refere Koch e Travaglia (2004 p.21): a coerência está diretamente ligada à possibilidade de • Intencionalidade • Informatividade • Aceitabilidade • Situacionalidade • Intertextualidade 44 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos estabelecer um sentido para o texto, ou seja, ela é o que faz com que o texto faça sentido para os usuários, devendo, portanto, ser entendida como um princípio de interpretabilidade, ligada à inteligibilidade do texto numa situação de comunicação e à capacidade que o receptor tem para calcular o sentido deste texto. Ainda para Koch e Travaglia (2004) a coerência não está somente no texto, mas também deve ser construída a partir dele. Vejamos um exemplo retirado do “A coerência textual” de Koch & Travaglia (2004, p. 1): (Exemplo 5) Fonte: KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2004 Percebe-se que no quinto exemplo há falta de sentido na frase do ponto de vista que não há possibilidade de conter uma mesma realização acabada em um primeiro momento e ao mesmo tempo não acabada num segundo, o que fatalmente acarreta incoerência inaceitável na construção textual para o entendimento do texto. Outro exemplo de uma sequência sem elementos linguísticos coesivos, mas que mantém coerência textual pode ser encontrado no texto o show no seguinte exemplo: (Exemplo 6) “Maria tinha lavado a roupa quando chegamos, mas ainda estava lavando a roupa”. O estádio A multidão A expectativa O Show O cartaz O desejo 45 FUESPI/NEAD Letras Português O texto acima foi criado a partir de uma proposta de um modelo de Affonso Romano de Sant’Anna mostrando que mesmo uma lista de palavras sem nenhuma ligação sintática e sem nenhuma explicação quanto à relação entre elas, pode-se perceber a unidade de sentido estabelecido pelos seus componentes. O que faz com que o texto tenha sentido é o conhecimento prévio que o leitor tem do que seja um show, ou seja, está arquivado em sua memória um modelo de um show, desde a divulgação, até o sentimento de vazio quando tudo acaba e o espectador volta para sua casa. b)Coesão A coesão textual aborda os fenômenos sintático-semânticos entre os enunciados, ou seja, os fenômenos que descrevem a relação das frases entre si e o significado das palavras respectivamente. Segundo Koch (2007, p.45) podemos conceber a coesão como fenômeno relacionado ao modo como os elementos linguísticos presentes na superfície textual se encontram interligados, por meio de recursos também linguísticos, formando sequências veiculadoras de sentidos. Pode-se salientar que a coesão é o conjunto de conectores que, ao serem inseridos de forma correta no texto, dá a ele a coerência esperada. Em Koch (2005, p.13), há um exemplo que define bem a importância da coesão textual para um texto: O pai O dinheiro O ingresso O dia A preparação A ida A música A vibração A participação O fim A volta O vazio Fonte: KOCH, Ingedore Vilaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2004 46 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos (Exemplo 7) No sétimo exemplo, pode-se perceber que o texto não é um amontoado de frases sem nexo, ou uma soma de frases isoladas, essas frases são entrelaçadas por chamados recursos de coesão textual. Conforme Halliday & Hassan: “a coesão ocorre quando a interpretação de algum elemento no discurso é dependente da de outro”, ou seja, para que haja coesão é necessário que os enunciados tenham ligação entre si. Os conectores estabelecem a relação entre elementos do texto, correlacionam o que está para ser dito com o que já foi dito. A coesão divide-se em duas ramificações: a coesão referencial e a coesão sequencial. Basicamente, a coesão referencial está ligada à disposição dos elementos coesivos no texto, em que um elemento faz remissão a outro no texto. O primeiro elemento é chamado forma referencial ou remissiva e o segundo elemento de referência ou referente textual. O elemento de referência/ referente textual pode ser representado por um nome, um sintagma, um fragmento da oração ou um todo enunciado. Vejamos como isso ocorre no exemplo 8, a seguir: Os urubus e sabiás Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza, eles, haveriam de se tornar grandes cantores. E para isso fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão de mandar nos outros... Fonte: Koch (2005, p.13) 47 FUESPI/NEAD Letras Português (Exemplo 8) No oitavo exemplo, “homem” é o elemento denominado de forma referencial e “ele” é o elemento de referência, ou seja, remete a um elemento que já foi dito. A coesão sequencial subdivide-se em sequenciação parafrástica e sequenciação frástica. A sequenciação parafrástica dá-se quando o autor utiliza de formas diferentes a serem percebidas pelos leitores. Para isso utiliza- se de alguns artifícios chamados de elementos de recorrência que, segundo Koch (2000 p. 51 a 54), são: • Recorrência de termos: reiteração de um mesmo item lexical geralmente usado para idéia de continuidade ou enfatização. Por exemplo: “E o cavalo corria, corria, corria...”. • Recorrência de estruturas: usa-se as mesmas estruturas sintáticas, preenchidas com itens lexicais diferentes”. Como o exemplo encontadode Gonçalves Dias: (1) Nosso céu tem mais estrelas, (2) (1) Nossas várzeas tem mais flores, (2) (1) Nossos bosques tem mais vida, (2) (1) Nossa vida mais amores. (2) Em (1) tem-se a mesma estrutura sintática e em (2) são os itens lexicais diferentes usados no preenchimento da estrofe. • Recorrência de conteúdos semânticos-paráfrase: mesmo conteúdo semântico apresentado sob formas estruturais diferentes, significa que o autor usa o texto de um outro, com palavras diferentes, o que é muito recorrente em trabalhos acadêmicos. O homem subiu rapidamente as escadas. Lá em cima ele descobriu que estava no andar errado. 48 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos • Recorrência de recursos fonológicos segmentais e/ou supra- segmentais: o autor utiliza características da poesia como: o ritmo, a rima, a assonância, a aliteração, etc. • Recorrência de tempo e aspecto verbal: é fator coesivo a partir do momento em que o autor indica ao leitor/ouvinte que se trata de uma sequência, principalmente temporal, a partir do modo em que a sequência verbal é utilizada. A sequenciação frástica se dá pelas relações gramaticais formadas por marcas linguísticas, que são os elementos coesivos, tornando o texto mais rápido e de leitura mais eficiente. B) FATORES PRAGMÁTICOS: a. Intencionalidade A intencionalidade tem relação estrita com o que se tem chamado de argumentatividade. Se considerarmos que não existem textos neutros, que há sempre alguma intenção ou objetivo da parte de quem produz um texto, e que este não é jamais uma “cópia” do mundo real, pois o mundo é recriado no texto através da mediação de nossas crenças, convicções, perspectivas e propósitos, então somos obrigados a admitir que existe sempre uma argumentativiade subjacente ao uso da linguagem. Para Koch & Travaglia (2004) a intencionalidade está atrelada aos propósitos comunicativos do interlocutor. Veja o que diz os autores: “[...] o produtor de um texto tem, necessariamente, determinados objetivos ou propósitos, que vão desde a simples intenção de estabelecer ou manter o contato com o receptor até a de levá-lo a partilhar de opiniões ou a agir ou comportar-se de determinada maneira.” Dessa forma, a intencionalidade refere- se ao modo como os emissores usam textos para perseguir e realizar suas 49 FUESPI/NEAD Letras Português b. Aceitabilidade A aceitabilidade está relacionada à atitude do receptor frente aos textos, se tem relevância ou utilidade para ele. Tal princípio depende da intencionalidade, relacionada à atitude do autor que busca apresentar um texto coerente e coesivo. Quem produz um texto tenta criá-lo com sentido para que o interlocutor assim o receba. Há quem considere que não existe texto incoerente, uma vez que, pelo princípio da cooperação, o receptor esforça-se para dar um sentido ao texto e tenta encontrar coerência nele. Assim, a aceitabilidade de um texto dependeria menos de sua correção em termos de correspondência ao “mundo real” e mais da credibilidade e relevância que lhe são atribuídas numa determinada situação. (Sobre o assunto, consultar Koch, 1996,1997 e Costa Val, 1996). c. Informatividade A informatividade é avaliada em função das expectativas e dos conhecimentos dos usuários. Para Beaugrande e Dressler (1981) esse fator de textualidade tem a ver com grau de novidade e de previsibilidade, pois quanto mais previsível, menos informativo será o texto para determinado usuário, porque acrescentará pouco às informações que o recebedor já tinha antes de processá-lo. Os usuários tenderiam a rejeitar tanto os textos que têm, para eles, informatividade alta demais, porque são muito difíceis (ou impossíveis) de intenções, produzindo, para tanto, textos adequados à obtenção dos efeitos desejados. É por esta razão que o emissor procura, de modo geral, construir seu texto de modo coerente e dar pistas ao receptor que lhe permitam constituir o sentido desejado. [...] 50 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos serem entendidos quanto aqueles que lhes parecem óbvios, porque pouco acrescentam aos conhecimentos já adquiridos pelo interlocutor do enunciado. Segundo os autores, um grau mediano de informatividade seria o mais confortável, porque permitiria ao recebedor apoiar-se no conhecido para processar o novo. Por outro lado, para os autores, funcionaria melhor um texto que alternasse zonas de baixa informatividade com zonas de alta informatividade,porque, no processamento desse texto, o recebedor teria que agir no sentido de alçar ou rebaixar informações, levando-as ao nível mediano, para integrá-las no sentido que está produzindo para o texto, e esse trabalho o manteria envolvido com o texto, interessado no texto. Nessa perspectiva, a informatividade não é pensada como característica absoluta nem inerente ao texto em si, mas como um fator a ser considerado em função dos usuários e da situação em que o texto ocorre. O princípio da informatividade mostra até que ponto uma informação é nova ou não no texto. Tanto o excesso como a escassez de informações novas podem prejudicar o entendimento do texto. Cabe destacar que é nova a informação não recuperável no texto e que constitui um dado a que pode ser recuperada. Facilita a compreensão do texto o conhecimento partilhado, o conhecimento de mundo, com algum grau de similaridade, do remetente e do destinatário. d. Situacionalidade A situacionalidade refere-se a fatores que dão relevância a um texto numa dada situação comunicativa. O texto vincula-se às circunstâncias em que interagimos com ele e sua configuração aponta a utilidade e a pertinência dos nossos objetivos. Assim, a situacionalidade se configura como um princípio importante para a constituição da textualidade, já que a coesão, a coerência, a informatividade e as atitudes/disposições de produtor e recebedor (intencionalidade e aceitabilidade) são função do modo como os usuários 51 FUESPI/NEAD Letras Português interpretam as relações entre o texto e sua situação de ocorrência: o sentido e o uso do texto são decididos via situação (Beaugrande e Dressler, 1981, p. 10). Esse conceito não se resume às circunstâncias empíricas em si, mas de atividade dinâmica, que envolve monitoramento e gerenciamento contínuos da interação comunicativa, por parte do produtor e do recebedor, uma vez que as ações discursivas não se prendem só às evidências perceptíveis, mas sobretudo às perspectivas, crenças, planos e metas dos usuários. (Beaugrande e Dressler, 1981, p. 179). e. Intertextualidade De acordo com Kristeva (1966) a intertextualidade seria o encontro de duas vozes, ou seja, quando ocorre um diálogo entre os muitos textos de uma (ou várias) cultura(s) que se instala no interior de cada texto e o define ocorre tal fenômeno, que vem a ser um ponto de intersecção de muitos diálogos, cruzamento de vozes oriundas de práticas da linguagem socialmente diversificadas, que têm no texto sua realização. Na perspectiva da Linguística textual, a intertextualidade sempre foi vista como um dos critérios de textualidade de considerável relevância. Muitos trabalhos já deram conta desse fenômeno como coadjuvante na construção/ reconhecimento da tipologia textual e do estabelecimento de novos sentidos. Dentre estes trabalhos, destacam-se aqueles produzidos por Koch (1986, 1991, 1994, 1997), Portela (1999) os quais procuram estabelecer critérios para uma melhor compreensão desse fenômeno. 2.2 O que são tipos e gêneros textuais? Você sabe o que são tipos e gêneros textuais? Uma questão que tem sido bastante debatida é a aproximação das noções de gêneros e tipos. 52 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos Mas até que ponto gêneros e tipos podem ser aproximados? Convido você a realizar a leitura desse texto para refletirmos um pouco sobre o assunto. 2.2.1 Tipos Textuais a) Tipologia Textual Os textos, independentemente do gênero a que pertencem, se constituem de sequências com determinadas características linguísticas, como classe gramatical predominante, estrutura sintática, predomínio de determinados tempos e modos verbais, emprego de vocativo, etc. Dessa forma, dependendo dessas características, configuram-se os diferentes tipos textuais que podem ser: narrativo, descritivo, argumentativo, explicativo ou expositivo, injuntivo ou instrucional. b) Sequência Narrativa Marcada pela temporalidade, como seu material é o fato e a ação, a progressão temporal é essencial para seu desenrolar, ou seja, desenvolve-se necessariamente numa linha de tempo e num determinado espaço. Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de: • frases verbais indicando um processo ou ação; • formas verbais no pretérito; • advérbios de tempo e de lugar. São exemplos de gêneros em que predomina a sequência narrativa: relato, crônica, romance, fábula, conto de fada, piada , etc. Veja a fábula seguinte: 53 FUESPI/NEAD Letras Português c) Sequência Descritiva Não há sucessão de acontecimentos no tempo, de sorte que não haverá transformações de estado da pessoa, coisa ou ambiente que está sendo descrito, mas sim apresentação pura e simples do estado do ser descrito em um determinado momento. Gramaticalmente, percebe-se o predomínio de: • frases nominais e orações centradas em predicados nominais; • formas verbais no presente ou no imperfeito; URUBUS E SABIÁS Tudo aconteceu numa terra distante, no tempo em que os bichos falavam... Os urubus, aves por natureza becadas, mas sem grandes dotes para o canto, decidiram que, mesmo contra a natureza eles haveriam de se tornar grandes cantores. E para isto fundaram escolas e importaram professores, gargarejaram dó-ré-mi-fá, mandaram imprimir diplomas, e fizeram competições entre si, para ver quais deles seriam os mais importantes e teriam a permissão para mandar nos outros. Foi assim que eles organizaram concursos e se deram nomes pomposos, e o sonho de cada urubuzinho, instrutor em início de carreira, era se tornar um respeitável urubu titular, a quem todos chamam de Vossa Excelência. Tudo ia muito bem até que a doce tranqüilidade da hierarquia dos urubus foi estremecida. A floresta foi invadida por bandos de pintassilgos tagarelas, que brincavam com os canários e faziam serenatas para os sabiás... Os velhos urubus entortaram o bico, o rancor encrespou a testa , e eles convocaram pintassilgos, sabiás e canários para um inquérito. — Onde estão os documentos dos seus concursos? Perguntaram os urubus. E as pobres aves se olharam perplexas, porque nunca haviam imaginado que tais coisas houvessem. Não haviam passado por escolas de canto, porque o canto nascera com elas. E nunca apresentaram um diploma para provar que sabiam cantar, mas cantavam simplesmente... Fonte: http://www.fabulasecontos.com.br 54 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos • adjetivos, que ganham expressividade tanto na função de adjunto adnominal quanto na de predicativo; • períodos curtos e coordenação; • advérbios de lugar que ganham destaque identificando a dimensão e/ou disposição espacial do objeto descrito. São exemplos de gêneros em que predomina a sequência descritiva: folheto turístico, (auto)-retrato, anúncio classificado, lista de compras, lista de ingredientes de uma receita, cardápio, etc. Pode-se, ainda, observar que as sequências narrativa e descritiva apresentam focos diferentes. Veja o quadro seguinte e compare o foco com os dois exemplos apresentados (fábula e lista de compras): SEQUÊNCIA NARRATIVA SEQUÊNCIA DESCRITIVA Fonte: http://www.efetividade.net Foco no fato e na ação. Foco processual, de progressão temporal. Predominância de verbos de ação, circunstanciais espaço-temporais. Foco no ser. Noção estática, de permanência temporal. Predominância de verbos de estado, adjetivos e circunstanciais espaciais. 55 FUESPI/NEAD Letras Português d) Sequência Argumentativa É aquela por meio da qual se faz a defesa de um ponto de vista, de uma idéia, ou em que se questiona algum fato. Ao expressar um parecer sobre alguma pessoa, acontecimento ou coisa, intenta-se persuadir o leitor ou o ouvinte, fundamentando o que se diz com argumentos de acordo com o assunto ou tema, a situação ou o contexto e o interlocutor. Gramaticalmente caracteriza-se pela: • progressão lógica de idéias e linguagem maissóbria, objetiva, denotativa; • polifonia (ou seja, presença de várias vozes que se integram ao texto, seja por citações, seja por menções, seja por referências intertextuais), geralmente introduzida por sinais de pontuação (dois-pontos, parênteses, aspas, travessões), funcionando de apoio para a argumentação; • presença de palavras valorativas (positivas ou negativas) e expressões modalizadoras (geralmente, advérbios de enunciação: sinceramente, cá entre nós, etc.), que manifestam o posicionamento do falante; • emprego de orações subordinadas adverbiais causais, introduzidas pelas conjunções visto que, pois, porque, para a apresentação da relação de causa consequência; • emprego de perguntas retóricas, prevendo possíveis interrogações por parte do interlocutor. São exemplos de gêneros em que se predomina a sequência argumentativa: sermão, ensaio, editorial de um jornal ou revista, crítica, monografia, redações dissertativas, resenhas, etc. Observe o editorial publicado no jornal “O Globo” sobre a Lei de Biossegurança: 56 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos Dificilmente a Câmara dos Deputados conseguirá aprovar a curto prazo a Lei de Biossegurança que precisa votar por ter sido modificada no Senado. É muito longa a pauta de projetos à espera de apreciação: além de outras importantes leis, há projetos de emendas constitucionais e uma série de medidas provisórias, que trancam a pauta. Mas, com tudo isso, é importante que os deputados tenham consciência da necessidade de conceder aos cientistas brasileiros, o mais rapidamente possível, a liberdade de que eles necessitam para desenvolver pesquisas na área das células-tronco embrionárias. Embora seja este um novo campo de investigação, já está fazendo surgir aplicações práticas concretas, que demonstram seu potencial curativo fantasticamente promissor. Não é por outro motivo que os eleitores da Califórnia aprovaram a emenda 71, que destina US$ 3 bilhões às pesquisas com células-tronco, causa defendida com veemência por seu governador, o mais do que conservador Arnold Schwarzenegger. O caso chama a atenção porque o ex-ator, ao contrário de outros republicanos (como Ron Reagan, cujo pai sofria do mal de Alzheimer), não tem interesse pessoal no desenvolvimento de tratamentos médicos para doenças degenerativas hoje incuráveis. Apenas o convívio com pessoas como o recentemente falecido Christopher Reeve, que ficou tetraplégico após um acidente, ou Michael J. Fox, que sofre do mal de Parkinson, parece ter sido suficiente para convencer Schwarzenegger de que é fundamental apoiar a pesquisa. O projeto que retornou do Senado ainda inclui graves restrições à ciência, como a limitação das pesquisas às células de embriões congelados há pelo menos três anos nas clínicas de fertilização — embriões descartados que, com qualquer tempo de congelamento, vão acabar no lixo. Também algum dia será preciso admitir a clonagem com fins terapêuticos, hoje vedada, e que é particularmente promissora. Ainda assim, comparado com o projeto proibitivo que veio originalmente da Câmara, o novo texto da Lei de Biossegurança é um importante passo à frente. Merece ser apreciado com rapidez e aprovado pelos deputados. (O Globo, 5/11) Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br 57 FUESPI/NEAD Letras Português e) Sequência Explicativa Ou Expositiva Intenta explicar ou dar informações a respeito de alguma coisa. O objetivo é fazer com que o interlocutor adquira um saber, um conhecimento que até então não tinha. É fundamental destacar que, nos textos explicativos, não se faz a defesa de uma idéia, de um ponto de vista, características básicas do texto argumentativo. Os textos explicativos tratam da identificação de fenômenos, de conceitos, de definições. Predomina a função referencial da linguagem. Por isso, é o texto que predomina nos livros didáticos, nas aulas expositivas, por exemplo. Gramaticalmente, os textos explicativos apresentam várias marcas, como: • distanciamento do falante em relação àquilo que fala, resultando num texto objetivo, escrito, geralmente, em terceira pessoa; • predicados organizados em torno de verbos como ser, ter, conter, consistir, compreender, indicar, significar, constituir, denominar, designar; • sinais de pontuação que introduzem explicações ou citações (dois- pontos, parênteses, aspas, travessões); • orações coordenadas explicativas introduzidas pelas conjunções pois e porque; • orações adjetivas explicativas; • marcas de reiteração e reformulação (isto é, ou seja, melhor dizendo, em outras palavras), com o objeto de aclarar, esclarecer, dirimir dúvidas; • marcas de comparação (assim, igualmente, contrariamente, como, ao contrário de, da mesma maneira que, etc.), com o objetivo de esclarecer conceitos por meio do confronto de informações, de analogias; • emprego de exemplificações (por exemplo, como é o caso de, etc.); • emprego de definições, ressaltando o significado de palavras ou expressões; 58 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos • emprego de organizadores textuais (em resumo, até aqui, como já foi falado, etc.) e ordenadores da informação (em primeiro lugar, em segundo lugar, por um lado, por outro, etc.). São exemplos de gêneros em que predomina a sequência explicativa ou expositiva: textos de divulgação científica, de manuais, de revistas especializadas, de cadernos de jornais, de livros didáticos, de verbetes de dicionários e enciclopédias, etc. f) Sequência Injuntiva ou Instrucional A marca fundamental é o verbo no imperativo (injuntivo é sinônimo de obrigatório, imperativo); predomina a função conativa da linguagem. Gramaticalmente, algumas marcas dos textos injuntivos são: • verbos no imperativo; • formas verbais que indicam ordem, orientação, pedido, como dever + infinitivo, ter que/de + infinitivo, gerúndio, infinitivo, etc; • advérbios de modo; • advérbios de negação; • explicitação do interlocutor por meio do vocativo; • emprego das expressões (é proibido, não é permitido, (é) obrigatório, etc.) São exemplos de gêneros em que predomina a sequência injuntiva ou instrucional: propaganda, receita culinária (modo de fazer), manual de instruções de um aparelho, horóscopo, livros de auto-ajuda, etc. Observe as marcas que apontam o texto abaixo como injutivo. 59 FUESPI/NEAD Letras Português Fonte: http://www.ritchie.com.br SEQUÊNCIA EXPLICATIVA SEQUÊNCIA ARGUMENTATIVA SEQUÊNCIA INJUNTIVA Apresenta-se a construção de novos conceitos a partir do próprio desenvolvimento discursivo. O falante se manifesta e confronta a sua opinião com a dos outros Introduzem-se diferentes vozes de diferentes maneiras Propõe-se persuadir o interlocutor, conseguir adesão A organização da mensagem volta-se para o encadeamento lógico dos argumentos, a coerência textual Apresenta-se uma ordem, uma imposição, uma orientação O falante se apresenta como a voz da autoridade ou como mediador dela ******* Propõe-se a influir na conduta do interlocutor A mensagem centra-se no interlocutor É apresentado um saber já construído e legitimado socialmente ou um saber teórico Evitam-se as marcas de 1ª pessoa, em função da objetividade As citações são explicitas e demarcadas Propõe-se informar e esclarecer Centra-se na divulgação do conhecimento, portanto, a mensagem volta-se para o referente. 60 Iniciação à leitura e produção de textos acadêmicos É importante considerar que, com a tipologia apresentada, não queremos dizer que um texto seja totalmente argumentativo, descritivo ou narrativo. Na realidade, o que devemos ter em mente é que os textos apresentam sequências predominantes e essa configuração pode ser observada em gêneros e não apenas em sequências isoladas. 2.2.2 Gêneros do discurso A referência a gêneros do discurso remete diretamente a textos
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