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DO PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DA DECISÃO JUDICIAL. Rafael Evandro Mesquita O princípio da motivação é uma garantia prevista na Constituição Federal e institui o dever ao Estado, mediante seus representantes que possuem poder decisório, de expor os motivos que fundamentaram a decisão. Quando se trata deste princípio, de imediato cabe exaltar o disposto no art. 1º da Constituição Federal, o qual dispõe que a República Federativa do Brasil constitui-se em um Estado Democrático de direitos, sendo que desta forma atribui a administração pública o dever de ser democrática, prestando esclarecimento a respeito de suas decisões, isto tanto no âmbito do processo penal, civil ou administrativo. Todas as decisões devem ser motivadas, esta é a previsão que o art. 93, inciso IX, da Constituição federal determina, descrevendo que todos os julgamentos dos órgãos do poder judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade. No âmbito do processo penal se faz de grande valia a aplicação deste princípio, isto se justifica pela importância dos direitos envolvidos, uma vez que há a participação incisiva do Estado nos casos de ações penais públicas, possuindo a pretensão punitiva, buscando apurar a autoria e materialidade dos fatos criminosos. Quanto a utilidade deste princípio, cabe ressaltar na doutrina: “Nesse contexto, a motivação serve para o controle da racionalidade da decisão judicial. Não se trata de gastar folhas e folhas para demonstrar erudição jurídica (e jurisprudencial) ou discutir obviedade. O mais importante é explicar o porquê da decisão, o que o levou a tal conclusão sobre a autoria e materialidade. A motivação sobre a matéria fática demonstra o saber que legitima o poder, pois a pena somente pode ser imposta a quem – racionalmente – pode ser considerado autor do fato criminoso imputado.” 1 1. Jr, Aury Lopes. Direito Processual Penal. s.l. : Saraiva, 2016. 2. Alencar, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. s.l. : Juspodivm, 2015. Destaca-se a exuberância quanto ao entendimento do autor, uma vez que não seria justo e democrático legitimar um poder decisório sem oportunizar as partes de tomar conhecimentos sobre os motivos e os fatos que levou à aquela decisão. Neste sentido, relacionam-se os demais princípios constitucionais, pois mitigada a motivação das decisões, mitiga-se o princípio do contraditório e ampla defesa, o cerceamento da defesa, ao direito de recurso que as partes possuem, pois independentemente de concordar ou não com o que fora decidido, não saberá os motivos que levaram a decidir de tal maneira. No entanto, o STF adotou o entendimento que a decisão que recebe a denúncia oferecida pelo Ministério público não se equipara com o que se refere no art. 93, inciso IX da CF, e desta forma adotou o posicionamento que é desnecessária a fundamentação nestes casos. Vejamos o disposto: EMENTA: HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. PROCESSUAL PENAL. ALEGAÇÃO DE NULIDADE DECORRENTE DA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA DECISÃO DE RECEBIMENTO DA DENÚNCIA: IMPROCEDÊNCIA. PRECEDENTES. ORDEM DENEGADA. 1. É firme a jurisprudência deste Supremo Tribunal no sentido de que o ato judicial que formaliza o recebimento da denúncia oferecida pelo Ministério Público não se qualifica nem se equipara, para os fins a que se refere o art. 93, inciso IX, da Constituição, a ato de caráter decisório. O juízo positivo de admissibilidade da acusação penal, ainda que desejável e conveniente a sua motivação, não reclama, contudo, fundamentação. Precedentes. 2. Ordem denegada. (HC 101971/SP, rel. Min. Cármen Lúcia, 1ª Turma, DJ de 5/9/2011) Atualmente, mantém-se o posicionamento : EMENTA Recurso ordinário em habeas corpus. Processual Penal. Crime de responsabilidade praticado por prefeito municipal. Artigo 1º, inciso XIII, do Decreto-Lei nº 201/67. Condenação. Perda da prerrogativa de foro por exercício de função. Declínio da competência pelo Tribunal de Justiça local antes da apreciação da denúncia e da defesa prévia. Ausência de nova abertura de prazo para manifestação prévia da defesa antes do recebimento da exordial pelo juízo de primeiro grau. Cerceamento de defesa. Violação do princípio da paridade de armas. Não ocorrência. [..] Ausência de motivação do recebimento da denúncia. Afronta ao dever constitucional de motivação das decisões judiciais (CF, art. 93, inciso IX). Não ocorrência. Fase processual de mero juízo de delibação, e não de cognição exauriente. Precedentes. Impossibilidade de invalidação do recebimento da denúncia por ausência de fundamentação quando já há sentença penal condenatória confirmada em grau recursal. Precedentes. [..] 6. Embora sucinta, o que não se confunde com ausência de motivação, a decisão que recebeu a denúncia reportou preenchidos os requisitos do art. 41 do Código de Processo Penal e que haveria justa causa para a deflagração da ação penal em relação à conduta do recorrente, tipificada no inciso XIII do art. 1º do DL nº 201/67. 7. A fase processual do recebimento da denúncia não é de cognição exauriente, mas de mero juízo de delibação e, como salientado pelo saudoso Ministro Teori Zavascki, “não se pode (...) confundir os requisitos para o recebimento da denúncia, delineados no art. 41 do Código de Processo Penal, com o juízo de procedência da imputação criminal” (Inq nº 4.022/AP, Segunda Turma, DJe de 22/9/15). 8. Descabe cogitar da invalidação do recebimento da denúncia por ausência de fundamentação quando já há sentença penal condenatória confirmada em grau recursal, pois, como já sinalizou a Corte, seria logicamente incompatível com o princípio da instrumentalidade. Precedente. [...] 12. Recurso ordinário ao qual se nega provimento.(RHC 138752, Relator(a): Min. DIAS TOFFOLI, Segunda Turma, julgado em 04/04/2017, PROCESSO ELETRÔNICO DJe-087 DIVULG 26-04-2017 PUBLIC 27-04-2017) Desta forma, temos que se aplica o princípio da motivação das decisões no âmbito do processo penal, nos casos em que se trata de sentenças, acórdãos, decisões monocráticas e as decisões interlocutórias que não sejam de mero juízo de deliberação, sendo que nos demais casos, por não se tratar de cognição exauriente não há a necessidade da motivação nos termos do art. 93 da Constituição federal. Quanto a formação da convicção do magistrado, sabiamente, a doutrina explana: “Existe direta relação entre a obrigatoriedade de motivação das decisões e o sistema do livre convencimento do juiz, adotado pelo art. 155, caput, do CPP. Deste modo, a fundamentação, no processo penal, deve se apoiar nos elementos produzidos perante o contraditório judicial, ressalvando-se desta exigência tão somente as provas cautelares, realizadas antecipadamente e não sujeitas à repetição.” 2 Na prática processual, existem situações em que o poder judiciário apresenta uma decisão per relationem, esta que se caracteriza como uma referência de uma peça processual existente nos autos, produzida por uma das partes. Porém, só é admissível nas situações em que se acrescenta fundamentação da autoria do 2 . Alencar, Nestor Távora e Rosmar Rodrigues. Curso de Direito Processual Penal. s.l. : Juspodivm, 2015. magistrado, sendo vedada apenas a indicação da peça processual a qual fez referência. Quanto a fundamentação,esta não pode ser genérica, sob pena de nulidade. É necessário que se demonstre cada elemento que deu causa para o convencimento, sendo que abrange todas as etapas, inclusive o cálculo da pena. Desta forma, deve ser obedecido os critérios dispostos no art. 59 do Código Penal, este que trata da fixação da pena, de forma justa e fundamentada. Seguindo a análise de todos os conteúdos apresentados até o presente momento, destaca-se a jurisprudências dos tribunais: PRONÚNCIA. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. CRIMES DE HOMICÍDIO QUALIFICADO, ABUSO DE AUTORIDADE, OCULTAÇÃO DE CADÁVER E POSSE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO.IRRESIGNAÇÃO DEFENSIVA. PRELIMINAR DE NULIDADE DA SENTENÇA POR SUPOSTA AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO. NÃO ACOLHIMENTO.PRESENÇA DE MOTIVAÇÃO ADEQUADA, CALCADA EM ELEMENTOS CONCRETOS. MÉRITO. PLEITO DE DESPRONÚNCIA POR AUSÊNCIA DE INDÍCIOS DE AUTORIA. REJEITADO. VASTA PROVA ORAL E PERICIAL APTA A APONTAR INDÍCIOS DA RESPONSABILIDADE PENAL DO ACUSADO. PEDIDO DE AFASTAMENTO DAS QUALIFICADORAS DO MOTIVO TORPE E DO EMPREGO DE RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA. ACOLHIMENTO.CRIMES CONEXOS QUE DEVEM SER SUBMETIDOS À ANÁLISE DO CONSELHO DE JURADOS. LIBERDADE PROVISÓRIA CONCEDIDA, MEDIANTE IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES SUBSTITUTIVAS DA PRISÃO.RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO, PARA AFASTAR AS QUALIFICADORAS IMPOSTAS DA PRONÚNCIA E CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA AO RÉU, COM IMPOSIÇÃO DE MEDIDAS CAUTELARES SUBSTITUTIVAS DA PRISÃO PREVENTIVA.(TJPR - 1ª C.Criminal - RSE - 1713680-8 - Região Metropolitana de Maringá - Foro Regional de Sarandi - Rel.: Miguel Kfouri Neto - Unânime - J. 05.10.2017) APELAÇÃO CRIMINAL. CRIMES DE LATROCÍNIO E ROUBOS MAJORADOS, PRATICADOS POR 4 (QUATRO) VEZES (ART. 157, §3º, PARTE FINAL, E ART. 157, §2º, I E II, AMBOS DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA CONDENATÓRIA.1. INADMISSIBILIDADE DA APELAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO FORMULADO PELO RÉU MATHEUS. POSSIBILIDADE DO MINISTÉRIO PÚBLICO RECORRER. VEDAÇÃO À PROTEÇÃO INSUFICIENTE. NÃO ACOLHIMENTO.2. PRELIMINARES AVENTADAS PELO RÉU HENRIQUE. 2.1.PRELIMINAR DE AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO DA SENTENÇA AFASTADA. MOSTRANDO-SE DEVIDAMENTE FUNDAMENTADA A SENTENÇA, NÃO TEM O JUDICIÁRIO O DEVER DE REBATER TODOS OS ARGUMENTOS DEFENSIVOS.INVIABILIDADE. PRECEDENTES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL E DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. 2.2.PRELIMINARES DE NULIDADE DO RECONHECIMENTO PESSOAL E DE VOZ REALIZADO NA DELEGACIA DE POLÍCIA.INEXISTÊNCIA DE NULIDADE NO RECONHECIMENTO. ART. 226, DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL, QUE ESTABELECE APENAS RECOMENDAÇÕES. EVENTUAIS INOBSERVÂNCIAS CONFIGURAM MERAS IRREGULARIDADES. PRECEDENTES. NÃO ACOLHIMENTO. 2.3 PRELIMINAR POR NÃO TER SIDO GARANTIDO AO RÉU O DIREITO AO SILÊNCIO.IMPOSSIBILIDADE. RÉUS DEVIDAMENTE INFORMADOS SOBRE O DIREITO AO SILÊNCIO.3. MÉRITO DO RECURSO DO RÉU HENRIQUE. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO. CONDENAÇÃO MANTIDA. AUTORIA E MATERIALIDADE COMPROVADAS. CONJUNTO PROBATÓRIO FIRME E COESO. VÍTIMAS RECONHECERAM SEM SOMBRA DE Apelação Crime nº 1.647.271-2 da 3ª Câmara Criminal fls. 2/56DÚVIDAS O ACUSADO E O CORRÉU MATHEUS. PALAVRAS DAS VÍTIMAS QUE TÊM ESPECIAL RELEVÂNCIA. PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. ELEMENTOS AMEALHADOS PELA DEFESA NÃO DESCONSTITUEM O CONJUNTO PROBATÓRIO APRESENTADO PELA ACUSAÇÃO. NÃO ACOLHIMENTO. CONDENAÇÃO MANTIDA.4. MÉRITO DO RECURSO DO RÉU MATHEUS. 4.1 PLEITO ABSOLUTÓRIO. INVIABILIDADE. CONDENAÇÃO MANTIDA.AUTORIA E MATERIALIDADE SOBEJAMENTE COMPROVADAS.CONJUNTO PROBATÓRIO FIRME E COESO. VÍTIMAS RECONHECERAM SEM SOMBRA DE DÚVIDAS O ACUSADO.PALAVRAS DAS VÍTIMAS QUE TÊM ESPECIAL RELEVÂNCIA PROBATÓRIA. ELEMENTOS AMEALHADOS PELA DEFESA NÃO DESCONSTITUEM O CONJUNTO PROBATÓRIO APRESENTADO PELA ACUSAÇÃO. 4.2 PLEITO DE AFASTAMENTO DA CAUSA DE AUMENTO DO EMPREGO DE ARMA DE FOGO.IMPOSSIBILIDADE. PRESCINDIBILIDADE DE APREENSÃO E PERÍCIA NA ARMA. POSSIBILIDADE DE COMPROVAÇÃO DO EMPREGO DE ARMA POR OUTROS MEIOS. PRECEDENTES. 4.3.PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA ATENUANTE DA MENORIDADE RELATIVA. INVIABILIDADE. JUÍZO DE PRIMEIRO GRAU QUE RECONHECEU A ATENUANTE, INCLUSIVE DESTACANDO SER A MESMA PREPONDERANTE COM RELAÇÃO À REINCIDÊNCIA. CONDENAÇÃO MANTIDA.5. RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO. 5.1 OBJETIVO DE READEQUAÇÃO DA PENA. DOSIMETRIA DA PENA. INSURGÊNCIA QUANTO À PENA-BASE UTILIZADA, ESPECIFICAMENTE COM RELAÇÃO ÀS CONSEQUÊNCIAS DO CRIME, DIANTE DA NÃO REALIZAÇÃO DO AUMENTO DA SANÇÃO BASILAR.ACOLHIMENTO. 5.2 PLEITO DE RECONHECIMENTO DA CULPABILIDADE EXACERBADA DO RÉU HENRIQUE VISANDO O AUMENTO DA PENA-BASE. VIABILIDADE. VÍTIMAS FORAM FIRMES EM AFIRMAR QUE O RÉU INSTIGAVA O CORRÉU MATHEUS A ATIRAR NAS MESMAS. AUMENTO QUE SE JUSTIFICA. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. VÍTIMAS RELATARAM MINUCIOSAMENTE ABALOS PSICOLÓGICOS DECORRENTES DO CRIME. CAUSA QUE ENSEJA O RECRUDESCIMENTO DA PENA- BASE. PRECEDENTES. 5.3 PLEITO DE RECONHECIMENTO DOS MAUS ANTECEDENTES DO RÉU MATHEUS. ACOLHIMENTO. RÉU QUE POSSUI MAIS DE UMA CONDENAÇÃO. POSSIBILIDADE QUE UMA ENSEJE A EXASPERAÇÃO DA PENA BASILAR COMO MAU- ANTECEDENTE E OUTRA A TÍTULO DE REINCIDÊNCIA.PRECEDENTES. PENA READEQUADA. 5.4. PEDIDO DE Apelação Crime nº 1.647.271-2 da 3ª Câmara Criminal fls. 3/56AUMENTO DA PENA EM SUA TERCEIRA FASE NA FRAÇÃO DE 3/8 (TRÊS OITAVOS) DIANTE DA PARTICIPAÇÃO DE 4 (QUATRO) PESSOAS NOS DELITOS. POSSIBILIDADE. EXPRESSA PREVISÃO DO ART. 157, §2°, II, DO CÓDIGO PENAL. AUMENTO DA REPROVABILIDADE DA CONDUTA DO RÉUS. PENAS MAJORADAS.RECURSO DO MINISTÉRIO PÚBLICO CONHECIDO E PROVIDO.RECURSO DO RÉU HENRIQUE ARANHA NEVES CONHECIDO E DESPROVIDO.RECURSO DO RÉU MATHEUS AUGUSTO DE RESSURREIÇÃO CONHECIDO E DESPROVIDO.(TJPR - 3ª C.Criminal - AC - 1647271-2 - Região Metropolitana de Londrina - Foro Central de Londrina - Rel.: Paulo Roberto Vasconcelos - Unânime - J. 28.09.2017) O STJ já se manifestou: AGRAVO REGIMENTAL EM HABEAS CORPUS. ATO COATOR: DECISÃO SINGULAR DE DESEMBARGADOR DA INSTÂNCIA DE ORIGEM. AUSÊNCIA DE TERATOLOGIA OU ILEGALIDADE MANIFESTA QUE AUTORIZE A RELATIVIZAÇÃO DA DIRETRIZ DA SÚMULA 691 DO STF. SENTENÇA DE PRONÚNCIA. EXCESSO DE LINGUAGEM. QUALIFICADORAS. AUSÊNCIA DE MOTIVAÇÃO. SUPOSTAS NULIDADES NÃO DEMONSTRADAS DE PLANO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, na esteira da Súmula n. 691 do Supremo Tribunal Federal, aplicável por analogia, entende que não cabe habeas corpus contra decisão que indefere liminar na origem. 2. Em situações excepcionais, entretanto, como forma de garantir a efetividade da prestação jurisdicional nas situações de urgência, uma vez constatada a existência de flagrante ilegalidade, abuso de poder ou teratologia, é possível a superação do mencionado enunciado (HC 318.415/SP, Rel. Min. REYNALDO SOARES DA FONSECA, Quinta Turma, julgado em 4/8/15, DJe 12/8/15). 3. No caso destes autos, não há ilegalidade flagrante, abuso de poder ou teratologia a autorizar a concessão da ordem de ofício, pois que o indeferimento da liminar pela Corte a quo decorrera da ausência de demonstração, de plano, do fumus boni iuris, já que não constatado o alegado excesso de linguagem e nem ausência de fundamentação quanto à incidência das qualificadoras, bem como pela ausência do periculum in mora já que a higidez da sentença de pronúncia teria sido analisada quando do julgamento do recurso em sentido estrito, não tendo havido recurso sobre ele. De mais a mais, em análise à sentença de pronúncia, não restou comprovado, de plano, o alegado excesso de linguagem, já que o Magistrado limitara-se a afirmar que asprovas juntadas pela acusação indicavam haver indícios suficientes da autoria delitiva do paciente como mandante, assim como não restou caracterizada de forma evidente a ausência de fundamentação em relação à manutenção das qualificadoras quando da prolação da sentença de pronúncia, pois o Magistrado, após descrever a situação fática pela qual foi imputado o réu, ressaltou que sua incidência definitiva era competência do Tribunal popular. 4. Agravo regimental não provido. (AgRg no HC 417.895/TO, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 17/10/2017, DJe 23/10/2017) Desta forma, temos que o princípio da motivação da decisão, quando não respeitado é caso suficiente para a decretação da nulidade do ato processual. No entanto, para que esta nulidade seja apreciada é necessário que a parte que pugna por esta, fundamente de forma coesa e objetiva por quais razões e em que momento o princípio deixou de ser observado, pois caso contrário, esta manifestação não passará de um jus sperniandi. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. JR, AURY LOPES. Direito Processual Penal. S.l. : Saraiva, 2016. ALENCAR, NESTOR TÁVORA E ROSMAR RODRIGUES. Curso de Direito Processual Penal. S.l. : juspodivm, 2015. NORBERTO AVENA. Processo Penal. S.l. : Método, 2017. CÓDIGO DE PROCESSO PENAL. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/del3689.htm acessado em 06/11/2017.
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