Buscar

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO TEXTO JURÍDICO

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ELEMENTOS CONSTITUTIVOS DO TEXTO JURÍDICO 
1 – Situação de conflito ou antijurídica
A situação antijurídica ocorre quando a violação da regra do direito objetivo atinge, obviamente, o interesse por ela tutelado. Se o titular desta não se conforma com a lesão sofrida pode, através do direito de ação, exigir a restauração do direito violado – direito subjetivo –, dando origem, assim, à lide, cuja característica, como foi dito, é uma exigência insatisfeita, a qual resiste um dos sujeitos do interesse.
Entendemos como direito de ação, um direito público, subjetivo, que tem qualquer pessoa de pedir a prestação jurisdicional – Estado –, numa situação antijurídica. Esse direito é subjetivo porque se trata de um direito individual, assegurado pela Constituição Federal.
	Diante disso, podemos afirmar que a situação antijurídica se resume ao fato que, além de típico, deve também ser ilícito. Por fim, só haverá crime se o fato for antijurídico, contrário ao direito por não estar protegido por causa que exclua sua injuridicidade, ou seja, se existir uma causa que justifique o fato, embora típico, deixa ele de ser crime, por não ser ilícito ou antijurídico, como no caso de alguém praticar um fato típico em estado de necessidade ou em legítima defesa.
Exemplificando
	Dois náufragos procuram agarrar-se a uma tábua que, no entanto, apenas suporta o peso de um homem. Um deles, para salvar-se, empurra o outro, que se afoga.
	Percebemos que o fato existe, mas, por ter sido praticado em estado de necessidade, fica excluída a antijuridicidade, isto é, a ilicitude da conduta, nessas circunstâncias. Considera-se que ocorreu o delito, não sendo, entretanto, punível, porque praticado em circunstâncias excludentes de antijuridicidade.
 Em relação à situação antijurídica, o operador do direito deve relatar e descrever os fatos que geraram o conflito e, também, identificar acuradamente a relação de causalidade para determinar se, realmente, o acontecimento apresenta o fato típico – a descrição do fato ilegal feita pela lei, isto é, para haver fato típico é ainda necessário que exista relação de causalidade entre a conduta e o resultado.
	Na situação de conflito, o graduando deverá apresentar, portanto, os seguintes dados relevantes principais: sujeitos envolvidos (ativo/passivo), relação de causalidade (conduta e resultado/causa e efeito), onde (lugar), quando (data), momento, como (modo), meio, motivo.
Convém destacar que o sujeito ativo sempre deve vir como sujeito da primeira oração principal, pois ele é o foco central, logo deve iniciar e terminar a peça jurídica. Exemplificando
A obstetra Ana Cristina Forain, plantonista do Hospital Municipal Luiz Palmier, é acusada de crime de lesão corporal, por ter realizado uma cesariana aparentemente desnecessária, na paciente Viciralda Leocádio de Andrade, 18 anos, no município de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, em 08/6/2001.
Ou
A Casa de Saúde Santa Helena é acusada de provocar a morte do recém-nascido Alan Marques Amaral, devido à alta hospitalar prematura dada em 9/4/1996, no Rio de Janeiro.
Relação de causalidade
É o nexo causal entre a ação ou omissão do agente (sujeito ativo) e o dano verificado. Vem expressa no verbo “causar”, empregado no artigo 159 CC. Sem ela, não existe a obrigação de indenizar. Se houve o dano, mas sua causa não está relacionada ao comportamento do agente, inexiste a relação de causalidade e, também, a obrigação de indenizar, pois considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Basta que a ação tenha sido condição para o resultado, mesmo que tenham concorrido para o evento outros fatos, a ação é causa e o agente é o causador dele.
As excludentes da responsabilidade Civil, com a culpa da vítima e o caso fortuito e a força maior (CC, art.1058), rompem o nexo de causalidade, afastando a responsabilidade do agente.
Fortuito (ou força maior ) é aquilo que se mostra imprevisível, quando não inevitável, é o que chega sem ser esperado e por força estranha à vontade do homem que não o pode impedir, excluindo a culpabilidade. 
Exemplificando
	Se o motorista estiver dirigindo corretamente e a vítima, querendo suicidar-se, atirar-se sob as rodas do veículo, não se pode afirmar ter ele “causado” o acidente, pois na verdade foi mero instrumento da vontade da vítima, esta sim responsável exclusiva pelo evento.
	Na mesma situação estão os casos de força maior. Não há crime se o agente, por força física de coação irresistível, preme o gatilho de uma arma, causando a morte de alguém, ou, na omissão típica, quando sua inatividade decorre do fato de ter sido posto em situação de inconsciência, a sua revelia, por terceiro.
Para que se possa reconhecer se a condição é causa do resultado, utiliza-se o processo hipotético de eliminação, segundo o qual causa é todo antecedente que não pode ser suprimido em mente sem afetar o resultado. Assim, se a vítima se fere na fuga quando procura fugir à agressão, há relação de causalidade, pois se, hipoteticamente, se suprimisse a agressão, a vítima não fugiria e, portanto, não sofreria a lesão. (MIRABETE, 2001, p. 111) 
O Código Penal (art.13, segunda-parte, do CP) adotou, portanto, para reconhecimento da relação de causalidade a teoria da equivalência dos antecedentes causais, ou da conditio sine qua non (condição necessária), considerando como causa toda ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
	Assevera Nelson Hungria, “causa é toda condição do resultado (efeito) e todas as condições se eqüivalem”. Não há distinção entre causa e condição, entre causa e ocasião, entre causa e concausa; tudo quanto contribui para a produção do resultado é causa incindível dele (Comentários do Código Penal, v.I, t.II, p.46)
Exemplificando
Caio, ferido por Mário, vem a falecer no hospital, num incêndio ali ocorrido, ou por complicações da cirurgia.
	Na primeira hipótese (morte/incêndio), exclui-se a imputação a Mário, porque esse fator não está na linha natural de desdobramento físico do fato por ele praticado, ou seja, o incêndio não é decorrência natural do ferimento.
	Na segunda hipótese (complicações/cirurgia), a morte relaciona-se diretamente ao ferimento, em cujo tratamento ocorreu a complicação. Não se exclui, nesse caso, a imputação, por estar tudo na mesma linha de deslocamento físico da ação.
	Desse modo, o artigo 13 § 1º, do Código Penal, limita também a equivalência das condições, ao dispor que se exclui a imputação na superveniência de outra causa, relativamente independente, que por si só produziu o resultado.
	Há também nos termos da lei – (art.13, segunda-parte, do CP) – como já assinalamos, causalidade na omissão, isto é, “considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido”. Predomina, porém, na doutrina o entendimento de que, na verdade, não há nexo causal entre a omissão e o resultado, mas apenas uma avaliação normativa. O agente seria punido não por causar um resultado, mas por não ter procurado evitá-lo, pois a palavra ação, no Direito Penal, é empregada em sentido amplo, abrangendo tanto a ação propriamente dita como a omissão (JESUS,DAMÁSIO E. de.,2000 pp. 234-235).
 Erro sobre relação de causalidade ou nexo causal
	Um tipo especial de erro sobre o nexo causal é o chamado dolo geral. Age com dolo geral quem pratica duas ou mais ações pensando que o resultado visado já ocorreu em algum dos atos anteriores. Responderá, nesse caso, o agente por homicídio doloso consumado em decorrência do dolo geral, pois, tecnicamente, houve tentativa de homicídio seguida de homicídio culposo. 
Exemplificando
	Antônio feriu seu amigo Roberto a tiros e julgando-o morto, lança seu corpo no precipício, para ocultar o crime, ocorrendo, porém, a morte não pelos tiros, mas pela queda no precipício.
Não há exclusão do crime se o resultado desejado vier a ocorrer por uma outra causa, diretamente relacionada à ação desenvolvida pelo agente.Ou seja, o crime não é ilidido pelo erro sobre detalhes secundários do processo causal.
Vemos que o resultado ocorre por causa diversa imaginada, no exemplo dado, tendo, entretanto, relação com a conduta do agente.
Por fim, reiteramos que não se elimina a relação de causalidade pela existência de uma concausa (preexistente, concomitante ou superveniente). A concausa é outra causa, que, ligada à primeira, concorre para o resultado. Assim, a possibilidade da existência de causas concorrentes para o resultado, preexistentes ou concomitantes com a do agente, nunca exclui a imputação, já que não há o rompimento da cadeia causal entre a conduta dele e o resultado.
Exemplificando
A queda de uma viga do teto (por caso fortuito ou por ação independente de outrem) sobre a cabeça da vítima de envenenamento enquanto esteja ela em seu lugar por não ter sentido ainda os efeitos da substância ingerida. 
	Essa segunda causa, superveniente, sendo totalmente independente da primeira, impede o fluxo do nexo causal entre a conduta (envenenamento) e o resultado (morte por traumatismo encefálico). Diante do art. 13, caput, a conduta não sendo condição do resultado (que existiria ainda que não tivesse sido praticada a ação), implica a responsabilidade pelos fatos ocorridos até a causa superveniente. Na hipótese, o autor do envenenamento responderia pela tentativa de homicídio, pela inexistência de relação entre causas.
	Segundo a doutrina, resolvem-se as dúvidas quanto à responsabilidade do agente nas hipóteses previstas pelo parágrafo citado quando se examina a causa superveniente que mantém essa relação relativa com a causa anterior: se estiver ela fora do desdobramento físico necessário, normal, o agente não é punido pelo resultado; se estiver ela dentro desse desdobramento necessário, o agente é responsável pelo evento. 
Comissão de qualificação e apoio – pedagógico. 
Coordenação acadêmica de português jurídico: profª: Néli Luiza Cavalieri Fetzner

Outros materiais