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Silvana Winckler Reginaldo Pereira Arlene Renk (Orgs.) Reflexões sobre Cidadania e Direitos Humanos na Nova Ordem Mundial São Leopoldo 2016 © Editora Karywa – 2016 São Leopoldo – RS editorakarywa@gmail.com http://editorakarywa.wordpress.com Conselho Editorial: Dra. Adriana Schmidt Dias (UFRGS – Brasil) Dra. Cândida Graciela Chamorro (UFGD – Brasil) Dra. Claudete Beise Ulrich (Faculdade Unida – Espírito Santo) Dr. Cristóbal Gnecco (Universidad del Cauca – Colômbia) Dr. Eduardo Santos Neumann (UFRGS – Brasil) Dr. Ezequiel de Souza (IFAM – Brasil) Dr. Raúl Fornet-Betancourt (Aachen – Alemanha) Dra. Tanya Angulo Alemán (Universidad de Valencia – Espanha) Dra. Yisel Rivero Báxter (Universidad de la Habana – Cuba) Comissão científica: Profª Drª Arlene Renk Prof. Dr. Ernani de Paula Contipelli Prof. Dr. Frederico Eduardo Zenedin Glitz Prof. Dr. Giovanni Olsson Prof. Dr. Marcelo Markus Teixeira Prof. Dr. Marcelino da Silva Meleu Profª Drª Odete Maria de Oliveira Prof. Dr. Paulo Potiara de Alcântara Veloso Prof. Dr. Reginaldo Pereira Profª Drª Silvana Winckler Apoio: Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina – FAPESC. * Os textos são de responsabilidade de seus autores. Diagramação e arte-finalização: Rogério Sávio Link R332 Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial. [e-book] / Orgs. Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk. São Leopoldo: Karywa, 2016. 223p. ISBN: 978-85-68730-15-7 1. Cidadania; 2. Direitos humanos; 3. Direito das mulheres; 4. Constitucionalismo; 5. Política; I. Silvana Winckler; II. Reginaldo Pereira; III. Arlene Renk. CDD 340 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO ................................................................................................. 4 LOS DERECHOS DE CIUDADANÍA EN EL NUEVO ORDEN MUNDIAL .......................................................................................................... 8 José Luis García Guerrero DIGNIDADE HUMANA, ESTADO CONSTITUCIONAL COOPERATIVO E NOVA ORDEM MUNDIAL ........................................................ 69 Ernani Contipelli ESTADO DE DIREITO E CULTURA PATRIMONIALISTA: O DESAFIO DA AFIRMAÇÃO DA DIMENSÃO REPUBLICANA DO ESTADO NA AMÉRICA LATINA .......................................................................... 88 Gilmar Antonio Bedin REINVENÇÃO DEMOCRÁTICA E AFIRMAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS ..................................................................................................... 100 Reginaldo Pereira DIREITOS HUMANOS, DESENVOLVIMENTO SOCIOECONÔMICO E GLOBALIZAÇÃO ............................................................... 115 Daniel Francisco Nagao Menezes DERECHOS Y GARANTÍAS DE LAS MINORÍAS NACIONALES EN EUROPA ......................................................................................................... 127 María Luz Martínez Alarcón RELAÇÕES INTERNACIONAIS E A EXCLUSÃO DE GÊNERO OS DIREITOS HUMANOS DAS MULHERES EM QUESTÃO ......................................... 167 Odete Maria de Oliveira MINORIAS ÉTNICAS TRABALHADORAS EM AGROINDÚSTRIAS NO OESTE CATARINENSE................................................................................. 193 Arlene Renk DIREITO AO PATRIMÔNIO GENÉTICO E AOS SABERES TRADICIONAIS A ELE ASSOCIADOS: AVANÇOS LEGISLATIVOS NO BRASIL ..................................................................................................... 205 Silvana Winckler APRESENTAÇÃO Esta obra materializa os primeiros resultados de um convênio de colaboração científica mantido, desde o ano de 2014, entre o Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Direito da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – PPGD/Unochapecó e o Departamento de Direito Constitucional da Facultad de Derecho de la Universidad Castilha La Mancha/UCLM, da Espanha. O livro registra um momento importante do processo de internacionalização do PPGD/Unochapecó, quando docentes deste Programa e do Departamento de Direito Constitucional da Faculdade de Direito da UCLM tiveram oportunidade de expor e debater suas pesquisas. O seminário realizou-se no mês de maio de 2015 no campus sede da Unochapecó e contou com a participação de pesquisadores de outras prestigiadas Universidades brasileiras. Todavia, a relevância do livro ora apresentado vai além da substancialização deste processo de colaboração científica: reside na temática que serve de fio condutor aos capítulos que o compõem. Em uma nova ordem mundial construída sobre as bases da modernidade tardia, caracterizada, entre outros elementos, pela perda de centralidade do Estado e pela emergência de novos atores sociais, a cidadania e os direitos humanos demandam atualizações nos campos teórico e empírico. Vivem-se tempos de crises, algumas herdadas das sociedades industriais, produtoras de profundas desigualdades sociais; outras, que pareciam jazer juntamente com as vítimas dos diversos holocaustos produzidos no século XX, e agora são reavivadas como novas catástrofes humanitárias; e aquelas que, apesar de recentes, instalaram-se para ficar, ameaçando a vida no planeta, a menos que a humanidade consiga livrar-se dos efeitos nefastos de três séculos de contínuas reificações da natureza. Direitos humanos e cidadania são conceitos em constante construção, permitindo reinvenções recorrentes, que vêm sendo gestados desde o início do século XVII e encontram amparo no Estado-nação. No entanto, na configuração da nova ordem mundial, novos desafios são apresentados. Estes constituem temas sobre os quais se debruçaram os autores da coletânea. Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 5 Cabe ressaltar que a realização de um evento e a organização de uma coletânea são oportunidades para consolidar vínculos e formalizar redes de colaboração entre grupos de pesquisadores de diferentes universidades. Neste caso, houve a tessitura de vínculos com Universidades da Espanha (UCLM de Albacete, Toledo e Madri), Rio Grande do Sul (Unijuí e Unisinos) e São Paulo (Mackenzie). As parcerias, num contexto de mundialização e de encolhimento do mundo, proporcionam a intensificação do diálogo, o aprofundamento das pesquisas e a divulgação dos resultados, contemplando a comunidade acadêmica com a exposição de debates que nos levam a refletir e a redirecionar temáticas de estudos. A coletânea conta com nove capítulos que tratam das temáticas apresentadas pelos pesquisadores no seminário. No texto Los derechos de ciudadanía en el nuevo ordem mundial, Jose Luiz García Guerrero aponta a insuficiência dos parâmetros clássicos constitucionais e aborda a relação existente entre dignidade e Estado Constitucional Cooperativo. A solidariedade e a interdependência entre os Estados configuram-se como condições para assegurar a dignidade humana, com vistas à proposta de “bem comum mundial”. Na mesma linha do trabalho anterior, Ernani Contipelli, em Dignidade humana, Estado Constitucional Cooperativo e nova ordem mundial, discute a relação entre dignidade humana e Estado Constitucional Cooperativo, partindo de uma compreensão axiológica da pessoa humana como fonte de todos os valores, para, posteriormente, situá-la dentro da nova ordem mundial. Gilmar Antonio Bedin, no capítulo Estado de Direito e cultura patrimonialista: o desafio da afirmação da dimensão republicana na América Latina, analisa os desafios apresentados pelas estruturas jurídico- institucionais na América Latina, constatando a permanência da cultura patrimonialista que resulta no déficitde República. Reginaldo Pereira, no capítulo Reinvenção democrática e afirmação dos direitos humanos, parte da ideia lefortiana de atrelar a política dos direitos à reinvenção da democracia para trabalhar a democracia moderna – uma constante reinvenção do social – numa perspectiva que privilegia suas ligações com a efetivação dos direitos humanos em regimes democráticos, não apenas a partir de um recorte jurídico, mas também 6 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial político, já que, sob o olhar de Claude Lefort, os conceitos de democracia e retrocesso em matéria de direitos humanos são incongruentes entre si. Daniel Francisco Nagao Menezes, no texto Direitos humanos, desenvolvimento socioeconômico e globalização, recorre aos pais- fundadores da Cepal, aos conceitos de centro e periferia, debruçando-se de forma mais amiúde nos escritos de Hélio Jaguaribe, como o da dialética da dependência. Para esse pensador são duas as saídas apontadas, a estabilização da dependência ou a revolução. No entanto, os estudos mostram que a América Latina perdeu o momento histórico de sua revolução. Caberia buscar alternativa até que a “janela” de possibilidades se descortine. Derechos y garantias de las minorias nacionales en Europa, capítulo subscrito por María Luz Martínez Alarcón, é dedicado ao estudo do reconhecimento dos direitos das minorias e à história e sua proteção velho continente, abordando aspectos conceituais, históricos e situacionais. No texto Minorias étnicas trabalhadoras em agroindústrias no oeste catarinense, Arlene Renk analisa aspectos da presença de trabalhadores indígenas e de imigrantes haitianos no complexo agroindustrial do setor de carnes e derivados. As dificuldades vivenciadas remetem à ideia de inserção diferenciada (subalternizada) no mundo do trabalho, mobilizando ações em defesa dos direitos dessas minorias. Odete Maria de Oliveira integra o livro com o capítulo intitulado Relações internacionais e a exclusão de gênero – os direitos humanos das mulheres em questão. A autora apresenta elementos indicadores da marginalização das mulheres na área das Relações Internacionais, enquanto disciplina. O capítulo aborda o trabalho incessante para o reconhecimento dos direitos humanos dessa minoria e como este rebate no interior da disciplina. Finalmente, Silvana Winckler, no capítulo intitulado Direito ao patrimônio genético e aos saberes tradicionais a ele associados: avanços legislativos no Brasil, analisa os passos dados pelo Brasil na direção da proteção legal ao patrimônio genético e aos saberes tradicionais a ele associados, que deverá ser assegurado a povos indígenas e comunidades tradicionais, conforme parâmetros fixados na Convenção da Diversidade Biológica (ONU, 1992) e ratificados no Protocolo de Nagoia (ONU, 2010). Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 7 Nosso reconhecimento à FAPESC, parceira em sucessivas iniciativas do Programa de Pós-Graduação em Direito da Unochapecó. Os Organizadores. Arlene Renk * Reginaldo Pereira ** Silvana Winckler *** * Doutora em Antropologia Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora dos Programas de Pós-Graduação em Direito e Ciências Ambientais da Unochapecó. ** Doutor em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professor do Programa de Pós- Graduação em Direito da Unochapecó. *** Doutora em Direito pela Universidade de Barcelona. Professora dos Programas de Pós- Graduação em Direito e Ciências Ambientais da Unochapecó. LOS DERECHOS DE CIUDADANÍA EN EL NUEVO ORDEN MUNDIAL José Luis García Guerrero* Una breve acotación del objeto de estudio El término “derechos de ciudadanía” tiene una gran amplitud. Engloba principalmente a los derechos fundamentales, tanto a los de libertad y participación como al derecho de prestación a la enseñanza obligatoria; a los derechos constitucionales, entre otros, el de contraer matrimonio, la propiedad privada, la libertad de empresa y un amplio abanico de derechos sociales como la salud, la educación, las pensiones o las prestaciones en situaciones de dependencia; finalmente, también podría incluir, quizá, entre otros muchos ámbitos, los mandatos a los poderes públicos, tanto los de carácter general, como el de acceso a la vivienda y la protección del medio ambiente, como los de carácter específico, como la protección de los discapacitados, a la juventud, a la tercera edad. No es aquí el lugar, por espacio y tiempo, de ocuparse de este amplio objeto, razón por la que el estudio se va limitar dentro de los derechos de ciudadanía al derecho a participar en los asuntos públicos en cuanto derecho fundamental. No acaba aquí la acotación de la materia sino que ya se advierte que se va a adoptar una concepción restrictiva de los derechos fundamentales y que en el ámbito del estudio no se incluye la participación en la Administración de justicia (jurado), ni en la elaboración de disposiciones administrativas o en actos que afecten a los interesados; tampoco se va a contemplar la participación en asuntos sociales, * Es Profesor Titular de Derecho Constitucional en la Facultad de Derecho de Albacete, de la Universidad de Castilla-La Mancha (Id: orcid.org/0000-0003-2801-5741). Esta ponencia es resultado del proyecto de investigación: Constitución y mercado en la crisis de la integración europea, DER2013-48327-C3-1-R (MINECO 2014-2016). Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 9 económicos, culturales o profesionales; excluyéndose, en consecuencia, también la representación corporativa y la profesional1. Tras esta nueva reducción del objeto, el ámbito del trabajo viene determinado por un elemento personal, los ciudadanos y por un elemento finalista, la participación política 2 , que, como es pacífico doctrinalmente, puede ser directa o indirecta, esto es, a través de representantes. Ahora bien, cabe plantearse si el derecho fundamental a la participación política es sinónimo del derecho al sufragio activo y pasivo. Se estima que la mayor parte de la doctrina respondería afirmativamente a esta cuestión. El derecho al sufragio comprende la participación política directa (fundamentalmente, el referéndum y en algunos ordenamientos constitucionales la revocatoria) y la indirecta, que consiste en la elección de los representantes políticos y es que este último derecho fundamental requiere para su ejercicio de los demás derechos fundamentales y, muy especialmente, de la libertad ideológica, de la libertad de comunicación y de los derechos de reunión y asociación. Realmente, el derecho al sufragio parece corresponderse con el derecho de participación política, salvo en aquellos ordenamientos que contemplan la iniciativa legislativa popular. No obstante y aunque esta tesis requeriría de una reflexión más profunda, se va a estimar que ambos términos no son sinónimos. Se considera que el derecho fundamental a la participación política es más amplio que el derecho al sufragio y que, incluso, incluye a éste3. En primer lugar, porque esta concepción facilita las conexiones constitucionales de la 1 Se coincide con la interpretación restrictiva que viene realizando el Tribunal Constitucional español del artículo 23.1 de la Constitución (“Los ciudadanos tienen el derecho a participar en los asuntos públicos…”). El Alto Tribunal limita el objeto a la participación política en los ámbitos estatal, autonómico y local, descartando las demás formas de participación (en la justicia, en la administración, etc.) que cobrarían virtualidad porlos preceptos constitucionales que las reconocen. En este sentido las SSTC 51/1984, 189/1993, 121/1993 y 119/1995, entre otras. 2 La STC 212/1993, FJ 4, limita el ámbito de este derecho fundamental por dos elementos: los titulares del derecho, ciudadanos, y por el contenido de la situación jurídica subjetiva reconocida, derecho a participar por medio de representantes. 3 La STC 225/1998, FJ 4, señala que “La participación política de los ciudadanos en asuntos públicos `por medio de representantes` está unida en el artículo 23.1 a la existencia de elecciones libres, periódicas y por sufragio universal. Sistema electoral y participación política son así el marco de los derechos de sufragio como derechos fundamentales…”. 10 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial participación política con los demás derechos fundamentales4, incluye a la iniciativa legislativa popular y permite utilizar al partido político como instrumento para que los ciudadanos puedan incrementar su participación política 5 . En segundo lugar, porque la conceptuación del sufragio como derecho (fundamental) implica renunciar a la concepción del primero como deber o función estatal o, cuando menos, disminuirla sustancialmente. Esta afirmación requiere una breve aclaración. En los inicios del liberalismo y durante la revolución francesa pugnaban dos tesis a propósito del sufragio. Una primera vinculada a la democracia radical rousseauniana que lo concebía como derecho. Una segunda que, en un principio, vinculaba el sufragio a la soberanía nacional y lógicamente lo contemplaba como deber o función 6 . El paso de la soberanía popular a la nacional en la asamblea constituyente francesa era una forma de disminuir la democracia 7 hasta el punto que haber quien, exageradamente, niega a estos sistemas su carácter democrático 8 . Posteriormente, esta segunda tesis fue acogida por la escuela clásica de derecho público alemana y por tratadistas franceses e italianos, donde es discernible una mayor o menor preocupación con el principio democrático9. En consecuencia, aquellos sistemas constitucionales, como el español, que consagran como derecho fundamental a la participación política, lo que implica incluir en su ámbito el sufragio, apuestan, sin duda, por la tesis del sufragio como derecho y disminuyen la importancia, cuando no la eliminan, de éste como función o deber10; en lo que constituye una auténtica apuesta por el principio democrático. 4 Sobre la importancia de estas conexiones valga, a modo de ejemplo, recordar cómo cuando la libertad de comunicación tiene por objeto la participación política se refuerza exorbitantemente, admitiendo escasas restricciones en su ejercicio. Véase al respecto José Luis García Guerrero (2013, p. 157s, 191ss). 5 Véase José Luis García Guerrero (2007, p. 41-45). 6 Una primera aproximación a esta diferente conceptuación en Enrique Álvarez Conde (1996, p. 397). 7 Véase José Luis García Guerrero (2000, p. 574s). 8 Francisco Bastida Freijedo (2005, p. 30s) considera que las constituciones democráticas son una evolución histórica de las liberales. 9 Véase Enrique Álvarez Conde (1996, p. 397s). 10 El Tribunal Supremo español se ha ocupado de la vertiente del sufragio como deber o función pública, de forma contradictoria, véase una síntesis al respecto en Enrique Álvarez Conde (1996, p. 401s). Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 11 Una tesis restrictiva de la categoría de los derechos fundamentales La conceptuación del derecho de participación política como derecho fundamental obliga a explicitar la concepción restrictiva que se tiene sobre esta categoría jurídica; con este objeto se va a utilizar como referencia la Constitución española de 1978. De los valores constitucionales a los derechos fundamentales 1) Los valores constitucionales, los derechos constitucionales y las garantías no son derechos fundamentales Se parte de la idea de que las modernas Normas fundamentales han juridificado, mediante su constitucionalización, una serie de valores morales, de extracción iusnaturalista, cristiana o filosófica, por ser compartidos por la mayor parte de la sociedad. Los derechos fundamentales serían concreción de cada uno de estos valores, en mayor o menor medida11. Hay cierta polémica doctrinal al respecto, pero asumo aquí que las reglas jurídicas se diferencian claramente de los valores y principios. Las primeras contienen un presupuesto de hecho al que se anuda una consecuencia jurídica, y su eficacia es inmediata. No sucede lo mismo con los valores y principios, que, siendo sin duda normas jurídicas, tienen sólo eficacia interpretativa12. Más difícil y polémico resulta diferenciar los valores de los principios13. La eficacia de ambos es, como se ha dicho, hermenéutica, pero en mi opinión los primeros tienen menor densidad que los segundos; son, por decirlo de alguna forma, más vaporosos14. Por esta 11 Pedro Cruz Villalón (Sin data, p. 43ss) destaca la labor del constitucionalismo iusnaturalista en dos fases, la primera desarrollando las múltiples caras del valor libertad en otros tantos derechos, lo que se plasma en las Declaraciones de Derechos; la segunda, procediendo a su constitucionalización. El resultado es que los derechos se juridifican, se convierten en derecho supralegal con las garantías de rigidez y control que ello implica. También reconoce que la juridificación transforma toda una serie de valores filosóficos y morales en jurídicos sin que por ello pierdan su condición primigenia. 12 Véase Manuel Aragón Reyes (1989, p. 84). 13 Javier Jiménez Campo (2008, p. 179) no distingue en este trabajo entre valores y principios, más bien señala que los primeros sólo tienen eficacia política. 14 Véase Francisco Javier Díaz Revorio (1997) donde defiende la abstracción, generalidad o ambigüedad que caracteriza a los valores constitucionales. Javier Jiménez Campo (2008, p. 178) habla de vaguedad extrema en referencia al artículo 10.1 y a las cláusulas constitucionales. 12 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial razón sólo el Parlamento, depositario directo de la soberanía popular, puede extraer una regla jurídica tanto de un valor como de un principio. Un juez no puede construir una regla a partir de un valor, pues su escasa densidad o concreción impide salvaguardar adecuadamente el principio democrático; o dicho de otro modo, el juez no tiene suficiente legitimidad democrática para llevar a cabo tal salto normativo, por no hablar de la inseguridad jurídica que ello generaría. Sí resulta admisible en cambio que el juez, sólo en caso de laguna legal, pueda extraer una regla jurídica a partir de un principio 15 ; su mayor densidad o concreción disminuye la lesión al principio democrático y al de seguridad jurídica, y además no cabe sino este menoscabo a ambos principios si se quiere evitar un mal mayor: que el juez no resuelva sobre el fondo de lo pedido ante una pretensión o interés jurídico legítimo. Para que se pueda comprender mejor se podría representar el valor mediante un círculo que a su vez contiene otros círculos en su interior, que se corresponden con los principios. El diámetro del círculo del valor es mucho más amplio que el del principio. El diámetro representa la mayor o menor densidad del valor y del principio respectivamente, el mayor o menor margen de discrecionalidad16 que tiene el juez para extraer una regla. Una vez determinado que los derechos fundamentales son concreción de los valores constitucionales se va a utilizar la Constitución española de 1978para continuar profundizando. El valor jurídico de la vida17, que es el dominante en cuanto presupuesto de todos los demás, no 15 Sobre la distinción entre valores y principios, en línea coincidente con lo expresado en el texto, véase Manuel Aragón Reyes (1989, p. 84-97). En la misma línea Luis Prieto Sanchís (1984); también, Antonio Enrique Pérez Luño (1984, p. 291s) que referencia los valores y principios, además, respecto a las normas o reglas. Finalmente, hay que referirse a los trabajos de Ronald Dworkin (1978); y en España a Francisco Javier Díaz Revorio (1997). 16 Se entiende por discrecionalidad la mayor o menor libertad que tiene un jurista a la hora de tomar una decisión dentro de unos márgenes acotados. La ausencia de márgenes nos sitúa en la arbitrariedad proscrita constitucionalmente por el artículo 9.3. 17 La STC 53/1985, FJ 5, incluye a la vida como valor superior del ordenamiento jurídico constitucional. El voto particular de Tomás y Valiente no encuentra fundamentación jurídico constitucional para esta afirmación. No obstante, su afirmación debe contextualizarse. La sentencia no se limita a extraer un valor implícito del texto constitucional sino que lo dota de proyección normativa para oponerlo al legislador, tesis, que como ha quedado aclarado en el texto no se comparte. Se está en consecuencia con los tres votos particulares, el referido por Tomás y Valiente, y los de Díez Picazo y Rubio Llorente; y es como este último magistrado afirma: “Esto no es ni siquiera hacer jurisprudencia de valores sino lisa y llanamente suplantar al legislador o, quizá más aún, al propio poder constituyente”. Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 13 ha merecido una constitucionalización expresa, pero la misma se deduce de los otros cinco valores constitucionalizados explícitamente18. Concretamente, de la libertad, igualdad, justicia y pluralismo político, proclamados correctamente por el artículo 1.1 como valores superiores del ordenamiento jurídico 19 ; así como la dignidad humana y el libre desarrollo de la personalidad 20 reconocido en el artículo 10.1 21 . Aunque en este último domina más su carácter de fin constitucional que de valor con un contenido material (lo que es propio de los valores filosóficos o morales juridificados); y es que como señala el profesor Aragón, todo valor tiene algo de fin constitucional 22 . Frente a la insistencia por parte del Tribunal Constitucional español y a lo sostenido en anteriores escritos, siguiendo su estela, se tienen más 18 Manuel Aragón Reyes (1989, p. 91s) admite la utilización en la interpretación de valores no positivados pero en congruencia no en oposición. 19 Manuel Aragón Reyes (1989, p. 99s), en cambio, sostiene que la justicia “más que un valor, es una condición del Estado de Derecho y el pluralismo es sólo una situación que se hace posible por la realización de aquellos dos valores [la libertad y la igualdad], además de una muy concreta caracterización de la democracia. Realmente, justicia y pluralismo pertenecen, pues, más al campo de los principios que de los valores”. No obstante, en la nota 39 señala que si el pluralismo es un valor habrá que entenderlo como “valor procedimental” y no como “valor material”. Sobre la relación entre valores y principios del artículo 1.1 de la Constitución véase Luciano Parejo Alfonso (1983, p. 41-73). 20 Nuestro Tribunal Constitucional ha afirmado reiteradamente que la dignidad humana es un valor superior del ordenamiento jurídico, véase a modo de ejemplo la STC 34/2008, FJ 6: “valor superior de la dignidad humana”. Otro tanto ha dicho de la segunda parte de este valor: el libre desarrollo de la personalidad en relación con el valor libertad que da lugar a un “principio general de libertad”, SSTC 83/1984, FJ 3; 113/1994, FJ 11; y 107/1996, FJ 9. Javier Jiménez Campo (2008, p. 188) se pregunta con perspicacia si esta parte del valor puede fundamentar una “limitación de la legislación constrictiva que pretenda fundamentarse exclusivamente en consideraciones de paternalismo moral”, esto es, “si el libre desarrollo de la personalidad impone, de principio, un respeto a las opciones autorreferentes del sujeto (aquellas sin daños para terceros), a no ser que bienes constitucionales expresamente reconocidos consintieran, previa ponderación, tal limitación de la autonomía privada”. 21 Véase Javier Jiménez Campo (2008), trabajo absolutamente indispensable en la materia. Al respecto hay ya una abundante bibliografía: Juan José Solozábal Echavarría (1994, p. 2489- 2491); Jesús González Pérez (1986); Ignacio Gutierrez Gutierrez (2005); Alberto Oehling De Los Reyes (2010); y I. Von Münch (1982). 22 Ronald Dworkin (1978, p. 22ss) distingue entre fines, principios y reglas. Por fines entiende no sólo valores sino mandatos a los poderes públicos. Manuel Aragón Reyes (1989, p. 84) matiza a Dworkin: “Los valores son `fines`, por supuesto, pero no toda cláusula que enuncia fines (que establece programas) es por sí sola una cláusula de valor, sino, muchas veces, una cláusula al servicio de un valor”. 14 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial que fundadas sospechas de que los derechos fundamentales no son concreción de la dignidad humana y del libre desarrollo de la personalidad23. Este valor, que proviene de la Ley Fundamental de Bonn que los constitucionaliza separadamente 24 , se piensa que afirma que no cabe dignidad humana y libre desarrollo de la personalidad sin unos derechos fundamentales. Por tanto, éstos no son concreción de la dignidad y del desarrollo de la personalidad sino su condición necesaria. Este valor, además, por obra del 10.1 se convierte en fundamento del orden político y de la paz social, esto es, en la columna vertebral del sistema constitucional, lo que implica refundar el Estado español; que pasa a fundamentarse y legitimarse en la medida en que consiga asegurar a todo individuo su dignidad, al tiempo que le permite desarrollar libremente su personalidad. Este valor, donde resalta su naturaleza de fin, marca el objetivo del Estado y en esta medida se proyecta sobre el entero ordenamiento jurídico, obligando a interpretar cualquier norma jurídica conforme al mismo. Y con mayor intensidad hermenéutica, si cabe, sobre los derechos fundamentales, los derechos constitucionales y los mandatos a los poderes públicos que se contienen en los tres primeros capítulos del título I, debido a la singular sedes materie del valor (El título I abre con este artículo y sólo después comienza la enumeración de sus cinco capítulos). Ahora quizás pueda comprenderse la singularidad de este valor donde prevalece su 23 “Nuestro Tribunal Constitucional insiste en considerar a los derechos fundamentales como concreción de la dignidad humana, ignorando que lo son de la libertad, igualdad, justicia y pluralismo político. Por ejemplo, la dignidad es un “valor jurídico fundamental (...) reconocido en el art. 10 como germen o núcleo de unos derechos que le son inherentes”, STC 53/1985, FJ 3. Son múltiples las sentencias en que el Tribunal, como plasma Javier Jiménez Campo (2008, p. 184), establece una relación recíproca de fundamentación y preservación entre estas situaciones jurídicas subjetivas y la dignidad. También más que fundamentación como concreción. Sobre ambos sentidos véase: SSTC 99/1994, FJ 5; 194/1994, FJ 4;207/1996, FJ 3; 224/1999, FJ2; 49/2001, FJ 5;136/2006, FJ 6; y 281/2006, FJ 3, entre otras. No obstante, la STC 236/2007 llega bastante más lejos al utilizar el argumentode la mayor o menor conexión de la dignidad humana con cada derecho fundamental para determinar aquellos que corresponden a los extranjeros que se encuentran en situación irregular en España. La sentencia es, en realidad, continuidad de la doctrina marcada por la STC 107/1984. El criterio ciertamente puede considerarse que bordea lo arbitrario; una crítica a la sentencia en José Luis García Guerrero (2010, p. 193ss), donde se aprecia cómo la libertad de configuración del legislador en el estatuto jurídico de los extranjeros, conferido por el artículo 13, queda casi desprovista de contenido. Jiménez Campo, en el trabajo citado en esta nota pp. 185-186, coincide con esta apreciación y se muestra crítico en general con esta resolución jurisdiccional. 24 La Ley Fundamental de Bonn recoge separadamente en el artículo 1.1 la dignidad, en el 1.2 los derechos inviolables y en el 2.1 el libre desenvolvimiento de la personalidad. Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 15 carácter de fin constitucional, en línea con la matización que Aragón realiza a Dworkin. En consecuencia, los derechos fundamentales, contenidos en la sección I del capítulo II del título I, son concreción, en mayor o menor medida, de la libertad, la igualdad, la justicia y el pluralismo político. Por tanto, parece desacertada la decisión de la Carta de los derechos fundamentales de la Unión Europea o de la Constitución Dominicana de incluir entre los derechos fundamentales, indiscriminadamente, valores constitucionales como la dignidad humana 25 y el libre desarrollo de la personalidad 26 , lo que no deja de contribuir a la confusión imperante en este campo. No se considera desacertada, en cambio, la decisión del constituyente español que incluye como derechos fundamentales la vida y la igualdad. En realidad la vida se constitucionaliza implícitamente como valor, en cuanto presupuesto de los otros cinco valores, y expresamente como derecho fundamental en el artículo 15. La igualdad se constitucionaliza expresamente como valor en el artículo 1.1 y adquiere sus principales proyecciones mediante el mandato a los poderes públicos del artículo 9.2 de alcanzar la igualdad material y a través de la igualdad formal constitucionalizada expresamente como derecho fundamental en el artículo 14. Ahora bien, vida e igualdad, dogmáticamente y en sentido estricto, no son derechos fundamentales sino valores constitucionales (piénsese, por ejemplo, en el carácter eminentemente relacional del segundo). Pese a estas precisiones dogmáticas se ha señalado que no se considera desacertada la decisión del constituyente español de constitucionalizar estos valores también como derechos fundamentales y la razón estriba en que al incluirlos en esta última categoría jurídica se les dota de todas las garantías normativas, institucionales y jurisdiccionales que garantizan la preservación de los derechos fundamentales. No se hubiera conseguido el objetivo de protegerlos tan intensamente si sólo hubieran sido constitucionalizados como valores, dada la escasa densidad 25 Concretamente en el capítulo I “Dignidad”, artículo 1, Dignidad humana: “La dignidad humana es inviolable. Será respetada y protegida”. 26 Una crítica a la decisión del constituyente dominicano de incluir entre los derechos fundamentales a la dignidad humana y al libre desarrollo de la personalidad en mi trabajo, “Algunas reflexiones sobre la influencia de la Constitución española en la dominicana en materia de garantías normativas”, Anuario Parlamento y Constitución, núm. 15, 2012-2013, pp. 76 y ss. 16 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial de los mismos y porque su eficacia jurídica es sólo hermenéutica y no directa. En esta concepción restrictiva, que se viene sosteniendo, sobre el concepto de derecho fundamental no se incluyen dentro de esta categoría normativa a la propiedad privada y la libertad de empresa, no sólo porque así lo haya previsto el constituyente y lo haya reconocido el Tribunal Constitucional, sino porque dogmáticamente la cláusula del Estado Social los debilita al punto de transformarlos en derechos subjetivos tan disminuidos que parecen aproximarse más a la categoría de garantía institucional. Completamente lo contrario habría que sostener en el marco de un Estado Liberal, no sólo porque así lo concibieron los padres de los derechos fundamentales sino porque su naturaleza jurídica y su régimen jurídico guarda una clara identidad con los mismos; a diferencia, por ejemplo, de la vida y la igualdad, valores dogmáticamente, pero constitucionalizados, al tiempo, en España como derechos fundamentales, como ya se ha señalado. Este último argumento sería predicable también de los derechos sociales y de los mandatos a los poderes públicos. Tampoco cabría incluir como derechos fundamentales a su más efectivo instrumento de protección, esto es, a sus garantías jurisdiccionales. Su constitucionalización en España, como tales, debe explicarse en un contexto histórico que preservó la planta judicial del franquismo, lo que hacía muy difícil su desarrollo constitucional y su efectiva vigencia en la sociedad. Lo que se consiguió a través del Tribunal Constitucional, precisamente, al constitucionalizarlos como fundamentales. No incurren en este error, confundir derechos con sus garantías, la Constitución alemana y, más recientemente, la dominicana, fuertemente inspirada en la española en su parte dogmática 27 . Tampoco fue ajena a esta decisión del constituyente español la influencia de la Convención europea de Derechos Humanos. Esta concepción restrictiva de los derechos fundamentales no sólo bebe de la necesidad de precisar y depurar las diferentes categorías jurídicas de normas contenidas en la Constitución (resulta cada vez más imperioso un riguroso estudio al respecto, así como la necesidad de construir un concepto de derecho fundamental). También responde a la necesidad de combatir incautas posiciones, que deseosas de incrementar lo que consideran mejor: la fundamentalidad, olvidan que la cantidad diluye 27 Véase mi trabajo (GARCÍA GUERRERO, 2012-2013, p. 71-114). Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 17 la calidad o, más precisamente, su protección. Cuantos más derechos fundamentales proclamemos más diluida quedará su fundamentalidad28. 2) Los cinco troncos o géneros de los derechos y libertades fundamentales Tras estas exclusiones y antes de determinar cuáles son dogmáticamente los derechos fundamentales, hay que recordar que la tradicional clasificación entre derechos de libertad, políticos y de prestación sigue teniendo, pese a algunos conocidos inconvenientes 29 , una gran virtualidad práctica a la hora de proceder a una sistematización que facilite el entendimiento de sus regímenes jurídicos y permite afrontar los retos introducidos por las nuevas tecnologías, como se tendrá ocasión de argumentar al final de este apartado. Una vez alcanzado este punto ya puede afirmarse que no hay dogmáticamente tanto derechos fundamentales como los que se han constitucionalizado en España y no sólo por las exclusiones que hasta el momento se han justificado. En realidad y en sentido estricto, se estima que, quizás, sólo hay cinco troncos o géneros de derechos fundamentales, al menos en los ordenamientos que proclaman el Estado Social30. El resto son especies, lo que no impide que algunos derechos constitucionalizados sean híbridos de varias especies o, incluso, participen de varios géneros. Quizá pueda acusarse a esta construcción de haber efectuado una incorrecta delimitación, al afirmar que únicamente haycinco troncos de 28 Sobre la concepción restrictiva de los derechos fundamentales véase José Luis García Guerrero (2013, p. 20s) que al criticar las posiciones doctrinales que quieren multiplicar los derechos fundamentales existentes concluye que estas tesis “olvidan que la cantidad diluye la calidad o, más precisamente, su protección”. Javier Jiménez Campo (2008, p. 191) al fundamentar su oposición a la línea doctrinal de nuestro Tribunal que incrementa el contenido constitucional de algunos derechos de inmunidad y libertad, lo expresa brillantemente: “…en punto a la garantía de los derechos fundamentales, intensidad y extensión de la protección son, por necesidad, valores contrapuestos. Quien extiende difumina”. 29 Sobre esta distinción y sus inconvenientes véase Juan José Solozábal Echavarría (1991, p. 89- 92). 30 Como se ha señalado supra, en el Estado liberal habría un nuevo tronco o género, el sexto, constituido por la propiedad privada, que engloba la propiedad privada de los medios de producción, esto es, la libertad de empresa que sería su principal especie. En España, la libertad de creación de centros docentes es la aislada representación de este sexto tronco de los derechos fundamentales; sólo esta variedad de la especie del género disfruta de la categoría de derecho fundamental y es la única excepción que ha admitido el Estado Social sancionado en la Constitución española, el resto son derechos constitucionales. 18 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial derechos fundamentales pero lo que se cree que no ofrece dudas es que hay unos cuantos géneros y numerosas especies31. a) El derecho fundamental a la participación política En mi opinión, el primer tronco es concreción fundamental del valor pluralismo político y se corresponde con los derechos políticos, concretamente con el derecho a la participación del artículo 23; ya sea en su forma de democracia representativa, o a través de la participación directa que posibilitan los institutos de democracia directa, o utilizando instrumentalmente los partidos políticos; que es, pese a las reticencias doctrinales, la forma más intensa hoy de participación política directa y lo sería mucho más si así se reconociese y garantizara. b) La obligatoriedad de la enseñanza básica La obligatoriedad de la enseñanza básica del artículo 27.5, segundo tronco, es el único derecho fundamental de prestación. Las sucesivas crisis económicas que se vienen sucediendo desde 2008 muestra el peligro en que puede incurrir la dogmática o el constituyente si hace depender la fundamentalidad de un derecho de la capacidad presupuestaria para hacerlo realmente efectivo. Los otros tres géneros o troncos son los derechos libertad, defensa o autonomía, entendiendo como tales aquellos en los que predomina esta vertiente frente a la de participación o prestación; son, por tanto, la inmensa mayoría de los derechos contenidos en la sección I y, predominantemente, concreción del valor libertad32. Estimo que estos tres géneros, que tienen la mayor diversidad de especies, son la libertad ambulatoria, la libertad de comunicación y la libertad del individuo en sus relaciones con la Sociedad c) Las libertades ambulatorias El primero de estos tres géneros de derechos de libertad, defensa o autonomía es la libertad ambulatoria. Este tronco comparte con la vida el 31 Una amplia bibliografía sobre cada uno de los géneros y especies constitucionalizados en España puede encontrarse en Luis María Díez-Picazo (2008); y en José Luis García Guerrero (2013). 32 Manuel Aragón Reyes (2008, p. 31) sostiene que la libertad se concreta en los derechos fundamentales de libertad. Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 19 ser presupuesto para el ejercicio de buena parte de los otros derechos fundamentales, aunque, obviamente, en mucha menor medida. Sus diversas especies se han constitucionalizado en los artículos 17 y 19, como libertades frente a privaciones de libertad, entrada y salida de España, residencia y circulación. No obstante, es preciso advertir que una buena parte del artículo 17 no son derechos fundamentales sino garantías frente a privaciones de libertad, que se complementan con las contenidas en los artículos 24.2, 25.1 y 3. Sucede en esta norma lo mismo que en numerosos preceptos de la sección I del capítulo II del título I, que no se contienen derechos fundamentales sino otras categorías jurídicas como normas atributivas de competencias, garantías institucionales, interdicciones, mandatos y las referidas garantías. Finalmente, dejar apuntada una idea que, de momento, es más intuición que certidumbre por lo que todavía necesita reforzarse en su argumentación. Me refiero a que se sospecha que el artículo 17.1, hasta su primer punto – “Toda persona tiene derecho a la libertad y la seguridad” –, contiene el derecho a la seguridad personal – vieja derivación del pactum societatis –, que encuentra una cierta prolongación en la inviolabilidad del domicilio; y, lo que es más importante, que contiene, asimismo, no sólo el derecho fundamental a la libertad ambulatoria, sino más ampliamente el derecho a la libertad entendido como concreción del mismo valor, al igual que sucede con los valores vida e igualdad. Si así fuera, su interrelación con la libertad de conciencia obligaría a ser mucho más cuidadoso con la ola de prohibiciones que en los últimos años diferentes mayorías imponen a las minorías y que parecen poco conciliables con nuestros valores constitucionales. La ausencia de reconocimiento de ese derecho a la libertad está facilitando la imposición de restricciones de todo tipo sin encontrar los límites que un derecho fundamental les exigiría: fundarse la prohibición en un bien, valor, principio o derecho constitucional, reserva de ley orgánica para el desarrollo y ordinaria para el ejercicio, respeto al principio de proporcionalidad, ponderación entre los bienes en conflicto, entre otras. d) Las libertades de comunicación 1) La libertad de comunicación Las libertades de comunicación son el segundo género de estos derechos de libertad, el cuarto de los fundamentales, y del que más especies derivan. La más relevante de éstas, y cuyo régimen jurídico se 20 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial comparte sustancialmente por las demás, es la libertad de comunicación; más conocida como libertad de expresión en sentido amplio y que engloba, básicamente, a la libertad de información y a la libertad de expresión en sentido estricto. Este tronco consiste en el derecho a la libre transmisión y recepción de cualquier tipo de mensaje. El concepto implica la existencia de seis elementos: uno o varios emitentes, un mensaje, la materia sobre la que versa, su finalidad, un soporte u organización y uno o varios destinatarios. Son precisamente las variaciones en estos elementos las que singularizan a las diferentes especies que conforman el género. La constitucionalización diferenciada de las distintas especies deriva en unos casos de la materia o finalidad del mensaje, hechos objetivos en la libertad de información, opiniones subjetivas en la libertad de expresión 33 ; también la materia y la finalidad deslindan la especie de la creación y difusión literaria, artística, científica y técnica, consagrada en el artículo 20.1.b) 34 ; o en estos dos últimos campos cuando el derecho se ejercita en instituciones académicas – libertad de cátedra –; o en los ámbitos educativo35, religioso y sindical. En otros casos la constitucionalización expresa deriva del número de emitentes o destinatarios de la comunicación,esto es, por su forma individual o colectiva de ejercicio; en otras del soporte u organización, como es el caso de la libertad de reunión o asociación; en otros de las instituciones públicas ante las que se interpone el mensaje y de la obligatoriedad que tienen éstas, en la mayor parte de los casos, de 33 Véase, entre otros, Juan José Solozábal Echavarría (Sin data, p. 81). 34 La STC 153/1985, FJ 5º, afirma que el apartado b) es una mera concreción del a). Frente a esta opinión el magistrado Francisco Rubio Llorente formuló un voto particular, señalando: “A mi juicio, ni la libertad de producción y creación literaria, artística, etc., es una concreción del derecho a expresar y difundir libremente el pensamiento, sino [que es] un derecho autónomo…”. En el mismo sentido que la STC 153/1985, Francesc De Carreras (1991, p. 11, 20 y 29), que incluye además el apartado c). En contra y, por tanto, en sintonía con Francisco Rubio Llorente y Carmen Chinchilla Marín (1988, p. 24s) que piensa que nuestra Constitución concibe como derechos y libertades diferentes e independientes los cuatro apartados del art. 20.1. 35 Fernando Santaolalla López (1992, p. 186) ya intuía algo de los señalado cuando destaco: “La educación y la creación literaria, artística, científica y técnica son uno de los vehículos a través de los que se transmite el pensamiento humano, por lo que si se reconoce la libre expresión de este último, embebido está el reconocimiento de estas proyecciones. Con ello no quiere decirse que sea inútil este doble reconocimiento, pues el mismo puede servir al mejor afianzamiento de la libertad básica, actuando como recordatorio de que esas muestras son sólo reflejo de ese haz fundante”. Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 21 suministrar la información; finalmente, en algunos supuestos es una conjunción de varios de estos elementos. 2) La libertad ideológica, religiosa y de culto La libertad ideológica, religiosa y de culto se plasma en el artículo 16. La pertenencia de esta especie al género de las libertades de comunicación es la que mayor fundamentación necesita. La razón descansa en su carácter híbrido, que comienza a manifestarse por ser concreción dominantemente de los valores libertad y pluralismo [político]. El proceso intelectual interno no requiere de protección, esto es, de la libertad de conciencia más que cuando éste se manifiesta externamente. Este derecho a actuar conforme a la conciencia, salvo los casos de prohibición establecidos en la ley, en la mayor parte de los supuestos, empleará instrumentalmente a otros derechos de la libertad de comunicación, especialmente la libertad de expresión en sentido estricto 36 . Se defiende aquí que cuando se manifiestan ideas o pensamientos ajenos estamos bajo la protección del 20.1. a), cuando las ideas son propias empleamos el 16 en conexión con la libertad de expresión en sentido estricto. La libertad de culto o religiosa es una cualificada manifestación de la conciencia y también un gran hibrido de los valores pluralismo y libertad y de múltiples concreciones de este último, comenzando también por la libertad de comunicación – un sacerdote dirigiéndose a sus fieles –, siguiendo por la libertad de reunión – los fieles en la santa misa o las procesiones religiosas –, de asociación – la organización jurídica de una confesión religiosa –, incluso, de la libertad de educación – la formación religiosa trasmitida a los creyentes –, por citar sólo algunas de las especies que componen este complejo derecho. 3) La libertad de educación La libertad de educación, que como ha tenido ocasión de resaltar el Tribunal Constitucional español es prácticamente ejercicio de la libertad 36 La STC 20/1990, FFJJ 3º y 5º, confirma que la libertad ideológica, consagrada en el artículo 16.1, tiene un correlativo derecho a expresarla, garantizado en el artículo 20.1 a), pero ello no permite entender simplemente absorbido el primer derecho en el último. Sobre la vinculación entre ambos artículos véase también las SSTC 105/1990, FJ 4º, de 6 de junio, y 173/1995, FJ 1º, de 21 de noviembre. 22 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial de expresión37, por tanto, una especie más del género de las libertades de comunicación. No hay diferencias prácticamente con la libertad de comunicación en cuanto a los elementos del concepto, más allá de la especial cualificación del emitente, el soporte u organización educativa, y las características de los destinatarios que son discentes con mayor o menor formación. Las singularidades más relevantes aparecen por el tipo de materia sobre el que versa el mensaje: la educación, y por la finalidad del mismo: el pleno desarrollo de la personalidad humana – nueva concreción de valor nuclear contenido en el artículo 10.1 – en el respeto a los principios democráticos de convivencia y a los derechos y libertades fundamentales, tal y como dispone el artículo 27.2; lo que se plasmará especialmente en el establecimiento de límites adicionales en el ejercicio de este derecho. Pese a que la libertad de cátedra se constitucionaliza junto a la libertad de información y expresión, este derecho no es otra cosa que libertad de educación, cualificada en el ámbito universitario por la libertad de creación científica y técnica del 20.1b) y por la autonomía universitaria del 27.10. 4) La libertad de reunión La libertad de reunión es una especie del género de las libertades de comunicación, que se caracteriza por la pluralidad de emitentes o destinatarios de mensajes. Su soporte tradicional son las ondas y un espacio físico que albergue a las personas que ejercitan el derecho; aunque hoy el soporte es fruto de la evolución tecnológica y se pueden mantener reuniones por teléfono móvil y fijo, por Skype o, incluso, chats. Se diferencia de otras especies en su ejercicio colectivo y por la necesidad de establecer reglas en la emisión de los mensajes para garantizar que puedan disfrutar el derecho – entenderse – la pluralidad de emitentes y destinatarios. Se celebran en espacios no sólo cerrados sino abiertos, lo que interfiere con el ejercicio de otros derechos y obliga a establecer ciertas restricciones en el caso de las concentraciones o manifestaciones38. La 37 La STC 5/1981, de 13 de febrero, FJ 7º señala: “La libertad de enseñanza (...) puede ser entendida como una proyección de la libertad ideológica y religiosa y del derecho a expresar y difundir los pensamientos, ideas u opiniones”. 38 La STC 85/1988, FJ 2º, afirma: "...que bien puede decirse (...) que el derecho de reunión es una manifestación colectiva de la libertad de expresión ejercitada a través de una asociación transitoria, siendo concebido por la doctrina científica como un derecho (...) que opera a modo de técnica instrumental puesta al servicio del intercambio o exposición de ideas, la defensa de intereses o la publicidad de problemas o reivindicaciones, constituyendo, por lo Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 23 materia o finalidad de las reuniones es indeterminada; cuando ésta es política hay quien, incorrectamente, ha querido mutar la naturaleza jurídica del derecho, de libertad a político; cuando, en realidad, lo que sucede es que el artículo 21 entra en conexión con el valor pluralismo político, con el principio democrático y con el derecho de participación política y esto, que es simplemente una conexión sistemática de la Constitución, refuerza exorbitantemente el contenido del derecho de reunión, con lo que se verán disminuidas las restriccionesque a éste pueden imponerse por otros valores, principios, derechos o bienes constitucionales. Añadir, por último, que la finalidad al ejercitar el derecho tiene normalmente un ámbito temporal limitado. 5) El derecho de asociación El derecho de asociación es otra especie de las libertades de comunicación. Como ha señalado el Tribunal Constitucional, la asociación no deja de ser una especie de reunión permanente39. La principal diferencia con la reunión es la complejidad de su organización interna que actúa a modo de soporte y que requiere, incluso, de personalidad jurídica; es lo que permite conformar la voluntad de la asociación y técnicamente se conoce como vertiente contractual. La otra gran diferencia es la ampliación del ámbito temporal de la finalidad perseguida por la asociación, ésta se extiende en el tiempo, se persigue durante un ámbito temporal mucho mayor que en el derecho de reunión, es lo que se denomina vertiente institucional y es lo que da lugar a las diferentes especies de asociaciones. Cuando la materia o finalidad es política se sigue estando en presencia de un derecho de libertad y no de un derecho político, al igual que en el caso de la reunión o de la libertad de expresión nos encontramos en presencia de relevantes pero simples conexiones sistemáticas constitucionales que no alteran la naturaleza jurídica del derecho. Su ejercicio es también colectivo. 6) El derecho de petición Hay cierta doctrina que ha visto en el derecho de petición un derecho político, ya sea en su forma de ejercicio individual o colectivo. Se está en el mismo supuesto que con los derechos de reunión y asociación; se tanto, un cauce del principio democrático participativo...". En el mismo sentido la STC 66/1995, FJ 3º, de 8 de mayo. 39 Véase supra nota 38, donde el Tribunal Constitucional en sentido inverso al texto dice: “El derecho de reunión es (...) una asociación transitoria”. 24 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial trata de un derecho libertad, defensa o autonomía y nuevamente son las conexiones sistemáticas constitucionales las que pueden inducirnos al equívoco de estimar que es un derecho político o democrático. El siempre difícil deslinde entre lo político y lo público ha llevado también a la confusión. Sin olvidar el relieve de la mayor parte de las especies del género de las libertades de comunicación en cuanto presupuesto para el ejercicio del derecho de participación política. Importante es también su vinculación con el derecho a comunicar y recibir información veraz, su principal diferencia respecto a éste viene dada por las instituciones públicas ante las que se recaba esa información y la obligación que tienen éstas de suministrarla en el ámbito de sus competencias o, cuando menos, de responder motivadamente. La finalidad del derecho de petición es, además, más amplia, no se limita a la información recabada puede versar también sobre quejas o medidas de impulso, lo que ha llevado a una constitucionalización expresa de esta especie. 7) La libertad sindical La libertad sindical también pertenece al género de las libertades de comunicación, concretamente es una especie de la asociación cuya vertiente institucional persigue la defensa de los trabajadores y que parte del presupuesto de la inferioridad de éstos frente al empresario en el mundo de las relaciones laborales. El reconocimiento de esta realidad, sobre la que ya llamó la atención García Pelayo, lleva a formular como derecho fundamental a la huelga y como derechos constitucionales a la negociación colectiva y a la adopción de medidas de conflicto colectivo; instituciones todas ellas proclamadas como derechos, aunque dogmáticamente no sean otra cosa que garantías del derecho a la libertad sindical bajo el presupuesto de la desigual condición en que se encuentra el trabajador frente al empresario y el capital en el mundo de las relaciones laborales. e) Las libertades que permiten al individuo relacionarse con la sociedad El tercer gran género de los derechos de libertad y el quinto de los derechos fundamentales es el conjunto de libertades que permiten al individuo relacionarse con la sociedad. Hay una primera vertiente positiva que busca la inserción y la participación en la sociedad, que hace referencia a cómo quiere ser percibido un individuo por la comunidad, lo que se concreta en los derechos al honor y a la propia imagen. Pero hay también una faceta negativa, inversa a la anterior, que busca el aislamiento respecto Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 25 a esta sociedad, la privacidad y reserva, esto es el derecho a la intimidad personal y familiar. La inviolabilidad del domicilio participa de esta última vertiente negativa pero tiene también un componente importante del derecho a la seguridad personal de que hablábamos en el artículo 17.1, esté o no constitucionalizado; presupone el individuo que donde más seguro se encuentra es en su domicilio y así lo plasma el derecho penal al incluir el agravamiento de ciertos delitos cometidos en este lugar. 3) La libertad y secreto de correspondencia como derecho híbrido En su denominación más clásica, el derecho a la libertad y secreto de correspondencia es un derecho híbrido del género de la libertad de comunicación y de las libertades que tiene el individuo de relacionarse con la sociedad. El derecho no es otra cosa que una mezcla de la libertad de comunicación y de la vertiente negativa de privacidad plasmada en la impenetrabilidad para terceros de la comunicación; la especificidad del soporte – carta manuscrita, telégrafo, teléfono por hilo – va perdiendo relevancia por la irrupción de las nuevas tecnologías. Ventajas de la tesis que agrupa los derechos fundamentales en géneros y especies La tesis restrictiva que aquí se está defendiendo sobre los derechos fundamentales, aglutinados en cinco troncos o géneros con diferentes especies cada uno, no pretende agotarse en un mero ejercicio intelectual, sino que ofrece importantes ventajas prácticas. En primer lugar sería una de las principales razones que permiten explicar la similitud entre los catálogos de derechos y sus correspondientes regímenes jurídicos en las Constituciones democráticas; entre Normas fundamentales elaboradas hace más de dos siglos y las más recientes de los últimos años. No hay docenas de derechos fundamentales sino unos pocos géneros con varias especies. Como no hay grandes diferencias en el elenco de derechos fundamentales y en sus regímenes jurídicos entre Europa y los Estados Unidos, sin perjuicio de que en España no se contemplan como derechos fundamentales a la propiedad privada y a la libertad de empresa porque se proclama el Estado Social mientras que en los Estados Unidos sí, al mantenerse la fórmula del Estado Liberal. Y esto sucede porque, incluso, cuando los textos constitucionales presentan mayores divergencias en el catálogo de derechos, sus regímenes jurídicos, a veces, se aproximan por obra de la jurisprudencia que, en numerosas ocasiones, extrae los derechos 26 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial no constitucionalizados en un sistema de los cinco o seis géneros reseñados. En segundo lugar, estas ideas permiten captar, al igual que sucede con menor intensidad con la distinción entre derechos de libertad, políticos y de prestación, qué tienen en común en su régimen jurídico los derechos que pertenecen a un mismo género, lo que supone una ventaja para discentes e investigadores. A los primeros les permite una mejor comprensión de los derechos al tiempo que facilita la retención de conocimientos, al destacar qué comparten las diferentes especies de un género y qué les diferencia40 ; para los segundos estos hallazgos facilitan la analogía entre problemas similares de los distintas especies del mismo género. Finalmente, creo que esta tesis contribuye a resolver los problemas que plantean las nuevas tecnologías. La libertad de comunicación cada vez se ejerce con mayor frecuencia a través de internet y el cambio fundamental en este caso es la sustitución del soporte empleado para la emisión del mensaje. La libertad y secreto de correspondencia es una de las libertades más afectadas por las nuevas tecnologías desde su aparición. La tradicional carta manuscrita hoy es predominantemente sustituida por el correo electrónico, como en su día evolucionó al telégrafo, posteriormente, al teléfono mediante hilo de cobre y, recientemente, al actual móvil o celular, que permite comunicarse a través del espacio radio eléctrico, o, finalmente, a través de Skype. Las citadas ideas facilitan, por ejemplo, la explicación de cómo hoy puede mantenerse reuniones empleando como soporte no una sala sino varios teléfonos o mediante Skype a través de internet y, sin embargo, no estaríamos ante la libertad y secreto de correspondencia, en el primer caso, ni ante la libertad de expresión, en el segundo. Cada vez más derechos se ven afectados por las nuevas tecnologías y frente a esta realidad las respuestas oscilan entre el peligro de crear nuevas categorías de libertades – ya señalé supra que la proliferación de derechos diluye a los que son auténticamente fundamentales – o la impotencia dogmática de explicar lo inexplicable. Una clase dictada y una ponencia impartida por videoconferencia no son más que libertad de educación y 40 Las ventajas de estas ideas en materia de derechos y libertades fundamentales para los discentes de los Grados en Derecho son ampliamente puestas de relieve por José Luis García Guerrero (2011, p. 120-127). Disponible em <http://www.uv.es>. Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 27 libertad de creación científica o de cátedra, respectivamente, y lo único que cambia es el soporte, aunque obviamente pueden aparecer nuevos problemas. Como sucede con el derecho de participación política, cada vez más afectado por las nuevas tecnologías. Así puede verse habitualmente como se pide el voto en las opiniones que los ciudadanos emiten al final de un artículo de prensa en la red, en plena precampaña de las elecciones a Cortes Generales, y las dificultades para aplicar las clásicas restricciones que siguen distinguiendo la campaña de la precampaña precisamente en la petición expresa del voto. Y ello por no hablar de las dificultades en la red para ponderar la libertad de expresión con el honor, la intimidad y la propia imagen por la dificultad que origina internet para imponer los límites que dimanan de la correspondiente concordancia práctica; no es baladí, en este sentido, recordar ahora los problemas, actualmente insolubles, para eliminar de los buscadores en la red informaciones manifiestamente falsas u otras que atentan claramente contra la intimidad. El derecho fundamental a la participación política: su contenido Sin pretender entrar aquí en una profunda elaboración dogmática, puede afirmarse que desde la Ilustración es pacífico que los hombres nacen libres e iguales – valores libertad e igualdad –, por lo que ninguno tiene un derecho a la dominación sobre los demás41 y prácticamente nunca todos los integrantes de una comunidad son unánimes en las decisiones que ésta tiene que adoptar; más bien sucede lo contrario, cada uno tiene una propia – pluralismo político –; luego es necesario adoptar entre hombre libres e iguales el principio democrático como método para adoptar las decisiones de la comunidad y más concretamente, en palabras de Kelsen: el “principio de mayoría y minoría” 42 . Creo que el valor pluralismo político contiene en su interior al principio democrático y que su principal concreción en nuestro sistema es el derecho fundamental a la participación política recogido en el artículo 23, que en su apartado primero vuelve a concretar el 41 Como recuerda con acierto Francisco Rubio Llorente (1991, p. 22s), en el pensamiento jurídico de la Ilustración “igualdad y libertad son nociones que se implican recíprocamente. Los hombres son iguales porque, siendo esencialmente libres, ninguno de ellos está obligado a obedecer a otro o a todos los demás”. 42 Hans Kelsen (2002, p. 61-81, más específicamente en la p. 66). La STC 153/2004, FJ 4, entre otras muchas, señala que “El de derecho de acceso a los cargos públicos que se recoge en el artículo 23.2 CE es, inequívocamente, un derecho de igualdad, como taxativamente se afirma en el propio precepto constitucional…”. 28 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial valor libertad [representantes, libremente elegidos] y en su apartado segundo43 el valor igualdad44 [acceder en condiciones de igualdad a (...) cargos públicos], precisamente los dos valores que se concilian a través del principio democrático 45 . Si se recapitula brevemente lo reseñado en el anterior apartado y en el inicio de éste, se puede concluir que el derecho a la participación política es uno de los cinco troncos o géneros de los derechos fundamentales. Este derecho sería una concreción dominante de los valores libertad, igualdad y pluralismo político, concretándose este último, de forma sucesiva, en el principio democrático y, a su través, en el derecho fundamental a la participación política 46 . En consecuencia, aquí se está defendiendo la tesis de que el único derecho político es el de participación política. La antítesis sostiene que junto a éste hay una pluralidad de derechos políticos, principalmente la libertad de comunicación, el derecho de reunión y el derecho de asociación47. Esta antítesis se estima incorrecta. 43 La interrelación entre los dos apartados del artículo 23, al menos, en lo relativo a los cargos públicos representativos ha sido reiterado frecuentemente por la jurisprudencia constitucional, véanse las SSTC 10/1983, FJ 2; 161/1988, FJ 6; 24/1989, FJ 2; 185/1999, FJ 4. La STC 136/1999, FJ 14, habla de ambos apartados como un “todo inescindible”. 44 Hans Kelsen (2002, p. 109) considera precisamente a la igualdad como la dimensión material del principio democrático. 45 La siempre difícil conciliación entre libertad e igualdad se debe a Martin Kriele (1980, p. 324), cuando afirma que “la democratización del Estado constitucional significa que las condiciones reales de la libertad valen para cada uno en forma igual. La democratización complementa el principio de libertad y el principio de igualdad. Igualdad significa `libertad` para todos”. Gerhard Leibholz (1981, p. 37) considera valores inconciliables a la libertad y la igualdad, siguiendo una larga tradición que proviene de Burke. 46 A Antonio Enrique Pérez Luño (1984, p. 291s) debemos la distinción entre valores, principios y normas, diferenciados por su mayor o menor concreción. 47 Para comprobar la vigencia de esta antítesis es suficiente con consultar cualquiera de los principales manuales de Derecho Constitucional español. Véase, por ejemplo, en relación con la libertad de comunicación, Santiago Sánchez González (1992, p. 115s); y respecto a la libertad de reunión Marcos Francisco Massó Garrote (2013, p. 295 y 299). En posición más moderada los Tribunales Constitucionales alemán y español que hablan de una garantía institucional en relación a la libertad de comunicación: 10 BVerfGE, p. 118, 1959; 12 BVerfGE, p. 113, 1961; 20 BVerfGE, p. 162, 1966; 43 BVerfGE, p.130, 1976; 61 BVerfGE, p. 1, 1982. SSTC 6/1981, FJ 3; 12/1982, FJ 3; 104/1986, FJ 5; 159/1986, FJ 6; 165/1987, FJ 10; 107/1988, FJ 2; 51/1989, FJ 2; 121/1989, FJ 2, y 40/1992, FJ 1 in fine; entre otras. Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 29 En realidad, si se atiende a su naturaleza jurídica, el único derecho político es el de participación, los demás, los que sostiene la antítesis, son derechos de libertad, defensa o autonomía. El error proviene de ignorar la importancia de las conexiones sistemáticas constitucionales que derivan de la materia o finalidad del derecho. La mayor parte de las comunicaciones, reuniones o asociaciones se refieren a materia o finalidad no política y se encuentran protegidas bajo el paraguas de los tres derechos fundamentales concernidos, que son derechos de libertad. Cuando en estos tres derechos la materia o finalidad es política se produce una conexión sistemática constitucional con el pluralismo político, con el principio democrático y, a veces, con el derecho fundamental a la participación política. La conexión sistemática modifica el régimen jurídico de estos tres derechos, más concretamente los límites. Cuando hay una ponderación entre la libertad de comunicación, o la de reunión o la de asociación con otro bien constitucional (valor, principio, derecho fundamental o constitucional o bien constitucional en sentido estricto), la referida conexión constitucional origina, como regla general, la prevalencia de estos derechos, que vienen así a conocer de escasas limitaciones; esto es, la conexión refuerza exorbitantemente el contenido de los citados derechos en caso de conflicto con otro bien constitucional. Ante esta realidad, los defensores de la antítesis han mutado indebidamente la naturaleza jurídica de estos derechos, que son, sin duda, de libertad. Su fuerza exorbitante en caso de conflicto no deriva de su naturaleza de derechos políticos sino de la conexión constitucional por la materia o finalidad48. Y es que, como bien recordaba el profesor Rubio Llorente, en su seminario de la Universidad Autónoma de Madrid, no sólo la libertad de comunicación, reunión y asociación, sino todos los derechos fundamentales están al servicio del principio democrático, sin derechos no hay democracia 49 . El concepto racional normativo de Constitución50 pronto descartó que el principio democrático se pudiera realizar a través de la democracia directa. No sólo por la imposibilidad de reunir a millones de personas, que deliberen y voten, sino, fundamentalmente, porque este tipo de Norma 48 Véase supra nota 4 y el trabajo allí citado. 49 Lo que se afirma, incluso, desde posiciones positivistas, véase Francisco Bastida Freijedo (2005, p. 35 y 37). 50 Véase Manuel García Pelayo (1984, p. 34ss). 30 – Reflexões sobre cidadania e direitos humanos na nova ordem mundial fundamental reconoce el conflicto51 y es una Constitución de integración52 y ésta no es posible con la democracia directa. Por esta razón, desde sus inicios se adoptó la democracia representativa53, que conoce de dos formas: la democracia representativa liberal y la de partidos. En la primera el principio democrático se realiza políticamente y en la segunda jurídicamente 54 . Algunas constituciones iberoamericanas han querido introducir una tercera, la democracia participativa, que en el mejor de los casos es una desafortunada reelaboración de la democracia representativa de partidos; y en el peor de los casos supone una deriva a posiciones autoritarias, poco conciliables con el valor libertad, enmascaradas en el principio asambleario y la revocatoria; y a veces, incluso, negando a los propios partidos políticos como instrumento imprescindible de la democracia. Todas las constituciones occidentales reconocen una de las dos formas de democracia representativa posibles y adoptan, expresa o implícitamente (especialmente las liberales), el derecho fundamental a la participación política que incluye entre su contenido el derecho al sufragio activo y pasivo. Además, estas constituciones, ante la imposibilidad de realizar la democracia directa, contienen diferentes institutos de democracia directa (iniciativa legislativa popular y diferentes tipos de referéndum). Si se parte de la Constitución española puede concluirse que el legislador optó, dentro de la discrecionalidad que le confirió el 51 La Norma fundamental reconoce el conflicto y fija las reglas de juego y el campo en que la confrontación de intereses se debe realizar, como han recordado Hesse y Dahrendorf. Véase Konrad Hesse (1983, p. 9). 52 Sobre el papel de integración de la Constitución y de la democracia representativa ante el conflicto por los diversos intereses sociales que se confrontan, véase Rudolf Smend (1985), especialmente en lo relativo a la Constitución como norma de integración. Sobre la insuficiencia de la democracia directa en la integración, véase Manuel Aragón Reyes (1989, p. 105ss); Martin Kriele (1980, p. 320ss); y E. W. Böckenförde (1983). Este último trabajo se puede consultar en lengua italiana (1985, p. 227-263). 53 Así lo ha reconocido, entre otros muchos sistemas, la Unión Europea, que lo establece en el Tratado de la Unión Europea (TUE), concretamente en su artículo 10.1. “El funcionamiento de la Unión se basa en la democracia representativa”. 54 Véase José Luis García Guerrero (2000, p. 571-583). Del mismo autor pero con mayor profundidad doctrinal (GARCÍA GUERRERO, 1996, p. 119-152). Silvana Winckler, Reginaldo Pereira, Arlene Renk (Orgs.) – 31 constituyente, por la democracia representativa de partidos55. Constitucionalizó el pluralismo político, el principio democrático y el derecho fundamental a la participación política. Este derecho puede ejercitarse directa o indirectamente. La democracia indirecta engloba el derecho al sufragio activo y pasivo, esto es, a través de representantes. La democracia directa engloba la iniciativa legislativa popular y diferentes tipos de referéndum que se basan en el sufragio activo, a decir de la mayor parte de la doctrina. No obstante, en anteriores publicaciones 56 se estima haber demostrado que en una democracia representativa de partidos como la española, la democracia directa no se agota en los institutos de democracia directa sino que debido a la conexión sistemática entre los artículos 6 (“Los partidos políticos (...) son instrumento fundamental para la participación política…”) y 23 (“Los ciudadanos tienen el derecho a participar en los asuntos públicos, directamente o por medio de representantes libremente elegidos en elecciones periódicas…”), la representación directa se extiende a toda la actividad que un militante puede desarrollar en el interior del partido57, buena parte de ella configurada legislativamente como contenido del artículo 23 (se trata de un derecho fundamental de configuración legal58), y entre la que destaca la relativa a su participación directa en la elaboración del programa y en la elección de los candidatos que el partido presentará en las elecciones. En definitiva, el derecho fundamental a la participación política en España englobaría el sufragio activo y pasivo en las elecciones municipales, autonómicas, nacionales y europeas, así como el activo en los distintos 55 Véase mi trabajo (GARCÍA GUERRERO, 1996, p. 143- 149, más sintéticamente p. 171). 56 Concretamente, “Algunas cuestiones sobre la constitucionalización de los partidos políticos” (GARCÍA GUERRERO, 1990, p. 153s); “Democracia representativa de partidos y grupos parlamentarios” (GARCÍA GUERRERO, 1996,
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