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reflexão da participação parental na comunidade escolar

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Instituto Superior de Ciências Educativas 
 Departamento de ciências humanas
 
Curso de Animação Sociocultural
Metodologia da investigação
1º Ano
 
 
 Estudo Etnográfico
 
Docente: Dr.ª Fernanda Carvalho
Discente: Débora Aguilar
 
 
ISCE/Odivelas 
8 de Dezembro
2017
Índice
1-Introdução ------------------------------------------------------------------------------------------------ 3
2-Definição de estudo etnográfico ---------------------------------------------------------------------- 4
3- Métodos e procedimentos ---------------------------------------------------------------------------- 5
4- Conclusão ------------------------------------------------------------------------------------------------ 8
5- Bibliografia ------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
Introdução
O presente texto visa apresentar algumas definições de estudo ou investigação etnográfica em referência aos autores.
Trata-se de um exercício de reflexão sobre o estudo etnográfico, como abordagem de investigação científica no campo da pesquisa social, caraterizando sucintamente o seu processo, bem como os aspetos metodológicos.
Definição de estudo etnográfico
Etnografia – grafia vem do grego graf(o) significa escrever sobre, escrever sobre um tipo particular – um etn(o) ou uma sociedade particular. Literalmente, etnografia significa a descrição de um povo.
Ela surge no final do seculo XIX e início do séc. XX, com a necessidade de investigadores entenderem de forma mais adequada e aprofundada comunidades e grupos sociais. Concluem que apenas o contato real em campo poderia descrever melhor a cultura de um povo.
Um dos estudos mais populares da etnografia intitula-se “Os argonautas do Pacifico Ocidental”, escrito por Bronislaw Malinowkis (1884-1942), Trata-se de uma obra consagrada aos rituais e às práticas sociais dos habitantes das Ilhas Trobriand.
Segundo Ferreira (2011) a etnografia trata-se de um método de investigação cujo o principal instrumento é o próprio investigador. Como tal, torna-se crucial a sua entrada, aceitação e participação nos contextos, nos processos e nas vidas quotidianas dos sujeitos que (com quem) estuda. 
É hábito o investigador assumir um papel ativo nas atividades diárias da comunidade para se envolver na compreensão da cultura.
De acordo com Lopes (2011) a etnografia tem como caraterística enfocar o comportamento social do sujeito no seu cenário quotidiano, confiando em dados qualitativos obtidos a partir de observações e interpretações feitas no contexto da totalidade das interações humanas, assim os resultados da pesquisa são interpretados com referência ao grupo ou cenário, conforme as interações no contexto social e cultural e a partir do olhar dos sujeitos participantes da pesquisa. 
A etnografia também é conhecida como: pesquisa social, observação participante, pesquisa interpretativa, pesquisa analítica, pesquisa hermenêutica. Compreende o estudo, pela observação direta e por um período de tempo, da forma quotidiana de viver de um grupo particular de pessoas. Um grupo de pessoas associadas de alguma maneira ou uma unidade social representativa para estudo, seja ela formada por poucos ou muitos elementos, uma vila, uma escola, são exemplos frequentes de campos de estudo.
As caraterísticas mais distintas da etnografia enquanto método de investigação, não decorrem do fato de envolverem um conjunto específico de técnicas, estratégias e procedimentos (Lopes, 2011), a pesquisa etnográfica não tem em vista a verificação de regularidades mas de singularidades que acontecem na ação quotidiana.
Cabe destacar que através do tato conquistará o respeito e a confiança das pessoas e definitivamente os seus materiais serão mais ricos (Hersokovits ,1963, citado por Lopes, 2011). Nesta modalidade de investigação, a observação, descrição e análise das formas de vida e tradições da população que está sendo estudada, são passos essenciais para a sua compreensão. Por outro lado, julgamento, avaliação e ou configuração das condutas observadas não fazem parte desta metodologia. Consequentemente, o êxito deste tipo de investigação depende em grande parte da sensibilidade do pesquisador diante das situações e da interação que estabelece com o grupo que está em estudo.
É fundamental que o investigador não tenha uma visão/perspetiva cêntrica na hora de avaliar os comportamentos da comunidade, caso contrário, o seu trabalho pode perder credibilidade.
Contudo, os investigadores de hoje nem sempre “observam” ou podem trabalhar com artefactos culturais, como textos escritos ou registos passados de interacções que não observaram directamente.
Métodos e procedimentos
A etnografia como método, tem a finalidade de desvendar a realidade através de uma perspectiva cultura (Herrera, 1988, citado por Lopes, 2011).
O método etnográfico é diferente de outros modos de fazer pesquisa, é concretizado através de uma pesquisa de campo, realizada no local em que as pessoas convivem e socializam; é multifatorial conduzido pelo uso de dois ou mais instrumentos de investigação; é indutivo onde o descritivo de detalhe acumula; e é holístico através do retrato mais completo possível do grupo de estudo.
Segundo Wolcott (1975, citado por Ludke e André) para se verificar se um estudo pode ser chamado etnográfico basta verificar se a pessoa que lê esse estudo consegue interpretar aquilo que ocorre no grupo estudado tão propriamente como se fosse um membro desse grupo.
Os mesmos autores apresentam seis critérios para a utilização da abordagem etnográfica, baseados nos anteriormente propostos por Wolcott, que consistem em normas e raciocínios fundamentais para o procedimento correto num estudo etnográfico.
O primeiro refere-se ao foco de estudo, o problema é redescoberto no campo e assim o investigador deve evitar definições rígidas de hipóteses, pois, ao mergulhar na situação, poderá surgir a necessidade do problema inicial da pesquisa ser revisto.
Outro critério menciona que o investigador deve realizar a maior parte do trabalho no campo, pessoalmente, pois a experiência direta com a situação em estudo permite um contacto pessoal com a realidade estudada.
O terceiro critério alude que o trabalho de campo deve permitir uma longa imersão na realidade para entender as regras, costumes e convenções que governam a vida do grupo estudado.
O critério seguinte indica que o pesquisador deve ter tido uma experiência com outros povos de outras culturas, pois o contraste com outras culturas ajuda a entender melhor o sentido que o grupo estudado atribui às suas experiencias.
A abordagem etnográfica é referida no quinto critério como um processo que combina vários métodos de recolha de dados, sendo que os principais são: observação participante e entrevista. Contudo, além destes métodos, outros instrumentos podem ser usados, tais como os levantamentos, as histórias de vida, análises a documentos, vídeo, fotografias e outros.
O sexto e último critério refere-se á realização do relatório etnográfico. Este apresenta uma grande quantidade de dados primários, que permitem, além de descrições precisas da situação estudada, ilustrar a perspetiva dos participantes, isto é, as suas maneira de ver o mundo e as suas próprias ações. 
Ainda Ludke e André (1986), apontam três etapas para a realização da pesquisa etnográfica: a exploração, que envolve as escolhas de campo e sujeitos, bem como as primeiras observações e aproximações no e com o contexto da investigação; a decisão, que implica nas escolhas dos dados relevantes, das fontes e até dos instrumentos; e a descoberta, que consiste na explicação da realidade e na forma de situar as várias descobertas num contexto mais amplo, holístico.
Na investigação etnográfica, a técnica utilizada consiste, fundamentalmente, na observação participante. É a forma mais utilizada de pesquisaqualitativa, combina simultaneamente a observação de campo com a análise de documentos, com a entrevista como instrumento e com a participação directa do investigador/observador. O investigador mergulha de cabeça no campo, por isso, observará de uma perspectiva de membro do grupo.
A observação participante directa ocorre em consonância com o percurso da investigação tendo um guião de observação ou diário de campo que deverá funcionar como instrumento de registo, onde o investigador após cada dia de observação fará uma leitura cuidadosa com o intuito de estabelecer escolhas, direccionamentos das narrativas e de outros dados, de acordo com os objetivos e questões da pesquisa, sob pena de perder elementos valiosos.
Outros instrumentos de registo tais como, gravador de voz, máquina fotográfica e camera de filmar, também podem ser utilizados no decorrer das observações e das entrevistas para registo de cenas/situações relativas ao quotidiano da pesquisa. 
Contudo, segundo Malinowkis (1922) neste tipo de trabalho, é ainda aconselhável que, de vez em quanto, o investigador ponha de lado a máquina fotográfica, o bloco de notas e o lápis e intervenha no que se está a passar.
Conclusão
Realizar um estudo investigativo envolve, além da ansiedade de querer estar no campo, escolhas, renúncias, opções teóricas e metodológicas. Nessa ânsia de fazer da teoria à pratica, encontramos a etnografia. A opção por um estudo etnográfico, dá-se por visualizar nesta vertente metodológica da investigação o rumo para as possibilidades de conhecimento do objeto de pesquisa. 
Estudos etnográficos como os do Fernando Ferreira (2011) “Estudos etnográficos: exemplos e potencialidades no campo da animação sociocultural “ ou “ Os argonautas do Pacifico Ocidental”, Malinowski (1884 – 1942) inspiraram o desenvolvimento de pesquisas que passaram a buscar a compreensão da sociedade sob o ponto de vista das pessoas que nela vivem. Assim, não é suficiente fazer perguntas, é necessário observar o que as pessoas fazem, as ferramentas que utilizam no seu fazer diário e como se relacionam entre si. Então, o ir, o ver e o viver com os nativos foram o marco inicial do surgimento da antropologia científica . 
Dois pilares caracterizam o método etnográfico: a interação prolongada entre o investigador e o sujeito da pesquisa e a interação quotidiana do investigador no universo do sujeito. Assim, investigação envolve observação densa, criteriosa, detalhada tendo como foco a fala e a interpretação dos sujeitos participantes da investigação e, envolvendo uma visão holística de todo o entorno sócio-cultural na qual os sujeitos e suas acções abranjam.
Neste sentido, o estudo etnográfico busca compreender os significados atribuídos pelos 
próprios sujeitos ao seu contexto, a sua cultura.
A pesquisa etnográfica utiliza técnicas voltadas para a descrição densa do contexto estudado. A observação participante tornou-se a principal técnica para atingir esses objectivos. A investigação é feita de dentro, é vivida junto aos sujeitos. O guião de observação é um instrumento exato na construção dos registos da observação participante.
Segundo Carmo e Ferreira (2008) os estudos etnográficos quando bem conduzidos permitem uma compreensão da cultura de uma dada organização, de forma que talvez nenhum outro estudo permita.
Mais do que um estudo sobre pessoas, a etnografia significa “aprendendo com as pessoas”.
Bibliografia
Carmo,H & Ferreira,M (2008). Metodologia da Investigação: guia para a auto aprendizagem( 2ª edição). Acedido em htt
Ferreira, F (2011). Estudos etnográficos: exemplos e potencialidades no campo da animação sociocultural. Acedido em htt
Lopes,M (2011) .Metodologias de investigação em animação socio cultural. Chaves: Intervenção.
Ludke,M &Andre, M (1986). A pesquisa em educação: abordagens qualitativas. Acedido em htt.
Malinowkis, B (1922). Os argonautas do Pacifico Ocidental. Acedido em htt

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