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UNIVERSIDADE PARANAENSE CURSO DE QUÍMICA INDUSTRIAL ANDERSON EDUARDO DA SILVA RICARDO RODRIGO DOS SANTOS TRATAMENTO DE MADEIRAS POR OSMOPRESSURIZAÇÃO NA EMPRESA PETRAS AGROINDÚSTRIA Umuarama 2017 ANDERSON EDUARDO DA SILVA RICARDO RODRIGO DOS SANTOS TRATAMENTO DE MADEIRAS POR OSMOSPRESSURIZAÇÃO NA EMPRESA PETRAS AGROINDÚSTRIA Trabalho de Conclusão de Curso Apresentado à Banca Examinadora do Curso de Química Industrial, da Universidade Paranaense - UNIPAR, sob a orientação do Professor José Gaspar Ferrarezi, como Exigência Parcial para a Obtenção do Grau de Bacharel em Química Industrial. Umuarama, novembro de 2017. Dedicatória Dedicamos este trabalho, principalmente a todos os professores que diretamente fizeram parte nesta arda caminhada, que nos instruíram com o seu vasto conhecimento. E também não podemos nos esquecer de nossos familiares, pais e irmãos que nos apoiaram em todos os momentos de nossas vidas. Agradecimentos Primeiramente a Deus que com um simples e singelo sopro nos deu o dom da vida. Aos nossos familiares e amigos que sempre nos apoiaram e há todos aqueles que nunca duvidaram de nossa capacidade. Aos colegas e professores que aos poucos se tornaram família, dividindo os bons e os maus momentos enquanto estávamos em busca do mesmo sonho profissional. Enfim, para todos aqueles que diretamente ou indiretamente fizeram parte de nossa pequena odisseia, nos ajudando em cada período deste curso. O nosso eterno obrigado!!! Epígrafe "A mente que se abre a uma nova ideia, jamais volta ao seu tamanho original." (Albert Einstein) TRATAMENTO DE MADEIRAS POR OSMOSPRESSURIZAÇÃO NA EMPRESA PETRAS AGROINDÚSTRIA Anderson Eduardo da Silva¹; Ricardo Rodrigo dos Santos¹ José Gaspar Ferrarezi² 1Discente do curso de Química Industrial – UNIPAR 2Docente do curso de Química Industrial - UNIPAR RESUMO: Desde os primórdios da história da origem da civilização, houve-se indícios de que a madeira foi um material fundamental para a existência do ser humano, e vem sendo utilizados até nos dias de hoje, para a fabricação de habitações, construções civis, mobiliários, embalagens e em outras diversas finalidades dependendo dos setores que forem empregadas. O primeiro tratamento brasileiro com postes de eucaliptos foi realizado no ano de 1935, na cidade de Rio Claro do estado de São Paulo, para o tratamento utilizavam-se o processo banho quente-frio com creosoto. O principal objetivo deste trabalho é o tratamento de madeiras de eucalipto pela fixação do preservativo osmose K 33-C (CCA), solução composta por Arseniato de Cobre Cromatado aplicada a um processo a vácuo em um aparelho de autoclave. A aplicabilidade do tratamento pode variar de acordo com as propriedades químicas da madeira de eucalipto, entre outros vários fatores que possam vir a decorrer ao longo do seu desenvolvimento. Palavras-chave: Madeira. Tratamento. Petras. Osmose K 33 - C. CCA. TREATMENT OF WOODS BY OSMOOSURURIZATION IN THE PETRAS AGROINDÚSTRIA COMPANY ABSTRACT: From the beginning of the history of the origin of the civilization, there was evidence that wood was a fundamental material for the existence of the human being, and has been used until today, for the manufacture housing, civil constructions, furniture, packaging and in other diverse purposes depending on the sectors that are employed. The first Brazilian treatment with eucalyptus poles was carried out in 1935, in the city of Rio Claro in the state of São Paulo, Brazil, for the treatment of the hot- cold bath with creosote. The main objective of this work is the treatment of eucalyptus wood by the fixation of the preservative osmose K 33-C (CCA), a solution composed of arsenate of chromated copper applied to a vacuum process in an autoclave apparatus. The applicability of the treatment may vary according to the chemical properties of eucalyptus wood, among other factors that may occur during its development. Key words: Wood. Treatment. Petras. Osmose K33-C. CCA. INTRODUÇÃO Desde os primórdios da história da origem da civilização, houveram-se indícios de que a madeira foi um material fundamental para a existência do ser humano, e vem sendo utilizados até nos dias de hoje para a fabricação de habitações, construções civis, mobiliários, embalagens e em outras diversas finalidades dependendo dos setores que forem empregadas. Segundo Embrapa (2012), as árvores dos gêneros eucaliptos (Eucalyptus), são nativas de alguns países da Oceania constituídas por mais de 700 espécies, e são consideradas como sendo a espécie florestal mais cultivada no país Brasileiro, estendendo-se por mais de 4,5 milhões de hectares. O eucalipto foi implantado no país, no ano de 1904, cuja finalidade era suprir as necessidades e construções impostas durante a época, sendo utilizadas para se fazer lenha, postes e dormentes das estradas de ferro. O primeiro tratamento brasileiro com postes de eucaliptos foi realizado no ano de 1935, na cidade de Rio Claro do estado de São Paulo, para o tratamento utilizava- se o processo banho quente-frio com creosoto. Na década de 1950, o eucalipto começou a ser utilizado como matéria-prima onde foi introduzida no abastecimento de fábricas de papel e celulose. É uma árvore que possui uma rápida velocidade de crescimento e uma adaptação versátil para mudanças climáticas. A Associação Brasileira dos Preservadores de Madeira (ABPM), originou-se no ano de 1969, sua fundação foi impactante e aumentou o interesse na preservação de madeiras (ABPM, art.1, 2006). Em 1972 foram publicadas as normativas regulamentadoras correspondentes a produção de madeiras tratadas com preservantes (ABPM, art.1, 2006). As normas técnicas aplicadas referem-se à qualidade do tratamento e dos produtos utilizados, fazendo com que a durabilidade e qualidade final da madeira tratada atingisse um padrão que garantiu a plena expansão da sua utilização em construção, paisagismo, áreas rurais entres outros (ABPM, art.1, 2006). O objetivo deste trabalho consiste em descrever os processos de tratamento de madeira de eucalipto por osmopressurização com a utilização de preservativos hidrossolúveis. PETRAS AGROINDÚSTRIA Segundo Grupo Petras (2017), a empresa foi iniciada no ano de 2000, a empresa petras agroindústria instalou-se nas proximidades da cidade de Ivaté, tendo como principal objetivo o tratamento de madeiras de eucalipto pela fixação do preservativo osmose K 33-C (CCA), solução composta por Arseniato de Cobre Cromatado aplicada a um processo a vácuo em um aparelho de autoclave. A Petras Madeiras Tratadas, hoje denominada Petras Agroindústria, produzem a maioria dos eucaliptos aqui tratados e auxiliam com a prestação de serviços de tratamentos em autoclave aos seus clientes (GRUPO PETRAS, 2017). A empresa foi iniciada com a finalidade de aplicar a silvicultura, possui vários estágios, que vão desde a criação do viveiro até a formação completa das florestas, industrialização e comercialização dos seus produtos (GRUPO PETRAS, 2017). Viveiro de mudas É ponto inicial onde tudo começa, aqui são preparadas as mudas para o plantiode eucaliptos para serem levados até aos campos de lavoura. Segundo Moura e Guimarães (2003, p. 5-7), no viveiro se faz a preparação das mudas e para isso utilizam solo com certas especificações, pois, serão coletados retirando pelo menos 5 cm da superfície, utilizando-se apenas o subsolo, de modo a evitar contaminantes como a proliferação de fungos e pragas. As especificações são a adubação e fertilização do solo consiste na adição de 5 kg de corretivos naturais, que correspondem a seguinte formulação N-P-K 4–14–8, mais precisamente fornecerá à terra, 4% de nitrogênio, 14% de fósforo e 8% de potássio para cada m³ de solo, o que é equivalente a 100 g do adubo para cada lata de 20 litros ou 300 g para cada carrinho de terra (MOURA, GUIMARÃES, 2003, p. 5-7). Para a preparação dos recipientes a serem colocados as sementes para germinação utilizam sacos plásticos ou tubetes com uma proporção de 6 cm de diâmetro por 12 cm de altura tendo pequenas perfurações na parte inferior (MOURA, GUIMARÃES, 2003, p. 5-7). Adiciona-se o solo tratado e o irriga com água antes da introdução da semente, e depois do período de germinação até atingir o tamanho ideal de plantio, que leva em torno 3 a 4 meses e nesse meio tempo deve-se ser feito todo um cuidado como: O raleio, a adubação de cobertura, re-encanteiramento selecionando-as por tamanho e por fim o endurecimento adaptando-a para as áreas mais secas (GRUPO PETRAS, 2017). Plantio Para se fazer a inserção da planta ao solo algumas medidas fundamentais de silvicultura devem ser colocadas em prática como, por exemplo, o período adequado de plantação, geralmente iniciados entre os climas da primavera ao início do verão dependo da espécie escolhida a ser plantada podendo ter algumas variações de época. A qualidade do solo é um fator essencial para a formação das lavouras, por esse motivo sem tem a execução dos tratos culturais cujos objetivos são a adubação e fertilização. Colheita Geralmente se faz a colheita quando a planta atingir o sexto ou sétimo ano de cultivo, podendo-se ser feita de forma mecanizada, semi-mecanizada ou manual dependendo da topografia da região. A madeira após cortada é descascada em um descascador mecânico e transportadas por meios caminhões de médio ou grande porte até as centrais da UPM (Usina de Preservação de Madeiras), para serem processadas (GRUPO PETRAS, 2017). Características do eucalipto utilizado na Petras O Eucalyptus Citriodora é uma árvore que pode atingir grande porte em um curto período de tempo, algumas espécies quando já adultas podem chegar a medir de 15 a 30 m de altura (GRUPO PETRAS, 2017). Seu tronco tem em sua superfície uma casca lisa de cores rosadas, brancas ou acinzentadas, quando tratado possui grande aplicabilidade, utilizados como mourões, esteios, postes estruturais e construções civis. 1.1.1.1.2 Composição química da madeira Segundo Andrade et al., (2005, p. 20-47), a composição formada se dá pela combinação química entre a água retirada do solo pelas raízes e o gás carbônico retidos pelas folhas expostas sobre a ação de raios solares que assim formam o processo de fotossíntese. O Carboidrato é o elemento básico constituinte para a formação de açúcares responsáveis pela estrutura molecular da árvore. As propriedades químicas da madeira do eucalipto podem variar relativamente, dependendo da localização, plantação, formação, período da colheita (extrativismo), ou a espécie em questão, entre outros fatores que possam decorrer ao longo do seu desenvolvimento. Segundo Gonzaga (2006, p.31), os elementos estruturais, subestruturais e acidentais que fazem parte de sua composição são: Celulose: É um polímero constituído por centenas de glicoses que formam cadeias estáveis. “Em uma cadeia de celulose pode ser encontrado até 10.000 elementos” (GONZAGA, 2006, p. 31). É o principal componente encontrado em madeiras, os eucaliptos relativamente podem apresentar valores elevados, na ordem de 50-55%, mais podem variar entre 40 a 60%. Hemiceluloses: também são chamadas de polioses está ligada a parede celular da celulose, e nos eucaliptos apresentam valores entre 16 e 24%. O conjunto da celulose e das hemiceluloses compõe o conteúdo total de polissacarídeos contidos na madeira e é denominado holocelulose (ZOBEL, VAN BUIJTENEN, 1989, p. 363 apud AMARAL, 2012, p. 20). Lignina: É um composto fenólico de alta densidade, formados pelos mesmos elementos químicos da celulose, sua função é dar resistência e dureza a madeira. Extrativos: Matérias orgânicas ou substâncias encontradas na madeira que podem ser extraídos, são responsáveis por diversas características da madeira. Cinzas: Determinação da parte inorgânica sumariamente obtida, geralmente correspondem de 0,1 a 1% da massa seca das madeiras. Conforme a figura 1 abaixo os principais aspectos físicos no interior do tronco do eucalipto são a casca, floema, câmbio, alburno (borne) e cerne (ZOBEL, VAN BUIJTENEN, 1989, p. 363 apud AMARAL, 2012, p. 20). Figura 1 - Interior de um tronco de árvore. Fonte: Montana Química 2008. UPM Denomina-se de UPM, a unidade industrial responsável pela preservação de madeiras cujo principal objetivo é prolongar a sua durabilidade com o uso de tratamentos pela utilização de produtos químicos (GRUPO PETRAS, 2017). Secagem ao ar Segundo Grupo Petras (2017), após descascada, a madeira de eucalipto necessita em passar por uma secagem até atingir a umidade ideal de 30% para ser iniciado a aplicação dos preservativos. São montados estaleiros a 40 cm do solo empilhando as peças de madeira variando de acordo com as suas dimensões. O tempo de secagem dependendo da estrutura da madeira leva em torno de 40 a 60 dias para se obter um material dentro dos padrões (GRUPO PETRAS, 2017). Equipamentos Segundo Grupo Petras (2017), a UPM é composta por equipamentos especializados para a fixação dos preservativos que estão sendo apresentados na figura 2, que são: Vagonetas: Transportador transversal que contém 10,5 metros de comprimento, cuja finalidade se resume ao transporte da madeira até ao autoclave. Autoclave: Aparelho de formato cilíndrico utilizado para se fazer o processo de tratamento de madeiras com soluções preservativas. Três bombas: Onde a primeira do lado esquerdo é responsável pelo vácuo inicial de -650 mmHg, ou seja, a pressão negativa. A segunda faz o retorno com término da pressão retornando a sobras da solução utilizada no processo para uma caixa que eventualmente voltará a ser utilizada ou descartada dependendo da situação. A última é responsável por fazer a pressão positiva no autoclave aplicando 12 kgf/cm². Drum Flusher: Aparelho de diluição constituídos por válvulas e tubos utilizados para dissolver a solução de CCA em água fazendo concentrações menores. Três tanques: O primeiro possui uma capacidade 5.051 litros, é utilizado para trabalhar com uma concentração de 2% do preservativo mais pode sofrer alterações dependendo da madeira a ser tratada, o segundo tanque é utilizado para trabalhar com concentrações de 4% e o terceiro tem como responsabilidade resfriar a bomba de vácuo que não pode trabalhar a seco. Manômetros: o primeiro mede a pressão positiva (trabalha com 12 kgf/cm²), e a segunda faz a leitura da bomba de vácuo para que trabalhe com uma pressão negativa de -650 mmHg (GRUPO PETRAS, 2017). Figura 2 – Equipamentos utilizados na Petras Agroindústria. Fonte: Petras (2017). Procedimento operacional Bethell Inicialmente as madeirasnão tratadas são conduzidas para o autoclave por um transportador transversal denominado de vagonetas, quando dentro do cilindro de tratamento a porta é fechada e selada para se fazer o processo de fixação dos preservativos (GRUPO PETRAS, 2017). Um sistema de controle computadorizado dá início ao processo de tratamento por vácuo-pressão. Koopers (2012), descreve que o processo de tratamento começa quando uma bomba aplica uma pressão negativa de 650 mmHg por 30 minutos removendo todo ar presente no interior das células da madeira e do cilindro gerando vácuo inicial. Quando a etapa de vácuo termina inicia-se a transferência da solução de tratamento contida no tanque de armazenamento para o cilindro. A solução é composta de preservativos diluídos em água que são projetados para ajudar a proteger a madeira contra apodrecimentos, ataques de cupins e fungos. Uma vez que o cilindro esteja completamente cheio com a solução preservativa será pressurizada com 12 kgf/cm², esse método é conhecido como processo de célula cheia e leva cerca de 90 a 120 minutos. O aumento da pressão no cilindro força a entrada da solução de tratamento para o interior das células da madeira até ela atingir o ponto de saturação. Quando o ciclo de pressão estiver completo a próxima etapa é transferir a solução excedente de volta para o tanque de armazenamento. Na etapa final do ciclo de tratamento por vácuo (pressão), aplica-se um vácuo final por 10 a 20 minutos para enxugar a madeira, evitando assim que saia do autoclave respingando solução pelo pátio, uma vez terminado à porta do cilindro é aberta e a madeira tratada é retirada para secagem (KOPPERS, 2012). O processo descrito acima pode ser observado pela figura 3, que ilustra as etapas do processo de tratamento. Figura 3 - Processo ilustrativo de Osmopressurização. Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=PcmVtesUQEE Características da madeira pós-tratamento A madeira tratada após seca não transmite cheiro, sua aparência é uma coloração esverdeada visivelmente limpa e não possui oleosidade, aceita acabamentos tradicionais quando comparados a madeiras sem tratamentos (WILKINSON, 1979. p. 532). Osmose K - 33 C (CCA) Segundo Galvão, Magalhães e Mattos (2004, p. 17), os preservativos hidrossolúveis são formados pela presença de vários sais que quando diluídos tornam-se soluções aquosas que ao penetrar na madeira, reagem com a lignina, produzindo compostos insolúveis, que dificilmente serão lixiviados, isto é, arrastados pelas águas ou umidade do solo. Figura 4 – Estrutura molecular do arseniato de cobre cromatado. Fonte: https://pubchem.ncbi.nlm.nih.gov A madeira osmopressurizada é tratada com soluções de CCA, preservativo que possui uma ampla utilização em todo o mundo sendo classificado pelas formulações, A, B e C. Tabela I - Formulações do preservativo hidrossolúvel expressa em (%). Tipos de CCA Ingredientes Ativos A B C CrO3 65,5 % 35,3% 47,5% CuO 18,1% 19,6% 18,5% As2O5 16,4% 45,1% 34,0% Fonte: (SALES et al., 2003). O tipo C é o mais utilizado, pois, apresenta melhores resultados quando comparados a sua resistência sendo os mais indicados para processos industriais sob pressão e a frio. Reação da solução quando em contato com a madeira Quando aplicado o preservativo à madeira os seus principais componentes reagem com os carboidratos, lignina e extrativos, tornando-se insolúvel. Segundo Sales et al., (2003), os aspectos cinéticos das reações químicas que levam à fixação dos sais na madeira foram estudados por Pizzi et al., (1984 p. 22), e descreve que as reações instantâneas iniciais do CCA com a madeira resultam num rápido decréscimo de pH, cuja magnitude depende da concentração da solução de tratamento. Essa queda é atribuída à fixação do cobre por troca iônica com liberação de prótons. Após esse decréscimo inicial momentâneo, o pH aumenta gradativamente à medida que as reações de fixação progridem. Este acréscimo é atribuído à formação dos complexos lignina-ácido crômico e lignina-cromato de cobre, e também a redução do cromo. Sales et al., (2003), diz que o cromo forma compostos com a madeira na forma hexavalente e trivalente formando complexos com a lignina e com unidades guaiacil, e quando reduzido para a forma trivalente reagindo com o As formando CrAsO₄-. As reações de fixação são rápidas iniciam logo após o tratamento, primeiramente aos três minutos iniciais se tem a reação do cobre fixado a madeira fazendo com que haja reações de trocas iônicas entre ácido acético com o óxido cúprico formando o acetado de cobre insolúvel em água. Além das reações de fixação há outras denominadas de fixação primária que consistem em reações de oxi-redução entre os compostos do cromo (oxidante), com compostos redutores presentes na madeira. Estas reações decompõem o aníon cromato (Cr O₄--), ocasionando a redução do cromo para cátion, cromo trivalente (Cr+++), fazendo com que reaja com o arsênio e o cromato remanescente, formando arseniato e cromato insolúveis (PIZZI, 1982, p. 739-764). O Cromo é considerado o principal responsável pela fixação do arsênio e do cobre, e após as reações de fixação atuam na forma de inseticidas e fungicidas, quando aderido à parede celular da madeira. Geralmente ao término dessas reações em condição de temperatura ambiente levam em torno de 3 a 15 dias para que a madeira tratada possa ser utilizada, mais podem variar retardando ou aceleram o período de fixação conforme a temperatura (PIZZI, 1982, p. 739-764). O diagrama das principais reações de precipitações e fixação estão descritos na figura 5. Figura 5 - Diagrama esquemático da fixação do CCA na madeira. Fonte: Freitas (2002). ANALÍSES DE CONTROLE DE QUALIDADE A resistência do eucalipto tratado contra os agentes biológicos e deterioração é determinada pela concentração dos preservantes contidos na madeira, sendo definidos em dois aspectos importantes, o nível de penetração e retenção (FREITAS, 2002 apud MAZELA, 2000). Após os eucaliptos serem tratados e prontos para serem utilizados, amostras são removidas para fazer a averiguação adequadamente da penetração e retenção dos preservativos presente em seu meio (MAZELA, 2000). MATERIAIS E MÉTODOS Amostragem Ao fim do tratamento algumas peças são selecionadas para serem cortadas, as bases são lixadas com objetivo de analisar o nível de penetração do preservativo. Já para análise de retenção foram coletadas baguetas dos lotes 5721 até 5742 referentes ao mês de julho, e enviados em sacos plásticos para os laboratórios de árvores, madeiras e móveis do instituto de pesquisas tecnológicas (IPT), localizado na cidade de Joinville do Estado de Santa Catarina (GRUPO PETRAS, 2017). Análise de penetração A metodologia desta análise é feita pelo método “colorimétrico” conforme a NBR – 6232 (ABNT, 2013), utilizando-se para o procedimento a solução Cromo- azurol-S como indicador. Para o preparo desta solução dissolve-se em 800 ml de água destilada cerca de 5 g de Cromo-azurol-S com mais 50 g de acetato de sódio, diluindo-as até atingir um total de 1000 ml. Análise de retenção A análise de retenção visa determinar a quantidade em porcentagens do Cu, Cr e As, presente nas amostras da madeira de eucalipto. Para se fazer as análises utilizaram-se o aparelho Espectrofotômetro de Absorção Atômica, da marca Perkin Elmer - AAnalist 400, cuja metodologia segue a NBR 6232 (ABNT, 2013), norma brasileira baseada na norma AWPA A11-93, quepermitiu fazer a verificação de retenção e profundidade do preservativo presente desde a parte do alburno até ao cerne, pelas especificações da NBR 16202 (ABNT, 2013), está entre a região de 1 a 3 cm, seguindo em direção radial. Utilizam-se cerca de 0,2 g de amostra de ácido nítrico concentrado (HNO₃ 14 mols/L), para se fazer a digestão das amostras a serem colocadas para a leitura no aparelho. As análises feitas em laboratórios seguem o padrão de limite de balanceamento estabelecidos pela NBR 16202 (ABNT, 2013), padrão que para o produto preservativo CCA tipo C, correspondem aos dados da tabela a seguir: Tabela II - Limites de balanceamento Elemento Químico Mínimo (%) Máximo (%) CuO 17 21 CrO3 44,5 50,5 As2O5 30 38 Fonte: NBR 16202 (ABNT, 2013). RESULTADOS DAS ANÁLISES Resultados de penetração A solução de Cromo-azurol-S quando aplicada a madeira forma complexações, isto é, reage com os preservativos, unindo-se especialmente ao cobre, formando uma coloração azulada, o que indica a sua presença. Pode-se verificar visivelmente a ausência de cobre na madeira, quando a mesma apresentar uma coloração rosada, identificando onde não foi efetiva a penetração. A figura 6 fundamenta a análise colorimétrico onde se pode observar que o cobre foi identificado na região do alburno e não chegou atingir totalmente até o cerne mostrando-se ser uma penetração parcial periférica. Figura 6 - Análise colorimétrico - Corte transversal madeira de eucalipto. Fonte: Vivian et al., (2012). Figura 7 - Análise colorimétrico - Corte transversal madeira de eucalipto. Fonte: Freitas (2012). A figura 7 apresenta amostras de total penetração dos preservativos e também uma amostra de penetração parcial irregular. Resultados de Retenção As amostras que foram enviadas ao instituto de pesquisas tecnológicos foram analisadas e os resultados obtidos foram convertidos de massa para porcentagem e enviados a empresa, tais valores estão descritos na tabela III. Tabela III - Resultados obtidos por Espectrofotometria de absorção atômica, convertidos em porcentagem. Ingredientes Ativos (% em massa) Lotes das amostras coletadas %CuO %CrO3 %AS2O5 5721 17,2 45,2 37,6 5722 17,5 45,1 37,4 5723 17,8 44,7 37,5 5724 18 44,5 37,5 5725 18,3 45,5 36,2 5726 17,1 45 37,9 5727 17,5 44,5 38 5728 18,9 44,6 36,5 5729 17,6 45,1 37,3 5730 17,5 46 36,5 5731 17,2 45,3 37,5 5732 17,2 46,6 36,2 5733 18,7 44,6 36,7 5734 18 45,9 36,1 5735 17,5 45,6 36,9 5736 17 44,7 38,3 5737 17,9 44,9 37,2 5738 17,4 44,7 37,9 5739 17,8 46,6 35,6 5740 18,9 46,6 34,5 5741 19,1 47,1 33,8 5742 19,5 48,8 31,7 Média 17,89 45,53 36,58 Fonte: Dados IPT (2017). Os gráficos abaixo comparam os resultados encontrados entre os valores da tabela III com os limites de balanceamentos da tabela II, que estão estabelecidos pela NBR 16202. Gráfico 1 - Análise de Retenção para a identificação de %CuO. Fonte: Dados (IPT, 2017). Gráfico 2 - Análise de Retenção para a identificação de CrO3. Fonte: Dados IPT (2017). 17,20 17,50 17,80 18,00 18,30 17,10 17,50 18,90 17,60 17,50 17,20 17,20 18,7 18,00 17,50 17,00 17,90 17,4 17,8 18,9 19,1 19,5 y = 0,0468x - 250,08 R² = 0,1803 16,00 16,50 17,00 17,50 18,00 18,50 19,00 19,50 20,00 20,50 21,00 5721 5726 5731 5736 5741 5746 Li m it e d e b al an ce am e n to % Amostras em lotes Óxido de cobre 45,2 45,1 44,7 44,5 45,5 45 44,5 44,6 45,1 46 45,3 46,6 44,6 45,9 45,6 44,7 44,9 44,7 46,6 46,6 47,1 48,8 y = 0,0993x - 523,42 R² = 0,3623 43 44 45 46 47 48 49 50 5721 5726 5731 5736 5741 5746 Li m it e d e b al an ce am e n to % Amostras em lotes Trióxido de cromo Gráfico 3 - Análise de Retenção para a identificação de As2O5. Fonte: Dados IPT (2017). Para as análises de retenção os valores encontrados mostram-se favoráveis quando comparados aos dados dos limites de balanceamento ao não ser pelas amostras do lote 5736 que apresentou uma pequena elevação de 0,3% para o composto Pentóxido de arsênio (As2O5). CONCLUSÃO A preservação da madeira de eucalipto se faz necessário para prolongar a sua vida útil, impedindo e evitando a sua decomposição e deterioração quando expostos a agentes físicos, químicos ou biológicos. As análises feitas nas amostras dos eucaliptos tratados com o uso do preservativo CCA apresentaram resultados de penetração e retenção satisfatório quando comparados ao padrão adotado pela ABPM (Estatuto social da associação brasileira de preservadores de madeira), resultando em uma madeira de alta qualidade. 37,637,4 37,5 37,5 36,2 37,9 38 36,5 37,3 36,5 37,5 36,2 36,7 36,1 36,9 38,3 37,2 37,9 35,6 34,5 33,8 31,7 y = -0,146x + 873,49 R² = 0,3695 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 5721 5726 5731 5736 5741 5746 Li m it e d e b al an ce am e n to % Amostras em lotes Pentóxido de arsênio REFERÊNCIAS ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMASTÉCNICAS. NBR 6232: Penetração e retenção de preservativos em madeira tratada sob pressão. Rio de Janeiro, 2013. p. 20. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 16202: Postes de eucalipto preservado para redes de distribuição. Rio de Janeiro, 2013. p .65. ABPM. ESTATUTO SOCIAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRESERVADORES DE MADEIRA. CAPÍTULO I - Art.1. São Paulo; n. 1, fev. 2006. p. 1-14. Disponível em: <http://www.abpm.com.br/static/site/pdf/estatuto.pdf>. Acesso em: 4 out. 2017. AMARAL, L. S. PENETRAÇÃO E RETENÇÃO DO PRESERVANTE EM Eucalyptus COM DIFERENTES DIÂMETROS. 82 f. Trabalho de conclusão de curso (Graduação em Ciência e Tecnologia da Madeira) -UFLA, Lavras, 2012. ANDRADE, A. L.; et al. QUÍMICA DA MADEIRA. 2005. 81 f. Monografia (Especialização em CIÊNCIAS AGRÁRIAS) -DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA E TECNOLOGIA FLORESTAL, Curitiba, 2005. Disponível em: <http://marioloureiro.net/ciencia/biomass/quimicadamadeira.pdf>. Acesso em: 12 out. 2017. EMBRAPA. Pesquisas da Embrapa Rondônia revelam potencial do estado para a eucaliptocultura. 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