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PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 1 OAB 2ª FASE PROCESSO PENAL PROF. NIDAL AHMAD PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 2 ÍNDICE CAPÍTULO I - PRISÃO PROCESSUAL ............................................................................................ 4 1) CONSIDERAÇÕES GERAIS ............................................................................................................. 4 2) PRISÃO EM FLAGRANTE: Relaxamento de prisão/liberdade provisória ............................................. 5 3) PRISÃO PREVENTIVA: Revogação da prisão preventiva ................................................................ 27 4) PRISÃO TEMPORÁRIA (Lei n. 7960/89): Revogação da prisão temporária ...................................... 45 CAPÍTULO II - PROCEDIMENTOS ............................................................................................... 54 CAPÍTULO III – QUEIXA-CRIME E QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA .......................................... 57 1) QUEIXA-CRIME ........................................................................................................................... 57 2) QUEIXA-CRIME SUBSIDIÁRIA ...................................................................................................... 63 CAPÍTULO IV - COMPETÊNCIA ................................................................................................... 67 CAPÍTULO V - FASE JUDICIAL: PROCEDIMENTO COMUM ........................................................ 82 1) DA DENÚNCIA E REJEIÇÃO DA DENÚNCIA ................................................................................. 82 2) CITAÇÃO .................................................................................................................................. 85 3) RESPOSTA À ACUSAÇÃO .......................................................................................................... 87 4) AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO...................................................................................................... 102 5) MEMORIAIS ............................................................................................................................. 103 6) EMENDATIO LIBELLI E MUTATIO LIBELLI – PRINCÍPIO DA CORRELAÇÃO E PRINCÍPIO DA CONSUBSTANCIAÇÃO .............................................................................................................. 117 CAPÍTULO VI - PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI – 1ª FASE ...................................... 124 3) RESPOSTA À ACUSAÇÃO NO PROCEDIMENTO DO TRIBUNAL DO JÚRI ......................................... 126 4) MEMORIAIS DO JÚRI ................................................................................................................. 129 CAPÍTULO VII - RECURSOS ....................................................................................................... 137 1) RECURSO EM SENTIDO ESTRITO .............................................................................................. 137 2) CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO ............................................................. 158 3) APELAÇÃO CONTRA SENTENÇA PROFERIDA POR JUIZ SINGULAR ............................................. 161 4) APELAÇÃO DAS DECISÕES DO JÚRI .......................................................................................... 179 5) CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO .............................................................................................. 188 REFORMATIO IN PEJUS .................................................................................................................. 192 7) EMBARGOS INFRINGENTES E DE NULIDADE ............................................................................. 195 8) EMBARGOS DE DECLARAÇÃO ................................................................................................... 201 9) AGRAVO EM EXECUÇÃO ........................................................................................................... 206 10) CONTRARRAZÕES DE AGRAVO EM EXECUÇÃO .......................................................................... 217 11) CARTA TESTEMUNHÁVEL ......................................................................................................... 220 CAPÍTULO VIII - HABEAS CORPUS E RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL .................. 225 1) HABEAS CORPUS ..................................................................................................................... 225 2) RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL ................................................................................. 233 CAPÍTULO IX - REVISÃO CRIMINAL ......................................................................................... 238 CAPÍTULO X - RECURSO ESPECIAL E EXTRAORDINÁRIO ....................................................... 243 1) RECURSO ESPECIAL ................................................................................................................. 243 2) RECURSO EXTRAORDINÁRIO.................................................................................................... 251 CAPÍTULO XI - EXERCITANDO PEÇAS ....................................................................................... 256 PADRÃO DE RESPOSTAS - Questões e Exercitando Peças .................................................... 282 PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 3 PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 4 CAPÍTULO I – PRISÃO PROCESSUAL 1) Considerações gerais A prisão processual ocorre por força da necessidade de segregação cautelar do acusado da prática de um delito durante as investigações ou no curso da ação penal nas hipóteses previstas na legislação processual penal. É aquela que ocorre antes do trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Não visa a punição do agente, mas de impedir que volte a praticar novos delitos ou que adote conduta voltada a influenciar na instrução criminal ou na aplicação da sanção decorrente da prática delituosa. Nos termos do artigo 283 do CPP, três são as espécies de prisão provisória: prisão em flagrante (art. 301 a 310 CPP), preventiva (art. 311 a 316 CPP) e temporária (Lei 7.960/89). PRISÃO EM FLAGRANTE – artigo 301/310 do CPP PRISÃO PREVENTIVA – artigo 311/316 do CPP PRISÃO TEMPORÁRIA – Lei 7.960/89 ESPÉCIES DE PRISÃO PROVISÓRIA Obrigatório mandado (Se não houver, a prisão será ilegal, e deve ser relaxada) 01 PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 5 2) PRISÃO EM FLAGRANTE: Relaxamento de prisão e liberdade provisória 2.1) CONCEITO Trata-se de medida restritiva de liberdade, de natureza cautelar e processual, consistente na prisão, independente de ordem escrita do juiz competente, de quem é surpreendido cometendo, ou logo após ter cometido, um crime. A Lei nº 12.403/2011 introduziu o artigo 310, inciso II, do CPP, suprimindo a possibilidade de a prisão em flagrante prender por si só, na medida em que, se presentes os requisitos do artigo 312 do CPP e inadequada ou insuficiente a aplicação das medidas cautelares diversas da prisão, o juiz deverá converter a prisão em flagrante em prisão preventiva. Logo, forçoso concluir que a prisão em flagrante passou a assumir natureza precautelar, com duração limitada até a adoção pelo juiz de uma das providências do artigo310 do CPP (relaxar a prisão em flagrante, convertê-la em prisão preventiva ou conceder a liberdade provisória). 2.2) ESPÉCIES DE FLAGRANTE – Art. 302 CPP a) Flagrante próprio – Art. 302, I e II, CPP Trata-se de prisão efetivada no momento em que o sujeito está praticando uma infração penal, ou quando acabou de cometê-la. ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE PRÓPRIO Art. 302, inciso III, do CPP. Ver art. 290, CPP. Art. 302, inciso I, do CPP. Art. 302, inciso II, do CPP. Preso praticando o delito ou quando acabou de cometê-lo Perseguição ININTERRUPTA IMPRÓPRIO Encontrado – Art. 302, IV, CPP PRESUMIDO a) ) b) ) c) ) PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 6 Ocorre, pois, quando o agente ainda está no local do crime. Ex: prisão em flagrante no exato instante em que o agente criminoso busca sair da agência bancária onde praticava o delito de roubo. b) Flagrante impróprio (QUASE-FLAGRANTE) – Art. 302, III, CPP A definição da expressão “logo após” traduz uma relação de imediatidade, com perseguição iniciada em momento bem próximo da infração. Aqui o agente já deixou o local do crime. É o tempo que decorre entre a prática do delito e as primeiras coletas de informações a respeito da identificação do autor, iniciando-se, logo após, imediatamente a perseguição. Uma vez cessada a perseguição, cessa a situação de flagrância. Ou seja, a perseguição deve ser contínua, sem interrupções. A concepção de perseguição pode ser extraída do art. 290 do CPP, notadamente das alíneas “a” e “b” do parágrafo primeiro. Não confundir início da perseguição com duração da perseguição. O início da perseguição deve ser logo após o fato; a perseguição, no entanto, pode perdurar por muitas horas e até dias, como, por exemplo, em crime de roubo a banco, em que a polícia chega imediatamente ao local, faz o primeiro levantamento e, de imediato, sai em perseguição dos suspeitos, que se embrenharam numa mata por mais de 30 horas. Se o agente for preso após cessada a perseguição, a prisão em flagrante será ilegal, devendo, pois, ser relaxada. CUIDADO: a perseguição deve ser ininterrupta. Uma vez cessada a perseguição, não há mais situação de flagrância, devendo-se, a partir de então, efetivar-se a prisão somente munido de mandado judicial (prisão preventiva ou temporária, conforme o caso). PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 7 c) Flagrante presumido – Art. 302, inciso IV, do CPP Aqui a pessoa não é “perseguida”, mas “encontrada” na posse de objetos ou instrumentos do crime, cujo contexto fático permita a conclusão de que o sujeito detido é autor do delito. Quanto ao alcance da expressão “logo depois”, a jurisprudência tem admitido prisões ocorridas várias horas depois do crime. Não aceita, no entanto, prisão muitos dias depois ao do crime. 2.3) OUTRAS VARIAÇÕES DAS ESPÉCIES DE PRISÃO EM FLAGRANTE A) FLAGRANTE PROVOCADO OU PREPARADO O flagrante preparado ou provocado ocorre quando uma pessoa, policial ou particular, provoca, induz ou instiga alguém a praticar uma infração penal, somente para poder prendê-la. Nesse caso, não fosse a ação do agente provocador, o sujeito não teria praticado o delito, pelo menos nas circunstâncias pelas quais foi preso. Trata-se, na verdade, de hipótese de crime impossível, já que, por força da preparação engendrada pelo policial ou terceiro para prendê-lo, jamais o sujeito consumaria o crime. Em síntese, simultaneamente à indução à prática do crime, o agente provocador do flagrante age para evitar a consumação. É o que diz a Súmula 145 do STF: “Não há crime quando a preparação do flagrante pela polícia torna impossível a sua consumação”. Trata-se de hipótese de crime impossível, que não é punível nos termos do artigo 17 do Código Penal. Em que pese a súmula mencionar somente o flagrante pela polícia, a ilegalidade também pode decorrer de flagrante preparado por particular. Ex: Suspeitando que a empregada doméstica esteja furtando objetos da residência, dona de casa deixa uma joia na mesa de centro da sala, ficando à espreita. No momento em que a empregada pega a joia, a dona de casa, auxiliada ou não por outras pessoas, a detém, prendendo-a em flagrante. Trata-se de prisão ilegal, já decorrente de flagrante preparado. Em suma, o flagrante provocado é ilegal, devendo, pois, a prisão ser relaxada. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 8 B) FLAGRANTE ESPERADO O flagrante esperado ocorre quando a autoridade policial, tomando conhecimento, por fonte segura, de que será praticado um delito, desloca-se até o local indicado, aguarda o início da execução do delito ou, se for o caso, a consumação, e, na sequência, prende em flagrante o agente criminoso. O flagrante esperado não se confunde com o flagrante preparado, a começar pelo fato de que constitui modalidade de flagrante válido, regular e, portanto, legal. C) FLAGRANTE FORJADO O flagrante forjado se caracteriza pela criação de provas para forjar a prática de um crime inexistente. Aqui a ação da autoridade policial ou de um particular visa a simular um fato típico inexistente, com o objetivo de incriminar falsamente alguém. Ex: policial coloca/enxerta droga no interior do veículo de determinada pessoa para prendê-la pelo delito de tráfico ilícito de entorpecentes. Trata-se de hipótese de flagrante absolutamente nulo, merecendo, pois, ser relaxado. A autoridade policial ou particular que forjou o flagrante responderá por denunciação caluniosa e/ou abuso de autoridade, se for funcionário público no exercício da função. D) FLAGRANTE RETARDADO OU DIFERIDO Caracteriza-se pela possibilidade de retardar o momento da prisão em flagrante, não obstante estar o delito em curso, justamente para buscar maiores informações ou provas contra pessoas envolvidas em organizações criminosas ou tráfico ilícito de entorpecentes. Há previsão de ação controlada, com destaque ao flagrante retardado ou diferido, no art. 53, II, da Lei 11.343/2006 (Lei de Drogas), no art. 4º, B, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei 12.683/2012 (Lei de Lavagem de Capitais) e art. 8º da Lei 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas). Nos termos do artigo 53, II, da Lei 11.343/2006, a não atuação policial na prisão imediata em flagrante depende de autorização judicial e manifestação do MP. Essa autorização judicial está condicionada ao conhecimento do itinerário provável e à identificação dos agentes do delito ou de colaboradores. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 9 DIFERIDO/ RETARDADO ESPERADO espera a prática do delito para prender em flagrante. Prisão LEGAL. Cumpre no futuro PREPARADO/ PROVOCADO provoca, induz ou instiga Prisão ILEGAL Para aprofundar INVESTIGAÇÃO * artigo 53, inciso II, da Lei n. 11.343/2006; * artigo 4º, B, da Lei 9.613/98, com redação dada pela Lei 12.683/2012; * artigo 8º da Lei 12.850/2013 (Lei das Organizações Criminosas). Súmula 145 STF. CRIME IMPOSSÍVEL (artigo 17 do CP) Prisão ILEGAL acusa INOCENTE FORJADO Conforme o artigo 8º, § 1º, da Lei 12.850/2013, o retardamento da intervenção policial não exige prévia autorização judicial, mas mera comunicação ao juiz competente que, se for o caso, fixará os limites da atuação e comunicará ao MP. De acordo com o artigo 53, II, da Lei de Drogas, a não atuação imediata da autoridadepolicial exige autorização judicial e manifestação do MP. Sem essa autorização judicial na Lei de Drogas ou comunicação ao juiz competente prevista na Lei 12.850/2013, a prisão será ilegal, devendo ser relaxada. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 10 Questão 02 - XII EXAME DE ORDEM Ricardo é delinquente conhecido em sua localidade, famoso por praticar delitos contra o patrimônio sem deixar rastros que pudessem incriminá-lo. Já cansando da impunidade, Wilson, policial e irmão de uma das vítimas de Ricardo, decide que irá empenhar todos os seus esforços na busca de uma maneira para prender, em flagrante, o facínora. Assim, durante meses, se faz passar por amigo de Ricardo e, com isso, ganhar a confiança deste. Certo dia, decidido que havia chegada a hora, pergunta se Ricardo poderia ajudá-lo na próxima empreitada. Wilson diz que elaborou um plano perfeito para assaltar uma casa lotérica e que bastaria ao amigo seguir as instruções. O plano era o seguinte: Wilson se faria passar por um cliente da casa lotérica e, percebendo o melhor momento, daria um sinal para que Ricardo entrasse no referido estabelecimento e anunciasse o assalto, ocasião em que o ajudaria a render as pessoas presentes. Confiante nas suas próprias habilidades e empolgado com as ideias dadas por Wilson, Ricardo aceita. No dia marcado por ambos, Ricardo, seguindo o roteiro traçado por Wilson, espera o sinal e, tão logo o recebe, entra na casa lotérica e anuncia o assalto. Todavia, é surpreendido ao constatar que tanto Wilson quanto todos os “clientes” presentes na casa lotérica eram policiais disfarçados. Ricardo acaba sendo preso em flagrante, sob os aplausos da comunidade e dos demais policiais, contentes pelo sucesso do flagrante. Levado à delegacia, o delegado de plantão imputa a Ricardo a prática do delito de roubo na modalidade tentada. Nesse sentido, atento tão somente às informações contidas no enunciado, responda justificadamente: A) Qual a espécie de flagrante sofrido por Ricardo? (Valor: 0,80) B) Qual é a melhor tese defensiva aplicável à situação de Ricardo relativamente à sua responsabilidade Jurídico penal? (Valor: 0,45) PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 11 2.4) PROCEDIMENTO PARA A LAVRATURA DO AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE (Arts. 304 a 309 do CPP) Auto de prisão em flagrante é o documento elaborado, via de regra, sob a presidência da autoridade policial, contendo as formalidades que revestem a prisão em flagrante, tendo por objetivo precípuo retratar os fatos que ensejaram a restrição de liberdade do agente e, ainda, reunir os primeiros elementos de convicção acerca da infração penal que motivou a prisão. Uma vez preso em flagrante, por policial ou particular, o acusado deve ser conduzido à presença da autoridade policial. Se a autoridade policial considerar se tratar de situação de flagrância e que o fato constitui crime, determinará a lavratura do auto de prisão, incumbindo-lhe proceder da seguinte forma: a) oitiva do condutor: O condutor é a pessoa que levou o preso até a Delegacia de Polícia e o apresentou à autoridade policial. Pode ser policial ou qualquer pessoa. Embora na maioria das vezes o condutor seja quem procedeu à prisão, não precisa necessariamente ser o responsável pela detenção do suspeito. Ex: seguranças de determinada loja prendem em flagrante uma pessoa pela prática do delito de furto e acionam a polícia militar, que conduzem o preso à Delegacia de Polícia. Será um dos policiais, portanto, quem apresenta o preso ao delegado de polícia, figurando, assim, como condutor. b) oitiva de testemunhas: Em seguida, devem ser ouvidas as testemunhas que acompanharam o condutor, que, pelos arts. 304, caput, e 304, §1º, devem ser, no mínimo, duas (referem-se a “testemunhas”, no plural). Não há qualquer vedação a que sirvam como testemunhas agentes policiais. O condutor também pode ser considerado como testemunha numerária. A falta de testemunhas da infração não impedirá a lavratura do auto de prisão em flagrante, mas, nesse caso, com o condutor deverão assinar a peça pelo menos duas pessoas que tenham testemunhado a apresentação do preso à autoridade (art. 304, § 2º). Considera-se, portanto, testemunha de apresentação aquelas que presenciaram o momento em que o condutor apresentou o preso à autoridade policial. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 12 c) Interrogatório do preso. O interrogatório deve observar as mesmas formalidades exigidas para o interrogatório judicial, previstas nos arts. 185 a 196, dentre as quais se destaca a advertência ao preso do seu direito constitucional ao silêncio, sem que isso possa ser interpretado em seu desfavor (art. 5º, LXIII, da CF1). O direito à assistência por advogado constitui direito constitucionalmente assegurado ao preso (art. 5º, LXIII, da CF/88). Nesse sentido, à evidência, não cabe à autoridade policial vedar a presença do advogado nos atos que integram a lavratura do auto de prisão em flagrante, podendo o profissional acompanhar a oitiva do condutor, das testemunhas, bem como o interrogatório do flagrado. d) Nota de culpa: Nos termos do artigo 306, § 1º e § 2º, do CPP, superadas essas etapas, cumpre à autoridade policial, em até 24 horas após a realização da prisão, encaminhar o auto de prisão em flagrante devidamente instruído ao juiz competente, bem como entregar ao preso, no mesmo prazo, mediante recibo, a nota de culpa, assinada pela autoridade, com o motivo da prisão, o nome do condutor e os das testemunhas. Trata-se a nota de culpa de documento por meio do qual a autoridade policial cientifica o preso dos motivos de sua prisão, do nome do condutor e das testemunhas. Se não for entregue nota de culpa, o flagrante deve ser relaxado por falta de formalidade essencial. Além disso, a Lei 13.257/2016, incluiu o § 4º ao artigo 304, segundo o qual “Da lavratura do auto de prisão em flagrante deverá constar a informação sobre a existência de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiência e o nome e o contato de eventual responsável pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa.” 1 Esse dispositivo é fundamental para qualquer interrogatório, seja na fase de investigação ou no curso da ação penal: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (...) LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado; PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 13 2.5) GARANTIAS LEGAIS E CONSTITUCIONAIS DO PRESO A) Da comunicação imediata ao juiz competente e ao Ministério Público De acordo com o artigo 306 do CPP, a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente, ao Ministério Público e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. O artigo 5º, LXII, da CF/88 dispõe que a prisão de qualquer pessoa e o local onde se encontre serão comunicados imediatamente ao juiz competente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada. A ausência da comunicação imediata da prisão em flagrante ao juiz competentee ao Ministério Público torna a prisão ilegal, devendo, portanto, ser relaxada. B) Da comunicação imediata da prisão à família do preso ou à pessoa por ele indicada. Nos termos do artigo 306 do CPP e artigo 5º, LXII e LXIII, da CF/88, cumpre à autoridade policial providenciar a comunicação imediata da prisão em flagrante à família do preso ou à pessoa por ele indicada, garantindo-lhe, assim, a assistência da família. Essa comunicação tem por objetivo certificar familiares acerca da localização do preso, bem como viabilizar ao preso o apoio e a assistência da família. A comunicação à família ou à pessoa pelo preso indicada constitui direito subjetivo do flagrado. Se não for observada essa formalidade pela autoridade policial, a prisão em flagrante será ilegal, devendo, pois, ser relaxada. C) Da assistência de advogado ao preso Nos termos do artigo 5º, inciso LXIII, parte final, da Constituição Federal, o preso tem direito à assistência da família e de advogado. Se o flagrado não informar o nome do seu advogado, deverá a autoridade policial encaminhar, em até 24 horas, cópia integral do APF à Defensoria Pública, nos termos do artigo 306, § 1º, do Código de Processo Penal. Em síntese, a inobservância de qualquer dessas formalidades gera a ilegalidade da prisão em flagrante, devendo o juiz, ao receber os autos, deixar de homologar o auto de prisão em flagrante e determinar o relaxamento da prisão por ilegalidade formal. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 14 2.6) PROVIDÊNCIAS JUDICIAIS AO RECEBER O AUTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE – Art. 310 Ao receber o Auto de Prisão em Flagrante, o Juiz deverá adotar uma das providências previstas na nova redação do artigo 310 do CPP: A) B) C) Nesse sentido, num primeiro momento, o Magistrado deverá analisar o aspecto formal, a legalidade do auto de prisão em flagrante, bem como se há situação de flagrância, conforme as hipóteses do artigo 302 do CPP. Se observadas as formalidades, o Juiz homologa; na hipótese de alguma ilegalidade, seja formal ou material, o Juiz deverá relaxar a prisão em flagrante. Num segundo momento, uma vez homologado o auto de prisão em flagrante, o Juiz deverá verificar a necessidade de conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva ou a concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança e a eventual imposição de medida cautelar diversa. Em sendo legal a prisão em flagrante, o juiz deve verificar se concederá a liberdade provisória ou se converterá a prisão em flagrante em prisão preventiva2. 2 Antes da Lei nº 12.403/2011, o agente ficava preso em decorrência da prisão em flagrante. O Juiz simplesmente homologava o APF e mantinha a prisão em flagrante. Com a alteração, o juiz, se presentes os requisitos, deverá converter a prisão em flagrante em prisão preventiva. Eis a razão do caráter precautelar da prisão em flagrante (pois dura até ser convertida em preventiva ou concedida a liberdade provisória). GARANTIAS LEGAIS e CONSTITUCIONAIS DO PRESO COMUNICAÇÃO AO JUIZ (imediata) COMUNICAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO COMUNICAÇÃO FAMÍLIA ou QUEM INDIQUE ACESSO A ADVOGADO (DPE se não indicar adv.) A falta é ilegal RELAXAR O FLAGRANTE CONVERTER A PRISÃO EM FLAGRANTE EM PRISÃO PREVENTIVA CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA (com ou sem fiança ou medidas cautelares) PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 15 Convém ressaltar, por pertinente, que a prisão preventiva somente poderá ser decretada em substituição da prisão em flagrante se estiverem presentes os requisitos do art. 312 do CPP3 e se não for suficiente outra medida diversa da prisão, bem como se presente uma das hipóteses do artigo 313 do CPP. Assim, pela leitura do artigo 310, II, CPP, verifica-se que a prisão preventiva é a última ratio das medidas cautelares. Ela somente deve ser decretada quando todas as demais medidas cautelares se revelarem inadequadas e insuficientes para o caso concreto. Em outras palavras, a insuficiência das medidas cautelares diversas da prisão passou a ser mais um requisito para o cabimento da prisão preventiva. Além disso, por ser medida de caráter excepcional, o juiz somente poderá converter a prisão em flagrante em prisão preventiva se estiverem presentes os requisitos do artigo 312 e 313 do CPP. Em síntese: O juiz, ao receber o auto de prisão em flagrante, deverá, fundamentadamente, converter a prisão em flagrante em preventiva (inciso II, primeira parte), desde que: a) a prisão seja legal (inciso I); b) as medidas cautelares diversas da prisão se revelarem inadequadas ou insuficientes (inciso II, parte final); c) o agente não tenha praticado o fato ao amparo das causas de exclusão da ilicitude previstas no art. 23, do CP; d) estejam presentes os requisitos dos artigos 312 e 313 do CPP. Caso contrário, será concedida liberdade provisória (com ou sem cautelares). 3 Garantia da ordem pública, garantia da ordem econômica, conveniência da instrução criminal e aplicação da lei penal. Será estudado oportunamente. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 16 2.7) PEÇAS PRÁTICAS NO CONTEXTO DE PRISÃO EM FLAGRANTE 2.7.1) RELAXAMENTO DA PRISÃO I) BASE LEGAL II) IDENTIFICAÇÃO O pedido de relaxamento de prisão guarda relação com PRISÃO ILEGAL. RELAXAMENTO DA PRISÃO PRISÃO ILEGAL BASE LEGAL: art. 310, inciso I, CPP e art. 5º, LXV da CF/88 PEÇA: RELAXAMENTO DA PRISÃO PALAVRA MÁGICA: PRISÃO ILEGAL PAROU! PEDIU PRA PARAR PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 17 III) CONTEÚDO A prisão ilegal pode decorrer de ilegalidade formal e/ou material. A) ILEGALIDADE FORMAL Ocorre quando o auto de prisão em flagrante não observou as formalidades procedimentais previstas no art. 304 e 306 do CPP e dos incisos do art. 5º da Constituição Federal, notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV. As ilegalidades formais podem ocorrer durante ou depois da lavratura do auto de prisão em flagrante. Além da inobservância das formalidades no art. 304 e 306 do CPP e dos incisos do art. 5º da Constituição Federal, notadamente LXI, LXII, LXIII, LXIV, pode incidir a ilegalidade pelo excesso de prazo da prisão, como, por exemplo, na conclusão do inquérito policial além do prazo previsto em lei, sem justificativa plausível ou, ainda, não oferecimento da denúncia de réu preso (prazo 05 dias). B) ILEGALIDADE MATERIAL Além das formalidades legais e constitucionais para a lavratura do APF, devem estar presentes situações autorizadoras da prisão em flagrante. ALGUMAS ILEGALIDADES FORMAIS * Inobservância das formalidades legais e constitucionais na lavratura do APF. * Não comunicação imediata da prisão à autoridade judiciária. * Não comunicação imediata ao Ministério Público * Não encaminhamento do APF à Defensoria Pública, quando o autuado não informa nome de advogado. * Não entrega da nota de culpa no prazo de 24 horas. * Não viabilizar assistência de advogado. * Não comunicação imediata à família. * Falta de representação do ofendido, sendo hipótese de prisão decorrente de crime de ação penal pública condicionada à representação. * Ausência de requerimento da vítima na hipótese de prisão em flagrante por crime de ação penal privada; * Inversão da ordem de oitiva prevista no artigo 304 do CPP. * Falta de laudo de constataçãoda natureza da substância entorpecente (art. 50, §1º, da Lei 11.343/2006) PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 18 Nesse sentido, se a prisão realizada não se enquadra em nenhuma das hipóteses do artigo 302 do CPP, a prisão será materialmente ilegal. Em outras palavras, se não estiver configurada nenhuma das hipóteses de flagrância, a prisão é ilegal. Assim, em tese, a ilegalidade da prisão em flagrante, na forma material, ocorre invariavelmente antes do início da lavratura do auto de prisão em flagrante. ALGUMAS ILEGALIDADES MATERIAIS * Preso sem estar em situação de flagrância (artigo 302 do CPP) * Flagrante preparado/provocado – Súmula 145 do STF * Flagrante forjado * Preso por fato atípico * Condutor veículo no trânsito se prestar socorro à vítima (art. 301 do CTB). * Delito menor potencial ofensivo – comprometimento de comparecer à audiência. Artigo 69 da Lei 9.099/95. * Preso por posse de drogas – Vedação usuário (art. 48, §2º, da Lei 11.343/2006). PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 19 A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA COMARCA......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) Autos nº Fulano de Tal, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº...4, por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, com base no art. 310, inciso I, Código de Processo Penal e art. 5º, LXV da Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos I) DOS FATOS5 II) DO DIREITO6 III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO EM FLAGRANTE, a fim de que possa responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, por ser medida de inteira justiça. Nestes termos, pede deferimento. Local e data ______________________ ADVOGADO OAB 4 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. 5 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 6 Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade formal e/ou material. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 20 2.7.2) LIBERDADE PROVISÓRIA I) CONSIDERAÇÕES GERAIS Entende-se por liberdade provisória o instituto destinado a conferir ao acusado o direito de responder ao processo em liberdade, mediante o cumprimento ou não de determinadas condições. Nas palavras de Avena, com o advento da Lei 11.719/2008, modificada a redação do art. 408 (que restou substituído pelo atual art. 413) e revogado o art. 594, ficou o instituto da liberdade provisória limitado à prisão em flagrante.7 Esse também é o entendimento de Nucci8, segundo o qual “a liberdade provisória, com ou sem fiança, é um instituto compatível com a prisão em flagrante, mas não com a prisão preventiva ou temporária. Nessas duas últimas hipóteses, vislumbrando não mais estarem presentes os requisitos que a determinam, o melhor a fazer é revogar a custódia cautelar, mas não colocar o réu em liberdade provisória, que implica sempre o respeito a determinadas condições”. A liberdade provisória está prevista no artigo 310, inciso III, do CPP, segundo o qual ao receber o auto de prisão em flagrante, o juiz poderá, fundamentadamente, conceder a liberdade provisória, com ou sem fiança. Está prevista ainda no art. 5º, LXVI, da CF/88, ninguém será levado à prisão ou nela mantido quando a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança. Além disso, o artigo 321 do CPP dispõe que, ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva, o juiz deverá conceder liberdade provisória, impondo, se for o caso, as medidas cautelares previstas no art. 319 deste Código e observados os critérios constantes do art. 282 deste Código. Segundo Lopes Júnior, a liberdade provisória é disposta como uma medida cautelar (na verdade, uma contracautela), alternativa à prisão preventiva, nos termos do art. 310, III, do CPP. No sistema brasileiro, situa-se após a prisão em flagrante e antes da prisão preventiva, como medida impeditiva da prisão cautelar [...] É a liberdade provisória uma forma de evitar que o agente preso em flagrante tenha sua detenção convertida em flagrante.9 77 AVENA, Norberto. Processo Penal Esquematizado. São Paulo: Método. 2013. p. 973. 88 NUCCI, Guilherme Souza. Código de Processo Penal Comentado. São Paulo: RT. 2016, p. 785. 9 LOPES JÚNIOR, Aury. Direito Processual Penal. 9ª ed. São Paulo: Saraiva. 2016, p. 703. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 21 PEÇA: LIBERDADE PROVISÓRIA PALAVRA MÁGICA: PRISÃO FLAGRANTE LEGAL PAROU! PEDIU PRA PARAR II) BASE LEGAL III) IDENTIFICAÇÃO Cabe pedido de liberdade provisória nas hipóteses de prisão flagrante legal. IV) CONTEÚDO A) AUSÊNCIA DOS FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA (ART. 321 DO CPP) Nos termos do artigo 321 do CPP, ausentes os requisitos da prisão preventiva, o juiz deverá conceder a liberdade provisória, sendo-lhe facultado, com a observância dos critérios da necessidade e da adequação previstos no art. 282 do CPP, exigir a prestação de fiança com a finalidade de assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial, bem como aplicar outras medidas cautelares diversas da prisão previstas no art. 319 do CPP. B) QUANDO HOUVER INDICATIVOS DE QUE O AGENTE PRATICOU A INFRAÇÃO PENAL ABRIGADO POR EXCLUDENTES DE ILICITUDE (ART. 310, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CPP) BASE LEGAL: art. 310, inciso III, CPP, art. 321 do CPP e art. 5º, LXVI da CF/88 PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 22 Trata-se da hipótese em que os elementos constantes no auto de prisão em flagrante indicam ter o agente praticado o fato em situação de legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular do direito ou estrito cumprimento do dever legal. Nesses casos, deverá o juiz conceder a liberdade provisória ao agente, independentemente se o fato praticado caracteriza delito afiançável ou inafiançável. Embora não esteja previsto no artigo 310, parágrafo único, do CPP, parte da doutrina entende possível a concessão da liberdade provisória nas hipóteses de excludente de culpabilidade (embriaguez acidental completa, coação moral irresistível, erro de proibição, etc), uma vez que, ao final, o agente não será privado de liberdade. C) QUANDO, EMBORA AFIANÇÁVEL O CRIME, NÃO POSSUI O FLAGRADO CONDIÇÕES ECONÔMICAS PARA PEGAR A FIANÇA (ART. 350 DO CPP) V) LIBERDADE PROVISÓRIA X TRÁFICO ILÍCITO DE ENTORPECENTES A jurisprudência e a doutrina oscilavam em relação ao artigo 44 da Lei 11.343/2006, que veda a concessão de liberdade provisória no crimede tráfico ilícito de entorpecentes. Todavia, o STF, no julgamento do HC 104.339/SP, considerou inconstitucional o disposto no artigo 44 da Lei 11.343/2006 também na parte que veda a concessão da liberdade provisória, sob o fundamento de que o dispositivo viola o princípio da presunção da inocência e da dignidade da pessoa humana, bem como que a Lei 11.464/2007, ao excluir dos crimes hediondos e equiparados a vedação à liberdade provisória, sendo posterior à Lei de Drogas, revogou, tacitamente, o artigo 44 desta Lei, que proibia o benefício ao crime de tráfico de drogas. Assim, é possível conceder a liberdade provisória ao agente preso em flagrante pelo delito de tráfico ilícito de entorpecentes, desde que ausentes os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva. Inconstitucionalidade do artigo 44 da Lei n. 11.343/2006 na parte que veda a concessão da liberdade provisória Ofensa ao princípio da presunção da inocência, previsto no artigo 5º, inciso LVII, da CF/88. Ofensa ao princípio da dignidade da pessoa humana, previsto no artigo 1º, inciso III, da CF/88. .. Ofensa ao princípio do devido processo legal, previsto no artigo 5º, inciso LIV, da CF/88. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 23 QUESTÃO 4 - XV EXAME Wesley, estudante, foi preso em flagrante no dia 03 de março de 2015 porque conduzia um veículo automotor que sabia ser produto de crime pretérito registrado em Delegacia da área em que residia. Na data dos fatos, Wesley tinha 20 anos, era primário, mas existia um processo criminal em curso em seu desfavor, pela suposta prática de um crime de furto qualificado. Diante dessa anotação em sua Folha de Antecedentes Criminais, a autoridade policial representou pela conversão da prisão em flagrante em preventiva, afirmando que existiria risco concreto para a ordem pública, pois o indiciado possuía outros envolvimentos com o aparato judicial. Você, como advogado(a) indicado por Wesley, é comunicado da ocorrência da prisão em flagrante, além de tomar conhecimento da representação formulada pelo Delegado. Da mesma forma, o comunicado de prisão já foi encaminhado para o Ministério Público e para o magistrado, sendo todas as legalidades da prisão em flagrante observadas. Considerando as informações narradas, responda aos itens a seguir. A) Qual a medida processual, diferente de habeas corpus, a ser adotada pela defesa técnica de Wesley? (Valor: 0,50) B) A representação da autoridade policial foi elaborada de modo adequado? (Valor: 0,75) Responda justificadamente, empregando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 24 ESTRUTURA LIBERDADE PROVISÓRIA A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA COMARCA......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA.......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 10 C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA......(SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA......(SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) Autos nº... 7 a 10 linhas Fulano de Tal, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº...11, por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer a LIBERDADE PROVISÓRIA, com base no art. 310, inciso III, Código de Processo Penal, art. 321 do Código de Processo Penal, e art. 5º, LXVI, da Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos I) DOS FATOS12 II) DO DIREITO13 * Fundamentar o pedido de liberdade provisória com o disposto no art. 5º, LVII, da CF/88 (princípio da presunção da inocência). * Demonstrar a ausência dos requisitos e pressupostos da prisão preventiva. * Sugere-se postular, como tese subsidiária, a aplicação de uma das medidas cautelares previstas no artigo 319 e 320 do CPP.14 10 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 11 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. 12 Narrar os fatos, fazendo um breve relato. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 13 Ausência dos requisitos da prisão preventiva (art. 321 CPP) ou hipótese de excludente de ilicitude (art. 310, parágrafo único). 14 Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 25 III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer a concessão da LIBERDADE PROVISÓRIA, a fim de que possa responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, ou, subsidiariamente, a aplicação de medida cautelar, como medida de inteira justiça. Nestes termos, pede deferimento. Local e data ______________________ ADVOGADO OAB V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; IX - monitoração eletrônica. § 1o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). § 3o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). § 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares. Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 26 Em suma: Quando não for caso de conversão da prisão em flagrante em preventiva Formal ou material ma Ausência dos requisitos preventiva – art. 321 CPP e excludentes ilicitude – art.310, parágrafo único do CPP Medidas cautelares – art. 319 do CPP FLAGRANTE DELITO PRISÃO LEGAL PRISÃO ILEGAL LIBERDADE PROVISÓRIA Se indeferido, HABEAS CORPUS Se denegado, ROC RELAXAMENTO DA PRISÃO Se indeferido, HABEAS CORPUS Se denegado, ROC PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 27 3) PRISÃO PREVENTIVA: Revogação da prisão preventiva 3.1) CONCEITO Trata-se de modalidade de prisão processual decretada exclusivamente por juiz competente quando presentes os pressupostos e as hipóteses previstas em lei (arts. 312 e 313 do CPP). Possui natureza cautelar, uma vez que visa a tutela da sociedade, da investigação criminal e garantir a aplicação da pena. Por se tratar de medida cautelar, pressupõe a coexistência do Como repercute na esfera da liberdade do acusado, que constitui direito e garantia fundamental do cidadão, a possibilidade de decretação da prisão preventiva encontra embasamento também no artigo 5º, especificamente no inciso LXI, da Constituição Federal, que permite a prisão provisória, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória, desde que precedida de ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. Em síntese, somente é possível decretar a prisão preventiva Conforme dispõe o art. 283, §2º, do CPP, a prisão poderá ser efetuada em qualquer dia e a qualquer hora, respeitada a garantia fundamental da inviolabilidade do domicílio, prevista no artigo 5º, inciso XI, da Constituição Federal, segundo o qual salvo na hipótese de prisão em flagrante, a prisão somente pode ser efetivada mediante ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente. De acordo com o artigo 293 do CPP, durante o período noturno, no caso de prisão preventiva e temporária, em que se exige mandado de prisão expedido por juiz competente, é vedado à autoridade policial ingressar em domicílio alheio para efetivar a prisão do suspeito. Todavia, nesse caso, se o morador consentir com o ingresso no seu domicílio, a autoridade policial, desde que munida de mandado, poderá efetivar a prisão. Durante o período noturno, se o morador não permitir o ingresso no seu domicílio, a autoridade policial deverá aguardar o amanhecer, com os primeiros raios solares, para invadir, com ou sem consentimento do morador, a residência e aí sim efetivar a prisão. Se invadir sem permissão do morador, a prisão será ilegal, devendo ser relaxada. O mandado de prisão deverá preencher os requisitos do artigo 285, parágrafo único, do CPP. fumus bonis iuris (ou fumus comissi delicti) e do periculum in mora (ou periculum libertatis). “por ordem escrita e fundamentada da autoridade judiciária competente”. Necessita de Mandado PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 28 DIA NOITE 3.2) LEGITIMAÇÃO Diante do que dispõe o art. 5º, LXI, CF/88, no sentido de que ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada de autoridade judiciária competente, salvo nos casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei, resta claro que a prisão preventiva somente pode ser decretada por ordem judicial. Nesse caso, o Magistrado decreta, durante a investigação criminal ou ação penal, a prisão preventiva, que deve ser cumprida mediante a expedição do respectivo mandado. Em outras palavras, nessa hipótese a prisão preventiva pode ser decretada em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal. Conforme se extrai do artigo 311 do CPP, nesse caso, durante a investigação policial, o juiz não pode decretar a prisão preventiva de ofício, mas apenas a requerimento do Ministério Público ou representação da autoridade policial. Durante a ação penal, a decretação da prisão preventiva pode ser decretada de ofício ou mediante requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente de acusação. Assim, nos termos do disposto nos arts. 311 e 282, § 2º, do CPP, forçoso concluir que a prisão preventiva poderá ser decretada pelo juiz da seguinte forma: HIPÓTESES CUMPRIMENTO MANDADO NO DOMICÍLIO Pode ser cumprido SEMPRE – Sem restrições Sem permissão do morador: é ILEGAL – Cabe relaxamento da prisão. Tese de inviolabilidade do domicílio – art. 293, CPP e art. 5º, inciso XI, CF. CCF PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 29 Se, na fase de investigação, o juiz decretar de ofício a prisão preventiva, a prisão será ilegal, sendo, nesse caso, cabível relaxamento de prisão. 3.3) PRESSUPOSTOS Nos termos da parte final do artigo 312 do CPP, a prisão preventiva somente é possível, se, no caso concreto, houver: Como o dispositivo se refere expressamente a “crime”, forçoso concluir que não cabe prisão preventiva nas contravenções penais. F A S E I N V E S T I G A T Ó R IA • Mediante representação da autoridade policial • Mediante requerimento do Ministério Público N O C U R S O D O P R O C E S S O • O Juiz de ofício • Mediante requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente acusação INDÍCIOS SUFICIENTES DE AUTORIA PROVA DA MATERIALIDADE DO CRIME PRESSUPOSTOS DA PREVENTIVA PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 30 3.4) FUNDAMENTOS DA PRISÃO PREVENTIVA – Art. 312 De acordo com o artigo 312 do CPP, a prisão preventiva pode ser decretada como garantia da ordem pública, da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, para assegurar a aplicação da lei penal ou em caso de descumprimento das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares. a) Garantia da ordem pública A prisão preventiva para garantia da ordem pública somente deve ocorrer em hipóteses de crimes que se revestem de especial gravidade no caso concreto, seja pela pena prevista, seja, sobretudo, pelos meios de execução utilizados. Cabe, ainda, prisão preventiva para garantia da ordem pública diante do risco de reiteradas investidas criminosas e quando presente situação de comprovada intranquilidade coletiva no seio social ou de uma determinada comunidade. A gravidade em abstrato do crime não autoriza a prisão preventiva. O juiz deve analisar a gravidade de acordo com as circunstâncias do caso concreto. Se não fosse assim, todo crime de homicídio ou de roubo, por serem abstratamente graves, autorizariam a prisão preventiva compulsória. Em suma: a gravidade em concreto que autoriza a prisão preventiva é aquela revelada não só pela pena abstratamente prevista para o crime, mas também pelos meios de execução, quando a perversidade e o desprezo pelo bem jurídico atingido, reclamem medidas imediatas para assegurar a ordem pública, decretando-se a prisão preventiva. Diante disso, a gravidade em abstrato não constitui C A U T E L A R ID A D E SOCIAL GARANTIA DA ORDEM PUBLICA Não confundir com clamor popular. Deve haver gravidade em concreto, o criminoso deve oferecer perigo real, capaz de abalar a paz social. GARANTIA DA ORDEM ECONOMICA Se aplica, por exemplo, a crimes econômicos, nos casos em que o autor possa colocar em risco a situação financeira de instituição ou órgão estatal. PROCESSUAL ASSEGURAR A INSTRUÇÃO CRIMINAL Não basta o mero receio da vitima ou testemunha. ASSEGURAR A APLICAÇÃO DA LEI PENAL Noscasos de fundado receio de fuga do acusado. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 31 motivo idôneo a embasar um decreto de preventiva, devendo o Magistrado fundamentar sua decisão, nos termos do artigo 93, IX, da CF/88, art. 5º, LXI, da CF/88, bem como artigo 315 do CPP. Embora os tribunais superiores utilizem, em determinadas decisões, a expressão revogação da prisão preventiva, a FGV, no exame de 2010/03 e XIV Exame, sinalizou no sentido de considerar, nesse caso, a ilegalidade de prisão, na medida em que, após constar no enunciado que o juiz decretou a prisão preventiva considerando a gravidade em abstrato do crime, no padrão de resposta da prova de 2010/03 constou a expressão “Ilegalidade na decretação da prisão preventiva”. No XIV Exame, após constar no enunciado que “Cristiano foi denunciado pela prática do delito tipificado no Art. 171, do Código Penal. No curso da instrução criminal, o magistrado que presidia o feito decretou a prisão preventiva do réu, com o intuito de garantir a ordem pública, “já que o crime causou grave comoção social, além de tratar-se de um crime grave, que coloca em risco a integridade social, configurando conduta inadequada ao meio social.”, a questão seguiu com a seguinte redação, “O advogado de Cristiano, inconformado com a fundamentação da medida constritiva de liberdade, impetrou Habeas Corpus perante o Tribunal de Justiça, no intuito de relaxar tal prisão, já que a considerava ilegal”. Ressalta-se, por pertinente, que o clamor público, por si só, não autoriza o decreto da prisão preventiva, servindo como uma referência adicional para o exame da necessidade da custódia cautelar, devendo, portanto, estar acompanhado de situação concreta excepcional, que justifique a prisão processual. b) Conveniência da instrução criminal É empregada quando houver risco efetivo para a instrução criminal e não meras suspeitas ou presunções. Ou seja, simples receio ou medo da vítima ou testemunha em relação ao acusado, não autoriza o decreto da prisão preventiva. Não cabe prisão preventiva com fundamento na conveniência da instrução criminal quando se pretende interrogar ou compelir o acusado a participar de algum ato probatório (acareação, reconstituição ou reconhecimento), sobretudo pela violação ao direito ao silêncio. Se a prisão preventiva foi decretada exclusivamente com base na conveniência da instrução criminal, uma vez encerrada a instrução, não há mais motivo para subsistir o decreto, impondo-se, então, a revogação, conforme se infere dos arts. 316 e 282, § 5º, ambos do CPP. Do contrário, passa a preventiva a se constituir uma forma de execução antecipada de pena, configurando constrangimento ilegal. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 32 c) Garantia da aplicação da lei penal Significa assegurar a finalidade útil do processo penal, que é proporcionar ao Estado o exercício do seu direito de punir, aplicando a sanção devida a quem é considerado autor da infração penal. É a prisão para evitar que o agente empreenda fuga, tornando inútil a sentença penal por impossibilidade de aplicação da pena cominada. Todavia, o risco de fuga não pode ser presumido. Tem de estar fundado em circunstâncias concretas. Logo, não havendo nenhum elemento concreto, mas mera suspeita de fuga, não há motivo suficiente para o decreto da prisão preventiva. d) Garantia de ordem econômica Nesse caso, visa-se, com a decretação da prisão preventiva, impedir que o agente, causador de seriíssimo abalo à situação econômico-financeira de uma instituição financeira ou mesmo de órgão do Estado, permaneça em liberdade, demonstrando à sociedade a impunidade reinante nessa área. Equipara-se o criminoso do colarinho branco aos demais delinquentes comuns, na medida em que o desfalque em uma instituição financeira pode gerar maior repercussão na vida das pessoas, do que um simples roubo contra um indivíduo qualquer. Se o réu estava preso por ameaçar testemunhas Ocorreu a oitiva das testemunhas Cessou o motivo que ensejava a preventiva PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 33 e) Descumprimento de obrigações impostas por força de outras medidas cautelares Nos termos do art. 312, parágrafo único, do CPP, a prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas cautelares (art. 319 do CPP), conforme art. 282, § 4º, do CPP. Nesse caso, é imprescindível que o juiz atente para a proporcionalidade, devendo sempre priorizar a cumulação de medidas cautelares ou adoção de outra mais grave, optando pela prisão preventiva em último caso. Em síntese, o Juiz deve priorizar a aplicação de medida cautelar diversa da prisão caso entenda adequada e suficiente diante do caso concreto. Ex: Suponha que o juiz determine a proibição do acusado de estabelecer contato com pessoa determinada (art. 319, III, CPP) e ele descumpre a medida. Nesse caso, o juiz deve, primeiro, optar por substituir a medida ou aplicar outra em cumulação, para só então, se persistir o descumprimento, decretar a preventiva, conforme dispõe o art. 312, parágrafo único, c/c o art. 282, § 4º, CPP. 3.5) CONDIÇÕES DE ADMISSIBILIDADE DA PRISÃO PREVENTIVA – Art. 313 Não se mostra suficiente a presença de um dos fundamentos da prisão preventiva, devendo, além disso, ser decretada somente em determinadas espécies de infração penal ou sob certas circunstâncias. Trata-se das condições de admissibilidade. Nos termos desse inciso, somente é cabível a prisão preventiva para os crimes dolosos com pena máxima, privativa de liberdade, superior a quatro anos. O limite de 04 anos tem a sua razão de ser, porquanto, se condenado definitivamente, o agente poderá, se preenchidos os requisitos do artigo 44 do Código Penal, ter substituída sua pena privativa de liberdade em restritiva de direitos. Nesse sentido, se condenado o agente não irá, a princípio, para prisão, com muito mais razão não poderá ser mantido preso quando incide a seu favor a presunção da inocência. A) NOS CRIMES DOLOSOS PUNIDOS COM PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE MÁXIMA SUPERIOR A 4 (QUATRO) ANOS: Descumprimento de Cautelar Nova Cautelar Cumular Cautelares DECRETAR PREVENTIVA PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 34 Além disso, se condenado a pena não superior a 04 anos, o agente poderá cumprir a pena privativa de liberdade em regime aberto, podendo sair para trabalhar durante o dia e retornar ao cárcere à noite. São inúmeros os crimes que, em razão deste inciso, não comportam prisão preventiva, tais como furto simples (art. 155 CP), apropriação indébita (art. 168 CP), receptação simples (art. 180 CP), descaminho (Art. 334 do CP), dentre outros. No caso de concurso material de crimes, somam-se as penas para fins de prisão preventiva. Nos casos de concurso formal de crimes e crime continuado, considera-se a causa de aumento no máximo e a de diminuição no mínimo. Em qualquer caso, se a pena máxima for superior a 04 anos, poderá, em tese, ser decretada a prisão preventiva. Tratando-se de causas de aumento de pena e de diminuição da pena, deve-se considerar a quantidade que mais aumente ou que menos diminua, respectivamente, a fim de se chegar a pena máxima cominada ao delito. Ex1: Furto noturno, previsto no artigo 155, § 1º, CP, a pena é aumentada em 1/3. O furto simples não autoriza o decreto da prisão preventiva, pois a pena máxima cominada é de 04 anos. Todavia, sefor praticado durante repouso noturno, a pena é aumentada em 1/3, superando os 04 anos e, por conseguinte, autorizando o decreto da prisão preventiva. Ex2: Tentativa de estelionato. Conforme o artigo 171 do CP, a pena máxima cominada ao delito de estelionato é de 05 anos. Na hipótese de tentativa de estelionato, esta pena poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, conforme dispõe o art. 14, parágrafo único, do Código Penal. Se aplicada sobre a pena de 05 anos a redução mínima (1/3), a pena resultará em 03 anos e 04 meses, quantidade, portanto, incompatível com o disposto no artigo 313, inciso I, do CPP, o decreto da prisão preventiva. Trata-se da hipótese do réu reincidente em crime doloso. Nesse sentido, ainda que se trate de crime com pena máxima não superior a quatro anos, poderá ser decretada a prisão preventiva se o réu for reincidente em crime doloso, desde que presente um dos fundamentos do art. 312. Assim, se uma pessoa primária está sendo processada por crime cuja pena máxima não excede 4 anos, descabe inicialmente a prisão preventiva, ainda que existam provas de que ela, por exemplo, está ameaçando testemunhas, podendo, nesse caso, ser aplicada uma das medidas cautelares previstas no art. 319 CPP. Somente se descumprida a medida cautelar, pode-se aventar a possibilidade de decreto da preventiva, com base no artigo 282, § 4º, c/c art. 312, parágrafo único, CPP. B) SE O RÉU OSTENTAR CONDENAÇÃO ANTERIOR DEFINITIVA POR OUTRO CRIME DOLOSO NO PRAZO DE 05 ANOS DA REINCIDÊNCIA PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 35 Por fim, cabe preventiva se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das medidas protetivas de urgência. Além das medidas protetivas previstas na Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), a nova redação do artigo 313 do CPP incluiu os casos de violência doméstica, não só em relação à mulher, mas à criança, adolescente, idoso, enfermo ou qualquer pessoa com deficiência. Essas medidas protetivas estão previstas no art. 22 da Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), arts. 43 a 45 do Estatuto do Idoso, e arts. 98 a 101 do ECA. Convém registrar que, neste caso, a prisão preventiva será decretada apenas para garantir a execução das medidas protetivas de urgência, indicando, assim, a necessidade de imposição anterior das cautelares protetivas de urgência. C) SE O CRIME ENVOLVER VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER, CRIANÇA, ADOLESCENTE, IDOSO, ENFERMO OU PESSOA COM DEFICIÊNCIA, PARA GARANTIR A EXECUÇÃO DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 36 3.6) PEÇAS PRIVATIVAS DE ADVOGADO NO CONTEXTO DE PRISÃO PREVENTIVA 3.6.1) REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA I) BASE LEGAL II) IDENTIFICAÇÃO Prisão preventiva legal. Quando não mais subsistir o motivo que ensejou o decreto da prisão preventiva. Trata-se de peça privativa de advogado. III) CONTEÚDO Buscar no enunciado informações no sentido de que não mais subsistem os motivos que ensejaram o decreto da prisão preventiva, previstos no artigo 312 do Código de Processo Penal, ou seja, que o agente não representa risco à ordem pública, à ordem econômica, à conveniência da instrução criminal, bem como à aplicação da lei penal. PEÇA: REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA PALAVRA MÁGICA: PRISÃO PREVENTIVA LEGAL PAROU! PEDIU PRA PARAR BASE LEGAL: art. 316 do CPP PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 37 ESTRUTURA DE PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA: A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA CRIMINAL DA COMARCA ......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE ......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 15 C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ....VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA ...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ....VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA ......(SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) Autos nº... 7 a 10 linhas Fulano de Tal, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº...16, por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, com base no art. 316 do Código de Processo Penal, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos 2 linhas I) DOS FATOS * Narrar os fatos, fazendo um breve relato. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. II) DO DIREITO * Fundamentar o pedido de revogação da prisão preventiva com o disposto no art. 5º, LVII, da CF/88 (princípio da presunção da inocência). * Demonstrar que cessaram os motivos que ensejaram a prisão preventiva (a ausência dos requisitos e pressupostos da prisão preventiva: Ausência de perigo à ordem pública, à ordem econômica, à conveniência a instrução criminal, à aplicação da lei penal. ) 15 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 16 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 38 * Fazer referência a medidas cautelares, invocando os artigos 282 e 319 e 320 do CPP17. III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer a REVOGAÇÃO DA PRISÃO PREVENTIVA, com a expedição do respectivo alvará de soltura, ou, subsidiariamente, a aplicação de medida cautelar, como medida de inteira justiça. Nestes termos, pede deferimento. Local e data ______________________ ADVOGADO OAB 17 Art. 319. São medidas cautelares diversas da prisão I - comparecimento periódico em juízo, no prazo e nas condições fixadas pelo juiz, para informar e justificar atividades II - proibição de acesso ou frequência a determinados lugares quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado permanecer distante desses locais para evitar o risco de novas infrações III - proibição de manter contato com pessoa determinada quando, por circunstâncias relacionadas ao fato, deva o indiciado ou acusado dela permanecer distante; IV - proibição de ausentar-se da Comarca quando a permanência seja conveniente ou necessária para a investigação ou instrução; V - recolhimento domiciliar no período noturno e nos dias de folga quando o investigado ou acusado tenha residência e trabalho fixos; VI - suspensão do exercício de função pública ou de atividade de natureza econômica ou financeira quando houver justo receio de sua utilização para a prática de infrações penais; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). VII - internação provisória do acusado nas hipóteses de crimes praticados com violência ou grave ameaça, quando os peritos concluírem ser inimputável ou semi-imputável (art. 26 do Código Penal) e houver risco de reiteração; VIII - fiança, nas infrações que a admitem, para assegurar o comparecimento a atos do processo, evitar a obstrução do seu andamento ou em caso de resistência injustificada à ordem judicial; (Incluído pela Lei nº 12.403, de 2011). IX - monitoração eletrônica. § 1o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). § 2o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011). § 3o (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011).§ 4o A fiança será aplicada de acordo com as disposições do Capítulo VI deste Título, podendo ser cumulada com outras medidas cautelares. Art. 320. A proibição de ausentar-se do País será comunicada pelo juiz às autoridades encarregadas de fiscalizar as saídas do território nacional, intimando-se o indiciado ou acusado para entregar o passaporte, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 39 3.6.2) RELAXAMENTO DE PRISÃO PREVENTIVA I) BASE LEGAL II) IDENTIFICAÇÃO E CONTEÚDO O relaxamento da prisão no contexto da prisão preventiva poderá ocorrer quando a prisão for ilegal. Trata-se de peça privativa de advogado. Exemplos: * Prisão preventiva decretada em crime não listado no rol do art. 313 CPP. * Nos casos de crimes culposo. * Nos casos de Contravenções Penais. * Inobservância dos requisitos essenciais do mandado de prisão (art. 285, p. único, do CPP). * Prisão preventiva sem fundamentação. * Prisão preventiva decretada de ofício pelo juiz na fase investigatória. BASE LEGAL: art. 5º, LXV, CF/88 PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 40 Em suma: JUIZ DECRETA A PRISÃO PREVENTIVA PRISÃO LEGAL PRISÃO ILEGAL PEDIDO DE REVOGAÇÃO DA PREVENTIVA PEDIDO DE RELAXAMENTO DE PRISÃO HC ROC DA DECISÃO QUE INDEFERE DA DECISÃO QUE DENEGA ROC HC DA DECISÃO QUE INDEFERE DA DECISÃO QUE DENEGA PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 41 ESTRUTURA DE PEDIDO DE RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA: A) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) B) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA DO TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA...... (SE CRIME DOLOSO CONTRA A VIDA DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL)18 C) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ...VARA CRIMINAL DA COMARCA......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA ESTADUAL) D) EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ...VARA CRIMINAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE......(SE CRIME DA COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL) 7 a 10 linhas Fulano de Tal, nacionalidade, estado civil, profissão, RG nº...19, por seu procurador infra-assinado, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência requerer o RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA, com base no art. 5º, LXV da Constituição Federal/88, pelos fatos e fundamentos jurídicos a seguir expostos I) DOS FATOS20 II) DO DIREITO21 III) DO PEDIDO Ante o exposto, requer o RELAXAMENTO DA PRISÃO PREVENTIVA, a fim de que possa responder a eventual processo em liberdade, com a expedição do respectivo alvará de soltura, por ser medida de inteira justiça. Nestes termos, pede deferimento. Local e data ADVOGADO OAB 18 Competência da Justiça Federal – Ver art. 109 da CF/88. 19 Não inventar dados. Utilizar somente os disponibilizados no enunciado da peça. 20 Fazer um breve relato dos fatos. Não inventar dados. Relatar como ocorreu a prisão. 21 Buscar no enunciado informações que permitam desenvolver teses voltadas à ilegalidade da prisão preventiva. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 42 Questão 01 – XX EXAME DA OAB Fausto, ao completar 18 anos de idade, mesmo sem ser habilitado legalmente, resolveu sair com o carro do seu genitor sem o conhecimento do mesmo. No cruzamento de uma avenida de intenso movimento, não tendo atentado para a sinalização existente, veio a atropelar Lídia e suas 05 filhas adolescentes, que estavam na calçada, causando-lhes diversas lesões que acarretaram a morte das seis. Denunciado pela prática de seis crimes do Art. 302,§ 1º, incisos I e II, da Lei nº 9503/97, foi condenado nos termos do pedido inicial, ficando a pena final acomodada em 04 anos e 06 meses de detenção em regime semiaberto, além de ficar impedido de obter habilitação para dirigir veículo pelo prazo de 02 anos. A pena privativa de liberdade não foi substituída por restritivas de direitos sob o fundamento exclusivo de que o seu quantum ultrapassava o limite de 04 anos. No momento da sentença, unicamente com o fundamento de que o acusado, devidamente intimado, deixou de comparecer espontaneamente a última audiência designada, que seria exclusivamente para o seu interrogatório, o juiz decretou a prisão cautelar e não permitiu o apelo em liberdade, por força da revelia. Apesar de Fausto estar sendo assistido pela Defensoria Pública, seu genitor o procura, para que você, na condição de advogado(a), preste assistência jurídica. Diante da situação narrada, como advogado(a), responda aos seguintes questionamentos formulados pela família de Fausto: A) Mantida a pena aplicada, é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos? Justifique. (Valor: 0,65) B) Em caso de sua contratação para atuar no processo, o que poderá ser alegado para combater, especificamente, o fundamento da decisão que decretou a prisão cautelar? (Valor: 0,60) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não pontua QUESTÃO 4 – XX EXAME PROVA REAPLICADA EM PORTO VELHO/RO (por conta da falta de luz no dia da prova geral da 2ª fase) Maria, primária e com bons antecedentes, trabalha há vários anos dirigindo uma van de transporte de crianças. Certo dia, após mudar o itinerário sempre observado, resolve fazer compras em um supermercado, onde permaneceu por duas horas, esquecendo de entregar uma das crianças de 03 anos na residência da mesma. Ao retornar ao veículo, encontra a criança desfalecida e, desesperada, leva-a ao hospital, não conseguindo, porém, evitar o óbito. Acabou denunciada e condenada pela prática do injusto do Art. 133, § 2º, do Código Penal (abandono de incapaz com resultado morte) à pena de 04 anos de reclusão em regime aberto. Apesar de ter respondido ao processo em liberdade, não foi permitido à Maria apelar em liberdade, fundamentando o juiz a ordem de prisão na grande comoção social que o fato causou. A família dispensou o advogado anterior e o(a) procurou para que assumisse a defesa de Maria. Considerando apenas as informações narradas na situação hipotética, responda aos itens a seguir. PROCESSO PENAL Prof. Nidal Ahmad OAB 2ª Fase 43 A) Qual a tese de direito material a ser alegada em eventual recurso defensivo para evitar a punição de Maria pelo crime pelo qual foi denunciada? Justifique. (Valor: 0,65) B) Qual a medida que deve ser adotada na busca da liberdade imediata de Maria e com qual fundamento? Justifique. (Valor: 0,60) Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas.A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação. Questão 02 - XVII EXAME Glória, esposa ciumenta de Jorge, inicia uma discussão com o marido no momento em que ele chega do trabalho à residência do casal. Durante a discussão, Jorge faz ameaças de morte à Glória, que, de imediato comparece à Delegacia, narra os fatos, oferece representação e solicita medidas protetivas de urgência. Encaminhados os autos para o Ministério Público, este requer em favor de Glória a medida protetiva de proibição de aproximação, bem como a prisão preventiva de Jorge, com base no Art.
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