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Doenças Autoimunes

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Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 
1 
 
www.medresumos.com.br 
 
 
DOENÇAS AUTOIMUNES (AUTOIMUNIDADE) 
 
O reconhecimento efetuado pelos linfócitos T contra moléculas presentes em bactérias, vírus, células tumorais e 
células estranhas, além de ser um grande passo na evolução da espécie humana, é um fenômeno de alto risco para o 
organismo porque requer a associação com estruturas próprias oriundas do MHC e peptídios das moléculas estranhas 
presentes nas APCs. 
 A seleção tímica é um dos mecanismos fisiológicos que impedem que os linfócitos T auto-reativos circulem no 
organismo; no entanto, muitas dessas células não morrem e permanecem na circulação em estágio anérgico, ou seja, 
não respondem aos antígenos. Essas células em determinadas circunstâncias podem deixar o estado anérgico e tornar-
se ativadas. 
 O organismo normalmente produz percentuais baixos (5%) de anticorpos que reconhecem estruturas próprias, 
como por exemplo, anticorpos anticitocinas, anticolágeno e anti-DNA. No entanto, essa produção de anticorpos auto-
reativos pode se tornar desequilibrada e levar a doenças de auto-agressão, as doenças autoimunes, que afetam entre 
1 a 5% dos indivíduos em algum momento de sua vida. 
 A resposta imune adaptativa contra antígenos estranhos realiza uma eliminação eficaz do agente causador, no 
intuito de proteger o organismo. Quando há uma falha no mecanismo de auto-tolerância, a resposta imune passa a se 
manifestar contra antígenos próprios, e quando o sistema imune apresenta uma incapacidade de eliminar 
completamente os auto-antígenos, ocorre uma resposta contínua do sistema imune na forma de inflamação crônica que 
desencadeia uma doença autoimune. 
 As doenças autoimunes, portanto, consistem em respostas imunes adaptativas em que as células do sistema 
imune agem contra as células do próprio organismo devido à incapacidade do organismo em eliminar esses auto-
antígenos. Os linfócitos T auto-reativos (que respondem aos componentes do próprio organismo) escapam do processo 
de apoptose durante a seleção central no timo e chegam na periferia (órgão linfoide periférico) aptos para reagir contra 
antígenos do próprio (Acγ-próprio). 
 
 
PRINCIPAIS FALHAS QUE CONTRIBUEM NO SURGIMENTO DAS DOENÇAS AUTOIMUNES 
 A doença autoimune é processo multifatorial em que estão envolvidos alterações genéticas e fatores ambientais, 
provenientes da dieta, do estresse e do contato com os antígenos. Vários mecanismos podem estar implicados no 
surgimento das doenças autoimunes: fatores genéticos; falha da tolerância central (auto-tolerância); falha da tolerância 
periférica; reações cruzadas (agentes infecciosos); fatores dietéticos; e fatores neuroendócrinos. 
 
FATORES GENÉTICOS 
 Há fortes evidências de que a suscetibilidade a doenças autoimunes está correlacionada a fatores genéticos 
ligados, principalmente, aos genes responsáveis pela estrutura do MHC de classe II (o gene HLA). A falha estrutural no 
gene HLA direcionava alguns tipos de doenças autoimunes. 
 
 
 Como pode ser observado, a única doença que tem alto valor de RR (87,5) é a espondilite anquilosante, 
doença que envolve as articulações sacroilíacas, espinhal e articulações periféricas maiores. No caso da artrite 
reumatoide, tem-se observado reação cruzada entre epítopos do HLA-DR4 e Proteus mirabilis. 
 
FALHA NA TOLERÂNCIA CENTRAL 
 Apesar de haver poucas evidências clínicas e experimentais, os linfócitos T que apresentam TCR de alta 
afinidade por antígenos próprios associados ao MHC podem escapar da apoptose por não entrarem em contato com 
quantidades suficientes de auto-antígenos no timo. Essas células são conhecidas como linfócitos T auto-reativos. 
Arlindo Ugulino Netto. 
IMUNOLOGIA 2016 
Arlindo Ugulino Netto ● MEDRESUMOS 2016 ● IMUNOLOGIA 
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 Essa ideia é um dos mecanismos sugeridos para a ocorrência da esclerose múltipla, em que os antígenos estão 
presentes na bainha de mielina no cérebro, órgão em que há maior seletividade na passagem de células do sistema 
imune pela barreira hematoencefálica. 
 
FALHA NA TOLERÂNCIA PERIFÉRICA 
 Nesse caso, a perda da tolerância ocorre em linfócitos T ou B que já migraram para os órgãos linfoides 
secundários. As principais causas da perda da tolerância dessas células ocorrem por: 
 Falha na anergia: como sabemos, o processo de anergia se dá por meio da supressão dos co-estimuladores 
(CD40, CD40L, CD28, B7, etc), o que gera a tolerância periférica. Durante infecções, inflamações ou necrose 
tecidual, as células aumentam a expressão dessas moléculas, podendo causar resposta aos antígenos e perda 
da tolerância a antígenos próprios e o consequente desenvolvimento de doenças autoimunes. Ex: esclerose 
múltipla, tireoidite e diabetes mellitus dependente de insulina. Os vírus também induzem à produção de TNF-α e 
IFN-γ, que aumentam a expressão de moléculas do MHC-I e do MHC-II (HLA-DR). 
 Falha na morte celular induzida por ativação por antígenos próprios (apoptose): quando os antígenos 
estão em altas concentrações, o estímulo repetitivo dos linfócitos T causa a morte por apoptose. A falha na 
morte mediada por Fas-FasL pode levar à persistência dos linfócitos auto-reativos e à ocorrência de doença 
autoimune. 
 Falha na supressão de linfócitos T auto-reativos por citocinas regulatórias: os linfócitos Th1/Tc1 
(reguladores) produzem citocinas que regulam a expansão dos linfócitos Th2/Tc2, e vice-versa. Falhas na 
regulação por meio dos linfócitos T reguladores (devido a uma baixa dessas células), pode gerar doenças 
autoimunes. Uma das propostas da ocorrência de doenças autoimunes é que linfócitos Th1 ou Tc1 produzem IL-
2 e IFN-γ, o que ativa macrófagos e LTc1, provocando doenças autoimunes mediadas por células, como no caso 
da diabetes tipo I e da artrite reumatoide. Há evidências ainda de que a redução de linfócitos T regulatórios 
CD4+CD25+, secretores do TGF-β, propicia o desenvolvimento de tireoidite, gastrite e diabetes tipo I. O efeito 
supressor das células regulatórias pode ser reduzido pela produção de IL-6 por células dendríticas ativadas via 
receptor Toll. 
 
REAÇÃO CRUZADA ENTRE MOLÉCULAS PRÓPRIAS E ANTÍGENOS 
 A semelhança entre moléculas próprias e os antígenos pode desencadear o surgimento de doenças autoimunes. 
Reação cruzada consiste na ação dos anticorpos contra moléculas próprias que apresentam semelhanças 
morfofuncionais com antígenos patológicos. 
 Na febre reumática, infecções de garganta com alguns sorotipos de estreptococos β-hemolíticos levam à 
produção de anticorpos contra a proteína M da parede celular bacteriana. Alguns desses anticorpos reagem de forma 
cruzada com proteínas do sarcolema do miocárdio e miosina, causando inflamação local (cardite). 
 Reações cruzadas ocorrem também na doença de Chagas, em que anticorpos contra antígenos do 
Trypanossoma cruzi reagem com a laminina. 
 Os epítopos compartilhados entre o vírus cosackie B3 e as células cardíacas parecem estar associadas com a 
miocardite induzida por vírus, o mimetismo entre o poliovírus e o receptor de acetilcolina parece estar envolvido com a 
patogênese da miastenia grave. 
 A própria esclerose múltipla é desencadeada por uma reação cruzada entre a proteína da bainha de mielina 
(MBP) e o vírus da hepatite B. 
 
ALTERAÇÕES ESTRUTURAIS DE EPÍTOPOS APÓS INFECÇÃO OU LESÕES FÍSICAS OU QUÍMICAS 
 A liberação de moléculas tóxicas durante uma infecção, o contato com substâncias químicas ou com radiações 
podem levar a alterações em algumas moléculas presentes nas células e uma resposta de autoagressão. Quando o 
epítopo é alterado, peptídeos diferentes podem ser apresentados pelos linfócitos B e estes podem ser ativados por 
linfócitos T que secretam citocinas estimulatórias, levando à produção de anticorpos auto-reativos. Nas anemias 
hemolíticas, na púrpura trombocitopênica e nas agranulocitoses associadas à ingestão de determinados 
medicamentos e pós-infecção ocorre esse tipo de mecanismo. 
 
FATORES RELACIONADOS À DIETA 
 A dietae o estado nutricional do hospedeiro são importantes não apenas na função imunológica na resistência a 
infecções, mas também na suscetibilidade a doenças autoimunes. Dieta rica em gorduras; pobre em ácidos graxos 
insaturados; e pobre em vitaminas é um fator de risco associado ao desenvolvimento de doenças autoimunes. Os níveis 
de ferro interferem no controle do balanço Th1/Th2 e pode modular suscetibilidade a doenças autoimunes. Ácidos 
graxos insaturados, monoinsaturados (óleo de oliva) e poliinsaturados, que reúnem os óleos ômega 3 (óleos de peixes) 
e ômega 6 (óleo de açafrão e borragem), também interferem no desencadeamento das doenças autoimunes. 
 
FATORES NEUROENDÓCRINOS 
 Como resultado do estresse, o neuropeptídio fator de liberação de corticotrofina (CRF) é produzido pelo 
hipotálamo, o que ativa a produção de ACTH pela hipófise e a produção de glicocorticoides pela adrenal. Corticoides 
apresentam efeitos supressivos sobre a resposta imune e induzem várias alterações metabólicas. Em pacientes com 
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artrite reumatoide, os níveis de CRF nas articulações estão aumentados e a produção de glicocorticoides inibe a 
resposta TH1, que predomina nessa enfermidade. 
 
 
DOENÇAS AUTOIMUNES 
 As principais doenças autoimunes podem ser enquadradas em alguns processos de hipersensibilidade, tais 
como: 
 Hipersensibilidade Citotóxica: 
 Pênfigo 
 Anemia Hemolítica Auto Imune 
 Febre Reumática 
 Púrpura Trombocitopênica 
 Doença de Graves 
 Miastenia Grave 
 
 Hipersensibilidade Complexo Imune: 
 Lupus Eritematoso Sistêmico 
 Endocardite Bacteriana 
 
 Hipersensibilidade Tardia: 
 Artrite Reumatoide 
 Esclerose Múltipla 
 Diabetes Tipo I 
 
 Tais doenças podem ainda ser classificadas quanto ao sistema: 
 Reumáticas (inflamações articulares): Lúpus Eritematoso Sistêmico; Artrite Reumatoide 
 Endócrina: Diabetes tipo I; Tireoidite de Hashimoto; Doença de Graves 
 Gastrointestinais: Doença Celíaca; Anemia Perniciosa 
 S.N.C.: Esclerose Múltipla; Miastenia Grave 
 Cutânea: Pênfigo 
 
 
DOENÇAS REUMÁTICAS 
 Lúpus Eritematoso Sistêmico 
 O lúpus eritematoso (LES) é uma doença autoimune crônica, multissistêmica, com períodos de exacerbação e 
remissão; afeta predominantemente pessoas do sexo feminino (razão mulher/homem = 10:1), na idade entre 20 e 60 
anos. É mais incidente entre negras e orientais. O LES é caracterizado pela produção de anticorpos que agem contra 
constituintes nucleares (daí sua manifestação sistêmica): anti-DNA, anti-histonas e anti proteínas do nucléolo. 
 O LES desenvolve-se na dependência da associação de fatores genéticos, hormonais e ambientais. No aspecto 
genético, o surgimento desta síndrome tem sido correlacionada à expressão de determinados alelos das moléculas 
MHC-II: nos indivíduos caucasianos, o alelo HLA-DR3 e nos orientais o alelo HLA-DR2. Em relação aos aspectos 
ambientais, o surgimento do LES tem sido associado à exposição à luz ultra-violeta (UV), em especial à UV-B, e a 
medicamentos como procainamida, hidralazina, clorpromazina, isoniazidas, practolol e metildopa. 
 O mecanismo imunológico está relacionado com o desequilíbrio na regulação da resposta imune nos pacientes 
com LES, o que leva à produção de diferentes anticorpos auto-reativos. Esses anticorpos reagem, com maior frequência, 
com constituintes nucleares, em particular DNA (o mecanismo de produção de anticorpos anti-DNA provavelmente 
ocorre pelo reconhecimento por linfócitos B do DNA próprio alterado associado a proteínas nucleossomais), 
ribonucleoproteínas, histonas e antígenos presentes nos nucléolos. Os complexos imunes formados por esses 
anticorpos e os respectivos antígenos não são removidos da circulação e são depositados nos glomérulos renais, nas 
articulações, na pele e nos vasos sanguíneos, o que provoca processo inflamatório local. 
 Pacientes com LES apresentam defeitos na resposta imune e a maioria destes está associada ao cromossomo 
número 1. Um dos defeitos observados é o aumento da expressão das moléculas CD40L que, embora seja um marcador 
de linfócitos T, nos pacientes com lúpus, este também está aumentado na superfície dos linfócitos B. A interação dos 
linfócitos T e B CD40L+ com macrófagos e células dendríticas CD40+ pode aumentar a ativação dessas células. 
 As manifestações clínicas da LES são mediadas pelo depósito e sedimentação de imuno-complexos (sistema 
complemento, anticorpos, etc.) em determinadas regiões: 
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 Manifestações renais decorrentes do depósito 
de Igs nos glomérulos: hematúria, proteinúria, 
cilindros 
 Fadiga febre, náuseas, anorexia, 
 Manifestações cutâneas como o eritema malar 
(“asa de borboleta”) 
 Artralgias, artrite 
 Hemorragias (anticorpos contra cardiolipina-
plaquetária, componente proteico da plaqueta) 
 Plaquetopenia, linfopenia, vasculite 
 
 O principal teste diagnóstico para o LES é a 
detecção de anticorpos que reagem com constituintes 
do núcleo celular, como os anticorpos antinúcleo 
(ANA) que estão presentes na maioria dos pacientes, 
sendo eles detectados pela técnica da 
imunofluorescência indireta. No Brasil, a nomenclatura 
empregada nos laboratórios de análises clínicas foi 
adaptada a partir de idiomas estrangeiros, o que levou 
a uma variedade de padrões conhecidos como 
padrões FAN (fator antinuclear). 
 
 Artrite Reumatoide 
 A artrite reumatoide (AR) é uma doença autoimune caracterizada pela inflamação crônica (hipersensibilidade 
tardia como mecanismo imunológico) das articulações sinoviais com destruição progressiva de estruturas cartilaginosas 
e ósseas. As principais articulações afetadas são as das mãos, punhos, joelhos e pés, em geral, de forma simétrica. 
Fatores hormonais provavelmente estão envolvidos porque a incidência maior ocorre em mulheres (3:1) de 35 a 50 anos 
de idade. 
 Além dos fatores hormonais, agentes infecciosos têm sido associados ao surgimento da artrite reumatoide, tais 
como: Mycoplasma, vírus da rubéola, citomegalovírus, herpes vírus, parvovírus B19, o vírus Epstein-Barr e o 
Mycobacterium tuberculosis. Há forte associação nesses pacientes com a expressão das moléculas de MHC-II: HLA-
DR4 e HLA-DR1. 
 O líquido presente em articulação sinovial 
normal é acelular; no entanto, quando a artrite 
reumatoide se desenvolve, este fica enriquecido 
predominantemente de neutrófilos, embora 
macrófagos, linfócitos T e células dendríticas estejam 
presentes. A membrana sinovial composta de uma a 
duas camadas celulares torna-se infiltrada por células 
provenientes do sangue e passa a apresentar de seis 
a oito camadas. Essas camadas são compostas, na 
parte mais externa, sobretudo por macrófagos 
ativados (denominados sinoviócitos tipo A) com uma 
camada subjacente de células tipo fibroblastos 
(sinoviócitos tipo B). O local de maior lesão na 
articulação ocorre na junção da membrana sinovial 
com a cartilagem e o osso, onde se forma o pannus, 
estrutura celular rica em macrófagos. A destruição da 
cartilagem deve-se a produção de 
metaloproteinases, enzimas produzidas pelos 
macrófagos e fibroblastos ativados pela IL-1 e TNF-α, 
que destroem o colágeno das articulações 
acometidas. 
 As citocinas que desencadeiam o desenvolvimento da hiperplasia dos fibroblastos da membrana sinovial são 
oriundas da ativação crônica de macrófagos: fator de crescimento derivado de plaquetas (PDGF, responsável pelo 
aumento da proliferação dos fibroblastos), fator de crescimento de fibroblastos (FGF, responsável pela indução da 
migração e proliferação de células do endotélio causando a formação de novos vasos) e fator β de crescimento e 
transformação (TGF-β, associado tanto com o reparo das lesões quanto com a fibrose nas articulações). 
 Linfócitos B presentes nas membranas sinoviais produzem anticorpos contra a porção Fc das IgG; esses 
anticorpos, denominados fatores reumatoides, reagemcom carboidratos alterados nesse fragmento da IgG. Os fatores 
reumatoides mais comum são Igs da classe IgM, embora IgG e IgA também possam apresentar estas características. 
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 Os achados diagnósticos são anticorpos contra colágeno e estruturas das cartilagens, que também são fatores 
reumatoides. 
 
DOENÇAS DO SISTEMA NERVOSO 
 Esclerose Múltipla 
 A esclerose múltipla (EM) é uma doença inflamatória que ocorre no sistema nervoso central (SNC) e leva à 
perda da bainha de mielina que reveste os axônios, bainha esta que propicia maior rapidez e eficácia na transmissão 
dos impulsos elétricos entre neurônios. A desmielinização resulta em diferentes quadros clínicos, dependendo na área 
do SNC mais afetada (o cérebro, tronco cerebral, medula espinhal, nervo óptico). A EM acomete mais as mulheres e 
vários fatores, entre eles hormonais, ambientais e genéticos, estão envolvidos. 
 Trata-se de um processo de hipersensibilidade tardia, mediada por linfócitos Th1. A estrutura alvo na EM é 
proteína básica de mielina (MBP). O adenovírus tipo 2 tem uma sequência de aminoácidos similar àquela presente na 
MPB que ativam linfócitos T auxiliares que ultrapassam a barreira hematoencefálica. A polimerase do vírus da hepatite B 
também compartilha seis aminoácidos com uma região da MBP. O tratamento da EM é feito por meio do IFN-β 
justamente por ser um fator antiviral e anti-proliferativo. 
 Evidências mais recentes sugerem que os linfócitos T citotóxicos e os macrófagos podem estar associados com 
a destruição dos oligodendrócitos por mecanismos de apoptose pelo complexo Fas-FasL, granzimas e perforinas 
(citotoxicidade). 
 As manifestações clínicas envolvem: problemas visuais, distúrbios da linguagem, da marcha, do equilíbrio, da 
força, fraqueza transitória no início da doença, em uma ou mais extremidades, dormências. 
 
 Miastenia Grave 
 A miastenia grave é uma doença autoimune que 
afeta os receptores de acetilcolina (rACh, receptor 
colinérgico do tipo nicotínico) da junção neuro-muscular, 
levando à fraqueza de músculos estriados. Os músculos 
mais suscetíveis à doença são os associados com os 
nervos cranianos, sendo afetados, em mais de 50% dos 
casos, os músculos oculares. Em alguns casos, os 
indivíduos apresentam timoma (tumor do timo que induz 
à produção de anticorpos contra proteínas semelhantes 
no timo normal e no rACh) ou estão submetidos ao 
tratamento com D-penicilina, medicamento utilizado no 
tratamento da artrite reumatoide. É caracterizada por um 
mecanismo que evolve a hipersensibilidade citotóxica. 
 O rACh é constituído de duas cadeias α, uma 
cadeia β, uma δ e outra γ. Os anticorpos anti-rACh 
reconhecem a cadeia α e, quando se associam a esta 
molécula, além de bloquear a associação da acetilcolina, 
ativam o sistema complemento e levam à lesão da placa 
neuromuscular pela indução da resposta inflamatória 
local. 
 Com isso, a clínica característica da miastenia grave, além de fraqueza muscular generalizada, envolve outros 
fatores decorrentes desta fraqueza. Mais frequentemente, o primeiro sintoma verificado é a fraqueza dos músculos dos 
olhos. Pode estagnar por aí ou progredir para os músculos da deglutição, fonação, mastigação ou dos membros. Os 
sintomas variam de doente para doente, mas tipicamente podem incluir a queda de uma ou ambas as pálpebras (ptose), 
visão dupla (diplopia), fraqueza dos músculos oculares (estrabismo), dificuldade em engolir (disfagia), dificuldade em 
falar, fala com a voz anasalada (disfonia), fraqueza nos músculos da mastigação (com consequente descaimento da 
mandíbula), ou do pescoço com queda da cabeça para diante, fraqueza dos músculos dos membros (com dificuldade 
para subir degraus ou andar, ou elevar os braços para pentear, barbear ou escrever). A fraqueza dos músculos 
respiratórios é uma complicação potencialmente fatal. 
 
 
DOENÇAS ENDÓCRINAS 
 Doença de Graves 
 A doença de Graves caracteriza-se por hipertireoidismo, uma vez que o órgão 
alvo desta autoimunidade é a glândula tireoide. 
 Os pacientes apresentam anticorpos que reconhecem o hormônio 
tireoestimulante (TSH). Esse anticorpo compete com o TSH pelo mesmo sítio de ligação 
no receptor e, diferentemente da miastenia grave, leva à contínua ativação da tireoide, ao 
aumento consequente dos hormônios tiroxina (T4) e triodotironina (T3) e à redução do 
TSH. 
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 Alta: T3,T4 
 Baixa de TSH 
 
 Em cerca de 8% dos casos, ocorre oftalmoplegia, com protuberância dos olhos (exoftalmia), desconforto e, às 
vezes, dor. O tecido periorbitário e os músculos são infiltrados com linfócitos. Os sintomas mais comuns são: agitação, 
sudorese, insônia, diarreia, taquicardia. 
 
 Hipotireoidismo de Hashimoto 
 A tireoidite de Hashimoto é uma doença 
inflamatória crônica que afeta a tireoide, caracterizando 
hipotireoidismo. Os pacientes apresentam dois tipos de 
anticorpos: a antiperoxidase tireoidea (anticorpos 
contra a peroxidase tireóidea, enzima presente na borda 
apical das células da tireoide que realiza a iodação da 
tireoglobulina) e a antitereoglobulina. 
 Alta: TSH 
 Baixa de T3 e T4 
 
 Os anticorpos contra essas enzimas são 
produzidos em altas concentrações e, além de destruir 
as células pela ativação do sistema complemento, 
interferem na ação catalítica contribuindo para o 
surgimento do hipotireoidismo, desenvolvendo os 
seguintes sinais clínicos: aumento de peso, sonolência 
e bócio. 
 
 Diabetes Mellitus Insulinodependente ou Tipo I 
 A diabetes tipo I é uma doença autoimune na qual são destruídas as células β, produtoras de insulina, das 
ilhotas de Langerhans do pâncreas. Além das células β, que constituem cerca de 80% das ilhotas, fazem parte destas as 
células secretoras de glucagon (células α) e somastotatina (células δ), que não são afetadas pela doença. A destruição 
das células β acarreta a diminuição da produção de insulina, resultando em hiperglicemia e na necessidade de 
administração de insulina exógena. 
 O desenvolvimento dessa doença, assim como de outras doenças autoimunes, está associado a fatores 
genéticos, ambientais e hormonais. Em 95% dos pacientes, observa-se a expressão dos alelos das moléculas do MHC-II 
HLA-DR3 e/ou HLA-DR4. Outro alelo importante que tem sido associado ao desenvolvimento da diabetes tipo I é o HLA-
DQ. O sequenciamento dos aminoácidos desses alelos humanos tem demonstrado que a suscetibilidade está associada 
à expressão de serina, alanina ou valina na posição 57 da cadeia β do HLA-DQ, enquanto a resistência está relacionada 
à expressão de ácido aspártico. Em outras palavras, indivíduos normais apresentam na posição 57 da cadeia β do HLA-
DQ o ácido aspártico, enquanto em diabéticos os aminoácidos podem ser a valina, a serina ou a alanina. 
 Infecção pelos vírus cosackie B-4 pode proceder o início da diabetes e supõe-se que a infecção altere moléculas 
próprias das ilhotas, resultando uma resposta de autoagressão. Infecção congênita pelo vírus da rubéola em indivíduos 
HLA-DR3 também aumenta a prevalência da diabetes tipo I. Este vírus apresenta uma sequência na proteína E1 idêntica 
ao segmento do alelo HLA-DQ em pacientes diabéticos. 
 Em pacientes com diabetes, a maioria das ilhotas com redução no número de células β apresenta um infiltrado 
constituído sobretudo de linfócitos T CD8+ (que induzem a apoptose das células β das ilhotas, produzindo altas 
concentrações de IL-1β que estimula a produção de NO, que induz, por sua vez, a expressão de Fas nas células β), com 
proporção variável de linfócitos T CD4+, linfócitos B, células NK e macrófagos. A ativação de mecanismos dependentes 
de perforina/granzima é sugerida pelo aumento da expressão das moléculas do MHC-I na superfície das células β das 
ilhotas. 
 Os sinais clínicos são: urinar em grande quantidade e muitas mais vezes (poliúria); sede constante e intensa 
(polidipsia); fome constante e difícilde saciar (polifagia); fadiga; prurido no corpo; visão turva (retinopatia diabética). 
 
DOENÇAS CUTÂNEAS 
 Pênfigo 
 O pênfigo corresponde a uma série de doenças em que há a formação de bolhas no interior da epiderme em 
decorrência da produção de anticorpos contra moléculas responsáveis pela junção entre as células epiteliais, as 
caderinas desmossomais. A destruição dessas proteínas que estabelecem a junção das células epiteliais gera a 
formação de bolhas cutâneas. 
 O pênfigo foliáceo é caracterizado por bolhas que surgem na epiderme superficial; nesses pacientes, os 
anticorpos reconhecem a caderina desmossomal conhecida como desmogleína 1. 
 O pênfigo vulgar é caracterizado por bolhas que se desenvolvem na epiderme profunda, sendo elas mais 
severas; o antígeno reconhecido nesse caso é a desmogleína 3. A destruição das caderinas pela associação dos 
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anticorpos IgG com ou sem ativação do sistema complemento são os prováveis mecanismos que levam à formação das 
bolhas. 
 
 
PERSPECTIVAS DAS DOENÇAS AUTOIMUNES 
 O estudo e o desenvolvimento de tratamentos alternativos para as doenças autoimunes estão cada vez mais em 
evidência. A dificuldade para determinar os alvos celulares; a dificuldade de isolamento e a dificuldade em sua análise 
são os principais obstáculos de se obter meios de tratamento eficazes. Daí a importância de se utilizar modelos 
experimentais em animais para buscar novas terapias que não só diminuam os efeitos das doenças autoimunes, mas 
tragam a cura.

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