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Semiologia do Sistema Visual e Auditivo

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
TRABALHO DE SEMILOGIA
 
Profª. Dra. Flávia Augusta de Oliveira
Aluna: Melissa Caroline Ferrari
RA: 85075
2º ano do curso de MEDICINA VETERINÁRIA
1º SEMESTRE
Semiologia do Sistema Visual e Auditivo dos Animais Domésticos
 Sistema Visual
Introdução 
 Em oftalmologia veterinária, apesar de o clínico geral possuir conhe-cimentos de anatomia e fisiologia oculares, para se realizar um exame completo do olho, acredita-se que haja necessidade de um treinamento técnico específico para que se alcance um exame oftalmológico de qualidade, principalmente no que se refere ao manuseio de equipa-mentos específicos que são necessários. 
 Das estruturas que compõem o aparelho da visão, não há como discriminar a importância de uma estrutura em detrimento das demais. Todas, em sua função, colaboram para a boa visão. O tempo, a evolução e os avanços médicos têm demonstrado que cada componente desse sistema participa efetivamente do mecanismo de formação da imagem colocando, assim, o organismo em contato com o meio externo. 
Exame clínico oftálmico dos animais domésticos 
 Serão descritos a seguir alguns aspectos comparativos do exame clínico dos olhos, órbita e anexos oculares das espécies domésticas. O exame clínico oftálmico é uma extensão do exame físico e não deve, portanto, ser realizado isoladamente, pois há muitas manifestações oculares decorrentes de doenças sistêmicas, principalmente as relacionadas à túnica vascular do olho. Em geral, as doenças sistêmicas que afetam globo ocular e anexos causam sinais bilaterais, enquanto os sinais unilaterais resultam, provavelmente, de doenças locais. 
 O clínico deve sempre detalhar a anamnese, realizar o exame físico completo, bem como indicar exames laboratoriais complementares e, por fim, investigar cautelosamente os sinais clínicos oculares apresentados. 
 O exame oftálmico deve ser realizado de maneira sistemática, ou seja, com a avaliação das estruturas extra-oculares, seguida da avaliação das estruturas mais externas para as mais internas do bulbo ocular. Para tanto, há necessidade da utilização de alguns equipamentos, principalmente aqueles que promovem magnificação da imagem.
Equipamentos Necessários para Realização do Exame Oftálmico 
 Muitas vezes, há certa relutância em se realizar o exame oftálmico, pensando-se que são necessários equipamentos de última geração e de elevado custo. Obviamente, tê-los à disposição para realização de um exame detalhado e preciso do olho constitui-se em um fato importante. Talvez isso desencoraje os clínicos gerais a possuírem apreço à Oftalmologia Veterinária. 
 Basicamente, são necessários para a realização de um exame oftálmico completo: uma sala escura, fonte de luz artificial e uma lupa com pala, alguns instrumentos específicos, colírios para promover a dilatação pupilar e colírios à base de corantes vitais.
Contenção dos Animais para Realização do Exame Oftálmico 
 Muitos cães e gatos podem ser examinados apenas com uma boa contenção física, além do uso de focinheiras ou mordaças. No entanto, ocasionalmente, os pacientes que não cooperam com o exame devem ser, ao menos, tranquilizados com associação de cetamina/diazepam ou com fenotiazínicos (acepromazina, levomepromazina). 
 Quando a acepromazina é utilizada, observa-se protrusão da terceira pálpebra sobre a superfície ocular, além do efeito miótico do fármaco, o que interfere no exame das estruturas intra-oculares e na realização de determinados procedimentos diagnósticos. Se for necessária a contenção farmacológica, antes da administração de qualquer substância, deve-se proceder a dilatação pupilar com uso de cicloplégicos como a solução tópica de tropicamida 1% c/ou atropina 1%. Em alguns casos, haverá a necessidade do uso de agentes anestésicos gerais que promovam anestesia geral de ultracurta duração, a exemplo do tiopental sódico. Nesse caso será necessária a mobilização dos olhos para o exame, uma vez que permanecem ventrofletidos sob efeito desses fármacos. 
 Deve-se também conhecer os efeitos dos agentes anestésicos sobre a Pressão Intra-ocular (PIO) e secreção lacrimal, pois se pode ter influência sobre os valores da mensuração da PIO e Teste da Lágri-ma de Schirmer, respectivamente. 
 A anestesia do nervo auriculopalpebral raramente é utilizada em cães. Recentemente, onde há necessidade de promover a acinesia do globo ocular e analgesia, pode-se proceder ao bloqueio do ramo oftálmico do nervo trigêmeo associado ao bloqueio do nervo supra-orbitário. Detalhes sobre a contenção química de pequenos e grandes animais podem ser observados nos capítulos de contenção física e química de pequenos e grandes animais.
Ambiente para Realização do Exame Oftálmico 
 O ambiente para realização do exame oftálmico deve ser tranquilo e com controle da luminosidade ou, de preferência, uma sala completa-mente escura. Isso nem sempre é possível, principalmente para os grandes animais. A sala escura, além de deixar o animal mais tranquilo, evita o reflexo de objetos da sala sobre a córnea, o que pode, muitas vezes, ser interpretado como uma lesão corneal, por exemplo.
Perguntas que devem ser direcionadas ao proprietário na busca de informações a respeito 
do(s) problema(s) ocular(es) apresentado(s). 
• Há baixa na acuidade visual? Há piora noturna ou diurna? 
• Qual a duração dos sinais clínicos? 
• Houve melhora ou piora do quadro desde o aparecimento da doença? 
• Histórico de doenças oculares anteriores. 
• A condição é uni ou bilateral? 
• Houve evolução rápida ou progressiva? 
• Presença ou não de secreção ocular. Tipo da secreção. 
• Histórico de trauma ocular. 
• Há histórico familiar da doença ocular? 
• Houve tentativa de tratamento tópico ou sistêmico? Quais fármacos foram utilizados? Houve melhora ou piora do quadro com o tratamento? 
• Houve ocorrência de sinais clínicos sistêmicos que aventem a possibilidade de curso de uma doença sistêmica? 
• Presença de distúrbios locomotores que aventem a possibilidade de curso de uma doença sistêmica nervosa. 
• Dados sobre alimentação, vacinação e vermifugação. 
Histórico Clínico 
 E adquirindo as informações do proprietário que se começa a criar uma linha lógica de raciocínio para, assim, instituir-se um diagnóstico e tratamento confiáveis, garantindo a cura da doença e satisfação do proprietário. Nem sempre essas informações são precisas e confiáveis, principalmente quando se trata de animais de companhia que recebem pouca atenção dos seus donos.
 Muitas vezes, os proprietários não sabem informar sobre a sequência de aparecimento dos sinais sistêmicos e oculares, muito menos quanto ao tempo de evolução. Como leigos, sabem relatar a respeito da presença ou não de secreção ocular, olho vermelho, dor à manipulação do olho, alterações de coloração, alterações do tamanho e do diâmetro do bulbo ocular ou pupila. O relato de cegueira é relacionado ao fato de o animal estar batendo em obstáculos (principalmente pequenos animais). Com isso, é importante estabelecer uma sequência lógica de perguntas.
Sinais indicadores ou Reveladores de Doenças Oculares 
 Raça, idade e o sexo do animal podem ser úteis para determinar o diagnóstico e o prognóstico de muitas doenças oculares.
 Raça 
Muitas raças de animais domésticos podem ser predispostas a determinadas doenças oculares hereditárias. Exemplos típicos são: coloboma do nervo óptico em animais da raça charolês; síndrome úveo-dermatológica em cães da raça akita; síndrome da ectasia escleral em cães da raça collie, entre outras. 
 Idade 
A idade do animal é sempre um dado relevante no diagnóstico de uma doença ocular. Exemplos clássicos são: catarata congênita em vacas da raça Jersey; degeneração dos fotorreceptores da retina em cães da raça poodle miniatura. 
 Sexo 
Doenças oculares ligadas ao sexo também são descritas na literatura, aexemplo da atrofia progressiva retiniana ligada ao cromossomo X em cães da raça husky siberiano.
Exame Sistemático do Olho
 Como mencionado anteriormente, o exame oftálmico deve ser realizado de forma sistemática na busca das alterações mencionadas pelos proprietários. Sempre deve ser realizado o exame dos dois olhos. Quando a doença for unilateral, deve-se iniciar o exame pelo olho contra-lateral, supostamente normal. Salienta-se também a importância da realização do exame físico geral prévio. 
 É importante que o proprietário ou ao menos uma pessoa de convívio do animal esteja presente na sala de exame, para que não seja aumentado o estresse durante a manipulação e, principalmente, instalem-se alterações oculares que podem interferir na interpretação do exame (exemplo: animais muito estressados fazem dilatação pupilar temporária pela descarga de adrenalina).
 Inicialmente, deve-se avaliar a reação do animal no ambiente desconhecido de exame. Se houver histórico de cegueira, o mesmo deve ser estimulado a andar pela sala de exame observando-se se há colisão com obstáculos que podem ser colocados à sua frente. Isso deve ser realizado com a sala de exame iluminada e completa-mente escura.
 Primeiramente, deve-se observar a região periocular na busca de anormalidades grosseiras como assimetria facial, aumentos de volumes periorbitais e desvio do eixo visual (estrabismos). Deve-se observar, ainda, a presença de: secreção ocular (tipos de secreção), olho vermelho, alopecia periocular e corrimentos nasais. Salienta-se que na presença de secreções oculares pode-se proceder à colheita de material através de swab estéril para isolamento e identificação de agentes bacterianos, virais ou fúngicos. Pode-se, ainda, obter material da superfície ocular com auxílio de espátulas (Espátula de Kimura) ou escovas ginecológicas para investigação citopatológica. O material obtido deve ser aplicado por rolamento sobre uma lâmina de vidro limpa para, posteriormente, ser corado por Giemsa ou panótico rápido. Outras colorações podem ser utilizadas. 
 Após essa inspeção cuidadosa deve-se, quando possível, verificar se o olho do animal retorna à posição ao centro da fissura palpebral, após movimentos de elevação, depressão e lateralidade (para direita e esquerda) da cabeça. Em seguida, inicia-se o exame sistemático do olho, avaliando-se, inicialmente, os anexos oculares, túnica fibrosa, túnica vascular e, por fim, a túnica nervosa. 
 Os dados obtidos no exame devem ser anotados em uma ficha clínica oftalmológica.
Exame Neuroftamológico 
 Esse exame avalia a integridade neuroanatômica do sistema visual. As manobras realizadas nessa avaliação são: 
 1. Reflexo de ameaça visual - deve ser realizado em ambos os olhos. 
 2. Reflexo pupilar direto e consensual. 
 3. Reflexo palpebral. 
 4. Reflexo corneal. 
 5. Reflexo vestibular. 
Esses reflexos avaliam a integridade dos pares de nervos cranianos com a visão (nervos óptico, oculomotor, troclear, trigêmeo, abducente, facial e vestibular) e inervação simpática e parassimpática ocular. Deve-se salientar que o teste de tais reflexos deve ser realizado antes da administração de tranquilizantes, sedativos, anestésicos tópicos, substâncias midriáticas e bloqueio anestésico loco-regional. 
Reflexo de Ameaça Visual
 Nesse reflexo, a face palmar da mão do examinador é dirigida ao olho do paciente e observa-se a atitude do animal frente a esse ato. Em animais sem alteração da acuidade visual, é normal que eles desviem a cabeça da mão do examinador, bem como é observado o ato de piscar. O olho contralateral deve ser coberto com a outra mão. 
 A ausência desse reflexo é observada em animais cegos e pode ser um achado normal em neonatos. Deve-se tomar cuidado de não se tocar as pálpebras nem os cílios e, ainda, de não exercer um movimento brusco de modo a promover o deslocamento de ar sobre a superfície ocular, pois isso produzirá uma ação em resposta a um estímulo táctil, ao invés de uma resposta a um estímulo visual. 
 Reflexo de ameaça visual falso-negativo pode ser observado em animais dóceis. Nesse caso, deve-se testar a via visual pelo teste da "bolinha de algodão". Uma bolinha de algodão é solta de uma altura acima da cabeça do animal e espera-se que o animal acompanhe a queda da mesma. O mesmo cuidado de ocluir a visão do olho contralateral deve ser tomado.
Reflexo Pupilar Direto e Consensual 
 O reflexo pupilar é realizado com auxílio de uma fonte de luz artificial (lanterna), a fim de se observar a constrição pupilar. O reflexo direto é realizado incidindo-se a luz diretamente no olho a ser testado. O reflexo consensual consiste em incidir a luz em um dos olhos, observando-se, no entanto, se há constrição pupilar do olho contralateral. 
 No reflexo pupilar direto avalia-se:
1) A integridade da camada fotorreceptora da retina; 
2) Integridade do nervo óptico ipsilateral, como uma via aferente;
3) A via parassimpática do nervo oculomotor ipsilateral, como uma via eferente;
4) A funcionalidade do músculo constritor da íris ipsi-lateral.
 No reflexo pupilar consensual avalia-se:
1) A integridade da camada fotorreceptora da retina;
2) integridade do nervo óptico ipsilateral, como uma via aferente;
3) A via parassimpática contrala-teral do nervo oculomotor, como uma via eferente;
4) A funcionalidade do músculo constritor da íris contralateral. 
 Ambos os reflexos frequentemente estão presentes em animais cegos. Isso ocorre quando a cegueira é resultante de uma lesão central (encefálica). Também ocorre em casos de doenças retinianas e do nervo óptico quando há preservação de poucos fotorreceptores e axônios do nervo óptico, pois esses reflexos requerem somente um número limitado dessas estruturas funcionais quando comparado ao grande número necessário para o fenômeno da visão.
Reflexos Palpebral e Corneal 
 Esses testes são realizados tocando-se delicadamente a córnea ou a pálpebra superior e inferior, respectivamente. A resposta é a mesma em cada um dos casos, embora vias diferentes sejam testadas. É importante salientar que esses reflexos não indicam, necessariamente, que o animal possua visão. Eles são primariamente reflexos protetores destinados a produzir o fechamento das pálpebras e movimentos da cabeça, de maneira rápida, a fim de prevenir lesões.
Reflexo Vestibular 
 Esse reflexo é realizado movimentando-se a cabeça do animal de um lado para o outro, observando se os olhos deslocam-se, acompanhando o movimento da cabeça. Deve-se observar ainda se há movimentos verticais dos olhos. Ele avalia a funcionabilidade dos nervos oculomotor e abducente, o sistema vestibular e músculos extra-oculares. O nervo oculomotor inerva os músculos retos ventral, medial e dorsal e o nervo abducente inerva o músculo reto lateral.
Exame sequencial das estruturas extra-oculares e intra-oculares 
 Alguns testes diagnósticos em oftalmologia requerem o uso de alguns equipamentos, bem como o uso de fármacos e corantes vitais para avaliação de determinadas estruturas. Portanto, alguns testes podem ter seus resultados alterados, face à administração de algumas substâncias, como é o caso do teste da lágrima de Schirmer (TLS). Sendo assim, indica-se sua realização antes do início do exame sistemático que será proposto a seguir, no qual o uso de alguns fármacos e corantes para os testes será necessário.
Teste da Lágrima de Schirmer 
 Esse é um teste semiquantitativo que avalia a produção de lágrima (em milímetros) produzida pelo olho durante um minuto. Para tanto, é usada uma tira de papel de filtro encontrado comercialmente para uso específico nesse exame. O papel é o Whatman na 40. Existem dois tipos de TLS (números l e 2). 
 No TLS l, avalia-se a quantidade de lágrima produzida em um minuto sem dessensibilização da superfície ocular, no qual a presença do papel sobre ela também estimula a liberação de lágrima (avalia a produção contínua de lágrima).No TLS 2, a sensação corneal é abolida por meio da administração tópica de colírio anestésico que bloqueia a secreção reflexa da glândula lacrimal principal e da terceira pálpebra, avaliando-se, assim, os valores basais de lágrima produzida.
TESTES EMPREGADOS PARA AVALIAÇÃO DA SUPERFÍCIE OCULAR 
 Quando há suspeita de doenças da superfície ocular, alguns testes podem ser empregados. Os mesmos devem, também, ser realizados antes da utilização de fármacos e corantes vitais. 
Teste de Floculação da Lágrima 
 Consiste em avaliar a integridade funcional do filme lacrimal observando-se o padrão de distribuição de mucina sobre a superfície ocular. Para tanto, deve-se colher uma pequena quantidade de lágrima com o auxílio de um tubo de micro-hematócrito. O material deve ser distribuído sobre a superfície de lâmina de vidro limpa, seco à temperatura ambiente. A leitura deve ser realizada em microscópio de luz polarizada. Em animais normais, são observadas estruturas que se arranjam em um padrão semelhante a folhas de samambaia. 
 Falhas nesse padrão de distribuição indicam deficiência de mucina e consequente falha na integridade funcional do filme lacrimal.
Teste de Canulação e Lavagem do Dueto Lacrimal 
 Esse teste é empregado para avaliação da patência do dueto nasolacrimal, bem como para o diagnóstico de alterações ou imperfurações dos pontos lacrimais. Está indicado em casos de epífora ou descarga ocular mucopuru-lenta crônicas, associadas ao retardo ou ausência da passagem da fluoresceína do olho até a abertura do dueto nasolacrimal, nas narinas (teste de Jones). Em cães, gatos e bovinos, a injeção do fluido é realizada por via normógrada, ou seja, pelos pontos lacrimais, dada a dificuldade em se identificar a abertura distal do dueto nasolacrimal. 
 Os pequenos animais são extremamente resistentes à realização do exame requerendo, assim, anestesia geral.
Teste de Rosa Bengala 
 O corante vital Rosa Bengala (dicloro-tetra-iodo fluoresceína) é utilizado para avaliação e diagnóstico de distúrbios da superfície ocular causados principalmente por deficiência lacrimal, como é caso da ceratoconjuntivite seca. 
 É utilizado, ainda, no diagnóstico e no prognóstico de deficiência de mucina na lágrima e anormalidades epiteliais corneais superficiais (ceratite punctata em cães e ceratite dendrítica causada pelo herpesvírus felino Tipo l em gatos). 
 Comercialmente, existem duas apresentações: sob a forma de colírio (solução a 1%) ou em bastão (lmg/bastão). Após instilação no olho, o mesmo deve ser examinado de preferência em lâmpada de fenda. No entanto, equipamentos de menos resolução podem ser empregados no exame.
Teste da Pluoresceína 
 A fluoresceína (fluoresceína sódica) é corante tóxico, solúvel em água, utilizado na forma de colírio a 2% e em tiras de papel (bastões) impregnadas. Ela serve ao diagnóstico das úlceras de córnea, avaliando-se a extensão da lesão na córnea e também em pequenos defeitos epiteliais que não são visíveis ao exame da córnea. 
 Por ser um corante hidrossolúvel, ele se dissolve na porção aquosa da lágrima e, havendo quebra das junções intercelulares epiteliais (defeitos) com exposição do estroma corneal, o mesmo se impregna nessa camada que possui afinidade aquosa, pela presença de proteoglicanos na sua matriz extracelular. A fluoresceína é facilmente detectada, utilizando-se um filtro azul-cobalto presente na haste iluminadora da lâmpada de fenda. 
 Em caso de não se ter esse equipamento, pode-se utilizar o mesmo filtro presente em alguns oftalmoscópios diretos e indiretos. Em úlceras de grande extensão e profundas, apenas uma luz artificial em sala escura permite a observação da úlcera de coloração esverdeada. Deve-se dar preferência ao uso do corante em bastão ao invés do colírio, pois a solução de fluoresceína constitui-se em excelente meio de cultura para bactérias como a Pseudomonas aeruginosa. 
 Esse teste permite, ainda, mais três avaliações: 
1) Tempo de ruptura ou rompimento do filme la-crimal; 
2) Teste de patência do dueto nasolacrimal ou teste de Jones;
3) Teste de Seidel.
 
 O teste do tempo de ruptura do filme lacrimal (TRFL) é medido após a instilação da fluoresceína, impedindo que o paciente feche as pálpebras e, assim, registra-se o tempo, em segundos, até que a primeira área seca apareça. O teste deve ser realizado utilizando-se o filtro azul-cobalto presente na haste iluminadora da lâmpada de fenda. O tempo normal de TRFL em cães é de 20 ± 5 segundos. O movimento ocular pode interferir com esse resultado, sendo indicada a anestesia dissociativa com cetamina e xilazina para minimizar esses movimentos. Um tempo superior ao descrito indica deficiênciência da camada de mucina do filme pré-corneal.
 O teste de Jones (TJ) consiste na avaliação da integridade do aparelho lacrimal após a instilação da fluoresceína sódica sobre o olho, registrando-se o tempo de passagem da mesma pelo aparelho lacrimal até seu aparecimento nas narinas. O tempo normal para cães, gatos e equinos é de 5 minutos. A quantidade de fluoresceína, o tempo de produção de lágrima e o comprimento do dueto nasolacrimal podem influenciar nesse tempo. 
 Sendo assim, tempos acima de 5 minutos podem indicar obstrução parcial ou completa do dueto. Resultados falsos-negativos podem ser observados em cães braquicefálicos, pois nessas raças o orifício distai do dueto desemboca caudalmente dentro da nasofaringe. O exame da porção caudal da língua e faringe com a luz azul pode confirmar a presença do corante nessa região, indicando patência do dueto. 
 E, finalmente, o teste de Seidel (TS) é usado para detectar a saída de humor aquoso pela perfuração corneal, úlceras profundas de córnea e locais de sutura. O examinador aplica a fluoresceína utilizando gotas ou tiras de papel impregnadas com o corante no local em que se suspeita haver o vazamento e procura por um fluido claro que conflua em direção ao corante laranja. 
Outros corantes podem ser utilizados para investigação de alterações da superfície ocular.
Tonometria 
 A tonometria é uma estimação da PIO, essencial nos testes diagnósticos para todos os exames oftalmológicos. Como descrito anteriormente, a córnea deve ser anestesiada com l a 2 gotas de colírio anestésico (cloridrato de proximetacaína 0,5%) e o tonômetro (de indentação ou aplanação) é posicionado sobre a região axial (central) da córnea, enquanto as pálpebras são contidas pelos dedos do examinador. 
 Deve-se estar atento para: 
1) Restringir movimentos da cabeça; 
2) Posicionamento adequado do tonômetro;
3) Anestesia tópica da córnea;
4) Em grandes animais, podem ser necessários sedação e bloqueio do nervo auriculopalpebral. 
 Deve-se evitar a prévia pressão digital do globo por meio das pálpebras, pois isso pode elevar a PIO. 
 A tomada de PIO com o Tonômetro de Schiõtz deve ser obtida três vezes consecutivas, indicando-se, assim, o cálculo da média dos valores obtidos. O peso do equipamento que normalmente é utilizado é de 5,5 gramas. É importante que, durante esse exame, a córnea do paciente seja mantida paralela à mesa de atendimento (em pequenos animais) ou ao piso (em grandes animais). O exame é mais difícil em animais menos cooperativos. 
 As vantagens do uso do Tono-pen® estão no fato de fornecer uma PIO mais precisa, não serem necessárias as três mensurações como para o tonômetro de Schiõtz e, ainda, não necessitar que a cabeça do animal fique na posição vertical. Erros induzidos por diferentes tamanhos e curvaturas de córnea são de menor importância; a probe (na extremidade do equipamento) é protegida por uma capa elástica descartável, o que impede a transferência de infecção. A desvantagem está no custo do equipamento. 
 Pressões intra-oculares acima de SOmmHg confirmam o diagnóstico de glaucoma, assim como PIO abaixo de 15mmHg é um dado sugestivo de uveíte.
ALTERAÇÕES QUE DEVEM SER INVESTIGADAS NO EXAME OFTÁLMICO 
Pálpebras eMargens Palpebrais 
 Com auxílio da lupa com pala e fonte de luz artificial ou lâmpada de fenda, deve-se investigar se há:
- Entrópio: inversão das pálpebras (normalmente acompanhado de epífora, secreção ocular, blefarospasmo, descoloração da pele periocular, dermatite secundária e alopecia). 
- Ectrópio: eversão das pálpebras (normalmente acompanhado de secreção ocular, eritema conjuntival e malformação da pálpebra inferior). 
- Epífora: lacrimenjamento decorrente de uma drenagem da lágrima deficiente ou por aumento da secreção lacrimal. 
- Alterações do cílios: distiquíase, triquíase e cílio ectópico (acompanhadas de epífora, blefarospasmo, dor, úlcera de córnea e eritema conjuntival).
- Ptose palpebral: pálpebra caída.
- Ausência de reflexo palpebral. 
- Assimetria entre as fissuras palpebrais. 
- Blefarite: inflamação palpebral (acompanhada normalmente por secreção ocular, edema de pálpebra, alopecia, discromia e eritema). 
- Blefarospasmo: contração espasmódica das pálpebras decorrente da contração do músculo orbicular, sendo um importante indicador de dor ocular local ou intra-ocular ou por estimulação do nervo palpebral. 
- Neoformações (benignas ou malignas).
Terceira Pálpebra 
 Para a sua avaliação, a pálpebra deve ser extruída por pressão do globo ocular pela pressão da pálpebra inferior. Para o exame da face interna há necessidade de dessensibilização com instilação de colírio anestésico e auxílio de uma pinça delicada com dente ou fixação com um fórceps de Graefe. Investigar: 
 • Protrusão da terceira pálpebra: pode ocorrer por presença de corpos estranhos na superfície ocular, ulceração corneal, desidratação (por enoftalmia decorrente à desidratação da gordura retrobulbar); anoftalmia, microftalmia e síndrome de Horner. 
 • Inversão ou eversão da cartilagem da terceira pálpebra. 
 • Hipertrofia ou prolapso da glândula da terceira pálpebra. 
 • Neoformações benignas ou malignas que cursam com epífora, secreção ocular, irregularidade da margem da terceira pálpebra, úlcera de córnea, dependendo da localização e lesões erosivas. 
 • Na face interna: conjuntivite folicular. 
 • Corpos estranhos aderidos à terceira pálpebra. 
Conjuntiva 
 Investigar: 
- Eritema conjuntival: o ingurgitamento dos vasos superficiais é comum de ser observado em animais agitados. Deve-se, portanto, investigar se o entema é constante ou intermitente. 
- Quemose: edema conjuntival. Ela é uma manifestação comum em doenças infecciosas, inflamatórias e neoplásicas da conjuntiva e pálpebras. 
- Secreção ocular: os tipos de secreção que devem ser investigados são mucóide, mucopurulenta, purulenta, serosa, seromucosa e secreções desidratadas aderidas às margens das pálpebras. Em algumas raças (setter irlandês, pinscher) é normal a observação de secreção mucóide com coloração acinzentada uma vez que esses animais possuem um fórnice conjuntival inferior profundo. 
- Espessamento da conjuntiva devido a inflamações crônicas. 
- Hemorragias subconjuntivais decorrentes de traumas ou hipertensão.
- Neoformações benignas ou malignas. 
- Galázio ou hordéolo observado na margem da conjuntiva palpebral.
Córnea 
 A córnea normal é avascular, não pigmentada, transparente e brilhante. Três principais alterações da córnea podem ocorrer: perda da transparência, vascularização corneal e alterações de contorno da superfície corneal. 
- Perda da transparência pode ocorrer por: 
1) Desorganização das fibras colágenas estromais em cicatrizes corneais. Podem ser de três tipos: nébula, mácula e leucoma. (Nébula = pequena opacidade corneal; Mácula = moderada opacidade corneal; Leucoma = opacidade corneal total). 
2) Edema corneal: ocorre por afluxo de água para o estroma corneal e desarranjo das fibras colágenas. 
3) Pigmentação. 
4) Infiltrados de cristais de colesterol, lipídico e partículas virais no estroma corneal. 
5) Infiltrado celular. 
- Vascularização corneal pode ser de dois tipos: superficial e profunda. A superficial possui um padrão arborizado, ao passo que a profunda apresenta-se mais limitada à periferia da córnea (próxima ao limbo), onde os vasos apresentam-se paralelos, semelhante a uma escova (vermelho intenso).
 As alterações de contorno que devem ser investigadas são:
- Ceratoconus, ceratoglobo e córnea plana. 
- Aumento do diâmetro da córnea. 
- Depressões no estroma da córnea, com aspecto semelhante a uma casca de laranja, com teste de fluoresceína negativo. 
- Ulcera de córnea caracterizada por defeito epitclial e perda de porções variáveis do estroma (teste de fluoresceína positivo). 
- Dermóide ocular.
- Ceratopatia bolhosa. 
- Pannus oftálmico
Esclera 
 Alterações que devem ser investigadas: 
- Ectasia escleral: adelgaçamento escleral, onde se observa o trato uveal pigmentado com coloração azulada e resultando em uma assimetria escleral. É indicativo de doença escleral primária ou neoformação uveal em crescimento
- Ectasia total está frequentemente associada à buftalmia ou ao glaucoma não controlado. 
- Neoformações benignas localizadas na conjuntiva bulbar. 
- Ruptura escleral: normalmente indica trauma recente. Muitas rupturas ocorrem na porção equatorial do bulbo ocular, embora as rupturas próximas ao limbo sejam mais frequentes em equinos. Com essa lesão, pode haver protrusão da lente, vítreo e, especialmente, da íris. 
- Eritema e inflamação.
• Pigmentação da esclera: coloração azulada ou marrom escuro pode indicar melanose e neoplasias; coloração amarelada pode indicar reabsorção de hemorragia subconjuntival.
Sistema Lacrimal 
 Deve ser investigado através do teste da lágrima de Schirmer, teste de floculação da lágrima, teste de canulação e lavagem do ponto lacrimal e teste de Jones. Suas indicações foram descritas anteriormente. 
 São alterações que podem ser encontradas: epífora, ponto lacrimal imperfurado ou agenesia do ponto lacrimal, dacriocistite (inflamação do dueto nasolacrimal que irá apresentar-se obstruí-do), abscesso e dermatite purulenta próxima ao canto nasal e lagoftalmia (inabilidade de fechar as pálpebras, completamente). Isso pode ser observado em cães braquicefálicos resultando em perda de filme pré-corneal, por evaporação.
Câmara Anterior 
 Podem ser encontradas as seguintes alterações: 
• Alterações na profundidade da câmara anterior (profunda = em casos de luxação ou subluxação posterior da lente), microfacia (lente pequena), glaucoma crónico com atrofia de íris; rasa = luxação anterior da lente, tumores uveais, íris bombé e glaucoma de ângulo fechado, uveíte anterior crónica, sinéquia anterior (aderência da íris com o endotélio da córnea) e corpos estranhos. 
• Hipópio: presença de material purulento, normalmente rico em neutrófilos, linfócitos, macrófagos e células plasmáticas, na câmara anterior que, por gravidade, acumula-se na porção ventral da câmara. 
• Hifema: presença de sangue na câmara anterior; pode estar associado à fibrina e ao hipópio. 
• Fibrina na câmara anterior. 
• Corpos estranhos, principalmente se houver perfuração da córnea ou esclera. 
• Flare que se refere à turbidez do humor aquoso causado pela presença de proteína, células, pigmentos e cristais nos processos inflamatórios do trato uveal (uveítes). 
• Presença de precipitados ceráticos aderidos ao endotélio da córnea observados nas uveítes, principalmente aquelas decorrentes de toxoplasmose e peritonite infecciosa felina. 
• Sinéquia posterior: aderência da íris à cápsula anterior do cristalino decorrente de uveítes. 
• Alterações de ângulo de drenagem: ângulo iridocorneal fechado ou aberto. Deve ser avaliado por gonioscopia quando houver aumento da PIO e suspeita de glaucoma primário.
Íris e Espaço Pupilar 
 Condições congênitas envolvendo essas estruturas podem ser observadas. No entanto, algumas possuem pouco significado visual e outras condições que resultam em alterações da visão (de significadovisual). Policoria, coloboma, cistos da íris, heterocromia de íris, corectopia, dentre outras não resultam em alterações da visão. Mas, o encontro de persistência da membrana pupilar, midríase, miose, anisocoria, iridodenese e ausência de reflexo pupilar direto e consensual, sinéquia posterior total 360° (íris bombé), constituem nas alterações de significado visual. 
 Deve-se investigar, ainda, as seguintes alterações: atrofia de íris, eritema, rubeosis tridis (neo-vascularização da íris) e leucocoria.
Lente 
- Alterações do tamanho da lente: afacia, micro-facia, esferofacia, lenticonus e lentiglobo. 
- Alterações na posição da lente: luxação (anterior e posterior) e subluxação (anterior e posterior). 
Podem ainda ser encontradas alterações na transparência da lente. Quando há opacificação da lente, denomina-se catarata.
Vítreo 
 Anormalidades congênitas: persistência da artéria hialóide e seus remanescentes, persistência do vítreo primário, exsudato inflamatório, hemorragia vítrea e bandas de tração de tecido fibrosos, usualmente adendas à retina.
Retina e Nervo Óptico 
 A observação da retina por meio de oftalmoscopia na identificação das alterações requer grande experiência e treinamento por parte do clínico. Deve-se, portanto, investigar alterações na coloração da retina e na aparência geral, incluindo o nervo óptico. 
 Quanto à coloração, pode-se observar aumento na refletividade da área tapetai, pigmentação sobre a área tapetai, perda de pigmento ou pigmentação da área não-tapetal, exsudatos retinianos e hemorragias sobre, dentro e abaixo da retina. Deve-se, ainda, investigar a presença de descolamento de retina (parcial ou completo) e atenuação dos vasos retinais. 
 Quanto ao nervo óptico, devem ser investigadas lesões escavativas como:
- colobomas e escavação da cabeça do nervo óptico.
Deve-se, ainda, procurar alterações vasculares como hemorragias, ingurgitamento ou proliferação capilar sobre o nervo óptico, em casos de alterações inflama-tórias. Investiga-se, ainda, sobre a ocorrência de papiledema (edema da papila óptica) e atrofia do nervo óptico.
Exames Especializados 
 Outras técnicas diagnósticas especializadas podem ser empregadas no exame oftalmológico como: a gonioscopia, a eletrorretinografia, dacriocistografia (radiografia contrastada do sistema lacrimal) e a angiografia fluoresceínica.
Sistema Auditivo
Introdução
 O aparelho auditivo é, sem dúvida, um dos sistemas que assumem notoriedade no estudo semiológico dos carnívoros domésticos, não só por suas particularidades anatomofisiológicas, mas também pela frequência com que as afecções otológicas se manifestam nessas espécies. 
 O percentual de diagnóstico das afecções otológicas na rotina clínica de atendimento dos cães atinge números entre 10 e 20% do total de casos atendidos, o que justifica a necessidade de o clínico conhecer amplamente as bases anatômicas, semiológicas e a fisiopatogenia das alterações deste sistema. 
Meios Semiológicos Aplicados ao Aparelho Auditivo 
- Anamnese 
 As informações obtidas pela anamnese assumem especial importância quando estamos realizando o exame otológico. Não raro, afecções óticas são detectadas apenas quando o proprietário é inquirido sobre manifestações sintomatológicas específicas como meneios de cabeça ou odores fétidos oriundos do conduto auditivo, sinais que muitas vezes não fazem parte da queixa principal.
 Dessa forma, sintomas típicos da manifestação da doença otológica devem sempre ser questionados. Incluem-se entre eles os meneios de cabeça, as manifestações de prurido, que podem ser representadas por autotraumatismo com os membros pélvicos ou pelo ato de esfregar a cabeça no chão ou contra anteparos, sensibilidade dolorosa na região do pavilhão ou em região parotídea, presença de secreções aderidas à entrada do meato acústico externo e déficits auditivos. 
 Nos casos mais graves, manifestações associadas a injúrias dos componentes neurológicos das orelhas média e interna, tais quais conjuntivites, ptose palpebral, paralisia palpebral e distúrbios do equilíbrio podem ser relatados pelo proprietário. 
 De ocorrência um pouco menos frequente, distúrbios de mastigação podem estar presentes nos casos em que a inflamação do aparelho auditivo atinja sua circunvizinhança, o que inclui a articulação temporomandibular. Também de grande importância, as informações referentes ao tempo de evolução do quadro e o número de recidivas, bem como toda terapia médica que eventualmente tinha sido aplicada anteriormente a esse exame. 
 Obter informações sobre o uso anterior de antibioticoterapia sistêmica ou tratamentos tópicos pode facilitar na triagem de complicações como a resistência bacteriana ou a intolerância a determinados fármacos, bem como manifestações de ototoxicidade. Devemos realizar, ainda, uma íntima associação entre a anamnese do aparelho auditivo e a anamnese dermatológica, visto que grande parte das afecções otológicas tem como causa primária uma dermatopatia. 
 Não raro, animais que apresentam sintomatologia de otite já os apresentaram em outras ocasiões, tendo sido submetidos muitas vezes a repetidos tratamentos. A identificação da cronicidade da doença otológica é, portanto, fundamental e deve ser obtida durante a anamnese. 
- Inspeção Direta
 Durante a inspeção, é possível detectar sinais óbvios de alterações otológicos. Ainda na sala de espera, não é incomum observarmos os meneios de cabeça ou as manifestações de prurido.
 Distúrbios de equilíbrio também podem ser detectados durante o percurso em que o animal é conduzido ao consultório. Uma vez sob inspeção cuidadosa, observaremos o aspecto dos pavilhões, os quais, além da presença de secreções ótieas aderidas, podem apresentar qualquer tipo de manifestação dermatológica no que se refere à classificação de lesões. Isto é especialmente verdade para a face interna dos pavilhões, que, em casos de otite externa, podem apresentar desde simples eritema até quadros cezematosos graves ou úlceras por neoplasia. Vale, portanto, para o pavilhão, a análise de lesões que se utiliza para dermatologia em geral. 
 A presença de edema, otohematomas ou alterações anatômicas patológicas dos pavilhões também são evidenciadas à simples inspeção. Nesse ponto a comparação bilateral da simetria dos pavilhões pode ajudar na detecção de alterações morfológicas. 
 Manifestações como conjuntivite, paralisia palpebral e assimetria facial podem revelar a presença de otite média ou acometimento do nervo facial secundariamente a uma otite grave.
PALPAÇÃO
 Ao iniciar-se a manipulação da orelha, deve-se lembrar que trabalhar muito próximo à boca do animal eleva os riscos de mordedura nos casos em que o animal é agressivo ou apresenta evidente hiperalgia da orelha. Faz-se necessária, portanto, a devida contenção por mordaça a fim de minimizar os riscos de acidente. 
 A palpação deve ter início no pavilhão, onde a textura normal deve ser homogênea com a cartilagem flexível e delgada. A presença de aumentos de volume de consistência flutuante geralmente estão associados a oto-hematomas. 
 Alterações da textura cartilagínea podem ser representadas por retrações ou rugosidades grosseiras da superfície do pavilhão, geralmente causadas por lacerações ou hematomas não tratados. Menos frequentemente a ocorrência de calcificação metaplásica pode tornar o pavilhão endurecido à palpação. 
 Caminhando em direção ao conduto auditivo normal é fácil notar que este apresenta um razoável grau de mobilidade com relação ao crânio, sendo possível, em muitas raças, palpar o cone cartilagíneo, com sua textura lisa, homogênea e flexível, até as proximidades de sua flexura em direção à bulha timpânica. 
 Deve-se lembrar que todo o aspecto lateral do conduto auditivo faz topografia com a glândula parótida, aqual é indiretamente palpada durante esse exame. As alterações morfológicas do cone cartilagíneo detectadas por palpação são representadas pelas irregularidades de sua superfície, muitas vezes acompanhadas por perda de flexibilidade e aquisição de uma consistência dura à palpação, situação comum na calcificação metaplásica das cartilagens do conduto auditivo, secundária às otites crônicas. 
 A palpação de áreas de flutuação em região parotídea pode eventualmente significar a presença de abscessos para-aurais. No entanto, essa possibilidade deve estar associada necessariamente a otites crônicas graves; caso contrário, alterações da glândula salivar devem ser a principal suspeita. Da mesma forma, os aumentos de volume de consistência firme podem eventualmente significar neoplasias de origem ótica, embora a origem de tais tumores dentre as estruturas de vizinhança topográfica não deva ser descartada.
- Inspeção Indireta
 A otoscopia nada mais é que a inspeção indireta aplicada ao interior do conduto auditivo pelo otoscópio. Toda otoscopia deve ter seu início na contenção do animal, seja ela mecânica ou por sedação e anestesia. 
 Naturalmente, nos animais com baixa agressividade ou sensibilidade dolorosa da orelha ex-terna, a contenção mecânica cuidadosa é suficiente para que se faça uma otoscopia adequada. Entretanto, mesmo nessa situação, em exames nos quais se necessita visualizar a membrana timpânica de maneira mais cuidadosa ou demorada, a sedação é recomendável. 
 O segundo cuidado está na escolha do otoscópio a ser utilizado. Ainda é frequente o uso de otoscópios de uso humano, cujo comprimento do especulo é inadequadamente curto para a visualização das porções mais profundas da orelha externa da maioria dos cães. É preciso lembrar, ainda, que mesmo que se façam adaptações de especules mais longas a esses aparelhos, a distância focal das lentes não permite que se foque a extremidade do cone. O ideal, portanto, é que se escolha um aparelho destinado ao uso específico em veterinária.
 Ainda entre esses aparelhos, a fonte de luz traz resultados bastante diferentes de acordo com sua origem. Dá-se preferência à luz halógena, transmitida ao interior do cone por fibra ótica, o que garante iluminação branca, com realce das nuances de cor real no interior do conduto auditivo. A alimentação pode ser por pilhas comuns, baterias recarregáveis ou alimentação pela rede elétrica fixa. 
 Variam finalmente os tipos de cabeça do otoscópio, segundo a sua função. A chamada cabeça clínica apresenta lente que veda a entrada do especulo e tem geralmente uma entrada de conexão para a pêra de borracha. A variante fica por conta das cabeças cirúrgicas, cujo posicionamento distante da lente, deixa desobstruída a entrada do especulo, o que permite a instrumentação cirúrgica com instrumental otológico pelo cone do aparelho. Uma terceira variante interessante desses equipamentos, mas sem dúvida mais onerosa e elaborada, são os equipamentos de compartilhamento de visualização, os quais podem ser garantidos por cabeças prismáticas de duplo visor ou cabeças conectadas a microcâmeras que permitem a visualização em monitor de vídeo.
 A otoscopia, sob ausência de sedação, deve ser iniciada com o animal em decúbito esternal ou em posição quadrupedal, contido por um auxiliar que deve apoiar o crânio do animal com a mão sob a mandíbula a fim de evitar movimentos bruscos da cabeça. 
 O posicionamento em decúbito lateral, embora possa ser considerado, não permite acesso adequado ao conduto auditivo, tornando o trabalho do clínico desconfortável.
Uma vez contido fisicamente ou sob anestesia ou sedação, inicia-se a otoscopia tracionando-se dorsalmente o pavilhão e introduzindo-se gradativa e delicadamente o especulo do otoscópio. 
 Devemos evitar ao máximo os movimentos bruscos ou o atrito da extremidade do especulo com a parede do conduto porque isso aumenta a possibilidade de gerarmos úlceras iatrogênicas, especialmente naqueles casos em que a presença de otite causa maceração do epitélio de recobrimento do conduto que, fragilizado, pode ser lacerado com facilidade. A porção inicial do conduto auditivo normal apresenta direcionamento verticalizado e um recobrimento epitelial delicado e homogêneo, liso e de coloração rósea clara. 
 Em algumas raças como os poodles, alguma quantidade de pêlo pode estar presente nas porções iniciais do conduto. É esperada também uma quantidade moderada de cerúmen de coloração castanho-clara recobrindo a superfície epitelial. 
 Ao avançarmos em direção às porções mais profundas do conduto, evidencia-se a curvatura de horizontalização do cone cartilagíneo. Nesse ponto, o epitélio torna-se mais delgado e desaparecem os pêlos. A quantidade de cerúmen também perde volume.
Para seguir a otoscopia é necessário fletir o especulo do otoscópio ventralmente de modo a vencer essa curvatura. Imediatamente passamos então a visualizar quase totalmente a membrana timpânica.
 A observação do tímpano normal deve revelar uma estrutura elipsóide, verticalizada e cujo pólo ventral assume uma posição discretamente mais cranial. Em sua porção dorsal, essa elipse apresenta uma pequena área triangular com evidente vascularização capilar. Trata-se dapars jlatida.
O restante de sua superfície, apars tensa, tem aspecto esbranquiçado e translúcido, lembrando bastante o aspecto do papel vegetal. Sua superfície é côncava em sua face externa, a de observação, e por semitransparência é possível identificar o manúbrio do martelo, ou seja, a área de aderência entre o ossículo martelo e o tímpano, em sua face interna, área representada por uma estrutura em vírgula, cuja extremidade ventral curva-se cranialmente.
 O interior da orelha média, a cavidade da bulha timpânica, pode ser discretamente visualizada pelo tímpano, devendo conter apenas ar. 
Quando há dúvidas a respeito da integridade da membrana timpânica, os otoscópios de cabeça clínica permitem a conexão de uma mangueira ligada a uma pêra de borracha que, por meio do delicado bombeamento de ar, levam à oscilação do tímpano normal. 
 As alterações de superfície do conduto auditivo, observáveis durante a otoscopia, podem assumir uma gama extensa de características. 
As primeiras ficam por conta do material de secreção que recobre esta superfície. O próprio cerúmen muda suas características na presença de quadros inflamatórios, aumentando apenas em volume, ou assumindo colorações diversas que vão do ocre ao marrom-escuro. 
 A presença de parasites pode estar representada pela observação de delicados ácaros esbranquiçados, os Qtodectes sp., que caminham sobre a superfície do conduto, ou larvas nos casos de miíase. 
 Corpos estranhos não são incomuns e sua presença pode se relacionar a chumaços de algodão introduzidos durante os banhos, gravetos ou restos vegetais e até insetos. Os talcos de uso otológico aplicados comumente nos estabelecimentos de banho e tosa também podem formar placas acumuladas na extensão do conduto.
 O recobrimento epitelial assume determinadas características de acordo com a intensidade e a duração da doença otológica. Via de regra, nas otites pouco intensas e em fase inicial, o epitélio se apresenta eritematoso e, eventualmente, edemaciado. Na medida em que se perpetua o quadro patológico e com o aumento da umidade no interior do conduto auditivo, o edema intensifica-se e pode gerar um quadro de estenose transitória. Nesse ponto, não é incomum observar a maceração do epitélio, que passa a se destacar do cone cartilagíneo originando úlceras. É importante tentar diferenciar as úlceras geradas por fragilidade epitelial ou aquelas causadas de maneira iatrogênica, daquelas originadas de lesões bolhosas, comuns nos casos de dermatose auto-imune ou de efeito químico cáustico.
 As lesões hiperplásicas e neoplásicas, a despeito de sua origem histopatológica, apresentam-se de algumas maneiras bem definidas à otoscopia. Geralmente, as hiperplasiasou neoplasias com origem no tecido glandular ceruminoso ou sebáceo, iniciam-se com o aspecto de pequenas lesões em relevo de aspecto brilhante, superfície irregular c cor avermelhada, com poucos milímetros de diâmetro. A medida que a taxa de crescimento celular dessas lesões se acentua, elas assumem aspecto geralmente pedunculado e volumoso, mas mantêm a textura e a coloração, tornando-se friáveis e hemorrágicas. Nos gatos, não é rara a detecção de pólipos inflamatórios, que se apresentam como vegetações de aspecto hepatizado, friáveis e hemorrágicas, com origem na orelha média. Todas as formações, ao ganharem volume, podem pronunciar-se pela entrada do conduto auditivo a ponto de impedir a otoscopia. 
 No caso das neoplasias de origem dérmica ou epidérmica, pode-se observar vegetações ou lesões em relevo com recobrimento idêntico a toda a superfície do conduto, ou lesões ulceradas de borda irregular e aspecto necrótico como no caso dos carcinomas basocelulares ou epinocelulares.
 Finalmente as hiperplasias dérmicas e epidérmicas, resultantes dos quadros crônicos de longa duração, são representadas por pregueamentos do epitélio de recobrimento, com evidente espessamento da camada dérmica e eventual hipercromia. O grau de estenose destes quadros varia desde casos em que a otoscopia se torna difícil, exigindo o uso de especules de pequeno diâmetro, até a impossibilidade absoluta de se introduzir o cone para o exame. 
 Quanto à observação das alterações timpânicas, as mais brandas são os espessamentos de tímpano, cuja visualização demonstra uma membrana menos translúcida que o normal, ou completamente opacificada, assumindo uma coloração esbranquiçada brilhante. As rupturas timpânicas podem apresentar-se como desde pequenas perfurações, geralmente ventrais, até grandes áreas de ruptura e necrose, expondo completamente a orelha média. Em raras situações, a presença de otite média na ausência de otite externa grave pode ser detectada pela visualização de conteúdo catarral por meio do aspecto translúcido do tímpano.
Otoscopia Vídeo-Assistida - Inspeção Indireta 
 Sem dúvida nenhuma, com a popularização dos equipamentos de cirurgia vídeo-assistida, a entrada desse tipo de equipamento na avaliação otológica ganhou espaço. Além dos equipamentos já mencionados, representados por otoscópios conectados a micro-câmeras através de sua cabeça, também se faz possível a introdução de fibras ópticas rígidas, de baixo calibre, pelo especulo do otoscópio. 
 Além das vantagens óbvias de compartilhamento de imagens, essas técnicas permitem a obtenção de imagens bastante ampliadas, que ganham importância na avaliação das porções mais profundas do conduto auditivo.
Naturalmente, o fator financeiro limita a aquisição desses equipamentos, mas sua aplicabilidade não deve por isso ser relegada ao segundo plano.
Exame Radiográfico - Inspeção Indireta 
 Embora a maior parte da extensão do conduto auditivo seja constituída de tecidos moles, a avaliação radiográfica tem grande importância semiológica quando tratamos da avaliação da orelha media e de alterações patológicas da orelha externa.
 Três posicionamentos de crânio são indicados para tal avaliação. A exposição dorsoventral permite visualizar boa parte do trajeto da orelha externa que, em condições normais, se apresenta bem delineada, com as paredes do cone cartilagíneo homogéneas e delgadas delimitando uma área central de densidade ar. Nesse posicionamento, as bulhas timpânicas apresentam-se sobrepostas às demais estruturas ósseas cranianas, sendo mais evidente a visualização da porção óssea de conexão entre a cartilagem anular e a bulha.
 Na presença de alterações patológicas, esse posicionamento radiográfico evidencia eventuais interrupções da continuidade do cone cartilagíneo, cujo interior abandona a densidade ar e assume maiores densidades radiográficas devido à proliferação de tecidos moles no interior do conduto. Evidenciam-se também as calcificações metaplásicas das cartilagens auricular e anular, que passam a apresentar áreas irregulares de densidade óssea. 
 Como mencionado anteriormente, as bulhas timpânicas sofrem sobreposição de estruturas ósseas do crânio; entretanto, é possível detectar aumento da densidade radiográfica em seu interior, além de irregularidades no seu contorno de cúpula óssea. Um segundo posicionamento utilizado é o látero-lateral. A maior função dessa exposição é a avaliação das bulhas timpânicas, que num posicionamento discretamente oblíquo do crânio podem ser individualizadas uma a uma sem praticamente nenhuma sobreposição de estruturas ósseas. Nessa situação, a orelha média normal apresenta-se como uma cúpula óssea de paredes delgadas e homogeneamente lisas, cujo interior apresenta densidade ar. 
 Em situações patológicas, as variações de aspecto radiográfico podem variar desde a visualização de densidade água no interior da bulha, nos quadros de otite média, até áreas de osteólise e proliferação óssea metaplásica que dão à superfície da cúpula óssea um aspecto heterogêneo e rugoso, tanto externa quanto internamente, chegando-se muitas vezes a uma situação de preenchimento de todo o interior da orelha média por tecido ósseo metaplásico. 
 Um terceiro posicionamento radiográfico é representado pela exposição das bulhas timpânicas pela cavidade oral. Esse método exige a anestesia do animal, que é então posicionado em decúbito dorsal de modo que o crânio fique, através de seu eixo longitudinal, perpendicular ao filme de raio X. Procede-se então a abertura da boca em cerca de 30 a 40°, através de leve tração da mandíbula e da maxila, a qual pode ser realizada pelo uso de bandagens. Dessa maneira, a exposição radiográfica individualiza pela cavidade oral as duas bulhas timpânicas.
 Embora essa última técnica tenha algum valor na avaliação da orelha externa e orelha média, sua aplicabilidade fica reduzida devido à necessidade de submeter o animal à anestesia geral. Além disso, as informações trazidas por ela são praticamente idênticas àquelas obtidas nos outros dois posicionamentos mencionados. 
 Associada a todos os posicionamentos descritos, uma variação técnica interessante é o uso de soluções contendo contraste radiológico iodado. 
A introdução de solução fisiológica contendo diluições em torno de 50% de contraste iodado de uso intravenoso no conduto auditivo de modo a preenchê-lo não só revela com maior precisão os contornos da superfície interna da orelha externa, delatando possíveis trajetos fistulosos ou saculações de abscessos para-aurais, mas também revela rupturas timpânicas pelo eventual preenchimento da orelha média. Naturalmente, a sedação do animal se faz necessária para a realização adequada desta técnica.
Tomografia Computadorizada - Inspeção Indireta 
 A avaliação tomográfica do aparelho auditivo seria, sem dúvida, o exame de eleição em detrimento do exame radiográfico simples, não fossem as limitações de ordem prática associadas à disponibilidade de um tomógrafo para a execução do exame. Entretanto, a crescente chegada das tecnologias em diagnóstico à medicina veterinária faz com que esses meios semiológicos estejam cada vez mais próximos da rotina clínica diária. 
 A tomografia de crânio em cortes transversais revela com exatidão os aspectos das superfícies de todo trajeto da orelha externa e interna, além da espessura de cada uma das estruturas envolvidas. 
Estruturas delgadas e delicadas que fazem topografia com o conduto auditivo, tais como glândula parótida e nervo facial, só podem ser avaliadas com precisão por meio de ressonância magnética.
Exame Parasitológico de Cerúmen, Citologia e Cultura - Inspeção Indireta 
 Diante de quadros patológicos, a análise cuidadosa das secreções óticas pode trazer informações importantes na avaliação clínica das otites. A primeira e mais essencial dessas avaliações fica por conta do exame direto sob microscopia óptica do cerúmen coletado. A coleta pode ser feita pelouso de curetas de uso otológico e o cerúmen depositado sobre lâmina e coberto com lamínula pode revelar a presença de Otodectes sp. adultos ou os ovos do ácaro. 
 Na presença de secreções mais liquefeitas, como as catarrais ou purulentas, a análise de lâminas coradas com panótico rápido pode revelar a presença de leveduras e bactérias. Nesse contexto, a coloração de Gram é útil na diferenciação bacteriana. 
 Finalmente, a cultura e o antibiograma apresentam-se como exames necessários no controle das infecções bacterianas da orelha externa e média, adequando a escolha da antibioticoterapia aos resultados laboratoriais.
 Cuidado se faz necessário na coleta dessas amostras a fim de se evitar falsos resultados. Assim, é importante que a coleta seja feita das porções mais profundas do conduto auditivo, preferencialmente porswab introduzido pelo especulo do otoscópio previamente descontaminado, o que evita que agentes contaminantes presentes na entrada do conduto e não relacionados à infecção patente sejam interpretados como aqueles envolvidos com a doença.
Biópsias e Histopatologia - Inspeção Indireta 
 Na presença de qualquer lesão em relevo que traga a suspeita da presença de neoplasias, a biópsia para avaliação histopatológica deve ser realizada. A maior parte das lesões de pavilhão e da entrada do conduto pode ser facilmente biópsiada com o uso de punc/i ou bisturi, com aplicação prévia de anestesia local. 
 Maior dificuldade passa a existir quando se necessita de coleta de material do interior do conduto. Via de regra, a sedação ou anestesia passam a ser necessárias para que esses procedimentos sejam feitos com segurança, embora a aplicação de lidocaína de uso tópico possa permitir a coleta de pequenos fragmentos. A biópsia deve então ser procedida com o uso do otoscópio munido de cabeça cirúrgica, pois é por meio do especulo, com o uso de instrumentos de uso otológico, que se procede à coleta da amostra.
 Os instrumentais necessários são bisturis de cabo fino que permitam sua introdução pelo especulo e pinças para a tração da amostra. As pinças de biópsia, popularmente chamadas de pinça "jacaré", podem ser utilizadas para a coleta de pequenas vegetações de superfície do conduto.

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