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SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL Professora Me. Marie Eliza Zamberlan da Silva Professor Me. Paulo Pardo Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa GRaduação Unicesumar Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de EAD Willian Victor Kendrick de Matos Silva Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Direção de Operações Chrystiano Mincoff Coordenação de Sistemas Fabrício Ricardo Lazilha Coordenação de Polos Reginaldo Carneiro Coordenação de Pós-Graduação, Extensão e Produção de Materiais Renato dutra Coordenação de Graduação Kátia Coelho Coordenação Administrativa/Serviços Compartilhados Evandro Bolsoni Gerência de Inteligência de Mercado/Digital Bruno Jorge Gerência de Marketing Harrisson Brait Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nalva aparecida da Rosa Moura Supervisão de Materiais Nádila de almeida Toledo Design Educacional Camila Zaguini Silva Fernando Henrique Mendes Rossana Costa Giani Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Editoração Humberto Garcia da Silva Thayla daiany Guimarães Cripaldi Revisão Textual Jaquelina Kutsunugi, Keren Pardini, Maria Fernanda Canova Vasconcelos, Nayara Valenciano, Rhaysa Ricci Correa e Susana Inácio Ilustração Nara Emi Tanaka Yamashita CENTRo uNIVERSITÁRIo dE MaRINGÁ. Núcleo de Educação a distância: C397 Sustentabilidade e Responsabilidade Social / Marie Eliza Zamberlan da Silva; Paulo Pardo; Tiago Ribeiro da Costa. Maringá - PR, 2014. 185 p. “Graduação - Ead”. 1. Sustentabilidade. 2. Responsabilidade Social. 3. desenvolvi- mento Sustentável Cdd - 22 ed. 658 CIP - NBR 12899 - aaCR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. a busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e so- lução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilida- de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos- sos farão grande diferença no futuro. Com essa visão, o Centro universitário Cesumar – assume o compromisso de democratizar o conhe- cimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Centro universi- tário Cesumar busca a integração do ensino-pes- quisa-extensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consci- ência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. diante disso, o Centro universitário Cesumar al- meja ser reconhecido como uma instituição uni- versitária de referência regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de competências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con- solidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrati- va; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relaciona- mento permanente com os egressos, incentivan- do a educação continuada. Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. de que forma o fazemos? Criando oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa- zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa- tível com os desafios que surgem no mundo contem- porâneo. o Centro universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. os materiais produzidos oferecem linguagem dialó- gica e encontram-se integrados à proposta pedagó- gica, contribuindo no processo educacional, comple- mentando sua formação profissional, desenvolvendo competências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inse- ri-lo no mercado de trabalho. ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproxi- mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi- bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação pes- soal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cres- cimento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. utilize os diversos recursos peda- gógicos que o Centro universitário Cesumar lhe possi- bilita. ou seja, acesse regularmente o aVa – ambiente Virtual de aprendizagem, interaja nos fóruns e en- quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus- sões. além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professora Me. Marie Eliza Zamberlan da Silva Possui graduação em Ciências Biológicas pela universidade Estadual de Maringá (2002) e mestrado em Microbiologia pela universidade Estadual de Londrina (2005). Possui especialização em Educação. Professor Me. Paulo Pardo Mestrado em administração pela universidade Estadual de Londrina. atualmente é coordenador do curso de Gestão Pública do Núcleo de Educação a distância da unicesumar. Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa Formado como Engenheiro agrônomo (universidade Estadual de Maringá - 2007), Engenheiro de Segurança do Trabalho (universidade Estadual de Maringá - 2010) e como Mestre em Genética Quantitativa e Melhoramento Vegetal (Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento - PGM / universidade Estadual de Maringá - 2010). A U TO RE S SEjA BEM-VINDO(A)! Prezado(a) aluno(a), Seja muito bem-vindo(a) a esta obra, intitulada SuSTENTaBILIdadE E RESPoNSaBILI- dadE SoCIaL. É um imenso prazer recebê-lo(a) para discutirmos e ampliarmos nossos conhecimentos e visões acerca de um tema bastante atual no que tange às relações humanas, considerando as relações entre os seres humanos propriamente ditos e entre estes e o meio que os cerca. Falar sobre sustentabilidade e sua aplicabilidade em nível empresarial, embora simples, encontra-se muito longe do simplório. aliás, é um tema bastante amplo e complexo, que exige, acima de tudo, uma mudança em nossas reflexões e em nossa lógica. Mudan- ças que nos façam entender que não estamos acima ou à frente dos demais elementos deste organismo chamado Planeta Terra. Somos apenas uma célula e cada ação desta célula reflete na saúde do organismo como um todo. Não pense com isso que estamos nos diminuindo enquanto seres humanos. afinal, his- toricamente, temos a capacidade de refletir e promover mudanças em nosso meio. Esta capacidade é traduzida por nossa inteligência, a mesma que estudou o corpo humano e criou a medicina, ou a mesma que estudou a forma de reprodução dos vegetais e criou a agricultura, base de nossa alimentação. Por fim, a mesma inteligência que criou a ética, as obrigações sociais e a responsabilidade de se desenvolver de maneira sustentada,considerando todas as dimensões da sustentabilidade. Partindo desta premissa, esta obra apresenta-se como uma humilde contribuição aos seus estudos e evolução, uma vez que por nossas cinco unidades abordaremos as dife- rentes matizes da sustentabilidade e de que forma este conceito se aplica nas relações humanas e nas relações empresariais. Para cumprir com este objetivo faremos, em nossa primeira unidade, uma abordagem histórica sobre a Sustentabilidade e a Responsabilidade Social Corporativa – RSC (tam- bém referida como Sustentabilidade Empresarial – RSE), apresentando seus conceitos básicos e principais argumentos de sustentação. após isso, por meio da segunda e terceira unidades, faremos uma análise crítica sobre a dinâmica da RSC, apresentando quais são suas principais estratégias de valoração e quais são os impactos desta responsabilidade considerando ações afirmativas em par- ceria com públicos específicos. Já em nossa penúltima unidade, faremos uma abordagem aplicada sobre a Sustentabilida- de e Responsabilidade Social Corporativa do ponto de vista das principais metodologias que garantem a transparência em sua execução. Trataremos sobre os principais indicado- res de sustentabilidade empresarial, ao mesmo tempo em que discutiremos as principais e mais atualizadas informações sobre modelos de Relatórios de Sustentabilidade e Balan- ços Sociais. Estes últimos, apenas para adiantar, representam as principais formas de divul- gação à sociedade sobre os resultados físicos e financeiros mais relevantes derivados das ações sociais e projetos de desenvolvimento sustentável conduzidos pelas empresas. ApresentAção SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL ApresentAção Por fim, em nossa última unidade, faremos um apanhado dos principais conceitos e práticas relacionados à Responsabilidade Corporativa e Cidadã, ideia bastante apli- cada nos dias atuais pelas empresas que possuem visão sistêmica e antecipada das preocupações da sociedade na qual elas se inserem. Você perceberá que a estrutura desta obra encontra-se embasada no diálogo e na fluidez dos assuntos, de maneira que, em muitos momentos, recuperaremos assun- tos que foram dialogados em unidades anteriores. da mesma forma, disponibiliza- mos algumas atividades que lhe auxiliarão na formação do conhecimento e na com- plementação das informações. Tais atividades serão identificadas oportunamente ao longo da obra. uma última informação para os mais observadores: será que você percebeu que nesta introdução, todo o discurso foi feito em terceira pessoa? Quais são as pessoas que produziram esta obra, com muito esmero, para você? Nós somos os Professores Me. Marie Eliza Zamberlan da Silva, Me. Paulo Pardo e Me. Tiago Ribeiro da Costa. a bióloga Marie Eliza Zamberlan da Silva é graduada pela universidade Estadual de Maringá (uEM), com especialização em Educação e mestrado pela universidade Estadual de Londrina (uEL). Trabalhou em diversas consultorias ambientais e vem se dedicado há anos a variados tipos de projetos ambientais, prestando serviços a diversas empresas, e atuando como gerente de projetos ambientais. Também se de- dicou à pesquisa, principalmente no setor de microbiologia, área onde desenvolveu seu projeto de mestrado. Com isso, tem amplo conhecimento da área ambiental, principalmente por ter vivenciado na prática o lado científico-acadêmico, adminis- trativo e técnico da execução de projetos ambientais. o professor Paulo Pardo é mestre em administração pela universidade Estadual de Londrina, com linha de pesquisa em Políticas Socioambientais, sendo autor de li- vros de graduação e pós-graduação nas áreas de administração, finanças, logística e marketing. É consultor organizacional nas áreas de marketing e logística. Seu foco de pesquisa acadêmica são políticas públicas com impactos na sustentabilidade so- cial e ambiental. Por fim, o Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa também é colaborador da unice- sumar, sendo professor titular dos cursos de Tecnologia em agronegócios, Gestão ambiental e Gestão Comercial (modalidades a distância) e dos cursos presenciais de agronomia e Tecnologia em agronegócios. Também é professor colaborador do curso de especialização lato sensu em Engenharia de Segurança do Trabalho, ofe- recido pela universidade Estadual de Maringá – uEM. É formado como Engenheiro agrônomo, Engenheiro de Segurança do Trabalho e possui mestrado na área de Genética Quantitativa e Melhoramento Vegetal, também pela universidade Estadu- al de Maringá – uEM. Possui larga experiência em projetos de sustentabilidade e desenvolvimento regional, coordenando projetos junto a agricultores Familiares e urbanos da Região Noroeste do Paraná. Esperamos que esta obra lhe possa ser proveitosa. uma ótima leitura e bons estudos! sumário 09 uNIdadE I TRAjETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL 13 Introdução 13 traçando os Caminhos do Desenvolvimento sustentável à sustentabilidade 26 responsabilidade social 28 Argumentos Contra e a Favor Da responsabilidade social empresarial 37 o papel das organizações e a responsabilidade social 39 Considerações Finais uNIdadE II PRÊMIOS E INCENTIVOS À RESPONSABILIDADE SOCIAL 45 Introdução 46 prêmios e Incentivos à responsabilidade social organizacional 56 Certificações nacionais e Internacionais de sustentabilidade empresarial 74 o Uso das Ferramentas do Marketing social e societal: uma Abordagem Crítica 79 Considerações Finais uNIdadE III AÇÕES AFIRMATIVAS, DIVERSIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIAL 85 Introdução 85 relações Étnico-raciais e responsabilidade social sumário 96 o Multiculturalismo, as Ações Afirmativas e a Diversidade 105 políticas de reparações e Compensações e a responsabilidade social 109 Considerações Finais uNIdadE IV BALANÇO SOCIAL E AS DIMENSÕES DA SUSTENTABILIDADE 115 Introdução 116 A sustentabilidade e a responsabilidade social Corporativa sob o enfoque da Ética 122 Balanço social e os relatórios de sustentabilidade 128 Modelos IBAse, GrI, CeBDs, Ise, DoW Jones e etHos 141 Dimensões da sustentabilidade 143 Considerações Finais uNIdadE V RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA E CIDADANIA EMPRESARIAL 149 Introdução 150 responsabilidade e Cidadania social empresarial 170 Considerações Finais 177 Conclusão 179 Referências U N ID A D E I Professora Me. Marie Eliza Zamberlan da Silva trAJetÓrIA DA sUstentABILIDADe e DA responsABILIDADe soCIAL Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender o conceito e os pilares do desenvolvimento sustentável. ■ Conhecer o histórico do desenvolvimento sustentável. ■ Compreender o conceito e os pilares da responsabilidade social. ■ Entender os argumentos contra e a favor da responsabilidade social empresarial. ■ Entender o papel das organizações no processo de responsabilidade social. Plano de Estudo a seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Traçando os caminhos do desenvolvimento sustentável à sustentabilidade ■ Responsabilidade social ■ argumentos contra e a favor da responsabilidade social empresarial ■ o papel das organizações e a responsabilidade social INTRODUÇãO Atualmente, discute-se muito sobre sustentabilidade, e por ser um tema tão fre- quente, corre o risco de ser banalizado. Se deixarmos isso acontecer, será muito prejudicial, pois esse assunto é de extrema relevância para a continuidade da vida no nosso planeta. Portanto, um dos nossos objetivos com esta unidade é de que você, caro(a) estudante, possa compreender seu verdadeiro significado, bem como suas particularidades. Assim, iniciamos essa leitura buscando conceituar meio ambiente e sustenta- bilidade, e depois iremos resgatar o contexto no qual foi concebidoo conceito de sustentabilidade. Nosso objetivo também, nesta unidade, é introduzir o assunto deste livro didático, ou seja, a responsabilidade social! Para isso, vamos analisar os pilares do desenvolvimento sustentável e, com isso, vamos ver que um desses pilares é justamente a responsabilidade social. Vamos conhecer alguns fundamentos da responsabilidade social, buscando entender sua filosofia, conceito e os argumentos que existem contra e a favor de sua aplicação. Pretendemos despertar em você o interesse pelo aprofundamento do tema, pois não conseguiremos esgotar todo esse assunto nesta unidade. E para concluir essa unidade, estudaremos sobre o papel das organizações na res- ponsabilidade social. TRAÇANDO OS CAMINhOS DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL À SUSTENTABILIDADE MEIO AMBIENTE Antes de falarmos sobre desenvolvimento sustentável, devemos entender pri- meiramente a expressão meio ambiente, tendo em vista a emergência da questão ambiental no cenário mundial. 13 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ©shutterstock TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Essa expressão meio ambiente (milieu ambiance) foi utilizada pela primeira vez pelo naturalista francês Geoffrey de Saint-Hilaire, onde milieu significa o lugar onde está ou se movimenta um ser vivo, e ambiance designa o que rodeia esse ser. Há uma grande discus- são, no Brasil, em torno da redundância do termo meio ambiente por conter duas palavras com significados similares. Entretanto, em nosso país, o conceito legal de meio ambiente encontra-se disposto no art. 3º, I, da Lei nº. 6.938/81, que dis- põe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, que o define como sendo: “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. Analisando esse conceito, nos remetemos ao meio ambiente natural, entre- tanto, atualmente, o conceito de meio ambiente é mais global, e segundo Silva (2004), o conceito de meio ambiente deve ser “abrangente de toda a natureza, o artificial e original, bem como os bens culturais correlatos, compreendendo, portanto, o solo, a água, o ar, a flora, as belezas naturais, o patrimônio histórico, artístico, turístico, paisagístico e arquitetônico” (2004, p. 20). Segundo o mesmo autor, o conceito de meio ambiente compreende três aspectos: Meio ambiente natural, ou físico, constituído pelo solo, a água, o ar atmosférico, a flora, enfim, pela interação dos seres vivos e seu meio, onde se dá a correlação recíproca entre as espécies e as relações destas com o ambiente físico que ocupam; Meio ambiente artificial, constituído pelo espaço urbano cons- truído; e Meio ambiente cultural, integrado pelo patrimônio histórico, artístico, 15 Traçando os Caminhos do desenvolvimento Sustentável à Sustentabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . arqueológico, paisagístico, turístico, que, embora artificial, difere do anterior pelo sentido de valor especial que adquiriu ou de que se impregnou. A Constituição Federal de 5 de Outubro de 1988 possui outra classificação interessante, que separa o ambiente em: natural (físico), artificial, cultural e do trabalho. No quadro abaixo, temos a distinção desses tipos de ambientes. FísICo CULtUrAL ArtIFICIAL trABALHo Flora Fauna Solo Água atmosfera Ecossistemas Patrimônios: • Cultural • artístico • arqueológico • Paisagístico Manifestações cul- turais e populares. Conjunto de edifi- cações particulares ou públicas, princi- palmente urbanas. Conjunto de condições exis- tentes no local de trabalho relativo à qualidade de vida do trabalhador. (art. 225, § 1°, I e VII) (art. 225, § 1° e § 2 º) (art. 5°, XXIII, art. 21, XX e art. 182) (art. 7°, XXXIII, e art. 200) Quadro 1: Tipos de ambiente Fonte: Alencastro (2012) De acordo com Alencastro (2012), a humanidade depende do meio ambiente, que é essencial para o desenvolvimento e para o bem-estar humanos. Os recur- sos naturais, que estão presentes no ambiente natural, são a base sobre a qual se constrói grande parte das riquezas do país. Portanto, uma falência ambien- tal traria sérias consequências para a segurança, saúde, para as relações sociais e necessidades materiais humanas. Não podemos nos esquecer de que os recursos naturais podem ser dividi- dos em dois grupos: renováveis e não renováveis. Para Barbieri (2007), os não renováveis são recursos que possuem quantidade finita, e se forem continua- mente explorados, irão se esgotar, pois sua velocidade de renovação é lenta. São exemplos desse recurso: a argila, areia, minérios, carvão mineral, petróleo, gás natural. Já os renováveis, para o mesmo autor, são aqueles que podem ser obtidos indefinidamente de uma mesma fonte e compreendem a energia solar e eólica, e a água. Entretanto, devemos ressaltar que esses recursos podem ser esgotados pelo homem, passando a fazer parte da outra categoria, de não renováveis, se tiver uma taxa de utilização superior à da sua renovação por processos naturais. o que seria estrutura ecossistêmica? o conceito de estrutura ecossistêmica é o que engloba indivíduos e co- munidades da flora e da fauna, o que comumente chamamos de recursos bióticos, assim como sua idade e distribuição espacial; juntamente com os recursos abióticos: combustíveis fósseis, minerais, terra e energia solar. Tudo isso junto em uma determinada área fornece as fundações sobre as quais os processos ecológicos ocorrem. Fonte: Turner; daily (2008); daly; Farley (2004). ©shutterstock TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I De acordo com Gilding (2011), para sustentar o atual consumismo e crescimento econômico, até 2030 preci- saríamos de dois planetas Terras, três ou quatro em 2050. E conclui que a huma- nidade está destruindo a infraestrutura sobre a qual a economia foi construída. Sampaio e colaboradores (2013), afirmam que econo- mia e meio ambiente estão intimamente conectados, pois a economia é depen- dente dos recursos naturais, e quanto mais desequilibrado fica o meio ambiente, teoricamente maior o custo para se manter um padrão de qualidade de vida para humanidade. Os mesmos autores esclarecem que, estando cientes de toda essa dependên- cia da humanidade com os recursos naturais, é bastante evidente que manter o funcionamento de toda a estrutura ecossistêmica tem um alto valor econômico. 17 Traçando os Caminhos do desenvolvimento Sustentável à Sustentabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Para se valorar os serviços ecossistêmicos, é importante separar em categorias as funções dos ecossistemas e também os serviços ao bem-estar da humanidade a que essas funções ficam atreladas. De Groot et al. (2002) separou as funções dos ecossistemas em quatro categorias: ■ Funções de Regulação – relacionadas à capacidade dos ecossistemas de regularem processos ecológicos essenciais de suporte à vida. Todos esses processos são mediados pelos fatores abióticos e bióticos de um ecossis- tema. Essas funções são responsáveis por manter a saúdedos ecossistemas, e têm impactos diretos e indiretos sobre as populações humanas. Exemplos: regulação de gás, de oferta de água, climática, nutrientes do solo e forma- ção do solo e controle biológico. ■ Funções de hábitat – são essenciais para a conservação biológica e genética e para a preservação de processos evolucionários. Podem ser nominadas como função e refúgio, ou seja, espaços naturais onde a vida vegetal e animal possa se abrigar; e função de berçário, espaços natu- rais ideais para a reprodução de determinadas espécies, muitas vezes endêmicas de uma região, ou migratórias que possuem certas exigên- cias para sua reprodução. ■ Funções de produção – ligadas à capacidade dos ecossistemas de for- necerem alimentos e uma série de produtos para o consumo humano, a partir da produção de uma variedade de hidrocarbonatos, obtidos por meio de processos como a fotossíntese, sequestro de nutrientes e por meio de ecossistemas seminaturais, como as terras cultivadas. Exemplos: pro- dução de frutos, madeira, produtos farmacêuticos, cera, tinta, borracha, ornamentação, entre outros. ■ Funções de informação – relacionadas à capacidade dos ecossistemas natu- rais de contribuírem para a manutenção da saúde humana, fornecendo reflexão, inspiração artística, enriquecimento espiritual, desenvolvimento cognitivo, recreação e experiência estética. Nesta categoria, incluem-se conhecimento estético, recreação e (eco)turismo, inspiração cultural e artística, informação histórica e cultural, além de informações culturais e científicas. TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Existem diversas classificações de categorias de funções, determinadas segundo vários autores, mas na exposta aqui, De Groot (2002) demonstra categorias de forma didática e funcional. DESENVOLVIMENTO SUSTENTáVEL Após entender os fundamentos do meio ambiente, podemos começar a conver- sar sobre desenvolvimento sustentável. Seguindo nosso roteiro, primeiramente vamos conceituar esse termo. O Relatório de Brundtland, produzido por meio da Organização das Nações Unidas, de 1987, conceitua sustentabilidade da seguinte forma: “A sustentabi- lidade, representada pelo desenvolvimento sustentável, é aquela que aborda o atendimento das necessidades das gerações atuais sem comprometer a capa- cidade das gerações futuras de atenderem a suas necessidades e aspirações” (ONU, 1987). Para aprofundar seu conhecimento sobre o conceito de desenvolvimen- to sustentável, acesse o texto intitulado “Sustentabilidade: Tentativa de definição”, de Leonardo Boff, em entrevista para a Revista on-Line Plura- le, em Janeiro de 2012. disponível em: <http://leonardoboff.wordpress. com/2012/01/15/sustentabilidade-tentativa-de-definicao/>. o autor afirma que o conceito supracitado de sustentabilidade é correto, mas possui duas limitações: é antropocêntrico (só considera o ser humano) e nada diz sobre a comunidade de vida (outros seres vivos que também pre- cisam da biosfera e de sustentabilidade). Muito interessante, concorda? ©shutterstock 19 Traçando os Caminhos do desenvolvimento Sustentável à Sustentabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Esse conceito surgiu da necessidade de criação de um modelo de desenvolvi- mento que levasse em consideração a questão ambiental, devido ao aumento da intervenção da socie- dade humana na natureza para extração dos recursos natu- rais, visando ao crescimento econômico aliado à igual- dade social e ao equilíbrio ecológico. Vamos analisar o histórico do desenvolvimento sustentável logo a seguir. Essa intervenção da sociedade humana ocorreu por meio de transformações do processo produtivo com a intro- dução de novas tecnologias, além da intensificação do processo de globalização. Aspectos esses que, além de resultar em avanços, resultaram também em efeitos negativos consequentes da atividade industrial, como a degradação da qualidade de vida, o desemprego em massa, o crescimento das relações precárias de traba- lho e a degradação do meio ambiente (TEIXEIRA, 2014). E, além disso, as empresas inseridas na aldeia global se depararam com diversas possibilidades e desafios, pois num mundo globalizado sem fronteiras dos Estados nacionais, elas passaram a não ter um local fixo e puderam buscar novos locais para instalação e novos mercados. En- tretanto, realizaram essa busca de forma desordenada, desrespeitando as noções internacionais dos direitos humanos e as legislações, gerando consequências negativas para a vida humana e para o meio ambien- te em nome da maximização do lucro a qualquer preço (TEIXEIRA, 2014, p. 7). Para Oliveira e Guimarães (2004), os princípios de vida sustentável são os seguintes: respeitar e cuidar da biosfera, melhorar a qualidade da vida humana, conservar a vitalidade e a diversidade do planeta Terra, minimizar o esgotamento dos recursos não renováveis, permanecer nos limites da capacidade de suporte do planeta, modificar atitudes e práticas pessoais, permitir que as comunidades TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I cuidem do seu próprio ambiente, gerar uma estrutura nacional para a integra- ção de desenvolvimento e conservação e constituir uma aliança global. Para Sampaio e colaboradores (2013), o estabelecimento do sistema capi- talista, no qual vivemos e que funciona por meio da degradação ambiental, se fez em cima de teorias neoclássicas, que procuraram legitimar cientificamente a convicção de que o crescimento econômico e tecnológico é capaz de solucionar problemas de degradação ambiental com o passar do tempo. A teoria econômica que melhor embasa esse pensamento é a chamada Curva Ambiental de Kuznets (CAK). Kuznets (1955) estabeleceu uma relação entre a distribuição individual de renda e a degradação ambiental. Por meio de dados de crescimento e distri- buição de renda dos Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha, o autor formulou uma curva em “U invertido”, que teoricamente indica que a distribuição indivi- dual da renda tende a ser pior nos primeiros estágios do crescimento econômico, mas fatores como mudanças na composição da produção e consumo, aumento do nível educacional e de consciência ambiental, bem como sistemas políticos mais abertos, em teoria, a partir de determinado ponto, concebam tendências de melhoras, fazendo um crescimento da renda per capita, ou seja, melhor distribui- ção de renda e teoricamente um consumo mais racional dos recursos naturais. Figura 1: Curva de Kuznets Fonte: <http://www.ecodebate.com.br/2012/12/19/curva-ambiental-de-kuznets-mais-desenvolvimento-e-a- solucao-artigo-de-jose-eustaquio-diniz-alves/> A CAK tem sido usada pelas pessoas que defendem o desenvolvimento econômico como uma prioridade em relação ao meio ambiente. A ideia básica é que o desenvolvimento só causa grandes problemas ambientais em suas eta- pas iniciais. Porém, a partir de um certo ponto, o aumento da renda per capita 21 Traçando os Caminhos do desenvolvimento Sustentável à Sustentabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . e da educação levaria a uma menor degradação ambiental. Portanto, segundo o otimismo kuznetiano, altas doses de desenvolvimento seriam úteis não só para reduzir as desigualdades sociais, mas também para salvar a natureza. Os mesmos autores, baseados em Andradee Romeiro (2009), esclarecem que não existe um consenso sobre a sustentação empírica das relações sugeridas pela Curva Ambiental de Kuznets. Existe uma infinidade de trabalhos analisando as relações entre o crescimento econômico e a degradação ambiental ou a qua- lidade dos ecossistemas, o que demonstra uma enorme lacuna a ser preenchida sobre a compreensão dos impactos de fatores econômicos sobre os ecossistemas. Os inúmeros trabalhos científicos sobre o tema apontam para uma unani- midade científica sobre a necessidade de maior harmonia entre o crescimento econômico e os ecossistemas, ou seja, entre a natureza e o meio ambiente (NEW SCIENTIST, 2008). histórico do Desenvolvimento Sustentável É importante que você possa compreender todo o histórico do desenvolvimento sustentável, pois esse conceito tão discutido atualmente foi formulado a partir de discussões que evoluíram ao longo de décadas. Segundo Beskow (2014), o termo desenvolvimento sustentável surgiu de um arcabouço de movimentos ambien- talistas a partir de meados da década de 1960. O início das preocupações do homem com o meio ambiente aconteceu em 1968 com o Clube de Roma, que foi o primeiro grupo a discutir sustentabilidade, meio ambiente e limites de desenvolvimento, 44 anos antes da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que ocorreu em 2012. Segundo Beskow (2014), concluiu-se nessa reunião que, se as atuais ten- dências de crescimento da população mundial, industrialização, contaminação, produção de alimentos e exploração dos recursos continuarem sem modificações, os limites do crescimento no planeta serão alcançados em algum momento den- tro dos próximos cem anos. O resultado mais provável seria uma redução súbita e incontrolável tanto da população como da capacidade industrial. Outro ponto importante para a questão ambiental foi a elaboração, em 1970, pelos Estados Unidos, do NEPA (National Environmental Policy Act), uma legis- lação que determinava considerações ambientais no planejamento e nas decisões TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I sobre projetos de grande escala, também conhecida por “Constituição Ambiental” dos EUA. Outra ação efetiva nos EUA foi a formação, na mesma época, da Agência de Proteção Ambiental Norte-Americana (EPA), encarregada de proteger a saúde humana e o meio ambiente, ação esta que foi seguida por outros países. Em 1972, ocorreu a Conferência de Estocolmo, que foi a primeira reunião oficial a tratar das questões ambientais em nível mundial e é um marco para essa área no mundo. Para Alencastro (2012), essa conferência marcou uma etapa muito importante na política ambiental internacional contemporânea, sendo que mui- tas das várias questões que foram debatidas, dentre elas a dicotomia entre meio ambiente e desenvolvimento, continuam a influenciar as relações entre os atores internacionais no domínio da questão ambiental e fomentam ainda importantes discussões no campo das políticas ambientais a nível mundial. A conferência produziu a “Declaração sobre o Meio Ambiente Humano”, que é uma declaração de princípios e responsabilidades que deveriam nortear as decisões concernentes ao meio ambiente (ALENCASTRO, 2012). A partir da Conferência de Estocolmo, as nações iniciaram o processo de estruturação de órgãos ambientais nacionais e estabeleceram suas legislações, obje- tivando o controle da poluição ambiental (TOMMASIELLO; FERREIRA, 2001). Uma das consequências desta conferência no nosso país foi a criação, em 1973, da Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), que se fundamentava nos compromissos assumidos em Estocolmo (JATOBÁ et al., 2009). Outra consequência direta foi a criação do PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente), no mesmo ano, que tem por objetivo manter o estado do meio ambiente global sob contínuo monitoramento; alertar povos e nações sobre problemas e ameaças ao meio ambiente e recomendar medidas para melhorar a qualidade de vida da população sem comprometer os recursos e serviços ambientais das gerações futuras. Como já vimos anteriormente, o conceito de desenvolvimento sustentável surgiu somente na década de 80 com o Relatório de Brundtland. Na década de 90, a ONU preparou a maior conferência sobre meio ambiente desde Estocolmo: a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e o Desenvolvimento, conhecida como Cúpula da Terra, ou Rio 92, e é outro impor- tante marco na história política da área ambiental. O objetivo desta reunião foi 23 Traçando os Caminhos do desenvolvimento Sustentável à Sustentabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . constituir acordos internacionais que serviriam para mediar as ações do ser humano no meio ambiente, buscando-se a conciliação entre a conservação e o desenvolvimento. Segundo Jatobá et al. (2009), foi o evento mundial que selou politicamente o ambientalismo moderado, fundamentado na proposta concei- tual do desenvolvimento sustentável. Durante a Eco-92, foram aprovados cinco documentos oficiais: três conven- ções (Biodiversidade, Desertificação e Mudanças Climáticas), uma declaração de princípios e a Agenda 21 (MAZZEI, 2012). A Agenda 21 conta com diversos princípios globais e locais que cada país, de acordo com sua realidade, utilizaria como instrumento de planejamento para a construção do desenvolvimento sus- tentável, constitui-se como uma estratégia de sobrevivência para o século XXI. Ela estabelece compromissos e intenções para a preservação e melhoria da qua- lidade ambiental, visando à sustentabilidade da vida na Terra (TOMMASIELLO; FERREIRA, 2001). A partir da Eco-92, iniciou-se um ciclo de conferências sobre desenvolvi- mento e meio ambiente na esfera da ONU, com destaque para a Conferência sobre população e desenvolvimento realizada no Cairo em 1994, Conferência sobre desenvolvimento social (Copenhague) e sobre mudança climática (Berlin), ambas realizadas em 1995, e sobre assentamentos urbanos (Habitat II) realizada em Istambul em 1996 (MAZZEI, 2012). Durante a Cúpula da Terra da ONU sobre Meio Ambiente, mais de 200 países adotaram a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, que entrou em vigor em 1994. Outras conferências anuais das Partes se seguiram, culminando com a assinatura do Protocolo de Kyoto em 1997 (SILVA, 2009), que caracteriza-se como um acordo internacional que estabelece metas para limi- tar a poluição pela queima de combustíveis fósseis, causadora do efeito estufa. Dez anos depois da Rio-92, no ano de 2002, ocorreu em Johanesburgo, na África do Sul, a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável ou Cúpula da Terra 2, mais conhecida como Rio + 10, e teve o objetivo de avaliar os com- promissos firmados na Rio 92. Produziu um plano de implementação visando alcançar três objetivos principais: a erradicação da pobreza, a mudança nos padrões insustentáveis de produção e consumo e a proteção dos recursos natu- rais (ALENCASTRO, 2012). TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I E para finalizar esse histórico, devemos destacar a Rio + 20, ocorrida no Rio de Janeiro em junho de 2012. Teve o objetivo de renovar o compromisso dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta. O documento final produzido pela conferência, que recebeu o nome de “O Futuro que Nós Queremos”, cita as principais ameaças ao planeta: desertificação, esgotamento dos recursos pesqueiros, contaminação, desmatamento, extinção de milhares de espéciese aquecimento global, e deverá ser adotado pelas principais lideranças mundiais (ALENCASTRO, 2012). Pilares do Desenvolvimento Sustentável Segundo Barbieri e Cajazeira (2009), o desenvolvimento sustentável se apoia nos seguintes pilares: ■ Sustentabilidade social – equidade na distribuição dos bens e da renda para melhorar os direitos e condições da população e reduzir as distân- cias entre os padrões de vida das pessoas. ■ Sustentabilidade econômica – distribuição e gestão eficiente dos recursos produtivos, bem como fluxo regular de investimentos público e privado. ■ Sustentabilidade ecológica – busca pelo aumento da capacidade de carga do planeta e para evitar danos ao meio ambiente, principalmente os cau- sados pelos processos do crescimento econômico. ■ Sustentabilidade espacial – refere-se ao equilíbrio do assentamento humano rural/urbano. ■ Sustentabilidade cultural – respeito pela pluralidade de soluções particu- lares específicas a cada ecossistema, cada cultura e cada local. Considerando esses cinco pilares do desenvolvimento sustentável, é comum que eles sejam apresentados divididos em três dimensões essenciais: social, econô- mica e ambiental. Para o economista John Elkington (1997), a sustentabilidade é formada sobre um tripé, chamado por ele como Triple Bottom Line, ou Tripé da Sustentabilidade, e se expressa em três dimensões: gente ou capital humano, planeta ou capital natural e benefício econômico, que devem relacionar-se para que o desenvolvimento sustentável seja atingido. 25 Traçando os Caminhos do desenvolvimento Sustentável à Sustentabilidade Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Econômico Social Justo Tolerável Sustentável Meio Ambiente Viável Figura 2: O tripé da sustentabilidade Fonte: <http://noteadote.blogspot.com.br/2012_10_01_archive.html> Segundo Alencastro (2012), esse tripé é formado por: ■ Social: refere-se ao capital humano de uma empresa ou sociedade: é sua responsabilidade social. Envolve aspectos como salários justos, adequação à legislação trabalhista, ambiente de trabalho saudável e bom relaciona- mento com a sociedade no geral. ■ Meio Ambiente: é o capital natural de uma empresa ou sociedade, que deve pensar em formas de diminuir e compensar seus impactos ambien- tais negativos. ■ Econômico: é o nosso velho conhecido resultado econômico positivo (lucro) de uma empresa, sem o qual ela não sobrevive, mas que agora deve levar em conta, também, os outros dois aspectos. Toda essa introdução feita até agora foi para que você entendesse o papel da res- ponsabilidade social dentro do desenvolvimento sustentável! Espero que esteja claro que, por meio da perspectiva do desenvolvimento sustentável, existe a res- ponsabilidade social. Para Alencasto (2012): Hoje em dia, questões como desenvolvimento econômico, social e am- biental passaram a ter grande relevância e os cidadãos começaram a exigir ações empresariais comprometidas com a ética e com a cidada- TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I nia. Para atender a essas novas demandas, as organizações precisam oferecer produtos socialmente corretos e estabelecer um relaciona- mento ético com seus clientes, fornecedores e funcionários, bem como preocupar-se com as questões ambientais e com a qualidade de vida da sociedade (p. 48). RESPONSABILIDADE SOCIAL Dentro do que foi discutido até aqui sobre sustentabilidade, a responsabilidade social é um forte instrumento de atuação. Para o Instituto Ethos (2009), responsabilidade social empresarial é: como a forma de gestão que se define pela relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona e pelo estabelecimento de metas empresariais que impulsionem o desenvol- vimento sustentável da sociedade, preservando recursos ambientais e culturais para as gerações futuras, respeitando a diversidade e pro- movendo a redução das desigualdades sociais (INSTITUTO ETHOS, 2009). acesse o endereço eletrônico do Instituto Ethos de Empresas e Responsa- bilidade Social, que é uma oscip cuja missão é mobilizar, sensibilizar e aju- dar as empresas a gerir seus negócios de forma socialmente responsável, tornando-as parceiras na construção de uma sociedade justa e sustentável. <http://www3.ethos.org.br/>. ©shutterstock 27 Responsabilidade Social Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . No Capítulo 30 do texto da Agenda 21, já temos a presença da perspectiva de uma responsabilidade empresarial. Mas antes disso, nos EUA, anos 60, esse movimento deu seu passo inicial. Na Europa, surgiu na década de 1970 e se consolidou na América Latina em 2001, com a rea- lização da I Conferência de Responsabilidade Social nas Américas. Aflalo (2012) ressalta que a emergência do con- ceito de responsabilidade social e as práticas que criaram e consolidaram o discurso socialmente responsável determinam hoje novas expectativas em rela- ção à conduta empresarial. As novas práticas esperadas das empresas em relação à sociedade e ao meio ambiente começam a configurar um novo tipo de empresa que se diferencia das empresas das décadas anteriores. A empresa social, predominante nos anos 1960, se definia por uma atitude filantrópica: os investimentos sociais eram separados das atividades lucrativas da empresa e significavam a abdicação de fração do lucro em prol de um bem social. Esta concepção deu lugar a um novo tipo de empresa, a partir dos anos 1990, que passa a incorporar práticas socialmente responsáveis a suas atividades sem que isso signifique a redução de seus lucros, mas de modo a permitir, acima de tudo, sua maximização. Tais empresas são chamadas empresas cidadãs e bus- cam exercer sua cidadania por meio da participação ao seguirem os padrões da conduta socialmente responsável (AFLALO, 2012). Agora que já entendemos o conceito de responsabilidade social, iremos nos aprofundar nas páginas seguintes nesse assunto. Vamos continuar nossa viagem ao conhecimento? TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I ARGUMENTOS CONTRA E A FAVOR DA RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL Para Charnov et al. (2012), nas últimas décadas tem-se observado o aumento com a preocupação das obrigações sociais da empresa, impulsionado pelos movimentos de defesa do meio ambiente e do consumidor. Declarações de que a empresa deve destinar parte de seus recursos econômicos a ações que benefi- ciem a sociedade nem sempre têm sido bem recebidas. Para os mesmos autores, há divergências quanto ao nível apropriado de ação social e quanto a se a empresa tem motivos legítimos para destinar recursos a ações sociais. Temos nesse embate dois grandes estudiosos do assunto, Dr. Milton Friedman (1931) e o também Dr. Keith Davis (1918). De um lado, temos uma visão clás- sica de que a única responsabilidade social da administração é maximizar os lucros. Do outro lado, está a posição socioeconômica de que a responsabilidade da administração vai muito além da obtenção de lucros e inclui a proteção e a melhoria do bem-estar da sociedade. Vamos conhecer um pouco mais sobre as reflexões desses importantes autores. Argumentos contra a responsabilidade social da empresa Os argumentos contra a responsabilidade social das empresas têm sido mais amplamente articulados por MiltonFriedman, ganhador do prêmio Nobel em economia. Charnov et al. (2012) defendem a ideia de que a tarefa da empresa é otimizar o lucro do acionista (proprietário) por meio do bom uso dos recursos organi- zacionais. Muitos acusam Friedman e seus seguidores de não se preocuparem com a justiça social e com aqueles que estão em dificuldades econômicas. No entanto, não é esse o caso, Friedman e seus seguidores baseiam a tese de que a empresa não deve assumir responsabilidade social direta. Friedman e seus muitos adeptos argumentam que a empresa deveria ape- nas buscar a otimização do lucro dentro das regras da sociedade. Afirmam que uma empresa lucrativa beneficia a sociedade ao criar novos empregos, dar boas condições de trabalho e pagar salários justos, que melhoram a vida de seus fun- cionários, além de contribuir para o bem-estar público pagando seus impostos (CHARNOV et al., 2012). 29 argumentos Contra e a Favor da Responsabilidade Social Empresarial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Segundo Montana e Charnov (2003, p. 8), os argumentos teóricos contra a responsabilidade social, na visão de Friedman, são: 1. Essa é função maior do governo; ao vincular empresa ao governo, criará uma força poderosa demais na sociedade e, em última instância, com- prometerá o papel do governo na regulamentação da empresa. 2. A empresa precisa medir o desempenho, e os programas de ação social muitas vezes não conseguem medir índices de sucesso. Geralmente há um conflito inerente entre o modo como a empresa funciona e o modo como operam os programas sociais. 3. A função da empresa é maximizar lucros. Assim, exigir que recursos sejam destinados a programas de ação social viola essa meta empresa- rial, uma vez que ela reduz os lucros. 4. Não há razão para supor que os líderes empresariais tenham a capacidade de determinar o que é de interesse social. Cientistas sociais e administra- dores do governo muitas vezes não conseguem chegar a um acordo sobre metas de interesse social. Por que supor que os líderes empresariais pos- sam fazer um trabalho melhor de definir o interesse social? Para Charnov et al. (2012, p. 13), os argumentos práticos contra a responsabili- dade social, na visão de Friedman, são: 1. Os gerentes têm uma responsabilidade fiduciária no sentido de maxi- mizar o lucro do patrimônio líquido; utilizar os recursos financeiros da empresa para realizar objetivos sociais pode ser uma violação dessa res- ponsabilidade, portanto, ilegal. 2. O custo dos programas sociais seria um ônus para a empresa e teria de ser repassado aos consumidores na forma de aumento de preços. 3. O público pode querer que o governo tenha programas sociais, mas há pouco apoio, por parte do governo, para a empresa assumir tais progra- mas sociais. 4. Os líderes empresariais não dispõem de habilidades especializadas neces- sárias para alcançar metas de interesses sociais. TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Argumentos a favor da responsabilidade social da empresa Os argumentos favoráveis à participação de organizações em atividades de responsabilidade social partem, principalmente, da área acadêmica. Para Montana e Charnov (2003), Keit Davis, professor da Universidade Estadual do Arizona, defende a participação das organizações em atividades de responsabilidade social. Ele argumenta que a responsabilidade social anda de mãos dadas com o poder social e, já que a organização é a maior potência do mundo contemporâneo, ela tem a obrigação de assumir uma responsabilidade social correspondente. Por sua vez, a sociedade que deu esse poder às organizações, pode chamar a organi- zação para prestar contas pelo uso desse poder. Montana e Charnov (2003, p. 40) trazem que os argumentos teóricos em favor da responsabilidade social, na visão de Keith Davis, são: 1. Teoricamente é do interesse da empresa melhorar as comunidades nas quais estão inseridas e nas quais fazem negócios. A melhoria nos ambien- tes comunitários, em última instância, reverterá em benefício da empresa. 2. Programas de responsabilidade social ajudam a evitar que pequenos pro- blemas possam se tornar grandes problemas. Em última análise, isso será benéfico à sociedade e à empresa. 3. Ser socialmente responsável é a coisa ética ou correta a fazer. 4. Demonstrar sensibilidade a questões sociais ajudará a evitar intervenção governamental na empresa. 5. O sistema de valores mais generalizado, a tradição judaico-cristã, incen- tiva fortemente os atos de caridade e a preocupação social. Para Charnov et al. (2012, p. 14), os argumentos práticos em favor da responsa- bilidade social, na visão de Friedman, são: 1. Ações que demonstram sensibilidade social, se efetivadas dentro de um modelo econômico sustentável, podem, de fato, ser lucrativas para a empresa. Novas máquinas de poluição ambiental, por exemplo, podem ser mais eficientes e econômicas. 2. Ser socialmente responsável melhora a imagem de relações públicas da empresa em termos de cidadania. 31 argumentos Contra e a Favor da Responsabilidade Social Empresarial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 3. Se nós mesmos não o fizermos, nem a opinião pública, nem o governo exigirão que o façamos. 4. Ela pode ser boa para os acionistas já que tais medidas obterão apro- vação pública e levarão a empresa a ser vista pelos analistas financeiros como menos exposta à crítica social e produzirão um aumento no preço das ações. Segundo Campos (1992), uma organização honesta só pode sobreviver dentro da sociedade se contribuir para a satisfação das expectativas e necessidades das pessoas. “Este é o seu objetivo principal. Se este fato é tomado como premissa, a primeira preocupação da administração da empresa deve ser a satisfação das necessidades das pessoas afetadas pela sua existência”. Nesse sentido, as organi- zações devem satisfazer aos consumidores, clientes, colaboradores, acionistas e os vizinhos da empresa, ou seja, seus stakeholders (internos e externos). Em cada uma dessas visões relativas ao grau desejado de sensibilidade social, existe acordo de que a empresa deve empenhar todas as ações socialmente responsáveis exigidas por lei. A maior divergência encon- tra-se nos níveis das ações socialmente responsáveis que ultrapassam as exigências legais, e a diferença de opiniões relativas a ir acima e além do dever tem suscitado várias abordagens diferentes de responsabilidade social (CHARNOV et al., 2012, p. 14). STAkEhOLDERS São chamados de stakeholders todos aqueles grupos que tenham algum interesse na organização, que por sua vez também se interessa pela imagem que repre- senta a eles. Podem ser chamados de stakeholders os trabalhadores, os acionistas, o Estado em suas diversas esferas, os fornecedores, os consumidores, a comuni- dade do entorno organizacional, entre outros. Para Alencastro (2012), é um conceito que amplia o campo das tarefas da empresa e, por outro lado, amplia o papel desses stakeholders, considerando-os como parte da comunidade inerente ao contexto organizacional, sendo capa- zes, inclusive, de ter o poder para determinar a adoção de posturas moralmente mais corretas na condução de seus negócios. TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I Na figura a seguir, temos uma representação daorganização e de todos os agentes que fazem parte de seu raio de ação e que se envolvem direta ou indire- tamente com as consequências das decisões da empresa, segundo Carroll (1999). Público em geral Grupos Ambientalistas Local Estadual Federal Minorias Ameaças de defeitos nos produtos Consumidores Ativistas Potenciais Compradores Investidores Individuais Investidores Institucionais Consumidor Acionista Comunidade Governo Empregados Empresa Figura 3: Empresa e Principais Stakeholders Fonte: Carroll (1999, p. 9) RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA As empresas variam em muitos aspectos, tais como: tamanho, setor de atuação, recursos utilizados, impacto causado na sociedade e nos stakeholders. Em con- sequência disto, as formas como elas adotam e praticam responsabilidade social também variam (CARROLL, 1999). Carroll (1999) apresenta uma definição de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), que foca nos tipos de responsabilidade social que podem ser atribuídos à empresa: A responsabilidade social corporativa engloba as expectativas econô- micas, legais, éticas e filantrópicas por parte da sociedade em relação às organizações em determinado ponto do tempo (CARROLL, 1999, p. 35). 33 argumentos Contra e a Favor da Responsabilidade Social Empresarial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . O autor procura desmembrar os diversos componentes da RSC, relacionando as expectativas legais e econômicas às preocupações de cunho mais social, como as responsabilidades ética e filantrópica, criando uma pirâmide. Na figura a seguir, poderemos observar esquematicamente essa pirâmide. Responsabilidade Filantrópica Responsabilidade Ética Responsabilidade Legal Responsabilidade Econômica Ser um bom cidadão corporativo Contribuir com recursos para a comunidade Ser ética Obrigação de fazer o que é certo, justo e correto. Evitar danos Obedecer as leis Leis são os códigos da sociedade do certo e errado. Seguir as “regras do jogo”. Ser lucrativa Razão de ser da empres, sobre a qual todas as demais responsabilidades estão estruturadas. Figura 4: A Pirâmide de Responsabilidade Social Corporativa Fonte: Carroll (1999, p. 39) Para Alencastro (2012), é um modelo que contempla a responsabilidade eco- nômica da empresa em ser produtiva e rentável – sem a qual ela não sobrevive – com seu envolvimento social. Vamos conhecer melhor cada um dos componentes citados por Carrol: ■ Responsabilidade Econômica Para Carroll (1999), a responsabilidade econômica é definida como uma respon- sabilidade social primária das empresas. A empresa deve atuar como organização econômica cuja orientação básica é produzir bens e serviços que a sociedade deseja e vendê-los a preços justos, que permitam a perpetuação da empresa e a remuneração de seus investidores. Ao exercitar esta responsabilidade, a empresa emprega diversos conceitos de gestão, objetivando a maximização do seu valor TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I no longo prazo. No entanto, a responsabilidade econômica não é suficiente para que a empresa seja socialmente responsável. Para Alencastro (2012), a dimensão econômica é a base da pirâmide, isso ocorre, pois a atividade econômica é indispensável na geração de empregos, investimentos e pagamentos de taxas e impostos. Portanto, ela pode influen- ciar diretamente os outros critérios, sem ela, nada acontece, por isso, é a base da pirâmide! ■ Responsabilidade Legal Como parte do contrato social, a sociedade estabelece uma legislação e espera que as empresas operem dentro deste conjunto de leis. A responsabilidade legal corresponde ao cumprimento destas leis, as quais representam noções básicas de convivência dentro de uma sociedade. Entretanto, as leis geralmente não con- templam comportamentos, expectativas e desejos mais recentes da sociedade, além de, devido à racionalidade limitada do ser humano, não englobar todos os tópicos, áreas e temas possíveis de serem enfrentados pela empresa, uma vez que a sociedade está continuamente desenvolvendo novos valores. ■ Responsabilidade Ética A responsabilidade ética incorpora conceitos, comportamentos e práticas que são esperadas ou proibidas pelos membros da sociedade, mas que ainda não estão codificadas na forma de lei. A responsabilidade ética incorpora padrões, costu- mes, normas sociais, tradições e expectativas que refletem o que a sociedade e os diversos constituintes da empresa acreditam ser justo e correto. Veremos um pouco mais sobre essa responsabilidade na Unidade V. ■ Responsabilidade Filantrópica A responsabilidade filantrópica ou discricionária representa expectativas cor- rentes da sociedade com relação à atuação das empresas. Estas ações não são obrigatórias nem requeridas por lei, e não são esperadas por parte da empresa mesmo em termos éticos: trata-se de iniciativas voluntárias da empresa buscando a qualidade de vida e a sustentabilidade socioambiental. 35 argumentos Contra e a Favor da Responsabilidade Social Empresarial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . Segundo Kono (2006), um dos objetivos da pirâmide é demonstrar que a responsabilidade social corporativa engloba aspectos econômicos, legais, éticos e filantrópicos, e que ela não pode ser atingida cumprindo-se apenas alguns dos seus componentes, portanto, as quatro dimensões têm de ser atendidas simul- taneamente. Outra função importante do modelo é auxiliar os executivos a identificar os diversos tipos de responsabilidade. O mesmo autor destaca tam- bém que o modelo de Carroll fornece uma ferramenta útil na conceituação dos principais problemas ligados à RSC. Entretanto, as fronteiras entre os quatro componentes são tênues e muitas vezes sobrepostas, de forma que muitas vezes surgem tensões entre dois ou mais componentes. Graus de Envolvimento de Responsabilidade Social da Organização Sensibilidade social é a medida na qual uma organização é sensível à percepção de suas obrigações sociais, e é medida pela avaliação da eficácia e eficiência da organização em seus esforços de empreender ações que satisfaçam as obrigações sociais (CHARNOV et al., 2012). As organizações sociais têm assumido diferentes graus de sensibilidade social, apresentando 3 abordagens que serão apresentadas a seguir, de acordo com Charnov et al. (2012). Para alencastro (2012), responsabilidade social é diferente de filantropia, pois a primeira deve estar vinculada à estratégia empresarial, fazendo parte do planejamento da empresa e compreendendo ações proativas, inseridas na cultura da organização como um todo. Já a segunda está relacionada apenas às ações, quase sempre pontuais, da instituição com a comunidade. São práticas assistenciais que surgem normalmente por iniciativa pessoal (voluntariado) dos empregados e/ou dirigentes da empresa. apesar de con- ceitualmente diferentes, a filantropia geralmente é o primeiro passo para a responsabilidade social. Você seria capaz de citar alguma empresa que realiza filantropia e divulga como se fosse uma empresa com responsabilidade social? TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I ■ Abordagem da Obrigação Social Essa abordagem supõe que os objetivos principais da organização são de natu- reza econômica,principalmente a maximização dos lucros e o patrimônio dos acionistas, não o cumprimento de obrigações sociais. Assim, os adeptos dessa abordagem afirmam que a empresa deve meramente cumprir as obrigações sociais mínimas impostas pela legislação em vigor. Os administradores que aceitam essa abordagem afirmam que a empresa cumpre obrigação social, maximizando lucros e mantendo os trabalhadores empregados. Dessa maneira, esses administradores, enquanto cumprirem a lei, respondem apenas perante os proprietários da orga- nização (acionistas) por ações que consomem recursos organizacionais – não perante a sociedade. Esses administradores selecionam as ações que resultarão no melhor resultado econômico para a organização, e/ou as que são exigidas pela lei. Hoje, as organizações defrontam inúmeras leis e decretos que as obrigam a controlar a poluição, a criar e manter locais seguros de trabalho, a tratar com igualdade os colaboradores etc. Os administradores, que se limitavam apenas às obrigações legais, agora se confrontam com a necessidade de se manter atu- alizados com as mudanças nas obrigações sociais. ■ Abordagem da Responsabilidade Social Essa abordagem supõe que a organização não tem apenas metas econômicas, mas também responsabilidade social. Os administradores que assumem essa abordagem tomam decisões organizacionais com base não apenas nos ganhos econômicos projetados e na conformidade legal, mas também no critério do benefício social. Há uma predisposição para que sejam usados recursos organi- zacionais para projetos de bem-estar social, embora não seja seguido nenhum curso de ação que possa trazer danos econômicos para a organização. Nesse tipo de abordagem, existe uma preocupação em otimizar os lucros e o patri- mônio líquido dos acionistas, mas existe também consideração por aqueles que supervisionam programas de ação social. As organizações adeptas ao método da responsabilidade social buscam ativamente a aprovação da comunidade por seu envolvimento e comprometimento social, e desejam ser vistas como politica- mente corretas. Essas organizações fazem um grande esforço na área de relações públicas, direcionando-a para a obtenção desse reconhecimento público. 37 o Papel das organizações e a Responsabilidade Social Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . ■ Abordagem da Sensibilidade Social Essa abordagem supõe que a organização não tem apenas metas econômicas e sociais, mas que também precisa se antecipar aos problemas sociais do futuro e agir agora em resposta a esses problemas. A abordagem da sensibilidade social é o método que mais exige das organizações: exige que a organização se ante- cipe aos problemas sociais e que lide com eles antes que se tornem evidentes; ao lidar com problemas sociais do futuro, a organização pode precisar fazer uso de recursos organizacionais agora, criando um impacto negativo na otimização de lucros do presente. Montana e Charnov (2003) salientam que: a empresa que adota esse método acredita que a boa cidadania corpora- tiva implica assumir um papel verdadeiramente proativo na sociedade, o de fazer uso do poder que lhe é conferido para a melhoria da socie- dade. Isso, no final, produzirá um efeito benéfico na empresa já que ela faz negócios no interior dessa sociedade (MONTANA; CHARNOV, 2003, p. 45). A organização que adota o método da sensibilidade social procura ativamente por envolvimento e comprometimento, esforço à conscientização social, espe- cialmente com a comunidade, e encoraja seus colaboradores a fazerem o mesmo. Enquanto o método da responsabilidade social prega o envolvimento indivi- dual e empresarial em causas sociais já estabelecidas, o método da sensibilidade social tem uma visão mais ampla ao se preocupar com o futuro da sociedade. O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES E A RESPONSABILIDADE SOCIAL Segundo Cimbalista (2001), as empresas são construções sociais, portanto, sujeito e objeto da realidade da qual fazem parte. São participantes dos problemas sociais e, nos dias de hoje, uma das instituições mais influentes nos rumos da sociedade. O mesmo autor pontua que, sob o ponto de vista conceitual, a empresa que, além do seu negócio, também efetiva a colaboração corporativa na construção de uma TRAJETÓRIA DA SUSTENTABILIDADE E DA RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. I sociedade mais justa e ambientalmente sustentável exerce o que se convencio- nou chamar de cidadania corporativa e que, portanto, esse tipo de organização que exerce a responsabilidade social conduz seus negócios de tal maneira que se torna parceira e corresponsável pelo desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que possui a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes (acionistas, funcionários, prestadores de serviço, fornecedores, consumidores, comunidade, go- verno e meio-ambiente) e conseguir incorporá-los no planejamento de suas atividades, buscando atender às demandas de todos e não apenas dos acionistas ou proprietários (CIMBALISTA, 2001, p. 1). Hoje, um dos grandes desafios das empresas está na conquista de níveis cada vez maiores de competitividade e produtividade, atrelados à preocupação crescente com a legitimidade social de sua atuação. Como resposta, as empresas têm pas- sado a investir em qualidade e, inicialmente, preocupam-se com os produtos, evoluem para a abordagem dos processos, até chegar ao tratamento abrangente das relações da atividade empresarial com os empregados, os fornecedores, os con- sumidores, a comunidade, a sociedade e o meio ambiente (CIMBALISTA, 2001). Para o mesmo autor, uma das formas de a empresa demonstrar responsa- bilidade social é envolver-se com programas sociais voltados para o futuro da comunidade e da sociedade. O investimento em conservação ambiental e no uso racional dos recursos naturais é valorizado por atender ao interesse tanto da empresa como da coletividade. Esse tipo de iniciativa revela à sociedade a pre- ocupação da empresa e demonstra que só uma sociedade saudável pode gerar empresas saudáveis. Para Charnov (2012), a responsabilidade social se torna mais eficaz com ações que promovam as potencialidades de cada região, das comunidades locais, fortalecendo, dessa forma, os aspectos sociais, econômicos e ambientais, pro- movendo uma elevação real na qualidade de vida local. Isso se dá por meio de ações que estejam organizadas para descobrir as potencialidades locais, fortale- cendo os atores sociais locais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Vamos finalizar essa Unidade com a frase do microbiologista francês René Dubos, citada nos anos 70, “pense globalmente, aja localmente”! Vamos pensar na importância de desenvolver a economia sem comprometer os recursos locais. 39 Considerações Finais Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . CONSIDERAÇÕES FINAIS Na sociedade pós-industrial, passou-se a valorizar o aumento da qualidade de vida, a valorização do ser humano, o respeito ao meio ambiente, a pluralidade dos objetivos empresariais e a valorização das ações sociais, tanto das empresas quanto dos indivíduos. Dessa forma, esses são os valores da sociedade pós-in- dustrial que passam a direcionar a responsabilidade social. É por isso que as empresas passam a adotar um novo papel na sociedade, mais comprometido com seu entorno, não apenas focado no crescimento econômico, mas também nos aspectos sociais e ambientais, o que forma o desenvolvimento sustentável.Essa nova postura empresarial acontece em função de uma mudança no mercado, que no período pós-revolução industrial se torna cada vez mais com- petitivo, obrigando as empresas a se tornarem cada dia mais atrativas aos seus consumidores. 1. Pesquise, citando a fonte, sobre o modelo Triple bottom line e discuta sua ideia central e suas principais vantagens e desvantagens. 2. a partir da definição do Instituto Ethos de que a responsabilidade social está plantada sobre o tripé da ética, da transparência e do desenvolvimento suste- ntável, relacione as principais dificuldades para se implementar a responsabili- dade social em uma organização atual. além disso, apresente alternativas para resolvê-las. 3. destaque os princípios da responsabilidade social empresarial de Milton Fried- man e Keith davis. Há algo em comum entre os argumentos desses dois autores? 4. Faça uma pesquisa levantando as críticas sobre o modelo da pirâmide das 4 re- sponsabilidades sociais. 5. diferencie de forma objetiva a abordagem da obrigação social, da abordagem da responsabilidade social e da abordagem da sensibilidade social. Enquadre a sua empresa, ou a empresa em que você trabalha, dentro de uma dessas abor- dagens. Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR “Qualidade de vida não signifi ca apenas a quantidade e a qualidade dos bens e serviços de consumo, mas também a qualidade do meio ambiente.” - armstrong Kotler (2007) Sustentabilidade e responsabilidade social Bruce H. Charnov et al. editora: Saraiva organizado pela Professora Bianca Burdini Mazzei, o livro Sustentabilidade e Responsabilidade Social conta com autores renomados na área e aborda os seguintes temas: administração e responsabilidade social, globalização, abordagem crítica da responsabilidade social, o papel da empresa-cidadã e a sustentabilidade empresarial associada à responsabilidade social. Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente adriana Camargo Pereira Gibson Zucca Silva Maria Elisa Ehrhardt Carbonari. editora: Saraiva sinopse: Em “Sustentabilidade, responsabilidade social e meio ambiente”, o leitor encontrará uma abordagem simples, clara e essencial sobre os diversos temas referentes às mudanças climáticas que vivenciamos. além de proporcionar uma refl exão sobre o assunto, esta obra também propõe soluções objetivas que estimulam atitudes e práticas capazes de benefi ciar o coletivo e que podem ser concretizadas a partir do empenho de cada cidadão. Entrevista com o cientista Kevin Noon, que esclarece a questão dos Limites da Terra. disponível em: <http://www.oeco.com.br/multimidia/videos/24515-entrevista-com-kevin-noon>. MATERIAL COMPLEMENTAR Desenvolvimento e Meio Ambiente. As estratégias de mudanças da Agenda 21. José Carlos Barbieri editora: Vozes sinopse: o autor aborda as principais temáticas acerca da promoção de um desenvolvimento sustentável dos países. assim, Barbieri realiza um histórico das Conferências Internacionais sobre meio ambiente e analisa um dos principais documentos produzidos nestas conferências: a agenda 21. U N ID A D E II Professor Me. Paulo Pardo prÊMIos e InCentIVos À responsABILIDADe soCIAL Objetivos de Aprendizagem ■ Prêmios e incentivos à responsabilidade social organizacional. ■ Certificações Nacionais e Internacionais de Sustentabilidade Empresarial. ■ o uso das ferramentas do Marketing Social e Societal: abordagem crítica. ■ Conhecer os principais prêmios e incentivos à Responsabilidade Social organizacional. ■ apresentar as certificações nacionais e internacionais de Sustentabilidade organizacional. ■ Compreender o uso de ferramentas do Marketing Social e Societal com uma visão crítica. Plano de Estudo a seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Prêmios e incentivos à responsabilidade social organizacional ■ Certificações nacionais e internacionais de sustentabilidade empresarial ■ o uso das ferramentas do marketing societal: uma abordagem crítica INTRODUÇãO Caro(a) estudante, Você sabe muitíssimo bem que as organizações da atualidade estão cada vez mais envolvidas em processos de intensa competição, cujo objetivo é aumentar sua participação no mercado e, como consequência, seus lucros. Não podemos ser ingênuos em pensar que as organizações se converterão em benfeitoras da humanidade e abrirão mão de seus lucros, pois isso seria uma utopia e uma ação simplesmente impraticável. Uma organização sem lucros também não pode inves- tir um centavo sequer em ações de responsabilidade social e ambiental. Sobre este assunto, gostaria de trazer à sua atenção um episódio da vida do destacado empresário Henry Ford, citado sempre quando o assunto é produção industrial. Após o estrondoso sucesso do seu modelo T, os lucros da empresa eram tão expressivos que Ford – então acionista majoritário – decidiu que parte dos lucros seria reinvestida na empresa, visando a sua expansão, e uma parte seria destinada para a redução do valor dos automóveis. Seus sócios não gosta- ram nada dessa iniciativa, e deram inicio a um processo na justiça, que teve seu mérito julgado pela Suprema Corte americana. O resultado? Ford perdeu a ação, pois os juízes entenderam que a função primária de uma empresa é a geração de lucro para seus acionistas. Ou seja, antes de pensar em qualquer ação em bene- fício de outros, a empresa deve remunerar seus donos, seus acionistas, pois foi por este motivo que eles investiram seus recursos na companhia. O que acha disso? Parece cruel? Independente do que você possa concluir do relato acima, saiba que as empre- sas, ao visarem ao lucro de seus proprietários, estrategicamente devem pensar que estes lucros só advirão se os clientes continuarem a comprar os produtos e servi- ços destas empresas. E os clientes nos últimos anos – pelo menos uma parte deles – passaram a valorizar os produtos e serviços que são oferecidos por empresas que se preocupam com o bem-estar de todos que são afetados por suas ativida- des. Assim, quando verificamos uma empresa com alto grau de envolvimento social e boas práticas ambientais, saiba que seus dirigentes entenderam que isso é um requisito de mercado e é o mercado que mantém as empresas funcionando. Por isso, nesta Unidade, analisaremos como as empresas, na prática, 45 Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . PRÊMIOS E INCENTIVOS À RESPONSABILIDADE SOCIAL Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. II demonstram que valorizam a opinião do mercado, procurando exibir em suas ações promocionais suas conquistas em relação às certificações e prêmios con- cedidos por entidades nacionais e internacionais que avaliam as boas práticas empresarias nos campos da responsabilidade social e ambiental. Bons estudos! Prof. Me. Paulo Pardo PRÊMIOS E INCENTIVOS À RESPONSABILIDADE SOCIAL ORGANIZACIONAL Na Introdução desta Unidade, comentamos que as empresas têm um dever corporativo de remunerar o acionista, pois foram originários dele os recursos necessários à implantação da própria atividade empresarial. Comentamos tam- bém a respeito do famoso caso de Henry Ford, que perdeu uma causa judicial em que desejava socializar parte do lucro da empresa, em razão de um entendi- mento da Suprema Corte americana que considerava na época que a principal função social da empresa é gerar riqueza para os acionistas. Porém, felizmente, com o passar do tempo, mesmo o entendimento jurídico americano – berço do capitalismo ocidental – foi aos poucos se alterando e con- siderando que a empresa deve também contemplar e até direcionar
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