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Terpenos Camila Ribeiro Ruback Nilópolis Dezembro/2017 Relatório entregue a Professora Ana Maria como avaliação da disciplina Química de produtos naturais do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro – Campus Nilópolis, Curso Superior de Bacharel em Química. 2 1. Introdução: Alguns metabólitos secundários só estão presentes em determinadas espécies e cumprem uma função ecológica específica, como por exemplo, atrair os insetos para transferir-lhes o pólen ou a animais para que estes possam consumir seus frutos e assim poder disseminar suas sementes. Também podem atuar como pesticidas naturais de defesa contra herbívoros ou microorganismos patogênicos, além de agentes alelopáticos (responsáveis por favorecer a competição com outras plantas), também podem sintetizar metabólitos secundários em resposta a dano em algum tecido da planta, assim como proteção para a luz UV e outros agentes físicos agressivos, incluindo como sinais para a comunicação entre plantas com microorganismos simbiontes. O metabolismo secundário, geralmente, não é utilizado para executar funções celulares vitais, entretanto, estes produtos são frequentemente necessários para a sobrevivência da planta no ecossistema. Muitos metabólitos secundários exibem funções anti patogênicas, são específico de uma planta e/ou do tecido. Além disso, os produtos secundários das plantas compreendem uma riqueza de compostos interessantes para o ser humano, pois tem grande aplicabilidade por seus efeitos terapêuticos. Existe grande quantidade de tipos de metabólitos secundários em plantas e podem ser classificados segundo a presença ou não de nitrogênio na sua composição. Os três grupos de metabólitos secundários mais importantes em plantas são os terpenos (um grupo dos lipídios), compostos fenólicos (derivados dos carboidratos) e os alcalóides (derivados dos aminoácidos, principais constituintes das proteínas). Os terpenos representam uma das maiores e mais diversas classes de metabólitos secundários com pelo menos 55.000 compostos. A enorme diversidade estrutural representada por esta classe de produtos naturais possui um grande numero propriedades biológicas como, anti-câncer e anti-malária. 2. Formação dos terpenos: Terpenos (ou isoprenóides, ou terpenóides) formam uma subdivisão de classe dos prenil-lipídios (terpenos, prenilquinonas, e esteróis), representando 3 o grupo mais antigo de produtos de pequenas moléculas sintetizado por plantas e provavelmente o grupo mais difundido de produtos naturais. Quimicamente, os terpenos podem ser definidos como “alcenos naturais”, isto é, apresentam uma dupla ligação carbono-carbono sendo caracterizado como um hidrocarboneto insaturado. Por outro lado, se um terpeno contém oxigênio, o mesmo é denominado de terpenoide, podendo apresentar diferentes funções químicas, entre as quais: ácidos, álcoois, aldeídos, cetonas, éteres, fenóis ou epóxidos terpênicos. Apesar de apresentarem diferenças estruturais entre si, todos os terpenos/terpenoides são basicamente estruturados em blocos de cinco carbonos – unidades de isopreno (C5H8) – normalmente, ligadas entre si pela ordem “cabeça-a-cauda”, o que caracteriza a chamada “regra do isopreno”. Figura 2 - Isopreno Esta derivação da estrutura química em unidades de cinco carbonos, comum aos terpenos, é resultado da sua origem bioquímica, já que todos os Figura 1 - Diferentes funções químicas atribuídas a monoterpenos e monoterpenoides. Figura 3 - Ligação cabeça - cauda 4 seus carbonos são provenientes do isopentenil pirofosfato (IPP) ou de seu isômero dimetilalil pirofosfato (DMAPP). Esses últimos, por meio de duas rotas metabólicas distintas – via do mevalonato e via do 1-desoxilulose 5-fosfato (DXP) – originam os diferentes terpenos. Figura 4- Representação esquemática das duas rotas metabólicas referente à síntese de terpenos/terpenoides: via do mevalonato e via do 1-desoxixilulose-5-fosfato (DXP) 5 Os terpenos podem ser classificados de acordo com a quantidade de resíduos de isopreno que sua estrutura possui: Tabela 1 - Classificação de terpenos Unidade de Isopreno Átomos de carbono Nome Molecula Precursora 1 5 Isopreno IPP e DMAPP 2 10 Monoterpeno Pirofosfato de geronil 3 15 Sesquiterpenos Pirofosfato de farnesilo 4 20 Diterpenos Pirofosfato de geranil - geranilo 5 25 Sesterpenos Pirofosfato de geranil - farnesilo 6 30 Triterpenos Esqualeno 8 40 Tetraterpenos Fitoeno N N Polisopreno Pirofosfato de geranilo - geranilo A biossíntese de monoterpenos ocorre pela combinação de DMAPP e IPP via enzima prenil transferase, formando a unidade básica pirofosfato de geranila (GPP) em um mecanismo que envolve a ionização de DMAPP, com formação de um cátion alílico e com a adição à dupla ligação da molécula de IPP. Figura 5- Mecanismo formação monoterpenos 6 A ligação dupla formada apresenta geralmente configuração trans, mas a unidade GPP pode sofrer modificações através de sua ligação dupla formando isômeros LPP (pirofosfato de linalila) e NPP (pirofosfato de nerila), o que possibilita a obtenção de novos monoterpenos. Com a mudança da estereoquímica são obtidos compostos com diferentes características principalmente quanto à sua utilização como flavorizantes e perfumes, propriedades relacionadas com a presença de grupos funcionais diversos tais como alcoóis, aldeídos e ésteres. A formação da estrutura básica dos sesquiterpenos é idêntica à observada para os monoterpenos, sendo realizada pela adição de uma unidade C5-IPP a uma molécula de pirofosfato de geranila (GPP). Assim, ocorre inicialmente a ionização da molécula de GPP, com formação posterior de uma ligação dupla envolvendo o próton do carbono 2, formando a molécula de FPP (pirofosfato de farnesila). Os diterpenos consiste de quatro moléculas de isopreno, a este grupo pertencem o fitol (que faz parte da estrutura das clorofilas), hormônio giberelina, ácidos resinosos de coníferas e espécies de leguminosas, fitoalexinas e numerosos metabólitos farmacologicamente importantes, como no caso do taxol, um agente anticancerígeno encontrado em baixas concentrações (0,01% do peso seco), e a forscolina, um composto utilizado para tratar o glaucoma. Os triterpenos são composto por seis moléculas de isopreno, a este grupo pertencem os brasinosteroides (hormônios vegetais), os fitoesteróis que compõem as membranas celulares, algumas fitoalexinas e compostos que formam parte das ceras (que cobrem e protegem os frutos, ácido oleanóico das uvas). Também chamados saponinas, seu nome vem do latin sapo, saponis que significa sabão pois possuem propriedades tensoativas, ao dissolver-se em água e por agitação formam espuma persistente, tem propriedades detergentes. Muitas possuem propriedades hemolíticas pois alteram a permeabilidade das membranas celulares resultando ação tóxica para animais de sangre frio. Por esta razão, algumas plantas que contem estes princípios 7 ativos, tem sido empregadas desde a antiguidade na arte da pesca. Entretanto não são todos os saponideos cumprem estas características. Os tetraterpenos são formados por oito moléculas de isopreno,são os carotenóides, compostos muito importantes de nossas dietas, são pigmentos que possuem funções importantes na fotossíntese. Seus principais constituintes são: cromóforo, caroteno, xantofila, licopeno, betacaroteno, luteína, violaxantina, neoxantina, retinol (pimenta, açafrão). Os monoterpenos e sesquiterpenos, com estruturas terpênicas de menor massa molecular, apresentam volatilidade acentuada. Essa última característica, por sua vez, apresenta grande importância para o aroma dos produtos naturais, particularmente de frutas cítricas, ervas aromáticas, espe- ciarias e condimentos. Por outro lado, moléculas de tamanho superior aos sesquiterpenos, devido ao tamanho da cadeia, praticamente não contribuem com o aroma, embora o catabolismo de tetraterpenos (C40) possa fornecer noroisoprenoides de 10 e 13 carbonos de importante contribuição para o aroma de alguns produtos de origem vegetal. A despeito da baixa volatilidade dos di-, tri- e tetraterpenos, é válido ressaltar a importância dessas moléculas. Em se tratando das duas primeiras classes (di- e triterpenos), a mesma é tida como um dos componentes principais de oleorresinas - uma secreção constituída basicamente de óleo essencial e resina - obtida de diferentes tipos de plantas. A importância desse tipo de produto está atrelada à extensa aplicabilidade em inúmeras atividades industriais - fixador de perfumes, solvente ou matéria-prima para a produção de tintas, graxas e ceras - e no dia-a-dia das pessoas, através da medicina popular. No que diz respeito aos tetraterpenos ou carotenoides, esses compostos são pigmentos de ampla distribuição na natureza, responsável por conferir a coloração de diferentes plantas, vegetais e alimentos. 8 3. Referencias Bibliográficas: RIGOTTI, Marcelo ; HIGUTI , Andrea. Metabolismo secundário . Disponível em: <http://www.farmacobotanica.xpg.com.br/aula6.html>. Acesso em: 20 dez. 2017. PETERSEN, Rogério Zen . Biotransformação de terpenóides por culturas de células vegetais e fungos filamentosos . 2006. 208 f. Tese (FACULDADE DE FARMÁCIA PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÂO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS)- UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL , Porto Alegre, 2006. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/11201/000609581.pd f?sequence=1>. Acesso em: 20 dez. 2017. TERPENOS, aromas e a química dos compostos naturais. São Paulo: Quím. Nova Esc, [ol. 39, N° 2, p. 120-130, MAIO 2017]. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc39_2/04-QS-09-16.pdf>. Acesso em: 20 dez. 2017.
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