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direito agrario dr. francisco taveira

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DIREITO AGRÁRIO 
 
Conteúdo Programático 
1 - Direito Agrário: conceito e objeto. 
2 - Imóvel rural: definição legal e seus elementos caracterizadores. 
3 - Função social do imóvel rural. 
4 - Dimensionamento do imóvel rural. 
5 - Contratos agrários nominados e inominados. Procedimento judicial em casos de despejo. 
6 - Terras devolutas e o instituto da Discriminação. 
7 - O procedimento discriminatório administrativo e o usucapião agrário. 
8 - Reforma Agrária - Fundamentos - Conceituação e Métodos. 
9 - A Adjudicação Compulsória no Direito Agrário. 
10 - Posse agrária sobre bem imóvel. 
DIREITO AGRÁRIO: CONCEITO E OBJETO. 
 
1. DENOMINAÇÃO: 
 1.1. Direito agrário (ager, agri, agrarius – campo – atividade - produção). 
 1.2. Direito Rural (rus, ruris, ruralis – campo – antônimo de urbano - estático). 
 1.3. Direito Agrícola (restringe à atividade de agricultura) 
 1.4. Direito da Agricultura (restringe à atividade de agricultura) 
 1.5. Direito da Reforma Agrária (restringe o direito agrário, como se sua única 
 finalidade fosse promover a reforma agrária) 
 
2. CONCEITO: 
 Conjunto de normas (regras e princípios) responsável por disciplinar 
 Relações Jurídicas Agrárias – (Homem-Terra) 
 Objeto – Atividade Agrária (produção) - Sociedade 
 Preservação e conservação (Direito Ambiental) 
 Conjunto de normas (regras e princípios) responsável por disciplinar as relações 
jurídicas agrárias (homem-homem / homem-terra), tendo por objeto a atividade agrária e 
visando compatibilizar a produtividade com a preservação e conservação dos recursos naturais 
(desenvolvimento sustentável). 
 “Direito Agrário é o ramo jurídico que regula as relações agrárias, observando-se a 
inter-relação homem/terra/produção/sociedade.” (Alcir Gursen de Miranda) 
 
3. AUTONOMIA: 
3.1 - Científica – objeto, normas e institutos próprios 
Objeto próprio – Atividade agrária 
 Normas próprias – regras e princípios típicos 
 Institutos próprios – terra devoluta, legitimação de posse, regularização de posse, 
discriminação, usucapião especial agrário, módulo rural, faixa de fronteira, terras indígenas e 
quilombolas, Terrenos de marinha e marginais, Imóvel Rural, Reforma agrária, Desapropriação 
agrária, Seguro Agrícola, Contratos Agrários, Cooperativismo Rural, Trabalhador Rural, 
Previdência Rural. 
 
3.2 - Didática – disciplina oferecida em cursos de direito, concursos públicos 
 
3.3 - Legislativa – Competência privativa da união – Art. 22, I, CF. 
CF - Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, 
aeronáutico, espacial e do trabalho; 
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar 
sobre questões específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
 
3.4 - Jurisdicional – Justiça Agrária / Varas agrárias especializadas (art. 126, CF) 
CF - Art. 126. Para dirimir conflitos fundiários, o Tribunal de Justiça proporá a 
criação de varas especializadas, com competência exclusiva para questões 
agrárias. 
Parágrafo único. Sempre que necessário à eficiente prestação jurisdicional, o juiz far-
se-á presente no local do litígio. 
 
5. PRINCÍPIOS: 
 1) Função social (posse agrária, produtividade, conservação do meio ambiente, proteção 
 do trabalho) 
 2) Justiça social (construção de uma sociedade justa e solidária – macrossistema social) 
 3) Justiça distributiva (justa distribuição de terras para aumento da produção e bem estar 
 dos rurícolas – microssistema agrário) 
 4) Acesso à terra 
 5) Isonomia (igualdade de oportunidades – acesso à terra, ao crédito rural) 
 6) Liberdade (através da propriedade, de destinação da terra, do trabalhador rural) 
 7) Privatização das terras (destinação das terras públicas) 
 8) Proteção à propriedade familiar 
 9) Dimensionamento eficaz dos imóveis agrários 
 10) Combate ao minifúndio e latifúndio 
 11) Efetivação da reforma agrária 
 12) Aumento da produção e níveis de produtividade 
 13) Estímulo ao cooperativismo e espírito comunitário 
 14) Fortalecimento da empresa agrária 
 15) Permanência do cultivador direito e pessoal na terra 
 16) Supremacia do interesse público sobre o privado 
 17) Combate aos comportamentos desviantes na implementação da reforma agrária 
 18) Proteção das terras indígenas 
 19) Desenvolvimento Sustentável 
 
6. NATUREZA JURÍDICA DO D.A.: Normas predominantemente cogentes, de ordem 
pública. Ex: tratamento dos contratos agrários, restrição da autonomia privada, tutela de 
conflitos coletivos (interesse público), desapropriação. 
 
7. FONTES: Interação com os demais ramos do direito (Constitucional, administrativo, civil, 
penal, processual, empresarial, tributário, trabalho, previdenciário, ambiental). 
 Principais textos legislativos: 
 CF (arts. 184 a 191) 
 Estatuto da Terra (Lei 4.504/64) 
 Lei 6.969/81 (Usucapião Especial Agrária) 
 Lei 8.629/93 (Lei da Reforma Agrária) 
 LC 76/93 (desapropriação) 
 
8. OBJETO: Atividade Agrária 
 - Conceito Legal: 
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se: 
 I - "Imóvel Rural", o prédio rústico, de área contínua qualquer que seja a sua 
localização que se destina à exploração extrativa agrícola, pecuária ou agro-industrial, 
quer através de planos públicos de valorização, quer através de iniciativa privada; 
 
 - Exploração extrativa agrícola – Compreende a extração de produtos vegetais e captura 
de animais. O homem atua somente no momento da extração, mas não como agente provocador 
da ação da natureza. (ex: extração de castanha, açaí, látex, caça e pesca). Deixa de fora a 
atividade de extração mineral. 
 - Pecuária – criação de animais. Pequeno porte (aves domésticas, abelhas), médio porte 
(suínos, caprinos, ovinos) ou grande porte (bovinos, eqüinos). 
 - Lavoura – o homem participa do plantio, desenvolvimento e colheita. Pode ser 
temporária (arroz, milho, feijão, mandioca – ciclo curto – 3 meses a 1 ano) ou permanente (café, 
abacate, cacau, laranja, coco, banana). 
 - Agro-industrial – é atividade agrária desde que esta prepondere sobre a atividade 
industrial. (ex: arroz – plantação, colheita, beneficiamento, distribuição) / (indústria canavieira – 
produção primária + transformação ou beneficiamento) 
 - Atividade florestal – pode ser considerada agrária (ex: silvicultura – plantação e 
desenvolvimento de florestas para obtenção de produtos de origem vegetal, como eucalipto, 
para produção de papel, seringueiras, para extração do látex). Não são agrárias, no entanto, as 
atividades de mera conservação ambiental e extrativismo florestal. 
 
- Classificações: 
1 – Vivanco: Atividades agrárias: 
 Propriamente ditas (atividades produtivas, de conservação e de preservação) 
 Acessórias (extrativa vegetal e de captura de animais) 
 Conexas (manufatura, beneficiamento, trasporte) 
 
2 – Raymundo Laranjeira: Atividades agrárias: 
 Típicas (lavoura, pecuária, extrativismo vegetal e animal e hortigrangearia) 
 Atípicas (agroindústria) 
 Complementares (transporte e comercialização) 
 
- Teorias: 
1 – Agrobiológica – Rodolfo Ricardo Carrera – Terra + Processo agrobiológico (semeadura, 
germinação, fotossíntese, florescimento, chuvas, frutificação e colheita). 
2 – Agrariedade – Antônio Carrozza – Processo agrobiológico + riscos correlatos (distúrbios 
climáticos, pragas, doenças) 
3 – Acessoriedade – relação homem-terra x homem sociedade. Distingue atividade agrária das 
atividades comerciais e industriais por exclusão. 
 Critérios: 
 Necessidade 
 Prevalência 
 Autonomia 
 Normalidade 
 Ruralidade 
 Acessoriedade 
 
Giselda Hironaka – Teoria mista. 
 
IMÓVEL RURAL: DEFINIÇÃO LEGAL, SEUS ELEMENTOS 
CARACTERIZADORES E SEU DIMENSIONAMENTO 
 
1. HISTÓRICO: 
Fixação do homemà terra; 
Propriedade vinculada à religião; 
Propriedade absoluta em Roma; 
Idade Média – Sistema Feudal 
Idade Moderna – Expansão Marítima e Brasil colônia (cana de açúcar e ouro); 
Meios de colonização e proteção do território 
Capitanias Hereditárias 1531 (monocultura de cana, com exploração de trabalho escravo); 
Regime Sesmarial 1549 (concessão, confirmação e comisso); 
Idade Contemporânea – Revolução Francesa e Código Napoleônico (propriedade liberal 
absoluta); 
Independência e Regime de Posses (suspensão de concessão de sesmarias). 
Lei de Terras – lei 601/1850. 
Faixa de fronteira; 
Terras devolutas; 
Revalidação de sesmarias; 
Discriminação de terras; 
Legitimação de posse; 
Registro Paroquial ou Registro do Vigário; 
Abolição da Escravidão: 
Lei Eusébio de Queiroz; 
Lei do Ventre Livre; 
Lei dos Sexagenários; 
Lei Áurea. 
Código Civil de 1916 (Tratamento civil do direito agrário – formação de minifúndios, 
contratos agrários); 
Estatuto da Terra – Lei 4.504/64. 
Constituição Federal 1988 (deslocamento do eixo axiológico); 
Código Civil de 2002. 
Dificuldade de aceitação do novo modelo de propriedade – exiguidade de prazo, baixa 
efetividade constitucional, cultura arraigada. 
 
2. CONCEITO DE PROPRIEDADE: 
Usar 
Gozar ou fruir 
Dispor 
Reivindicar 
Elasticidade 
Exclusividade 
Perpetuidade 
 
3. CONCEITO DE IMÓVEL AGRÁRIO: 
Localização x Destinação; 
Legislação Tributária: 
Art. 29. O imposto, de competência da União, sobre a propriedade territorial rural 
tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de imóvel por 
natureza, como definido na lei civil, localizado fora da zona urbana do Município. 
Legislação Agrária; 
Art. 4º. Para os efeitos desta Lei, definem-se: 
I – Imóvel Rural, o prédio rústico, de área contínua, qualquer que seja sua 
localização, que se destine à exploração extrativa, agrícola, pecuária ou 
agroindustrial, quer através de planos públicos de valorização,quer através de 
iniciativa privada. 
Conceito de imóvel agrário: 
Destinado à atividade agrária; 
Prédio; 
Rústico; 
Área Contínua (continuidade física x econômica) 
Conceito doutrinário: 
Imóvel agrário é o prédio, em regra rústico, dotado de continuidade físico-
econômica e localizado em zona rural ou urbana, que se destine ou se possa 
destinar à atividade agrária, desde que sobre ele não incida – ou deva incidir – 
outra atividade preponderante, permitida – ou determinada – em lei e autorizada 
pelos competentes agentes governamentais. (Gustavo Elias Kallás Rezek) 
 
4. CLASSIFICAÇÃO: 
Estatuto da Terra: 
Propriedade Familiar; 
Minifúndio; 
Latifúndio; 
Empresa Rural. 
Constituição Federal: 
Pequena, média ou grande propriedade; 
Produtiva ou improdutiva. 
 
Estatuto da Terra: 
Art. 4º Para os efeitos desta Lei, definem-se: 
 II - "Propriedade Familiar", o imóvel rural que, direta e pessoalmente 
explorado pelo agricultor e sua família, lhes absorva toda a força de trabalho, 
garantindo-lhes a subsistência e o progresso social e econômico, com área 
máxima fixada para cada região e tipo de exploração, e eventualmente trabalho 
com a ajuda de terceiros; 
 III - "Módulo Rural", a área fixada nos termos do inciso anterior; 
 IV - "Minifúndio", o imóvel rural de área e possibilidades inferiores às da 
propriedade familiar; 
 V - "Latifúndio", o imóvel rural que: 
 a) exceda a dimensão máxima fixada na forma do artigo 46, § 1°, alínea b, 
desta Lei, tendo-se em vista as condições ecológicas, sistemas agrícolas regionais 
e o fim a que se destine; 
 b) não excedendo o limite referido na alínea anterior, e tendo área igual ou 
superior à dimensão do módulo de propriedade rural, seja mantido inexplorado 
em relação às possibilidades físicas, econômicas e sociais do meio, com fins 
especulativos, ou seja deficiente ou inadequadamente explorado, de modo a vedar-
lhe a inclusão no conceito de empresa rural; 
 VI - "Empresa Rural" é o empreendimento de pessoa física ou jurídica, 
pública ou privada, que explore econômica e racionalmente imóvel rural, dentro 
de condição de rendimento econômico da região em que se situe e que explore 
área mínima agricultável do imóvel segundo padrões fixados, pública e 
previamente, pelo Poder Executivo. Para esse fim, equiparam-se às áreas 
cultivadas, as pastagens, as matas naturais e artificiais e as áreas ocupadas com 
benfeitorias; 
 
Constituição Federal: 
Lei 8.629/93. Art. 4º Para os efeitos desta lei, conceituam-se: 
 I - Imóvel Rural - o prédio rústico de área contínua, qualquer que seja a sua 
localização, que se destine ou possa se destinar à exploração agrícola, pecuária, 
extrativa vegetal, florestal ou agro-industrial; 
 II - Pequena Propriedade - o imóvel rural: 
 a) de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais; 
 III - Média Propriedade - o imóvel rural: 
 a) de área superior a 4 (quatro) e até 15 (quinze) módulos fiscais; 
 Parágrafo único. São insuscetíveis de desapropriação para fins de reforma 
agrária a pequena e a média propriedade rural, desde que o seu proprietário não 
possua outra propriedade rural. 
Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e 
racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de 
eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. 
 § 1º O grau de utilização da terra, para efeito do caput deste artigo, deverá 
ser igual ou superior a 80% (oitenta por cento), calculado pela relação percentual 
entre a área efetivamente utilizada e a área aproveitável total do imóvel. 
 § 2º O grau de eficiência na exploração da terra deverá ser igual ou superior 
a 100% (cem por cento), e será obtido de acordo com a seguinte sistemática: I - 
para os produtos vegetais, divide-se a quantidade colhida de cada produto pelos 
respectivos índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder 
Executivo, para cada Microrregião Homogênea; II - para a exploração pecuária, 
divide-se o número total de Unidades Animais (UA) do rebanho, pelo índice de 
lotação estabelecido pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada 
Microrregião Homogênea; III - a soma dos resultados obtidos na forma dos 
incisos I e II deste artigo, dividida pela área efetivamente utilizada e multiplicada 
por 100 (cem), determina o grau de eficiência na exploração. 
 § 3º Considera-se efetivamente utilizadas: I - as áreas plantadas com 
produtos vegetais; II - as áreas de pastagens nativas e plantadas, observado o 
índice de lotação por zona de pecuária, fixado pelo Poder Executivo; III - as áreas 
de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os índices de rendimento 
estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião 
Homogênea, e a legislação ambiental; IV - as áreas de exploração de florestas 
nativas, de acordo com plano de exploração e nas condições estabelecidas pelo 
órgão federal competente; V - as áreas sob processos técnicos de formação ou 
recuperação de pastagens ou de culturas permanentes, tecnicamente conduzidas e 
devidamente comprovadas, mediante documentação e Anotação de 
Responsabilidade Técnica. 
 
FUNÇÃO SOCIAL DO IMÓVEL RURAL. 
 
1. POSITIVAÇÃO: 
Código Civil Francês 1804: 
Art. 544. A propriedade é o direito de usar, gozar e dispor das coisas da maneira 
mais absoluta, desde que não sejam usados de maneira proibida pelas leis ou pelos 
regulamentos. 
Art. 545. Ninguém pode ser obrigado a abandonar sua propriedade, salvo por 
utilidade pública, e mediante uma justa e prévia indenização. 
 
Constituição de Weimer, Alemanha, 1919:Art. 153. A propriedade obriga e o seu uso e exercício devem ao mesmo tempo 
representar uma função no interesse social. 
 
Constituição Italiana 1947: 
Art. 42. (...) A propriedade privada é conhecida e garantida pela lei, que 
determina o modo de aquisição, de uso e gozo e o limite, com o escopo de 
assegurar a função social e torná-la acessível a todos. 
 
Constituição Espanhola 1978: 
Art. 33. 
1. É reconhecido o direito à propriedade privada e à herança. 
2. A função social destes direitos delimitarão seu conteúdo, de acordo com as leis. 
3. Ninguém poderá ser privado de seus bens e direitos, senão por justificável 
motivo de utilidade pública ou interesse social, mediante a indenização 
correspondente e em conformidade com o disposto nas leis. 
 
Na legislação brasileira: 
Constituição 1891: 
Art. 72. § 17 - O direito de propriedade mantém-se em toda a sua plenitude, salvo 
a desapropriação por necessidade ou utilidade pública, mediante indenização 
prévia. 
As Constituições de 1934, 1937 e 1946 trouxeram disposições semelhantes. 
Estatuto da Terra: Utilizou pela primeira vez o termo “função social”, em seus artigos 2º, 
12, 13, 18 e 47. 
Art. 2° É assegurada a todos a oportunidade de acesso à propriedade da terra, 
condicionada pela sua função social, na forma prevista nesta Lei. 
§ 1° A propriedade da terra desempenha integralmente a sua função social 
quando, simultaneamente: 
a) favorece o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores que nela labutam, 
assim como de suas famílias; 
b) mantém níveis satisfatórios de produtividade; 
c) assegura a conservação dos recursos naturais; 
d) observa as disposições legais que regulam as justas relações de trabalho entre 
os que a possuem e a cultivem. 
 
Constituição 1967: 
Art 157 - A ordem econômica tem por fim realizar a justiça social, com base nos 
seguintes princípios: III - função social da propriedade; 
 
Constituição de 1969 – repetiu o texto. 
 
Constituição de 1988: Considerou-a direito fundamental individual (art. 5º, XXIII) e 
como princípio geral da atividade econômica (art. 170, III). Foi, também, levada em 
consideração para a política urbana (art. 182, § 2º) e para a reforma agrária (art. 184 a 
186). 
 
 
2. CONCEITO E CONTEÚDO DA FUNÇÃO SOCIAL: 
2.1. Contrapõe-se ao uso privado exclusivo. 
O princípio da função social da propriedade impõe ao proprietário o dever de 
exercê-lo em benefício de outrem e não, apenas, de não exercer em prejuízo de 
outrem. (Eros Grau) 
 
2.2. Cláusula Geral - Atualização do ordenamento. 
 
2.3. Fundamento: 
Princípio da solidariedade e dignidade humana. 
Erradicação da pobreza. 
Redução das desigualdades sociais. 
 
2.4. Norma cogente. Matéria de ordem pública. 
A constituição obriga o juiz a enfrentar, ainda que sem requerimento da parte, o 
tema pertinente a função social da propriedade. (Jacques Távora Afonsin) 
 
2.5. A função social integra o conceito de propriedade. 
A Constituição não diz que em alguns casos se atenderá à função social, como 
algo externo à propriedade; o que diz é que inexiste propriedade sem função 
social. (Sérgio Sérvolo Cunha) 
- Não há tutela da propriedade sem função social. 
- É sempre preciso a atuação estatal para retirar a propriedade anti-social do 
proprietário. 
 
2.6. Sanções à propriedade que não cumpre função social: 
2.6.1. Imóvel Rural 
a) Desapropriação sanção: 
Art. 184. Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma 
agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante 
prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de 
preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do 
segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei. 
 
b) Usucapião Especial Agrária (art. 191, CF) 
Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua 
como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona 
rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho 
ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. 
 
c) Implementação de IPTU e ITR progressivo - art. 153, § 4º, I, CF 
 
2.6.2. Imóvel urbano 
a) Parcelamento e edificação compulsória – art. 5º, EC. 
b) Prazos menores para usucapião 
c) Desapropriação judicial indireta (art. 1.228, § 4º, CC) 
§ 4o O proprietário também pode ser privado da coisa se o imóvel reivindicado 
consistir em extensa área, na posse ininterrupta e de boa-fé, por mais de cinco 
anos, de considerável número de pessoas, e estas nela houverem realizado, em 
conjunto ou separadamente, obras e serviços considerados pelo juiz de interesse 
social e econômico relevante. 
 
2.7. Função social dos recursos agrários. 
Divisão de Antonino Vivanco: 
- Recursos naturais (solo, água, atmosfera, flora, fauna, etc); 
- Recursos culturais (organização, técnica, pesquisa, capital, crédito e 
mercado, dentre outros); e 
- Recursos humanos (agricultores, pecuaristas, empregados, empregadores, 
proprietários, possuidores e colonos). 
Caminha-se progressivamente, apesar de certo atraso da legislação, para a 
substituição da expressão função social da terra por outra mais ampla, 
função social dos recursos agrários, onde se reconhece a funcionalidade de 
todos os bens agrários. (Gustavo Elias Kallás Rezek) 
 
2.8. A disponibilidade dos recursos agrários e o grau de exigência da função social são 
grandezas diretamente proporcionais. 
Quanto maior a disponibilidade dos recursos agrários, maior a exigência da função 
social. 
A função social será mais exigida quanto maior for o valor do bem apreciável pelo 
homem. 
 
2.9. Função Social da Terra: 
Poder-dever – O direito de propriedade concede o poder e a função social coloca o 
dever. 
Interesse público – Qualquer do povo pode exigir o cumprimento da função social. 
Reserva de poder feita pelo povo ao autorizar a existência da propriedade 
particular. 
O proprietário só recebeu do ordenamento jurídico aquele direito de propriedade, 
na medida em que respeite aquelas obrigações, na medida em que respeite a 
função social do direito de propriedade. Se o proprietário não cumpre e não se 
realiza a função social da propriedade, ele deixa de ser merecedor de tutela por 
parte do ordenamento jurídico, desaparece o direito de propriedade. (Pietro 
Perlingieri) 
Segurança jurídica do proprietário e do possuidor: “à segurança jurídica do 
proprietário, portanto, tem de corresponder uma outra segurança, a dos não 
proprietários, que os resguarde do risco de um destino indispensável a todos ser 
desvirtuado por um só.” (Jacques Távora Afonsin) 
 
2.10. Extensão da função social: 
O princípio da função social centra-se na preocupação de que o bem seja utilizado 
para fins vantajosos do ponto de vista social, econômico e ecológico. Não implica 
o princípio, diretamente, a distribuição da terra ou redução das desigualdades. É 
claro que para isso ele contribui, mas sobre essas necessidades atuam, em sentido 
estrito, os princípios da dignidade da pessoa humana, da erradicação da pobreza e 
da justiça social. (Gustavo Elias Kallás Rezek) 
 
2.11. Dispositivos Constitucionais e Legais a respeito da função social 
CF – Art. 5º: 
XXII - é garantido o direito de propriedade; 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; 
XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou 
utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em 
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; 
 
CF - Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo critérios e grausde exigência estabelecidos em lei, aos 
seguintes requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
 
Art. 9º A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, 
simultaneamente, segundo graus e critérios estabelecidos nesta lei, os seguintes 
requisitos: 
I - aproveitamento racional e adequado; 
II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio 
ambiente; 
III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho; 
IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. 
§ 1º Considera-se racional e adequado o aproveitamento que atinja os graus de 
utilização da terra e de eficiência na exploração especificados nos §§ 1º a 7º do 
art. 6º desta lei. 
§ 2º Considera-se adequada a utilização dos recursos naturais disponíveis quando 
a exploração se faz respeitando a vocação natural da terra, de modo a manter o 
potencial produtivo da propriedade. 
§ 3º Considera-se preservação do meio ambiente a manutenção das características 
próprias do meio natural e da qualidade dos recursos ambientais, na medida 
adequada à manutenção do equilíbrio ecológico da propriedade e da saúde e 
qualidade de vida das comunidades vizinhas. 
§ 4º A observância das disposições que regulam as relações de trabalho implica 
tanto o respeito às leis trabalhistas e aos contratos coletivos de trabalho, como às 
disposições que disciplinam os contratos de arrendamento e parceria rurais. 
§ 5º A exploração que favorece o bem-estar dos proprietários e trabalhadores 
rurais é a que objetiva o atendimento das necessidades básicas dos que trabalham 
a terra, observa as normas de segurança do trabalho e não provoca conflitos e 
tensões sociais no imóvel. 
 
2.12. Aspecto econômico: 
Aproveitamento racional e adequado – produtividade mínima – GUT 80% e GEE 
100% 
A fixação do GUT e o GEE não pode perder de rumo a vedação à exploração 
econômica depredatória. É preciso saber se os parâmetros de produtividade que 
vêm sendo fixados pelos órgãos do Executivo não estão trabalhando com padrões 
por demais genéricos, ou que não levem em consideração certas peculiaridades 
ligadas à localização dos imóveis rurais. (Juliano Taveira Bernardes) 
 
2.13. Aspecto Social: 
Respeito às normas do direito do trabalho, aos contratos coletivos de trabalho e aos 
contratos de arrendamento e parcerias rurais. 
PEC 438/2001. 
 
2.14. Aspecto ambiental: 
Desenvolvimento sustentável: 
Direito Agrário x Direito Ambiental 
Agricultura sustentável: 
Seria uma insatisfação com o padrão da agricultura convencional ou moderna e 
que, ao mesmo tempo, almeja por um novo modelo produtivo que garanta, por um 
lado, a segurança alimentar e, por outro, a conservação ecológica. (Mauro 
Oliveira Pires) 
 
Utilização adequada dos recursos naturais disponíveis, respeitando a vocação 
natural da terra (clima, solo e culturas possíveis). 
Técnicas de plantio mais adequadas. 
Preservação efetiva do meio ambiente, mantendo as características do meio natural 
e a qualidade dos recursos ambientais. (Uso de agrotóxicos, preservação de fontes 
d’água. 
A admissão do princípio da função social (e ambiental) da propriedade tem como 
conseqüência básica fazer com que a propriedade seja efetivamente exercida para 
beneficiar a coletividade e o meio ambiente (aspecto positivo), não bastando 
apenas que não seja exercida em prejuízo de terceiros ou da qualidade ambiental 
(aspecto negativo). Por outras palavras, a função social e ambiental não constitui 
um simples limite ao exercício do direito de propriedade, como aquela restrição 
tradicional, por meio da qual se permite ao proprietário, no exercício do seu 
direito, fazer tudo o que não prejudique a coletividade e o meio ambiente. 
Diversamente, a função social e ambiental vai mais longe e autoriza até que se 
imponha ao proprietário comportamentos positivos, no exercício do seu direito, 
para que a sua propriedade concretamente se adeqúe à preservação do meio 
ambiente. (Eros Grau)

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