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Desigualdade Social

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UNIVERSIDADE ABERTA - UAb 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA E DEPARTAMENTO DE 
CIÊNCIAS SOCIAIS E DE GESTÃO - DOUTORAMENTO EM 
SUSTENTABILIDADE SOCIAL E DESENVOLVIMENTO 
 
 
 
 
 
 
 
 
TÓPICO 3 - DESIGUALDADES SOCIAIS 
E SUSTENTABILIDADE (3 ECTS) 
 
 
 
 
Atividade apresentada ao DSSD da 
Universidade Aberta, como parte das 
exigências da disciplina de Seminário de 
Aprofundamento Teórico I. 
 
Aluno: André Luiz Romano. 
 
 
 
 
 
 
 
Lisboa 
2017 
Problematização 
Atualmente as evidências são de que a desigualdade social e econômica vem 
aumentando. Sabe-se que países em desenvolvimento são os que mais sofrem com esse 
fenômeno, contudo, é verificado também desigualdades em países desenvolvidos. Tem-
se uma ideia de que a desigualdade social ou econômica surge em decorrência da má 
distribuição de renda e da precarização dos investimentos sociais. Com isso, o objetivo 
desse texto é explorar os principais fatores, que podem ser determinantes das 
desigualdades, assim como caminhos possíveis e alternativas verificadas nos textos 
disponíveis na disciplina SAT1 da UAb e pesquisas realizadas na base Web of Science. 
As causas dos desequilíbrios 
Segundo George (2014) um aumento da desigualdade de renda se intensificou, 
desde a década de 70, sendo que atualmente, milhões de trabalhadores sofrem com o 
desemprego já de longo prazo. Fotaki e Prasad (2015) reforçam o aumento da 
desigualdade econômica entre os mais ricos e os mais pobres é motivo de preocupação 
por razões sociais, políticas e éticas. A conferência de Estocolmo em 1972, abordou a 
preocupação dos países desenvolvidos com as questões ambientais em contraste com os 
não desenvolvidos, preocupados com o seu desenvolvimento (Nascimento, 2012). O atual 
sistema econômico liderado pelos EUA pode criar uma tensão fundamental nesse sentido. 
Szmigin e Rutherford (2013) apontam que a crescente desigualdade e suas implicações 
para a política democrática sugerem que a Responsabilidade Social Empresarial (RSE) 
não tem sido adequada nos negócios do século XXI, isso em grande parte devido à falta 
de critérios normativos para as empresas. Para Meer e Server (2004) a aceitação do 
modelo neoliberal como alternativa exclusiva para o desenvolvimento, limita o papel do 
estado no atendimento das necessidades dos mais pobres, causando a ampliação da 
desigualdade. A aceitação generalizada da tese de que se ter uma empresa no local é 
sempre a melhor alternativa, reforça a dependência do capital privado e a crueldade do 
modelo, justifica a visão baseada em Friedman (1970) que considerava ser a única 
responsabilidade dos negócios, remunerar os acionistas, pois para os demais já tinha os 
empregos e todos os demais “benefícios” ao fluxo circular da renda que essa empresa 
movimentaria. Contudo, segundo Almeida (2002) a perspectiva neoliberal se esgotou, 
pois, se encontra desalinhada com ambientes de maior responsabilidade. Davis e Kim 
(2015) apontam que a financeirização intensificada no funcionamento da economia gerou 
estruturas que aceleraram a terceirização e a desagregação corporativa, tendo moldado os 
padrões de desigualdade, cultura e mudança social na sociedade em geral. Trata-se de um 
modelo mecanicista, no qual a partir de uma construção cartesiana o aspecto econômico 
é avaliado de maneira isolada, não considerando questões de ordem socioambiental. 
Almeida (2002) indica o paradigma cartesiano como um modelo de administração 
científica que configura arranjos rígidos e estrutura física tradicionais, nas quais, espera-
se a maximização da eficiência de seu uso. Contrariamente a essa visão, surge o que 
Almeida (2002) chama de paradigma da sustentabilidade, com visão holística orgânica e 
integrada de todos os stakeholders envolvidos no empreendimento. O paradigma novo é 
baseado originalmente nas premissas da sustentabilidade, que segundo Nascimento 
(2012) vem de duas áreas; (i) ecologia - resiliência dos recursos naturais; e (ii) economia 
- desenvolvimento e padrões de consumo. O aspecto excessivamente concentrado na 
economia, mais ligado à lucratividade, explica a dificuldade em se romper com o 
paradigma mecanicista. Devido à complexidade e o impacto do tema, a ONU destacou 
uma comissão técnica que produziu o relatório Only one Earth, Ward (1973) percebendo-
se que o problema ambiental é decorrente de externalidades econômicas. Essas 
externalidades são originárias do: (i) excesso de desenvolvimento - combinação de 
tecnologia agressiva e consumo excessivo; e (ii) falta de desenvolvimento - crescimento 
demográfico e baixo Produto Interno Bruto per capita. O embate entre países 
desenvolvidos e em desenvolvimento pelas “cotas” de desenvolvimento não é recente, 
tendo ganhado novos contornos a partir do relatório da Intergovernmental Panel on 
Climate Change – IPCC (2007). O agravamento da crise ambiental, pela percepção da 
responsabilidade antrópica do aquecimento global e da ampliação de mercado 
consumidor e das propostas de desenvolvimento sustentável, sobretudo da 
descarbonização e desmaterialização da economia, agora com o título de economia verde, 
ganharam força. Com isso, a questão ambiental deixa a pauta eminentemente natural, 
passando a considerar também o social, o que transforma o binômio desenvolvimento 
(economia) e meio ambiente (biologia) em tríade, agora com as questões sociais 
envolvidas. Essa tríade, que segundo Slaper e Hall (2011) pode ser representada por um 
termo cunhado por John Elkington nos anos 90, se apresenta reconhecidamente 
estabelecida como as três dimensões da sustentabilidade (ambiental, econômica e social) 
também chamada de Triple Bottom Line, que foi complementada posteriormente 
conforme informado por Sachs (1993) que considera importante ainda as dimensões 
poder e cultura. As dimensões da sustentabilidade são: (i) ambiental -modelo de produção 
e consumo compatível com a base material em que se assenta o sistema, proporcionando 
a auto reparação do mesmo; (ii) econômica - aumento da eficiência da produção e do 
consumo com economia crescente de recursos naturais; (iii) social - que todos os cidadãos 
tenham o mínimo necessário para uma vida digna e que ninguém absorva bens, recursos 
naturais e energéticos que sejam prejudiciais outros; (iv) poder - parte-se do princípio de 
que o diálogo sempre irá resolver tudo, mas muitas vezes a componente política precisará 
ser acionada; e (v) cultural – é inimaginável uma mudança no padrão de consumo, sem 
uma mudança de valores e comportamentos. 
Os efeitos e os cenários prováveis 
O paradigma da sustentabilidade se apresenta enquanto avanço, ao que Varey 
(2013) identifica como sendo uma crise do capitalismo industrial, que já não consegue 
mais gerar prosperidade, não mais representando a lógica contida na empresa padrão 
esperada. Segundo o autor, o aumento da desarmonia social e crescente evidência de 
desastres ambientais, com progresso estagnado ou negativo se tornou evidente. Fotaki e 
Prasad (2015) apontam que a crescente desigualdade econômica entre ricos e pobres é 
motivo de preocupação por razões sociais, políticas e éticas. Para Varey (2013) a 
sustentabilidade é uma construção sociocultural, intrinsecamente ética, respeitosa e 
intelectual para uma vida de uso cuidadoso e equitativo dos recursos dentro dos limites e 
interdependências. Cockx e Francken (2014) apontam falhas na ação dos estados na 
correta definição dos custos a serem internalizados nos negócios e na tributação justa que 
irá gerar recursos adicionais, destinados à diminuição das desigualdades. Brown (2013) 
sugerem a adoção da certificação Comércio Justo na mediação das relações de produção,num caso colombiano apresentado em artigo. Segundo Nascimento (2012) sugere que 
para se evitar uma catástrofe que poderia levar a extinção da humanidade, tem-se duas 
alternativas, uma baseada na solução tecnológica em que será possível por meio da 
capacidade inventiva do homem a superação anunciada dos limites dos recursos naturais 
e outra, baseada mudança radical dos padrões de produção e consumo atuais. 
Sob a ótica das empresas Bapuji e Neville (2015) apresentam três consequências 
que podem surgir dos altos níveis de desigualdade de renda: (i) movimentos sociais 
limitando as ações das empresas, (ii) formas organizacionais alternativas que afetarão as 
organizações existentes e (iii) novos riscos políticos e regulatórios que poderão prejudicar 
empresas o desempenho ou sobrevivência para as empresas. Com esses argumentos, 
enfatiza-se que a desigualdade de renda pode afetar as empresas e mercados, contudo é 
preciso buscar um melhor entendimento de como as organizações podem auxiliar na 
diminuição da desigualdade de renda. 
Principais considerações 
A partir da averiguação da literatura sobre o tema proposto, evidenciou-se que a 
desigualdade de renda vem crescendo desde a década de 70, acentuando o nível de 
desemprego de longo prazo, se tornando uma preocupação por razões sociais, políticas e 
éticas. Existe atualmente, uma dicotomia entre a preocupação dos países desenvolvidos 
com as questões ambientais em contraste com os não desenvolvidos, mais preocupados 
com o seu desenvolvimento. As críticas ao modelo neoliberal se acentuam, deixando claro 
o esgotamento de seu paradigma, dando espaço para o paradigma da sustentabilidade, que 
contrariamente, apresenta uma visão holística orgânica e integrada de todos os 
stakeholders. O paradigma da sustentabilidade apresenta um avanço, pois o capitalismo 
industrial já não consegue mais gerar prosperidade, precisando a empresa moderna de 
outro padrão de operação. A crescente desigualdade econômica entre os mais ricos e os 
mais pobres é motivo de preocupação por razões sociais, políticas e éticas, levando a 
necessidade de uma construção sociocultural, intrinsecamente ética, respeitosa e 
intelectual para uma vida de uso cuidadoso e equitativo dos recursos dentro dos limites e 
interdependências. As alternativas futuras para que haja maior equidade demanda uma 
ação mais efetiva dos estados na correta determinação dos custos a serem “cobrados” pelo 
uso dos recursos naturais ou outras formas de normatização dos mercados, como 
certificação Comércio Justo. A literatura aponta haver risco de catástrofe que 
progressivamente poderia levar a extinção da humanidade, sendo que a tecnologia ou 
mudança dos padrões de produção e consumo, que pertencem ao movimento do 
decrescimento são alternativas para a salvação. Na revisão foram ainda apresentadas 
ameaças às atividades empresariais que podem surgir devido a desigualdade de renda, 
desde movimentos sociais, passando por mutações organizacionais ou os riscos políticos 
e regulatórios que poderão prejudicar as empresas no seu desempenho ou sobrevivência. 
 
 
 
 
 
Referências 
Almeida, F. (2002). O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. 
Bapuji, H. e Neville, L. (2015). Income inequality ignored? An agenda for business and strategic 
organization. Strategic Organization. 13(3), 233-246. Disponível em: 
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/1476127015589902. Acesso em 01/12/2017. 
Brown, S. (2013). One hundred years of labor control: violence, militancy, and the Fairtrade banana 
commodity chain in Colombia. Environment and Planning. 45(11), 2572-2591. Disponível em: 
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1068/a45691. Acesso em 07/12/2017. 
Cockx, L. e Francken, N. (2014). Extending the concept of the resource curse: Natural resources and public 
spending on health. Ecological Economics. 108, 136-149. Disponível em: 
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0921800914003231. Acesso em 11/12/2017. 
Davis, G. F. e Kim, S. (2015). Financialization of the Economy. Annual Review of Sociology. 41, 203-
211. Disponível em: http://www.annualreviews.org/doi/abs/10.1146/annurev-soc-073014-112402. Acesso 
em 11/12/2017. 
Fotaki, M. e Prasad, A. (2015). Questioning Neoliberal Capitalism and Economic Inequality in Business 
Schools. Academy of Management Learning & Education. 14(4), 556-575. Disponível em: 
http://amle.aom.org/content/14/4/556.abstract. Acesso em 08/12/2017. 
Friedman, M. (1970) The social responsibility of business is to increase its profits. NY Times Magazine. 
NY, 13 set. 1970. Disponível em: https://www.colorado.edu/studentgroups/libertarians/issues/friedman-
soc-resp-business.html. Acesso em 01/12/2017. 
George, J. (2014). Compassion and Capitalism: Implications for Organizational Studies. Journal 
Management. 40(1), 5-15. Disponível em: 
http://journals.sagepub.com/doi/abs/10.1177/0149206313490028. Acesso em 14/12/2017. 
IPCC - Intergovernmental Panel on Climate Change - Disponível em: https://www.ipcc.ch/pdf/assessment-
report/ar4/wg2/ar4_wg2_full_report.pdf. Acesso em: 05/12/2017. 
Meer, S. e Sever, C. (2004). Gender and citizenship. Overview Report, Institute of Development Studies. 
Disponível em: http://www.gsdrc.org/document-library/gender-and-citizenship. Acesso em: 05/12/2017. 
Nascimento, E. P. (2012). Trajetória da sustentabilidade: do ambiental ao social. Estudos avançados, 
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40142012000100005. Acesso em: 05/12/2017. 
Sachs, I. (1993). Estratégias de transição para o século XXI. In: Bursztyn, M. Para Pensar o 
Desenvolvimento Sustentável. São Paulo: Brasiliense. p. 29-56. 
Slaper, T. e Hall, T. (2011). The Triple Bottom Line: What Is It and How Does It Work? Indiana Business 
Review. 86(1). Disponível em: http://www.ibrc.indiana.edu/ibr/2011/spring/article2.html. Acesso em: 
10/12/2017. 
Szmigin, I. e Rutherford, R. (2013). Shared Value and the Impartial Spectator Test. Journal of Business 
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Acesso em: 12/12/2017. 
Varey, R. J. (2013). Marketing in the Flourishing Society Megatrend. Journal of Macromarketing. 33(4), 
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22/11/2017. 
Ward, B. (1973). Only one Earth. The UNESCO Courier. 1, 8-10. Disponível em: 
http://unesdoc.unesco.org/images/0007/000748/074879eo.pdf. Acesso em: 01/12/2017.

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