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INFORMATIVO RP 43 Sumário das Diretrizes para Terapia Nutricional em Pacientes Críticos Novo Guideline ASPEN E SCCM 2016 Nº 003/2016 Rua Coronel Jairo Pereira, 599 – 3º andar – Bairro Palmares – Fone: (31)3449-4700 CEP:31.160-560 - Belo Horizonte – MG www.famap.com.br A Terapia Nutricional (TN) em pacientes graves internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) é um grande desafio para a equipe multidisciplinar em decorrência da variedade das condições clínicas e suas complicações. A American Society of Parenteral and Enteral Nutrition (ASPEN) em conjunto com a Society of Critical Care Medicine (SCCM) publicou novas diretrizes para pacientes críticos com faixa etária a partir de 18 anos de idade. As recomendações foram baseadas em uma revisão bibliográfica incluindo estudos randomizados, observacionais, práticas clínicas e opiniões de especialistas. Segue aqui o resumo das recomendações do novo Guideline relacionadas à Terapia Nutricional direcionada à Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional: É IMPORTANTE O USO DO INDICADOR NUTRICIONAL PARA PACIENTES CRÍTICOS? O uso de um indicador de risco nutricional indica pacientes que podem ser beneficiados com a TNP. Todo paciente crítico deve ser avaliado quanto ao risco nutricional. Alto risco nutricional identifica paciente que irão se beneficiar com TN Precoce. Considerar alto risco os parâmetros de RNS2002>3 e NUTRIC ≥5. QUANDO INICIAR A NUTRIÇÃO ENTERAL (NE)? Iniciar dentro das primeiras 24-48 h para os pacientes impedidos de usar via oral (VO) e que estão hemodinamicamente estáveis. DEVEMOS ESPERAR SINAIS DE MOVIMENTAÇÕES INTESTINAIS (RUÍDOS HIDROAÉREOS, ELIMINAÇÃO DE FLATOS) ANTES DE INICIAR A NE EM PACIENTES CRÍTICOS? Não. Ruídos abdominais são indicativos de contratilidade e não necessariamente são associados à função absortiva ou integridade da mucosa intestinal. A POSIÇÃO DA SONDA DEVE SER GÁSTRICA OU INTESTINAL (PÓS-PILÓRICA)? Se alto risco de aspiração: intestinal pós-pilórica; Na maioria dos casos: via gástrica. DEVE SER MONITORADO RESÍDUO GÁSTRICO? Não usar como rotina. Se usar, o limite para suspender a NE é resíduo mínimo de 500 ml. COMO SELECIONAR A FORMULAÇÃO DE NE? Usar preferencialmente formulação polimérica de início, e em caso de deslocamento da sonda para posição pós- pilórica ou intolerância (diarreia, má absorção) considerar formulação oligomérica; Casos cirúrgicos e traumas devem ser considerados o uso de imunonutrientes; Probióticos: recomendam uso de maneira geral; Sugerimos que a glutamina enteral suplementar não seja adicionada rotineiramente em pacientes criticamente enfermos. QUANDO INICIAR A NP EM PACIENTES CRÍTICOS? - Situação 1:Quando a NE não for possível: • Paciente com menor risco nutricional: aguardar 7 dias para iniciar NP • Paciente com maior risco nutricional: NP imediato Tentar uma nutrição trófica (10 a 30cal/h) juntamente com a NP. - Situação 2: • NE insuficiente (< 60% do VCT): independente se menor o maior risco nutricional: esperar de 7 a 10 dias para iniciar a NP. QUAIS ESTRATÉGIAS PARA MELHORAR A EFICÁCIA DA NP? É sugerida a implantação de protocolos e presença de equipes de Terapia Nutricional para ajudar na incorporação de estratégias para maximizar a eficácia e reduzir riscos associados à Terapia de Nutrição Parenteral. INFORMATIVO RP 43 Sumário das Diretrizes para Terapia Nutricional em Pacientes Críticos Novo Guideline ASPEN E SCCM 2016 Nº 003/2016 Rua Coronel Jairo Pereira, 599 – 3º andar – Bairro Palmares – Fone: (31)3449-4700 CEP:31.160-560 - Belo Horizonte – MG www.famap.com.br COMO PROGREDIR A NP? Primeira semana: hipocalórica (≤20 kcal/kg ou 80% do VCT) e proteínas (≥1.2 g / kg). O objetivo (80%) deve ser alcançado em 3 a 4 dias e somente após estabilização do paciente deve progredir para 100%. EXISTE VANTAGEM DO USO DO LIPÍDEO DE FONTE DE AZEITE DE OLIVA E PEIXES SOBRE O ÓLEO DE SOJA? Não está bem definido, porém, deve ser considerado como benéfico o uso desses lipídeos em pacientes críticos. AS FORMULAÇÕES DE NUTRIÇÃO PARENTERAL INDUSTRIALIZADA TÊM VANTAGENS SOBRE AS INDIVIDUALIZADAS? Está definido que a formulação industrializada não tem vantagens sobre a individualizada em termos clínicos. Distúrbios hidroeletrolíticos, hiperglicemia, infecção e disfunções orgânicas são exemplos de situações em que as formulações industrializadas não atendem a necessidade nutricional do paciente. QUAIS OS REQUISITOS DE NECESSIDADE CALÓRICA? Utilizar calorimetria indireta ou na sua ausência considerar a “fórmula de bolso” baseada no peso atual (25-30 kcal/kg), exceto em paciente obeso. Independe da oferta calórica, em geral, deve ser ofertado de 1,2 a 2g/kg peso atual, podendo ser mais elevada em algumas condições especiais descritas no decorrer do texto. QUAL A FAIXA DE GLICOSE É RECOMENDADA PARA PACIENTES EM TNP? O alvo da faixa de glicose é de 140 a 180mg/dl. No entanto, situações específicas como: pós-operatório de cirurgia cardiovascular e trauma na cabeça podem ser diferentes destas orientações. A OFERTA DE GLUTAMINA É RECOMENDADA COMO ROTINA EM PACIENTES CRÍTICOS? Sugerimos que a glutamina parenteral não seja ofertada rotineiramente em pacientes criticamente enfermos. QUANDO DEVE SER DESCONTINUADA A NP? A NP pode ser descontinuada quando a oferta calórica via enteral alcançar 60% do objetivo calórico. FALÊNCIAS ORGÂNICAS E OUTRAS SITUAÇÕES CLÍNICAS: - Falência Renal Aguda ou crônica: ofertar 25 a 30 cal/kg e 1,2 a 2g/kg peso atual; Em hemodiálise aminoácidos devem ser ofertados até 2,5g/kg de peso atual - Falência Hepática Não restringir aminoácidos na cirrose ou falência aguda;. Utilizar peso usual para cálculos; Usar mesma dieta de outros pacientes críticos; Não há evidências de usar aminoácidos de cadeias ramificadas. - Falência Pulmonar Restringir líquidos para pacientes com insuficiência respiratória aguda (densidade calórica: 1,5 a 2cal/ml); Importante monitorar fosfato e suplementar, se necessário. - Pancreatite Aguda Leve: não precisa nutrição especializada; Moderada ou grave: posição da sonda gástrica ou pós-pilórica. Considerar NP após 7 dias sem sucesso na NE; Iniciar com NE trófica e avançar; Inicialmente usar fórmula polimérica e em caso de intolerância usar oligomérica; Considerar uso de probiótico. - Trauma (incluindo TCE) Considerar TNE precoce; Usar fórmula polimérica. Considerar uso de imunomoduladores; Aminoácidos 1,5 a 2,5g/kg. - Abdome Aberto TNE precoce. Considerar uso de imunomoduladores; Adicionar 15 a 30 de proteínas /litro de exsudato; Necessidades energéticas iguais às indicadas para pacientes críticos. INFORMATIVO RP 43 Sumário das Diretrizes para Terapia Nutricional em Pacientes Críticos Novo Guideline ASPEN E SCCM 2016 Nº 003/2016 Rua Coronel Jairo Pereira, 599 – 3º andar – Bairro Palmares – Fone: (31)3449-4700 CEP:31.160-560 - Belo Horizonte – MG www.famap.com.br - Queimados TNE precoce. Iniciar com 4 -6 horas de admissão; Aminoácidos: 1,5 a 2g/kg - PO de Cirurgia de Grande Porte TNE precoce (24 após cirurgia); Aminoácidos: 1,25 a 2g/kg; Considerar uso de imunomoduladores (arginina e óleo de peixe); TNP somente após 7 dias, exceto se alto risco nutricional (considerar 5 dias); Se aceitar VO avançar rapidamente para alimentos sólidos, se tolerar. - Obeso Crítico TNE precoce Fórmula hipocalórica e hiperproteica; Necessidades calóricas: 11 a 14 cal/kg peso atual para IMC 30 a 50kg/m2 ou 22 a 25kg peso ideal para IMC acima de 50; Proteínas 2g/kg/dia para IMC 30 a 40 ou 2,5g/kg para IMC acima de 40; Monitorar hiperglicemia, hiperlipidemia,hipercapnia, sobrecarga de fluidos e acúmulo de gordura hepática; Suplementar tiamina em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica; Considerar também suplementação das outras vitaminas e elementos traços (ferro, zinco, cobre e selênio). - Sepse Usar nutrição trófica (10 a 20cal/h ou 500cal/dia) na fase aguda e não usar NP nesta fase. Avançar NE 24 – 48hs após alcançar estabilização hemodinâmica para 80% do alvo na primeira semana. Proteínas: 1,2 a 2g/kg/dia; Não há evidências de benefício no uso de zinco, selênio e outros antioxidantes nesses pacientes; Não está recomendado uso de imunonutrientes em pacientes com sepse. Eunice Galvão dos Santos Assessora Técnica Famap Especialista em Nutrição Parenteral e Enteral pela SBNPE Especialista em Terapêutica Nutricional pelo IPCE Junho/2016 Referência: 1. Journal of Parenteral and Enteral Nutrition. Volume 40 Number 2 .February 2016 159 –211. 2016 American Society for Parenteral and Enteral Nutrition and Society of Critical Care Medicine: Guidelines for the Provision and Assessment of Nutrition Support Therapy in the Adult Critically Ill Patient: Society of Critical Care Medicine (SCCM) and American Society for Parenteral and Enteral Nutrition (A.S.P.E.N.)
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