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Monografia Fausto

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UNIVERSIDADE PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO E DA REGIÃO DO PANTANAL - UNIDERP
FAUSTO TORRES MURANAKA
FALSO SEQÜESTRO 
CAMPO GRANDE - MS
2007�
FAUSTO TORRES MURANAKA
FALSO SEQÜESTRO
Monografia apresentada ao curso de Direito da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal - UNIDERP para obtenção da graduação do curso de direito, sob a orientação do Prof. Cristiano Simões.
Campo Grande - MS
2007�
A monografia intitulada Falso seqüestro, apresentada por Fausto Torres Muranaka como requisito para colação de grau de graduação em Bacharel em Direito à Banca examinadora da UNIDERP - Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal, obteve conceito ______ para aprovação.
BANCA EXAMINADORA
________________________________
Orientador Prof. Cristiano Simões
_________________________________
Examinador
Membro UNIDERP
_________________________________
Examinador
Membro UNIDERP
Campo Grande- MS, _____de ____________de 2007.
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a DEUS, pelo meu bem mais precioso, minha vida.
Aos meus queridos pais Fausto Tokoyoshi Muranaka e Cecília Torres Muranaka, pelo amor e incentivo, possibilitando e lutando para que eu chegasse até aqui.
Aos meus irmãos Bruno e Hellen por sempre me apoiarem. E agradeço minha irmã pela linda afilhada que amo tanto.
Ao professor Cristiano Simões, pela sábia orientação e incentivo no desenvolvimento deste trabalho. 
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RESUMO
O referido trabalho objetivou abordar uma nova modalidade de crime, o Falso seqüestro, tema este que vai desde a tipificação jurídica ao objeto jurídico tutelado. O crime de extorsão mediante seqüestro, disposto no art. 159 do Código Penal, aliado à extorsão (art. 158) e seqüestro (art. 148), ofendem a liberdade e o patrimônio, consistindo num crime de violação dos direitos humanos à liberdade.
Dessa forma questiona-se, “O que é o crime de falso sequestro?”. A escolha do tema se justifica por meio da compreensão de que se trata de um novo tipo de crime que a sociedade não tem conhecimento. A intenção, portanto, é de trazer à lume o assunto para que se possa alertar a sociedade. A pesquisa científica caracterizou-se como bibliográfica, utilizando o método dedutivo. Analisa-se obras jurídicas nacionais e estrangeiras dedicadas ao estudo e interpretação sobre o crime de seqüestro, extorsão mediante seqüestro, falso seqüestro, bem como os artigos doutrinários publicados em revistas especializadas e na Internet. Conclui-se, portanto que o falso seqüestro é crime de Extorsão Art. 158 do Código Penal.
Palavras-Chaves: Falso seqüestro, Disque-Seqüestro, Roubo e Extorsão.
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SUMÁRIO
7INTRODUÇÃO	�
101 DA SÍNTESE DO FALSO SEQUESTRO	�
121.1 O SEQÜESTRO OU CÁRCERE PRIVADO NA LEI PENAL	�
141.2 EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO	�
151.3 ESTELIONATO	�
171.4 EXTORSÃO	�
202 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL	�
202.1 ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO	�
202.1.1 Interpretação autêntica	�
212.1.2 Interpretação doutrinária	�
222.1.3 Interpretação judicial	�
232.2 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MEIO EMPREGADO	�
232.2.1 Interpretação gramatical, literal ou sintática	�
232.2.2 Interpretação Lógica ou Teleológica	�
242.3 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO RESULTADO	�
242.3.1 Interpretação Declarativa	�
252.3.2 Interpretação Restritiva	�
252.3.3 Interpretação Extensiva	�
262.4 INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA	�
262.4.1 Interpretação Progressiva	�
272.5 COMPARATIVO DO FALSO SEQÜESTRO COM SEQÜESTRO OU CÁRCERE PRIVADO	�
282.5.1 Comparativo do falso seqüestro com extorsão mediante seqüestro	�
292.5.2 Comparativo do falso seqüestro com estelionato	�
292.5.3 Comparativo do falso seqüestro com extorsão	�
313 FALSO SEQÜESTRO SEGUIDO DE MORTE	�
323.1 CONCURSOS DE CRIMES	�
323.1.1 Concurso material, formal e crime continuado	�
�
333.1.2 Conceito de homicídio doloso	�
343.1.2.1 Sujeito ativo	�
353.1.3 Tipos de dolo: dolo direto e dolo eventual	�
363.1.4 Conduta	�
373.1.6 Consumação	�
373.1.7 Tentativa	�
393.1.8 Homicídio culposo no código penal	�
393.1.8.1 Conceito	�
423.1.9 Crime Preterdoloso	�
423.1.10 Latrocínio	�
44CONDIDERAÇÕES FINAIS	�
46REFERÊNCIAS	�
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INTRODUÇÃO
O presente trabalho tem por objetivo abordar o crime de falso seqüestro, tipo de crime que vem acontecendo de forma crescentemente espantosa na sociedade brasileira, cada vez com mais freqüência, no sentido de trazer luz à esse tipo de crime, para que se possa ampliar o conhecimento.
O crime de extorsão mediante seqüestro, disposto no art. 159 do Código Penal, aliado à extorsão (art. 158) e seqüestro (art. 148), ofendem a liberdade e o patrimônio, consistindo num crime de violação dos direitos humanos à liberdade.
A evolução econômica e social, constante desde os mais remotos tempos e mais acelerada a partir da Revolução Industrial, e, que motivou grande êxodo rural pela população em busca de segurança e proventos para os centros urbanos, insuflou uma busca constante pelo aprimoramento do espaço urbano, na busca de uma melhor qualidade de vida de suas populações.
A Revolução Industrial trouxe em seu bojo, uma enorme concentração urbana à cidades que não se encontravam preparadas para administrar tamanha quantidade de pessoas, o que tornou imprescindível a expansão dos mercados consumidores, levando o homem a desenvolver as suas habilidades nas navegações e, conseqüentemente, na comunicação, comércio e organização social.
As forças externas que levaram à concentração urbana desordenada exigiram, exigem e exigirão a atuação enérgica dos Governos locais, por meio da atuação dos legisladores na criação de leis que possam disciplinar a ordem social, enfim, com a adoção de políticas públicas de Estado que visem, senão a impedir, pelo menos a minimizar os efeitos dela decorrentes, possibilitando a toda a população, uma vida segura. 
Dessa forma questiona-se, “O que é o crime de falso sequestro?”.
A escolha do tema se justifica por meio da compreensão de que se trata de um novo tipo de crime que a sociedade não tem conhecimento. A intenção, portanto, é de trazer à lume o assunto para que se possa alertar a sociedade.
A pesquisa científica caracterizou-se como bibliográfica, utilizando o método dedutivo, que segundo Mezzaroba e Monteiro (2004), usa argumentos gerais para particulares, onde “A questão fundamental da dedução está na relação lógica que deve ser estabelecida entre as proposições [...]”, assim, analisa-se obras jurídicas nacionais e estrangeiras dedicadas ao estudo e interpretação sobre o crime de seqüestro, extorsão mediante seqüestro, falso seqüestro, bem como os artigos doutrinários publicados em revistas especializadas e na Internet.
Por conseguinte, no primeiro capítulo tem-se a síntese do falso seqüestro, com a tipificação do seqüestro ou cárcere privado, a extorsão mediante seqüestro e sua tipificação, o estelionato e a extorsão.
Por segundo tem-se a interpretação da lei penal, com as espécies de interpretação, a interpretação quanto ao meio empregado, a interpretação quanto ao resultado e a interpretação analógica, o comparativo do falso seqüestro com seqüestro ou cárcere privado.
Em terceiro, tem-se o seqüestro seguido de morte, concurso de crimes, crime doloso, culposo e preterdoloso, latrocínio, tipificando o Crime de Falso seqüestro dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Portanto, apresenta-se o tema de Falso Seqüestro de maneira a espelhar sua proeminência, através de consultas doutrinarias.
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1 DA SÍNTESE DO FALSO SEQUESTRO
O disque-sequestro teve origem na Penitenciária Carlos Tinoco da Fonseca, em Campos, no Rio de Janeiro, há cinco anos. Em sua versão primitiva, presos convenciam suas vítimas de que elas haviam sido sorteadas em promoções de empresas, para receber supostos prêmios, como TVs eDVDs, e que elas deveriam comprar cartões telefônicos de celulares pré-pagos e repassar os códigos para seus interlocutores. O objetivo desses detentos, até então, era apenas manter os celulares em atividade para que pudessem continuar se comunicando com familiares e parentes ou administrando eventuais negócios fora da cadeia. Para conseguir os números das vítimas, os presos se valem de listas telefônicas, agenda de telefones celulares roubados e números anotados atrás de cheques igualmente roubados. Além da Penitenciária Carlos Tinoco, as cadeias mais ativas são o complexo do Bangu e o presídio Evaristo de Moraes. Delas se irradia grande parte dos golpes aplicados no país (REVISTA VEJA, 2007).
No crime “falso seqüestro”, a vítima pensa que alguém que ela preza está em poder dos seqüestradores e que deve repassar a eles, via transferência bancária um valor razoável, por eles estipulado e durante toda a ação é obrigada a ficar em linha direta com os delinqüentes. O procedimento dos meliantes é fazer contato com um proprietário de celular, informando que ele foi contemplado com um prêmio, devendo indicar dois familiares que também dispõem de aparelhos celulares (NOGUEIRA, 2007).
De posse destas informações, ligam para um destes familiares, informando o seqüestro, exigindo que o valor do resgate seja transferido eletronicamente e que o celular não seja desligado. Com isto, através de uma ação rápida e sem que a vítima possa confirmar se o familiar realmente foi seqüestrado, em menos de sessenta minutos, conseguem arrecadar uma cifra maior que mil e menor que cinco mil reais, sem correr riscos pessoais (NOGUEIRA, 2007).
Só após a transferência realizada, é que se constata que não se tratava de um seqüestro, mas de um golpe (NOGUEIRA, 2007).
Se, por um lado, essa prática do falso seqüestro é um delito claro e óbvio, as ações que devem ser tomadas para acabar com a ocorrência de novos casos não são tão claras assim. Muitas vezes, a vítima não denuncia o golpista, ou porque não chegou a “cair” no golpe, ou porque tem convicção de que será impossível recuperar seu dinheiro e ver os golpistas sofrerem a devida punição. Já por parte das autoridades, também observamos uma série de justificativas para as dificuldades envolvidas na investigação e punição desses bandidos (GONZAGA, 2007).
Godoy (2007) relata que o golpe do falso seqüestro se transformou em prioridade da Segurança Pública em São Paulo. Só o Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) recebeu 3.150 ligações de 1º de janeiro a 14 de fevereiro com queixas sobre criminosos que tentam extorquir dinheiro, alegando que mantêm em cativeiro algum parente da vítima. O que começou com telefonemas de bandidos presos, hoje envolve pessoas em liberdade que recebem o pagamento dos resgates. Para dar maior credibilidade à ameaça, os criminosos estão usando pessoas que aparecem chorando ao telefone desempenhando o papel de “filho seqüestrado”.
Segundo Sêmola (2007), é preciso conhecer também os perigos associados aos novos ambientes e conhecendo-os, definir seu perfil de risco e adotar tática e mecanismos de defesa para evitar armadilhas um exemplo é o Orkut da Google, que vêm crescendo em escala geométrica. Muitos acreditam que o motivo de tanto sucesso esteja ligado à necessidade do ser humano de estar em contato com seus semelhantes, mesmo que ainda ligados por uma interface virtual. Outros, apostam no simples interesse pela vida alheia, no voyeurismo ou ainda na sensação de estar mais acessível e visível em um mundo onde é cada vez mais escasso o tempo para os amigos e a família. Existem, ainda, aqueles que usam o ambiente para reencontrar velhos amigos e estabelecer grupos de interesse que facilitem a troca de dicas e experiências. Expondo detalhes demais de sua vida e de sua família, as pessoas podem estar potencializando os goles de chantagem, seqüestro falso ou qualquer outro, que conhecer o nome dos familiares, poderá fazer a pessoa acreditar na veracidade do golpe e assim, ser alvo fácil.
Embora os roteiros inventados pelos bandidos possam parecer pouco críveis, um surpreendente número de pessoas termina enganado por eles. Estudo feito pelo Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado (DEIC), em conjunto com a Coordenadoria de Análise e Planejamento da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, mostra que 20,5% das vítimas abordadas pelos golpistas acreditam na história e pagam o resgate (VEJA, 2007).
1.1 O SEQÜESTRO OU CÁRCERE PRIVADO NA LEI PENAL
Importa dizer que seqüestro e cárcere privado são meios de que se vale o sujeito para privar alguém, total ou parcialmente, de sua liberdade de locomoção. Assim, através da sua incriminação, no Artigo 148 do Código Penal, o legislador protege a liberdade de ir e vir. O seqüestro e cárcere privado são meios utilizados pelo agente para privar alguém, total ou parcialmente, de sua liberdade de locomoção.
Quanto à privação de liberdade, entretanto, é necessário frisar que, no seqüestro, ela ocorre por confinamento e no cárcere privado processa-se por enclausuramento. Trata-se de crime doloso e a consumação ocorre no momento em que a vítima se vê privada da liberdade de locomoção.
É delito permanente, perdurando a consumação enquanto o ofendido estiver submetido à privação dessa liberdade de locomoção. A tentativa é possível na forma comissiva. Além disso, é crime subsidiário, que se consuma apenas quando a conduta não revele delito mais grave. 
Trata-se de delito de forma livre, podendo ser praticado com o emprego de qualquer modo de execução, como a ameaça, a violência física ou a fraude. Contudo, para que ocorra o delito, exige-se que a privação da liberdade seja por tempo juridicamente relevante, sem o que o crime poderá ser outro. 
Os sujeitos ativos e passivos do delito poderão ser qualquer pessoas, tratando-se de crime comum. Se o sujeito ativo for funcionário público no exercício de suas funções, o crime pode ser outro, como abuso de autoridade, abuso de poder e outros. Não se faz nenhuma distinção quanto ao sujeito passivo. Tenha ou não capacidade de locomoção é possível a pratica do delito. Assim, um doente grave pode ser seqüestrado ou encarcerado (SALLES, 2000).
O crime só é punido a título de dolo, consistente na vontade de privar a vítima de sua liberdade de locomoção (JESUS, 2001).
O objeto jurídico é a liberdade individual, notadamente a liberdade de locomoção, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, mas se for funcionário público, o crime pode ser outro, o sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, ainda que em estado de inconsciência, o tipo subjetivo é o dolo livre e consciente de privar o ofendido da liberdade de locomoção (DELMANTO, 2002).
1.2 EXTORSÃO MEDIANTE SEQÜESTRO
No Art. 159 do Código Penal, o crime de extorsão mediante seqüestro, cominando às várias hipóteses penas bastante severas, essa severidade de tratamento penal justifica-se pela própria natureza do crime e pelo exemplo que tem oferecido outras nações que já se viram ou se vêem em luta aberta e sem tréguas contra essa espécie de criminalidade (NORONHA, 2001).
O fato é definido como “seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem como condição ou preço de resgate” (CP, Art.159). A objetividade jurídica imediata é a inviolabilidade do patrimônio. De forma secundária, o CP tutela também a liberdade de locomoção. Trata-se de delito complexo, em que, a um tempo, o legislador protege dois bens jurídicos: um referente ao patrimônio e outro concernente à liberdade pessoal (JESUS, 2001). 
A extorsão mediante seqüestro e delito patrimonial. Visa a lei proteger, de forma imediata, o patrimônio. Secundariamente, tutela a liberdade de locomoção. Por sua estrutura trata-se de crime complexo, autônomo, individualizado, formado por varias figuras delituosas numa relação de meio e fim. O crime classifica-se como crime comum, de modo que qualquer pessoa pode figurar como sujeito ativo, o mesmo acontecendo com o sujeito passivo. Não reclama o tipo qualquer condição especialpor parte do agente ou da vítima (SALLES, 2000).
Elementos subjetivos do tipo, o primeiro é o dolo, vontade livre e consciente de seqüestrar a vítima. O crime exige outro elemento subjetivo do tipo, contido na expressão ‘com o fim de obter para si ou para outrem’. Essa intenção tendente a que o sujeito obtenha, para ele ou para terceiro, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate, é que diferencia o delito de seqüestro ou cárcere privado do crime de extorsão mediante seqüestro (JESUS, 2001).
Consumação, com o seqüestro, ou seja, com a privação da liberdade do ofendido por espaço de tempo que tenha alguma relevância jurídica, a consumação independe da efetiva obtenção da vantagem desejada pelo agente. Trata-se de crime permanente e não instantâneo (DELMANTO, 2002).
Quando o sujeito não consegue seqüestrar a vítima, com a finalidade específica, por circunstâncias alheias a sua vontade é admissível à tentativa. (SALLES, 2000)
1.3 ESTELIONATO
Estelionato é o fato de o sujeito obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil ou qualquer outro meio fraudulento. O legislador, na espécie, protege o direito patrimonial (JESUS, 2001).
O sujeito ativo, em primeiro lugar, é quem induz ou mantém a vítima em erro, empregando artifício, ardil ou qualquer outro meio fraudulento. É possível, entretanto, que na hipótese do concurso de agentes um sujeito empregue fraude contra a vítima, enquanto outro obtém a indevida vantagem patrimonial. Neste caso ambos são sujeitos ativos (JESUS, 2001). 
Sujeito passivo é a pessoa enganada e que sofre o prejuízo patrimonial. Nada impede que hajam dois sujeitos passivos: um que é enganado e outro que sofre o prejuízo patrimonial. É necessário que a vítima seja determinada. Tratando de sujeitos passivos indeterminados, há crime contra a economia popular e não estelionato (JESUS, 2001).
Estelionato é delito material. Crime material é aquele cujo tipo descreve o comportamento e menciona o resultado, exigindo a sua produção. Na espécie, o legislador define o comportamento do sujeito, empregando fraude no induzimento ou na manutenção de alguém em erro, e o resultado, vantagem ilícita em prejuízo alheio. O núcleo do tipo é o verbo “obter”. Dessa forma, para a existência do delito é imprescindível que o sujeito obtenha vantagem ilícita (JESUS, 2001).
A característica primordial do estelionato é a fraude: engodo empregado pelo sujeito para induzir ou manter a vítima em erro, com o fim de obter um indevido proveito patrimonial (JESUS, 2001).
O estelionato atinge a consumação com a obtenção da vantagem ilícita, em prejuízo alheio. É necessário que o sujeito consiga um proveito patrimonial. A potencialidade do prejuízo não leva ao fato consumado. A tentativa é admissível quando o sujeito, enganando a vítima, não obtém a vantagem ilícita, ou obtendo-a não causa prejuízo a ela ou terceiro (JESUS, 2001).
1.4 EXTORSÃO
A essência da extorsão reside em, a vítima constrangida pela ameaça ou violência do agente, praticar, tolerar que se pratique ou deixe de praticar uma ação, da qual advirá vantagem econômica para aquele ou para terceiro. Donde surgem os dois elementos característicos do crime: o estado de coação da vítima e a ação ou omissão a que é obrigada, da qual resultara proveito ilícito para o sujeito ativo (NORONHA, 2001).
Trata-se de crime contra o patrimônio, definido no Art. 158 do Código Penal, cuja objetividade jurídica imediata ou principal é a inviolabilidade patrimonial. Por sua estrutura, trata-se de crime complexo, apresentando mais de uma objetividade jurídica. Assim, protege a lei também, a liberdade do indivíduo e a incolumidade pessoal (SALLES, 2000).
Por ser crime complexo, a extorsão é o resultado da fusão de várias condutas típicas, formando um delito novo, autônomo. As diversas figuras delituosas que se fundem para a formação da nova unidade jurídica, apresentam-se numa relação de meio e fim (SALLES, 2000).
O tipo objetivo é representado pelo verbo, núcleo do tipo, “constranger”, que significa “coagir”, “obrigar”. Integra, ainda, a ação física do crime, a violência que é empregada pelo agente para levar a vítima a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. A violência pode ser física ou moral, consistente na grave ameaça (promessa de mal serio) (SALLES, 2000).
Elementos subjetivos do tipo primeiro é o dolo. A descrição exige outro elemento subjetivo do tipo, contido na finalidade de obtenção de vantagem econômica (“com o intuito de”). Ausente, o fato constitui constrangimento ilegal (JESUS, 2001).
A extorsão é delito formal e não material. Cuida-se do crime cujo tipo penal descreve a conduta e o resultado, não exigindo a sua produção. Assim, é suficiente que o agente constranja a vítima com tal finalidade, não exigindo que realmente consiga a vantagem. Portanto, a extorsão atinge a consumação com a conduta típica, imediatamente anterior à produção do resultado visado pelo sujeito. Lendo-se a definição do Art. 158 do CP, vê-se que a finalidade do sujeito é a obtenção da indevida vantagem econômica. A extorsão é um delito contra o patrimônio e para dizer-se consumado, um crime dessa natureza, é mister, em regra, seja ofendido o patrimônio. Essa ofensa concretiza-se com a perda, o despojo ou o espólio da vítima, que, na realidade, não existe perfeito e acabado senão quando obtém o agente a coisa em vista (JESUS, 2001).
No roubo, o mal é iminente e o proveito é contemporâneo, enquanto na extorsão, o mal é prometido é futuro e futura a vantagem a que se visa. Outra distinção é que no roubo o agente subtrai, ele mesmo, mediante violência ou grave ameaça, a coisa de quem detém, mas na extorsão é a vítima quem entrega, mediante geralmente intervalo de tempo entre o meio coativo e a ação do ofendido, que deve fazer, deixar de fazer ou tolerar que se faça alguma coisa, o que não acontece no roubo (NORONHA, 2001).
A tentativa é admissível. Ocorre quando o sujeito passivo, não obstante constrangido pelo autor por intermédio da violência física ou moral, não realiza a conduta positiva ou negativa pretendida por circunstâncias alheias à sua vontade (JESUS, 2001).
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2 INTERPRETAÇÃO DA LEI PENAL
Interpretar é inter pretare, que deriva de inter press, corretor, intermediário, mediador. Intérprete é o mediador entre o texto e a realidade. A interpretação consiste em extrair o significado e a extensão da norma em relação à realidade. É uma operação lógico-jurídica, que se dirige a descobrir a vontade da lei, em função de todo o ordenamento jurídico e das normas superiores de cultura, a fim de aplicá-las aos casos concretos da vida real. A interpretação da lei penal tem fundamento nas mesmas regras que norteiam a interpretação geral (JESUS, 2002).
O Direito Penal, ao contrário do direito civil, não se apresenta a numerus apertus, mais sim a numerus clausus. Não há infrações senão as descritas pela lei penal e, em conseqüência, não há comportamento humano que seja conduta lícita ou ilícita na lei penal. Daí a importância e a necessidade de ser interpretada, pois o pensamento que nela se contém, por mais clara que seja, exige um trabalho prévio de exegeta, no sentido de declarar a existência de uma relação de vida subordinada ás determinações do Direito (JESUS, 2002).
2.1 ESPÉCIES DE INTERPRETAÇÃO
A interpretação, segundo o órgão de procedência, pode ser autêntica, ou legislativa, judicial e doutrinária. (JESUS, 2002) 
2.1.1 Interpretação autêntica
Diz-se interpretação autêntica quando procede do próprio órgão de que emana. É a interpretação que parte do próprio sujeito que elaborou o preceito interpretado. Podendo ser contextual ou posterior; contextual é a interpretação que o legislador faz no próprio texto da lei. As rubricas e epígrafes dos títulos e capítulos do código,não são consideradas formas de interpretação autêntica contextual. A interpretação posterior é realizada pelo sujeito da regra que se interpreta depois de ditada a lei, com o fim deelidir incerteza ou obscuridades (JESUS, 2002).
Para Mirabete (2001), a interpretação autêntica é a que procede da mesma origem que a lei e tem força obrigatória. Quando vem inserida na própria legislação, é chamada contextual. São os casos, por exemplo, do conceito de "funcionário público" para os efeitos penais, estabelecido no art. 327, e também o de que se deve entender por "casa" para a configuração do crime de violação de domicílio, conforme dispõem os §§ 4° e 5°, do art. 150. A interpretação, porém, pode ser promovida por lei posterior, elaborada para esclarecer o sentido duvidoso de uma lei já em vigor. A "exposição de motivos" de uma lei, que é a justificativa do projeto que deve ser convertido em diploma legal, não é interpretação autêntica, pois originária do autor do projeto (na maioria dos casos, o Executivo). É, assim, de acordo com a qualificação de quem o elabora, interpretação doutrinária.
2.1.2 Interpretação doutrinária 
Interpretação doutrinária, doutrinal ou científica, é feita pelos escritores de direito, em seus comentários às leis (JESUS, 2002).
Para Mirabete (2001, a interpretação pode ser doutrinária, quando constituída da communis opinio doctorum, ou seja, do entendimento dado aos dispositivos legais pelos escritores ou comentadores do Direito. Também não tem, evidentemente, força obrigatória.
2.1.3 Interpretação judicial
É a que deriva dos órgãos judiciários (juízes e tribunais). Não tem força obrigatória senão para caso concreto (sobre vindo a coisa julgada). A função do magistrado não e simplesmente repetir as palavras da lei, mas imprimir um sentido mais prático à interpretação, elaborada em função dos casos verificando hic et nunc. Com isto, juízes e tribunais vão modelando a lei, através do diuturno contato com os fatos, ensejando a formação de preceitos novos em que seu significado e suas extensão vêm perfeitamente cunhados em regras de aproximação com sua vida social. Constitui objeto da interpretação judicial a busca da vontade da lei na há do legislador (JESUS, 2002).
Para Mirabete (2001), a jurisprudência pode ser conceituada como o conjunto de manifestações judiciais sobre determinado assunto legal, exaradas num sentido razoavelmente constante. A interpretação jurisprudencial (ou judicial) é, assim, a orientação que os juízos e tribunais vêm dando à norma, sem, entretanto, ter força vinculativa. Podem ser incluídas como interpretação jurisprudencial as súmulas do STF e do STJ e as decisões de uniformização de jurisprudência dos tribunais
2.2 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO MEIO EMPREGADO
A interpretação quanto ao meio empregado se divide em gramatical, literal ou sintática e lógica ou teleológica (JESUS, 2002)
2.2.1 Interpretação gramatical, literal ou sintática 
A primeira tarefa que deve fazer quem procura interpretar a lei, no sentido de aflorar a sua vontade, é recorrer ao que dizem as palavras. É a interpretação gramatical, literal ou sintática. Mas, a simples análise gramatical não é suficiente, porque pode levar a conclusão aberre do sistema. Sob pena de grave equívoco, a interpretação literal não deve se abster da visão de todo o sistema. Daí ser necessária a interpretação lógica ou teleológica (JESUS, 2002).
Mirabete (2001) afirma que, procura-se fixar o sentido das palavras ou expressões empregadas pelo legislador. Examina-se a "letra da lei", em sua função gramatical, quanto o seu significado no vernáculo. Se esta for insuficiente, é necessário que se busque a vontade da lei, seu conteúdo, por meio de um confronto lógico entre os seus dispositivos. Há que se indagar também, por vezes, do sentido teleológico da lei, com vista na apuração do valor e finalidade do dispositivo.
2.2.2 Interpretação Lógica ou Teleológica 
É a que consiste na indagação da vontade ou intenção objetivada na lei. Na maioria dos casos, a simples perquirição gramatical não é suficiente para exteriorizar a extensão e compreensão da norma, sendo necessária uma pesquisa mais profunda, mais rica em subjetividade, que indique qual é a real finalidade de sua elaboração. Daí sai o intérprete para o estudo do elemento lógico, aprofundado mais na sua exploração no sentido da lei. Passa, então, a investigar os motivos que determinam o preceito, as necessidades e o princípio superior que lhes deram origem. De observar que a interpretação deve ser única, sob o aspecto de dever o exegeta empregar, harmonicamente, os meios gramatical e teleológicos. Se ocorrer contradição entre as conclusões de interpretação literal e lógica, deverá a desta prevalecer, uma vez que atenda às exigências do bem comum e aos fins sociais a que a lei se destina. (JESUS, 2002).
2.3 INTERPRETAÇÃO QUANTO AO RESULTADO
O exegeta, após empregar os meios estudados, chega a uma conclusão, que constitui o resultado interpretativo. Este pode ser declarativo, extensivo ou restritivo. Enquanto a primeira se refere exatamente a sua vontade, nas outras diz mais ou menos o que devia mencionar para traduzir a verdadeira intenção que informou a sua elaboração. (JESUS, 2002) 
2.3.1 Interpretação Declarativa 
A interpretação é meramente declarativa quando a eventual dúvida se resolve pela correspondência entre a letra e a vontade da lei, sem conferir à fórmula um sentido mais amplo ou mais estrito (JESUS, 2002).
A interpretação declarativa, conforme afirma Mirabete (2001), ocorre quando o texto examinado não é ampliado nem restringido, encontrando-se apenas o significado oculto do termo ou expressão utilizada pela lei. Quando, por exemplo, se afirma que, no art. 141, inciso III, pelo sistema utilizado pelo Código Penal, "várias pessoas" quer significar mais de duas (quando a lei se contenta com duas é ela expressa), está-se procedendo a uma interpretação declarativa.
2.3.2 Interpretação Restritiva
Algumas vezes, a linguagem da lei diz mais do que o pretendido pela sua vontade. Diz mais do que desejava dizer. Surge, então, a interpretação restritiva que restringe o alcance das palavras da lei até o seu sentido real (JESUS, 2002).
A interpretação pode ser restritiva, diz Mirabete (2001), quando se reduz o alcance da lei para que se possa encontrar sua vontade exata. Ao se afirmar que o art. 28 se refere apenas à emoção, à paixão e à embriaguez "não patológicas", a fim de harmonizá-lo com o disposto no art. 26 e seu parágrafo, está-se limitando o alcance daquele dispositivo para que não contradiga o determinado por este. Não fosse essa a interpretação, poder-se-ia aplicar o art. 28, inciso II, punindo-se o agente, e, ao mesmo tempo, isentá-lo da pena, nos termos do art. 26, caput. Na expressão "venda em hasta pública" contida no art. 335 deve ser excluída aquela realizada judicialmente, inserida no art. 358 como objeto de crime contra a Administração da Justiça. No art. 332, do conceito de "funcionário público" deve ser excluído o "juiz, jurado, órgão do Ministério Público, funcionário de justiça, perito, tradutor, intérprete ou testemunha", referidos no crime de exploração de prestígio contra a Administração da Justiça (art. 357).
2.3.3 Interpretação Extensiva
Diz-se extensiva a interpretação quando o caso requer seja ampliado o alcance das palavras da lei para que a letra corresponda à vontade do texto. Ocorre quando o texto legal não expressa a sua vontade em toda a expressão desejada. Diz menos do que pretendia dizer (JESUS, 2002).
Para Mirabete (2001), a interpretação extensiva ocorre quando é necessário ampliar o sentido ou alcance da lei. Deve-se concluir, por exemplo, que o art. 130 inclui não só o perigo, mas também o próprio contágio da moléstia venérea.
2.4 INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA
A interpretação analógica é permitida toda vez que uma cláusula genérica se segue a uma formula casuística, devendo entender-se que aquela só compreende os casos análogos. Trata-se de uma hipótese de interpretação extensiva, em que a própria lei determina que se estenda seu conteúdo (JESUS, 2002).
Quando fórmulas casuísticas inscritas em um dispositivo penal são seguidas de espécies genéricas, abertas, utiliza-se a semelhança(analogia) para uma correta interpretação destas últimas. Assim, no que se refere a lei a condições "semelhantes" às de tempo, lugar e maneira de execução (art. 71, caput); a "outro recurso" análogo à traição, emboscada e dissimulação (art. 61, 11, c); à "substância de efeitos análogos" ao álcool (art. 28,11); a "outro sinal indicativo de linha divisória" como tapume ou marco (art. 161); a casa "do mesmo gênero" que a taberna e casa de jogo (art. 150, § 5°, 11), a própria lei obriga o intérprete a buscar o entendimento com fundamento na semelhança com as fórmulas específicas expressamente consignadas nesses dispositivos (MIRABETE, 2001).
2.4.1 Interpretação Progressiva
Interpretação progressiva, adaptativa ou evolutiva é a que se faz adaptando a lei às suas necessidades e concepções do presente. A lei vive e se desenvolve em ambiente que muda e evolui e, uma vez que queiramos reformá-la frequentemente, é mister adaptar a norma, como sua própria vontade o permite, às novas necessidades da época (JESUS, 2002).
Mirabete (2001) ensina que interpretação progressiva é usada para se abarcarem no processo novas concepções ditadas pelas transformações sociais, científicas, jurídicas ou morais que devem permear a lei penal estabelecida.
2.5 COMPARATIVO DO FALSO SEQÜESTRO COM SEQÜESTRO OU CÁRCERE PRIVADO 
No seqüestro ou cárcere privado, a lei tem em vista proteger a liberdade individual, sob o aspecto de liberdade de locomoção. É a liberdade de ir e vir. Já no falso seqüestro não há em que se falar em prejuízo da liberdade de locomoção, pois o sujeito passivo do falso seqüestro é a pessoa que está sendo enganada, no seqüestro e cárcere privado o sujeito passivo é quem teve sua privação na sua liberdade de ir e vir contra sua vontade.
No seqüestre ou cárcere privado o tipo subjetivo é o dolo, vontade livre e consciente de privar o ofendido da liberdade de locomoção. Não exigindo fim especial de agir, além daquela consistente em privar a vítima de sua liberdade. O tipo subjetivo do falso seqüestro é o dolo, vontade livre e consciente de constranger com o elemento subjetivo do tipo ligado ao fim especial de agir, “com o intuito de”.
O seqüestro ou o cárcere privado se consuma com a privação da liberdade de locomoção. Falso seqüestro consuma-se com a conduta típica imediatamente anterior a sua produção do resultado visado pelo agente.
2.5.1 Comparativo do falso seqüestro com extorsão mediante seqüestro
A objetividade jurídica da extorsão, mediante seqüestro, imediata, é a inviolabilidade do patrimônio. De forma secundária, o CP tutela também a liberdade de locomoção. Trata-se de delito complexo, em que, há um tempo, o legislador protege dois bens jurídicos: um referente ao patrimônio e outro concernente à liberdade pessoal. No falso seqüestro, a objetividade jurídica imediata ou principal é a inviolabilidade patrimonial, mas por se tratar de crime complexo, protege também, a liberdade do indivíduo e a incolumidade pessoal.
A consumação da extorsão mediante seqüestro ocorre, quando o sujeito passivo é privado de sua liberdade de locomoção, por tempo juridicamente relevante. Ligado à consumação do delito está o conhecimento de que o agente tem por fim obter qualquer vantagem. O falso seqüestro atinge a consumação com a típica imediatamente anterior à produção do resultado visado pelo agente.
O elemento subjetivo do tipo na extorsão mediante seqüestro é o dolo, vontade livre e consciente de seqüestrar a vítima, que exige outro elemento subjetivo do tipo contido na expressão “com o fim de obter para si ou para outrem”.
2.5.2 Comparativo do falso seqüestro com estelionato
Estelionato é o fato de o sujeito obter, para si ou para outrem, vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil ou qualquer outro meio fraudulento. O legislador, na espécie, protege o direito patrimonial. No falso seqüestro o meio utilizado pelo agente é a grave ameaça, a vítima entrega vantagem após ser coagida; no estelionato, é iludido pelo expediente fraudulento posto em pratica pelo agente. 
O elemento subjetivo do tipo é o dolo consiste na vontade livre de enganar a vítima, dela obtendo vantagem ilícita, em prejuízo alheio. É necessário que o sujeito tenha consciência da ilicitude da vantagem que obtém da vítima. O tipo requer um segundo elemento subjetivo, contido na expressão “para si ou para outrem”. 
2.5.3 Comparativo do falso seqüestro com extorsão
O tipo objetivo é representado pelo verbo, núcleo do tipo, “constranger”, que significa “coagir”, “obrigar”. Integra ainda a ação física do crime a violência que é empregada pelo agente para levar a vítima a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer alguma coisa. A violência pode ser física ou moral, consistente na grave ameaça (promessa de mal serio). No falso seqüestro a vítima pensa que alguém que ela preza está em poder dos seqüestradores sendo levada ao erro pelo agente.
Na extorsão a núcleo do tipo é o verbo constranger, que significa compelir, coagir. O sujeito coage a vítima mediante violência, pretendendo que ela faça, tolere que se faça ou deixe de fazer alguma coisa. No falso seqüestro a violência empregada é fictícia sendo este o engodo empregado pelo sujeito para induzir ou manter a vítima em erro, com o fim de obter um indevido proveito patrimonial.
Corretamente, classifica-se o delito como contra o patrimônio. Se fosse considerá-lo crime contra a pessoa, estaria seguindo o critério do meio executório, ou melhor, do delito meio, menos cientifico que o crime de fim ou da objetividade jurídica final. Tutelam-se outros bens como a integridade corporal, a saúde e a liberdade pessoal. A lei fala em vantagem econômica, representada geralmente pelo dinheiro em espécie. Mas não é requisito indispensável. Ela pode concretizar-se em outras coisas que tenham seu equivalente em dinheiro, ou que apresentem utilidade, uso e gozo para o possuidor, fazendo parte, assim, de sua economia, integrando seu patrimônio.
Essa vantagem econômica deve ser indevida, consoante determina a lei. Vantagem indevida é a vantagem injusta, a que o agente não tem direito. Se ela for devida, não haverá a extorsão aqui capitulada.
Requisito indispensável é o do nexo causal entre a ação, a tolerância ou a ação ou omissão da vítima e a ação do sujeito ativo. Aqueles devem ser resultados da ação deste, que será a causa. Sem esse nexo de causalidade, o crime se desfiguraria. 
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3 FALSO SEQÜESTRO SEGUIDO DE MORTE 
Uma aposentada de 70 anos morreu nesta quinta-feira de infarto, em Americana (128 km a noroeste de São Paulo), cinco dias depois de passar mal por ter caído no golpe do falso seqüestro. No último sábado (24), criminosos ligaram no telefone fixo de Rosalina Ribeiro Regis e disseram que a filha dela, de 30 anos, havia sido seqüestrada. A aposentada, que é viúva, estava sozinha em casa, no bairro Cidade Jardim, de classe média baixa, quando recebeu o telefonema a cobrar. Inicialmente, os falsos seqüestradores tentaram fazer com que ela pagasse R$ 10 mil, mas negou ter a quantia. Rosalina foi então induzida pelos criminosos a não desligar o telefone e comprar três cartões telefônicos. Voltou em dez minutos, raspou a numeração dos cartões e a informou aos criminosos.Os golpistas ordenaram que ela comprasse mais três cartões. Desesperada por ter ouvido gritos de mulher do outro lado da linha, ela obedeceu. Cada cartão custou R$ 30 --a aposentada gastou R$ 180 ao todo. Após passar a numeração dos outros cartões, Rosalina foi orientada a jogá-los no vaso sanitário. "Agora você pode ligar para a sua filha no celular", disseram os homens. Rosalina telefonou para a filha, que passeava com o namorado em Campinas (95 km a noroeste de São Paulo), e constatou que ela filha estava bem. Em seguida, começou a sentir dores no peito e sua pressão arterial subiu. A aposentada foi medicada no mesmo dia no Hospital Municipal de Americana. Passou mal de novo na segunda-feira (26) e retornou ao hospital. Recebeu alta no mesmo dia,mas foi encontrada morta pela filha no banheiro de casa às 5h de hoje, vítima de infarto fulminante (SIMIONATO, 2007).
Também foi vitima, aposentada de 80 anos que morreu na madrugada de sábado por complicações de um infarto causado após um telefonema do golpe do falso seqüestro em São Luís (MA).No Estado de São Paulo já foram registrados dois casos do mesmo tipo. Nas duas situações também foram mulheres quem atenderam os telefonemas do golpe. No Maranhão, Maria Martins Bringel, que era hipertensa, recebeu no início do mês passado uma ligação, do Rio de Janeiro. Os criminosos disseram uma neta sua de 16 anos havia sido seqüestrada. Mesmo sabendo que a ligação se tratava de um golpe, a aposentada passou mal entrou em coma vindo logo após a falecer.
3.1 CONCURSOS DE CRIMES
Quando um sujeito, mediante unidade ou pluralidade de ações ou de omissões, pratica dois ou mais delitos, surge o concurso de crimes ou de penas. (JESUS, 2002)
3.1.1 Concurso material, formal e crime continuado
Concurso material é a prática pelo agente criminoso, mediante mais de uma ação ou omissão, de dois ou mais crimes, idênticos ou não. Nesse caso, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. Na situação de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela (JESUS, 2002).
Concurso formal é a prática pelo agente criminoso, mediante uma só ação ou omissão, de dois ou mais crimes, idênticos ou não. Na sistemática do Código Penal aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade. As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omissão é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos (JESUS, 2002).
Crime continuado é aquele em que o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécies e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subseqüentes ser havidos como continuação do primeiro. Nesse caso, aplica-se a pene de um só dos crimes, se idêntica, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços (JESUS,2002).
3.1.2 Conceito de homicídio doloso
De acordo com a teoria finalista, a conduta é um comportamento voluntário, não reflexo, cuja finalidade é o conteúdo da vontade. Portanto, nessa visão, a vontade é o componente pessoal da conduta, faz parte dela e dela é inseparável. Mesmo que uma pessoa mate a outra, não se pode dizer de imediato que praticou homicídio, embora essa descrição esteja no art. 121 do CP (“matar alguém”), posto que o fato de causar a morte, não é suficiente para atestar o tipo penal objetivo. É imprescindível que se conheça a finalidade da ação, já que esta não pode ser compreendida sem que se considere a vontade do agente (MIRABETE, 2001).
De acordo com Capez (2003, p. 185), “é a vontade e a consciência de realizar os elementos constantes do tipo penal. Mais amplamente, é a vontade livre e consciente manifestada pela pessoa humana de realizar a conduta”.
Assim, define-se o dolo a vontade consciente na realização da procedimento característico ou a vontade do ato guiado para a efetivação da ação.
Explica Capez (2003) que, os elementos do dolo são, a consciência que constitui a ação típica e a vontade. A consciência do autor deve aludir à todos as informações da ação, antecipando o efeito e o processo causal. A vontade, desse modo, incide em realizar a ação, alcançando todos os elementos utilizados para praticá-la.
Além do escopo, estão inclusos no dolo a forma e as conseqüências subsidiárias da ação. 
Para Mirabete (2001), assim, a fase interna acontece quando o indivíduo ajuíza o crime: o tem apenas na mente, sem exteriorizá-lo. A fase externa ocorre em sua execução, na confirmação da ação do autor do crime. 
3.1.2.1 Sujeito ativo
Para Mirabete (2001, p. 124), o “Sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta descrita na lei, ou seja, o fato típico. Só o homem, isoladamente ou associado a outros (co-autoria ou participação), pode ser sujeito ativo do crime [...]”. 
O conceito compreende não só a pessoa que mata, mas também, os participantes que, de alguma forma, auxiliaram na conduta típica. Para Capez (2003, p. 133), “Entre os sujeitos ativos do crime, porém, deve ser distinguido o autor do crime, quando se exige uma capacidade especial”. 
Capez (2003) indica que o sujeito ativo recebe vários nomes, destarte, o nome pelo qual é chamado o sujeito ativo do crime dependerá de sua posição no processo.
O sujeito ativo é chamado de ‘pessoa qualificada’ quando possui uma capacidade especial, ou seja, certo estado jurídico “(ser funcionário público, no crime previsto no art. 312, ser médico, no delito inscrito no art. 269 etc.) ou posição de fato (ser gestante no delito previsto no art. 124, ser mãe da vítima no infanticídio etc.)”. Às vezes, a característica do sujeito ativo constitui: “[...] ascendente, descendente ou cônjuge da vítima, no art. 148, § 1 °, 1; descendente, marido, irmão, tutor ou curador da vítima, nos arts. 227, § 1° etc.” (MIRABETE, 2001).
Para Mirabete (2001, p. 126), o “Sujeito passivo do crime é o titular do bem jurídico lesado ou ameaçado pela conduta criminosa”, podendo haver mais de um sujeito passivo, ou seja, são as vítimas do crime, como por exemplo, aquele que morre no homicídio e aquele que é ferido, entre outros.
De acordo com Capez,
Destarte, o sujeito passivo constante ou formal é o Estado que, ao proibir a conduta lesiva, é atingido pela conduta do sujeito ativo e o sujeito passivo eventual ou material, que é o titular do interesse penalmente protegido, podendo ser o homem (art. 121), a pessoa jurídica (art. 171, § 2°, V) o Estado (crimes contra a Administração Pública) e uma coletividade destituída de personalidade jurídica (arts. 209, 210 etc.). (2003, p. 141)
3.1.3 Tipos de dolo: dolo direto e dolo eventual
Dolo direto, conforme Mirabete (2001, p. 141), se dá quando “o agente realiza a conduta com o fim de obter o resultado. Assim, quer matar (art. 121), quer causar lesão corporal (art. 129), quer subtrair (art. 155) etc.”.
Assim sendo, no dolo eventual, a vontade do indivíduo não está voltada para a obtenção de um resultado específico, determinado, mas, sabendo que algo possa ocorrer, assume, mesmo que ele se suceda, o risco de causá-lo. A possibilidade do resultado ocorrer não o impede e ele realiza a conduta, admitindo o resultado. Como afirma Mirabete: “Há dolo eventual, portanto, quando o autor tem seriamente como possível a realização do tipo legal se praticar a conduta e se conforma com isso” (2001, p. 141).
Um exemplo de dolo eventual é o do motorista que avança com o automóvel contra uma multidão, porque está com pressa de chegar a seu destino, por exemplo, aceitando o risco da morte de um ou mais pedestres. 
3.1.4 Conduta
Damásio E. de Jesus conceitua conduta como “[...] a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada finalidade” (1983, p. 211).
A conduta é um comportamento tipicamente humano, portanto, não estão incluídos, os fatos naturais (raio, chuva, terremoto), os do mundo animal e os atos praticados pelas pessoas jurídicas (MIRABETE, 2001, p. 106).
A conduta, no entender de Capez (2003), é caracterizada pela manifestação exterior da vontade humana: sem isso, a conduta não existe, ou seja, conduta não é igual a pensamento, a cogitação, o planejamento intelectual da prática de um crime. 
Para Mirabete (2001, p. 106), “A vontade domina a conduta dolosa ou culposa. A diferença é que, na ação dolosa, a voluntariedade alcança o resultado, enquanto na culposa só vai até a causa do resultado”.
Deste modo, a conduta é sempre dominada pela vontade humana, sem a qual, não existiria, com vistas a causar algum tipo de lesão ou prejudicar a outrem. 
3.1.6 Consumação
Existe a consumação quando o crime está inteiramente realizado, ou seja, quando se preenchem todos os elementosdo tipo objetivo pelo fato natural (MIRABETE, 2001).
De acordo com o Art. 14, inciso I, diz-se o crime consumado “quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal”. Consumam-se, assim, o homicídio e o infanticídio com a morte da vítima (arts. 121 e 123), a lesão corporal com a ofensa à integridade corporal ou à saúde (art. 129), o furto com o apossamento da coisa alheia móvel pelo sujeito ativo (art. 155), o estelionato com a obtenção da vantagem indevida (art. 171) e outros.
3.1.7 Tentativa
Para Mirabete (2001p. 158), “A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei. Na tentativa há prática de ato de execução, mas não chega o sujeito à consumação por circunstâncias independentes de sua vontade”.
Capez (2003, p. 223) conceitua tentativa como “[...] a não consumação de um crime, cuja execução foi iniciada, por circunstâncias alheias à vontade do agente. Na tentativa, “eu quero, mas não posso””.
Mirabete (2001) ensina que, a tentativa encontra-se no conjunto dos atos preparatórios e executórios de um crime, a partir da prática de um ato de execução, desde que não haja realização por situação independente à vontade do agente. São, pois, elementos da tentativa: a conduta (ato de execução) e a não-consumação por circunstâncias independentes da vontade do agente.
Para Mirabete (2001), desse modo, a tentativa perfeita ocorre quando o indivíduo não alcança o intento de matar, apesar de ter tomado todas as providências para tal e a tentativa imperfeita, quando o indivíduo não consegue finalizar seu intento, devido à intervenção de terceiros.
Entretanto, mesmo não alcançando o seu intento, o autor está sujeito à reprimenda penal, pois a tentativa, no ordenamento jurídico penal brasileiro, é punível, como se infere do comando emergente do Artigo 14 do Código Penal. Todavia, é bom que fique claro, que no crime culposo, objeto deste trabalho, não existe a figura da tentativa, pois ou o agente pratica o crime ou não o pratica. 
3.1.8 Homicídio culposo no código penal
3.1.8.1 Conceito
De acordo com Mirabete (2001, p. 145), “apesar de longa elaboração doutrinária, não se chegou ainda a um conceito perfeito de culpa em sentido estrito, e, assim, do crime culposo”. Dessa forma, continua o autor, “[...] mesmo com a reforma da Parte Geral, a lei limita-se a prever as modalidades da culpa”, conforme estipula o Art. 18, II, “[...] que o crime é culposo quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.
Apesar de não existir um conceito perfeito, como afirma Mirabete, o próprio autor comenta que “Tem-se conceituado na doutrina o crime culposo como a conduta voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado” (2001, p. 145).
Já Capez (2003, p. 191) ensina que a culpa “É o elemento normativo da conduta. [...] é assim chamada porque sua verificação necessita de um prévio juízo de valor, sem o qual não se sabe se ela está ou não presente”. O autor ainda comenta que, não se narra a conduta culposa, apenas aplica-se a pena.
Os elementos do crime culposo, portanto, são: 
a) A conduta (consecutivamente voluntária), comissiva ou omissiva é a vontade dirigida a inadimplir a obrigação designada ao cuidado.
b) A não observação do cuidado (por imprudência, imperícia ou negligência) —alertando-se para o fato de que na culpa consciente inexiste esse componente. O dever normal de cuidado, intrínseco às pessoas de razoável desvelo. 
Conforme Callegari (1995), a culpa consciente ocorre quando o agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que não ocorrerá. Há no agente a representação da possibilidade do resultado, mas ele a afasta por entender que o evitará, que sua habilidade impedirá o evento lesivo que está dentro de sua previsão. 
Para Capez, “a imprudência é a culpa de quem age, ou seja, aquela que surge durante a realização de um fato sem o cuidado necessário”. É a “ação descuidada, implicando sempre um comportamento positivo (a imprudência tem forma ativa)”.(2003, p. 194). É configuração participante e positiva da culpa, coerente ao agir o agente com imponderação, desvairo ou falta de consideração, seja por não prestar atenção aos fatos comuns, seja por não insistir no que a razão adverte. Ainda ressalta o autor que, 
A negligência, afirma Capez (2003, p. 194), “é a culpa na sua forma omissiva”, é quando alguém deixa de tomar o devido cuidado antes de executar uma ação, posto que “ao contrário da imprudência, que ocorre durante a ação, a negligência dá-se sempre antes do início da conduta”. Envolve, portanto, a imperícia é a expressão de incapacidade técnica em profissão ou atividade. É a falta de conhecimento ou habilitação para o exercício de determinado mister, como por exemplo, dirigir veículo automotor sem capacidade para tal, ou seja, sem nunca haver dirigido, pois para o reconhecimento da imperícia se presume que o sujeito tenha conhecimento técnico mínimo. 
Na opinião de Mirabete (2001), todos os indivíduos que vivem em sociedade, necessitam observar o cuidado de não prejudicar a outrem, seja por meio de bens materiais ou mesmo à própria pessoa.
c) Resultado involuntário – o resultado advindo da culpa é necessariamente involuntário, não querido pelo agente. Todos os crimes culposos são necessariamente materiais, sendo imprescindível a produção do resultado naturalístico involuntário para seu aperfeiçoamento típico.
d) Previsibilidade objetiva – é a possibilidade do resultado ser previsto, tomando por parâmetro uma pessoa dotada de discernimento e prudência. Em outras palavras, é a possibilidade de qualquer pessoa dotada de prudência mediana prever o resultado. 
Destarte, não importa se um indivíduo de pensamento normal poderia ter previsto o resultado, mas apenas se poderia tê-lo feito ou não, o que não elimina a culpa, uma vez que não é seu elemento. 
d) Tipicidade – necessidade de expressa previsão legal da modalidade culposa.
Enquanto nos crimes dolosos a vontade está dirigida à realização de resultados objetivos ilícitos, os tipos culposos ocupam-se não com o fim da conduta, mas com as conseqüências anti-sociais que a conduta vai produzir; no crime culposo o que importa não é o fim do agente (que é normalmente lícito), mas o modo e a forma imprópria com que atua. Os tipos culposos proíbem, assim, condutas em decorrência da forma de atuar do agente para um fim proposto e não pelo fim em si. O elemento decisivo da ilicitude do fato culposo reside não propriamente no resultado lesivo causado pelo agente, mas no desvalor da ação que praticou. Se um motorista, por exemplo, dirige velozmente para chegar a tempo de assistir à missa domingueira e vem a atropelar um pedestre, o fim lícito não importa, pois agiu ilicitamente ao não atender ao cuidado necessário a que estava obrigado.
3.1.9 Crime Preterdoloso
Crime preterdoloso ou preterintencional é aquele em que a ação causa um resultado mais grave q o pretendido pelo agente. O sujeito quer o minus e a sua conduta produz um majus, de forma que se conjugam a ação (antecedente) e a culpa no resultado (conseqüente) (JESUS, 2002).
3.1.10 Latrocínio
Forma de roubo, em que ocorre agressão, com emprego de violência exercida por ataque à mão armada, trazendo como resultado a morte da vítima, o que considera essa modalidade de roubo como forma agravada, sendo assim classificado como crime hediondo e inafiançável. O latrocínio está elencado como crime contra o patrimônio, pois a finalidade do agente é a apropriação de bem alheio móvel, embora seja a vítima atingida diretamente.
Não há em se falar em latrocínio onde a pena cominada é de 20 a 30 anos de reclusão sendo o latrocínio uma forma de roubo em que a violência empregada pelo agente causa a morte da vítima. É classificado como um crime preterdoloso, na medida em que basta que a morte tenha sido causada por culpa para a sua configuração. Diferencia-se do homicídio,pois em seu dolo constata-se, primordialmente, o fim patrimonial. É o crime com a maior pena privativa de liberdade, em abstrato, cominada pela legislação penal. A violência a que se refere o Art. 157, § 3º há de ser física e não moral. No falso seqüestro não há violência física .�
CONDIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho tratou do falso sequestro, matéria de grande importância no Direito Penal, que vem assumindo grandes proporções na sociedade brasileira, atingindo pessoas de todas as camadas sociais.
Buscou-se, primeiramente, fazer uma breve análise acerca dos crimes mais comuns, estelionato, extorsão mediante sequestro, sequestro ou carcere privado, roubo e furto traçando um comparativo com o crime falso sequestro.
Posteriormente, abordou-se as formas de interpretação da lei penal, interpretação autêntica, interpretação doutrinária e interpretação judicial, seus conceitos, as espécies de interpretação, em seguida analisou-se o concurso de crimes e suas espécies, concurso material, concurso formal e continuado. Discorreu-se, ainda, acerca do falso sequestro seguido de morte, afastando a possibilidade de latrocínio. 
Por fim, conclui-se que o crime falso sequestro se enquadra no crime de extorsão, disposto no Art. 158, do Código Penal. A objetividade material do falso sequestro entra, sem dúvida, na ação física do crime, entretanto considera-se exclusivamente a ação propria do sujeito ativo. É por via dessa ação, que leva o sujeito passivo a fazer, tolerar, ou nao fazer alguma coisa, do que resultará a vantagem patrimonial buscada.
Conquanto na extorsão o agente possa usar de fraude, está há de constrager, aterrar, atemorizar a vítima. Haverá extorsão se a ação física do agente aterrorizou o sujeito passivo, se a prestação da vantagem é fruto do medo que lhe foi incutido. Haverá estelionato se, ao contrário, a ação do agente nao se revestiu de violência moral, mas apenas iludiu a vítima, que, então, entrega a vantagem patrimonial por engano. 
O falso sequestro é crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, admitindo-se a participação e a co-autoria. A conduta é constranger a vítima, ou seja, obrigá-la, força-la, coagi-la mediante grave ameaça ou violência. O dolo no falso sequestro é a vontade livre e consciente de constrager e o elemento subjetivo do tipo referente ao especial fim de agir, com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica.
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REFERÊNCIAS
CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal: parte geral: volume 1. 6 ed. São Paulo: Saraiva, 2003.
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