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Mioma Definição: os leiomiomas são tumores benignos formados por fibras musculares lisas do útero com estroma de tecido conjuntivo em proporções variáveis. Podem incidir no corpo e cérvice uterino. Epidemiologia: é a neoplasia mais comum da mulher. Responde por aproximadamente 95% dos tumores benignos do trato genital feminino. É responsável por um terço do total de histerectomias (sua maior causa). Fatores predisponentes: -História familiar: existem fortes indícios de que exista uma predisposição genética para o desenvolvimento de miomas. -Idade: não foram descritos em pré-púberes, mas são ocasionalmente encontrados em mulheres adolescentes. Representam 20 a 50% dos tu benignos das mulheres na quarta e quinta décadas de vida. A melhora dos sintomas da miomatose ocorre na menopausa, quando os ciclos menstruais são interrompidos e os hormônios esteroides declinam. -Raça: são 2 a 3 x mais comuns nas mulheres de raça negra do que nas mulheres de raça branca. -Menarca precoce: menarca antes dos 10 anos se associa a aumento do risco. -Nuliparidade e infertilidade: são mais comuns em mulheres nulíparas e inférteis. -Contraceptivos injetáveis de progesterona: representa fator de crescimento importante para crescimento dos miomas, porém segundo alguns autores, estes anticoncepcionais estão associados a redução do risco de leiomiomas em mulheres da raça negra. -Obesidade: alguns estudos mostraram relação entre miomas e obesidade. -Consumo de álcool: aumenta o risco. -Hipertensão: associada a aumento do risco. O risco é relacionado a um aumento da duração ou da severidade da hipertensão. -Dieta rica em carnes vermelhas: está associado a aumento do risco para miomas, porém nenhum estudo mostrou que a intervenção na dieta impõe modificações na incidência ou no quadro clínico dos miomas. Fatores de proteção: -Anticoncepcionais orais combinados -Primiparidade precoce -Tabagismo -Dieta rica em verduras Etipatogenia: Existem algumas teorias, mas o seu aparecimento não está totalmente esclarecido. Níveis circulantes de estrogênio: indubitavelmente, este hormônio é o principal fator determinante do crescimento tumoral, especialmente o estradiol, que parece agir diretamente sobre a proliferação celular dos miomas ou mediado por fatores de crescimento como EGF, IGF-1 e insulina. Entretanto, isoladamente não explica a formação do tumor. Ação sinérgica do hormônio de crescimento (GH) com o estrogênio Ação sinérgica do hormônio lactogênio placentário (hPL) com o estrogênio Níveis circulantes de progesterona: a progesterona também é responsável pelo crescimento do mioma. A progesterona também em papel importante no desenvolvimento dos miomas, por inibir a apoptose e estimular as mitoses e crescimento celular d urante a fase lútea. Há aumento da proteína bcl-2=inibidora da apoptose. Redução do fator de necrose tumoral = promotor da apoptose. Aumento do fator de crescimento epidérmico – estímulo do crescimento tecidual. IMPORTANTE: uma vez que a progesterona parece participar do crescimento dos miomas, não é indicado tratar mioma com progesterona. Altearação da 17-OH-desidrogenase: representa um conjunto de enzimas responsáveis pela transformação de hormônios esteroides (inclusive os estrógenos) em metabólitos geralmente mais fracos. Tipo I: transforma a estrona em estradiol (predisposição a mioma) Tipo II: transforma estradiol em estrona. No mioma há um aumento da enzima do tipo I. Aromatase: essa enzima faz parte da superfamília do citocromo P-450, com a função de catalisar a conversão de andrógenos em estrógenos. Transforma a androstenediona em estrona e a testosterona em estradiol. O tecido miomatoso apresenta maiores concentrações dessa enzima do que o miométrio circunjacente normal. Influência genética: -Mutação espontânea: mesmo miomas com cariótipo aparentemente normal (46 XX) podem abrigar mutações genéticas que não são detectadas pelas técnicas citogenéticas disponíveis. -Predisposição familiar: fator de risco. IMPORTANTE: o número de receptores de estrogênio e progesterona são maiores no tecido miomatoso do que no miométrio sadio, assim como há maiores concentrações de aromatase, de forma a manter um ambiente hiperestrogênico, levando à proliferação dos leiomiócitos. Formas clínicas: Patologia: os leiomiomas são tu nodulares que podem ser únicos ou múltiplos, pequenos ou gigantes. Podem causar aumento simétrico do útero ou distorcer significamente o seu contorno. O aspecto macroscópico é brancacento e endurecido ou pode ser róseo, de consistência amolecida, dependendo da presença de maior ou menor quantidade de tecido conjuntivo e muscular. Quando predomina o tecido conjuntivo, são duros e brancacentos,. Os miomas são intensamente celulares, mas à medida que crescem, passam por transformações com aumento do tecido conjuntivo e diminuição dos leiomiócitos, as quais definem os diversos tipos de alterações degenerativas secundárias encontradas. Tipos de degenerações miomatosas: -Hialina: é a mais comum, caracterizada pela presença de um tumor amolecido. Têm sua origem na diminuição do fluxo de sangue para o mioma. -Cística: degeneração hialina secundária à liquefação, com formação de coleções líquidas. -Mucoide: cistos preenchidos com material gelatinoso (muco). -Rubra, vermelha, carnosa: alterações que podem ocorrer durante a gravidez, sendo mais comum nos miomas intramurais. Pode provocar dor, hipertermia e até ruptura com quadro de abdome agudo. -Gordurosa: degeneração mais rara, apresentando tecido gorduroso depositado no interior das fibras musculares lisas. -Calcificação: é resultado do acúmulo de cálcio em áreas onde o suprimento sanguíneo do tu é deficitário, como ocorre nos leiomiomas que sofreram necrose, degeneração gordurosa ou após a menopausa. -Necrose: pode ocorrer em qualquer mioma, mas é mais comum nos pediculados. -Sarcomatosa: degeneração maligna, extremamente rara. São tu extremamente agressivos, de crescimento rápido e quase exclusivamente encontrados na pós-menopausa. O diagnóstico deve ser sempre suspeitado em uma mulher após a menopausa que apresenta súbito crescimento de um mioma pré-existente. Classificação: Utilizam-sebasicamente dois fatores para classificá-los: -Porção uterina onde se encontram: cervicais, ístmicos e corporais (98%). -Posição relativa às camadas uterinas: 1)subseroso: posicionado abaixo da serosa uterina (localiza-se sob o peritônio visceral uterino. Possui mais de 50% do seu volume projetado na camada serosa. É o que provoca menos sintomas. 2)Intramural: posicionado no miométrio. Relaciona-se com quadros de hemorragia uterina. 3)Submucoso: é a forma que provoca mais hemorragias devido à sua íntima relação com a mucosa endometrial. 4)Cervical: equivale a 1% a 2% dos casos. São geralmente assintomáticos, porém os mais volumosos podem acompanhar-se de dispareunia e exteriorização pelo introito vaginal. Havendo obstrução do canal cervical pode ocorrer dismenorreia. O tt corresponde à miomectomia, quando há interesse em preservar o útero, caso contrário, está indicada a histerectomia. Diagnóstico: O diagnóstico é feito pela anamnese (investigando os sintomas) e pelo toque vaginal bimanual. Anamnese: menos de 50% dos miomas são sintomáticos. -Sangramento anormal: é o sintoma mais comum associado e o que mais leva a pct à intervenção cirúrgica. Caracteriza-se inicialmente por desvios menstruais. A hipermenorreia (aumento do fluxo) é o distúrbio mais característico.Posteriormente, evolui para perdas sanguíneas contínuas, que variam de polimenorreia a metrorragia (intervalos irregulares, com duração que pode estar prolongada). É mais comum nos miomas submucosos. -Dor pélvica e dismenorreia: são sintomas inespecíficos. A dor deriva usualmente da compressão de estruturas contíguas. Manifestam-se com dor hipogástrica, com irradiação para a região lombar e MMII, sintomas urinários e intestinais e dispareunia. -Infertilidade: é controverso que o leiomioma isoladamente represente causa de infertilidade. Geralmente, há outros fatores associados. Fatores que podem interferir na concepção ou provocar a interrupção da gravidez: Oclusão dos óstios tubários os tu fúndicos. Alterações endometriais vasculares impedindo a ovulação. Leiomiomas submucosos mimetizando dispositivos intrauterinos. Incapacidade de distensão uterina em miomas múltiplos ou volumosos. -Compressão geniturinária: nos leiomiomas volumosos ou naqueles situados no istmo uterino ou nos intraligamentares pode ocorrer compressão vesical e ou ureteral. Exame físico: O exame clínico apresenta boa acurácia em úteros com mais de 300g, o que equivale à gestação de 12 semanas. -Aumento do volume abdominal -Crescimento rápido ou crescimento após a menopausa -Corrimento vaginal -Distúrbios intestinais: a compressão do reto pode causar constipação, fezes em fita e hemorroidas. *Os miomas subserosos tendem a causar sintomas compressivos e distorção da anatomia de órgãos adjacentes, os intramurais causam sangramento e dismenorreia, enquanto os submucosos produzem frequentemente sangramentos irregulares e infertilidade. Exames complementares: -USG pélvica por via transabdominal ou transvaginal -Histerossalpingografia: não é utilizado como primeira opção para identificação de miomas. Está indicado na avaliação da permeabilidade tubária em casos de infertilidade. Pode identificar casos de falha de enchimento da cavidade endometrial nos leiomiomas submucosos ou distorções uterinas nos casos de miomas inramurais. -TC: não é indicada de rotina como exame diagnóstico primário, mas pode ser útil no planejamento do tt e na suspeição de degeneração maligna ou de patologia não ginecológica. -RM: é o melhor exame para visualização e mensuração de leiomiomas. Sua limitação é o custo elevado.Deve ser sempre realizada quando cogitado tt conservador (como embolização). Procedimentos videoendoscópicos: -Histeroscopia: importante na avaliação do sangramento uterino anormal. Permite identificar nódulos submucosos (pela sua visualização) ou nódulos intramurais (pela deformidade que causam à cavidade uterina). -Videolaparoscopia: não é indicada apenas para fins diagnósticos. Encontra indicação nos casos de infertilidade ou de outras afecções ginecológicas concomitantes. Diagnóstico diferencial: 1)Condições que cursam com sangramento uterino anormal ou alterações do volume uterino ou abdominal: Pólipos endometriais Hiperplasias endometriais Neoplasia do corpo ou do colo Adenomiose Malformação uterina Gravidez Abortamenos Neoplasia trofoblástica gestacional TU ovarianos 2)Condições pélvicas de origem extraginecológica que mascaram o diagnóstico: Aderências pélvicas Tu vesicais ou intestinais Tu retroperitoneais Cistos mesentéricos Rim ectópico Fecaloma Abscessos Tratamento: O tt dos casos assintomáticos não é necessário. O tipo e o momento ideal de intervenção devem ser individualizados, com base nos seguintes fatores: Tamanho do(s) mioma(s) Localização do(s) mioma(s) Sintomas Idade da mulher Aspirações reprodutivas e história obstétrica -Conduta expectante (indicações): Casos assintomáticos Pacientes sintomáticas, sem comprometimento geral Pct na perimenopausa ou na menopausa -Tt clínico: O obj da terapêutica conservadora é o alívio dos sintomas. Indicações: redução tumoral, controle da perda sanguínea, pct na perimenopausa, pct com risco cirúrgico elevado. Análogos do GnRH: são as drogas mais efetivas no tt clínico dos leiomiomas. O uso dos análogos promove uma diminuição média de 30 a 70% no tamanho dos miomas. Como efeitos colaterais, os agonistas de GnRH podem levar a quadro importante de hipoestrogenismo. A perda de massa óssea é a complicação mais séria. Podem ocorrer fogachos, ressecamento vaginal, distúrbios do perfil lipídico e alterações do humor. *Benefícios do uso no pré-operatório: aumento dos parâmetros hematimétricos, diminuição do tamanho uterino, redução da perda de sangue durante o procedimento. *Os efeitos colaterais podem ser minimizados com o uso da add-back-therapy, que consiste na administração simultânea de estrogênio e progesterona. -Antagonistas de GnRH: A grande vantagem é o rápido aparecimento dos efeitos terapêuticos e ausência de atividade agonista (não possuem o efeito flare-up inicial). Até o momento, ainda não foi demonstrada superioridade sobre os agonistas na terapêuticada leiomiomatose uterina. -Danazol: esteroide sintético derivado da 19-nortestosterona, com algumas propriedades androgênicas e efeitos progestogênio-like. Logo, possui atividade antigonadotróficas e antiestrogênicas. Possui capacidade de induzir amenorreia, mas seu efeito sobre o volume do mioma permanece controverso. Os efeitos adversos mais comuns compreendem ganho ponderal, retenção hídrica, acne, pele oleosa, hirsutismo, fogachos, vaginite atrófica redução do tamanho das mamas, redução da libido, câimbras e instabilidade emocional. -Gestrinona: derivado da 19-nortestosterona com propriedades androgênicas, antiprogestogênicas, antiestrogênicas e antigonadotróficas. Promove diminuição do tamanho dos miomas e induz a amenorreia em 50 a 100% das pct. Administração oral (diferente do danazol). Os efeitos colaterais são dose -dependentes e semelhantes, porém menos intensos que aqueles causados pelo danazol. Eles incluem náuseas, câimbras e efeitos androgênicos, como ganho ponderal, acne, seborreia e pele oleosa. Uma grande vantagem dessa medicação é que seu efeito permanece após interrupção do seu uso. -Inibidores da aromatase: moléculas que atuam inibindo a enzima (aromatase) responsável pela conversão periférica de androstenediona e testosterona, em estrona e estradiol, respectivamente. Estão em estudo. -SIU liberador de levonorgestrel: promovem redução do sangramento, porém não alteram o tamanho dos miomas. Grandes cavidades uterinas, miomas que provocam distorção da cavidade uterina e\ou a presença de miomas submucosos representam contraindicações ao seu uso. -Contraceptivos hormonais: utilizados para redução dos sintomas. -AINEs: parecem não diminuir a perda sanguínea em pct com mioma. -Mifepristone: não está liberado para uso clínico no Brasil. Potente antiprogestagênico. -Raloxifeno: pertence à classe dos moduladores seletivos dos receptores de estrogênio (SERMs). -Asoprisnil: droga em estudo. É um modulador seletivo do receptor de progesterona, com atividade antagonista e agonista parcial nos receptores desse hormônio. Não possui efeito abortivo como o mifepristone. Tt cirúrgico: Indicações: tt de sangramento uterino anormal ou dor pélvica, avaliação quando há suspeita de malignidade, tt da infertilidade e tt de abortamentos recorrentes. Possibilidades de TT: Histerectomia: os leiomiomas correspondem à causa mais comum de indicação de histerectomia. Para realizar uma histerectomia é fundamental a avaliação colpocitológica prévia, a fim de excluir neoplasias que poderiam modificar a abordagem da pct. *Indicações: pct com prole constituída ou sem desejo de engravidar, apresentando sintomas importantes ou falha do tt clínico. *Complicações: hemorragia, infecção urinária, lesão ureteral, lesão vesical, lesão intestinal, fístulas (as mais comuns são as vesicovaginais e retovaginais). Miomectomia: é uma opção para as mulheres que ainda desejam gestar ou que não desejam retirar o útero. As principais complicações relacionadas ao procedimento são a hemorragia intra e pós-operatória, formação de aderências pélvicas e ruptura uterina no final da gravidez ou durante o trabalho de parto, sendo bem aceita a cesariana como via de parto. -Miomectomia laparotômica: pode causar aderências e dificuldade para engravidar. Após o procedimento, a pct deve aguardar um tempo de cerca de 6 meses para engravidar. Indicações: desejo de procriação, presença de múltiplos miomas; útero muito volumoso, com miomas intramurais maiores que 5 a 8 cm ou altura do fundo uterino superior a 16 semanas de gestação; miomas profundos intramurais. -Miomectomia videolaparoscópica: neste caso o útero miomatoso não deve ser muito volumoso (menor que um útero gravídico de 17 semanas), de forma que permita a visualização do procedimento endoscópico. 4 fatores foram considerados como de risco para conversão do procedimento aberto: tamanho do mioma maior ou igual a 5 cm, localização intramural, localização em parede corporal anterior, uso pré-operatório de análogos do GnRH. *Indicações: desejo de prole, presença de pequeno número (até 3 a 5) de miomas subserosos ou intramurais menores ou iguais a 5 cm, útero não muito volumoso (miomas menores que 5 a 8 cm ou AFU inferior a 17 semanas). -Miomectomia histeroscópica: em geral, é o tt de escolha para os miomas submucosos. Entretanto, dependendo da sua localização, tamanho e número de miomas, pode não ser a opção terapêutica mais adequada. Existem classificações para os miomas submucosos que permitem uma projeção da dificuldade em se retirar esses tumores. 2 classificações: Wamsteker (mais antiga): nível 0: mioma submucoso pediculado, em que todo ele está dentro da cavidade, de fácil retirada geralmente; nível 1: mioma com mais de 50% na cavidade, geralmente não traz problemas para a sua retirada; nível 2: mioma com mais de 50% no miométrio, geralmente de difícil retirada, sendo indicada outra técnica. Lasmar: se baseia no grau de dificuldade técnica para a realização da miomectomia histeroscópica, recomendando a conduta mais indicada em cada situação. Critérios: grau de penetração, extensão da base do mioma, tamanho do mioma por métodos complementares, topografia. Escore 0-4: miomectomia histeroscópica com baixa complexidade, 5 e 6: miomectomia complexa (pensar em preparo com análogo do GnRH e\ou cirurgia em 2 tempos; 7 a 9: indicar outra técnica. *As maiores complicações da histeroscopia cirúrgica correspondem à perfuração uterina e problemas decorrentes da infusão de fluidos. Indicações: pct com miomas submucosos + sangramento uterino anormal, dor pélvica, infertilidade, abortamentos recorrentes. Ablação endometrial: Consiste na destruição do endométrio através de laser, balões térmicos, micro-ondas, fluidos quentes, corrente monopolar e bipolar e criocirurgia. Pode solucionar os episódios de sangramento anormal nas pct já com prole constituída. Não está indicada nas pct com miomas volumosos ou que desejam gestar. *Vantagens sobre a histerectomia: menor tempo operatório, menor dor operatória, menor perda sanguínea, recuperação mais rápida, menor incidências de complicações, custo menor. *Indicações:menorragia, pct esterilizadas ou com prole constituída, cavidade uterina menor que 12 cm de histerometria, ausência de dismenorreia intensa sugestiva de adenomiose, histologia do endométrio benigna, falência ou intolerância ao tt medicamentoso, obesidade ou doença sistêmica que contraindique uma cirurgia maior. Miólise: corresponde à coagulação térmica videolaparoscópica ou crioablação do tecido miomatoso. Pode aumentar as chances de aderências pélvicas subsequentes ou de ruptura uterina na gravidez. A miólise combinada à ablação endometrial é mais efetiva do que o procedimento realizado de forma isolada. *Indicações: pct com menos de 4 miomas, o maior mioma não deve ultrapassar 10 cm de diâmetro. Oclusão da artéria uterina Radiologia intervencionista: 1)Embolização da artéria uterina: acesso realizado através das femorais. Consiste na injeção de partículas na circulação uterina, com o objetivo de interromper o fluxo sanguíneo dos miomas. Os agentes mais utilizados são álcool polvinil (PVA), gelfoam e microesferas embosféricas. *Efeitos colaterais e complicações: os efeitos colaterais são atribuídos principalmente à oclusão de outras artérias, como as que irrigam o ovário (culminando em falência ovariana precoce), a bexiga, o intestino, os músculos e os nervos. A embolização pode provocar dor pélvica, vômitos e cefaleia, mesmo após alguns dias do procedimento. Pode provocar endometrite, febre, leucocitose, intensa secreção vaginal e hematoma pós-punção da femoral. Pode ser utilizada como adjuvante a cirurgias para miomectomia, permitindo a redução do volume tumoral e sangramento intraoperatório. Está contraindicada em miomas pediculados e submucosos, pelo risco de necrose, infecção e expulsão dos mesmos, assim como contraindicação em pct com alergia ao contraste ou com contraindicação à realização de arteriografia. *Indicações: pct sintomáticas com miomas volumosos e múltiplos, não pediculados, não degenerados e que desejem preservar o útero. 2)USG focada guiada por RM: As ondas de USG de alta intensidade são focadas para a lesão com monitorização pela ressonância, causando aumento da temperatura (55 a 90 ºC) e necrose coagulativa. Está indicado em mulheres que não desejam gestar, mas que apresentam risco cirúrgico elevado ou que não desejem retirar o útero. Por se tratar de tecnologia muito recente e de custo elevado, existem poucos aparelhos disponíveis até o momento. IMPORTANTE: a oclusão das artérias uterinas por via videolaparoscópica ou vaginal, a embolização das artérias uterinas e USG focada guiada pela ressonância magnética representam novas técnicas de tt conservador em pct com miomas. Esses métodos, entretanto, requerem conhecimentos técnicos e materiais de alto custo, necessitando de maiores estudos. Mioma e gravidez: pode haver crescimento do mioma na gravidez, porém em 2\3 dos casos o volume do tumor não aumenta ou até diminui. Quanto ao risco gestacional, a presença de mioma parece aumentar o risco de gravidez ectópica, abortamento, parto prematuro, RPMO, apresentações anômalas, discinesia uterina, hemorragias, infecções, CIVD, torção uterina, DPP e placenta prévia. Durante o ciclo gravídico puerperal não deve ser praticada qualquer terapia medicamentosa ou cirúrgica. As únicas indicações de miomectomia durante a gestação são os casos de degeneração rubra e torção pedicular acompanhada de abdome agudo.
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