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3 RESPONSABILIDADE CIVIL

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William Bossanelli Araújo e Leopoldo Martins Moreira Neto – Dezembro de 2016
LIVRO I
DA RESPONSABILIDADE CIVIL
1- INTRODUÇÃO E CONCEITO
“A responsabilidade civil, espécie de responsabilidade jurídica, deriva da transgressão de uma norma civil preexistente, com a consequente imposição ao causador do dano do dever de indenizar.”
Toda forma de responsabilidade civil pressupõe a violação de uma norma civil preexistente impondo ao causador do dano o dever de indenizar. Responsabilizar alguém é atribuir a esse alguém os efeitos jurídicos do seu comportamento transgressor dessa norma jurídica preexistente. Então, para entender responsabilidade civil, é importante que se compreenda a existência de um sistema jurídico normativo prévio que é violado por um comportamento danoso. E, por conta dessa violação, impõe-se ao infrator, o consequente dever de indenizar. 
A teoria da responsabilidade civil integra o direito obrigacional, pois a principal consequência da prática de um ato ilícito é a obrigação que acarreta, para o seu autor, de reparar o dano. Obrigação esta, de natureza pessoal, que se resolve em perdas e danos.
	A responsabilidade civil, tradicionalmente, baseia-se na idéia de culpa. O art. 186 CC define o que se entende por comportamento culposo.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Em conseqüência fica o agente obrigado a reparar o dano.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa (OBJETIVA), nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Só se pode cogitar de culpa quando o evento é previsível. Se o evento é imprevisível, não há que se cogitar culpa. O art. 186 pressupõe sempre a existência da culpa, que abrange o dolo e a culpa strictu sensu, ou aquiliana (violação de um dever que o agente podia conhecer e observar, segundo os padrões de comportamento médio). 
	
A culpa strictu sensu pode ocorrer das seguintes formas:
a) Imprudência: consiste em agir o sujeito sem as cautelas necessárias.
b) Negligência: é a falta de atenção em virtude da qual deixa o agente de prever o resultado que podia e devia ser previsto.
c) Imperícia: inaptidão técnica para a prática de um ato, é a culpa profissional.
	Nos últimos anos vem ganhando terreno a chamada TEORIA DO RISCO, que sem substituir a teoria da culpa, cobre muitas hipóteses em que esta se revela insuficiente para a proteção da vítima. A responsabilidade seria encarada sob o aspecto objetivo: o agente indeniza não porque tenha culpa, mas porque é o proprietário do bem ou o responsável pela atividade que provocou o dano.
2- IMPUTABILIDADE E RESPONSABILIDADE
	Para que alguém pratique um ato ilícito e seja obrigado a reparar o dano causado, é necessário que tenha capacidade de discernimento. 
2.1 RESPONSABILIDADE DOS INCAPAZES
	O CC 2002 substituiu o princípio da irresponsabilidade absoluta da pessoa privada de discernimento pelo princípio da responsabilidade mitigada e SUBSIDIÁRIA.
Art. 928. O incapaz responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
	
Se a vítima não conseguir receber a indenização do curador, poderá o juiz, mas somente se o incapaz for abastado, condená-lo ao pagamento de uma indenização equitativa (responsabilidade SUBSIDIÁRIA). 
	A vítima somente não será indenizada pelo curador se este não tiver patrimônio suficiente para responder pela obrigação (responsabilidade objetiva). 
	Se o alienado não estiver sob o poder de ninguém, responderão seus próprios bens (a reparação há de se resolver fora do quadro da culpa). 
2.2 A RESPONSABILIDADE DOS MENORES
	
A obrigação de indenizar cabe às pessoas responsáveis pelo menor.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
	
IMPORTANTE!!! STJ 574 - DIREITO CIVIL. HIPÓTESE DE INEXISTÊNCIA DE RESPONSABILIDADE CIVIL DA MÃE DE MENOR DE IDADE CAUSADOR DE ACIDENTE.
A responsabilidade dos pais por filho menor (responsabilidade por ato ou fato de terceiro) é objetiva, nos termos do art. 932, I, do CC, devendo-se comprovar apenas a culpa na prática do ato ilícito daquele pelo qual são os pais responsáveis legalmente (ou seja, é necessário provar apenas a culpa do filho). Contudo, há uma exceção: os pais só respondem pelo filho incapaz que esteja sob sua autoridade e em sua companhia; assim, os pais, ou responsável, que não exercem autoridade de fato sobre o filho, embora ainda detenham o poder familiar, não respondem por ele. 
Desse modo, a mãe que, à época de acidente provocado por seu filho menor de idade, residia permanentemente em local distinto daquele no qual morava o menor - sobre quem apenas o pai exercia autoridade de fato - não pode ser responsabilizada pela reparação civil advinda do ato ilícito, mesmo considerando que ela não deixou de deter o poder familiar sobre o filho.
"Autoridade" é expressão mais restrita que "poder familiar" e pressupõe uma ordenação, ou seja, que o pai ou mãe tenha poderes para organizar de forma mais direta e imediata a vida do filho. STJ. 3ª Turma. REsp 1.232.011-SC, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 17/12/2015
O menor só será responsabilizado se os responsáveis não dispuserem de meios suficientes para o pagamento (responsabilidade subsidiária), mas a indenização, que deverá ser equitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem. 
	
Não mais se admite que os responsáveis pelo menor, se exonerem da obrigação de indenizar, provando que não foram negligentes na guarda, porque o art. 933 dispõe que a responsabilidade dessas pessoas INDEPENDE DE CULPA.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, AINDA QUE NÃO HAJA CULPA DE SUA PARTE (responsabilidade objetiva), responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
IMPORTANTE!!! Se os pais emancipam o filho voluntariamente, a emancipação produz todos os efeitos naturais do ato, menos o de isentar os pais da responsabilidade pelos atos ilícitos praticados pelos filhos, de acordo com a jurisprudência (há responsabilidade SOLIDÁRIA entre pais e filhos). Tal não acontece quando a emancipação decorre de casamento e das outras causas previstas no art. 5º §único CC (emancipação legal),
3- RESPONSABILIDADE CIVIL E RESPONSABILIDADE PENAL
	RESP. CIVIL - ILÍCITO CIVIL
	RESP. PENAL - ILÍCITO PENAL
	O mecanismo sancionatório civil é patrimonial, é menos gravoso.
	O mecanismo sancionatório é mais gravoso, trata-se da liberdade.
	Não há fatos típicos (a lei não traz a enumeração de todos os fatos que geram dever de indenizar).
	Só há crime se o fato for típico (a lei já traz todos os fatos que são ilícitos penais). 
	As penas não são predeterminadas (o quantum fica a cargo do juiz).
	As penas são determinadas em seus limites (o juiz deve-se ater aos limites fixados em lei).
	Mesmo a culpa levíssima gera dever de indenizar.
	A culpa, para gerar responsabilidade penal, é maior.
4- RESPONSABILIDADE SUBJETIVA E OBJETIVA
	Diz-se, pois, ser SUBJETIVA a responsabilidade quando se esteia na ideia de culpa. A prova da culpa passa a ser pressuposto necessário do dano indenizável. O ônus dessa prova incumbe a vítima. Em não havendo culpa (dolo ou culpa em sentido estrito), não há responsabilidade.
	A lei impõe,entretanto, a certas pessoas, a reparação de um dano cometido sem culpa. Quando isso acontece, diz-se que a responsabilidade é OBJETIVA, porque prescinde da culpa, e se satisfaz apenas com o dano e o nexo causal. Esta teoria, dita objetiva ou do risco, tem como postulado que todo dano é indenizável e deve ser reparado por quem a ele se liga por um nexo de causalidade, independente de culpa. 
	
IMPORTANTE!!! Quando a CULPA É PRESUMIDA, inverte-se o ônus da prova. O autor da ação só precisa provar a ação ou omissão e o dano resultante da conduta do réu, porque a culpa do réu já é presumida. Os casos de culpa presumida são considerados hipóteses de responsabilidade subjetiva, pois se fundam ainda na culpa, mesmo que presumida. 
RESUMINDO!! A diferença entre responsabilidade objetiva e a culpa presumida é que, nessa última, ainda há discussão de culpa (havendo inversão do ônus da prova), já na responsabilidade objetiva NÃO se discute culpa.
Uma das teorias que procuram justificar a responsabilidade objetiva é a teoria do risco. Para essa teoria, toda pessoa que exerce alguma atividade cria um risco de dano para terceiro. E deve ser obrigado a repará-la ainda que sua conduta seja isenta de culpa. É também necessário que esteja caracterizado o risco proveito, segundo o qual é reparável o dano causado a outrem em consequência de uma atividade realizada em beneficio do responsável. 
No CC a responsabilidade subjetiva subsiste como regra necessária, sem prejuízo da adoção da responsabilidade objetiva, em dispositivos vários e esparsos.
5-RESPONSABILIDADE CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL
	O inadimplemento contratual acarreta a responsabilidade de indenizar as perdas e danos, no termos do art. 389 CC.
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
	
Quando a responsabilidade não deriva de contrato, mas de infração do dever de conduta, imposto genericamente no art. 186 do mesmo diploma, diz-se que ela é extracontratual ou aquiliana.
	Ambas têm como consequência a obrigação de ressarcir o prejuízo causado. 
	O CC acolheu a teoria dualista da responsabilidade (responsabilidade contratual e extracontratual), afastando a unitária. 
	Algumas diferenças podem ser apontadas entre as duas responsabilidades:
Na responsabilidade contratual o inadimplemento presume-se culposo. Na extracontratual o lesado incumbe o ônus de provar culpa ou dolo do causador do dano.
A contratual tem origem na convenção, enquanto a extracontratual tem origem na inobservância do dever genérico de não lesar outrem.
A capacidade sofre limitações no terreno da responsabilidade contratual, sendo mais ampla na extracontratual.
6- RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL POR ATOS LÍCITOS
Via de regra a obrigação de indenizar assenta-se na prática de um ato ilícito. 
Outras vezes a obrigação de indenizar nasce de uma atividade perigosa, e não pelo cometimento de um ato ilícito. 
Em outros casos a obrigação de indenizar nasce de fatos permitidos por lei e não abrangidos pelo chamado risco social. Ex. estado de necessidade. 
7- RESPONSABILIDADE NAS RELAÇÕES DE CONSUMO
	As normas do CDC são de ordem pública, cogentes, de interesse social.
	No sistema do CDC, tanto a responsabilidade pelo fato do produto ou serviço como a oriunda do vício do produto ou serviço é de natureza OBJETIVA, prescindindo do elemento culpa a obrigação de indenizar atribuída ao fornecedor.
	São limitadas as excludentes invocáveis pelo agente:
§ 3° O fabricante, o construtor, o produtor ou importador só não será responsabilizado quando provar:
I - que não colocou o produto no mercado;
II - que, embora haja colocado o produto no mercado, o defeito inexiste;
III - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.
	Determina-se expressamente a aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, e se coloca como um direito básico do consumidor a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova.
8 - PRESSUPOSTOS DA RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL
8.1 AÇÃO OU OMISSÃO
É o ato. Não necessariamente o ato ilícito (existe também responsabilidade por ato lícito. Ex. Policial que requisita o carro de particular para perseguir bandido e bate: o ato é lícito, mas gera responsabilidade).
 
A conduta humana pode ser definida como o comportamento positivo ou negativo do agente, que desemboca em um dano ou prejuízo. 
A conduta humana, para efeito de responsabilidade civil pressupõe voluntariedade, consciência (no ato reflexo, caso fortuito, força maior não há conduta humana voluntária e consciente). 
Se não tiver voluntariedade e consciência, ou seja, se a pessoa não sabe o que faz, ou não quer o que faz, não há que se falar em conduta humana.
IMPORTANTE!!! A ilicitude não é um requisito obrigatório da conduta humana para efeito de responsabilidade uma vez que, ainda que em caráter excepcional, pode haver responsabilidade civil decorrente de ato lícito. Ex. Desapropriação é um ato lícito do estado que gera responsabilidade; passagem forçada (prédio incrustado - não é servidão - passagem forçada é direito de vizinhança, que decorre ex lege); estado de necessidade e legítima defesa (existe direito de regresso contra o causador do perigo).
Art. 1.285. O dono do prédio que não tiver acesso a via pública, nascente ou porto, pode, mediante pagamento de indenização cabal, constranger o vizinho a lhe dar passagem, cujo rumo será judicialmente fixado, se necessário.
7.2 CULPA OU DOLO DO AGENTE
	
É necessário, para que a vítima obtenha a reparação do dano, que prove dolo ou culpa strictu sensu (aquiliana) do agente. Em alguns casos, o código presume a culpa, em outros, responsabiliza o agente independentemente de culpa.
	
	A teoria subjetiva faz distinção com base na extensão da culpa.
a) Culpa grave ou lata: imprópria ao comum dos homens é a modalidade que mais se assemelha ao dolo. 
b) Culpa leve: falta evitável com atenção ordinária.
c) Culpa levíssima: falta só evitável com atenção extraordinária ou com especial habilidade.
	A culpa grave ao dolo se equipara. No cívil, a culpa mesmo que levíssima obriga a indenizar. 
IMPORTANTE!!! Em geral, NÃO se mede o dano pelo grau da culpa. O montante do dano é comprovado pelo prejuízo comprovado pela vitima. Todo dano provado deve ser indenizado qualquer que seja o grau da culpa. Contudo, se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
Art. 944. A INDENIZAÇÃO MEDE-SE PELA EXTENSÃO DO DANO.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, equitativamente, a indenização.
7.3 RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
	Se houve dano, mas a sua causa não está relacionada com o comportamento do agente, inexiste a relação de causalidade e, também, obrigação de indenizar.
O nexo de causalidade traduz o liame jurídico que conecta ou vincula o agente ao prejuízo correspondente. A culpa exclusiva da vítima, o caso fortuito e a força maior rompem o nexo de causalidade, afastando a responsabilidade do agente.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
Existem três teorias que tentam explicar o nexo de causalidade:
a) Teoria da equivalência de condições ou conditio sine qua non: é a teoria adotada pelo código penal, com as mitigações da doutrina da imputação objetiva. Tal teoria foi desenvolvida por Von Buri. Ela não diferencia os antecedentes fáticos, de maneira que tudo aquilo que concorre para o prejuízo é considerado causa. Os antecedentes se equivalem, tem a mesma importância. Essa teoria pode levar ao infinito(pode ir até a Adão e Eva).
b) Teoria da causalidade adequada: desenvolvida por Von Kries, essa teoria sustenta que nem todo antecedente é causa. Causa é apenas o antecedente abstratamente idôneo e adequado a produzir o resultado danoso.
Ex. Sujeito tranca outro no banheiro do aeroporto, fazendo-o perder o avião das 14h. Ao pegar o avião das 16h, o avião cai e ele morre. O cara que trancou o sujeito não tem responsabilidade (trancar alguém no banheiro não é causa adequada para matar alguém). 
c) Teoria da CAUSALIDADE DIRETA E IMEDIATA/teoria da necessariedade do dano ou teoria da interrupção do nexo causal: essa teoria encontra fundamento na doutrina do professor Agostinho Alvim, Gustavo Tepedino e Carlos Roberto Gonçalves. 
Para muitos, essa teoria foi adotada pelo CC/02, no art. 403. 
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela DIRETO E IMEDIATO, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Para essa teoria basta ver qual é a CAUSA DIRETA do fato
Está é uma teoria que restringe a causa do fato à causa direta. Esta teoria parte da premissa de análise mais incisiva porque para ela é preciso que exista um vínculo, um liame necessário, entre aquele antecedente que se considera causa e o resultado. Por essa teoria, você se pergunta: #Esse comportamento anterior foi CAUSA DIRETA desse resultado? Se a resposta for sim, é porque há o nexo de causalidade. Para essa teoria você não pergunta se a causa é adequada. Você pergunta se a causa é direta. Você vai indagar se há um vínculo necessário entre o resultado e a causa.
7.4 DANO
Sem a prova de dano, ninguém pode ser responsabilizado civilmente. O dano pode ser material ou extrapatrimonial (moral). 
7.4.1 Conceito e Espécies
Conceito: dano é a lesão de qualquer bem jurídico, patrimonial ou moral. É toda desvantagem ou diminuição que sofremos em nossos bens jurídicos.
Dano material ou patrimonial é o que afeta somente o patrimônio do ofendido. Moral ou extra patrimonial é o que só ofende o lesado como ser humano, não lhe atingindo o patrimônio.
IMPORTANTE!!! Indeniza-se o dano! Só há indenização com dano. Sem a prova do dano, ninguém pode ser indenizado civilmente. O dano pode ser patrimonial ou extra-patrimonial (moral), direto ou indireto. A inexistência de dano torna sem objeto a pretensão a sua reparação.
EXCEÇÃO!!! Aquele que demanda dívida já paga deve pagar em dobro. 
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
Para Carlos Roberto Gonçalves, esse é um caso de responsabilidade independente de dano. 
	Para CRG, outra exceção é o art. 416 do CC, que permite ao credor cobrar a cláusula penal sem precisar provar o prejuízo. 
IMPORTANTE!!! Art. 943 CC.
Art. 943. O direito de exigir REPARAÇÃO e a OBRIGAÇÃO DE PRESTÁ-LA transmitem-se com a herança. 
Obs. O dispositivo acima se aplica tanto ao dano moral quanto o patrimonial. E tanto o direito de exigir a reparação quanto reparar o dano.
IMPORTANTE!!! Ter em mente que nem todo dano é indenizável. Existem três requisitos para o dano ser indenizável:
a) Lesão a um interesse juridicamente tutelado (o simples fim de um namoro, por si só, não é interesse juridicamente tutelado para efeito de indenização). 
b) A subsistência do prejuízo (o dano só é indenizável se o prejuízo subsistir).
c) Certeza do dano e atualidade. Atual é o dano que já existe no momento da ação de responsabilidade. O dano, para ser indenizável, deve ser certo, não se indeniza dano hipotético.
Obs. Este requisito é relativizado pela teoria francesa da perda de uma chance. 
IMPORTANTE!!! Perda de uma chance. Segundo Fernando Gaburri, a perda de uma chance ocorre nos casos em que o ato ilícito retira da vítima a possibilidade futura de experimentar uma situação superior ou mais favorável do que a atual. Ex. Wanderlei Cordeiro de Lima e o padre maluco – Essa teoria ganhou maior notoriedade no Brasil com o julgamento do “Show do Milhão” do STJ. Recentemente, também decidiu o STJ ser possível a aplicação da teoria da perda de uma chance em função de erro médico. 
Obs. Nos casos de perda da chance, a indenização deve ser reduzida.
#QUESTÕES ESPECIAIS DE CONCURSO
#O juiz, ao fixar a indenização em sede de responsabilidade civil, poderá reduzir o quantum indenizatório considerando o grau de culpa do infrator?
Sim!!! Existe hoje no CC um redutor indenizatório, com fulcro no art. 944, parágrafo único (só pode reduzir).
Art. 944. A INDENIZAÇÃO mede-se pela EXTENSÃO DO DANO.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Obs. Como a redução é pelo grau da culpa, tem-se entendido que este redutor só se aplica em casos de responsabilidade subjetiva.
IMPORTANTE!!! #O que é dano moral in re ipsa?
Não é preciso provar em juízo que sofreu dano. Há danos morais que, pela sua frequência e pela sua natureza dispensam prova em juízo. Essa expressão é muito ouvida no STJ. Dano in re ipsa é aquele que DISPENSA PROVA EM JUÍZO. Um exemplo clássico de dano in re ipsa, é como se fosse um dano presumido, se vê no REsp 1.059.663/MS:
“Nos casos de protesto indevido de título ou expedição irregular de cadastro de inadimplentes, o dano moral se configura in re ipsa, isto é, dispensa a prova, ainda que a pessoa prejudicada seja pessoa jurídica.”
IMPORTANTE!!! Quando se atinge direitos fundamentais o dano é presumido (in re ipsa).
#O que é DANO REFLEXO, em RICOCHETE ou INDIRETO e DANO BOOMERANG?
Dano indireto remete-nos à ideia de uma cadeia de prejuízos: a mesma vítima sofre um dano direto e danos indiretos ou consequenciais. Ex. Eu comprei um cavalo. Quando recebi o animal, verifiquei que o animal tinha uma doença letal. Eu sofri um dano direto porque o animal veio infectado, só que esse cavalo infectou três outros cavalos meus. Neste caso, sofri danos indiretos. Danos indiretos não se confundem com os danos reflexos ou em ricochete.
O dano reflexo é aquele que atinge, além da vítima direta, uma vítima indireta a exemplo do filho que sofre o dano pela morte do pai.
IMPORTANTE!!! No dano indireto você tem uma vítima que sofre uma cadeia de prejuízos. No dano reflexo há duas ou mais vítimas. O pai, num assalto foi alvejado e vem a morrer. A vítima direta é o pai. A vítima indireta é o filho. Esse filho, ao entrar com a indenização, pela ligação que tem com o pai, é a vítima indireta, que sofre o chamado dano reflexo ou em ricochete.
No dano boomerang existe uma inversão de posições na relação jurídica desencadeada pelo ato ilícito. Ex. Caio guiando o seu veículo abalroa o veículo de Tício, causando-lhe dano. Tício, ato contínuo, em reação deflagra tiros no veículo de Caio. Neste caso, quem era agente do dano se torna vítima e a vítima se torna autor. 
IMPORTANTE!!! Dano emergente e lucro cessante. Indenizar significa reparar o dano causado a vitima integralmente. O critério para o ressarcimento do dano material encontra-se no art. 402 do CC. Abrange o pagamento do dano emergente e do lucro cessante. 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu (DANOS EMERGENTES), o que razoavelmente deixou de lucrar (LUCRO CESSANTE).
Dano emergente: é efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima.
Lucro cessante: é a frustração da expectativa de lucro. É a perda de um ganho esperado. É apurado com base em fatos pretéritos, naquilo que vinha ocorrendo anteriormente. 
7.4.2. Dano moral
7.4.2.1 Conceito e Características
Em sua primeira fase, o dano moral era irreparável. Os autores, inclusiveno plano internacional, entendiam que era um exagero indenizar o dano moral. Falava-se em não haver preço da dor. Argumentava-se também que o dano moral não seria mensurável. Para eles, admitir o dano moral seria dar poder excessivo ao juiz. 
Numa segunda fase, no Brasil o dano moral passou a ser reparável, desde que condicionado à um dano material sofrido. Não existia autonomia jurídica na reparação do dano moral.
Em um terceiro momento, já após a CF/88 (art. 5º, V e X), o dano moral passou a ser reparado de maneira autônoma. 
O CC/02 torna explícita a reparação por dano moral, para afastar qualquer dúvida quanto à sua reparabilidade. 
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, AINDA QUE EXCLUSIVAMENTE MORAL, comete ato ilícito.
Conceito: Dano moral é LESÃO A DIREITO DA PERSONALIDADE (sempre). É o que atinge o ofendido como pessoa, não atingindo seu patrimônio.
IMPORTANTE!!! É perfeitamente cumulável, dada a sua autonomia, o pedido de indenização por dano moral e por dano estético (danos morais decorrentes do dano estético). 
“Só se deve reputar como dano moral a dor, vexame, sofrimento ou humilhação que, fugindo a normalidade, interfira intensamente no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições, angustia e desequilíbrio em seu bem estar. Mero aborrecimento esta fora da órbita do dano moral, pois fazem parte da normalidade do nosso dia a dia. (Sergio Cavalieri).”
Dessa forma, por si só, não se incluem na esfera do dano moral a pessoa ficar presa em porta detectora de metal em banco e exame de malas na alfândega.
IMPORTANTE!!! O dano moral dispensa prova em concreto, pois se passa no interior da personalidade e existe in re ipsa (se presume a existência).
IMPORTANTE!!! Dano moral e pessoa jurídica. Vem prevalecendo o entendimento que ADMITE a responsabilidade do dano moral infligido a pessoa jurídica, especialmente no caso de danos resultantes de abalo de credibilidade. A pessoa jurídica é titular de honra OBJETIVA, fazendo jus a indenização a dano moral sempre que seu bom nome, reputação ou imagem forem atingidos no meio comercial por algum ato ilícito. Nesse sentido a súmula 227 STJ: “A pessoa jurídica pode sofrer dano moral.”
7.4.2.2. Quantificação E Natureza Jurídica Do Dano Moral
O Brasil, alinhando-se à França, Suíça, Portugal e Espanha, adotou uma regra geral de responsabilidade por dano moral (Art. 186), não tendo consagrado normas específicas para o cálculo da indenização. Temos dois sistemas:
1º) SISTEMA ABERTO OU LIVRE: que utiliza o critério de arbitramento. A jurisprudência brasileira usa esse sistema. Arbitrar o dano moral é, no caso concreto, defini-lo no quantum mais adequado para o caso concreto (predomina no Brasil). 
Obs. O sistema do arbitramento deve ser podado por súmulas e pela uniformização de jurisprudência, para evitar subjetivismos. 
2º) SISTEMA TARIFADO: que utiliza o sistema do tarifamento legal. Pretende estabelecer em lei critérios prévios de quantificação por dano moral. Ou seja, se pretende fazer um tabelamento do valor devido a título de dano moral.
Obs. A lei de imprensa (foi revogada) tabelava o dano moral, e o STJ, na súmula 281, declara que é inconstitucional.
Súmula STJ: 281 A indenização por dano moral não está sujeita à tarifação prevista na Lei de Imprensa.
 
Existem alguns projetos que visam o tabelamento do dano moral. 
Em geral afirma-se que a natureza jurídica da reparação por dano moral é compensatória para a vítima e punitiva para o ofensor. Como toda reparação de dano, a finalidade precípua do ressarcimento dos danos não é punir o responsável, e sim recompor o patrimônio do lesado. O caráter punitivo é meramente reflexo, indireto.
IMPORTANTE!!! Começa a ganhar força no Brasil a teoria do desestímulo ou teoria do punitive damages. Essa teoria diz que, ao fixar o dano moral, além de compensar a vítima, o juiz deve desestimular o causador do dano, puni-lo, para que ele não volte a delinquir. É a função social da responsabilidade civil. 
Obs. Isso é muito importante para casos de lesões repetitivas, como boates e etc. Nos EUA isso é muito usado. Nos EUA, o valor reparatório vai para a vítima, o valor punitivo vai para creches, fundos etc. 
Dispõe o enunciado 379 da 4ª jornada de direito civil:
379 – Art. 944: O art. 944, caput, do Código Civil não afasta a possibilidade de se reconhecer a função punitiva ou pedagógica da responsabilidade civil.
#Cabe incidência de imposto de renda na indenização por dano moral?
O STJ decidiu que NÃO incide IR, o dano moral é apenas um quantum para voltar ao status quo ante, não ganho de capital. A indenização é a justa reparação, não é ganho de capital.
7.4.2.3 Prazo Prescricional Para Reclamar Dano Moral
IMPORTANTE!!! O prazo prescricional da pretensão de indenização por dano moral pode ser de três anos, de acordo com o CC ou de cinco anos, no âmbito do CDC (art. 27).
CDC Art. 27. Prescreve em cinco anos a pretensão à reparação pelos danos causados por fato do produto ou do serviço prevista na Seção II deste Capítulo, iniciando-se a contagem do prazo a partir do conhecimento do dano E de sua autoria.
Obs. Os direitos da personalidade são imprescritíveis. Contudo, violado um direito da personalidade, a pretensão de indenização é prescritível.
7.4.2.4 Responsabilidade Nas Relações De Família	
A partir do momento que a CF promoveu a dignidade da pessoa humana, a responsabilidade civil nas relações de família ganhou força. 
É inegável que no campo das relações de família ocorre dano moral. 
É possível que a mulher ou marido ajuíze ação de separação cumulada com dano moral (no caso de traição, por exemplo). 
Trata-se, segundo o prof. Inácio de Carvalho Neto, de responsabilidade extracontratual/aquiliana.
Já ha decisão dando indenização pela pratica de adultério, recusa a prática de ato sexual, forçar o parceiro a ato sexual anormal, maus tratos.
Abandono afetivo de filho também gera dano moral. Mas isto é controvertido. O STJ tem julgados concedendo o dano moral e julgados negando o dano moral. O posicionamento mais atual é no sentido de ser possível a condenação por dano moral em caso de abandono afetivo de filho.
LIVRO II
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL
TÍTULO I
DA AÇÃO OU OMISSÃO DO AGENTE
CAPÍTULO I
DA RESPOSANBILIDADE POR ATO PRÓPRIO
1- INFRAÇÃO A UM DEVER
A ação ou omissão do agente, que da origem a indenização, geralmente decorre da infração a um dever, que pode ser legal, contratual e social (abuso de direito).
Na responsabilidade extracontratual/aquiliana, o que se fere é uma norma legal (art. 186, 187 e 927). Neminem laedere (dever jurídico de não lesar outrem)
O art. 186 é o dispositivo que define a regra geral da responsabilidade civil, é quem define o ato ilícito.
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária (dolo), negligência ou imprudência (culpa), violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito. (responsabilidade SUBJETIVA)
2- ABUSO DE DIREITO
O art. 187 consagra o ABUSO DE DIREITO, que é equiparado ao ato ilícito. 
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. (responsabilidade OBJETIVA)
IMPORTANTE!!! Ao definir o abuso de direito o legislador NÃO TROUXE A EXIGÊNCIA DA CULPA (responsabilidade OBJETIVA).
	A pessoa mesmo agindo dentro dos seus direitos, pode, em alguns casos, ser responsabilizada. O abuso de direito prescinde da idéia de culpa (responsabilidade objetiva). Ocorre o abuso de direito quando o agente atuando dentro dos limites da lei deixa de considerar a finalidade social de seu direito subjetivo e dele exorbita, ao exercê-lo, causando prejuízo a outrem. Não ocorre violação aos limites objetivos da lei, maso agente se desvia dos fins sociais a que a lei se destina.
	A jurisprudência, em regra, considera abuso de direito o ato que constitui o exercício egoístico, anormal do direito, nocivo a outrem, contrário ao destino econômico e social do direito em geral. 
#Existe diferença entre a ilicitude do art. 186 (regra geral) e a ilicitude do art. 187 (abuso de direito)?
Existe sim, uma vez que a ilicitude prevista no artigo 186 é SUBJETIVA, ao passo que a ilicitude do artigo 187 é OBJETIVA, porquanto na definição do abuso de direito, o legislador utilizou um critério apenas finalístico não vinculado à culpa.
O nosso sistema é dual, consagra a ilicitude com culpa e a ilicitude sem culpa. 
IMPORTANTE!!! Vale lembrar que não caracteriza abuso de direito a situação de surrectio e consequente supressio, por conta da incidência do princípio da confiança (venire contra factum próprio).
Surrectio traduz uma situação jurídica favorável que se consolida ao longo do tempo, mesmo ao arrepio de uma norma, à luz do princípio da confiança determinando, em contrapartida, a perda de um direito ou faculdade originariamente conferido à outra parte (supressio). Um ganha e outro perde. Ex. Pessoa que se apropriou de área comum do condomínio para parar o carro, sem que o condomínio nunca reclamasse (o sujeito ganhou a área e o condomínio perdeu). Surrectio para a pessoa e Supressio para o condomínio. 
3- ROMPIMENTO DE NOIVADO E SEPARAÇÃO JUDICIAL
	É princípio da ordem pública que qualquer dos noivos tem a liberdade de se casar e de se arrepender. Dependendo da forma de como o arrependimento se manifesta (sem justo motivo, acarretando dano moral ou patrimonial), pode dar causa a ação de indenização.
	Os noivos realizam despesas, tais como, enxoval, buffet e etc. O arrependimento do outro acarretará, então, prejuízo. Se não houve justo motivo para a mudança de atitude, o lesado terá o direito de obter a reparação do dano. 
	A responsabilidade do desistente só será reconhecida se:
Se inexistir motivo justo para a retratação. Ex. mudança de religião, infidelidade e etc.
Se ficar provado que o rompimento causou dano material ou moral ao outro noivo.
Se o marido agride a esposa, lhe causa ferimentos graves ou comete calúnia injúria (crime contra honra), tal conduta, além de constituir causa de separação, pode gerar ação de indenização de perdas e danos. 
O que carece de fundamentação legal é o pedido de indenização fundado no só fato da ruptura conjugal.
O adultério, embora constitua causa para a separação, não induz, por si só, a concessão de indenização por dano moral. A indenização é devida somente se a violação do dever de fidelidade extrapolar normalidade genérica. 
4- DIREITO A IMAGEM
O direito a imagem integra o rol dos direitos a personalidade.
Dispõe o art. 20 do CC e o inciso V do art. 5º da CF:
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais.
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
CF Art. 5º, 
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além da indenização por dano material, moral ou à imagem;
CAPÍTULO II
RESPONSABILIDADE INDIRETA
É indireta porque não foi o sujeito responsável que diretamente agiu (foi o animal ou a coisa).
Subdivide-se em RESPONSABILIDADE POR ATO DE TERCEIRO e RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA OU DO ANIMAL.
RESPONSABILIDADE POR ATO DE TERCEIRO
1- PRESUNÇÃO DE CULPA E RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA 
A responsabilidade por ato de terceiro é uma responsabilidade INDIRETA.
#O que se entende por responsabilidade indireta?
A responsabilidade civil DIRETA, também chamada de simples ou por ato próprio, é aquela que o agente do dano é o responsável por sua reparação. Deriva de fato causado diretamente pelo agente que gerou o dano.
 
A responsabilidade civil INDIRETA ou COMPLEXA ocorre quando o responsável pela reparação do dano é pessoa distinta da causadora direta da lesão. É a que decorre de ato de terceiro, com o qual o agente tem vínculo legal de responsabilidade, além das situações de fato de animal ou fato da coisa.
 
Veja como o tema está disposto no Código Civil:
 
Responsabilidade por ato de terceiro:
 
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições;
III - o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele;
IV - os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos;
 
Responsabilidade pelo fato do animal:
 
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
Responsabilidade pelo fato da coisa:
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
 
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
No caso de concurso de agentes na prática de um ato ilícito surge a solidariedade.
Art. 942. Os bens do responsável pela ofensa ou violação do direito de outrem ficam sujeitos à reparação do dano causado; e, se a ofensa tiver mais de um autor, todos responderão SOLIDARIAMENTE pela reparação.
Parágrafo único. São SOLIDARIAMENTE responsáveis com os autores os co-autores e as pessoas designadas no art. 932.
	
As pessoas do art. 932 são responsabilizadas ainda que não haja culpa de sua parte. O CC 2002 abandonou o critério da culpa presumida, para responsabilizar os pais, tutores, patrões e etc. independentemente de culpa.
Art. 933. As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte (responsabilidade OBJETIVA), responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos.
IMPORTANTE!!! No CC/16 a responsabilidade por ato de terceiro era baseada na culpa, que era presumida (culpa in vigilando, culpa in eligendo). O CC/02 revolucionou a matéria. Hoje, a responsabilidade por ato de terceiro é OBJETIVA. 
Obs. A responsabilidade objetiva imprópria (é a responsabilidade por culpa presumida, invertendo-se o ônus da prova) é espécie de responsabilidade subjetiva, vez que, mesmo sendo presumida, existe discussão a respeito da culpa. A responsabilidade objetiva é quando a responsabilidade independe de culpa.
#O que se entende por culpa presumida?
Ensina o Professor Cristiano Chaves que a regra geral prevista no art. 927, caput do Código Civil é da responsabilidade subjetiva com base na culpa, a qual deve ser provada pela vítima. No entanto, como exceção, o sistema admite a responsabilidade subjetiva com culpa presumida em que haverá a inversão do ônus de prova, ou seja, a vítima fica dispensada de provar a culpa do agente. Esta responsabilidade só será possível nos casos previstos em lei. Exemplo de responsabilidade subjetiva com culpa presumida: responsabilidade contratual (a responsabilidade do cirurgião plástico também é responsabilidade subjetiva com culpa presumida, de acordo com o STJ).
2- RESPONSABILIDADE DOS PAIS, DOS TUTORES E CURADORES
1ª) Pais pelos filhos menores: 
Os pais respondem pelos atos dos filhos que estiveremsobre sua autoridade e companhia, ainda que estes não tenham discernimento. 
A responsabilidade paterna independe de culpa. Ex. pai que deixa o filho menor dirigir carro.
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil:
I - os pais, pelos filhos menores que estiverem sob SUA AUTORIDADE E EM SUA COMPANHIA;
II - o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; (Tem que estar sob autoridade E COMPANHIA). 
No CC/02 pode haver responsabilidade civil do absolutamente e do relativamente incapaz, SUBSIDIÁRIA a do seu representante. 
RESPONSABILIDADE CIVIL DO INCAPAZ
Art. 928. O incapaz (absoluta ou relativamente) responde pelos prejuízos que causar, se as pessoas por ele responsáveis não tiverem obrigação de fazê-lo ou não dispuserem de meios suficientes.
Parágrafo único. A indenização prevista neste artigo, que deverá ser eqüitativa, não terá lugar se privar do necessário o incapaz ou as pessoas que dele dependem.
Obs. O incapaz tem responsabilidade SUBSIDIÁRIA, primeiro deve-se buscar que o representante arque com os danos. O incapaz só responde se o representante não tiver a obrigação de reparar, ou não dispuserem de meios suficientes. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! A única hipótese em que poderá haver RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA entre os pais e o menor de 18 anos, é quando o menor tiver sido emancipado aos 16 anos de idade (emancipação voluntária apenas). Fora dessa situação a responsabilidade será exclusivamente dos pais ou exclusivamente dos filhos. Sua responsabilidade solidária cessa, porém, quando a emancipação deriva de outras causa previstas no art. 5º parágrafo único do CC.
	Pode haver cumulação da responsabilidade paterna com a de terceiro. Ex. menor provoca acidente de carro com veiculo emprestado por outro.
	O simples afastamento do filho da casa paterna por si só não elide a responsabilidade dos pais. 
IMPORTANTE!!! Pais separados. Na forma do CC, os pais só respondem se o filho estiver sobre sua AUTORIDADE E COMPANHIA. Para o CC, só responde o pai ou a mãe que estiver com a guarda da criança. Durante o período de visitas, a responsabilidade é do que não tem a guarda. 
#Quando o representante não tem a obrigação de reparar a vítima?
O ECA traz uma medida pecuniária, para o adolescente que comete ato infracional de natureza patrimonial. Nesse caso, é o incapaz que tem a obrigação, por seus próprios meios.
 
Se a guarda do menor é deferida a terceiro, torna-se este o único responsável pelos seus atos, ficando exonerados os pais. Assim, no período em que os alunos se encontram no estabelecimento de ensino, o dever de vigilância passa ao educandário, ficando isento os pais.
Obs. Nenhuma reponsabilidade cabe ao educador em se tratando de educando maior. 
	Quando o menor é empregado ou preposto de outrem, e o ato ilícito é praticado no exercício do trabalho, ou em razão dele, a responsabilidade será do empregador. 
IMPORTANTE!!! O pai não responde por nenhum ato praticado por filho maior, ainda que viva em sua companhia, 
Obs. Na guarda compartilhada ambos têm a guarda e ambos são responsáveis pelos atos dos filhos.
Tudo que foi dito até agora se aplica tutores e curadores. 
Obs. É ineficaz cláusula excludente de responsabilidade estatuída no regulamento do nosocômio assinado entre a clínica e o curador, uma vez que a delegação de vigilância transfere a responsabilidade ao estabelecimento, gratuita ou onerosamente. 
3- RESPONSABILIDADE DOS EMPREGADORES
A responsabilidade é OBJETIVA do empregador, na relação interna. Não existe mais presunção de culpa.
IMPORTANTE!!! O empregador só responde pelo ato do empregado se o dano for causado no exercício do trabalho, OU EM RAZÃO DELE. 
Obs. Sumula 341 STJ: “É presumida a culpa do patrão ou comitente pelo ato culposo do empregado ou preposto”. Prejudicada esta súmula, pois o CC diz que a responsabilidade é OBJETIVA (independente de culpa – art. 933 CC).
Obs. No período de descanso intrajornada, o empregador responde também. 
IMPORTANTE!!! Carro da empresa com empregado. Muitas empresas dão carro ao empregado, inclusive nos fins de semana. Como o STJ tem responsabilizado inclusive quem empresta o carro, muito provavelmente, a empresa seria responsabilizada. Pode-se argumentar, contudo, que o eventual dano não foi causado no exercício do trabalho ou em razão dele, para tentar excluir o patrão. 
	O empregador não é responsável pelo dano se a vítima sabia que o preposto procedia fora de suas funções. Mas em geral, o patrão é responsável mesmo que o preposto tenha agido fora de sua função, uma vez que o terceiro não tem obrigação de conhecer os limites das funções do empregado. 
4 - DONOS DE HOTEL/HOSPEDARIAS/ESCOLAS PELOS HÓSPEDES/ALUNOS
Segundo José de Aguiar dias, justifica responsabilidade dos donos dos hotéis o dever de segurança implícito no contrato de hospedagem. 
Segundo Carlos Roberto Gonçalves, só respondem por fato ocorrido no interior das dependências da hospedaria.
	A responsabilidade quanto as escolas públicas cabe ao Estado. 
IMPORTANTE!!! Os donos de escolas só respondem pelos atos dos educandos menores. Não são os pais. Quando eles deixam o filho na escola, eles transferem a responsabilidade.
Obs. Se o educando for maior, o dono da escola não responde, com base nesse fundamento. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! Se o dano é causado contra terceiros, a escola responde pelo prejuízo objetivamente. Tem ação regressiva contra os alunos que puderem efetuar o ressarcimento. Não podem ajuizar a respectiva ação contra os pais, pois estes transferiram o poder de vigilância para a escola no período das aulas. Se, porém, o dano é sofrido pelo aluno, tem este ação contra o estabelecimento.
5- OS QUE HOUVEREM PARTICIPADO, AINDA QUE GRATUITAMENTE, NO PRODUTO DO CRIME
O que participa do produto do crime é solidariamente responsabilizado, para evitar o enriquecimento sem causa. 
6- AÇÃO REGRESSIVA MOVIDA PELO QUE PAGA INDENIZAÇÃO
#Se o empregador pagar pelo empregado, se o pai pagar pelo filho, se o dono de hotel pagar pelo hóspede, etc. tem ação regressiva? 
Sim. Existe ação regressiva, exceto se o causador do dano for DESCENDENTE SEU, ABSOLUTA OU RELATIVAMENTE INCAPAZ. 
IMPORTANTE!!! O pai só poderá demandar regressivamente o filho se ele for capaz. 
Art. 934. Aquele que ressarcir o dano causado por outrem pode reaver o que houver pago daquele por quem pagou, SALVO se o causador do dano for descendente seu, absoluta ou relativamente incapaz.
Resumindo!!! Fica excluído somente a possibilidade de haver ação regressiva dos pais contra os filhos menores e dos tutores, curadores e educadores contra os incapazes que não puderem privar-se do necessário. 
IMPORTANTE!!! PODE HAVER DENUNCIAÇÃO DA LIDE para garantir desde logo o direito regressivo de quem paga o dano do outro (o patrão pode denunciar a lide ao empregado).
Carlos Roberto Gonçalves lembra que existe discussão se o pagamento da indenização pelo pai, por ato de filho pode significar antecipação de herança. Sobre o tema existem duas correntes: (1º) que fala que é justo que isso seja antecipação da herança, senão os demais herdeiros seriam prejudicados; (2º) a responsabilidade do pai é própria (ele é responsável), não pode atingir a herança do filho. CRG é adepto da primeira posição. 
7- RESPONSABILIDADE CIVIL DOS EMPRESÁRIOS INDIVIDUAIS E AS EMPRESAS PELOS PRODUTOS POSTOS EM CIRCULAÇÃO
	
Dispõe o art. Art. 931 CC que, ressalvados outros casos previstos em lei especial (CDC), os empresários individuais e as empresas respondem independentemente de culpa pelos danos causados pelos produtos postos em circulação.
	O CC dispõe expressamente sobre a responsabilidade das pessoas acima. A legislação especial que é ressalvada acima é o CDC.
CAPÍTULO III
RESPONSABILIDADE PELO FATO DA COISA E DO ANIMAL
O direito se desenvolveu no sentido de reconhecer que a responsabilidade pelo fato deveser atribuída ao guardião da coisa ou do animal. Lembra Cavalieri, que o guardião da coisa/animal é a pessoa que detém poder de comando sobre ele (em regra quem responde é o dono, mas o detentor também pode ser responsabilizado). 
 
1- RESPONSABILIDADE PELO FATO OU GUARDA DO ANIMAL
Diferentemente do art. 1527 do CC/16, o art. 936 do CC/02, consagrou a responsabilidade OBJETIVA pelo fato do animal. Ou seja, não se discute a culpa no evento. 
Art. 936. O dono, ou detentor, do animal ressarcirá o dano por este causado, se não provar culpa da vítima ou força maior.
Pablo Stolze fala que não se discute a culpa, já o Carlos Roberto Gonçalves fala que é responsabilidade objetiva imprópria (culpa presumida). 
IMPORTANTE!!! E de quem é a responsabilidade por acidente causado em virtude de animal na pista?
O STJ atribui ao Estado responsabilidade subjetiva por omissão em caso de acidente com animal na pista. 
IMPORTANTÍSSIMO!!! No caso de CONCESSIONÁRIAS, rodovias com pedágio, a responsabilidade é OBJETIVA com base no CDC.
CDC. Art. 14. O fornecedor de serviços responde, INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.
2- RESPONSABILIDADE NA GUARDA DA COISA INANIMADA
	A regra nessa matéria é a de que se presume a responsabilidade dos proprietários das coisas em geral, e de animais, pelos danos que venham a causar a terceiros. 
	Se o proprietário fica privado da guarda ou controle da coisa por furto ou roubo, sua responsabilidade desaparece, salvo se concorreu para a perda da posse por negligencia. Ex. deixar veiculo com a chave na ignição. 
Obs. Súmula 492 do STF.
STF Súmula nº 492 - A empresa locadora de veículos responde, civil e SOLIDARIAMENTE com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.
	Tal súmula não vem sendo aplicada aos casos de arrendamento mercantil ou leasing e aos casos de alienação fiduciária, por não se confundirem com o contrato de locação, nesses participando a financeira como mera intermediária. 
3- RESPONSABILIDADE PELA RUINA DO EDIFÍCIO 
No novo CC, a responsabilidade pelo fato da coisa se dá em duas situações: pela ruína dos edifícios ou construções ou por objetos lançados ou caídos em local indevido. 
Obs. A ruína pode ser total ou parcial 
O responsável pela ruína é o dono do edifício, não importando se o edifício estava alugado. 
Há presunção de responsabilidade do dono do edifício ou construção quando qualquer parte de sua estrutura cai sobre as propriedades vizinhas ou sobre transeuntes. 
O artigo parece que quer dizer que a vítima tem que provar a falta de reparos, ou mesmo que o réu poderia provar que fez os reparos. Isso, contudo, é mentira, o fato de ter ocorrido à ruína já diz que não houve os reparos. Trata-se de responsabilidade OBJETIVA.
Art. 937. O dono de edifício ou construção responde pelos danos que resultarem de sua ruína, se esta provier de falta de reparos, cuja necessidade fosse manifesta.
Carlos Roberto Gonçalves fala que é culpa presumida. 
Ex. Danos a carro na rua, queda de elevador e etc.
4- RESPONSABILIDADE RESULTANTE DE COISAS QUE CAÍREM EM LUGAR INDEVIDO 
Obs. A ação judicial que a vítima deve propor é actio de effusis et dejectis. A pretensão para esta ação prescreve em três anos. 
Trata-se de responsabilidade OBJETIVA. 
O responsável pelo dano é a pessoa que HABITA a unidade residencial de onde caiu o objeto – diferente de ruina (pode ser proprietário, locatário, usufrutuário...).
Art. 938. Aquele que habitar prédio, ou parte dele, responde pelo dano proveniente das coisas que dele caírem ou forem lançadas em lugar indevido.
Se não se souber de que apartamento foi lançado o projétil, sob influência da teoria da causalidade alternativa, todo o condomínio pode ser responsabilizado. 
Obviamente, ficam excluídos os moradores de onde o projétil não poderia ter saído (teoria da exclusão). 
Se o condomínio tiver mais de um bloco, é pacífico que os moradores dos dois blocos podem responder pela queda do objeto (nesse caso situações iguais merecem tratamentos iguais). 
5- EXERCÍCIO DE ATIVIDADE PERIGOSA (TEORIA DO RISCO)
Até o início do século XX, baseado no CC da França, a responsabilidade civil era subjetiva, lastreada no elemento culpa.
Durante o século XX, com os avanços industriais e tecnológicos ocorridos, uma grande mudança ocorreu no seio da sociedade. Viver em sociedade tornou-se mais arriscado. 
A doutrina e jurisprudência francesa começaram a repensar a responsabilidade civil. Já considerando que a necessidade de se provar a culpa, em todos os casos, é causa de inegável injustiça, porque isso tornaria várias pessoas irressarcidas. 
Concluíram que em determinados casos, em determinadas atividades, a prova da culpa é muito difícil. Surgiu aí a idéia de responsabilidade objetiva, tornando-se desnecessária, em alguns casos, a prova de culpa (responsabilidade objetiva pura). 
Ex. Como uma pessoa provar que uma empresa deixou de dar manutenção em um trem?
A responsabilidade objetiva não surgiu do nada, foi paulatina.
No início, surgiram casos onde o ordenamento presumia a culpa permitindo a prova em contrário. Responsabilidade objetiva imprópria (culpa presumida).
Ocorre que isso se tornou insuficiente, com os avanços da sociedade. 
Daí surgiu à responsabilidade civil objetiva, que prescinde da análise da culpa. A responsabilidade objetiva foi baseada na TEORIA DO RISCO, todo aquele que cria um risco, deve se sujeitar às consequências dele. 
O direito brasileiro sempre foi muito ligado ao direito francês. No Brasil, o CC/16 adotava a regra geral da responsabilidade com base na culpa. A responsabilidade objetiva chegou ao Brasil através das leis especiais (a primeira lei foi o decreto 2681/12, que tratava de acidentes ferroviários; posteriormente veio a lei de acidente de trabalho; a lei do DPVAT). 
O nosso novo CC/02, no art. 927, consagrou as duas formas de responsabilidade civil, tanto a objetiva, como a subjetiva. 
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos CASOS ESPECIFICADOS EM LEI, OU QUANDO A ATIVIDADE NORMALMENTE DESENVOLVIDA PELO AUTOR DO DANO IMPLICAR, POR SUA NATUREZA, RISCO PARA OS DIREITOS DE OUTREM.
O parágrafo único traz a responsabilidade objetiva, em duas hipóteses:
a) Casos de legislação específica.
b) Quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
Obs. O legislador estabelece que esta responsabilidade objetiva pressuponha uma atividade reiterada ou habitualmente exercida (trata-se do advérbio “normalmente”).
IMPORTANTÍSSIMO!!! Trata-se da mais relevante introdução ao CC 2002 no que tange a responsabilidade. Antes a responsabilidade independente de culpa somente existia nos casos especificados em lei. ATUALMENTE, MESMO NÃO ESTANDO O FATO PREVISTO EM LEI, PODE O JUIZ APLICAR O PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA “quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.” (art. 927 §único 2ª parte)
Obs. Em relação a acidentes de veículos, a jurisprudência ainda tem se utilizado do critério da culpa para solucionar os litígios. Entretanto, em casos de atropelamento, sem culpa da vítima, ou batidas em postes ou veículos parados, tem-se utilizado da teoria do risco objetivo. 
Obs. A responsabilidade objetiva pressupõe uma conduta potencialmente danosa (“por sua natureza”). Ex. Fabricação de explosivos, produtos químicos, energia nuclear.
IMPORTANTE!!! A responsabilidade objetiva pressupõe também que a atividade traduza um RISCO-PROVEITO. Não basta qualquer risco, o que justifica a responsabilidadesem culpa é o risco proveito. O risco-proveito pressupõe uma atividade praticada com vistas a um proveito. Ex. Caminhão da CVRD que tomba em cima de uma casa.
Ex. O motorista de táxi, também se sujeita à responsabilidade objetiva (seja pelo CC ou pelo CDC).
#QUESTÕES ESPECIAIS DE CONCURSO#
As empresas locadoras de veículo, nos termos da súmula 492 do STF, são SOLIDARIAMENTE responsáveis pelo acidente causado pelo locatário.
STF Súmula 492 A empresa locadora de veículos responde, civil e SOLIDARIAMENTE com o locatário, pelos danos por este causados a terceiro, no uso do carro locado.
 
#Veículo alienado, sem registro da transferência no DETRAN, implica responsabilidade do antigo dono, em caso de acidente?
O STJ, em sua súmula 132, fixou a regra no sentido de que a responsabilidade em caso de acidente envolvendo veículo alienado sem registro de transferência no DETRAN, NÃO é mais do antigo proprietário, sob o fundamento de já se ter operado a tradição. 
STJ Súmula 132 A ausência de registro de transferência NÃO implica a Responsabilidade do antigo proprietário por dano resultante de acidente que envolva veículo alienado. 
IMPORTANTE!!! #De quem é a responsabilidade civil em caso de veículo emprestado?
À luz da teoria da guarda, a responsabilidade deveria ser do comodatário, do condutor. Isso porque houve transferência do poder de comando (isso se se emprestou à pessoa habilitada e apta a dirigir). Ocorre, porém, que o STJ não pensa assim. Em reiteradas decisões (Resp 343649/MG) o STJ sustenta a SOLIDARIEDADE entre o dono do carro e quem tomou emprestado. Parte da doutrina critica tal posicionamento pois a solidariedade tem que advir de lei ou da vontade das partes, o que não ocorreria na hipótese.
TÍTULO II
DA CULPA
1- CONCEITO E ELEMENTOS
	A culpa é um dos pressupostos da responsabilidade civil. A obrigação de indenizar não existe, em regra, só porque o agente causador do dano procedeu objetivamente mal. É essencial que tenha agido com culpa: por ação ou omissão voluntária, por negligencia, imprudência ou imperícia. 
	O critério para a aferição da diligência exigível do agente, e, portanto, para caracterização da culpa, é o da comparação do seu comportamento com o do homem médio. 
2- CULPA E DOLO
	Dolo é o propósito de causar dano a outrem. 
	Se o prejuízo da vítima é decorrência de comportamento negligente e imprudente do autor do dano, diz-se que houve culpa stricto sensu, também denominada de culpa aquiliana. 
	O CC, entretanto, não fez distinção alguma entre dolo e culpa, nem entre os graus de culpa, para fins de reparação do dano. Mesmo a culpa levíssima gera a obrigação de indenizar, obrigação esta que será calculada exclusivamente sobre a extensão do dano. 
	O valor da indenização nunca pode exceder o valor dos danos causados ao lesado. Por outro lado, não deve ser menos que estes. 
	Entretanto, o parágrafo único do art. 944 do CC confere ao juiz o poder de agir equitativamente, facultando-lhe reduzir a indenização quando excessiva, se mostrar a desproporção entre seu valor e o grau de culpa do responsável. 
3- CULPA E RISCO
	São as seguintes fases pelas quais passou a teoria da responsabilidade civil:
Primeiro procurou-se proporcionar maior facilidade a prova da culpa.
Admissão da teoria do abuso de direito como ato ilícito.
Estabelecimento de casos de presunção de culpa, casos estes que invertem o ônus da prova, melhorando a situação da vítima. 
Adoção da teoria do risco, pela qual não há falar em culpa. Basta a prova da relação de causalidade entre a conduta e o dano. 
A teoria do risco, embora admitida em algumas hipóteses específicas pelo legislador, não se generalizou, pois na maioria dos casos ainda prevalece a teoria da culpa. 
4- EFEITOS NO CIVIL DA SENTENÇA PROFERIDA NO CRIME
4.1 INTERAÇÃO ENTRE AS JURISDIÇÕES CIVIL E PENAL
	Dispõe o art. 935 do CC:
Art. 935. A responsabilidade civil é independente da criminal, não se podendo questionar mais sobre a existência do fato, ou sobre quem seja o seu autor, quando estas questões se acharem decididas no juízo criminal.
	Tal dispositivo realça a independência entre as esferas civil e penal. Só que, tal separação não é absoluta e o sistema adotado no CC é o da independência relativa (vincula-se quanto a existência do fato e a autoria). 
4.2 SENTENÇA CRIMINAL CONDENATÓRIA
	A sentença criminal condenatória Sempre faz coisa julgada no cível, porque para haver condenação criminal o juiz tem de reconhecer a existência do fato e a sua autoria, bem como o dolo ou a culpa do agente. Inteligência dos arts. 91, I do CP e 475, N, II do CPC. 
CP  
Art. 91 - São efeitos da condenação:  
I - tornar certa a obrigação de indenizar o dano causado pelo crime;
NOVO CPC
Art. 515. São títulos executivos judiciais:  
VI - a sentença penal condenatória transitada em julgado;
	Na execução promovida no juízo civil, com base em tal título, não mais se discutirá o an debeatur (se deve) e sim o quantum debeatur (quanto é devido). 
	Já decidiu o STF que o MP é parte ativa legítima para a ação civil de indenização, em favor da vítima pobre, enquanto não tiver defensoria instalada na região (inconstitucionalidade progressiva).
IMPORTANTE!!! A sentença penal do empregado não pode ser executada contra o patrão, uma vez que este não figura no título. 
	Há divergências sobre a possibilidade de ser ou não rediscutida a ilicitude da conduta do preposto, condenado criminalmente. A opinião correta é no sentido de que a coisa julgada só pode atingir o réu do processo penal, não o responsável civil. Assim, poderá o patrão, em tese, rediscutir a sentença penal condenatória, não só no tocante a sua responsabilidade civil, mas também no que se refere ao reconhecimento do fato e de sua autoria. 
4.3 SENTENÇA ABSOLUTÓRIA 
Faz coisa julgada no civil:
Quando reconhece expressamente a inexistência do fato ou que o réu não foi o autor.
Quando reconhece que o fato foi praticado em razão de uma causa excludente da ilicitude. A legítima defesa precisa ser real e contra o agressor, pois a putativa (exclui apenas a culpabilidade) e a que causa dano a terceiro não excluem a responsabilidade civil. Também não a exclui o ato praticado em estado de necessidade. 
Não faz coisa julgada no civil:
Quando a absolvição se da por falta ou insuficiência de provas.
Quando a absolvição se da por não ter havido culpa do agente. O juiz criminal é mais exigente em matéria de culpa.
Quando ocorre absolvição porque se reconhece que o fato não constitui infração penal. 
Observações importantes:
As sentenças de pronúncia e de impronúncia não obstam a ação civil, pois ainda não há qualquer condenação criminal.
Não obsta a propositura da ação civil o arquivamento do IP e a decisão que julgar extinta a punibilidade. 
Se o juiz entender necessário, poderá (facultatividade) suspender o andamento da ação de indenização, até a solução do processo criminal (prazo máximo de um ano). A simples existência de IP e a propositura de revisão criminal não suspende o processo. 
Se a ação civil for julgada improcedente (transitada em julgado) e sobrevier condenação criminal, essa condenação criminal esbarra numa situação definitivamente consolidada pela coisa julgada civil.
A prescrição da pretensão executória da condenação, que só ocorre depois do trânsito em julgado da sentença, não retira a força executiva desta, exercitável no âmbito civil.
A prescrição retroativa e a prescrição intercorrente são forma de extinção da pretensão punitiva e, por isso, afastam todos os efeitos, principais e secundários, penais e extrapenais, da condenação. 
O perdão judicial é causa extintiva da punibilidade, e a sentença que o concede é declaratória, não subsistindo qualquer efeito, inclusive de natureza secundária. Súmula 18 STJ.
Situações em que a sentença proferida no juiz civil é que vai influenciar o processo crime, fazendocoisa julgada: (i) crime de bigamia; (ii) esbulho possessório; e (iii) falsidade documental. 
TÍTULO III
DA RELAÇÃO DE CAUSALIDADE
1- O LIAME DA CAUSALIDADE
	Se houve dano, mas a sua causa não está relacionada com o comportamento de agente, inexiste a relação de causalidade e, também, obrigação de indenizar.
O nexo de causalidade traduz o liame jurídico que conecta ou vincula o agente ao prejuízo correspondente. A culpa da vítima, o caso fortuito e a força maior rompem o nexo de causalidade, afastando a responsabilidade do agente.
Art. 393. O devedor não responde pelos prejuízos resultantes de caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado.
Parágrafo único. O caso fortuito ou de força maior verifica-se no fato necessário, cujos efeitos não era possível evitar ou impedir.
A teoria do nexo causal encerra dificuldades porque, em razão do aparecimento de concausas, a pesquisa da verdadeira causa do dano nem sempre é fácil. 
2- A PESQUISA DO NEXO CAUSAL 
Existem três teorias que tentam explicar o nexo de causalidade:
Teoria da equivalência de condições ou conditio sine qua non: é a teoria adotada pelo código penal, com as mitigações da doutrina da imputação objetiva. Tal teoria foi desenvolvida por Von Buri. Ela não diferencia os antecedentes fáticos, de maneira que tudo aquilo que concorre para o prejuízo é considerado causa. Os antecedentes se equivalem, tem a mesma importância. Essa teoria pode levar ao infinito (pode ir até a Adão e Eva).
Teoria da causalidade adequada: desenvolvida por Von Kries, essa teoria sustenta que nem todo antecedente é causa. Causa é apenas o antecedente abstratamente idôneo e adequado a produzir o resultado danoso.
Ex. Sujeito tranca outro no banheiro do aeroporto, fazendo-o perder o avião das 14h. Ao pegar o avião das 16h, o avião cai e ele morre. O cara que trancou o sujeito não tem responsabilidade (trancar alguém no banheiro não é causa adequada para matar alguém). 
Teoria da CAUSALIDADE DIRETA E IMEDIATA/teoria da necessariedade do dano ou teoria da interrupção do nexo causal: essa teoria encontra fundamento na doutrina do professor Agostinho Alvim, Gustavo Tepedino e Carlos Roberto Gonçalves. 
Para muitos, essa teoria foi adotada pelo CC/02, no art. 403. 
Art. 403. Ainda que a inexecução resulte de dolo do devedor, as perdas e danos só incluem os prejuízos efetivos e os lucros cessantes por efeito dela DIRETO E IMEDIATO, sem prejuízo do disposto na lei processual.
Para essa teoria basta ver qual é a CAUSA DIRETA do fato
Está é uma teoria que restringe a causa do fato à causa direta. Esta teoria parte da premissa de análise mais incisiva porque para ela é preciso que exista um vínculo, um liame necessário, entre aquele antecedente que se considera causa e o resultado. Por essa teoria, você se pergunta: #Esse comportamento anterior foi CAUSA DIRETA desse resultado? Se a resposta for sim, é porque há o nexo de causalidade. Para essa teoria você não pergunta se a causa é adequada. Você pergunta se a causa é direta. Você vai indagar se há um vínculo necessário entre o resultado e a causa.
TÍTULO IV
DO DANO E SUA LIQUIDAÇÃO
1- CONCEITO E REQUISITOS DE DANO
Sem a prova de dano, ninguém pode ser responsabilizada civilmente. O dano pode ser material ou extrapatrimonial (moral). 
Dano é a lesão de qualquer bem jurídico, patrimonial ou moral. É toda desvantagem ou diminuição que sofremos em nossos bens jurídicos.
	Embora se possa falar em responsabilidade civil sem culpa, não se pode falar em responsabilidade civil sem dano. 
Dano material ou patrimonial é o que afeta somente o patrimônio do ofendido. Moral ou extra patrimonial é o que só ofende o lesado como ser humano, não lhe atingindo o patrimônio. Se há consequências de ordem patrimonial, ainda que mediante repercussão, o dano deixa de ser extrapatrimonial. 
Lembrar!!! Indeniza-se o dano! Só há indenização com dano. Sem a prova do dano, ninguém pode ser indenizado civilmente. O dano pode ser patrimonial ou extra-patrimonial (moral), direto ou indireto. A inexistência de dano torna sem objeto a pretensão a sua reparação.
EXCEÇÃO!!! Aquele que demanda dívida já paga deve pagar em dobro. 
Art. 940. Aquele que demandar por dívida já paga, no todo ou em parte, sem ressalvar as quantias recebidas ou pedir mais do que for devido, ficará obrigado a pagar ao devedor, no primeiro caso, o dobro do que houver cobrado e, no segundo, o equivalente do que dele exigir, salvo se houver prescrição.
Para Carlos Roberto Gonçalves, esse é um caso de responsabilidade independente de dano. 
	Para CRG, outra exceção é o art. 416 do CC, que permite ao credor cobrar a cláusula penal sem precisar provar o prejuízo. 
IMPORTANTE!!! O dano pode ser um dano reflexo, em ricochete ou indireto e dano boomerang.
DANO INDIRETO remete-nos à ideia de uma cadeia de prejuízos: a mesma vítima sofre um dano direto e danos indiretos ou consequenciais. Ex. Eu comprei um cavalo. Quando recebi o animal, verifiquei que o animal tinha uma doença letal. Eu sofri um dano direto porque o animal veio infectado, só que esse cavalo infectou três outros cavalos meus. Neste caso, sofri danos indiretos. Danos indiretos não se confundem com os danos reflexos ou em ricochete.
O DANO REFLEXO (ou em ricochete) é aquele que atinge, além da vítima direta, uma vítima indireta a exemplo do filho que sofre o dano pela morte do pai.
IMPORTANTE!!! No dano indireto você tem uma vítima que sofre uma cadeia de prejuízos. No dano reflexo há duas ou mais vítimas. O pai, num assalto foi alvejado e vem a morrer. A vítima direta é o pai. A vítima indireta é o filho. Esse filho, ao entrar com a indenização, pela ligação que tem com o pai, é a vítima indireta, que sofre o chamado dano reflexo ou em ricochete.
No DANO BOOMERANG existe uma inversão de posições na relação jurídica desencadeada pelo ato ilícito. Ex. Caio guiando o seu veículo abalroa o veículo de Tício, causando-lhe dano. Tício, ato contínuo, em reação deflagra tiros no veículo de Caio. Neste caso, quem era agente do dano se torna vítima e a vítima se torna autor. 
IMPORTANTE!!! Ter em mente que nem todo dano é indenizável. Existem três requisitos para o dano ser indenizável:
a) Lesão a um interesse juridicamente tutelado (o simples fim de um namoro, por si só, não é interesse juridicamente tutelado para efeito de indenização). 
b) A subsistência do prejuízo (o dano só é indenizável se o prejuízo subsistir).
c) Certeza do dano e atualidade. Atual é o dano que já existe no momento da ação de responsabilidade. O dano, para ser indenizável, deve ser certo, não se indeniza dano hipotético.
Obs. Este requisito é relativizado pela teoria francesa da perda de uma chance. 
Danos por PERDA DE UMA CHANCE.
No que concerne à perda de uma chance como nova categoria de dano, cresce na jurisprudência o número de julgados de sua aplicação.
A perda de uma chance está caracterizada quando a pessoa vê frustrada uma expectativa, uma oportunidade futura, que, dentro da lógica do razoável, ocorreria se as coisas seguissem o seu curso normal. Essa chance deve ser séria e real. Buscando critérios objetivos para a aplicação da teoria, Sérgio Savi leciona que a perda da chance estará caracterizada quando a probabilidade da oportunidade for superior a 50%.
Inúmeros são os julgados que responsabilizam advogados por perderem prazos.
Na seara médica, o TJ-RS já responsabilizou um hospital por morte de recém-nascido, havendo a perda de chance de viver. Fala-se ainda em perda de chance de cura do paciente, pelo emprego de uma técnica malsucedida pelo profissional da saúde.
O TJ-RS também responsabilizou um curso preparatório para concursos que assumiu o compromisso de transportar o aluno até o local da prova, porém houve atraso no transporte, o que gerou a perda da chance de disputa em concurso público.De toda sorte, em caso também envolvendo concurso público, o STJ entendeu pela não incidência da teoria, pois a chance do candidato que teve a sua expectativa frustrada não era séria e real. Informativo – 466 – AgRg no REsp 1.220.911.MA
IMPORTANTE!!! Acórdão sobre o tema: STJ, REsp 788.459/BA – caso “Show do Milhão”. A senhora chegou na última pergunta do show do milhão e não soube responder e ficou com 500 mil. Porém, depois soube que nenhuma das opções apresentadas estava correta, e foi a juízo em busca dos outros 500 mil. Ela obteve êxito na 1ª e 2ª instância, porém o STJ reduziu para 125 mil, ou seja 25% do valor, percentual que também correspondia a probabilidade de acerto dela.
	O STJ também entendeu ser possível a aplicação da perda de uma chance por tratamento médico inadequado, conforme ementa abaixo colacionada:
	 “Teoria da perda de uma chance pode ser utilizada como critério para a apuração de responsabilidade civil ocasionada por erro médico na hipótese em que o erro tenha reduzido possibilidades concretas e reais de cura de paciente que venha a falecer em razão da doença tratada de maneira inadequada pelo médico. STJ. 3ª Turma. REsp 1.254.141-PR, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 4/12/2012.”
Tartuce vê com ressalvas o enquadramento da perda de uma chance como nova categoria de dano, pois tais danos são, na grande maioria das situações, hipotéticos ou eventuais e, na verdade, muitas situações descritas pelos adeptos da teoria podem ser resolvidas em sede de danos morais, sem que a vítima tenha necessidade de provar que a chance é séria e real.
2- PESSOAS OBRIGADAS A REPARAR O DANO
	Responsável pelo pagamento da indenização é todo aquele que, por ação ou omissão, voluntária, negligência ou imprudência, haja violado direito e causado prejuízo a outrem. Na responsabilidade objetiva, é aquele que assumiu o risco do exercício de determinada atividade ou aquele quem a lei prevê como responsável.
	Há casos em que a pessoa passa a responder pelo ato de terceiro ou pelo fato das coisas ou animais. E pode acontecer o concurso de agentes na prática de um ilícito, surge ai a solidariedade. 
	Ocorre a solidariedade não só no caso de concorrer uma pluralidade de agentes, como também entre as pessoas do art. 932 do CC. 
IMPORTANTE!!! Art. 943 CC.
Art. 943. O direito de exigir REPARAÇÃO e a OBRIGAÇÃO DE PRESTÁ-LA transmitem-se com a herança. 
O dispositivo acima se aplica tanto ao dano moral quanto o patrimonial. E tanto o direito de exigir a reparação quanto reparar o dano.
	Entretanto, a responsabilidade do sucessor a título universal é limitada, pois não pode ultrapassar as forças da herança. 
3- PESSOAS QUE PODEM EXIGIR A REPARAÇÃO DO DANO
	Compete a vítima da lesão pessoal ou patrimonial o direito de pleitear a indenização. Vítima é que sofre o prejuízo. Assim, num acidente de carro, a vítima é a pessoa que arca com as despesas do conserto, não precisa ser o proprietário, pode ser o mero detentor. 
	Em caso de morte de um chefe de família, a esposa e os filhos tem direito de pleitear a indenização, não na condição de herdeiros, mas na de vítima. 
	
Prescreve o art. 948, II do CC:
Art. 948. No caso de homicídio, a indenização consiste, sem excluir outras reparações:
II - na prestação de alimentos às pessoas a quem o morto os devia, levando-se em conta a duração provável da vida da vítima.
	Os beneficiários da pensão são apenas aqueles que tinham dependência econômica da vítima. Em relação a esposa e aos filhos menores a dependência é presumida. No caso dos outros parentes (ascendente, irmão e etc.) é necessário prova de dependência. 
	Tem-se admitido o direito da companheira de receber indenização.
	A reparação do dano moral pode ser reclamada pelo próprio ofendido ou por seus herdeiros. 
Lembrar!!! A pessoa jurídica pode sofrer dano moral e, portanto, está legitimada a pleitear sua reparação. 
	Segundo a melhor doutrina, poderão apresentar-se por meio de seus representantes legais, na qualidade de lesados diretos de dano moral, os menores impúberes, os loucos e etc. porque, apesar de carecerem de discernimento, o ressarcimento do dano não é considerado a reparação do sentimento, mas uma indenização objetiva de um bem jurídico violado. 
	No entanto, há posição no sentido contrário, defendendo que essas, por não possuírem discernimento, não sofrem dano moral. Porém, prevalece a primeira posição, conforme julgado abaixo colacionado:
STJ 559 - DIREITO CIVIL. POSSIBILIDADE DE ABSOLUTAMENTE INCAPAZ SOFRER DANO MORAL.
Determinado indivíduo é portador de doença mental grave (demência total e irreversível). Certo dia, a filha desse indivíduo notou que houve saques indevidos (fraudulentos) que foram feitos de sua conta bancária por um terceiro. Foi proposta ação de indenização por danos morais contra o banco. O absolutamente incapaz, mesmo sem entender seus atos e os de terceiros, pode sofrer dano moral?
SIM. O absolutamente incapaz, ainda quando impassível de detrimento anímico, pode sofrer dano moral. 
O dano moral caracteriza-se por uma ofensa a direitos ou interesses juridicamente protegidos (direitos da personalidade). A dor, o vexame, o sofrimento e a humilhação podem ser consequências do dano moral, mas não a sua causa. Dano moral: é a ofensa a determinados direitos ou interesses. Basta isso para caracterizá-lo. Dor, sofrimento, humilhação: são as consequências do dano moral (não precisam necessariamente ocorrer para que haja a reparação). STJ. 4ª Turma. REsp 1.245.550-MG, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 17/3/2015
4- DANO MATERIAL
4.1 DANO EMERGENTE E LUCRO CESSANTE
Indenizar significa reparar o dano causado a vitima integralmente. O critério para o ressarcimento do dano material encontra-se no art. 402 do CC. Abrange o pagamento do dano emergente e do lucro cessante. 
Art. 402. Salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidos ao credor abrangem, além do que ele efetivamente perdeu (DANOS EMERGENTES), o que razoavelmente deixou de lucrar (LUCRO CESSANTE).
a) Dano emergente: é efetivo prejuízo, a diminuição patrimonial sofrida pela vítima.
b) Lucro cessante: é a frustração da expectativa de lucro. É a perda de um ganho esperado. É apurado com base em fatos pretéritos, naquilo que vinha ocorrendo anteriormente. 
A prova do dano emergente é bastante simples, porque pode ser feita mediante a juntada de documentos tais como, nota fiscal, recibos, orçamento e etc. 
A prova dos lucros cessantes apresenta maior dificuldade. É apurado em regra com base em fatos pretéritos, isto é, aquilo que vinha ocorrendo anteriormente, não se confundindo com o dano meramente hipotético. Ex. Ônibus parado por acidente. Pega a média dos últimos meses. 
Para a caracterização dos lucros cessantes não basta a simples possibilidade de realização do lucro, mas também não é indispensável a absoluta certeza de que este se teria verificado sem a ocorrência do evento danoso. O que deve existir é uma probabilidade objetiva. 
Lembrar!!! O juiz, ao fixar a indenização em sede de responsabilidade civil, poderá reduzir o quantum indenizatório considerando o GRAU DE CULPA do infrator.
Art. 944. A INDENIZAÇÃO mede-se pela EXTENSÃO DO DANO.
Parágrafo único. Se houver excessiva desproporção entre a gravidade da culpa e o dano, poderá o juiz reduzir, eqüitativamente, a indenização.
Obs. Como a redução é pelo grau da culpa, tem-se entendido que este redutor só se aplica em casos de responsabilidade subjetiva.
4.2 A INFLUÊNCIA DE OUTROS ELEMENTOS 
4.2.1 A correção monetária
	Não há dúvida que, nas indenizações por ato ilícito, as verbas devem ser corrigidas monetariamente. Deve ser tomado por base, para a estimativa do prejuízo, o dia em que ele se deu. Em seguida procede-se a correção monetária. 
	Preceituam os arts. 389, 395 e 398 do CC:
Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais

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